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Radiologia Digital e Qualidade da Imagem Aula 4: Radiologia digital Apresentação Nesta aula, você irá conhecer os diferentes receptores de imagem e distingui-los entre as modalidades que reproduzem imagens digitais. Ao �nal desta aula, você deverá ser capaz de reconhecer as especi�cidades básicas dos elementos sensíveis e suas distinções, assim como a unicidade dos receptores de imagem que são utilizados. Objetivos Identi�car as distintas modalidades de radiogra�a digital; Reconhecer as diferenças entre radiologia digital direta e indireta; Descrever as distinções dos receptores digitais. A radiologia digital O avanço tecnológico da digitalização das imagens permanece contínuo e acelerado em virtude do fornecimento de numerosas vantagens sobre a técnica radiográ�ca convencional. Esta última possui dependência direta com o tempo e com as interações dos produtos da revelação química. Esses produtos são responsáveis por tornar visível e permanente a imagem latente e, ainda, uma vez gravada na película fotográ�ca, nada mais pode ser feito para melhoria da densidade, do contraste e da resolução espacial. Posteriormente à conclusão do exame, as reproduções são avaliadas, e as cópias impressas são catalogadas e armazenadas para possíveis revisões iminentes. O processamento analógico permite apenas uma visualização por vez das representações processadas. Essas limitações foram cruciais para a redução do seu uso sendo minimizadas, ou até eliminadas, com a metodologia digital. O escritor Ehsan Samei de�niu uma sucinta abordagem, na qual descreveu e identi�cou os diferentes sistemas de imaginologia digitalizada com três principais elementos denominados: 01 de captura 02 de acoplamento 03 de detecção O elemento de captura é o local onde a radiação é detida. Na radiologia computadorizada, temos o fósforo fotoestimulável exercendo essa função. Nos outros métodos digitais, os elementos podem ser o iodeto de césio (CsI), o oxissulfeto de gadolínio (GdOS), o selênio amorfo (a-Se) ou o silício amorfo (a-Si). O elemento de acoplamento é o responsável pela transferência do sinal gerado pelos raios X para o componente de detecção. Este pode ser uma lente, um revestimento de contato ou uma placa de a-Se ou a-Si. a-Si O último elemento, o de detecção, pode ser do tipo sensível à luz, mas com a capacidade de detectar fótons — como, por exemplo, o dispositivo de carga acoplada (DCA). Pode ser, ainda, suscetível à carga coletora de elétrons, como o transistor de �lme �no (TFF). Radiogra�a de projeção por varredura (RPV) Os mesmos responsáveis pelo desenvolvimento dos equipamentos de tomogra�a computadorizada de terceira geração produziram a radiogra�a de projeção por varredura (RPV). O objetivo era a redução de tempo e praticidade no ato de posicionar os pacientes. Esse processo recebeu diferentes nomenclaturas comerciais, dadas por cada um dos diferentes fabricantes, porém o funcionamento da RPV é a mesma em todos os equipamentos. O paciente é posicionado sobre a mesa do tomógrafo, e esta é direcionada para o centro do gantry, enquanto o tubo de radiação se energiza. Nesse momento, não há rotação entre o tubo de raios X e a �ta de conjunto de detectores. Eles funcionam de forma estacionária e a consequência desse mecanismo é uma radiogra�a digital, como exposto na ilustração. A �gura ao lado, mostra uma radiogra�a de projeção por varredura de corpo inteiro obtida na tomogra�a computadorizada. BUSHONG, S. C. Ciência radiológica para tecnólogos. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2010. No início dos anos 90, a evolução da RPV veio acompanhando o sistema de radiologia digital (RD), mas tinha uso exclusivo aos estudos de tórax. Neste período, qual era o principal benefício deste recurso? Oferecia como principal benefício a redução da dose através da colimação dos raios X em forma de leque. Dessa maneira, a radiação espalhada foi minimizada e, como consequência secundária, houve intensa melhora no contraste das radiogra�as. Como é o seu funcionamento? Na RPV, o feixe é direcionado sob a forma de leque por colimadores de preparação antepondo os pacientes. Assim sendo, as projeções formadas, também, são colimadas da mesma maneira, correspondendo à disposição dos detectores. Esses, normalmente, são cintiladores de fósforo de Iodeto de Césio (CsI), associados diretamente ao arranjo linear do DCA por meio de uma trajetória luminosa de �bra óptica. A distinção e a complexidade do contraste no tórax �zeram com que a evolução do RPV não tenha seguido adiante. O deslocamento por varredura precisava de muitos segundos para a aquisição, o que resultava em granulações e borramentos nas imagens processadas. Mediante algumas modi�cações, a RPV está retornando ao mercado com a perspectiva de auxiliar na representação dos exames de tomossíntese mamária digital (TMD), que, assim como outras formas de tomogra�a, tem como objetivo a melhoria na resolução espacial e de contraste, de modo a contribuir com um diagnóstico mais preciso e exato. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Dispositivo de carga acoplada (DCA) Desenvolvido nos anos 70 como um dispositivo de alta sensibilidade à luz, inicialmente com uso militar, mas que foi aplicado, também, na astronomia e na fotogra�a digitalizada. Em câmeras digitais, o elemento sensível tem três vantagens cruciais: sensibilidade, faixa dinâmica e tamanho. Na ilustração abaixo, temos um semicondutor à base de silício feito para um sistema de radiologia digital. Placa de dispositivo acoplada (DCA). BUSHONG, S. C. Ciência radiológica para tecnólogos. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2010. A capacidade que ela possui de detectar níveis mínimos de luminância é o seu grau de sensibilidade. Ela exerce o papel mais importante e essencial na execução, por exemplo, de uma fotogra�a do sistema solar através de um telescópio, e, também, nas baixas doses de radiação entregues aos pacientes na DR. A capacidade de resposta do DCA é a representação da faixa dinâmica, ou seja, é a fração que corresponde à intensidade luminosa. É imprescindível que esta seja ampla, o que propicia maior compreensão, abrangendo desde o tom muito escuro ao muito claro. Quando comparamos o DCA a receptores de �lme-écran, visualizamos uma resposta linear contra uma curva característica, que é conhecida como curva de H&D (Hurter & Dri�eld). E, apesar dos receptores convencionais ofertarem três conjuntos de resposta a radiação, densidade ópticas (DO) de 0 a 3, pouca variação de cinza é visível ao olho humano. BUSHONG, S. C. Ciência radiológica para tecnólogos. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2010. A �gura mostra a resposta à radiação do DCA comparado com o receptor de �lme-écran. O uso do DCA objetiva a mesma representação, porém com níveis de exposição mais baixos se comparado com a técnica convencional. Este fato torna o valor do contraste independente da quantidade de radiação que alcançou o receptor, ampliando, dessa forma, a variação dos tons de cinza visíveis no pós-processamento e na resolução do contraste das imagens, além da redução acentuadamente da dose entregue ao indivíduo estudado. 1 Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Dispositivo de carga acoplada de Iodeto de césio Com a disposição dos DCAs um ao lado do outro, recebendo ao mesmo tempo a luz emitida pelo cintilador, proporciona a utilização de uma área restrita do feixe de radiação, de maneira que o contraste da RPV seja alcançado com um curto período de exposição. https://estacio.webaula.com.br/cursos/go0340/aula4.html Logo, apresenta uma imagem perfeita na extremidade de cada placa. Essa representação só é possível em virtude da interpolação dos pixels nas interfaces de cada uma das pastilhas. A resposta luminosa da cintilação de um elemento fosforescente de CsI é transferida e�cazmente, através de �bras ópticas, ao conjunto de DCAs, tendo como resultado alta e�ciênciana captura do feixe de raios X e, consequentemente, uma boa resolução espacial. BUSHONG, S. C. Ciência radiológica para tecnólogos. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2010. Dispositivos de cargas acopladas (DCAs) organizados em conjunto para receber a luminância de uma área do feixe de radiação que interage com um de cintilação fosforescente semelhante ao Iodeto de césio (CsI). Comentário A técnica onde associamos CsI ao DCA é o chamado processo indireto da DR, pois a radiação recebida é, primeiramente, convertida em energia luminosa e, em seguida, transformada em sinal elétrico para que seja possível a captação pelo sistema computacional. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Iodeto de césio (CsI) / silício amorfo (a-Si) O responsável pela detecção da luminância do cintilador é o silício . Quando nomeado como amorfo, signi�ca dizer que não está na forma de cristal, mas sim em estado �uido. Isso viabiliza o melhor espalhamento pela superfície de apoio, permitindo o aumento da área de absorção. 2 CsI O CsI possui boa captura eletrônica em virtude dos elementos possuírem alto número atômico (Z), césio de 55 e o iodo de 53. Isso permite que mesmo a baixas doses de radiação, a interação com a placa seja bastante e�caz. Os receptores de DR são feitos sob a forma de pixels individuais, com suas faces revestidas de a-Si sensíveis à luz, acoplados ao capacitor em conjunto com o TFF. Ao analisar um pixel ampliado, temos uma grande porção dele coberta por componentes eletrônicos e �os não sensíveis à luz, mas que são condutores de resposta fosforescente do CsI. A ilustração, a seguir, é uma microgra�a do arranjo de matriz ativa de transistor de �lme �no (AMA-TFF) do receptor DR com apenas um pixel. Ela representa a forma de organização do a-Si, apresentando o contato do mecanismo de controle e as linhas de dados. BUSHONG, S. C. Ciência radiológica para tecnólogos. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2010. https://estacio.webaula.com.br/cursos/go0340/aula4.html Atenção Cada porção geométrica do pixel tem sua importância. ele é compreendido pelos transportadores, capacitores e TFF. Mas não são todos esses que contribuem para a formação da radiogra�a, visto que há porções que não são sensíveis à radiação. A parte radiossensível do pixel, chamada de fator de preenchimento, compreende 80% de todo ele, e os 20% restantes não exercem aporte nenhum para a imagem. Isto representa um problema para a técnica, pois com os pixels diminutos, o fator de preenchimento é minorado na mesma proporção. Sendo necessário, para compensar a intensidade do sinal, o aumento da radiação. E, por consequência, eleva-se a dose entregue ao paciente. BUSHONG, S. C. Ciência radiológica para tecnólogos. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2010. A ilustração demonstra a área radiossensível do pixel ou fator de preenchimento de toda a estrutura. O que é importante compreender sobre captadores? Os captadores de CsI foram usados durante anos como elementos coletores dos tubos intensi�cadores de aparelhos de imaginologia, assim como os de GdOS (oxissulfeto de gadolínio) eram usados nos écrans radiográ�cos de terras raras. A descrição dos receptores de CsI/a-Si pode ser repetida para os de GdOS/a-Si, mas, na radiogra�a convencional, a espessura da placa de GdOS é o fator determinante da velocidade de resposta. Na técnica de tela-�lme com écrans de GdOS, a velocidade de resposta foi aumentada, o que minimizou a resolução espacial por efeito da dispersão da luz pelo próprio GdOS. Esse não é o caso da DR, pois o aumento da espessura da mesma placa intensi�ca a velocidade do sistema, sem causar qualquer comprometimento à resolução espacial. Selênio amorfo (a-Se) Este tem participação na modalidade da DR direta, pois não tem envolvimento com a cintilação fosforescente. O feixe de radiação interage diretamente com a placa de selênio amorfo (a-Se), que tem dupla atuação: como elemento capturador e de acoplamento ao mesmo tempo. BUSHONG, S. C. Ciência radiológica para tecnólogos. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2010. Na ilustração: o a-Se como elemento de captura exclui a utilização de cintiladores fosforescentes, pois exercem a dupla função de capturadores e acopladores. Radiação X a-Se Quando acontece a interação da radiação X com o a-Se, pares de elétrons são criados através da ionização direta do selênio. A energia criada é coletada pelos capacitores de armazenamento e, lá, permanece até a leitura da placa; posteriormente, tem o fechamento do TFF, para, assim, poder ser reutilizada. Atividade 1. O escritor Ehsan Samei de�niu de forma sucinta uma abordagem em que identi�cou e descreveu os sistemas de imaginologia digital com três elementos principais. Quais são esses elementos? a) Elemento de captura, elemento de detecção e elemento de varredura. b) Elemento de acoplamento, elemento de varredura e elemento de captura. c) Elemento de captura, elemento de acoplamento e elemento de detecção. d) Elemento de detecção, elemento de otimização e elemento de captura. e) Elemento de varredura, elemento de otimização e elemento de detecção. 2. Dentre os principais elementos de divisão da radiologia digital, temos o elemento de captura, que é o local onde a radiação �ca detida. No caso especí�co da radiologia digital indireta, ou radiologia computadorizada, qual o receptor é utilizado? a) O receptor de fósforo fotoestimulável. b) O receptor de césio (CsI). c) O receptor de oxissulfeto de gadolínio (GdOS). d) O receptor de selênio amorfo (a-Se). e) O receptor de silício amorfo (a-Si). 3. Qual o elemento semicondutor que, normalmente, �ca entreposto ao transistor de �lme �no e é responsável pela detecção da energia luminosa do cintilador? a) Césio. b) Selênio. c) Chumbo. d) Silício. e) Gadolínio. 4. O iodeto de césio (CsI) tem boa captura eletrônica em virtude dos elementos terem uma importante característica que viabiliza uma e�caz interação com a placa com o uso de baixas doses de radiação. Determine qual é essa característica. a) Alta condutividade elétrica. b) Baixo número atômico. c) Baixo número de elétrons. d) Iguais números atômicos. e) Alto número atômico. 5. O dispositivo de carga acoplada (DCA) possui alta sensibilidade à luz e foi desenvolvido nos anos 70. Inicialmente com uso militar, sendo aplicado, também, na astronomia e na fotogra�a digitalizada. Em câmeras digitais, o elemento sensível tem três vantagens. Quais são elas? a) Faixa dinâmica, resistência e sensibilidade. b) Resistência, menos borramentos nas imagens e faixa dinâmica. c) Sensibilidade, menos borramentos e tamanho. d) Faixa dinâmica, tamanho e resistência. e) Sensibilidade, faixa dinâmica e tamanho. 6. “A radiação recebida é convertida em energia luminosa e, em seguida, transformada em sinal elétrico para que seja possível a captação pelo sistema”. Esta técnica onde associamos o cintilador de CsI ao DCA é conhecida como: a) Processo direto da DR. b) Processo indireto da DR. c) Sinal elétrico da DR. d) Componente de acoplamento da DR. e) Elemento de captura da DR. Notas DCA 1 A placa de DCA é extremamente adaptável a diferentes formas de uso da DR por ter sua medida muito pequena, de aproximadamente 1 a 2 cm, diferentemente do pixeli, que é invariável, mede exatamente 100 x 100 µm. Silício 2 É elemento semicondutor que, normalmente, �ca entreposto a dois materiais, como um TFF. Referências GONZALEZ, R. C.; WOODS, R. C. Processamento digital de imagens. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. SANTOS, G. C. Manual de radiologia: fundamentos e técnicas. São Paulo: Yends, 2008. SOLOMON, C.; BECKON, T. Fundamentos do processo digital de imagens. Rio de Janeiro: LTC, 2013. Próxima aula Síntese das imagens �uoroscópicas digitais; Meios de processamento de imagens; Ordenamento e comunicação das imagens. Explore mais Assista aos vídeos: Tomossíntese mamária 3D Tomógrafo e ressonância:suas distinções Semicondutores — Silício javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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