Buscar

Aplicação da Epidemiologia na saúde

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 1/41
Aplicação da Epidemiologia na saúde
Profº. Helver Gonçalves Dias
Descrição
Qualidade de vida, determinantes sociais, novos paradigmas e iniquidades da Saúde no Brasil, além do
estudo da Epidemiologia por níveis de determinação.
Propósito
Identificar como a Epidemiologia pode auxiliar no entendimento da qualidade de vida, dos determinantes
sociais da saúde e da redução das iniquidades, além de compreender como sua aplicação por níveis de
determinação pode influenciar a melhoria do bem-estar da população.
Objetivos
Módulo 1
Qualidade de vida, determinantes sociais e
iniquidades da Saúde
Descrever aspectos relacionados à qualidade de vida, aos determinantes sociais, aos novos paradigmas
e à persistência das iniquidades da Saúde no Brasil.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 2/41
Módulo 2
Epidemiologia aplicada por níveis de determinação
Reconhecer a aplicação da epidemiologia por nível de determinação.
Como sabemos, diversos fatores influenciam a ocorrência das doenças. Você já deve ter ouvido falar
que os fatores genéticos, sociais, econômicos e ambientais podem influenciar a ocorrência de certos
agravos. Nesse sentido, o objetivo principal do estudo da epidemiologia é dar a capacidade de
identificar as oportunidades de intervenção para promoção, prevenção e controle de danos à saúde.
Agora, estudaremos diferentes aspectos sobre as condições de saúde, analisando como o Brasil
precisa avançar para ofertar níveis de bem-estar cada vez melhores para sua população. Vamos lá?
Introdução
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 3/41
1 - Qualidade de vida, determinantes sociais
e iniquidades da Saúde
Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever aspectos relacionados
à qualidade de vida, aos determinantes sociais, aos novos paradigmas e à
persistência das iniquidades da Saúde no Brasil.
Qualidade de vida e determinantes sociais
da Saúde
Falar de saúde implica, em sentido amplo, falar de qualidade de vida e sobre a forma que vivemos e nos
organizamos em sociedade. A Reforma Sanitária Brasileira, ocorrida na década de 80, incorporou o
entendimento amplo do significado de saúde.
A condição de saúde de um indivíduo é resultante da associação de diferentes fatores, como a situação
socioeconômica, saúde mental, educação, alimentação, meio ambiente e o próprio estilo de vida desse
indivíduo. É claro que não podemos esquecer dos fatos intrínsecos, como sexo, idade e fatores hereditários.
De acordo com a Constituição da World Health Organization (WHO), em sua 45ª
edição (2021), a saúde é definida como o estado completo de bem-estar social,
mental e físico, e não somente a ausência de doença.
O aparecimento das doenças é consequência justamente do desequilíbrio de um ou de mais fatores. Dessa
forma, para facilitar seu estudo neste módulo, vamos sempre pensar em saúde em seu conceito mais
abrangente e que compreende os diversos aspectos da vida do indivíduo.
Os determinantes de saúde (DSS) são todos os fatores que, de algum modo, influenciam as condições de
saúde do indivíduo e da comunidade. Discute-se muito sobre a classificação e o agrupamento dos
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 4/41
diferentes determinantes de saúde.
Isso não é consenso nem mesmo entre os sanitaristas e pesquisadores da área. Há uma corrente teórica
que admite a existência de cinco grupos de determinantes:
Biológicos
Idade, sexo e fatores genéticos.
Econômicos e sociais
Classe social, o emprego e moradia.
Ambientais
Poluição do ar e da água.
Modos de vida
Alimentação, prática de exercícios físicos, tabagismo e álcool.
Relacionados ao acesso aos serviços
Educação, saúde, lazer e transportes.
Modelo de determinantes sociais da Saúde
de Dahlgren e Whitehead
O modelo de produção social da saúde proposto por Dahlgren e Whitehead, no início da década de 90,
analisa os determinantes sociais da saúde em diferentes níveis (imagem abaixo).
Partindo da perspectiva individual, fatores como idade e gênero influenciam a saúde do indivíduo. O nível
acima considera os fatores associados ao estilo de vida e ao comportamento das pessoas, como o hábito
de fumar e/ou beber e o sedentarismo.
Exemplo
Atualmente no mundo, considera-se a obesidade como uma epidemia, muito influenciada pela mudança no
padrão alimentar – maior ingestão de alimentos ultraprocessados, gorduras e carboidratos – e pela
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 5/41
diminuição da prática diária de exercícios físicos.
No próximo nível, são consideradas as redes sociais e comunitárias, em que o indivíduo estabelece as
interações sociais com seus iguais. Cada vez mais, admite-se a importância do ambiente comunitário e de
suas relações na saúde da população. O penúltimo nível reúne as condições de vida e trabalho, que
determinam as condições de saúde da população de acordo, por exemplo, com o nível de desemprego e
escolaridade, saneamento básico, condições de moradia e habitação, disponibilidade de alimentos e acesso
aos serviços de saúde. Por fim, o último nível contém as condições socioeconômicas, culturais e ambientais
gerais também chamadas de macrodeterminantes.
Modelo de determinantes sociais da Saúde de Dahlgren e Whitehead.
Para que você entenda a relação entre a Epidemiologia e os DSS, é importante destacar que, enquanto
ciência, a Epidemiologia analisa a distribuição e os fatores determinantes das doenças, considerando dados
e eventos, e propondo medidas de prevenção e controle. Além disso, a Epidemiologia fornece indicadores
que servem de suporte para o planejamento de políticas públicas e avaliação dos programas e ações de
saúde.
Importância dos dados epidemiológicos
para os DSS
Neste vídeo, o mestre Helver Dias irá correlacionar os indicadores de saúde com os DSS, trazendo como
exemplo a tuberculose no Brasil.

