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A StuDocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade Introdução à criminologia resumos Licenciatura de Criminologia (Universidade do Porto) A StuDocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade Introdução à criminologia resumos Licenciatura de Criminologia (Universidade do Porto) Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos https://www.studocu.com/pt/document/universidade-do-porto/licenciatura-de-criminologia/introducao-a-criminologia-resumos/21226195?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos https://www.studocu.com/pt/course/universidade-do-porto/licenciatura-de-criminologia/2926180?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos https://www.studocu.com/pt/document/universidade-do-porto/licenciatura-de-criminologia/introducao-a-criminologia-resumos/21226195?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos https://www.studocu.com/pt/course/universidade-do-porto/licenciatura-de-criminologia/2926180?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos Introdução à criminologia Conceitos de crime e desvio O que é a criminologia? Quais são os objetos de estudo da criminologia? A criminologia estuda o crime, o delinquente, a vitima e o desvio. Crime: Ato de julgar ou classificar comportamentos. O criminólogo deve apenas estudar os crimes que a lei tipifica, ou seja, só devem ser estudados os crimes que estão expressamente descritos e indicados na lei; Definição jurídico-legal: “Todo o comportamento que a lei criminal tipifica como tal” o Ação/omissão que viola uma norma de determinado país, com uma sanção aplicada pelo Estado. o Crime é uma ação que viola a lei ou a norma de um determinado país, sociedade e/ou território; o Enquanto definição de crime deve-se estudar apenas aquilo que a lei e o código penal dizem que é crime ou constatam como tal; Vantagens: Precisão e consistência face a conceitos alternativos que são vagos e difusos. Recolha sistemática de dados a partir de estatísticas criminais oficiais. Se queremos saber se o crime de furto está a aumentar recorremos às estatísticas oficiais sobre os crimes (por exemplo as estatísticas da PJ ou das Forças Policiais); é possível aceder à através da internet a estas estatísticas, chamada a recolha sistemática de dados. Desvantagens: Estudo do que é proclamado pelo direito (ficando limitado). Alteração das leis no tempo e no espaço, ou seja, acontece que alguns crimes deixam de ser considerados como tal. Dá-se o fenómeno de descriminalização; ou pelo contrário o fenómeno de criminalização - a altura em que certos comportamentos passam a ser classificados como crime. São exemplos o adultério, a interrupção voluntária da gravidez. Também neste seguimento há crimes tipificados noutros países que no nosso não o são e vice-versa. Não problematização do que é crime e da sua pertinência. Ex: Adultério, interrupção voluntária da gravidez, crimes que deixam de o ser aqui ou noutros países, ou vice-versa. Definição sociológica: existe algo em comum nas diferentes categorias independentemente do tempo e do espaço e da mudança da lei, ou seja, procura algo comum a todos os crimes. o Garófalo (1985) apresenta a Teoria do “Delito Natural” - violação de uma norma. Esta teoria alcança conceitos como a probidade (respeito pelas coisas dos outros) e piedade (respeito pela vida do outro). o Durkheim (1894) procura a essência do crime, defendendo uma lesão de sentimentos coletivos, definidos na consciência coletiva (ou seja, sentimentos comuns que levam a uma reação por parte dos outros). Considera, assim, os atos universalmente reprovados pelos membros de cada sociedade uma característica comum a todos os crimes; originando sempre uma sanção estatal. Vantagens: Ambos procuram a essência. Universalidade. 1 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos Introdução à criminologia Desvantagens: Desconcordância nos valores que procuramos seguir (será que todos partilhamos os mesmos valores?) O desvio: transgressão das normas sociais partilhadas num determinado grupo. Tudo que se afasta das normas sociais partilhas por um grupo tem uma sanção (consequência). Todo e qualquer desvio tem uma reação que pode, ou não, ser negativa. Ex: um individuo superdotado foge à norma (ou seja, é um desvio), mas não é negativo. Todavia, a maioria dos desvios comportam reações negativas. Casamento entre pessoas do mesmo sexo (este comportamento pode ser considerado como um desvio dependendo das faixas etária, da religião, da legislação ou dos grupos étnicos de onde advém esta situação); O consumo de drogas pesadas ou leves: é um comportamento que apesar de para uma grande parte da sociedade ser considerado desviante é mais frequente e logo considerado menos desviante; O desvio inclui um núcleo duro: o crime. O Normal O desvio “O desvio é o conjunto de comportamentos e de situações que os membros de um grupo consideram não conformes às suas expectativas, normas ou valores e que, por isso, correm o risco de suscitar condenações e sanções da sua parte” (Cusson). Simmons: para este autor o desvio merece um conceito muito relativo uma vez que depende das perceções do país, do grupo a que pertencemos. É, portanto, muito difícil encontrar comportamentos desviantes universais; Definição normativa: desvio a um conjunto de normas que desencadeia sanções. Define desvio a partir de um quadro- transgressão à norma. Definição estatística: o desvio é uma variação ou o afastamento de uma média (ou seja, um comportamento/situação que difere do que é habitual – é raro). O que é frequente, portanto está dentro da média, é o que as pessoas devem fazer. Problema: Se esta definição fosse totalmente verdadeira, então as minorias éticas seriam consideradas desviantes. Definição reativista: o desvio é algo que foi rotulado como tal, ou seja, só existem desvios porque alguém o rotulou como tal – comportamento etiquetado. o Critica a definição normativa que diz que o desvio é uma transgressão de uma norma e, que, acarreta uma norma. o Estamos perante a Teoria do desvio primário ou Teoria da etiquetagem. 2 O desvio conduz a uma reação negativa de terceirosO normal não tem reação negativa de terceiros 99% da população já cometeu um ato desviante; Média: cometer um ato desviante; Desvio: não cometer um ato desviante. Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 Introdução à criminologia Ex: num supermercado um individuo está com sede e, por isso, pega numa garrafa de água e bebe. Depois,pousa-a no sitio e não a paga, indo embora. Podem ocorrer duas situações: Opção 1: é deletado- chamam a polícia (desvio secundário) Opção 2: não é deletado- vai para casa e esquece a situação (desvio primário) Caso ocorra a opção 1, é reportado um furto e entra no sistema judicial. Quando isto acontece é rotulado um desviante. Caso o individuo aceite isso, ele assume um rótulo sendo etiquetado com sucesso. o A reação social é importante porque permite construir a identidade do desviante. “O desviante é aquele a quem o rótulo foi colocado com sucesso; o comportamento é desviante é aquele que as pessoas rotulam como tal” (Becker, 1973) Controlo social: conjunto de meios implementados pelos membros de uma sociedade com o objetivo especifico de conter ou reduzir o número e a gravidade dos delitos. o Este controlo social vai influenciar como nós aceitamos ou não as normas de uma sociedade. o Pode ser: formal ou informal. 1. Controlo social formal: controlo social feito pelas instâncias formais de controlo (policia, sistema penitenciário, etc.) que se regem por um conjunto de leis. 2. Controlo social informal: é exercido pelos outros membros da sociedade (família, amigos, mídia, etc.) O delinquente e a vitima são objeto de estudo da criminologia. Depende do quadro teórico que está por detrás O que distingue o delinquente do não delinquente? Alguém que ficou parado na evolução (atávico) Diferenças de personalidade: trem um grau de indiferença e de egoísmo maior. Delinquente: Segundo Lombroso o delinquente define-se pelas características físicas, ou seja, o delinquente para este autor apresenta-se atávico, é um ser que parou na evolução, deixou de se desenvolver e possui diferenças ao nível da personalidade que pode ter um maior grau de agressividade, menos afetividade ou mais egocentrismo, e por isto, apresenta comportamento delinquente; ou noutra perspetiva podem ser os fatores do meio que influenciam o comportamento criminoso. Vítima: o perfil da vítima só entra mais tarde em estudo. São estudados: o perfil da vítima, os efeitos de vitimação, os tipos de vitimação e por último o papel da vítima para a justiça penal. O método em criminologia Como se recolhe dados em criminologia? Como medimos a criminologia? 3 A vitima só ganhou importância a partir dos anos 60/70. Qual o seu perfil? Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos Introdução à criminologia Criminologia é a ciência que tem uma ambição cientifica e que vai buscar conhecimento a outras disciplinas (interdisciplinar). Partindo desta ambição científica a criminologia vai buscar dados por exemplo ao Direito, à Sociologia, à Biologia ou à Genética. Objetivo: produção de conhecimento cientifico válido: o Método experimental- medicina; o Inquéritos- psicologia. A criminologia produz o próprio produto, apoiando-se em outros métodos e outras disciplinas, utilizando o método científico para criar. Problemas da ambição cientifica: Diversidade de opinião sobre o crime (faz parte do quotidiano) e é uma arma politica; tornando-se difícil de estudar de forma objetiva; O crime é algo dificilmente identificável; Questões éticas e deontológicas: há determinadas experiências cientificas que antes se podiam fazer, mas agora, devido a questões éticas, não se realizam. Ex: experiência de Zimbardo. Como produzimos métodos de investigação? Etapas da perspetiva dedutiva: 1. Tema- um objeto mais especifico. Ex: Investigação cientifica sobre a violência doméstica. 2. Objeto- Ex: caracterização da vitima num determinado ano. 3. Recolha de dados- que tipo de dados vamos recolher? o Métodos quantitativos: informação mais numérica e mais direta; é possível fazer correlações entre indicadores e dá-nos por exemplo percentagens dos crimes; o Métodos qualitativos: informação mais profunda (abordagem compreensiva) e focagem na interpretação do mundo, desenvolvendo-se no tempo. Ex: entrevistas. 4. Análise de dados. 5. Resultados e conclusões. Se queremos estudar a criminologia temos de medi-la: o Estatísticas oficiais da criminalidade (mais usadas para medir a criminalidade); o Inquéritos de delinquência autorrevelada (perguntar a uma amostra se cometeram crimes num dado espaço e num dado tempo); o Inquéritos de vitimação (perguntar a uma amostra se já sofreu algum tipo de crime num dado espaço e num dado tempo). Estatísticas oficiais da criminalidade Medir infrações ao longo do tempo e num determinado espaço. São apenas indicadores da criminalidade, ou seja, não medem toda a criminalidade existente. São medidas indiretas da criminalidade. Podem ser: o Públicas (estatais) e privadas (segurança privada); o Nacionais e internacionais (estatísticas da Europa); o Polícias, tribunais, judiciárias; o Outras (ex: APAV) Vantagens: 4 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 Introdução à criminologia Descrevem a estrutura da criminalidade (tipos de crimes, faixas etárias, etc.), ou seja, características da criminalidade; Conseguimos aceder ao volume da criminologia, ou seja, o número de crimes que foram registados (número da criminalidade); Verificar a evolução no tempo da criminalidade (para podermos estudar a criminalidade temos de usar um determinado espeço de tempo); Verificações no espaço (Ex: comparar o crime nas diferentes regiões do país). Quando fazemos uma análise da criminalidade através das estatísticas oficiais, as alterações do crime podem variar consoante fatores: Alterações na legislação; Alteração na forma de registar os crimes (Ex: a partir de agora dois crimes são fundidos); A forma como um crime é registado num sítio, difere noutro; Imperfeições das estatísticas; As campanhas podem alertar e são influenciadores para darem mais atenção a certos tipos de crimes. Nunca temos acesso total à criminalidade real, temos sim uma criminalidade aparente. Criminalidade Cifras negras Crime real – crime aparente = cifras negras Desfasamento entre a criminalidade aparente e a criminalidade real. Quando alguém pratica um crime e não chega às instâncias formais de controlo do crime, este não é registado; Só quem praticou o crime é que sabe. Muitos crimes não têm uma vitima direta, ex: corrupção; outros a vitima não dá conta, ex: pequenos furtos. Isto faz com que não conheçamos os números reais da criminalidade, criando problemas: 1. Incidência/frequência: número de crimes que foram praticados; número de vezes que os crimes foram praticados num determinado espaço de tempo; 2. Prevalência: percentagem; número de pessoas que praticaram crimes; Muitas as vezes as vitimas não denunciam, não apresentam queixa (Ex: por falta de consciência, cybercrime); Queixas não registadas (Ex: uma vitima de difamação e de roubo vai à esquadra e a policia só regista o crime mais grave); Policia é instância de seleção (pode acontecer; por uma questão racial ou outros fatores, que a policia dê mais importância a uns crimes do que a outros – teorias dos anos 60/70); 5 Real (existe, que é praticada) A criminalidade legal faz parte da aparente. Aparente (que é conhecida e Legal (registada por tribunais, condenações) O que contribui para isto? Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumosIntrodução à criminologia Incidência: Número de crimes que foram praticados; Frequência: Número de vezes que os crimes foram praticados num dado espaço ou tempo (por exemplo 10 vezes); Prevalência: Percentagem ou número de pessoas que praticaram os crimes (por exemplo 1 pessoa praticou crime de homicídio). Efeito funil Ocorre quando há uma diminuição do número de crimes ao longo do processo judicial – decréscimo dos números da criminalidade. Esta perda de crimes tem como personagem principal a polícia: o Erros e lapsos; o Formas de registo; o Categorias existentes. Quais as características destes crimes aparentes, que nós não conhecemos? Maior visibilidade (Ex: homicídios) Maior reportabilidade (Ex: crimes com seguros) Medidas alternativas Devido à existência das cifras negras, e para nos tentarmos aproximar da criminalidade real, começaram a existir inquéritos: 1. Inquéritos de delinquência autorrevelada; 2. Inquéritos de vitimação. Tentam combater as cifras negras; Permitem conhecer uma parte da criminalidade que não é conhecida pelas estatísticas; Dão-nos informação sobre o perfil da vitima e do ofensor. 6 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 Introdução à criminologia 1. Inquéritos de delinquência autorrevelada Definição: São inquéritos dirigidos a uma amostra à qual se questiona se alguma vez cometeu algum crime assinalado num inquérito. Vantagens: o Conseguimos complementar o volume da criminalidade (número de crimes) e a estrutura (características); o Conseguimos saber se a diferença entre os crimes conhecidos e desconhecidos é elevado; o Análise da reação social formal: Ex: Se o crime foi descoberto, se chegou às autoridades, se sentiu excluído, se a família soube do sucedido, qual a sua reação, etc. o Ter conhecimento da carreira criminal: tem uma idade de inicio; uma escala de crimes, se foram crimes profissionais, se desistiu, se mudou o tipo de crime Conseguimos, através destes inquéritos, averiguar o desenvolvimento da carreira criminal o Permite-nos ter informações sobre a situação do crime, ou seja, quais as circunstâncias em que ocorreu o crime. Desvantagens: o Se aplicarmos os inquéritos a populações mais adultas corremos o risco de as respostas serem pouco honestas, pois são feitas de uma forma socialmente desejada, omitindo, muitas vezes, factos importantes. São respostas pouco honestas e não acontecem com as camadas mais jovens. o Prevalência (número de pessoas que cometeram crimes) /incidência (número de delitos cometidos): há comportamentos que são feitos de forma rotineira (ex. faltar às aulas), ou seja, habituais, e quando questionados, os indivíduos podem aferir que não cometeram um delito pois não o considerarem como tal, visto que já é algo usual. o Telescoping: as pessoas que respondem ao inquérito percecionam um evento recente como algo que aconteceu há muito tempo, ou vice-versa Ex: cometi um crime há três anos (mas o crime aconteceu à um ano). Quando respondo ao inquérito, “no último ano praticou algum crime?”, a minha resposta é afirmativa, apesar de não ser real. Tiram informações enganosas o Problemas de aplicação: temos de ter o cuidado de questionar um jovem quando este estiver sozinho. Proximidade/contacto com os inquiridos Presencial ou por telefone: a maioria das pessoas atualmente usa o telemóvel, ou seja, teríamos de excluir potenciais da nossa amostra; Desconfiança por parte dos inqueridos sobre os fins do inquérito, podendo desencadear reações negativas. 7 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos Introdução à criminologia o Redação das questões: se as questões não forem claras, as respostas podem não ser válidas (não correspondem à realidade); o Ambiguidade do vivido: um individuo pode considerar que certo comportamento não é um crime. Depende da maneira como interpretamos as questões, de acordo com as experiências do passado. Ex: Violência doméstica há quarenta anos, era vista como normal por parte dos homens. 2. Inquéritos de vitimação (a partir dos anos 70 a vitima ganha um novo estatuto) Definição: perguntar a uma amostra de população se já foi vitima de certos tipos de crimes (tanto nos últimos 12 meses ou ao longo de toda a vida). Vantagens: o Permitem complementar os dados oficiais já existentes, tanto no volume, como nas características das vítimas de determinados crimes; o Conhecimento das razões que levaram a não apresentarem queixa dos crimes Ex: medo de represálias; medo de abalar a relação com o outro, etc. o Reação social: Ex: como foi o confronto com a polícia? Foi apoiado pelos amigos e amigos? o Sentimento de insegurança Ex: na sua zona como se sente a andar sozinha após escurecer? o Caracterização da vítima: permite-nos criar perfis da vítima através destes inquéritos. Desvantagens: o Telescoping: destorcida localização do tempo. É diferente do esquecimento; o Redação das questões: Ex: nos últimos meses foi, ou alguém da sua família, vítima de crime? Errada, porque avalia a vitimação direta e indireta, não podendo ser feita ao mesmo tempo. o Ambiguidade do vivido: a pessoa pode não se considerar vítima numa situação específica; o Aplicação: Ex: se perguntarmos a alguém se foi vítima de agressão sexual, as respostas e o à vontade para expor o caso, diferente consoante o sexo do individuo. o Crimes sem vitimas: não nos permite chegar aos tipos de vítimas com estes inquéritos; Ex: crimes ambientais; de corrução, etc. Métodos da criminalidade: comentários: 1. Para fazer uma tendência da criminalidade utilizamos os dados das estatísticas oficias que nos permite uma localização no tempo e no espaço; 8 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 Introdução à criminologia 2. Temos de fazer a escolha do método de acordo com os nossos objetivos; primeiro definimos os objetivos e só depois escolhemos o método; 3. Os métodos mais utilizados são as estatísticas e os inquéritos, mas devido à fragilidade de ambos são utilizados métodos que os complementam; 4. Estes inquéritos complementares medem a punitividade: ou seja, medem, por exemplo, o número de anos de prisão que daríamos a uma pena perante um determinado crime; 5. Medem também as opiniões, por exemplo, medem a nossa perceção sobre a corrupção no nosso país, isto é uma ideia de uma perceção; 6. Permitem, por fim, avaliar outros comportamentos como os desvios. Se nos queremos aproximar do crime real é importante complementar com os três métodos Triangulação de complementos (método compósito) No entanto, nunca temos um número real. Outros inquéritos Atitude Atitude comportamento ação Pensamento Ex: o tabaco faz mal, mas fumo. o A atitude pode medir a punitividade. Ex: uma pessoa assalta a casa de uma idosa. Pergunta deum questionário. Quantos anos de prisão merece? Opinião Ex: qual a sua perceção do número de corrupção do nosso país? Outros comportamentos. 