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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 1 CONCEITOS BÁSICOS ..................................................................... 4 2 NOÇÕES BÁSICAS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...................... 5 3 ADMiNISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA .......................................... 7 Administração Direta ...................................................................... 8 Administração Indireta .................................................................... 8 4 GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA ................ 9 5 GOVERNANÇA ............................................................................... 14 5.1 Governança Orçamentária ........................................................ 16 5.2 Governança Corporativa ........................................................... 17 5.3 Governança Pública .................................................................. 17 6 CIÊNCIA POLÍTICA ......................................................................... 18 7 ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS ................ 18 8 FINANÇAS E ORÇAMENTO PÚBLICO........................................... 20 9 AUDITORIA E CONTROLADORIA GOVERNAMENTAL ................. 23 10 TERCEIRIZAÇÃO E PARCERIAS NO SETOR PÚBLICO ........... 25 11 O PÚBLICO E O PRIVADO NA GESTÃO PÚBLICA .................... 28 12 A GESTÃO PÚBLICA E SEUS PROCESSOS FUNDAMENTAIS 31 12.1 Plano Plurianual (PPA) .......................................................... 32 12.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) .................................. 33 12.3 Lei Orçamentária Anual (LOA) ............................................... 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 36 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 1 CONCEITOS BÁSICOS Para Ferreira (1999), gestão é o ato de gerir, administrar. Administrar é governar, reger, ordenar os fatores de produção e controlar sua eficiência e produtividade para obterem-se determinados resultados. Segundo o autor, gestão pública refere-se às funções da gerência pública nos negócios do governo; mandato administrativo. De acordo com o último conceito, a gestão associa-se a um determinado período de mandato, portanto, em primeira análise, a gestão teria as mesmas características da administração, porém, delimitada no tempo e no espaço. Conforme Filho (2016), gestão pública é o planejamento, a organização, a direção e o controle dos bens públicos, agindo de acordo com os princípios administrativos. Santos (2014) afirma, que: Os fins da gestão pública resumem-se em um único objetivo: o bem comum da coletividade administrativa. Toda a atividade do gestor público deve ser orientada para esse objetivo. Se dele o gestor se afasta ou se desvia, trai o mandato de que está investido, porque a comunidade não instituiu a gestão senão como meio de atingir o bem-estar social (SANTOS, 2014, p. 49). E ainda, Melo, Penedo e Moura (2009) tentam demonstrar que a adoção de uma gestão pública estratégica voltada para a efetividade dos programas governamentais pode significar um importante elemento de equilíbrio na relação dicotômica entre política e administração. Filho (2016), afirma que “Administrar, na esfera pública, é gerir os Serviços Públicos, não apenas limitando-se a prestação desses serviços, mas também executá-los, dirigi-los e governá-los no intuito de se obter um resultado útil à coletividade”. Ainda conforme Filho (2016), a formação do conceito de gestão pública leva em consideração os conhecimentos das várias áreas da ciência que se agregam, rompem espaços da especificidade e aproveita-se de espaços racionais para a construção de alternativas de respostas as contingências do setor público ou da singularidade de ações do gestor público. O melhor entendimento em gestão, devemos saber que, por trás do conceito, há um emaranhado de conhecimento e elementos que se perpetuam até a definição dos seus modelos. 5 2 NOÇÕES BÁSICAS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fonte: genjuridico.com.br A Administração Pública é o aparelhamento do Estado, organizado para a realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas. Para satisfazer as necessidades de seus cidadãos a Administração Pública inevitavelmente precisa manter-se em constante evolução (SILVA, 2017). A Administração compreende todo o aparato existente (estrutura e recursos; órgãos e agentes; serviços e atividades) à disposição dos governos para a realização de seus objetivos políticos e do objetivo maior e primordial do Estado: a promoção do bem comum da coletividade. (PALUDO, 2012, p. 21). A Administração Pública1 é o aparelhamento do Estado, organizado para a realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas (SILVA, 2017). Junquilho (2010, p. 16) ressalta que “definir o conceito de Administração Pública não é fácil, dada a sua amplitude e complexidade”. Isso faz com que esse conceito seja desdobrado [incluindo a grafia] para englobar a amplitude de sua expressão e, assim, contemplar diversas referências. Conforme Meirelles (2001) utiliza a grafia da palavra para distinguir os sentidos. Sugere que a palavra Administração Pública seja escrita com letras maiúsculas quando fizer referência à 6 entidades e órgãos administrativos e, com letras minúsculas, quando referir às funções ou atividades administrativas. Em sentido estrito, define-se a Administração Pública como o conjunto de órgãos, entidades e agentes públicos que desempenham a função administrativa do Estado (SILVA, 2017). A divisão político-administrativa é apresentada na Constituição Federal de 1988: Art. 18 – A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. A Constituição Federal, de 1988, no Art. 37, registra que a administração pública deve seguir os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Outros princípios também devem ser seguidos na administração pública: isonomia, supremacia do interesse público, presunção de legitimidade, autoexecutoriedade, autotutela, hierarquia. Para Carvalho (2000), a palavra “administração pública” exprime mais de um sentido. Uma das razões para o fato é a extensa gama de tarefas e atividades que compõe o objetivo do Estado e outra razão é o número de órgãos e agentes públicos responsáveis por sua execução. No sentido objetivo, administração pública consiste na própria atividade administrativa exercida pelo Estado, trata-se da gestão dos interesses públicos, seja através da prestação dos serviços públicos, seja por sua organização interna, ou ainda pela intervenção no campo privadocomo, por exemplo, o poder de polícia. No sentido subjetivo, trata-se do conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas que tenham a incumbência de executar as atividades administrativas. Toma-se em consideração o sujeito da função administrativa, ou seja, quem a exerce de fato. O principal objetivo da Administração Pública é o bem comum da comunidade em áreas como saúde, educação, segurança e cultura, descrito na Constituição Federal, ajustando-se aos projetos e às políticas governamentais. Dessa forma, seu orçamento e a destinação de suas verbas estão de acordo com os objetivos do Estado, passado, portanto, pela mão do administrador público. É dentro da administração pública que se enquadram os conceitos de Administração Direta e Indireta (EDUCA MAIS BRASIL, 2020). 