16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 6/41
Saúde como produção social
A principal barreira encontrada pela Epidemiologia no estudo dos determinantes é a dificuldade encontrada
em se avaliar o impacto de cada um no estado de saúde da população.
Vamos pensar juntos! Os fatores biológicos teriam maior influência na saúde do
que os fatores ambientais?
Essa é uma resposta difícil e que precisa de uma discussão aprofundada sobre o tema. Durante muito
tempo, certa parte da comunidade científica acreditava no chamado “modelo biomédico de saúde”, que
defendia a ideia de que os determinantes relacionados aos fatores biológicos tinham maior influência sobre
o estado de saúde.
Com o passar dos anos, essa concepção foi sofrendo alterações, principalmente pelo fortalecimento do
entendimento que outros fatores, como os ambientais e os sociais, também interferem no processo saúde-
doença.
Além disso, atualmente, existem correntes de pensadores que defendem a ideia do tipo de sistema de
saúde como fator determinante. As diferenças entre os sistemas, como nível de centralização, estrutura
organizacional, fonte de financiamento e organização dos serviços, são determinantes para a qualidade da
saúde da população.
Em países da Europa ou mesmo nos Estados Unidos, as classes sociais mais ricas têm uma expectativa de
vida maior e uma menor taxa de mortalidade por doenças crônicas e infectocontagiosas em relação aos
mais pobres. Essas diferenças na saúde são reflexo da própria disparidade social e constituem forte
atuação nas condições de saúde da população.
Durante a Revolução Industrial, as condições de trabalho da classe operária erampéssimas e a expectativa
de vida não passava dos 50 anos. As doenças do trabalho formavam exércitos de incapacitados e de
doentes crônicos que não recebiam nenhum tipo de suporte por parte do Estado ou dos empresários.
Os padrões de saúde mostram estreita correlação com a estratificação social, de modo que diversas
doenças, como as parasitárias, são mais comuns entre a população mais carente.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 7/41
Desvantagens socioeconômicas
A desvantagem socioeconômica pode incluir poucos recursos materiais, desemprego, uma educação
insuficiente durante a infância e adolescência, uma atividade profissional sem perspectiva de
crescimento ou mesmo informal, além de moradias insalubres e sem acesso a saneamento básico.
Consequências no envelhecimento
Essas desvantagens tendem a se concentrar nas mesmas pessoas e seus efeitos na saúde são
cumulativos. Quanto mais tempo os indivíduos vivem em circunstâncias socioeconômicas
estressantes, maior o desgaste físico e mental que sofrem e menor a probabilidade de um
envelhecimento saudável.
Bons patamares de saúde envolvem, entre outras coisas, a redução dos níveis de evasão escolar,
principalmente no ensino fundamental e médio, e a diminuição da taxa de desemprego. As políticas de
educação, emprego e habitação afetam diretamente os padrões de saúde. As sociedades que permitem aos
seus cidadãos desempenharem um papel útil e participativo na vida social, econômica e cultural serão mais
saudáveis em relação àquelas em que as pessoas convivem com violência e exclusão social.
A pandemia da covid-19 trouxe um novo paradigma mundial e evidenciou as conexões entre a saúde e os
seus determinantes. Veja a seguir!

