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2 SUMÁRIO SUMÁRIO .......................................................................................................................... 2 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4 2 ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS ........................................................................... 5 Intemperismo físico ............................................................................................................ 7 Intemperismo químico ........................................................................................................ 7 Intemperismo biológico ...................................................................................................... 7 3 O SOLO COMO RESÍDUO DO INTEMPERISMO DAS ROCHAS .................................. 9 3.1 Conceito de superfície específica ............................................................................... 11 4 CLASSIFICAÇÃO DAS PARTÍCULAS CLÁSTICAS DE UM SOLO .............................. 12 4.1 Análise granulométrico - cálculos ............................................................................... 13 4.2 As partículas não inertes Argilominerais ..................................................................... 16 Esmectitas ........................................................................................................................ 17 Ilitas....................... ........................................................................................................... 19 Caulinitas ......................................................................................................................... 20 Quartzo............... ............................................................................................................. 21 Óxidos..... ......................................................................................................................... 22 5 TÉCNICAS APLICADAS EM ESTRADAS ..................................................................... 22 Propriedades físicas ......................................................................................................... 25 Estados e limites de consistência .................................................................................... 25 Outros............... ............................................................................................................... 25 6 MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA .............................................................. 26 3 6.1 Índices físicos ............................................................................................................. 28 7 TALUDES ...................................................................................................................... 31 8 MOVIMENTOS DE TALUDES....................................................................................... 33 8.1 Causa dos Movimentos de Taludes ........................................................................... 35 9 ESTABILIDADE DE TALUDES ..................................................................................... 36 9.1 Diminuição da inclinação do talude ............................................................................ 37 9.2 Drenagem (superficial e profunda) ............................................................................. 37 9.3 Revestimento do talude .............................................................................................. 38 9.4 Emprego de materiais estabilizantes .......................................................................... 39 9.5 Muros de arrimo e ancoragens ................................................................................... 39 9.6 Utilização de bermas .................................................................................................. 40 9.7 Prévia consolidação da fundação ............................................................................... 40 10 INFLUÊNCIA DA ÁGUA NA ESTABILIDADE DE TALUDES ...................................... 41 11 OBRAS DE ESTABILIZAÇÃO DE ENCOSTAS E TALUDES ..................................... 42 Muros de arrimo ............................................................................................................... 43 Muro de gravidade ........................................................................................................... 45 Cortina atirantada ............................................................................................................. 46 12 FATOR DE SEGURANÇA (FS) ................................................................................... 46 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 50 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS Você não conseguiria dialogar sobre mecânica dos solos sem ter a definição do que é um solo. Como exemplifica o filósofo, engenheiro e professor Vargas (1970), para definir algo é necessário sempre ter em mente o fim a que se destina essa definição. Do ponto de vista clássico, solo significa a superfície do chão. Para a agricultura, solo é a camada de terra produtiva. Na engenharia prática, solo é aquilo que se consegue escavar com a escavadeira (escavação de 1° e 2° categorias). Algumas vezes delimita-se em relação a resistência ou dimensão máxima da de blocos. Em geral, as classificações para estimar produtividade fazem uma divisão dicotômica: o que não é rocha é solo, atribuindo a escavação em rocha aquela que necessita de detonação ou expansão com perfuração prévia. (OLIVEIRA, A. M. S.; BRITO, 1998) Para a mecânica dos solos, o solo é uma massa composta por sólidos (estrutura), líquidos e gases (vazios) dispersos em um volume. Essa divisão em três fases facilita a caracterização mecânica do solo como um material e a partir daí consegue-se caracterizar e constituir padrões interpretativos. A mecânica dos solos se importa muito com a classificação quanto ao comportamento mecânico. Nesse contexto, a granulometria dos materiais, ou seja, a dimensão das partículas sólidas, sua estruturação e arranjo, justificam o seu comportamento mecânico. Assim, de forma clássica, dividem-se os solos em de comportamento arenoso e de comportamento argiloso, embora seja quase hipotético encontrar na natureza massas expressivas de solos contendo partículas com as mesmas somente com areia ou semente com argila. Por outro lado, a geologia busca a gênese desse material (solo) para justificar a sua constituição, sem se concentrar no comportamento mecânico que é de interesse amplo da engenharia. (OLIVEIRA, A. M. S.; BRITO, 1998) Assim, pelos conceitos da geologia de engenharia, você sabe que existem diferentes tipos de solo.Do ponto de vista da formação (gênese), você pode 6 classificar os solos como residuais ou transportados. Os solos residuais são aqueles que se originaram pela ação do intemperismo das rochas de origem. Por sua vez, os solos transportados são aqueles que em algum momento foram erodidos, transportados e depositados em locais afastados da sua rocha de origem. (OLIVEIRA, A. M. S.; BRITO, 1998) Portanto, para falarmos sobre o solo, precisamos saber a sua origem (matriz), que são as rochas. Por isso, o estudo da gênese dos solos passa por um rápido conhecimento de geologia. Vamos entender como são formados os solos para depois conseguirmos interpretar o comportamento do ponto de vista da mecânica dos solos. Todo solo tem origem na desintegração e decomposição das rochas pela ação de agentes intempéricos ou antrópicos. Os agentes intempéricos são