7 3 ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA Fonte: www.todapolitica.com A organização administrativa refere-se à forma como o conjunto de entes e órgãos responsáveis pelas atividades administrativas realizadas no interesse da coletividade é estruturado. Não há coincidência com o conceito de organização do Estado, tema pertencente ao Direito Constitucional e que guarda relação com a “divisão política do território nacional, a estruturação dos Poderes, à forma de Governo, ao modo de investidura dos governantes, aos direitos e garantias dos governados” (MEIRELLES, 2016, p. 65). As leis, os decretos e atos normativos diversos são os responsáveis pela estruturação dos entes e órgãos que compõem a Administração Pública, sendo que o Decreto-lei nº 200/67 surge como uma das normas mais importantes, pois disciplina a organização da Administração Federal de forma minuciosa e estabelece regras a serem observadas pela Administração dos Estados e Municípios, além de dividir a Administração Pública em direta e indireta. Ademais, trata das possibilidades de prestação de serviços públicos, que pode ser feita diretamente pelos entes políticos (componentes da federação), que, por isso, são chamados de entes da administração direta ou centralizada, ou por entes especializados criados com a finalidade de prestação de tais serviços, que constituem a administração indireta ou descentralizada (CARVALHO, 2017, p. 158). 8 São entes da administração direta a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios e seus respectivos órgãos (OLIVEIRA, 2018, livro eletrônico), todos dotados de autonomia política e administrativa, e da administração indireta as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. A distinção entre administração indireta tem amparo constitucional (art. 37, caput, CR-88) e legal (art. 4o, DL nº 200/67). O exercício eficiente da função administrativa, que compreende a prestação de serviços públicos, a fiscalização de atividades privadas e a execução de obras públicas (CARVALHO, 2017, p. 159-160), pode ser realizado de duas formas: diretamente pelos entes políticos a que competem (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), que o fazem através de seus órgãos e agentes, ou indiretamente, mediante a criação e delegação de atribuições a pessoas responsáveis pelo desempenho das atividades que, fica claro, competiriam aos entes federativos. No primeiro caso, tem-se o fenômeno da centralização ou prestação centralizada de serviços e, no último, a descentralização ou prestação descentralizada dos serviços. Administração Direta Entidades que compõe a federação brasileira: União, estados, DF e municípios. Essas entidades são estudadas em Direito Constitucional e também são chamadas de centrais, por concentrar as decisões políticas, sobre exercício do poder. Constitui-se dos órgãos integrantes da estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios. São centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus agentes, não possui patrimônio; estão inseridos na estrutura de uma pessoa jurídica; na esfera federal estão submetidos à supervisão ministerial (ao Ministro de Estado); e, alguns têm capacidade jurídica, processual, para defesa de suas prerrogativas funcionais (MARQUES, 2013). Administração Indireta Além disso, é importante observar que os membros da Administração Pública indireta estão sujeitos ao controle do ente da Administração Direta responsável por sua criação, no que se refere à legalidade de seus atos. Realiza funções burocráticas 9 e técnicas. São as autarquias, fundações públicas, empresas públicas e as sociedades de economia mista. Constituída de entidades com personalidade jurídica e compreende as empresas públicas e as sociedades de economia mista, que integram a Administração por relação de vinculação e cooperação, como: as Autarquias, Fundações Públicas, e Sociedade de Economia Mista. Suas características: personalidade jurídica; criação autorizada por Lei; patrimônio próprio; capacidade de autoadministração ou autonomia própria; sujeitos ao controle pelo Estado; não tem liberdade para modificação ou fixação de seus próprios fins; e, tem auto-gestão financeira, etc (MARQUES, 2013). 4 GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA Governar, de acordo com Nogueira (2001, p. 99) significa “deter uma posição de força a partir da qual seja possível desempenhar uma função imediatamente associada ao poder de decidir e implementar decisões ou, ainda, de comandar e mandar nas pessoas”. Nessa perspectiva os conceitos governabilidade e governança se colocam indissociáveis, pois “mantêm entre si uma relação muito forte, sendo complementares, em seu vínculo instável, dinâmico e indissolúvel” (ARAÚJO, 2002, p. 6). Conforme elucida Silva (2017), a Governabilidade se refere à capacidade política de governar, que deriva da relação de legitimidade do Estado e do seu governo com a sociedade. Está presente quando a população legitima o exercício do poder pelo Estado. A legitimidade, nesse contexto, deve ser entendida como a aceitação do poder do Governo ou do Estado pela sociedade. Araújo (2002, p. 6) comenta que: a fonte ou origem principal da governabilidade são os cidadãos e a cidadania organizada, ou seja, “é a partir deles (e da sua capacidade de articulação em partidos, associações e demais instituições representativas) que surgem e se desenvolvem as condições citadas acima como imperativas para a governabilidade plena. Segundo Paludo (2012) o sentido amplo de Administração Pública, compreende tanto o governo - responsável por tomar as decisões políticas - a estrutura administrativa, bem como à administração - que executa essas decisões. Já 10 o sentido estrito compreende apenas as funções administrativas relacionadas à execução dos programas de governo, prestação de serviços e demais atividades. Na história do governo republicano brasileiro, a administração pública evoluiu por meio de três modelos de gestão: O Patrimonialista, modelo Burocrático e o modelo Gerencial. Modelo Patrimonialista Até 1930 predominou no Brasil o modelo Patrimonialista. Neste modelo, os governantes consideram o Estado seu patrimônio, dispondo dos bens públicos como sendo de sua propriedade. Conforme Paludo (2012), mesmo de forma desorganizada, o patrimonialismo foi o primeiro modelo de administração do Estado. Neste modelo administrativo não havia distinção entre a administração de bens públicos e bens particulares: “tudo que existia nos limites territoriais de seu “reinado” era tido como domínio do soberano, que podia utilizar livremente os bens sem qualquer prestação de contas à sociedade” (PALUDO, 2012, p. 50). Por sua vez, Junquilho (2010) pontua como principais características do modelo Patrimonialista a arbitrariedade nas ações do "Soberano", a confiança e obediência de seus servidores, a fidelidade das forças militares e a pessoalidade enraizada nas ações administrativas. Fonte: olaamigos.com.br 11 ModeloBurocrático Fonte: sites.google.com/site/uttcrissty/burocracia Conforme Silva (2017), com o objetivo de proteger a coisa pública, surge o