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GERANDO RESULTADOS COM VOCÊ FISIOLOGIA DIGESTIVA E METABOLISMO DE NUTRIENTES PÓS-GRADUAÇÃO EM PECUÁRIA LEITEIRA RICARDO PEIXOTO Evolução Era Anos Vida Arqueozóica 3,8 bilhões Esporos Proteozóica 1,4 bilhões Algas Paleozóica 620 milhões Invertebrados. Moluscos. Peixes. Répteis. Anfíbios. Plantas vasculadas Mesozóica 160 milhões Dinossauros. Mamíferos (pequenos carnívoros) Cenozóica 70 milhões Mamíferos com placenta. Dicotiledoneas 54 milhões 1os herbívoros. Perissodactyla (180 generos) 26 milhões Gramíneas. Bovidae 7 milhões Estouro dos Bovidae. Queda dos Perissodactyla 2 milhões Queda dos Perissodactyla (6 generos) 1 milhão Humanos Ocorrência de sistemas enzimáticos para degradação Substrato Aeróbico Anaeróbico (microbiano) Bactérias e Fungos Animais (mamíferos) Trato digestivo Lama e solo Amido + + + + Celulose + - + + Lignina + - - + Gordura + + - + Fonte: Van Soest, 1994 Conteúdo ruminal em vacas Holandesas de 700 kg % do PV Volume da digesta (L) 91,6 Peso da digesta (Kg) 74,6 10,7 Teor de MS (%) 17,2 Peso da digesta seca (Kg) 12,8 1,8 Fonte: Pereira, 1997 Vantagens do Rúmen como Câmara de Fermentação • Ambiente tamponado - propicia diversidade microbiana • Detoxificação de compostos secundários das plantas • Massa microbiana é nutricionalmente significativa para o animal • Ruminação • Reciclagem de N via saliva • Síntese de vitamina B Desvantagens da fermentação • Proteína, amido e outros carboidratos dietéticos são fermentados • Perda de parte da energia em carboidratos como calor e metano • Proteína de alta qualidade pode sofrer redução no valor protéico (apesar da proteína microbiana ser de alta qualidade) Tapete Fibroso de Forragem Motilidade ruminal • Inocula digesta com microorganismos • Move digesta pelo orifício retículo-omasal • Propicia que produtos da fermentação ruminal entrem em contato com o epitélio para absorção e metabolismo • Necessário para ruminação e eructação Salivação • Funções da saliva no ruminante – Tampão (bicarbonato e fosfato) – Fonte de nutrientes para microorganismos (uréia, mucina, P, Mg, Cl) – Umedecer e lubrificar bolo alimentar – Fator anti-timpanismo espumoso – Mantêm fluxo constante de água para o rúmen – Mantêm pressão osmótica do rúmen Salivação • Vaca de 700 kg consumindo feno e concentrado – Saliva/dia - 190 litros – NaHCO3 - 1.100 g – Na2HPO4 - 350 g – NaCl - 100 g – Nitrogênio - 30 a 80 g – Equivalente protéico (N x 6,25) - 200 a 500 g – Uréia - 50 a 130 g Fonte: Bartley, 1975 População microbiana retículo - rúmen • Existem em alta densidade populacional – 1010 - 1011 bactérias/grama de conteúdo – 105 - 106 protozoários/grama de conteúdo – Fungos anaeróbicos – Proporção varia, mas diversidade não • Anaeróbicos • Vivem a 39-40oC • pH 5,5 a 7,0 • Vivem em ambiente aquoso • Vivem à custa da ingesta do ruminante Respiração vs. Fermentação • 5 C6H12O6 + 30 O2 30 CO2 + 30 H2O + 190 ATP • 5 C6H12O6 6 CH3COOH + 2 CH3CH2COOH + 1 CH3CH2CH2COOH + 3 CH4 + 5 CO2 + 6 H2O + Calor + 35 ATP • Proporção Acetato:Propionato:Butirato – 67:22:11 Produtos da Fermentação Ruminal • Ácidos graxos voláteis – Acetato (CH 3COOH) – 209 kcal/mol – Propionato (CH 3CH2COOH) – 367 kcal/mol – Butirato (CH 3CH2CH2COOH) – 524 kcal/mol – Outros AGV • Gases – CO2 – CH4 • Calor