processos físicos, químicos e biológicos, um exemplo de agente intempérico é a chuva. Já os agentes antrópicos são as ações causadas por nós, seres humanos, como uma escavação (MACHADO, S.; MACHADO, M., 1997). O processo de intemperismo é dividido em três grupos: intemperismo físico, químico e biológico. Ressalta-se, porém, que na natureza esses processos tendem a acontecer ao mesmo tempo, de forma que um tipo de intemperismo auxilia o outro no processo de transformação da rocha em solo. Os processos de intemperismo físico reduzem o tamanho das partículas, aumentando sua área superficial e facilitando o trabalho do intemperismo químico. Os processos químicos e biológicos podem causar a completa alteração física da rocha e modificar suas propriedades químicas. O intemperismo físico é o processo de decomposição da rocha sem a alteração química dos seus componentes. O intemperismo químico é o processo de decomposição da rocha sem a alteração química dos seus componentes, onde praticamente todo processo desse tipo depende da presença de água. No intemperismo biológico a decomposição da rocha acontece pelos esforços mecânicos produzidos por vegetais através das raízes, por animais através de escavações de roedores, da atividade das minhocas 7 ou pela ação do próprio homem ou de ambos (MACHADO, S.; MACHADO, M., 1997). Pode conferir os principais agentes do intemperismo físico, químico e biológico: Intemperismo físico o Variações de temperatura o Repuxo coloidal o Ciclos gelo/degelo o Alívio de pressões Intemperismo químico o Hidrólise o Hidratação o Carbonatação Intemperismo biológico o Vegetação no processo erosivo da rocha o Ciclo do meio ambiente entre o solo e planta e entre animais Toledo, Oliveira e Melfi (2009) definem o solo como materiais que se originaram das rochas, por desagregação e decomposição (intemperismo), depois por reorganização e, conforme o caso, também por erosão, transporte e sedimentação. Os processos de desagregação e decomposição das rochas por intemperismo ocorrem na superfície dos continentes, na interação entre litosfera- 8 atmosfera-hidrosfera-biosfera, transformando as rochas duras em materiais móveis. Esses mesmos materiais, quando depositados em zonas topográficas mais baixas e soterrados por mais sedimentos sobrepostos, em depósitos sedimentares, consolidam-se pela pressão e por processos de recristalização, tornando-se novamente rochas duras (sedimentares). Estas, seguindo o ciclo natural das rochas, acabarão passando por metamorfismo ou por fusão parcial ou total, formando novas rochas. A crosta terrestre é composta de vários e diferentes tipos de elementos que se interligam e formam minerais. Esses minerais podem estar agregados como rochas ou como solo (MACHADO, S.; MACHADO, M., [1997]). Uma rocha, por mais endurecida que seja, pode se transformar em um material mais solto devido ao intemperismo, servindo de abrigo para pequenos animais e plantas. Já alguns minerais da rocha menos resistente ao intemperismo são transformados em argilas, onde a água pode infiltrar e deslocar materiais da parte superficial para uma mais profunda. É sob a ação de um conjunto de fenômenos biológicos, físicos e químicos que um solo começa a se formar (LEPSCH, 2010). As partículas resultantes do processo de intemperismo dependerão fundamentalmente da composição da rocha matriz e do clima da região. O solo é o produto da decomposição das rochas e, por isso, apresenta um maior índice de vazios do que a rocha mãe, os quais são ocupados por fluidos da natureza, como o ar, a água ou outro. Devido ao seu pequeno índice de vazios e as fortes ligações existentes entre os minerais, as rochas são coesas, enquanto que os solos são granulares. Os grãos do solo estão misturados com a matéria orgânica. Desta forma, podemos dizer que para a engenharia, solo é um material granular composto de rocha decomposta, água, ar (ou outro fluido) e eventualmente matéria orgânica, que pode ser escavado sem o auxílio de explosivos (MACHADO, S.; MACHADO, M., 1997). De acordo com Caetano (2016), a formação do solo é resultante da ação combinada de cinco fatores: clima (pluviosidade, umidade, temperatura, etc.), 9 natureza dos organismos (vegetação, microrganismos decompositores, animais), material de origem (rocha local), relevo (morros, planícies) e idade. Conforme observado, as propriedades do solo, mais arenoso ou mais argiloso, por exemplo, variam em função de muitos processos ambientais e químicos. Os mapas geológicos, assim como ensaios de reconhecimento, do local de análise podem auxiliar na identificação do tipo de solo existente na obra que será realizada. O conhecimento do local onde vai ser executada a obra é importantíssimo quando se tem como objetivo uma construção segura e adequada. Segundo Das (2007), a estrutura do solo é definida como o arranjo geométrico de partículas, umas em relação às outras, e essa estrutura pode ser afetada por muitos fatores, entre eles: forma, composição mineralógica das partículas, tamanho, natureza e composição da água do solo. Um solo pode ser dividido em duas classes: Solos coesivos: subdivida em duas categorias principais, alveolares e com grãos isolados, essa classe é caracterizada por apresentar elevado intervalo de índice de vazios. Nessa classe, carregamentos abruptos e/ ou carga elevada, levam a estrutura à ruptura, resultando em recalques expressivos. Solos não coesivos: os grãos são muitos finos, na maioria dos casos imperceptíveis a olho nu. As argilas com esse tipo de estrutura apresentam um alto índice de vazios e pouco peso. 3 O SOLO COMO RESÍDUO DO INTEMPERISMO DAS ROCHAS Ciclo de formação As rochas podem ser classificas em ígneas, sedimentares e metamórficas. As rochas ígneas (resfriamento do magma líquido) e metamórficas (a depender do grau de metamorfismo), são formadas por um conjunto de cristais (minerais desenvolvidos) constituindo uma assembleia de minerais. Já as rochas 10 sedimentares (clásticas) são formadas a partir da consolidação de solos que foram transportadas e posteriormente depositados. O processo de formação da rocha sedimentar é chamado de diagênese. (PINTO, C. S. 2012) Em verdade o sistema dinâmico do planeta terra constitui de um ciclo que podemos identificar: criação, modificação e meteorização dos materiais (Figura 1). Toda e qualquer superfície rochosa sofre a ação do intemperismo. Essa ação de intempérie nada mais é do que o processo geral pelo qual as rochas são destruídas na superfície da terra para formar os solos. O intemperismo, portanto, é uma ação física e/ou química responsável por formar todas as partículas (fragmentação). (PINTO, C. S. 2012) Quando você se refere a todas as partículas, está incluindo também as partículas dissolvidas (íons e coloides). Assim, os solos podem incluir partículas da rocha-matriz alterada e sã,de argilominerais, de óxidos de ferro e de diversos metais, bem como de outros produtos do intemperismo. Os geólogos usam o termo solo para descrever camadas de material, inicialmente criadas por fragmentação de rochas durante o intemperismo, que sofrem adição de novos materiais, perda de materiais originais e modificação por meio de mistura física e reações químicas. A matéria orgânica, chamada de húmus, é um componente importante da maioria dos solos da Terra e Figura 1. Ciclo de formação das rochas e dos solos no planeta. 