9 Medidas da criminalidade (estatísticas/ inquéritos) Métodos de recolha de dados Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos Introdução à criminologia Métodos de recolha de dados Ciência interdisciplinar que vai buscar dados a outras ciências para formar conhecimento de investigação. 1. Método experimental Serve para nós realizarmos relações de causa-efeito, ou seja, relações entre uma variável independente e uma variável dependente. Ex: aumentar a luminosidade numa zona de insegurança. Variável independente Variável independente Variável dependente: depende de algo, ou seja, de uma causa (da variável independente). Vai ser manipulada pelo investigador Variável independente: vai depender da investigação. Investigação/ experiência: 1. Grupo experimental: manipulação por parte do investigador; 2. Grupo de controlo: não há qualquer intervenção. Tem de existir uma escolha aleatória do grupo experimental e do grupo de controlo; Temos de analisar se houve uma alteração na variável dependente (efeito); Tem de haver um pré-teste (medição do sentimento de insegurança antes do início da experiência) e um pós- teste (medição do sentimento de insegurança no grupo experimental e no de controlo depois da intervenção). Exemplo: qual o efeito das séries violentas nos pensamentos criminais? o VI- assistir ou não assistir a séries violentas o VD: grau de pensamentos criminais o Grupo de controlo: não assiste à série, veria séries neutras, vai servir de termo de comparação; o Grupo experimental: assistir à série; visualização de partes de série violentas; o Pré-teste: medir ao mesmo tempo nos dois grupos os pensamentos criminais, antes da intervenção, por inquérito por exemplo; EXPERIÊNCIA o Pós-teste: análise dos pensamentos criminosos depois da intervenção. 10 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 Introdução à criminologia Vantagens: o Podemos controlar as variáveis externas num laboratório; o É rápido, caso o protocolo experimental esteja bem estabelecido e montado Caso isto aconteça, podemos ter um controlo dos custos o Conseguimos controlar, com cuidado, os estímulos que vamos usar; o ambiente associado às variáveis e o tempo ou custos que vamos despender. Desvantagens: o Artificialidade: ambiente de laboratório, onde se controla as variáveis externas; o Dificuldade em encontrar sujeitos, pois as experiências podem demorar; o Prolemas éticos: Ex: experiência de Milgram sobre a obediência: sujeitos pagos para fingir que sofriam com os choques elétricos. Os sujeitos voluntários tinham que fazer perguntas, e caso os sujeitos pagos não acertassem levavam choques. o Efeito do investigador: podemos enviesar uma resposta ou até levar a um certo comportamento; o Quando criamos grupos de delinquentes e grupos de controlo (não delinquentes); não sabemos se o grupo de controlo já cometeu algum crime. 2. Observação Há sujeitos que não querem fazer as suas experiências em laboratório, por isso vão para a rua onde os indivíduos se movem. Abordagem naturalista Temos de ter um diário de campo onde anotamos tudo o que observamos; Temos de ter uma grelha de observação (que contém parâmetros de comportamento); Pode ser participante (o observador participa nas atividades do grupo observado) ou natural (o observador não participa); Ex: estudar os gangues: Observação participante: tentar fazer parte do gangue para observar os comportamentos e formas de atuação. Pode anunciar que é observador Pode omitir ser observador Traz problemas de investigação; Pode pôr o investigador em risco. Desvantagens: o Tempo: uma observação pode demorar meses e anos; 11 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos Introdução à criminologia o Questões éticas: Ex: estou a fazer uma observação num gangue e noto comportamentos criminosos, devo reportar às autoridades? o Subjetividade/objetividade Toda a investigação científica tem de se manter afastada, neutra, imparcial para poder ser objetiva. Quando fazemos parte de um grupo, essa objetividade é perdida. o Acesso ao terreno Como abordamos um gangue para observação? Como vamos aceder aos participantes? 3. Entrevistas Nível de profundidade e de obtenção de dados maiores. Usamos a entrevista para aceder ao vivido do outro e encontrar padrões através desta abordagem qualitativa. Abordagem mais aprofundada Não é fácil aceder ao terreno: encontrar sujeitos para expor a sua vivência; É necessário um guião (conjunto de aspetos/critérios para usar numa entrevista, e exemplos de perguntas que vamos utilizar); Temos de garantir a confidencialidade e de ter cuidado com a relação de entrevistador-entrevistado (ex. não podemos chorar), temos de ser imparciais e de ter empatia ao mesmo tempo; Focus-group: quando entrevistamos um grupo de pessoas. A escola positivista Italiana Diz ser fundadora da criminologia. Teve diversos percursores, sendo o seu fundador César Lombroso com dois discípulos: Garófalo e Ferri. Teoria de Lombroso: Lombroso defende a teoria do atavismo: os homens delinquentes pararam no tempo (são uma subespécie da espécie atual). O homem delinquente é um ser atávico (conjunto de características que os distinguem dos não delinquentes) Defende a existência de um delinquente nato com características que o difere dos outros (posteriormente esta teoria foi abandonada, mas teve um enorme impacto); Conseguiu obter a causa da criminalidade quando observava o crânio de um ladrão (segunda metade do séc. XIX) conhecido na época e um raio de luz passou no crânio e ele considerou que encontrou a causa do crime: o crânio era parecido ao de um primata. Ou seja, os delinquentes não evoluem no tempo. 