modelo Burocrático, idealizado pelo sociólogo alemão Max Weber. A Administração Pública Burocrática foi implementada no Brasil durante o Governo Vargas (1930), tendo sido impulsionada uma reforma na lógica desse modelo, com a criação do Departamento Administrativo do Setor Público (DASP). Esse modelo foi implementado com o objetivo de suprimir o modelo Patrimonialista, de modo a organizar e racionalizar a Administração Pública no Brasil. A administração burocrática se orienta pelo cumprimento às normas, à formalidade e ao profissionalismo, ou seja, a igualdade sendo manifestada por meio de regras formais (SILVA, 2017). Nessa perspectiva, 12 [...] trouxe novos conceitos à Administração Pública: a separação entre a coisa pública e a privada, regras legais e operacionais previamente definidas, reestruturação e reorientação da administração para atender ao crescimento das demandas sociais e aos papéis econômicos da sociedade da época, juntamente com o conceito de racionalidade e eficiência administrativa no atendimento às demandas da sociedade. (PALUDO, 2012, p. 56). Diferentemente do conceito popular que a Burocracia simboliza, Max Weber apud Chiavenatto (2003, p. 262) a define como sendo uma “organização eficiente por excelência, e para atingir esta eficiência a burocracia explica detalhadamente como as coisas deverão ser feitas”. O modelo burocrático parte de uma desconfiança prévia nos Gestores Públicos. Por isso, o cumprimento às normas e o controle rígido nas ações dos administrados o caracterizam. Existe uma atenção especial para coibir os abusos e, nesse sentido, os controles são focados principalmente na legalidade da admissão de pessoal, na legalidade das aquisições públicas e na legalidade do atendimento das demandas (PDRAE, 1995, p. 15). 13 Modelo Gerencial Fonte: www.luperciohilsdorf.com.br A administração Gerencial surge com o objetivo de corrigir as disfunções da burocracia. Possui um posicionamento que privilegia a inovação, contrariando a Administração Burocrática, com mecanismos de gestão que valorizam o cidadão, objetivando oferecer serviços de qualidade. Um novo modelo de Administração baseado “em valores de eficiência, eficácia e competitividade” (SECCHI, 2009, 354). A abordagem gerencial, também conhecida como “nova administração pública”, [...] parte do reconhecimento de que os Estados democráticos contemporâneos não são simples instrumentos para garantir a propriedade e os contratos, mas formulam e implementam políticas públicas estratégicas para suas respectivas sociedades tanto na área social quanto na científica e tecnológica. E para isso é necessário que o Estado utilize práticas gerenciais modernas, sem perder de vista sua função eminentemente pública. (BRESSER-PEREIRA e SPINK, 2006, p. 7). Os autores acima citados ressaltam que “à nova administração pública não basta ser efetiva em evitar o nepotismo e a corrupção: ela tem de ser eficiente ao 14 prover bens públicos e semipúblicos, que cabe ao Estado diretamente produzir ou indiretamente financiar” (2006, p. 27). A Administração Pública Gerencial “nasce como um novo modelo de administração, em que se prima pela qualidade do serviço público, profissionalizando e aperfeiçoando continuamente seus servidores” (BARBOSA, 2012, p. 6). Chaves e Silva (2010, p. 3) explicam que a Administração Pública Gerencial [...] constitui uma evolução na história da administração pública, por enfocar aspectos de eficiência e eficácia, da necessidade de se reduzir o custo da máquina do Estado e aumento da qualidade dos serviços públicos. A diferença fundamental está na forma de controle, que deixa de ser no processo para se concentrar no resultado. Assim sendo, em vez de privilegiar a eficácia (utilização dos meios e recursos disponíveis), privilegiasse a eficiência (resultados previstos X resultados alcançados). 5 GOVERNANÇA Fonte: www.serpro.gov.br Silva (2017), explica que, “ a governança por sua vez, refere-se à capacidade administrativa e financeira do Estado, ganhando aplicabilidade por parte dos agentes públicos que possibilitam a formulação e implementação das políticas públicas determinadas, dando vida às ações do Estado na relação com a sociedade civil e o mercado”. Na iniciativa privada a governança corporativa representa o modo como as organizações são administradas e controladas, e como interagem com as partes interessadas. “Inclui políticas, regulamentos/instruções, processos, estratégia e 15 cultura, e orienta-se pelos princípios da transparência, equidade, responsabilidade por resultados, cumprimento das normas e accountability” (PALUDO, 2012, p. 138). Bento (2003, p. 85), argumenta que a governança diz respeito "[...] aos pré- requisitos institucionais para a otimização do desempenho administrativo, isto é, o conjunto dos instrumentos técnicos de gestão que assegure a eficiência e a democratização das políticas públicas”. Nesse sentido, é o braço operacional da governabilidade e deve ser entendida como um instrumento de governabilidade (ARAÚJO, 2002). Segundo Junquilho (2010), governança pública, pode ser compreendida como a capacidade de governar, capacidade de decidir e implementar políticas públicas que atendam às necessidades da população. A governança pode ser considerada um elo entre os interesses do mercado e da sociedade civil, ao passo que a governabilidade inclui a participação do mercado e da sociedade civil nas decisões, o que dificulta ainda mais a distinção dos termos governança versus governabilidade (PALUDO, 2012). Para Secchi (2009), a participação dos cidadãos é um objetivo a ser alcançado, sendo que o cidadão se torna um parceiro da "nova governança pública", uma vez que a sociedade passa a colaborar com o Estado no alcance de objetivos coletivos que visem o bem comum de determinada comunidade. O desenvolvimento participativo e a boa governança relacionam-se da forma seguinte: o desenvolvimento participativo, com seu foco central na melhoria da qualidade da participação pelas sociedades locais, facilitando o atingimento do desenvolvimento sustentável e autossuficiente e da justiça social, é uma forma importante de desenvolvimento orientado para as pessoas. (BANDEIRA, 1999, p. 16). Para Junquilho (2010, p. 34), a “boa governança pressupõe, na Administração Pública, acompanhamento e controle, por parte dos cidadãos, no exercício pleno de sua cidadania em uma sociedade democrática, de todas as ações governamentais”. Para MELLO, 2006 (p. 11), no âmbito do setor público, existem diferenças entre Governança Corporativa e a governança propriamente dita, também chamada Governança Pública. Esta cuida da aquisição e distribuição de poder pela sociedade, enquanto a Governança Corporativa denota a maneira pela qual as corporações são governadas e administradas. O Decreto nº 9.203, de 22 de novembro de 2017, (doravante, Decreto) trata a governança pública como um “conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e https://forum.ibgp.net.br/p-mello-2006/ 16 controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a gestão, com vistas à condução de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade”. Desenvolvido a partir da década de 1960 (Provan; Milward, 1999), a característica do modelo de governança pública se resulta na inovação quando se inclui atores