11 está presente com grande quantidade na última camada em contato com a atmosfera; ela consiste no produto dos resíduos e dos restos de muitos organismos que neles vivem. Além disso, a maioria dos solos pode dar suporte a plantas enraizadas. Porém, nem todos os solos oferecem suporte à biosfera (GROTZINGER, 2013). As partículas sólidas do solo é apenas um dos vários produtos do intemperismo. Os processos que decompõem e desintegram as rochas produzem fragmentos que variam muito em tamanho e forma, desde grandes matacões de 5 m de diâmetro até pequenas partículas tão finas que não podem sequer serem vistas no microscópico. Partículas maiores que um grão de areia muito grosso (2 mm de diâmetro) tendem a ser fragmentas contendo grãos minerais da rocha matriz. As partículas de areia e silte são, em geral, grãos cristalinos individuais de qualquer dos vários minerais formadores da rocha. É comum que solos mais antigos tenham como partículas sólidas mais importantes em sua matriz os argilominerais. Por fim, ainda existem elementos dispersos nos vazios como matérias coloidais e íons solúveis na água. (PINTO, C. S. 2012). 3.1 Conceito de superfície específica A permeabilidade de uma rocha define a intensidade e a forma de alteração de seus minerais constituintes. A maioria das rochas permite pouca passagem de água nos seus poros. O que ocorre com maior frequência é a infiltração que percolam pelas fissuras e fraturas, contornado o maciço sólido de minerais preservados. Tendo o intemperismo químico é um fenômeno relacionado com a presença da água de infiltração, o ataque à rocha se dá pela sua superfície de contato com esses fluidos. Portanto, quanto maior a superfície de exposição da rocha às águas e atmosfera, maior a velocidade das reações químicas de transformação da rocha em solo (ver Figura 2). (PINTO, C. S. 2012). Este conceito não é diferente para as estruturas complexas dos argilominerais, pois essas são partículas muitíssimo pequenas, o que lhes confere intensa interação com a água quanto mais for a área de superfície exposta. 12 4 CLASSIFICAÇÃO DAS PARTÍCULAS CLÁSTICAS DE UM SOLO Os solos como já vimos apresentam partículas de diversos tamanho. Uma classificação apresentada em diversos livros texto com base na normatização brasileira (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1984) que regula a nomenclatura utiliza para tipos de rocha e solos é a seguinte: matacão (maior que 200 mm e menor ou igual a 1.000 mm); pedregulho grosso (maior que 20 mm e menor ou igual a 60 mm); pedregulho médio (maior que 6 mm e menor ou igual a 20 mm); pedregulho fino (maior que 20 mm e menor ou igual a 2 mm); areia grossa (maior que 0,6 mm e menor ou igual a 2 mm); areia média (maior que 0,2 mm e menor ou igual a 0,6 mm); areia fina (maior que 0,06 mm e menor ou igual a 0,2 mm); silte (maior que 0,002 mm e menor ou igual a 0,06 mm); e „ argila (menor ou igual a 0,002 mm). Figura 2. Quanto maior a fragmentação, maior a superfície específica e maior a velocidade de reações químicas. 13 Podemos especificar ainda mais uma classificação que seriam os blocos (maior que 1.000 mm e menor ou igual a 5.000 mm), não classificado na NBR, que muitas vezes são chamados também de matacões. A Figura 3 mostra uma ideia de proporção entre essas partículas considerando-as esféricas. Figura 3. Noção de proporção entre partículas clásticas do solo. 4.1 Análise granulométrico - cálculos Massa total da amostra seca Calcula-se a massa total da amostra seca, utilizando-se a expressão: onde: Ms = massa total da amostra seca; Mt = massa da amostra seca ao ar; 14 Mg = massa do material seco retido na peneira de 2,0 mm; h = umidade higroscópica do material passado na peneira de 2,0 mm. Porcentagens de materiais que passam nas peneiras de 50, 38, 25, 19, 9,5, 4,8 e 2,0 mm Calcula-se as porcentagens de materiais que passam nas peneiras acima referidas, utilizando a expressão: onde: Qg = porcentagem de material passado em cada peneira; Ms = massa total da amostra seca; Mi = massa do material retido acumulado em cada peneira. Porcentagens de materiais em suspensão Calcula- se as porcentagens correspondentes, a cada leitura, à massa total da amostra, utilizando a expressão. onde: QS = porcentagem de solo em suspensão no instante da leitura do densímetro; N = porcentagem de material que passa na peneira de 2,0 mm; d = massa específica dos grãos do solo, em g/cm³; δd = massa específica do meio dispersor, à temperatura de ensaio, em g/cm³; V = volume da suspensão, em cm³; δC = massa específica da água, à temperatura de calibração do densímetro (20° C), em 15 g/cm³; L = leitura do densímetro na suspensão; Ld = leitura do densímetro no meio dispersor , na mesma temperatura da suspensão; Mh = massa do material úmido submetido à sedimentação, em g; h = umidade higroscópica do material passado na peneira de 2,0 mm. Diâmetro das partículas de solo em suspensão Calcula-se o diâmetro máximo das partículas em suspensão, no momento de cada leitura do densímetro, utilizando-se a expressão (Lei de Stokes): onde: d = diâmetro máximo das partículas, em mm; µ = coeficiente de viscosidade do meio dispersor, à temperatura de ensaio, em g xs/cm² a altura de queda das partículas, com resolução de 0,1 cm, correspondente à leitura do densímetro; t = tempo de sedimentação, em s; δ = massa específica dos grãos do solo, determinada de acordo com o Método de Ensaio – ME-2 da PCR em g/cm³; d ä = massa específica do meio dispersor, à temperatura de ensaio, em g/cm³; Porcentagens de materiais que passam nas peneiras de 1,2; 0,6; 0,42; 0,25; 16 0,15 e 0,075 mm Calcula-se as porcentagens de materiais que passam nas peneiras acima referidas, utilizando-se a expressão: onde: Qf = porcentagem de material passado em cada peneira; Ìh = massa do material úmido submetido ao peneiramento fino ou à sedimentação, conforme o ensaio tenha sido realizado apenas por peneiramento ou por combinação de sedimentação e peneiramento, respectivamente; h = umidade higroscópica do material passado na peneira de 2,0 mm; Ìi = massa do material retido acumulado em cada peneira; N = porcentagem de material que passa na peneira de 2,0 mm, 4.2 As partículas não inertes Argilominerais Argilominerais são filossilicatos que provêm da decomposição por hidrólise de outros silicatos. Existem muitas espécies de argilominerais, mas na engenharia civil, você nota que a ênfase é dada àquelas argilas que são mais frequentes nos solos e que comandam as propriedades dos solos. Essas argilas mais importantes são divididas em três famílias: as esmectitas, as ilitas e as caulinitas. (OLIVEIRA, A. M. S.; BRITO, 1998) Independentemente da família de argilominerais, é importante frisar algumas questões importantes. A primeira é que a reação de hidrólise remove cátions e sílica dos argilominerais, permitindo ao alumínio aumentar sua participação na estrutura do mineral secundário em comparação com a do mineral 17 primário. Enfim, uma argila tem percentualmente mais alumínio doque o feldspato que a originou. Esse alumínio aparece não apenas substituindo isomorficamente o silício nos silicatos, mas como um óxido de alumínio conhecido como “gibbsita”. Como você pode notar na Figura 4a, a gibbsita na estrutura das argilas aparece organizada em lâminas cristalizada a partir da associação do alumínio com seis átomos de oxigênio, em um arranjo que pode ser comparado a um octaedro. (OLIVEIRA, A. M. S.; BRITO, 1998) Como os silicatos possuem camadas de tetraedros de sílica, então costuma-se dizer que as argilas são associações de camadas de tetraedros de sílica com camadas de octaedros de gibbsita (Figura 4b) Esmectitas As esmectitas são argilas com estrutura 2:1, ou seja, possuem uma organização de duas camadas de tetraedros de sílica para uma camada de gibbsita. Entretanto, existem substituições isomórficas do silício pelo alumínio na camada Figura 4. Representação dos dois constituintes dos argilominerais: (a) octaedros de alumina ou gibbsita e (b) tetraedros de sílica. 