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PSA 2022_1 Pergunta 25

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PERGUNTA 25 b. II. CERTA
Leia o texto a seguir, publicado em 04 de fevereiro de 2022 no site da BBC News Brasil.
A surpreendente queda na desigualdade no trabalho que
mascara um problema econômico do Brasil
Ocimar dos Santos Mattos Junior começou a trabalhar no ano passado como operador de
serviços gerais, fazendo limpeza em uma empresa. Morador do município de Belford Roxo,
na Baixada Fluminense, o rapaz de 20 anos é parte do contingente de quase 6 milhões de
pessoas pretas ou pardas que conseguiram uma ocupação desde o segundo trimestre de
2020, quando a pandemia chegou com força ao país, interrompendo parte da atividade
econômica e levando o desemprego a nível recorde.
Mas, para Ocimar, isso não é motivo de comemoração, e sim uma consequência da crise.
Com a pandemia, seu pai perdeu o emprego de pintor automotivo. Diante disso e dos
problemas de saúde da mãe, ele se viu forçado a abandonar o cursinho que fazia,
sonhando em cursar Nutrição ou Fisioterapia.
"Tive que assumir o papel de homem da casa e correr atrás para ajudar. Isso acabou
atrapalhando meus estudos", conta o jovem, que agora ajuda a sustentar a família,
enquanto o pai faz bicos pintando carros quando aparece serviço.
O caso da família de Ocimar, que antes da pandemia tinha uma pessoa ocupada (o pai) e
agora passou a ter duas (o filho e o pai, agora trabalhando informalmente), ajuda a explicar
uma estatística inusitada.
No terceiro trimestre de 2021, a diferença no nível de emprego entre brancos e negros no
Brasil atingiu o menor patamar desde o terceiro trimestre de 2015. O dado surpreende
porque, há menos de dois anos, em consequência da dinâmica desigual do desemprego na
pandemia, essa diferença tinha atingido nível recorde.
No segundo trimestre de 2020, momento mais forte de paralisação da atividade econômica,
o percentual de pessoas brancas ocupadas em relação à população branca total em idade
de trabalhar era de 52,8%. Entre os negros (soma de pretos e pardos), essa taxa chegou
então a 46,9%. Com o forte impacto da pandemia sobre o emprego informal e a população
de baixa renda, a diferença no nível de ocupação entre brancos e negros chegou naquele
momento a 5,9 pontos percentuais, maior nível da série histórica do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), que teve início em 2012.
No terceiro trimestre de 2021, pouco mais de um ano depois, o nível de emprego dos
brancos subiu para 55,8% e o dos negros, para 52,7%. O dado do terceiro trimestre é o
mais recente disponível da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Trimestral
do IBGE, que traz estatísticas de emprego em mais detalhes do que o levantamento
mensal, com dados por idade, gênero, raça e cor.
Assim, a diferença entre as taxas caiu a 3,1 pontos percentuais no terceiro trimestre de
2021, menor patamar desde os 2,9 pontos registrados em meados de 2015, quando o
mercado de trabalho vinha de um dos momentos mais aquecidos de sua história, mas já
começava a sentir os efeitos da recessão de 2015-2016.
Essa diferença chegou a 2,4 pontos no terceiro trimestre de 2014, logo antes de a taxa de
desemprego atingir o patamar historicamente baixo de 6,6% ao fim daquele ano.
Lá em 2014, a redução da diferença no nível de emprego entre brancos e negros tinha uma
explicação clara: com o mercado de trabalho superaquecido, era fácil tanto para brancos,
como para negros — que tradicionalmente têm mais dificuldade para se empregar —,
conseguir trabalho.
Mas e em 2021? O que explica a queda da diferença no nível de emprego entre brancos e
negros, em um momento em que a taxa de desemprego estava em 12,6%, vindo de um
recorde de 14,9% em 2020?
"Também foi uma surpresa para mim", diz Daniel Duque, pesquisador do mercado de
trabalho no Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Para
ele, a explicação mais plausível é o aumento da informalidade na reabertura da economia,
após a fase mais dura de distanciamento social.
"Analisando os dados por setores da economia, idade, gênero, nada disso explica a
redução da diferença. O que explica de fato é que o emprego informal se recuperou muito
mais rápido do que o formal", observa o economista.
Entre o terceiro trimestre de 2020 e igual período de 2021, foram criados 9,5 milhões de
empregos no Brasil, segundo o IBGE. Mas, desse total de pessoas ocupadas a mais, 7
milhões estavam na informalidade.
"Como a população não branca geralmente acessa mais os empregos informais, isso
acabou reduzindo a diferença no nível de emprego com relação à população branca, que
em geral tem mais empregos formais, que não se recuperaram tão rapidamente".
Ou seja: a redução da diferença racial é resultado de uma piora na qualidade do emprego,
com aumento da informalidade e queda da renda. Essa situação deve ser transitória,
explica Duque, e deve ser revertida quando o emprego formal se recuperar.
"A situação que estamos vendo agora não é estrutural, é uma circunstância devido ao
momento da recuperação econômica do mercado de trabalho na pandemia", avalia.
Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-60148613>. Acesso em 07 fev. 2022
(com adaptações).
De acordo com as informações apresentadas no texto, avalie as afirmativas.
I. A queda da diferença no nível de emprego entre brancos e negros em 2021 é causada
pela diminuição da desigualdade racial no Brasil.
II. No segundo trimestre de 2020, foi observado o maior patamar de diferença no nível de
ocupação entre brancos e negros da série histórica do IBGE, que teve início em 2012.
III. Os motivos da redução da diferença no nível de emprego entre brancos e negros
observada em 2014 são os mesmos da redução observada em 2021, já que os cenários
econômicos eram parecidos em ambas as datas.
IV. A diminuição da diferença do nível de emprego entre brancos e negros revela uma
mudança estrutural na sociedade brasileira.
É correto apenas o que se afirma apenas em
a. I e IV.
b. II. CERTA
c. I e III.
d. II e IV.
e. I, II e IV.

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