12 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 Introdução à criminologia “Eu não fiz mais do que dar um corpo mais orgânico às teses que, por assim dizer, flutuavam no ar, ainda indistintas…” Influências da EPI 1. Positivismo Comte 2. Fisionomia Lavater 3. Frenologia Gall 4. Psiquiatria Pinel & Esquirol 5. Degenerescência Morel 6. Evolucionismo Darwin 1. Positivismo – Comte (1798-1857) o Teve uma grande influência na EPI: Comte defendia que a única forma de construir conhecimento é o positivismo. Estas ideias surgem numa altura em que as tradições e as ideias religiosas eram comuns. Assiste-se a um corte com o senso comum. o A ciênciafaz-se através do método experimental, da quantificação e da indução (quando vamos do particular para o geral). A partir disto criam-se as leis gerais, cujas servem para prevermos o comportamento. Seria então necessário observar e criar leis mais gerais que nos permitissem prever o comportamento; o Causalidade e determinismo O positivismo deve procurar uma relação causa-efeito dos fenómenos, ou seja, deve procurar o determinismo dos fenómenos. Defendia, também, que os delinquentes nasciam determinados para delinquir; o Objetividade e neutralidade Apenas se consegue construir conhecimento através de uma separação investigador-objeto. A posição do investigador deve ser de neutralidade face ao objeto. 2. Fisionomia- Lavater (1741-1801) Lavater foi um autor fundamental da ciência da fisionomia. o Defende que é possível conhecer as faculdades humanas mentais a partir do corpo dos indivíduos. Através da constituição física podíamos tirar conclusões sobre a personalidade das pessoas; o Tenta analisar as manifestações exteriores para obter ideias da interioridade das pessoas; o Procura a distinção dos indivíduos através das características físicas; o Lombroso, seguindo esta teoria, chegou à conclusão sobre a existência de um corpo do mal; o Estas teoria foi posteriormente abandonada. 3. Frenologia- Gall (1758-1828) o Cada parte do cérebro correspondia a uma determinada faculdade mental. Quando havia a apalpação do crânio podíamos ter acesso a essas faculdades. Existia uma ligação entre o crânio e o cérebro. o Se houvesse uma concavidade em determinada parte do cérebro, isso significava que tinha níveis mentais mais baixos nessa faculdade associada; o Se tivesse uma protuberância em determinada área do crânio, então a região do cérebro a que esta pertencesse determinaria que o indivíduo teria mais saliente aquela faculdade mental. 4. Psiquiatria o Antes do séc. XVIII os loucos mentais eram colocados em barcos e a sorte deles ficava ao sabor da corrente (quando a família não queria ficar com o doente mental); 13 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos Introdução à criminologia o A partir do séc. XVIII surge o “grande enclausuramento”, onde todas as figuras da desviância (prostitutas, loucos, etc.) eram colocados sem diferenciação; o A partir daí, nasce uma vontade de saber mais sobre o louco. No entanto, começam a surgir os grandes problemas: os indivíduos loucos cometem crimes? Os autores da altura tentam chegar a uma distinção entre a delinquência e a loucura; o Assim, a criminologia e a psiquiatria nascem juntas. o Esta vontade constante faz com que se aumente a ciência que permita uma distinção entre as duas figuras, o que vai influenciar a EPI. Lombroso estuda o homem louco que comete crimes e o delinquente que não é louco. o Autores principais: Pinel e Esquirol. 5. Teoria da degenerescência- Morel (1809-1873) Morel era um psiquiatra que estudava a loucura. o Defendia que existe ou podem existir desvios normais ou patológicos. o Degenerescência: desvio patológico relativamente ao homem normal (provém do impacto que o meio - físico e social – tem sobre o corpo e a mente). Ex: vamos viver para a Suécia e lá a temperatura ronda os -20ºC. há um desvio. Desvio normal: adaptação à temperatura; Desvio patológico: alguém que é louco, alcoólico; o O desvio patológico ocorre por causas sociais, má alimentação; vivem em zonas com pouca higiene e trabalham em sítios com más condições. Tudo isto leva a um desvio do tipo normal. o O problema está no facto de esta patologia ser transmissível e hereditária, provocando degenerados (através da família ou amigos), o que levou à eliminação de pessoas com estes desvios patológicos. o Podemos considerar que há uma diferença entre a teoria de Morel e a teoria de Lombroso. Enquanto que o primeiro defende que um homem normal comete um desvio devido às condições do meio; o segundo diz-nos que o homem delinquente não era normal e que parou no tempo; nasceu determinado para delinquir. 6. Evolucionismo- Darwin (1809-1882) o Com a “Origem das espécies” vem defender a evolução das espécies; a forma que assumimos hoje nem sempre foi assim. No entanto, evoluímos todos de um corpo comum. o As espécies mais fortes sobreviveram a esta evolução (seleção natural). Apenas sobrevive o mias forte: lei da sobrevivência. o Como Darwin defende um ponto comum que evolui agora para o ponto máximo, tal vai influenciar Lombroso que suporta a ideia de que o homem normal atinge o ponto máximo, mas o homem delinquente para nesta evolução Lombroso, Ferri e Garófalo =» são estes os principais nomes ligados à origem da criminologia, cada um deles com a sua especificidade na explicação do crime, mas como é evidente têm pontos em comum: Todos eles procuram explicar as causas do crime, ou seja, a sua etiologia; O objeto de estudo comum a todos eles é o delinquente; Os 3 autores regem-se pela ideia do determinismo, há indivíduos que cometem crimes e não escolhem fazê-lo eles nascem determinados para isso, são criminosos natos; para eles os delinquentes não têm um pensamento livre; Opõem-se claramente à Escola Clássica de Direito Penal; Dão importância à observação, quantificação e ao método experimental para construir conhecimento científico; Rejeitam o pensamento metafísico, tudo o que fuja aos parâmetros da ciência é colocado de lado pela Escola Positivista Italiana: a Teologia e o senso comum. 14 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 Introdução à criminologia Escola Clássica de Direito Penal: entre esta escola e a escola positivista italiana existem várias interrogações à cerca de qual destas foi a primeira a dar origem à Criminologia. Beccaria e Bentham (séc. XVIII) são os pais da escola clássica de direito penal e quando esta escola se iniciou as sanções eram físicas e corpóreas (torturas, sanções físicas), vigorava uma justiça retributiva com o objetivo de vingança aplicadas em praça pública. Havia muita gente inocente que era condenada e pagava injustamente por atos que não tinha cometido e não beneficiava de qualquer tipo de proteção face ao rei. Beccaria propôs que o Direito Penal tivesse um conjunto de princípios proporcionais aos dados cometidos – Princípio da Selaridade – eram penas aplicadas rapidamente, caso contrário não faziam efeito, eram penas previstas na lei e eram feitas de modo a que todas as entendessem. o Seguiam o princípio do prazer e da dor onde era calculado o custo-benefício, e o legislador tinha de encontrar penas que ultrapassassem o benefício, de modo a que o criminoso não beneficiasse nada com o que fez. o Estas penas tinham o objetivo não apenas de dissuasão – para que os indivíduos não voltassem a cometer crimes- mas também servia de exemplo para toda a população para que mais ninguém cometesse os mesmos erros/crimes. Estes meios eram baseados no método da dedução – penas gerais que fossem aplicadas a casos particulares. 