18 tetraedral. Também existem substituições isomórficas do alumínio por cátions de ferro ou magnésio na camada octaedral. Essas duas substituições, assim como nos demais silicatos, requerem a participação de cátions para compensar a menor valência desses substitutos. No caso das esmectitas, esses cátions são o sódio e o cálcio. Esses cátions são ávidos por água, fazendo com que essas argilas desenvolvam uma espessa camada de água adsorvida se forem saturadas. (FLORIANO, 2014) Os tetraedros em verde possuem alumínio no lugar do silício; os octaedros vermelhos possuem ferro no lugar do alumínio; entre os sanduíches de silicato- alumina, as moléculas de água podem se acumular atraídas pelos íons de sódio ou cálcio. (FLORIANO, 2014) As esmectitas são argilas que exibem muita plasticidade. Os solos com esmectitas são difíceis de serem trabalhados nas obras de terraplenagem, pois complicam o trânsito dos equipamentos. Essas argilas, devido à sua avidez por água, podem expandir-se até 25 vezes o seu volume quando hidratadas. Essa expansão faz com que os solos que Figura 5. Representação do arranjo molecular das esmectitas. 19 as contêm tenham muita variação de resistência quando são saturados por água. Essa é uma propriedade que limita o emprego de solos desse tipo, pelo menos naqueles aterros que podem estar expostos às variações de umidade, climáticas ou de outra ordem. Todavia, esmectitas são as argilas menos permeáveis, pois sua expansão quando hidratadas faz com que elas ocupem os poros do solo. Por essa razão, são argilas muito prestigiadas para a construção de camadas impermeabilizantes, como as utilizadas como barreiras em aterros de resíduos. (FLORIANO, 2014) As esmectitas expansivas produzem efeitos tão expressivos que bastam cerca de 2% dessas argilas nos solos para que as suas propriedades sejam notadas. Essas argilas são produzidas pela hidrólise de feldspatos calcossódicos que aparecem em rochas mais escuras (basaltos, gabros, bandas escuras dos gnaisses, etc.). Geralmente estão presentes nos primeiros estágios de intemperismo, ou seja, costumam estar nos solos que estão mais próximos das rochas parentais. Também são encontrados solos de decomposição por intemperismo físico de lamitos, pois elas são componentes naturais dessas rochas. (FLORIANO, 2014) Ilitas Ilitas são argilas que também possuem estrutura 2:1, à semelhança das esmectitas. Entretanto, a camada octaedral não possui substituição isomórfica, o que ocorre apenas nas camadas tetraedrais de sílica. Os cátions que fazem o equilíbrio elétrico são íons de potássio, que estão em menor quantidade em comparação com as esmectitas. (FLORIANO, 2014) Menos ávidos pela água, esses íons fazem com que essas argilas tenham plasticidade moderada, tendo pouca ou nenhuma expansão. São argilas de permeabilidade intermediária e, embora a sua presença prejudique um pouco a trabalhabilidade dos solos nas obras de terraplenagem, não chegam a interferir na estabilidade dos aterros. 20 As ilitas, pela sua semelhança com a mica muscovita, também é conhecida como “hidromica” ou ainda “mica hidratada”. São argilominerais que se formam nos primeiros estágios de intemperismo dos ortoclásios. Por essa razão costumam aparecer nos solos de alteração de rochas que contém fração expressiva de feldspatos desse tipo. É interessante destacar que as ilitas estarão mais presentes nos solos próximos à rocha parental. (FLORIANO, 2014) Caulinitas Caulinitas são argilas evoluídas. A hidrólise é uma grande limpadora de cátions, de forma que a continuidade desse tipo de intemperismo pode remover os íons de outras argilas, forçando os filossilicatos a uma reorganização que aumenta a participação da gibbsita e libera sílica solúvel para o ambiente. As caulinitas possuem estrutura 1:1, ou seja, há uma camada de tetraedros de sílica para cada camada de octaedros de óxido de alumínio. Nesse arranjo, não existem substituições isomórficas, portanto também não existem cátions para garantir o equilíbrio elétrico. Quem “costura” os oxigênios que estão na camada octaedral são átomos de hidrogênio, razão pela qual a gibbsita aparece nessa argila na forma de óxido-hidróxido. (FLORIANO, 2014) Figura 6. Arranjo esquemático da estrutura molecular das ilitas e uma microfotografia dessas argilas secas, exi bindo formato de placas irregulares que lhe é peculiar. 21 Os solos que contêm apenas caulinitas são pouco plásticos, já que a argila não é ávida por água. Não apresentam expansão e, com isso, as suas propriedades não são modificadas pela umidade. Solos formados por caulinitas são aqueles que melhor se comportam em aterros, sendo os mais aptos para a construção de aterros estruturais em obras viárias, grandes terraplenagens e barragens de terra. Como são originárias da hidrólise de outras argilas, as caulinitas aparecem em todos os solos residuais. Os solos que possuem apenas essas argilas ocorrem em porções mais afastadas das rochas parentais, com estágios de intemperismo mais avançado. (FLORIANO, 2014). Quartzo O quartzo tem intemperismo químico muito discreto. Parte da sílica pode ser removida de forma solúvel, o que poderia ocorrer após a sua hidratação. Porém, o produto do intemperismo do quartzo é o próprio quartzo. Rochas com grande quantidade deste mineral produzem solos arenosos porque os grãos de quartzo persistem no solo como areias. Quando o intemperismo é muito intenso, os grãos de quartzo podem ficar tão subdivididos que a sua dimensão pode vir a se assemelhar ao silte. (BRADY, 2013) Figura 7. Representação esquemática da estrutura molecular das caulini tas e a imagem de microfotografia em amostra seca, revelando o formato de finas placas hexagonais. 22 Óxidos Os óxidos são resultado do intemperismo em estágio avançado e decorrem da remoção total da sílica dos argilominerais. Conforme já foi destacado, os óxidos são os minerais mais resistentes ao intemperismo, portanto são o resíduo de solos que foram muito meteorizados em condições ambientais muito favoráveis à ação química. Quando isso ocorre, as caulinitas são reduzidas ao óxido de alumínio. (BRADY, 2013). 5 TÉCNICAS APLICADAS EM ESTRADAS As estruturas das estradas são sistemas de camadas sobre uma fundação chamada subleito. O comportamento desse depende da espessura de cada uma das camadas que o compõe, de sua rigidez, bem como da interação entre as diferentes camadas da estrutura do pavimento. Os materiais dessas camadas, ou seja, da base, sub-base e reforço do subleito, são empregados conforme os métodos de seleção e de caracterização. A seleção é a etapa naqual se analisa os materiais disponíveis e suas características naturais para serem empregados nos pavimentos, uma vez que essas características interferem nas propriedades geotécnicas e no estado compactado do solo (BERNUCCI et al., 2008). Segundo Ricardo e Catalani (1990), o processo empregado para romper a compacidade do solo em seu estado natural, desagregando-o e tornando possível o seu manuseio, é chamado de escavação. Os materiais existentes na crosta terrestre que são escavados, transportados e compactados durante a execução de uma obra apresentam os mais diversos aspectos, quer quanto a sua natureza, consistência, constituição ou processo de formação. O principal critério que intervém na classificação dos solos escavados é a maior ou menor dificuldade que oferecem ao desmonte, seja ele manual ou mecanizado. Em princípio esses materiais podem ser classificados em três categorias (RICARDO; CATALANI, 1990): 1ª Categoria: são aqueles facilmente escavados com equipamentos 23 normais, ainda que se apresentem bastante rijos, em razão do baixo teor de umidade, pois quando úmidos podem perder a resistência oferecida ao desmonte. 