Características dos grupos microbianos Tempo para duplicar (h) Variação de pH Principal AGV produzido Exigência de Nitrogênio Substrato preferência Classe 15-246,2 -7,0AminoácidosAmido Açúcar Protozoários 0,55,5-6,0 Propionato Lactato Amônia Aminoácidos Amido Pectina Açúcar Bactérias digestoras de carboidrato não- fibroso 8-106,0-6,9 Acetato, Butirato Amônia Celulose Hemicelulose Bactérias Digestoras de fibra Hutjens, 2003 Características dos grupos microbianos Metabolismo de carboidratos • Principal fonte de energia, representam em torno de 70% da dieta • Açúcares livres, dissacarídeos/oligossacarídeos ou carboidratos complexos (amido, celulose e pectina) • Carboidratos fibrosos – digestão lenta no rúmen e ocupa espaço (celulose/hemicelulose) • Carboidrato não-fibroso – alta taxa de digestão (açúcares, amido e pectina) Balanceamento de carboidratos Carboidrtatos não-fibrosos – Importante para manter o fluxo de energia e aporte de precursor de glicose – Maior eficiência na síntese de proteína microbiana – Excesso na dieta pode causar acidose Carboidratos fibrosos – Contribuição relativa para o aporte de energia – Fundamental para manter mastigação, ruminação e controlar acidose – Pode limitar consumo por enchimento do trato digestivo Cortesia Marcos Neves Estimando Energia (NRC 1989) NDT1x = ���� � ����� � � ��� � �� � , � � � Silagem de milho PB – 8% CNF – 44% FDN – 40 % EE – 3 % Cinzas – 5 % 1 kg MS PB – 80 g CNF – 440 g FDN – 400 g EE – 30 g Cinzas – 50 g Digestibilidade (animal não lactante) PB – 90% = 72 g x 1 = 72 g NDT CNF – 98% = 431 g x 1 = 431 g NDT FDN – 40% = 160 g x 1 = 160 g NDT EE – 75% = 23 g = 23 x 2,25 = 52 g NDT Cinzas – 0% = 0 g = 0 g NDT NDT 1X % = (72 + 431 + 160 + 52)/1000 = 71,5 % Estimando Energia (NRC 1989) DE (Mcal/kg) = 0,04409 x NDT (%) ME (Mcal/kg) = 1,01 x DE (Mcal/kg) – 0,45 NEL (Mcal/kg) = 0,0245 x NDT (%) - 0,12 • NDT a nível de mantença oriundo de dados de ovinos • NRC (2001) ajustou a forma de cálculo mas valor tabelado mantido para uma animal a nível de mantença Metabolismo de carboidratos Gases Intestino Energia Dieta Rúmen Açúcares Carboidratos não fibrosos (CNF) Amido Carboidrato Fibroso (FDN) Celulose Hemicelulose Absorvidos no sangue Propionato Butirato Acetato % gordura no leiteTriglicérides (Gordura) Energia (Mantença, prenhez, lactação, etc.) Glicose Fezes (Glicose) (Carboidratos que escapam fermentação) (Amido) Ácidos graxos voláteis Quantidade de leite produzido LactoseGlicose Amônia Bacteria Proteína Bacteriana Aminoácidos Absorvidos no sangue Produção máxima de Proteína Microbiana 0 20 40 60 80 100 FDN Sacarose Pectina Amido 47 86 88 100 PB Microbiana por grama de MO Hall e Hereik, 2001 Metabolismo de proteína • Proteína é o nutriente mais caro por kg • Excesso de proteína na dieta está associado à baixa eficiência de uso do nitrogênio – Poluente – Custo energético do metabolismo de N – Pode impactar negativamente no desempenho reprodutivo • Exigência real da vaca é de aminoácidos e não de proteína – Proteína bruta (PB) vs. Proteína metabolizável (PM) Proteína bruta • PB = NITROGÊNIO x 6,25 – Assume que proteína alimentar tem 16% de N • PB = N não protéico (NNP) + N protéico Fração A 100% degradada no rúmen Fração B Proporção que degrada no rúmen depende do alimento e da vaca Fração