não governamentais na concepção e implementação políticas públicas. Em um paralelo com a Nova Gestão Pública, a Nova Governança Pública é um termo que aparece com vários significados e sentidos. Seu ecletismo se desenvolveu através de várias teorias e abordagens, nomeadamente, através da sociologia organização e teoria das networks. As melhorespráticas de governança para o setor público estão relacionadas com a ética, a integridade, a responsabilidade, o comprometimento, a transparência, o controle da corrupção, o cumprimento das leis e o envolvimento dos stakeholders (TCU, 2014). Conforme dito, o conceito de governança poderá assumir múltiplas interpretações e significados, a saber: coordenação, participação, coprodução, ênfase nos efeitos dos serviços prestados aos cidadãos, entre outros (Torfing; Triantafillou, 2013). Para Bontenbal e Van Lindert (2008), a cooperação circunscreve-se à tomada de decisão coletiva. A governança por si só, é mais democrática, pois aumenta a parceria com os setores externos à administração, preocupa-se com conexões interorganizacionais para atingir o interesse público. É um modelo flexível que pode ser utilizado nas relações entre Administração Pública com setor privado e terceiro setor, buscando a satisfação do interesse público (PECI; PIERANT; RODRIGUES, 2008). 5.1 Governança Orçamentária O conceito de governança orçamentária formulado pela OCDE (2014), em que tanto o processo de elaboração de orçamento anual quanto a fiscalização de sua execução devem estar alinhados com objetivos públicos previamente traçados, isto é, alicerçados em princípios de boas práticas de orientação e informação dos processos e reformas orçamentárias sugeridas pelo organismo, a partir da experiência de seus membros (SCHICK, 2014). 17 5.2 Governança Corporativa Governança Corporativa remete ao modo como o Estado está sendo governado, gerenciado (BHATTA, 2003). A governança corporativa, segundo a OECD (2015), está preocupada em estimular as partes interessadas a empreender níveis econômicos ótimos de investimento, tanto de capital físico como também do humano. O sucesso da organização está ligado ao resultado do trabalho em equipe, da cooperação entre interessados, tanto de fornecedores, funcionários, credores como também de clientes, dentre outros. A governança corporativa, nas relações existentes entre a administração da organização, seu conselho, acionistas e demais interessados, defende a especificação dos objetivos, os meios para alcançá-los e o monitoramento efetivo do desempenho. O que se busca é instituir um grau de confiança tal que ocorra menor custo de capital, utilização de recursos mais eficiente e, consequentemente, crescimento (OECD, 2004). Segundo Rossetti e Andrade (2011), existe uma tendência significativa em transpor a teoria da governança corporativa do setor privado para o público. Nessa substituição, os cidadãos contribuintes estão no lugar dos acionistas e são os agentes principais para a governança pública, pois canalizam recursos para o Estado, de modo que este deve destinar tais receitas de maneira eficaz para a consecução de bens e serviços de interesse público. 5.3 Governança Pública Governança Pública quer dizer distribuição de poder entre governo e sociedade quando da tomada de decisões (BHATTA, 2003). A governança pública (public governance) surge, para Heidemann e Kissler (2006), em função da insatisfação com os processos de modernização do Estado inspirada na Administração Pública Gerencial (New Public Management). Todavia, para os autores, a governança púbica ainda é um campo incerto, pois não existe um único conceito de governança pública, mas sim diferentes perspectivas para se pensar “uma nova estruturação das relações entre o Estado e suas instituições de nível 18 federal, estadual e municipal, por um lado, e as organizações privadas, com e sem fins lucrativos, bem como os atores da sociedade civil (coletivos e individuais), por outro” (HEIDEMANN e KISLLER, 2006, p. 02). Na governança pública, um cidadão não é mais o "cliente" do Estado, ele não é mais uma pessoa que se restringe a reivindicar ao Estado, mas um cidadão que encontrou uma nova forma de participação na tomada de decisões e uma nova forma de promover a igualdade. 6 CIÊNCIA POLÍTICA Taagepera (2001) sugere que a ciência política recebe influências da economia e da sociologia, um pouco menos da psicologia e da filosofia, e quase nada da antropologia. A Ciência Política tem como objeto de estudo os fenômenos políticos, particularmente as questões relativas ao poder, procurando examinar criteriosamente os fatos, atendo-se não só à descrição como também à explicação destes fenômenos (Bobbio, Matteucci & Pasquino, 1986). 7 ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS Para Souza (2006), não existe uma única, nem melhor, definição sobre o que seja política pública. Pode-se resumir política pública como o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações (SOUZA, 2006). O conceito de políticas públicas não está isento de controvérsias que revelam visões de mundo diferenciadas e, em alguns casos, opostas. A política pública pode ser compreendida como um campo de investigação que nasce da ciência política, como seriam as investigações em torno do estudo de governos, administração pública, relações internacionais e comportamento político (MELAZZO, 2010). Dias e Matos (2012) esclarecem que de forma sucinta as políticas públicas tratam da gestão dos problemas e das demandas coletivas através da utilização de metodologias que identificam as prioridades, racionalizando a aplicação de 19 investimentos e utilizando o planejamento como forma de se atingir os objetivos e metas predefinidos. Segundo Secchi (2013), qualquer definição de política pública é arbitrária. O autor afirma que política pública é um conceito abstrato que se materializa por meio de instrumentos variados (projetos, leis, campanhas publicitárias, esclarecimentos públicos, decisões judiciais, gasto público direto, contratos formais) e que a forma mais didática de esclarecer um conceito é utilizar exemplos. Assim, são exemplos de operacionalizações de políticas públicas nas diversas áreas de intervenção: saúde; educação; segurança, gestão; meio ambiente; saneamento; habitação; previdência social etc. (SECCHI, 2013). O processo de elaboração de políticas públicas também não apresenta consenso quanto ao número de fases, etapas ou o seu ciclo, consoante as alegações de Viana (1996), Dias e Matos (2012) e Secchi (2013). Pode-se observar nas argumentações de Viana (1996), Matos e Dias (2012) e Secchi (2013) que a avaliação constitui uma das fases (etapas) das políticas públicas e a análise de política pública, de acordo com Serafim e Dias (2012), constitui um conjunto de elementos que possibilita um rico olhar explicativo normativo sobre o processo de elaboração de políticas públicas. As políticas públicas para Guba e Lincoln (2011), são as ações realizadas, predominantemente, direta ou indiretamente pelo Estado para atender a demanda dos diferentes grupos sociais, seja beneficiando alguns ou prejudicando outros. Dias e Matos (2012) argumentam que o conceito de política pública pressupõe que há uma área ou domínio da vida que não é privada ou somente individual, mas que existe em