2ª Categoria: são os mais resistentes ao desmonte e não admitem o uso dos equipamentos comuns, somente após o emprego de algum tratamento prévio. Esse tratamento prévio é o desmonte inicial, obtido com o emprego de escarificadores acionados hidraulicamente e montados na parte posterior de tratores de esteiras pesados, que rasgam a superfície compacta, através de várias passadas, propiciando a posterior utilização de equipamentos comuns. 3ª Categoria: a rocha viva é a melhor caracterizada, porque só a ela pertencem os materiais que apenas admitem o desmonte pelo emprego contínuo e exclusivo de explosivos de média e alta potência, e apresentam dureza igual ou superior a do granito. Para a seleção e caracterização dos materiais são empregadas diversas técnicas, como a distribuição granulométrica, resistência, forma dos grãos, compactação, permeabilidade, etc. As técnicas, conforme ilustra a Figura 4, podem ser utilizadas para determinação de propriedades físicas, como a granulometria, tamanho e forma das partículas, e também para determinação de estados e limites de consistência, em que se incluem o limite de plasticidade e liquidez, além de outras técnicas como a compacidade de solos, que é técnica que visa reduzir o volume de vazios de um solo para aumentar sua resistência e torná-lo mais estável (ALMEIDA, [2004]; CAETANO, 2016). Segundo Pinto (2002), o solo apresenta um volume total constituído de três fases: partículas sólidas, água e ar, e para a determinação do comportamento desse solo, é necessário entender a relação que existe entre essas três fases. Em um solo a quantidade de água e ar são elementos variáveis, uma vez que as partículas de solo permanecem as mesmas, alterando apenas seu estado. Dessa forma, se sabe que o estado em que o solo se encontra é condição fundamental para apontar seu comportamento e alguns índices, que são importantes no estudo das propriedades do solo e foram criados para relacionar os volumes e pesos das três fases: Umidade (w): a umidade de um solo pode ser definida como sendo a razão 24 entre o peso da água contida em um determinado volume de solo úmido e o peso seco. Porosidade (ƞ): razão entre o volume de vazios e o volume total da amostra de solo. Sempre é expressa em porcentagem. Índice de vazios (e): relação entre o volume de vazios e o volume das partículas sólidas. Não pode ser determinado diretamente, é necessário ser calculado através de outros índices. Grau de Saturação (S): relação entre o volume de água e o volume de vazios. Um valor igual a 0%, representa um solo seco, enquanto que 100% um solo saturado. Peso específico natural ou peso específico (γn): razão entre o peso total do solo e seu volume total. Para casos de compactação, usa-se o termo peso específico úmido. Peso específico aparente seco (γd): relação entre o peso dos sólidos e o volume total. Este valor corresponde ao peso específico que o solo teria, caso viesse a ficar seco. Depende do peso específico natural e da umidade. Peso específico aparente saturado (γsat): peso específico do solo caso esse tornasse-se saturado sem variação de volume. Pouca aplicação prática. Peso específico aparente submerso (γsub): usado para determinação de tensões efetivas, representa o peso específico efetivo do solo quando submerso. A partir de estudos realizados pelo Engenheiro Atterberg, o estado e o limite de consistência foram estabelecidos, para caracterizar as mudanças de comportamento do solo entre os seus estados. Posteriormente, Casagrande adaptou os procedimentos propostos por Atterberg a fim de descrever a consistência de solos com grãos finos e teor de umidade variável (DAS, 2007). Com isso, foi possível obter quatro estados básicos do solo, com base em seu teor de umidade: sólido, semissólido, plástico e líquido através do (PINTO, 2006): Limite de Liquidez (LL): é definido como o teor de umidade no ponto e transição do estado plástico para o estado líquido, sua determinação é feita pelo 25 aparelho de Casagrande que consiste em um prato de latão em forma de concha, sobre um suporte de ebonite. Por meio de um excêntrico, imprime-se ao prato repetidamente, quedas de altura de 1 cm e intensidade constante. Limite de Plasticidade (LP): é determinado pelo cálculo da porcentagem de umidade para a qual o solo começa se fraturar quando se tenta moldar um cilindro de 3 mm de diâmetro e de 10 cm de comprimento. É realizado manualmente por repetidos rolamentos da massa de solo sobre a placa de vidro despolido. Índice de Plasticidade (IP): é o valor correspondente entre a diferença do limite de liquidez e o limite de plasticidade (IP = LL – LP). Para Caputo (1988), a zona em que o terreno se encontra no estado plástico, máximo para as argilas e nulo para areias, fornece um critério para se avaliar o caráter argiloso de um solo. Portanto, quanto maior o IP, mais plástico será o solo. São apresentadas as principais técnicas na aplicação da mecânica dos solos em estradas. O engenheiro deve lembrar-se da importância do conhecimento dessas técnicas quando o objetivo é projetar estradas. Propriedades físicas o Granulometria o Tamanho das partículas o Forma das partículas o Teor de umidade o Densidade das partículas o Porosidade Estados e limites de consistência o Limite de plasticidade o Limite de liquidez o Limite e grau de contração Outros o Compacidade relativa o Grau de compactação o Permeabilidade 26 6 MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA Todas as obras de engenharia civil são assentadas em um terreno que tem como estrutura o solo e, de forma inevitável, o comportamento desse deve ser considerado. A observação e análise do comportamento das obras, ao dar atenção às peculiaridades dos solos e entender seus mecanismos de comportamentos constituem o estudo da mecânica dos solos, estudado amplamente na engenharia geotécnica (PINTO, 2006). O solo, segundo o Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (SiBCS), é definido como um manto superficial formado por rocha desagregada, ou seja, desunida, misturado com matéria orgânica em decomposição, que contém ainda água, ar e organismos vivos (EMBRAPA, 2005). O solo apresenta propriedades como cor, textura, estrutura, porosidade, dentre outras. Fazem parte da sua composição os elementos minerais (45%), como sílica, óxido de alumínio e ferro, o ar (25%), a água (25%) e matéria orgânica (5%), porém essas características podem variar em função da localização e sazonalidade (CAETANO, 2016). Para Machado, S. e Machado, M. (1997), os solos são definidos como “material solto, natural da crosta terrestre onde habitamos, utilizado como material de construção ede fundação das obras do homem”. Ou ainda, chama-se de solo a rocha já decomposta ao ponto granular e passível de ser escavada apenas com o auxílio de pás, picaretas e/ou escavadeiras, sendo um conceito mais voltado para a engenharia civil. De todas as obras de engenharia, as relacionadas à geotecnia, quando executadas inadequadamente são responsáveis por grandes impactos e prejuízos, sejam eles econômicos ou ambientais. Um exemplo que aconteceu no Brasil foi o deslizamento de encostas, que devido ao clima chuvoso e ao crescimento desordenado das metrópoles causaram enormes prejuízos. Exemplifica-se, aqui a 27 importância de um profissional com conhecimentos geotécnicos, para evitar a ocorrência de desastres como esse (MACHADO, S.; MACHADO, M.,1997). O solo recebe todas as cargas que são transmitidas pelas obras de engenharia. Em algumas obras, o solo é utilizado como o próprio material de construção, como no caso dos aterros rodoviários, assim como o concreto e o aço que são usados na construção de edifícios e pontes. Inclusive as embarcações quando são construídas transmitem ao solo as cargas do seu peso (PINTO, 2006). Os campos de aplicação da mecânica dos solos apresentados na Figura 1 são separados de acordo com o elemento a ser construído e dividem-se, conforme Machado, S. e Machado, M. (1997), em: Fundações Obras subterrâneas e estruturas de contenção Campo de aplicação Projeto de pavimentos Escavações, aterros e barragens Figura 1. Campos de aplicação da mecânica dos solos voltados à engenharia Fonte: Adaptada de Machado, S. e Machado, M. ([1997], p. 06). 