C Indigestível Proteína bruta • PB = PDR + PNDR • PDR (proteína degradável no rúmen) = fornece peptídeos, AA livres e amônia para o crescimento microbiano • PNDR (proteína não degradável no rúmen) = Proporção da PB nos alimentos que passa pelo rúmen sem ser degradada. É a segunda maior fonte de AA no intestino Proteína no Rúmen Cardia Orifício retículo omasal Fração A Fração B Cortesia: Prof Marcos Neves Fração C Kd = 10%/h Kp = 5%/h Kd = taxa de degradação, depende do alimento Kp = taxa de passagem, depende da vaca Kd = infinito PDR = A + B x (kd / (kd + kp)) = A + B x (10 / (10 + 5)) = A + B x 67% - Exigência dos microorganismos para síntese de PMIC PNDR = B x (kp / (kd + kp)) + C = B x (5 / (10 + 5)) + C = B x 33% + C - Exigência do animal Estimando PDR e PNDR Estimando PDR e PNDR • Quanto mais rápida a velocidade de passagem do alimento pelo rúmen menor será a degradação da proteína e maior proporção da proteína bruta será PNDR • Neste caso, para uma vaca com alto consumo, um mesmo alimento terá maior proporção de PNDR comparado ao mesmo alimento fornecido para umavaca de menor consumo Proteína Metabolizável • Proteína digerida pós-ruminalmente e seus aminoácido s absorvidos pelo intestino • Composta por: – PMIC – proteína microbiana sintetizada no rúmen • Estimada a partir da disponibilidade de energia 140 g PMIC/kg de NDT – PNDR - origem alimentar não degradada no rúmen – Proteína endógena – secreções e descamação do trato digestivo Metabolismo de proteína N fecal Intestino Proteína bruta (N x 6,25) Proteína Nitrogênio Não-proteico Dieta Rúmen PNDR = Proteína que escapa degradação no rumem Reciclado na saliva Excretado na Urina FígadoUréia Proteína Bacteriana Absorvido sangue = Proteína Metabolizável (PM) = PM(PNDR) + PMBac+PMEnd. Aminoácidos = Energia Fermentável PDR (Amônia) PB Bactéria NRC 2001 49 % Metabolismo de gordura Ácido graxo livre Metabolismo ruminal • As gorduras são tóxicas aos microorganismos do rúmen e não são utilizadas como fonte de energia • Comparativamente a fontes insaturadas, as gorduras saturadas por serem menos “solúveis” no fluido ruminal tem menor interferência na função de membrana e no metabolismo energético dos microorganismos possuindo menor toxicicidade (Jenkins, 1993) Gordura no Rúmen Cardia Orifício retículo omasal Gordura insaturada (líquida) Gordura saturada (sólida) Intermediário Gordura Leite Biohidrogenação Fonte de energia Cortesia: Prof Marcos Neves Síntese de gordura do leite Gordura da Dieta (Rúmen) Reservas Corporais (mobilização) Ácidos Graxos Cadeia Curta (≤ 14 C) Ácidos Graxos Cadeia Longa (≥ 18 C) Glândula Mamária Síntese “de novo” Absorção Sanguínea Butirato/BHBA (Rúmen) Acetato (Rúmen) Cadeia Média 16 C Gordura no Rúmen Cardia Orifício retículo omasal Gordura insaturada (líquida) Gordura saturada (sólida) Intermediário Reduz gordura no Leite Biohidrogenação Baixo pH Monensina Excesso de gordura insaturada Cortesia: Prof Marcos Neves Infusão abomasal de 10 g de C18:2 Infusão abomasal de 750 g de C18:1 Baixa gordura do leite Gordura da Dieta (Rúmen) Reservas Corporais (mobilização) Ácidos Graxos Cadeia Curta (≤ 14 C) Ácidos Graxos Cadeia Longa (≥ 18 C) Glândula Mamária Síntese “de novo” Absorção Sanguínea Butirato (Rúmen) Acetato (Rúmen) Ácidos Graxos Cadeia Média Ácidos Graxos