Covid-19
Com o crescimento da taxa de desemprego e o isolamento social, a quantidade de pessoas
que desenvolveram algum sintoma ou manifestação de depressão ou ansiedade aumentou,
especialmente entre os jovens. A piora no bem-estar mental está relacionada a baixas
t ti d li it d í i i l fi t t l t
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 8/41
Muitos pesquisadores e entidades científicas internacionais apontam que a pandemia de covid-19 acentuou
comportamentos suicidas e aumentou significativamente o número de pessoas que buscam por suporte
para melhoria da saúde mental.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, os principais fatores relacionados ao suicídio na
pandemia foram o aumento da taxa de desemprego, a perda da estabilidade econômica das famílias, os
traumas ou os abusos e a piora dos transtornos mentais. É preciso analisar o suicídio como problema de
saúde pública e como fenômeno sensível às mudanças político-econômicas e sociais (OPAS, 2021).
É interessante destacar que o estresse psicossocial está relacionado ao aumento da incidência de doenças
do aparelho cardiovascular, como infarto e acidente vascular cerebral. A taxa de mortalidade por doenças
cardiovasculares é superior em países subdesenvolvidos da África e Ásia em relação a países
desenvolvidos da Europa.
Curiosidade
expectativas de emprego e ao limitado convívio social, que ficou quase que totalmente
restrito ao ambiente virtual.
Relacionamento em sociedade
A forma como nos relacionamos em sociedade pode causar efeitos de longo prazo na saúde
mental. A ansiedade, o estresse, a insegurança, a baixa autoestima, o isolamento social e as
relações interpessoais têm efeitos diretos sobre a saúde das pessoas. As tensões
psicossociais acumulam-se durante a vida e aumentam as chances de problemas de ordem
mental e morte prematura, inclusive por suicídio. Longos períodos de ansiedade, estresse,
insegurança e a construção de laços interpessoais frágeis são prejudiciais em todos os
âmbitos da vida humana.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 9/41
Em um interessante estudo desenvolvido na década de 1980, dois pesquisadores da Universidade de
Stanford, nos Estados Unidos, viram o papel do estresse social crônico no metabolismo endócrino de
macacos. Todas as espécies conhecidas de macacos apresentam algum tipo sistema de organização
social, geralmente composto por machos dominantes e machos subordinados. Nesse estudo, avaliou-se
babuínos africanos machos que viviam livremente em uma reserva florestal. Entre os machos socialmente
subordinados, as concentrações das frações do colesterol HDL (lipoproteína de alta densidade) e a
apolipoproteína A (ApoA) estavam significativamente reduzidas quando comparadas com o grupo de
machos dominantes, mas foram detectadas altas concentrações de cortisol. O HDL e a ApoA têm
importante função protetora, tendo, em níveis altos, funções preventivas contra a aterosclerose (acúmulo de
gordura nas artérias) e doenças cardíacas. O cortisol é popularmente conhecido como “hormônio do
estresse”. Esse estudo demonstrou que o estresse vivido por indivíduos socialmente subordinados
desencadeava importantes alterações endócrinas que poderiam ter relação com o desenvolvimento de
doenças crônicas (SAPOLSKY; MOTT, 1987).
Comissão Nacional sobre os Determinantes
Sociais da Saúde
Estimulado pela criação da Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde, no âmbito da Organização
Mundial da Saúde, o Brasil criou em 2006 a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde
(CNDSS). O objetivo da CNDSS foi trazer um levantamento atualizado sobre fatores sociais que
determinavam o processo de adoecimento da população, propor políticas públicas que combatessem as
iniquidades em saúde no Brasil e mobilizar diferentes instâncias governamentais e da sociedade civil sobre
o tema.
Falamos em iniquidades, você sabe o que é?
Iniquidades em saúde são aquelas desigualdades, que além de sistemáticas e
evitáveis, são também injustas e desnecessárias. As iniquidades em saúde podem
ser observadas entre os diferentes grupos populacionais, sendo decorrentes das
condições sociais dos indivíduos. É por este motivo que devem ser combatidas
continuamente.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 10/41
A CNDSS era composta por personalidades de diferentes áreas, desde especialistas em saúde pública até
pessoas reconhecidas do setor cultural e empresarial. A diversidade na composição dos membros teve
como objetivo representar que a saúde é um bem público e a participação de diferentes setores da
sociedade é parte importante do processo de construção e melhoria coletiva da saúde. Após três anos de
trabalho, a CNDSS apresentou o relatório final, que virou um dos mais completos e estruturados
documentos sobre os DSS no país, sendo atualmente uma referência para consulta no tema. Veja a seguir!
Análise dos indicadores epidemiológicos
A comissão analisou indicadores epidemiológicos e demográficos das últimas quatro décadas, como o
crescimento populacional, as taxas de fecundidade, a mortalidade e a natalidade, a esperança de vida ao
nascer, o índice de envelhecimento, entre outros, impactaram no modo de vida e no processo de produção
de doenças da população. Além disso, identificou as políticas e os programas vigentes à época que, apesar
de uma articulação entre diferentes setores do poder público, tinham pouca efetividade em diminuir as
iniquidades em saúde.
Propostas
A CNDSS propôs que as intervenções nos DSS fossem feitas em todos os níveis do modelo de Dahlgren e
Whitehead, integrando ações intersetoriais para promoção da saúde e qualidade de vida. O relatório ressalta
que a partir do conhecimento amplo sobre as condições de vida e trabalho da população, é possível
reconhecer as desigualdades existentes e os mecanismos pelos quais os DSS produzem as iniquidades em
saúde.
Relações interpessoais e saúde
Um outro ponto interessante destacado no relatório consideraque o desgaste das relações de solidariedade
e confiança entre as pessoas seja prejudicial para a situação de saúde, trazendo impactos negativos nos
indicadores de bem-estar da população, principalmente os relacionados à atenção psicossocial –
diminuição da participação social, perda do emprego, endividamento das famílias, piora na qualidade das
relações interpessoais, entre outros.
Portanto, a partir de exaustiva análise das informações coletadas sobre os DSS no país, a CNDSS
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 11/41