comum com outros. Essa dimensão comum é denominada propriedade pública, não pertence a ninguém em particular e é controlada pelo governo para propósitos públicos. Os destinatários das políticas públicas são os indivíduos, grupos e organizações para os quais a política pública foi elaborada. Também conhecidos como policytakers, os destinatários geralmente são rotulados como uma categoria passiva de atores, ou seja, uma categoria que mais recebe influência do que provoca no processo de elaboração de políticas públicas (SECCHI, 2013). Segundo Lima (2012), as políticas públicas representam um conjunto de decisões e não uma decisão isolada e que existem dois nomes para as mesmas: 20 política pública estatal para as políticas cujo atorprotagonista seja o Estado e a política privada de interesse público para as políticas, cujo ator protagonista não seja o estado, mas tenham o objetivo de enfrentar um problema da sociedade. As políticas públicas governamentais representam o conjunto organizado de ações e decisões governamentais, voltadas, em grande parte das vezes, para a solução de problemas da sociedade. Fonte: receitas.tce.mg.gov.br 8 FINANÇAS E ORÇAMENTO PÚBLICO Silva (2009) apud Bezerra Filho (2013, p.5) conceitua o orçamento como o ramo das ciências das finanças que estuda a lei do orçamento e o conjunto de normas que se referem à sua preparação, sanção legislativa, execução e controle, ou seja, considera a fase jurídica de todas as etapas do orçamento. Já sob o aspecto subjetivo, Silva entende o orçamento como a faculdade adquirida pelo povo de aprovar, a priori, por seus representantes legitimamente eleitos, os gastos que o Estado realizará durante o exercício. 21 A definição de orçamento público do glossário do Senado Federal (2014) toca nos instrumentos de planejamento: “Instrumento pelo qual o governo estima as receitas e fixa as despesas para poder controlar as finanças públicas e executar as ações governamentais, ensejando o objetivo estatal do bem comum. No modelo brasileiro, compreende a elaboração e execução de 3 leis: O Plano Plurianual - PPA, a Lei de LOA que em conjunto materializam o planejamento e a execução das políticas federais. ” (Glossário do Senado Federal, 2014) Giacomoni (2007) apud Bezerra-Filho (2013, p.9) coloca que o orçamento público, assim como na função alocativa, é o principal instrumento para a viabilização das políticas públicas de distribuição de renda. Considerando que o problema distributivo tem por base tirar de uns para melhorar a situação de outros, o mecanismo fiscal mais eficaz é o que combina tributos progressivos (a alíquota aumenta quanto maior é a renda) sobre as classes de renda mais elevada, com transferências para aquelas classes de renda mais baixa. O governo arrecada dinheiro de nós contribuintes para cumprir suas obrigações. Portanto, para não gastar mais dinheiro, ele se organiza uma vez por ano para cumprir obrigações como: despesas com obras, despesas de manutenção de escolas, hospitais e rodovias, salários de servidores e muitas outras atividades. Diante disso, o orçamento público pode ser conceituado como um documento legal contendo o seguinte: Previsão de receitas e estimativa de despesas que deverão ser realizadas por um Governo em um certo período de tempo (geralmente um ano civil, deve coincidir com um exercício financeiro). Segundo Silva (2004, p.240) as finanças públicas podem ser assim classificadas: • Finanças positivas: referem-se ao estudo que trata as finanças públicas dentro da teoria da realidade, observando e explicando as uniformidades do comportamento do Estado. • Finanças normativas: dizem respeito ao estudo das regras e normas que o Estado deve subordinar-se para melhor atingir os seus fins. Finanças Públicas é o campo da economia relacionado aos pagamentos de atividades coletivas e governamentais, assim como a administração e o desempenho dessas atividades. Este campo geralmente é dividido nas seguintes questões: O que a organização coletiva ou governamental deve ou não deve fazer e como pagar por 22 tais atividades. Em termos mais amplos, economia pública, e o termo mais curto, finanças governamentais, são frequentemente utilizadas. De acordo com Richard Musgrave (1973, p.23), “finanças públicas é a terminologia que tem sido tradicionalmente aplicada ao conjunto de problemas da política económica que envolvem o uso de medidas de tributação e de dispêndios públicos”. A respeito de Finanças Públicas, Miranda (1995, p.32) diz: “o que importa é erguer a sistemática que serve à lei: é fazê-la fecunda, no seu plano e dentro dos limites em que tem de ser aplicada. Indispensável, portanto, erigir um conceito de finanças públicas, haurido de sua própria essência. ” De acordo com Nunes (1999, p.23) “finanças é um conjunto de recursos materiais e demais disponibilidades do Estado, provenientes de seus rendimentos e outras fontes, que ele aplica para fazer funcionar regularmente e aperfeiçoar o seu organismo económico-administrativo”. Para Martins et al (1988, p.18): “Finanças Públicas é o género e diz respeito a tudo que pertence às receitas e despesas públicas”. É de ressaltar que as finanças públicas, em sentido amplo, compreendem tanto a arrecadação de impostos, taxas, e outros resultados financeiros quanto à aplicação dos recursos e os mecanismos de interferência na vida nacional. Fonte: www.escolavirtual.gov.br 23 9 AUDITORIA E CONTROLADORIA GOVERNAMENTAL Fonte: www.ibccoaching.com.br Já Slomski (2005, p. 15) afirma que a “controladoria é a busca pelo atingimento do ótimo em qualquer ente, seja ele público ou privado, e o algo mais, procurado pelo conjunto de elementos que compõe a máquina de qualquer entidade”. Em complemento Frezatti (2009, p. 26) defende que “A controladoria é o órgão da empresa cuja missão consiste em zelar pela eficácia do seu processo de gestão, isto é, cuidar para que os usuários disponham de todas as informações necessárias para atingir seus objetivos”. Tung (1974, p. 11) ressalta que a controladoria é uma ciência responsável por indagar sobre os objetivos e as realizações da entidade sob o ponto de vista econômico e complementa que a controladoria não se restringe aos estudos sobre o registro estático dos fatos contábeis, mas engloba os processos de planejamento, de análise e de controle da entidade. Embora Frezatti (2009, p. 28) compreenda que a controladoria é uma área da contabilidade, o autor defende que a Controladoria não deve limitar-se apenas a elaboração e divulgação de informações contábeis, mas participar do processo gestão da entidade como um todo, pois é a área que reúne as informações de natureza econômico – financeira, proporcionando ao profissional da controladoria uma visão global da entidade, permitindo uma melhor assessoria aos gestores. 