Insaturados Síntese de gordura do leite Variação do perfil da gordura do leite durante as primeiras semanas de lactação em relação as concentrações obtidas na décima sexta semana Fonte: Adaptado de Palmquist (1993) C ad ei a C ur ta C ad ei a Lo ng a C ad ei a M éd ia Alimento C14:0 Ác. Mirístico C16:0 Ác. Palmítico C18:0 Ác. Esteárico C18:1 Ác. Oléico C18:2 Ác.Linolé ico C18:3 Ác. Linolênico Milho (silagem) 0,46 17,83 2,42 19,24 47,74 8,25 Feno (gramíneas) 0,43 16,44 1,33 2,53 23,38 49,90 Milho (grão) 2,33 13,21 1,99 24,09 55,70 1,62 Algodão (caroço) 0,69 23,91 2,33 15,24 56,48 0,19 Soja (óleo) 0,11 10,83 3,89 22,82 53,75 8,23 Constituição do extrato etéreo (g/100 gácidos) de alguns alimentos Informações de acordo com CPM Feed Library Composição de gorduras dos alimentos Fonte: Cortesia Davi Araújo (2014) Acidose ruminal subaguda X Gordura Leite Relação do percentual de gordura do leite e o pH ruminal médio a partir de experimentos usando vacas de leite em lactação canuladas ruminalmente (r2 = 0,39) Fonte: Allen, 1997 pH R úm en Gordura do Leite (%) Fonte: Adaptado de Grant et al. (1990) Fino Médio Grosso P 3 IMS, kg/d 22,4 22,0 22,2 0,88 Leite, kg/d 31,5 32,1 31,1 0,56 Gordura, % 3,0a 3,6b 3,8c 0,001 Gordura, g/d 4 945 1158 1182 ----- pH ruminal 5,3 5,9 6,0 0,100 Ruminação, min/24h 374a 466b 531c 0,001 Mastigação, min/24h 570a 671b 735c 0,001 1 Média aritmética do tamanho de partícula de silagem fina e grossa usada no estudo foi de 2,0 e 3,1, respectivamente 2 Dietas formuladas para uma relação de 55:45 silagem:concentrado 3 Probabilidade comparando as diferenças entre AG os tratamentos 4 Valores calculados a partir dos dados reportados Influência do tamanho de partícula da forragem sobre o comportamento, pH ruminal e concentração de gordura no leite Acidose Ruminal X Gordura do Leite 50% Silagem de milho 50% Concentrado 50% Silagem de milho 50% Concentrado 2% Sebo bovino 50% Silagem de alfafa 50% Concentrado 2% Sebo bovino Leite, kg/d 44,9 44,3 43,6 Gordura, % 3,12 2,68 3,32 Gordura, kg/d 1,38 1,17 1,45 C18:1, % 0,75 2,15 0,78 Fonte: Adaptado de Onetti et al. (2004) Efeito sobre o tipo de forragem e adição sebo de bovino sobre a concentração de gordura no leite e a concentração de C18:1 Acidose Ruminal X Gordura do Leite 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 Controle Monensina Controle Monensina C on ce nt ra çã o, % 0% 1,7% 3,4% Gordura, % 1, 2, 3 trans-10 C18:1, % 1, 2, 3 1 Efeito linear (P < 0,05) do nível de suplementação de óleo de soja (SBO) 2 Efeito linear (P < 0,05) da suplementação de Monensina 3 Efeito linear (P < 0,05) da interação entre Monensina e SBO Fonte: Adaptado de AlZahal et al. (2008) Efeito de 3 níveis distintos de suplementação de óleo de soja (0%, 1,7% e 3,4% MS) com ou sem suplementação de ionóforo na dieta de vacas de leite Monensina e gordura do leite Maximizar rúmen • Sincronismo entre balanço de PDR e carboidrato de alta degradação • Certo teor de fibra longa na dieta é necessário para reter alimento no rúmen (formação de mat), manter a motilidade ruminal promovendo a atividade mastigatória e produção de saliva • Cuidado com excesso de óleo (31) 3343 - 3800 www.rehagro.com.br rehagro@rehagro.com.br facebook.com/rehagro twitter.com/rehagro
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