15 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos Introdução à criminologia CÉSAR LOMBROSO: (1935-1909) Muitosinvestigadores não dão importância à teoria de Lombroso; Apesar da teoria de Lombroso já estar ultrapassada e desacreditada, esta foi muito importante porque foi a partir dela que se evoluiu para outras e se chegou ao que há hoje; “As caraterísticas dos homens primitivos e dos animais inferiores reproduziam-se na atualidade” Teoria do atavismo: Lombroso defende que o homem delinquente é um ser atávico que parou na sua evolução; O homem delinquente tem manifestações de seres primatas, inacabados e selvagens; Como se verifica o atavismo? Em caraterísticas anatómicas e físicas principalmente nas zonas do rosto e no crânio – é um conjunto de estigmas que o permitem identificar como delinquente; Para Morel há um ser degenerado pelo desvio que em tempos foi normal; Para Lombroso existem criminosos natos que já nasceram assim; na seta da evolução o homem normal atinge o ponto de evolução maior, ou seja, evolui na sua totalidade, enquanto o homem delinquente parou na sua evolução; Lombroso no evoluir da sua teoria para a olhar de estigmas anatómicos também para estigmas psicológicos; Por exemplo: os indivíduos com tatuagens são seres insensíveis à dor, e por isto. Lombroso aprofundou o seu conhecimento sobre estes seres e denotou que para além disso eram egoístas, utilizavam o calão e linguagem agressiva. 16 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 Introdução à criminologia Influenciado pelo positivismo de Comte, recolheu inúmeros dados de investigação, como por exemplo, registos de medições de crânios e partes faciais, fazendo um estudo intensivo para justificar a sua teoria; Através da indução – recolha de dados em particular para chegar ao geral da distinção entre o delinquente e o não delinquente; Através desta, cria tipologias de delinquentes: nato, louco ou epilético; Mas nunca abandona a teoria do atavismo. Caraterísticas físicas do delinquente: Assimetria craniana; Arcada supraciliar saliente (acima dos olhos quanto mais saliente for, mais crimes comete); Mandibula robusta, larga e projetada; Malformações nos dentes; Cabelo grande e barba pequena. São estas caraterísticas que levam à criação das diferentes tipologias de delinquentes Estudou a caligrafia do delinquente; Estudou a forma das passadas e o espaçamento entre elas; Fez inúmeras análises a tatuagens. Pontos positivos da teoria de Lombroso: Rompe uma conceção abstrata do homem defendida pela escola clássica de direito penal, dando uma marca científica ao homem delinquente; Não podemos dar a mesma pena a todos os criminosos porque eles são diferentes; A adoção do método experimental para estudar as caraterísticas físicas do homem, vai até ao pormenor faz imensos esforços; Foi o primeiro autor que propôs uma teoria criminológica – a teoria do atavismo. Críticas contemporâneas: Goring: Goring utilizou um grupo de controlo de sujeitos que não praticaram crimes e concluiu que não havia diferenças estatísticas significativas na análise craniana entre delinquentes e não delinquentes; Gabriel Tarde: critica que Lombroso não põe em causa o que é crime e não se questiona sobre a natureza do crime e a sua alteração no tempo e no espaço; diz que Lombroso não se preocupa com a definição relativa do crime; Mendes Correia: também fez testes utilizando o grupo de controlo e o grupo experimental; Críticas de outros autores: critica-se que apesar da acumulação de dados nunca põe a sua teoria inicial em causa, só recolhe dados limita-se a isso e nunca abandona a sua teoria inicial apesar de acrescentar fatores psicologia e nunca fatores sociológicos. Ferri: (1856 – 1929) A sua posição socialista influencia a sua teoria; Defende que os criminosos não têm livre-arbítrio; Faz uma abordagem multifatorial – diferente de Lombroso; A sua teoria é mais completa; 17 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos Introdução à criminologia Embora tenhamos aqui um determinismo: tem um determinismo fatorial porque o crime para ele é causado por fatores, não só biológicas e psicológicos, mas também fatores ambientes; Clima- regiões onde os indivíduos residem; Fatores anatómicos- idade, raça, etc; Fatores sociais – desemprego ou situação económica do indivíduo ou do país onde reside; Para além das caraterísticas físicas ele vai mais além (nunca abandonando o determinismo) + fatores ambientais + fatores sociais = resulta uma abordagem muito mais complexa. Ferri tenta alterar os fatores sociais e os fatores ambientais (o clima, o nível socioeconómico e o desemprego). Para os criminosos não natos aplicavam-se os substitutos penais para prevenir o comportamento delinquente; Para os criminosos natos (que nascem determinados para delinquir) aplicava-se a neutralização, ou seja, no fundo eram eliminados ou impedidos de delinquir; Cria a par de Lombroso uma tipologia de delinquentes: - Nato: (também apoiada por Lombroso); - Alienados: loucos; - De hábito: crimes de hábito; repetidamente são cometidos crimes; - De ocasião: cometem crimes de vez em quando; - Por paixão: cometem crimes por ciúmes com um ímpeto de raiva que motivou a ação criminal, não são criminosos reincidentes, mas devido a algo em específico, que neste caso é o ciúme, cometem um dado crime (acontece ocasionalmente). 3º autor da EPI: Garófalo Garófalo não é socialista; A sua teoria tem uma influência muito grande da Teoria do Darwinismo; Garófalo defende a neutralização ou imparcialização para os que não cometem crime; É o primeiro autor a utilizar o termo “Criminologia”, anteriormente designava-se por Antropologia Criminal; o Opõem-se ao principio do livre-arbítrio da Escola Clássica de Direito Penal, afirmando que os indivíduos que cometem crimes estão determinados a fazê-lo, não tiveram escolha; o Dá importância ao método experimental e indutivo; o direito penal e o direito em geral deve ser influenciado pela ciência. As penas devem ser aplicadas de acordo com os indivíduos que cometem crime, que são estudados pela criminologia. No fundo é este conhecimento cientifico que devia influenciar o direito penal. Mas quem é o delinquente? o Para Lombroso é um ser atávico e observável através das características físicas; o Para Garófalo é um ser moralmente atávico. Este último defende a existência de um delito natural: O delinquente é aquele que vai atentar contra os sentimentos básicos de uma sociedade, logo o criminoso