24 Souza et. al. (2010, p. 4) expõem que “a controladoria governamental pode ser definida como um órgão incumbido de comandar o sistema de controle interno, auditoria interna, contabilidade e aperfeiçoar os demais sistemas de controles, objetivando a busca de resultados”. Souza et. al. (2010, p. 6) acreditam que “o ‘Controller’ ou Controlador Governamental é o responsável por comandar a Controladoria Governamental para o exercício de suas funções, tais como: avaliar a gestão pública; apurar os custos dos programas, das entidades públicas e apurar o resultado econômico das entidades públicas”. Na administração pública brasileira, as auditorias governamentais internas do Poder Executivo são atribuições da controladoria. De acordo com Slomski (apud SUZART; MARCELINO; ROCHA, 2009, p. 06), a controladoria, na forma de unidade administrativa, é o órgão administrativo responsável pela gerência holística do sistema de informações a fim de dar suporte aos gestores no que diz a respeito à correta mensuração de resultados. Seja na forma de órgão de um ente da Federação ou na forma de procedimentos executados por setores ou funcionários, a controladoria se efetiva no setor público por meio do follow-up dos recursos públicos (SUZART; MARCELINO; ROCHA, 2009, p. 14). Todavia, ressalta-se que a função controle não pode ser confundida com auditoria governamental interna. A auditoria governamental interna fiscaliza o controle interno da Administração. O controle interno é responsabilidade de todo agente público e a auditoria governamental interna é responsabilidade de unidades administrativas governamentais específicas. O conceito de auditoria governamental preventiva da Declaração de Lima é o mesmo conceito de procedimento de controleinterno de prevenção da Resolução CFC nº 1.135/2008. A Auditoria Governamental no Brasil é de responsabilidade da Controladoria Geral da União (CGU), conquanto para o Tribunal de Contas da União (TCU) prevalece a “Auditoria” como uma tipificação de Fiscalização. 25 10 TERCEIRIZAÇÃO E PARCERIAS NO SETOR PÚBLICO Fonte: www.pontomais.com.br A origem da terceirização remonta à abertura dos portos Japoneses em 1859, para produtos e máquinas importados, obrigando uma readequação das indústrias. As pequenas e médias empresas não competem, mas desempenham um papel secundário na complementação do trabalho dos grandes tecelões. O sistema foi adequado para grandes montadoras, que passaram a transferir parte de suas atividades produtivas de pequenas e médias empresas que utilizam mão de obra barata e abundante no meio rural, reduzindo custos (SILVA; VALENÇA, 1997). Para Giosa (1993), a terceirização pode ser entendida como um tipo de processo que utiliza estratégias de gestão pelas quais são repassadas algumas atividades para terceiros – com os quais se estabelece uma relação de parceria – permitindo à empresa concentrar-se nas tarefas essencialmente ligadas ao negócio em que atua. A Lei 8.666/93 e a Lei 10.520/2002, disciplina a terceirização ou locação de serviços no Setor Público constituindo-se numa das formas pela qual o Estado busca parcerias com o setor privado para a realização de suas atividades. Através da 26 licitação, o Estado transfere para empresas privadas, atividades de apoio ou meramente instrumentais à prestação do serviço público, a fim de que o ente público possa melhor desempenhar suas competências institucionais (DI PIETRO, 2008; OLIVEIRA, 2013). As crises de 1960/70, em especial a Crise do Petróleo de 1973, são o marco do surgimento da terceirização e de sua expansão como parte de um novo modelo produtivo que surge com o toyotismo (OLIVEIRA, 2005). A terceirização chegou ao Brasil com as multinacionais nos idos do primeiro processo de industrialização promovido na década 1950, tendo sido objeto de regulamentação pelos Decretos-Leis 1.212 e 1.216 de 1966, Decreto 62.756 de 1968 e Decreto-Lei 1.034 de 1969 (FERRAZ, 2006). No setor público, a terceirização tem como marco o Decreto-Lei n.º 200/1967, documento em que recebeu a denominação de “execução indireta dos serviços” (BRASIL, 1967; FERRAZ, 2007). O objetivo desse decreto era implementar uma ampla reforma administrativa, adotando como postulados fundamentais a desconcentração e a descentralização das atividades de execução da Administração Pública Federal mediante sua transferência para o setor privado, por meio da celebração de contrato. A condição, entretanto, era que a iniciativa privada estivesse suficientemente desenvolvida e capacitada a desempenhar tais encargos (SILVA; RIBEIRO, 2017). Em 1970, foi editada a Lei n.º 5.645, exemplificando alguns encargos de execução passíveis de terceirização, basicamente os serviços transporte, conservação, operação de elevadores, limpeza e outras ditas assemelhadas (DELGADO, 2014). Quatro anos mais tarde, a Lei 6.019/74 autorizou a contratação do trabalho temporário. Tempos depois, pela Lei n.º 7.102/83, autorizava-se a terceirização do trabalho de vigilância bancária, primeira possibilidade de terceirização em caráter permanente para a iniciativa privada (CASSAR, 2014; DELGADO, 2014). Alguns anos se passaram até que a terceirização novamente recebesse atenção pelo Estado, o que ocorre mais intensamente na década de 90, com a reforma gerencial, pela qual a doutrina neoliberal encontra espaço na máquina estatal brasileira (MOTTA, 2007). Portanto, a terceirização se insere na máquina pública sob um discurso que propala a necessidade de modernização do Estado, num processo que visa a aproximação entre os mercados de trabalho público e privado (BRESSER- PEREIRA, 2005). A Administração Pública passa a se espelhar no setor privado, de 27 quem toma emprestados os principais avanços práticos e teóricos, sob justificativa de substituir a velha administração pública, burocrática e arcaica, por um jeito novo de administrar, a partir de uma visão gerencial, eficiente e voltada para os resultados (SILVA; RIBEIRO, 2017). No setor público, a terceirização é inserida como uma das espécies de privatização (em sentido amplo) de certas atividades do Estado, que são repassadas para serem realizadas por um parceiro privado, através da celebração de contrato, e se transformou em importante ferramenta para a realização das atividades desenvolvidas pela Administração Pública (DI PIETRO, 2012). No setor público, a determinação do parceiro se dá na maior parte pelo preço e não com base nesses fatores, ocorrendo apenas contratação de um mero prestador de serviços ou fornecedor de bens. Cabe, então, questionar se a terceirização apresenta resultados favoráveis à Administração Pública como os obtidos pelo setor privado, que tem como uma de suas premissas a de que “a escolha do parceiro é fundamental e não deve ter por prioridade a obtenção imediata do menor preço” (RAMOS, 2001, p.156). No contexto da Nova Gestão Pública, as parcerias público-privadas surgiram para suprir uma lacuna deixada pela burocracia (red tape), uma deficiência na entrega de serviços públicos de qualidade ao cidadão, até então tidos como distante de suas necessidades. A burocracia, com todo seu rito processual e controle, foi taxada como a grande culpada pelo crescimento exagerado do Estado. A lógica de “fazer mais com menos” aproximou o modus operandi do setor privado na prestação de serviços e atividades de interesse público. Essa demanda movimentou a prática de PPPs (Parceiras Público Privadas) nos governos ao redor do mundo e num movimento de mimetismo diversos países tentaram adaptar tais instrumentos de parceria (MELO; SECCHI, 2012). Estudos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico e da Central Única dos Trabalhadores - DIEESE/CUT (DIEESE/CUT, 2011) demonstram que a terceirização tem implicado em visível precarização das relações de trabalho, por meio da redução dos salários e da extrema vulnerabilidade do vínculo de emprego. O mesmo estudo demonstrou que, em dezembro de 2010, a diferença entre a remuneração salarial dos trabalhadores terceirizados para os contratados foi de menos 27,1% para os trabalhadores terceirizados (SILVA; RIBEIRO, 2017). 