28 Fundações: é parte pela qual as cargas da estrutura são descarregadas no solo. O tipo de estrutura a ser utilizado e suas características podem ser decididos conhecendo-se somente os princípios e aplicação da mecânica dos solos. Obras subterrâneas e estruturas de contenção: estruturas de drenagem, dutos, túneis e obras de contenção são exemplos de sistemas que necessitam do conhecimento da interação solo-estrutura para serem projetados. Projeto de pavimentos: os pavimentos podem ser flexíveis ou rígidos. Os efeitos de contração e expansão do solo por conta da umidade são problemas no projeto de pavimentos flexíveis, por exemplo. Os pavimentos flexíveis dependem do solo para transmissão das cargas geradas pelo tráfego. Escavações, aterros e barragens: para sua execução são necessários conhecimento da estabilidade dos taludes, do comportamento do solo, da quantidade de água e sua influência, dentre outros. 6.1 Índices físicos Para determinar o estado do solo, são definidos indicadores relativos ao peso e volume das três fases. Observe: TABELA Ms peso do solo seco Mw peso da água MT peso total MT Ms + Mw Vs Volume do solo seco Vw Volume da água Va volume de ar Vv volume de vazios 29 Vv Vw + Va VT Volume total VT Vs + Vv Fonte: adaptado MECÂNICA..., 2014. Fonte:slideplayer.com.br Definição das relações: Relação entre pesos: A umidade é fornecida como uma porcentagem. Seu valor depende do tipo de solo, mas geralmente fica entre 10% e 40%. Relações entre volumes: 30 Índice de vazios: O índice vazio é um número sem dimensão. Porosidade: esta é dada em porcentagem. Grau de saturação: dado em porcentagem, varia de zero a 100%. Relações entre pesos e volumes: Peso específico dos sólidos: este varia de um pouco de solo para solo. Peso específico natural: possuem valores variáveis. Peso específico aparente seco: são situados entre determinados valores. Peso específico aparente saturado:quando o solo está saturado, chamamos de peso específico aparente saturado. 31 Peso específico da água:este varia um pouco com a temperatura da água. Estes indicadores físicos são deteminados por meio de testes em laboratório: w, e s. Para os demais índices são calculados através das relações que podem ser determinadas entre eles. (MECÂNICA..., 2014). Figura: Relação entre os diversos índices físicos. Fonte:(MECÂNICA..., 2014) 7 TALUDES Superfícies não horizontais podem ser chamadas de taludes. São agrupadas em dois grupos: taludes artificiais e naturais. As encostas artificiais são formadas pela ação direta do homem. São classificados como encostas artificiais 32 os taludes de corte e aterros. Taludes naturais são aqueles formados pela ação da natureza sem nenhuma interferência humana (MACHADO,1997). Caputo (1987) fornece a terminologia usualmente adotada de uma encosta através da Figura 2. Segundo Caputo (1988b), Podem ser naturais, casos das encostas ou vertentes, ou artificiais, como os taludes de cortes e aterros. O ângulo de um talude natural é o maior ângulo de inclinação para um determinado tipo de solo exposto ao tempo, obtido sem ruptura do equilíbrio do maciço. Conforme Cardoso (2002), nos solos não coesivos (areias) esse ângulo praticamente coincide com o ângulo de atrito interno, e nos solos coesivos (argilas), que são bastante impermeáveis, teoricamente equivale a 90°. No entanto, a presença de fissuras devidas à retração por molhagem e secagem acaba permitindo a entrada de água no corpo do talude, que leva à sua instabilização. Como conseqüência, o ângulo de talude natural de solos coesivos situa-se em torno dos 40°. 33 Compreende-se da sua definição que na estabilidade dos taludes interferem condicionantes relativos à natureza dos materiais constituintes e dos agentes perturbadores, quer sejam de natureza geológica, antrópica ou geotécnica. Fiori (2001), diz que estes condicionantes tornam seu estudo bastante complexo, abrindo horizontes aos especialistas em geologia aplicada, mecânica dos solos e mecânica das rochas. Salienta ainda sua importância, devido aos numerosos acidentes ocorridos e que ocorrem com freqüência, em todas as épocas e em todas as partes do mundo, inclusive com perdas de vidas humanas e grandes prejuízos materiais. De acordo com Filho e Virgili (1998, p. 243): Os taludes ou as encostas naturais são definidos como superfícies inclinadas de maciços terrosos, rochosos ou mistos (solo e rocha), originados de processos geológicos e geomorfológicos diversos, podendo apresentar modificações antrópicas, tais como cortes, desmatamentos, introdução de cargas, etc. Segundo estes mesmos autores, o termo encosta é mais empregado em estudos de caráter regional. Eles distinguem dois tipos de talude: o talude de corte, entendido como um talude originado de escavações antrópicas diversas; e o talude artificial, que se refere ao declive de aterros construídos a partir de materiais de diferentes granulometrias e origens, incluindo rejeitos industriais, urbanos ou de mineração. Carmignani e Fiori (2009) também apresentam definição semelhante de talude, como sendo “toda e qualquer superfície inclinada que limita um maciço de terra, rocha ou de ambas, distinguindo igualmente talude natural (encostas ou vertentes) e artificial (cortes e aterros)”. 8 MOVIMENTOS DE TALUDES Segundo Caputo (1988b), quanto às formas de instabilidade de maciços terrosos, nem sempre se apresentam bem caracterizadas e definidas, podendo se classificar em três grandes grupos: 34 Desprendimento de terra ou rocha: é uma porção de solo ou fragmento de rocha que se destaca do resto do maciço, caindo livre e rapidamente, conforme Figura 3: Figura 3: Esquema representativo de um movimento de terreno, o tombamento. Escorregamento: é o deslocamento rápido de uma massa de solo ou de rocha que, rompendo-se do maciço, desliza para baixo e para o lado, ao longo de uma superfície dedeslizamento, conforme demonstrado na Figura 4. Figura 4: Representação esquemática de um escorregamento múltiplo. Rastejo: é o deslocamento lento e contínuo de camadas superficiais sobre camadas mais profundas, com ou sem limite definido entre a massa de terreno que 35 se desloca e a que permanece estacionária, conforme Figura 5. 8.1 Causa dos Movimentos de Taludes Conforme ABGE (1998), os principais condicionantes dos escorregamentos e processos correlatos na dinâmica ambiental brasileira são: características climáticas, com destaque para o regime pluviométrico; características e distribuição dos materiais que compõem o substrato das encostas/taludes, abrangendo solos, rochas, depósitos e estruturas geológicas; características geomorfológicas, com destaque para inclinação, amplitude e forma do perfil das encostas; regime das águas de superfície e subsuperfície; características do uso e ocupação, incluindo cobertura vegetal e as diferentes formas de intervenção antrópica das encostas, como cortes, aterros, concentração de água pluvial e servida, etc. Geralmente constitui causas de um escorregamento o “aumento” de peso do talude (incluindo as cargas aplicadas) e a “diminuição” da resistência ao cisalhamento do material. De acordo com Caputo (1988b) a concomitância desses fatores nas estações chuvosas ou pouco depois, explica a ocorrência da maioria dos escorregamentos nesses períodos de grande precipitação pluviométrica. Figura 5: Exemplo rastejo (Rio Missouri) – Período de 9 meses. 