é aquele que é moralmente atávico (características psicológicas). Os sentimentos básicos da sociedade assentam no sentimento da probidade (respeito pelas coisas dos outros) e sentimento da piedade (respeito pela vida dos outros). o A atenção que vai dar às características psicológicas do criminoso, levou ao conceito de perigosidade que influenciou a EPI; 18 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 Introdução à criminologia o Os criminosos são perigosos e põem em causa o respeito da sociedade devendo-se, por isso, eliminá-las. Garófalo é um defensor da pena de morte, uma vez que foi influenciado pelas ideias do Darwinismo, devemos eliminar/matar os não aptos. Desenvolvimentos pós-lombrosianos Estudos de Sheldon e Glueck & Glueck Procura verificarse existem determinadas características físicas que podem identificar os criminosos. Distinguem mesomórficos (capacidade física mais forte, mais atlético e baixo autocontrolo e por isto são mais propensos para o comportamento desviante/delinquir); de endomórficos (caracterizam-se por terem maior densidade óssea, cintura e anca largas. Caracterizam-se, também, por terem braços e pernas relativamente curtas. Geralmente, conseguem ganhar massa muscular com facilidade. No entanto, uma vez que possuem um metabolismo muito lento, ganham massa gorda juntamente com a magra) e ectomórficos (caracterizam-se pela sua estrutura magra. São conhecidos por terem dificuldade em ganhar grandes quantidades de massa muscular magra. Por outro lado, uma vez que possuem um metabolismo muito acelerado, não são propensos a ganhar massa gorda. Conseguem queimar gordura com bastante facilidade). Estudos sobre a hereditariedade Gêmeos que foram separados à nascença, e no qual vemos a influência genética e do meio no seu desenvolvimento, e responder à pergunta de qual destes fatores pesa mais: se a hereditariedade ou a educação? Estudos sobre cromossomas Estes dois autores elaboraram estudos para além da medição de crânios e comparação os mesmos entre delinquente e não delinquentes. A controvérsia natureza/educação ou nature/nurtur Emergência do conceito de personalidade criminal Como passamos de uma análise das características físicas e psicológicas de um criminoso para a necessidade de termos de olhar para as características da personalidade de um individuo? o Na altura em que Lombroso analisa os crânios e os seus estudos ganham força; a psiquiatria começa a ganhar terreno. Começam a surgir casos de indivíduos perfeitamente normais ao longo da vida que, num rasgo de loucura, cometem um crime, mas depois deste voltam ao normal. o Estamos perante a monomania homicida: indivíduos que se fixam num objetivo (tal como a paixão e a fixação na pessoa) durante um período de normalidade, e por causa dessa fixação cometem o crime. Depois deste ocorrer, voltam ao seu normal. Ex: caso de Pierre Riviére (ver) Jovem camponês que, em 1835 assassinou a sua mãe, a irmã e o irmão. o caso foi discutido de acordo com a teoria psicanalítica, enfatizando algumas considerações de Lacan. No estudo de caso foi possível observar que o ato criminoso muitas vezes está relacionado à psicose, portanto a uma passagem ao ato. Na altura do facto, o direito penal viu-se obrigado a chamar o saber da psiquiatria, pois não conseguia encontrar uma solução. Tal levou a um debate grande entre os penalistas e a ciência. o Esta importância da psiquiatria na justiça penal da época levou ao aparecimento da importância do estudo das características da personalidade (entre as quais a perigosidade). Em vez de olharmos para a culpa, passamos a olhar para o estado de perigosidade do criminoso. o É assim, que em 1890 (um ano depois da União Internacional de Direito Penal- fundada em 1889 por von Lizt e Prins) o sistema de justiça adota o conceito de perigosidade. 19 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos Introdução à criminologia o O facto de existirem delinquentes reincidentes também contribuiu para esta adoção. Se olharmos apenas para a responsabilidade penal destes indivíduos, só olhamos para a lei que está no Código Penal. No entanto, é preciso ter em atenção que estes são homens com uma certa perigosidade e, por isso, devemos avaliar a sua personalidade. Assim, adotam-se penas derivadas não só da culpa, mas também das características psicológicas do delinquente denominadas medidas de segurança. Para concluir: Começam a ser muito importantes os peritos que auxiliam a justiça penal, por exemplo os peritos da psiquiatria e os criminólogos; Este olha para as caraterísticas da personalidade o que fez com que as penas fossem mais individuais, contribuindo positivamente para o Código Penal (o artigo 160º do CP dá-nos o princípio necessário para melhor serem aplicadas as sanções); Artigo 160º do Código Penal: 1 - Para efeito de avaliação da personalidade e da perigosidade do arguido pode haver lugar a perícia sobre as suas características psíquicas independentes de causas patológicas, bem como sobre o seu grau de socialização. A perícia pode relevar, nomeadamente para a decisão sobre a revogação da prisão preventiva, a culpa do agente e a determinação da sanção. 2 - A perícia deve ser deferida a serviços especializados, incluindo os serviços de reinserção social, ou, quando isso não for possível ou conveniente, a especialistas em criminologia, em psicologia, em sociologia ou em psiquiatria. 3 - Os peritos podem requerer informações sobre os antecedentes criminais do arguido, se delas tiverem necessidade. A noção de perigosidade fez com que olhássemos não só para o ato do crime, mas também para as caraterísticas psicológicas dos indivíduos; e foi a partir daqui que começou a falar-se de perícias de personalidade que levam à criação das teorias da personalidade criminal. Personalidade criminal A teoria de Pinatel é uma das mais importantes quando falamos de personalidade criminal. Este defendia que a personalidade assenta num conjunto de traços que predispõe os indivíduos para o ato criminoso, encontrando uma estrutura de personalidade. A sua teoria vai influenciar outras futuras; Pinatel foi influenciado por Garófalo; Estas teorias (que nascem no âmbito da psicologia) procuram perceber se há características da personalidade que distinguem delinquentes de não delinquentes. Caso isso se verifique, podemos afirmar que tal condiciona o comportamento. Para começar devemos questionar-nos o que é a personalidade? É certo que não existe uma definição totalmente correta e universal, pois os diversos autores que estudam a personalidade variam nas suas opiniões; É correto, no entanto, afirmar que podemos olhar para os traços com uma certa durabilidade e isso vai prever o nosso comportamento. Conceito de personalidade por Debuyst (1978): “repousa sobre a existência de traços com uma certa estabilidade que permite uma predição do comportamento futuro do sujeito.” 