28 11 O PÚBLICO E O PRIVADO NA GESTÃO PÚBLICA Fonte: www.iped.com.br De acordo com o Dicionário Michaelis, o conceito etimológico de público é: Pertencente ou relativo a um povo ou ao povo. 2 Que serve para uso de todos. 3 A que todos têm o direito de assistir. 4 Comum. 5 Que diz respeito ao governo-geral do país e suas relações com os cidadãos. 6 Que se faz diante de todos. 7 Que é conhecido de todos; notório, vulgar. 8 Universalmente espalhado. (MICHAELIS, 2009) Portanto, a etimologia de público refere-se a um destinatário de ações desenvolvidas até a forma como essas ações se desenvolvem, destacando a importância da participação do sujeito e apontando o pressuposto da gestão democrática, que proporciona condições para o exercício da cidadania. Ao longo da história da educação, o público tem lutado para conquistar seu espaço. No sistema de ensino público A exigência de um currículo comum e de um único tipo de escola para todos é a garantia de que, ao menos durante esse período e no sistema público de ensino, não favoreça a discriminação dos indivíduos por razões espúrias. Todos os cidadãos e cidadãs independente de sua origem social, étnica ou 29 religiosa, têm durante este período, em tese, iguais oportunidades de acesso à cultura critica e ao desenvolvimento pessoal mais satisfatório (PÉREZ, 2001, p. 142). Saviani compreende que o: público se contrapõe a privado e, por isso, se refere também ao que é comum, coletivo,por oposição ao particular e individual. Em contrapartida, público está referido àquilo que diz respeito ao que se restringe aos interesses das elites. Finalmente, público está referido ao Estado, ao governo, isto é, ao órgão instituído em determinada sociedade para cuidar dos interesses comuns, coletivos, relativos ao conjunto dos membros dessa mesma sociedade (SAVIANI, 2005, p. 02). Ao público sujeito é suprimida a possibilidade de ser ativo nas elaborações políticas, tendo em vista a dificuldade em serem levado em conta suas proposições. Ao público como órgão de governo cumpre o regimento das políticas públicas para a educação com a manutenção da lógica mercadológica evidenciada na restrição do Estado frente às questões sociais (MIRANDA e SARTURI, 2009). Conforme enfatiza Campos (2013), a parceria entre Estado e Organizações Sociais tem uma trajetória política que teve seu início com a reforma do Estado elaborada por Bresser Pereira, no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, coordenado pelo Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE), em novembro de 1995. A partir deste marco houve uma redefinição entre os limites do público e do privado e a administração pública brasileira passou a incorporar a perspectiva de um Estado gerencial, em que, segundo Bresser Pereira: A esfera pública não estatal não se situa no campo das representações de interesses da sociedade e sim como uma forma de propriedade estratégica no capitalismo contemporâneo, que é regido pelo mercado e pela vontade individual, invocando o princípio da liberdade associada ao da propriedade. (PEREIRA, 1996, p.41) Santos (2004, p.101) afirma que: O público está relacionado à governança de um país, ao poder público, ao Estado. Portanto, a categoria privada significa particular, que se distingue do público. Na sociedade capitalista, o público é contraditoriamente privado. Há uma relação de promiscuidade entre tais esferas. Trata-se de organizar o poder privado (de uma classe) na forma de poder público (Estado). É com base no discurso de que o Estado entrou em crise por ter gasto demais com os serviços sociais, que o Estado brasileiro é reformado na década de 1990. Tal 30 reforma provocou mudanças profundas na provisão dos direitos sociais, entre eles a educação, e também na relação entre o público e o privado (BRAGA, 2013). O autor acima ainda explica que, desde então, a ideia que se espalhou é que o setor privado pode oferecer melhor serviços sociais, enquanto o Estado não pode, sozinho, fornecer esses serviços de forma eficaz e com qualidade. No caso específico da educação, o problema da má qualidade da educação é atribuído à má gestão das escolas públicas. Como resultado, defende-se a parceria público-privada na educação onde o privado introduz mecanismos empresariais na gestão da escola pública: é a escola com gestão empresarial. Falando sobre a adoção dos valores do mercado privado nas instituições do setor público, Ball (2004) afirma que tais valores “são celebrados em quase todos os Estados do ocidente”, legitimando e dando “impulso para certas ações e compromissos – espírito empresarial, competição e excelência”. Nesse contexto, exalta-se a gestão privada em parceria com Estado e rebaixa-se a administração pública. Segundo ele: Na base disso tudo está o mito político eficiente que celebra a “superioridade” da gestão do setor privado em “parceria” com o Estado, sobre e contra a modalidade conservadora, burocrática e apática de administração do setor público. Ele “realça o contraste entre termos que retratam um passado estereotipado e demonizado e outros que oferecem um futuro visionário e idealizado” (Clarke e Newman, 1997, p. 49). Esse mito apaga as falhas “normais” e “anormais” da gestão do setor privado... e, ao mesmo tempo, romantiza e purifica as práticas do setor privado (BALL, op.cit, p. 1117). Com a reforma do Estado brasileiro, a relação entre os setores público e privado sofreu grandes mudanças. Entender as novas relações que se formaram desde então, principalmente na gestão da “coisa pública”, é essencial para entender de forma mais concreta as relações que também se estabeleceram, em decorrência disso, entre a Fundação Itaú, por meio do programa. Tendo em vista que essas relações existem por causa da “Excelência em Gestão Educacional” e da gestão das escolas públicas brasileiras, porque é possível formalizar a parceria entre os setores público e privado. 31 12 A GESTÃO PÚBLICA E SEUS PROCESSOS FUNDAMENTAIS Fonte: irbcontas.org.br Os conselhos gestores, como instâncias participativas e decisórias, promovem aprendizados de convivência democrática, tanto para os atores da sociedade civil quanto os do Estado. A existência dessas instâncias reforça a exigência para que o Estado dê publicidade a suas ações, apresente contas, exponha os critérios que balizam acordos, mas também para que a sociedade civil se qualifique para essa participação. Desse modo, amplia o conhecimento sobre processos que envolvem a gestão pública e possibilita a construção de referenciais adequados para equilibrar a defesa de interesses privados e corporativos com o reconhecimento do caráter coletivo dos direitos implicados (Almeida e Tatagiba, 2012). Na argumentação de Silva e Oliveira, Pereira e Oliveira (2010:423), os conselhos — como organismos públicos — e os conselheiros — como sujeitos coletivos — contribuem para a “democratização da gestão pública, a ampliação quantitativa e qualitativa da participação, a condução coletiva de políticas sociais, a responsabilização de governantes, o controle social proativo e para o intercâmbio de informações entre população e poder local”. 