36 9 ESTABILIDADE DE TALUDES A Associação Brasileira de Geologia de Engenharia define estabilização de talude ou encosta como um tratamento aplicado a uma vertente de terreno, natural ou modificada, para melhorar as suas características de resistência, intervindo nos condicionantes relativos à natureza dos seus materiais constituintes e nos agentes de deflagração de processos responsáveis pela sua instabilidade. Tais processos podem ser tanto superficiais (erosão, escorregamento raso) quanto podem envolver movimentos mais intensos de massa (queda de bloco, corrida de lama). Os condicionantes da instabilidade são a geologia (litologia, composição e estrutura), a morfologia (declividade e comprimento de rampa) e a hidrogeologia (águas superficiais e subterrâneas) da encosta. Quando se assume a possível instabilidade de uma encosta, devem ser tomadas medidas de estabilização para evitar uma possível catástrofe. O mesmo ocorre sempre que, por razões ambientais, econômicas ou construtivas, é realizada a escavação de um declive em um ângulo superior ao existente. As medidas de estabilização devem ser adotadas de acordo com as condições existentes, para isso, a realização de estudos geotécnicos e geológicos permitirá a definição das características geotécnicas dos materiais existentes, bem como a definição de possíveis mecanismos de ruptura. A estabilidade de uma inclinação pode ser alcançada de duas maneiras, diminuindo as forças estabilizadoras ou aumentando as forças estabilizadoras. Com relação às obras de estabilização de taludes e encostas, é fundamental o conhecimento dos seus principais tipos, da sua forma de atuação e das solicitações que impõem ao terreno. Com base nesses dados são definidas a melhor solução técnica e econômica para o problema de instabilização analisado. Segundo Caputo (1988b), são vários os métodos utilizados para a estabilização de taludes, dentre eles os mais usuais são: 37 9.1 Diminuição da inclinação do talude Mudar a geometria do talude geralmente significa reduzir a altura do talude, ou reduzir seu ângulo de inclinação, sendo o meio mais barato de melhorar a estabilidade do talude. No entanto, nem sempre é a medida mais efetiva, pois a redução da altura, ou ângulo, não só reduz as forças solicitantes que tendem a induzir a ruptura mas também reduz a tensão normal e portanto a força de atrito resistente, que depende basicamente da tensão normal atuante na superfície considerada (GUIDICINI, 1983). De uma maneira geral o método mais simples de reduzir o peso é a suavização do seu ângulo de inclinação (Figura A) ou, então através da execução de um ou mais patamares (Figura B). Figura A Figura B Métodos para diminuição da inclinação de taludes 9.2 Drenagem (superficial e profunda) É sabido que as águas superficiais ou de infiltrações influem na estabilidade dos taludes. Daí a importância dos diferentes tipos de drenagem, tanto superficial, através de canaletas (Figura C), como profunda, por meio de furos horizontais (Figura D). (CAPUTO 1988). 38 Figura C Figura D Métodos de drenagem superficial e profunda 9.3 Revestimento do talude Trata-se da plantação do talude com espécies vegetais (Figura E) adequadas ao clima local é uma proteção eficaz, do talude, sobretudo contra a erosão superficial. Tem sido usado muito a “hidrossemeadura”, assim chamada porque o plantio se dá por via líquida. (CAPUTO 1988). CANALETAS FURO HORIZONTAL Figura E: Revestimento do talude com espécies vegetais. 39 9.4 Emprego de materiais estabilizantes Este processo visa melhorar as características de resistência dos solos, misturando-os com alguns produtos químicos. As injeções de cimento são particularmente recomendadas em casos de maciços rochosos fissurados. Também utilizado para atender situações de proteção provisória, e até mesmo permanente, está sendo empregado uma técnica baseada na pulverização de calda fluida de cal com aglutinantes fixadores sobre as superfícies de solo a serem protegidas. Para atender situações de proteção provisória, quando se pretenda no futuro substituir a pintura de cal por algum tipo de revestimento vegetal de caráter paisagístico, bastaria apenas “arranhar” com um rastelo ou raspar a película de revestimento da pintura a cal e proceder de imediato o revestimento vegetal desejado, obviamente com os cuidados agronômicos de praxe. Segue ilustração na Figura F. (CAPUTO 1988) 9.5 Muros de arrimo e ancoragens A execução de muros de arrimos convencionais ou a introdução de tirantes de aço, protendidos ou não, no interior do maciço, ancorando-os fora da zona do escorregamento, constituem soluções para muitos casos que ocorrem na prática. 40 Segundo Caputo (1988b), a técnica de ancoragem no Brasil foi introduzida a partir de 1957, com os trabalhos pioneiros do Prof. Costa Nunes. Sua primeira aplicação em obras rodoviárias foi a ancoragem de blocos de rocha e de muros na Estrada Rio – Teresópolis. 9.6 Utilização de bermas Consiste em colocar no pé do talude, bermas (Figura G), isto é, banquetas de terra, em geral do mesmo material que o do próprio talude, com o fim de aumentar a sua estabilidade. Segundo Caputo (1988), este aumento é devido ao seu próprio peso e à redistribuição das tensões de cisalhamento que se produzirá no terreno de fundação, onde abaixo do pé do talude as tensões são elevadas. Figura G: Utilização de bermas 9.7 Prévia consolidação da fundação Sempre que a fundação for constituída por solos compressíveis, há que se cuidar da progressiva mobilização de sua resistência ao cisalhamento, em alguns casos até acelerando o processo de consolidação por meio de drenos verticais de areia. (CAPUTO 1988). BERMA 41 10 INFLUÊNCIA DA ÁGUA NA ESTABILIDADE DE TALUDES Os principais mecanismos de atuação das águas de subsuperfície no desencadeamento de escorregamentos segundo ABGE (1998) são os seguintes: Diminuição da coesão aparente: maciços terrosos, com a permeabilidade crescente com a profundidade, tendem a formar linhas de fluxo subverticais, que aumentam o grau de saturação e diminuem os efeitos da coesão aparente, com oavanço em profundidade da frente de umedecimento. Este processo pode levar os taludes à ruptura, mesmo sem a formação ou elevação do NA; Variação do nível piezométrico em massas homogêneas: a elevação do nível d´água nestas condições, aumenta as pressões neutras, reduzindo as tensões normais efetivas e a resistência ao cisalhamento, podendo levar os taludes à ruptura; Elevação da coluna d´água em descontinuidades: o nível de água subterrâneo sofre alteamentos mais intensos nos taludes rochosos pouco fraturados, quando comparados com os de maciços terrosos, em virtude de suas porosidades relativas inferiores. Essas elevações do NA nas descontinuidades diminuem tanto as tensões normais efetivas como podem gerar esforços laterais cisalhantes, contribuindo, em ambos os casos, para a deflagração de escorregamentos nas encostas e nos taludes. A erosão subterrânea retrogressiva, piping, também associada à dinâmica de águas subsuperficiais, pode induzir a instabilização de taludes e encostas de maciços terrosos (ABGE, 1998). 