recomenda ações buscando:
1. Priorizar as ações intersetoriais.
2. Produzir evidências científicas sobre os DSS.
3. Estimular a participação da sociedade no tema.
Novos paradigmas da saúde e a persistência
das iniquidades em saúde no Brasil
Conceituando iniquidades em saúde
A expressão “iniquidades em saúde” é muito utilizada no campo de estudo social e econômico e, como já
sabemos, corresponde às desigualdades sistemáticas observadas na saúde entre os diferentes grupos da
sociedade. Essas desigualdades estão presentes em todos os países e são injustas e evitáveis, entretanto,
inerentes ao modelo econômico mundial.
A busca da equidade em saúde deve ser contínua e contar com a participação de toda a sociedade.
Mesmo em países como o Brasil, que alcançou significativa redução da pobreza nas últimas décadas e
introduziu a cobertura universal de saúde com a Constituição de 1988, as desigualdades no acesso aos
serviços de saúde continuam a ser um grande desafio. As desigualdades ainda marcantes entre grupos
socioeconômicos são refletidas em iniquidades. Por exemplo, é possível observar que a taxa de mortalidade
de crianças menores de um ano nascidas em estados do Nordeste é maior do que no Sul.
Origens das iniquidades em saúde no Brasil
O relatório apresentado pela Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde trouxe muitos dados
epidemiológicos e indicadores socioeconômicos que sustentam que as iniquidades em saúde no país são
fruto, principalmente, das desigualdades sociais e econômicas.
Vamos analisar alguns desses dados e pensar sobre a condição de saúde da população brasileira:
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 12/41
PIB per capita
À época da elaboração do relatório, em 2004, a região Sudeste era a que possuía o maior PIB per capita
do país, seguida pelo Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. É claro que, nos últimos quinze anos, o Brasil
passou por transformações, no entanto, apesar dessas transformações, a realidade das iniquidades em
saúde continua profundamente afetada pelas desigualdades existentes no país.
População
A região Nordeste concentrava a segunda maior população do país, mas vinha em segundo lugar na
distribuição do PIB per capita e concentrava um pouco mais da metade de toda a população pobre do
país. Um dado também interessante traz a proporção de pobres de acordo com a cor de pele. No
Nordeste, a população preta representava 56,2% do total de pobres (CNDSS, 2008).
Educação
Segundo o IBGE (2021), a educação, que também é um DSS, foi analisada e se verificou que a taxa de
analfabetismo é quatro vezes maior no Nordeste do que no Sul e Sudeste do país. É interessante destacar
que mesmo atualmente, as regiões Norte e Nordeste concentram o maior quantitativo absoluto de
analfabetos.
Esses dados demográficos têm uma importante relação com a saúde da população das regiões. Quando
analisamos a esperança de vida ao nascer, a região Nordeste tem a menor expectativa de todas do país. O
mesmo ocorre para a taxa de mortalidade infantil, os estados do Norte e Nordeste lideram com os maiores
índices nacionais. O número de óbitos de crianças de 0 a 14 anos por doenças infecciosas e parasitárias, no
período de 2008 a 2014, foi maior no Nordeste, mesmo em números absolutos (BRASIL, DATASUS, 2021).
Os dados mais atuais reforçam a permanência dos estados no Norte e Nordeste na infeliz liderança das
taxas de mortalidade infantil no país. Segundo o Ministério da Saúde, o Amapá lidera com 23%, seguido
pelos estados de Roraima (19,8%) e do Amazonas (18,8%). Em último lugar, aparece o estado de Santa
Catarina com 9,9%. Esses dados epidemiológicos indicam que, apesar dos avanços identificados nas
últimas décadas no campo social, precisamos continuar avançando na melhoria da qualidade de vida da
população brasileira.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 13/41
Taxa de mortalidade infantil estimada pelo Ministério da Saúde – unidades da Federação, 2017.
Esses dados não são isolados, na verdade, são fruto da resultante de fatores de diferentes origens que
diminuem as condições de saúde da população.
Quando avaliamos dados e mapas atuais de distribuição de doenças infecciosas e parasitárias pelo país,
podemos observar que a incidência de doenças como dengue, malária, leishmaniose (visceral e cutânea),
doenças de Chagas e esquistossomose são superiores no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A correlação
entre concentração de renda, pobreza, desigualdade social e piores condições de saúde da população não é
à toa.
Saiba mais
Mesmo com a chamada “transição epidemiológica”, ocorrida na segunda metade do século XX, as regiões
Norte e Nordeste continuam concentrando uma alta carga de doenças infecciosas e parasitárias e maiores
taxas de mortalidade proporcional por essas causas.
Falamos em transição epidemiológica. Você sabe o que significa?
Os epidemiologistas chamam de transição epidemiológica – também conhecida por polarização
epidemiológica ou transição de morbimortalidade – as mudanças no perfil de morbidade e mortalidade
observados no Brasil no pós-Segunda Guerra Mundial.
Para elucidar, vamos conhecer a transição epidemiológica das doenças infecciosas e parasitárias no Brasil
(ARAÚJO, 2012):
Morbimortalidade
Morbimortalidade é um conceito da Epidemiologia que se refere ao índice de óbitos em decorrência de uma
doença específica dentro de determinado grupo populacional (número de habitantes) em um tempo
determinado.
Antes de 1940
A t d 1940 d
Meados de 1970
E fil d
1986
E 1986 d
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 14/41
Ainda quando analisamos a relação do componente social com as taxas de incidência de tuberculose no
Brasil, podemos observar uma correlação positiva entre baixos índices de desenvolvimento humano (IDH) e
áreas com maiores taxas de incidência. A correlação é também positiva quando comparamos a incidência
da tuberculose com o PIB municipal per capita.
A exceção fica apenas para o Rio de Janeiro que tem as maiores taxas de incidência do país, mas produz o
segundo maior PIB dos estados. Os dados epidemiológicos de incidência da tuberculose, quando
comparados com indicadores socioeconômicos e demográficos, fornecem importantes informações sobre
como a condição social pode influenciar na distribuição e incidência de determinada doença.
Violência e saúde
Nas grandes cidades, a violência atinge direta e indiretamente a vida de milhões de pessoas, sendo
considerada um importante DSS.
Entende-se como diferentes tipos de violência:

Gênero

Sexual

Física

Psicológica
Antes de 1940, as doenças
infecciosas e parasitárias
eram a principal causa de
morte no Brasil,
correspondendo a quase
metade dos óbitos no país.
Esse perfil mudou e as
doenças do aparelho
circulatório ultrapassaram as
doenças infecciosas e
parasitárias, tornando-se a
principal causa de
mortalidade.
Em 1986, as doenças
infecciosas e parasitárias
correspondiam a menos de
10% do total de óbitos no
país.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 15/41

Urbana
A violência gera danos, traumase mortes, trazendo consigo um alto custo social e emocional para a vida
das pessoas. O impacto para o sistema de saúde também é alto, visto a enorme e crescente quantia de
recursos que são destinados ao atendimento dos pacientes. Hoje, já sabemos que a violência disseminada
pelo Brasil vai muito além da questão social.
Entretanto, é em ambientes com condições escassas de oportunidades e pobreza acentuada que a
violência faz o seu maior número de vítimas. Devemos tomar cuidado para não associar a pobreza à
violência, pois estaríamos caindo no erro de criminalizar a primeira. A pobreza e os pobres são as maiores
vítimas da violência como fator de vulnerabilidade e fragilização das condições plenas de bem-estar.
Vulnerabilidade
Vulnerabilidade socioeconômica é uma combinação de fatores que deterioram o bem-estar pessoal e
social. Os grupos sociais em situação de vulnerabilidade têm limitado acesso a recursos e poder político,
econômico e social.
Saiba mais
Dados mais recentes indicam que o número de pessoas vivendo em extrema pobreza no Brasil aumentou de
6,6% (13,9 milhões de pessoas), em 2019, para 9,1% (19,3 milhões de pessoas), em 2021. É válido destacar
que são consideradas famílias em situação de extrema pobreza aquelas que têm renda mensal de até
R$89,00 por pessoa (HESSEL, 2021).
O combate à violência é um dos maiores desafios do Brasil, não somente no campo social e econômico,
mas também no âmbito sanitário. As ligações entre saúde e violência são tão fortes que precisaremos de
décadas de ações governamentais e implementação de políticas públicas para reduzir as desigualdades
sociais e melhorar os indicadores de saúde da população, como os índices de mortalidade, nutrição e de
desenvolvimento social.
Mas como intervir nos determinantes sociais da saúde para combater as iniquidades e como a
epidemiologia pode ajudar?
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 16/41
A violência afeta a saúde de múltiplas formas.
Primeiro, devemos reconhecer e admitir que a saúde é um estado de bem-estar que inclui muitos aspectos
da vida humana. A saúde é dependente da justiça social, da renda, da alimentação, da educação, das
condições de moradia, da paz e de um ambiente saudável. A partir do reconhecimento que esses requisitos
são necessários para a promoção da saúde, é possível traçar e planejar ações, programas e políticas
públicas.
O relatório da CNDSS reconhece que existiam na época programas e ações
governamentais e intersetoriais que teriam impacto na melhoria das condições de
saúde da população. Ações feitas, por exemplo, pelo Ministério da Educação ou da
Agricultura, apesar de não serem direcionadas para a saúde, teriam impacto a
médio e longo prazo nas condições de saúde. No entanto, a falta de integração e
articulação das ações gerava resultados pouco significativos para o setor de saúde.
Nas últimas duas décadas, o Brasil experimentou a implementação de diversas políticas públicas voltadas
para as populações mais carentes. Em 2004, foi criado o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS) que desenvolveu políticas de proteção social básica, erradicação do trabalho infantil,
transferência de renda governamental com condicionantes, redução da pobreza extrema e acesso à
alimentação. O MDS criou programas internacionalmente reconhecidos, como o Fome Zero e o Bolsa
Família que ajudaram milhões de brasileiros a saírem da faixa da extrema pobreza e da insegurança
alimentar crítica. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que, entre os anos de
1995 e 2004, houve uma redução de 28% da desigualdade, impulsionada a partir da implantação do Bolsa
Família.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 17/41
Cartão do programa Bolsa Família.
É importante destacar que o Bolsa Família, além de uma política de transferência de renda, condicionava as
famílias que recebiam o auxílio a cumprir exigências nas áreas de educação e saúde. As crianças das
famílias beneficiadas pelo auxílio deveriam frequentar a escola regularmente e ter a caderneta de vacinação
atualizada com todas as vacinas disponíveis no Programa Nacional de Imunizações.
Este é um exemplo de integração exitosa de políticas públicas com efeito em diferentes setores. A
vacinação de crianças contribuiu, por exemplo, para a redução da mortalidade infantil por doenças
diarreicas e para a incidência de hepatites virais. Veja a seguir (FRANÇA et al., 2017):
O acompanhamento da frequência escolar de crianças e adolescentes beneficiárias do programa trouxe
resultados a longo prazo, com o aumento do número de jovens alfabetizados. Dados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílio (PNAD) indicam que a taxa de analfabetismo em todo o país passou de 11,5%, em
2004, para 8,7%, em 2012.
Saiba mais
Em 2021, a partir da medida provisória nº 1.061 de 09/08/2021, foi instituído o Programa Auxílio Brasil e o
Programa Alimenta Brasil, que foi implementado em novembro de 2021. Na prática, o bolsa família foi
incorporado a outras políticas assistenciais de transferência de renda, no novo benefício social.
O Ministério da Saúde apoiou diferentes projetos na área de saneamento básico em regiões vulneráveis,
rurais e pequenos municípios. Como você deve saber, a falta de saneamento está relacionada com o ciclo
Mortalidade infantil na década de 1990
Em 1990, a prematuridade (11,35 a cada 1000) era a primeira causa de mortalidade infantil
em menores de 5 anos no Brasil, seguido das doenças diarreicas (11,07 a cada 1000).
Mortalidade infantil em 2015
Vinte e cinco anos depois, em 2015, a prematuridade (3,18 a cada 1000) continua ocupando o
primeiro lugar, mas com significativa redução da taxa. As doenças diarreicas saíram da lista
das 20 principais causas de mortalidade em menores de 5 anos, e agora as anomalias
congênitas (3,06 a cada 1000) ocupam o segundo lugar.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 18/41
de transmissão de muitas doenças, inclusive as transmitidas pelo mosquito Aedes aegypt. Há uma
desigualdade regional na cobertura de saneamento básico, cerca de 17% dos municípios brasileiros, de um
total de 5.570, ainda não dispõem de fornecimento regular de água encanada ou tratamento de esgoto.
Muitos municípios brasileiros ainda não dispõem de redes de coleta de esgoto e água encanada.
O Brasil precisa enfrentar velhos desafios de diferentes origens e complexidades para possibilitar melhores
condições de vida e trabalho para a população. Os governos, em todas as esferas de poder, devem ampliar
de forma contínua os investimentos em políticas públicas estratégicas, principalmente no campo social e
econômico.
Atenção!
A descontinuidade de ações é um problema que dificulta o resultado das políticas a longo prazo. É de se
imaginar que o resultado da transferência de renda ou de investimentos em educação levem tempo, às
vezes, décadas, até serem notados. Como vimos, as ações de educação condicionadas ao recebimento do
Bolsa Família, implementadas em 2004, tiveram resultado significativo em 2012, com a redução do
analfabetismo. Outro ponto fundamental nas políticas públicas diz respeito à articulação das ações, que
devem ser prioritariamente intersetoriais, para terem alcance ampliado e responsabilidades compartilhadas.
As ações de combate aos DSS vão muito além das competências do setor de saúde, exigindo, portanto, a
articulação e contribuição coordenada de diferentes setores. No entanto, todas as ações de intervenção
sobre os DSS devem ser baseadas em evidências científicas, dados demográficos e epidemiológicos, e
voltadas para a promoção da saúde. Desse modo, deve-se também investir no desenvolvimento de estudos
e pesquisas em duas frentes:
1. Avaliação do impacto de cada DSS na vida da população e suas implicaçõesnas condições de saúde,
baseada na análise de indicadores de saúde da população e em índices epidemiológicos e demográficos.
2. A partir da análise inicial do impacto de cada DSS, propor estratégias e políticas de combate e redução
de riscos com foco na promoção da equidade em saúde.
Até aqui você estudou o que são os DSS, como eles tem o poder de impactar as condições de vida da
população e o que pode ser feito para minimizar esse efeito. No próximo módulo, você estudará a
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 19/41
epidemiologia social e como a sociedade e os diferentes modos de organização social influenciam a saúde.
Políticas públicas de saúde e ações intersetoriais para combater as iniquidades da saúde no Brasil.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Qualidade de vida e determinantes sociais da saúde
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Saúde como produção social
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
A Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde

16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 20/41
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Aprendemos sobre os determinantes sociais de saúde. Sobre esse assunto, analise as afirmativas a seguir:
I. O entendimento da saúde como um fenômeno social e humano é equivocado, visto que a saúde é apenas
um processo biológico.
II. O conceito de determinação social da saúde deve abranger, por exemplo, o estudo de como as
necessidades e as práticas de saúde são socialmente criadas e reforçadas pelo modelo econômico
mundial.
III. A solidariedade e a coesão social são elementos que permitem uma sociedade mais saudável.
É correto o que se afirma em:
A I, apenas.
B III, apenas.
C I e II.
D I e III.
E II e III.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 21/41
Parabéns! A alternativa E está correta.
A primeira afirmativa é falsa, visto que a saúde é produto da associação de múltiplos fatores,
incluindo aqueles de origem biológica e social. A segunda e terceira afirmativas são verdadeiras,
pois a saúde tem relação com as práticas socialmente criadas e são muito potencializadas pela
lógica do modelo econômico mundial. Estudos indicam que sociedades mais solidárias e coesas
são mais saudáveis e tendem a apresentar menor carga de doenças psicossociais.
Questão 2
Há uma relação direta de causa e efeito entre os fatores gerais de natureza social, econômica e política e os
indicadores de saúde de determinada população. Assinale a alternativa que contém a definição de
iniquidades em saúde.
A Problemas de natureza unicamente política que impactam a saúde.
B Questionamentos de origem moral que dificultam o acesso à saúde.
C
Desigualdades sistemáticas observadas na saúde entre os diferentes grupos da
sociedade.
D Deficiências de planejamento estratégico para a saúde.
E Políticas públicas de saúde para fortalecer o princípio da equidade em saúde.
Parabéns! A alternativa C está correta.
As iniquidades em saúde são resultado das desigualdades sistemáticas de diferentes origens que
impactam sobre a condição de saúde da população. Considera-se que as iniquidades são injustas
e evitáveis, no entanto, são resultado do próprio modelo econômico mundial que acirra a
existência das desigualdades.

16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 22/41
2 - Epidemiologia aplicada por níveis de
determinação
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a aplicação da
Epidemiologia por nível de determinação.
Introdução à Epidemiologia por níveis de
determinação
O planejamento dos serviços de saúde requer o uso da Epidemiologia enquanto disciplina científica para
organizar e nortear as ações do poder público. A avaliação das condições de vida e saúde da população, ou
seja, dos DSS, depende da exaustiva análise de dados e indicadores epidemiológicos.
Em função do tipo de aplicação e do objeto de análise, a Epidemiologia pode ser dividida em diferentes
tipos, como:

Epidemiologia social
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 23/41

Epidemiologia genética

Epidemiologia ambiental

Epidemiologia clínica

Epidemiologia nutricional
A partir de agora, estudaremos com mais detalhes cada uma das divisões da Epidemiologia.
A epidemiologia e seus diversos ramos de estudo.
Epidemiologia social
Apesar da Epidemiologia em geral considerar os aspectos sociais, a Epidemiologia Social distingue-se pelo
fato de focar em como os aspectos sociais que os indivíduos estão inseridos influenciam o processo saúde-
doença.
Saiba mais
Embora o princípio da Epidemiologia social exista desde meados do século XVII, foi apenas nos séculos XIX
e XX que sua sistematização permitiu seu estudo enquanto disciplina acadêmica. Diversas teorias foram
estudadas ao longo desses anos, seus conceitos mais básicos vêm sendo extraídos da Sociologia,
Economia, Ciência Política e Antropologia Médica.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 24/41
Importantes pesquisadores debatem a existência de diferentes vertentes teóricas dentro da Epidemiologia
social. A primeira vertente destaca a importância de se levar em consideração, na origem das doenças,
aspectos como: a expressão biológica da desigualdade social, os diversos aspectos da discriminação,
assim como aspectos sociais que levam à privação (material e social) e o curso de vida dos indivíduos.
Um dos fatores que causam impacto na epidemiologia social é a distribuição de renda.
Outras correntes teóricas defendem que nem todos os determinantes representam atributos individuais,
sendo então levada em consideração a combinação de variáveis grupais ou ecológicas (desigualdade de
renda, local da moradia). Trata-se de uma análise complexa que investiga os determinantes e desfechos em
diferentes níveis de hierarquia e organização, além de analisar as interações entre esses níveis. Essa forma
de análise é chamada de Ecoepidemiologia.
Entretanto, se pararmos para pensar, a Epidemiologia social deve levar em
consideração não somente a situação atual que o indivíduo e a população estão
inseridos, mas também abordar como os diferentes modos de organização social
influenciam na saúde – entendendo-se saúde como bem-estar dos indivíduos e
comunidade.
Também podemos considerar uma vertente com forte raiz no materialismo histórico, onde observa-se o
indivíduo e a sociedade sob um ponto de visto histórico e econômico, relacionando-se com a origem e
determinação da distribuição de doenças. A teoria do capital social muito se assemelha a essa vertente por
buscar entender os mecanismos pelos quais a desigualdade de renda e a forma como a sociedade está
estruturada pode afetar a saúde de cada pessoa.
Com a expansão da tecnologia e das interações sociais por meio virtual durante a pandemia de COVID-19,
observou-se um expressivo aumento dos casos de depressão e crises de ansiedade, principalmente entre
os jovens.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 25/41
Doenças de origem psicossocial são cada vez mais frequentes na população.
A relação dos indivíduos com eventos de sucesso, fracasso, frustação, estresse e/ou pressão podem levar
ao comprometimento da qualidade da saúde mental e, consequentemente, ao aparecimento de doenças de
origem psicossocial. A Epidemiologia social moderna, em sua vertente psicossocial, também estuda essas
relações e tenta entender o papelde múltiplos agentes estressores no processo saúde mental-doença.
As diversas abordagens apresentam suas características, mas ainda parecem ser insuficientes para
conseguir realmente ter uma análise mais precisa e correta de problemas complexos que afligem a
população, em especial na saúde. O grande desafio é tentar formular um modelo que fielmente se aproxime
da realidade e consiga orientar ações no sentido de reduzir e mitigar os problemas de saúde da população.
Epidemiologia molecular e genética
Um dos ramos da Epidemiologia é a Epidemiologia molecular. Essa área foi criada com o surgimento e
desenvolvimento das técnicas de biologia molecular nas últimas décadas. Dentro da Epidemiologia
molecular, existem subáreas que a compõe, são elas:

Epidemiologia do câncer

Epidemiologia ambiental

Epidemiologia das doenças infecciosas
Umas das maiores vantagens do uso da biologia molecular na Epidemiologia é poder identificar o agente
causador da doença, se é uma doença infecciosa, se é algum tipo de doença crônica ou até mesmo de
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 26/41
origem genética.
Com esses estudos se torna possível identificar e separar os grupos de acordo com o tipo de doença,
permitindo assim o diagnóstico preciso. Algumas doenças podem ser identificadas pelos exames que
detectam os biomarcadores. Como por exemplo, o câncer de ovário pode ser identificado por um exame de
sangue que identifica o marcador CA125.
Biomarcadores
São moléculas que podem ser medidas e quantificadas, indicando a ocorrência da função normal ou
patológica (em caso de alguma doença) do organismo.
Diagnóstico molecular.
Vamos ver dois exemplos para entendermos melhor:
No Brasil, geralmente, temos epidemias de dengue anualmente. Com a introdução de outros vírus
que causam doenças com sintomas semelhantes à dengue, o diagnóstico clínico se tornou mais
complicado. Ao ser aplicado técnicas de biologia molecular para diagnosticar o agente causador da
doença, se torna possível distinguir se a pessoa está infectada com o vírus da dengue, zika ou
chikungunya, por exemplo. E, então, separar os casos e acompanhar de perto a epidemia, dando
oportunidade de gerar ações de promoção a saúde.
Outra aplicação da biologia molecular na Epidemiologia é tornar possível a identificação e/ou a
confirmação da ocorrência de surtos, observando se eles são casos endêmicos ou esporádicos. Os
Dengue 
Surtos hospitalares causados por infecções bacterianas e virais 
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 27/41
surtos são caracterizados pelo aumento do número de casos de determinada doença em um período
de forma não esperada para aquela população.
Um exemplo que pode nos ajudar a entender seria a ocorrência de surtos em hospitais, no qual
muitos pacientes ficam doentes e têm o mesmo agente causador.
É muito comum ocorrer, por exemplo, surtos hospitalares causado por Salmonella spp., rotavírus e
vírus sincicial respiratório nas unidades pediátricas. E você, com certeza, já deve ter ouvido falar de
algum conhecido que teve pneumonia bacteriana enquanto estava internado no hospital e que vários
outros pacientes também tiveram ao mesmo tempo, então, a investigação desses surtos é
necessária para auxiliar no manejo dos pacientes doentes e para evitar novas infecções.
Grande parte dos surtos hospitalares são originados a partir da negligência da tomada de medidas
de proteção de biossegurança básicas, como a simples lavagem das mãos. Neste sentido, a
orientação e capacitação dos profissionais de saúde deve ser constante para aprimorar as técnicas
e reduzir as chances de contaminações cruzadas dentro do ambiente hospitalar.
Vírus sincicial
O vírus sincicial respiratório é muito comum e causa infecções do trato respiratório. É uma das principais
causas de infecções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos e crianças.
Além disso, com os dados obtidos na Epidemiologia molecular, como no exemplo acima de infecção
hospitalar, é possível separar em grupos de acordo com a gravidade da doença, tornando possível a
identificação também de fatores de risco associados à infecção. E não só isso, é possível classificar de
acordo com a exposição, tendo então grande utilidade para investigar a influência da exposição e se o tipo
de microrganismo tem relação com a progressão e com o prognóstico da doença apresentada e até mesmo
avaliar pequenas diferenças entre microrganismos da mesma família.
A epidemiologia e controle das infecções
hospitalares
Neste vídeo, o mestre Helver Dias irá apresentar a importância da epidemiologia para o controle das
infecções hospitalares.