32 O estudo de Vázquez e colaboradores (2005:153) reconhece que as políticas de participação social no Brasil “são resultados de anos de luta e pressões pela democratização do Estado” e que essas “levaram a mudanças organizacionais com a criação de diversificadas portas de entrada individuais e coletivas para a participação da população”. Não obstante, são muitos os desafios na direção de melhorar a forma de pôr em prática as conquistas estabelecidas no plano legal, incluindo proporcionar à população um conjunto de ações de divulgação e capacitação para fazer valer o uso de mecanismos institucionais de participação e democratização da gestão pública e do controle social (KLEBA, et.al. 2015). Para que esse processo de democratização possa avançar, é indispensável que sociedade civil e governos qualifiquem sua intervenção nesses espaços públicos. O desafio em contribuir para a democratização e ampliação da participação na gestão pública — primaz finalidade dos conselhos gestores de políticas públicas — exige que os envolvidos influenciem a dinâmica de funcionamento e os conteúdos da pauta dessas instâncias pela apropriação de informações, meios e condições, de forma a se constituírem efetivamente sujeitos, protagonistas do processo decisório. 12.1 Plano Plurianual (PPA) O Plano Plurianual (PPA) é um instrumento de planejamento governamental que define as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para o horizonte de quatro anos (BRASIL, 2020). O Plano Plurianual – PPA é o documento que define as prioridades do Governo para o período de quatro anos, podendo ser revisado a cada ano. Nele consta o planejamento de como serão executadas as políticas públicas para alcançar os resultados esperados ao bem-estar da população nas diversas áreas (GARCIA, 2000). A partir do PPA 2000-2003, inicia-se a mais nova transformação do processo orçamentário brasileiro, influenciada pela Nova Administração Pública (New Public Management) ou Gerencialismo. A Constituição Federal de 1988 (CF/88) cria, em seu Artigo 165, o PPA e a LDO e unifica os orçamentos anuais (Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento das Estatais) no OGU.33 A lei que instituir o Plano Plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de natureza continuada (BRASIL, 1988b). Conforme explica Garcia (2000), o PPA surgiu, portanto, em contexto no qual o planejamento governamental (de caráter normativo) estava em descrédito e sob forte crítica por parte dos ideólogos e defensores da onda neoliberal que se levantava poderosa. Ademais, muitos dos parlamentares integrantes da comissão da Assembleia Nacional Constituinte responsável pela elaboração das propostas para o que viria ser o Título VI (Da Tributação e do Orçamento) da CF/88 haviam sofrido com as dificuldades de planejar e executar orçamentos em ambiente de complexidade crescente e tinham se inclinado para orientação mais fiscalista. Giacomoni (2003, p.198) diz que o PPA constitui a síntese dos esforços de planejamento da administração pública, orientando a elaboração dos demais planos e programas de governo, assim como o próprio orçamento anual. As peças orçamentárias devem relacionar-se entre si e o PPA deve conter todas as ações de forma coordenada, mas sem vinculação com valores financeiros ou orçamentárias. Já o orçamento deve conter a previsão de receitas e a fixação das despesas (necessárias para que se atinjam as metas estabelecidas a partir das diretrizes do PPA) expressas monetariamente. É possível afirmar que a Constituição Federal atribuiu ao PPA um papel central de organização da ação do Estado, uma vez que submete a elaboração dos demais documentos de planejamento e orçamento às suas disposições. O Plano Plurianual, portanto, deve estabelecer a ligação entre objetivos indicativos de Estado, presentes em um planejamento de longo prazo, e, finalmente, realização dos gastos, previstos pelo orçamento anual (PAULO, 2010). 12.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) A LDO é delineada para fazer a articulação e o ajustamento conjuntural do PPA com o orçamento. A Lei de Diretrizes Orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento (BRASIL, 1988c). 34 A LDO e os orçamentos anuais têm de ser compatíveis com o que dispõe o PPA, bem como todos os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na Constituição ou quaisquer outros instituídos durante um período de governo. As emendas parlamentares à LDO e ao orçamento somente serão apreciadas pela comissão mista pertinente do Congresso Nacional se compatíveis com a lei que institui cada PPA. Ou seja, este plano é concebido com evidente caráter coordenador das despesas governamentais e o poder de subordinar a seus propósitos todas as iniciativas que não tenham sido inicialmente previstas (GARCIA, 2000). Após interagir com o PPA e extrair seus projetos e ações, a responsabilidade constitucional da LDO é orientar a elaboração da LOA. Sob esse entendimento, Andrade et al. (2005, p. 72) afirmam que: A LDO deverá apresentar a forma de elaboração das propostas orçamentárias, definir as regras para previsão das receitas e fixação das despesas, (...), identificar a repartição de recursos orçamentários por setor de atuação governamental, definir os prazos para que os órgãos da administração indireta e o Poder Legislativo encaminhem suas propostas orçamentárias parciais para consolidação do orçamento municipal, definir os anexos que acompanharão o projeto de LOA, definir os níveis de detalhamento da proposta orçamentária. Frota et. al. (2007) explica que, a LDO é a lei anterior à lei orçamentária, que define as metas e prioridades em temos de programas a serem executados pelo Governo. O projeto de LDO deve ser enviado pelo Poder Executivo até o dia 15 de abril de cada ano. A LDO tem a finalidade precípua de orientar a elaboração do orçamento fiscal da seguridade social e de investimento das empresas estatais, buscando sintonizar a Lei Orçamentária Anual – LOA com as diretrizes, objetivos e metas da administração pública estabelecidos no PPA. A LDO, conforme define Nascimento (2001, p. 18), “é um meio para se atingir um fim: o Orçamento –Programa Anual”. Sendo assim, complementa o autor, seu conteúdo deverá definir não apenas normas para elaboração da LOA, mas também dispositivos sobre questões que, de alguma forma, possam vir a afetar o Orçamento Programa Anual. 35 12.3 Lei Orçamentária Anual (LOA) A LOA é o orçamento propriamente dito, uma lei que estima as receitas e fixa as despesas públicas para o período de um exercício financeiro. A LOA contém todos os gastos do Governo Federal e seu projeto deve ser enviado ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto de cada ano (BRASIL, 2020). A LDO define os objetivos do exercício, e a LOA é um instrumento que possibilita a realização das ações governamentais. Portanto, por meio da LOA, a administração pode completar o trabalho do plano: disponibilizando os recursos financeiros necessários para o cumprimento, as ações necessárias para atingir a meta dentro de um exercício. 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Carla; TATAGIBA, Luciana. 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