42 11 OBRAS DE ESTABILIZAÇÃO DE ENCOSTAS E TALUDES De acordo com Carvalho (1991, p. 3), é com base no conhecimento das causas dos processos de instabilização de taludes de cortes, aterros e encostas naturais que devem ser definidas e construídas as obras de estabilização. Este embasamento faz-se necessário para garantir a eficácia e a eficiência das obras do ponto de vista técnico e econômico, evitando a execução de obras desnecessárias e a alocação de recursos financeiros excessivamente elevados para a sua função. As alternativas de projeto deverão sempre partir das soluções mais simples e baratas (FILHO e VIRGILI, 1998). Os principais grupos e tipos de obras de estabilização de taludes e encostas são apresentados na tabela 1. GRUPOS TIPOS Obras sem estrutura de contenção Retaludamentos (corte e aterro) Drenagem (superficial, subterrânea, de obras) Proteção superficial (naturais e artificiais) Obras com estrutura de contenção Muros de gravidade Atirantamentos Aterros reforçados Estabilização de blocos Obras de proteção Barreiras vegetais Muros de espera Tabela 1: Principais tipos de obras de estabilização de taludes e encostas Fonte: Carvalho (1991; apud FILHO e VIRGILI, 1998, p. 264). Carvalho (1991, apud FILHO e VIRGILI, 1998) propõe um fluxograma de utilização destes diferentes grupos de obras, levando-se em conta instabilizações em aterros e taludes de cortes e o princípio do emprego das soluções mais simples para as mais complexas. 43 Fluxograma p/ utilização dos tipos de obras de estabilização de taludes Fonte: Carvalho (1991; apud FILHO e VIRGILI, 1998, p. 264). Muros de arrimo A designação “Muros de Arrimo” é utilizada de uma forma genérica para referir-se a qualquer estrutura construída com a finalidade de servir de contenção ou arrimo a uma determinada massa de solo instável, ou seja, que tem a possibilidade de se movimentar para baixo, a partir da sua ruptura por cisalhamento (MARANGON, 2006). Para Gerscovich (2010) muros são estruturas corridas de contenção de parede vertical ou quase vertical, apoiadas em uma fundação rasa ou profunda. Podem ser construídos em alvenaria (tijolos ou pedras) ou em concreto (simples ou armado), ou ainda, de elementos especiais. Os muros de arrimo são considerados obras de contenção passiva, podendo ser de vários tipos: gravidade (construídos de alvenaria, concreto, gabiões ou pneus), de flexão (com ou sem contraforte) e com ou sem tirantes. 44 Muros de arrimo Fonte: Dyminski. Para o projeto e dimensionamento de todos os tipos convencionais de muros de arrimo, visando garantir a estabilidade dos mesmos, os seguintes mecanismos potenciais de ruptura deverão ser cuidadosamente estudados e verificados: a) Instabilidade global do talude; b) Deslizamento ao longo da base do muro; c) Tombamento em relação ao pé do muro; d) Capacidade de suporte do solo de fundação do muro (MARANGON, 2006). 45 Muro de gravidade Muros de Gravidade ou muros de peso são estruturas corridas que se opõem aos empuxos horizontais pelo peso próprio. Geralmente, são utilizadas para conter desníveis pequenos ou médios, inferiores a cerca de 5m. Os muros de gravidade podem ser construídos de pedra ou concreto (simples ou armado), gabiões ou ainda, pneus usados (GERSCOVICH, 2010). Dependem da geometria e do peso próprio para sua estabilidade. Um muro de peso deve ser construído com a largura suficiente para evitar o surgimento de tensões de tração em seu interior. Estas tensões seriam provocadas pela ação instabilizante do empuxo do solo, com tendência ao deslizamento da base e ao tombamento do muro (MARANGON, 2006). Obra de contenção passiva – Muro de gravidade Fonte: Filho e Virgili (1998, p. 265). 46 Cortina atirantada Consiste numa parede de concreto armado, através dos quais o maciço é perfurado, sendo introduzidas nos furos barras metálicas (tirantes). Após o posicionamento destas barras, é introduzida nas perfurações nata de cimento a alta pressão, que penetra nos vazios do solo, formando um bulbo, e ancorando as barras metálicas. Passado o tempo de cura da nata de cimento, os tirantes são protendidos e presos na parede de concreto, o que faz com que esta estrutura seja “empurrada” contra o maciço (DYMINSKI). Obra de contenção ativa - Cortina atirantada Fonte: Filho e Virgili (1998, p. 265). Deve-se lembrar que, na opção por um destes tipo de obra, ou seja, na elaboração de projetos de estabilização de taludes, não se pode esquecer que “cada caso é um caso” e que “a natureza não se repete”, e, portanto, a adoção de uma solução deve estar embasada em estudos cuidadosos, que consideram as características do meio físico e os processos de instabilização envolvidos. CARVALHO (1991). 12 FATOR DE SEGURANÇA (FS) 47 A segurança de um projeto de engenharia é usualmente avaliada através de um fator de segurança (FS), definido como a razão entre a resistência disponível e o carregamento atuante. Segundo Dell’ Avanzi; Sayão (1998), a adoção de um valor de FS mínimo admissível para uma determinada obra implica na adoção de um risco calculado ou aceitável. Sua adoção depende do julgamento e experiências profissionais do projetista conjugada com a margem de segurança apropriada, considerando fatores econômicos e sociais. Devido a isso, para uma dada obra com um determinado conjunto de dados, diferentes projetistas irão adotar diferentes valores para o Fator de Segurança. No Quadro são apresentados os valores típicos para o FS mínimo como padrões de avaliação dos parâmetros de segurança, para projetos de taludes, conforme a NBR 11682/1991. Valores típicos de Fator de segurança (NBR 11682, 1991) Grau de seguranç a necessári o ao local Métodos baseados no equilíbrio-limite Tensão-deformação Padrão: fator de segurança mínimo* Padrão: deslocamento máximo alto 1,50 Os deslocamentos máximos devem ser compatíveis com o grau de segurança necessário ao local, à sensibilidade de construções vizinhas e à geometria do talude. Os valores assim calculados devem ser justificados. médio 1,30 baixo 1,15 48 Apresenta as definições de níveis de segurança para enquadramento segundo o seu risco potencial a vidas humanas. Nível de Critério segurança Alto Áreas com intensa movimentação e permanência de pessoas, como edificações públicas, residenciais, ou industriais, estádios, praças e demais locais, urbanos ou não, com possibilidade de elevada concentração de pessoas. Ferrovias e rodovias de tráfego intenso. Médio Áreas e edificações com movimentação e permanência restrita de pessoas. Ferrovias erodovias de tráfego moderado. Baixo Áreas e edificações com movimentação e permanência eventual de pessoas. Ferrovias e rodovias de tráfego reduzido. Nível de segurança desejado contra a perda de vidas humanas Fonte: Adaptado NBR 11682 (2006, P 12-13). Apresenta os níveis de relacionados aos possíveis danos materiais e ambientais envolvidos na estabilidade de taludes. Nível de Critério segurança Alto Danos Materiais: Locais próximos a propriedades de alto valor histórico, social ou patrimonial, obras de grande porte e áreas que afetem serviços essenciais. 49 Danos ambientais: Locais sujeitos a acidentes ambientais graves, tais como nas proximidades de oleodutos, barragens de rejeito e fábricas de produtos tóxicos. Médio Danos Materiais: Locais próximos a propriedades de valor moderado. Danos ambientais: Locais sujeitos a acidentes ambientais moderados. Baixo Danos Materiais: Locais próximos a propriedades de valor reduzido. Danos ambientais: Locais sujeitos a acidentes ambientais reduzidos. Nível de segurança desejado contra danos materiais e ambientais Fonte: Adaptado NBR 11682 (2006, P. 23). 50 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11682:2009 – Estabilidade de encostas. Informações de catálogo. Disponível em: http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=51490. Acesso em 02/06/2020. 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