20 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 Introdução à criminologia Personalidade é: um conjunto de traços que imprimem uma tendência de nos comportamos de determinada forma. Estes traços vão-se mantendo mais ou menos estáveis. Dão estrutura à personalidade. E são estes traços que podem dar origem ao comportamento criminoso. Traço: uma característica durável, a disposição do indivíduo para se comportar de determinada maneira em situações diversas (Hansenne, 2003). E quais os traços que vão propiciar o ato criminoso? Quando abordamos a influência da personalidade do crime encontramos duas perspetivas: o Perspetivas diferenciais: procura da característica diferente que distingue os delinquentes. São perspetivas etiológicas, que dizem que há uma relação de causa entre a personalidade e o cometimento do crime. Esta é a perspetiva defendida por Pinatel; o Perspetivas fenomenológicas: não defendem uma relação direta entre a estrutura da personalidade e o cometimento do ato criminoso. Vão, antes, colocar o ato criminoso no tempo/processo (um ato que decorre no tempo). Todo o conjunto de acontecimentos que decorreram no tempo é que levaram ao ato do crime. O que importa é aceder ao vivido do outro; tentar compreender como o outro vai perspetivaro ato que cometeu. Esta é a perspetiva defendida por De Greeff. Perspetivas diferenciais: Teoria da personalidade criminal de Pinatel ou teoria do nó central Vai tentar perceber se existem diferenças na personalidade entre delinquentes e não delinquentes. Tal insere-se na perspetiva diferencial; Ao contrário da EPI (que defendia a existência de uma diferença qualitativa entre o delinquente e o não delinquente); Pinatel defende que a diferença entre ambos é meramente de grau (se tivermos uma escala de 0 a 100 de delinquência, o ser delinquente tinha um grau mais elevado); Esta teoria acredita que existe uma estrutura especifica de traços da personalidade que vão interagir entre si. Tais traços estão agrupados no que Pinatel designa “nó central”. Estamos perante uma perspetiva dinâmica onde o que difere é a forma como estes traços interagem entre sim, levando ao ato do crime; O que distingue ofensores de não ofensores é a capacidade de passar ao ato criminoso, segundo a sua estrutura; Segundo Pinatel, possuímos um conjunto de traços de personalidade que vão fazer com que passemos ao ato criminoso. Estes são: egocentrismo, labilidade, agressividade e indiferença afetiva; Temos, ainda, um conjunto de variáveis que dão formas específicas aos atos criminosos. No entanto, o que vai determinar a passagem ao ato em concreto são os traços, as variantes apenas determinam o tipo de ato. 21 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos Introdução à criminologia 1. Egocentrismo (barreira psicológica) Tendência para autocentração e para reportar tudo para si próprio. Está associada a uma incapacidade de os indivíduos adotarem a perspetiva moral do outro. O único ponto de vista válido é o dele próprio. Segundo Pinatel, o egocentrismo é algo muito visível no delinquente, mas dos quatro traços é o que tem menos peso na passagem ao ato criminoso. Tem de estar articulado aos outros para o indivíduo decidir cometer o crime. Se adotarmos o nosso ponto de vista, enquanto delinquentes, como o único importante, vamos neutralizar a nossa culpa e agir pois, deixamos de lado a opinião dos outros. 2. Labilidade (barreira psicológica) Incapacidade de inibição da ação, ou seja, incapacidade de pôr termo à ação devido a uma constante instabilidade emocional. Os indivíduos que têm o carácter instável não conseguem planear o seu futuro, sendo dominados pelo presentismo (o que interessa é o aqui e o agora). Este individuo não antecipa as sanções criminais, logo o efeito que uma sanção futura poderia ter não vai funcionar. 3. Agressividade (barreira física) Capacidade de os indivíduos agirem negativamente, ou por vezes violentamente, sobre o outro; independentemente dos danos que possa causar. Caso o indivíduo seja apresentado a obstáculos físicos, vai combate-los de forma violenta. 4. Indiferença afetiva (barreira psicológica) Incapacidade que estes indivíduos têm de nutrir sentimentos afetivos por outros. Indivíduos com elevados níveis de indiferença afetiva têm dificuldade em nutrir empatia e altruísmo pelos outros. Logo, é completamente indiferente ao sofrimento que vai causar pela prática do seu crime, fazendo com que não seja inibido ao sentimento de maldade que vai causar à vítima ou à família da vítima. Conclusão: A Teoria do Nó Central aglomera quatro traços centrais, mas nenhum traço por si só vai levar à passagem do ato. Estes traços juntos e de forma dinâmica interagem entre si e só assim é que existe a passagem ao ato. Vantagens: Esta teoria para estudar a carreira criminal do indivíduo é perfeitamente aceitável e faz sentido, o mesmo para os indivíduos que estão a reincidir, também podemos explicar o seu comportamento pela personalidade. Porque é uma estrutura específica da personalidade que o leva ao ato criminoso. Desvantagens: Esta teoria deixa de lado os fatores ambientais e sociais que têm muita importância no estudo da personalidade; Em relação ao género: as mulheres têm menos tendência para praticar crimes do que os homens, esta teoria não explica este facto; O fator idade: será que os indivíduos entre os 17 e 25 anos (no pico da delinquência) podem apresentar uma personalidade criminal e esta pode vir a mudar depois, e deixar de ser personalidade criminal? Um indivíduo que pratica 1 ou 2 crimes em toda a sua vida e ainda por cima crimes que estão dependentes de oportunidade, será que têm uma personalidade criminal e estes traços? Estudos dos Glueck (1950) e as carências cognitivas Defendem que os indivíduos que vão passar ao ato criminoso sofreram de carência cognitiva: o Lacunas educativas; o Vigilância parental deficiente, o Permissividade e inconstância; 22 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 Introdução à criminologia o Rejeição pelos pais; o Falta de vinculação aos pais. Em termos sentimentais e emocionais são rejeitados pelos pais e têm uma fraca vinculação aos progenitores. Não interessa apenas a personalidade, mas sim a sua conjunção com outros fatores, levando o individuo a cometer o crime. 23 Descarregado por Tiago Bonjardim (tiagobpinto2002@gmail.com) lOMoARcPSD|6360435 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=introducao-a-criminologia-resumos
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