16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 28/41
O que podemos ver até aqui são grandes vantagens da aplicação da epidemiologia molecular na promoção
da saúde, mas, como todo método, existem limitações.
Amostras de sangue.
Um fator limitante é a amostra coletada, não adianta termos um teste muito bom se não tivermos uma
amostra bem coletada ou uma amostra que possa ser utilizada com o método escolhido. Na maior parte
das vezes, são coletadas amostras de sangue, de urina, de fezes ou até mesmo swabs, dependendo da
suspeita clínica em questão. Para a aplicação dessas técnicas moleculares é necessário um laboratório que
esteja equipado com equipamentos, reagentes e mão de obra qualificada. Porém, nem sempre há um
método molecular validado para responder o problema epidemiológico que se enfrenta.
Outro ramo da Epidemiologia que vamos discutir é Epidemiologia genética, que visa desvendar o papel dos
determinantes genéticos na saúde e na doença, e sua interação complexa com fatores ambientais.
O início da Epidemiologia genética é marcado pela identificação de doenças relacionadas com alteração em
um único gene, conhecidas também como doenças mendelianas, uma vez que elas seguem o padrão de
herança genética descrito por Gregor Mendel, em 1866.
Atualmente, já se sabe que, dificilmente, a variação genética de um único gene (monogênicas), sem a
influência ambiental, vai determinar o aparecimento da maior parte das doenças.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 29/41
Visualização da análise genômica.
Curiosidade
Você sabe quais doenças genéticas são caracterizadas pela mudança em um único gene e que levam a
produção de um fenótipo característico? Essas doenças também recebem a denominação de fenótipos ou
“traços”, sendo que já foram descritos mais de 1.200 traços, entre eles estão a doença de Huntington,
fibrose cística, hemofilia A e B, intolerância à lactose e anemia falciforme.
Atualmente, com o avanço tecnológico, a Epidemiologia tem sido particularmente bem-sucedida no
mapeamento de genes e no entendimento de doenças complexas comuns, que são causadas por
alterações em muitos genes, que apresentam efeitos leves a moderados. A interação com os fatores
ambientais é complexa e requer a interação de pelo menos dois genes.
Nesse caso, não existe um gene específico da doença, mas sim fortes influências genéticas, principalmente
hereditárias, que estão sendo expressas a partir do estímulo ambiental.
Alguns exemplos de doenças complexas são diabetes, hipertensão, asma e câncer.
Portanto, trata-se de identificar, descrever e analisar características e fatores relacionados ao agente,
hospedeiro, meio em que o hospedeiro está inserido, tempo e espaço. Cada ponto a ser analisado pode ser
subdividido, conferindo uma camada maior de complexidade. No caso de o hospedeiro ser o homem,
podemos estratificar de acordo com a idade, grupo sanguíneo, sexo, profissão etc. Pode-se estratificar
também o lugar de acordo com o nível de industrialização, poluição do ar, radiação UV etc. Assim,
percebemosque a análise multifatorial é bem complexa.
Epidemiologia clínica e nutricional
A Medicina praticada no início do século XX, em especial, a clínica médica, baseava-se em experiências e
observações particulares de médicos e do pouco conhecimento da fisiopatologia das doenças que se tinha
à época. Os trabalhos publicados eram baseados em observações não sistematizadas, com número
amostral pequeno de pacientes e, deste modo, com pouco ou nenhum rigor científico e epidemiológico.
Hoje, temos a aplicação da Epidemiologia clínica que trouxe maior segurança, ética
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 30/41
e confiabilidade aos ensaios clínicos que suportam a prática da medicina.
A Epidemiologia clínica, como você deve imaginar, é um ramo que tem como objetivo auxiliar as decisões
clínicas a serem tomadas. Essa área de estudo leva em consideração as evidências geradas nos estudos
clínico-epidemiológicos, que são suportados pela complexidade das novas metodologias para diagnóstico,
terapia e prevenção. É a Medicina baseada em evidências científicas, que apresenta uma análise mais
criteriosa com melhor avaliação de riscos, benefícios e custos ao paciente. Dentro da Epidemiologia clínica,
utiliza-se muito a Epidemiologia descritiva para avaliação da frequência ou distribuição das doenças, e a
Epidemiologia analítica para o estudo dos fatores e causas que explicam essa distribuição.
Por se basear em evidências cientificas, é importante saber onde procurar e ter análise crítica do conteúdo
que se está lendo. Veja a seguir dois tipos de fonte de informações:
Ensaios clínicos randomizados
Uma boa fonte de informações são os artigos científicos, de preferência os grandes ensaios clínicos
randomizados. Esses ensaios podem ser estudos observacionais que apresentem boa qualidade
metodológica e analítica, além de um bom embasamento teórico. Hoje, existem à disposição muitos
ensaios clínicos de qualidade que podem ser consultados.
Revisões sistemáticas
Uma outra forma de se obter informações confiáveis é a partir das chamadas revisões sistemáticas. Nesse
tipo de estudo, são identificadas e reunidas diversas pesquisas originais e os dados são compilados com o
objetivo de sistematizar os resultados, buscando sempre extrair as informações mais consistentes.
A estatística é uma grande aliada nas revisões sistemáticas, sendo usada para estimar, por exemplo, o risco
relativo a partir de dados obtidos em diferentes estudos. Por reunir um grupo de pesquisas diferentes, a
revisão sistemática é capaz de dar maior robustez estatística ao dado e maior confiança para a tomada de
decisão na abordagem clínica.
Os livros-texto e as chamadas diretrizes (também conhecidas como guidelines) são até hoje a forma mais
utilizada para consulta.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 31/41
As diretrizes são formuladas geralmente por órgãos federais ou por sociedades médicas que tomam como
base trabalhos originais, ensaios clínicos e estudos observacionais. Uma das grandes vantagens das
diretrizes é sua constante avaliação e atualização de acordo com novas informações.
Já os livros-texto, apesar de apresentarem a vantagem de terem as informações de forma mais condensada
e organizada, apresentam grande desvantagem em relação à atualização do conteúdo.
A todo momento novas informações são publicadas, em velocidade e volume que impede até mesmos os
especialistas da área em se atualizar. Portanto, durante o tempo de produção e liberação desses livros,
novas informações já foram publicadas.
Atenção!
Assim como em todas as áreas, aqui não seria diferente, é sempre importante fazer uma análise crítica do
conteúdo que se está lendo. Buscando sempre analisar se os objetivos do estudo foram mostrados de
forma clara nos resultados obtidos e qual a relevância daquela informação.
A partir da análise do estado clínico do paciente e da relação entre evidência clínica e efetividade (benefício
de se usar determinada conduta clínica na prática), pode-se traçar abordagens para avaliação da
necessidade e da qualidade da intervenção para cada paciente. Claro, espera-se sempre que o benefício
seja superior ao dano ou que este seja nulo. Nesse sentido, diferentes elementos são avaliados, como a
gravidade do caso, as alternativas disponíveis, os valores e a vontade do paciente, entre outros.
No esquema a seguir, vemos um paralelo da avaliação da necessidade e da qualidade da intervenção para
cada paciente.
Abordagens para avaliação da necessidade e da qualidade da intervenção para cada paciente.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 32/41
Uma grande aliada da Epidemiologia clínica é a Epidemiologia nutricional. Essa área visa estudar a
contribuição alimentar (consumo e uso de diferentes alimentos) para o estado nutricional e,
consequentemente, para a saúde da população.
Por tratar-se de uma área focada na alimentação, a Epidemiologia nutricional se preocupa com o tipo de
alimentação e com a qualidade do alimento.
O foco é voltado para a segurança do alimento, com avaliações microbiológicas, químicas (investigação de
substâncias químicas como pesticidas) ou físicas, sempre visando garantir um alimento livre de
contaminações e que não acarretem prejuízos, seja em curto ou longo prazo, para a saúde da população.
Considerando que todos os alimentos estão em condições ideais para consumo, passamos para uma fase
de avaliação da quantidade ingerida. É importante haver equilíbrio na ingestão dos diversos nutrientes na
alimentação. Então, nesse momento, se torna crucial a avaliação de possíveis excessos ou deficiências de
nutrientes no dia a dia.
Alimentação balanceada
Uma alimentação balanceada considera a ingestão necessária de alimentos para atender às
necessidades nutricionais do indivíduo, não prevendo excessos ou carências.
Prevenção de doenças
Com um acompanhamento adequado do estado nutricional, independentemente da idade ou sexo, é
possível prevenir o aparecimento de certas doenças a curto e longo prazo.
Com os avanços da ciência, foi possível compreender melhor a influência da dieta no desenvolvimento de
doenças crônicas não transmissíveis, como por exemplo, alguns tipos de câncer. Doenças como asma e de

16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 33/41
origem alérgica, ainda estão sob investigação da sua relação com o suporte nutricional do portador, mas
ainda é um caminho bem longo que precisa de mais investigações.
No entanto, algumas certezas vêm sendo reforçadas pelos estudos epidemiológicos. Cada vez mais, a
ciência enfatiza a necessidade de mudança nos padrões dietéticos atuais: precisamos reduzir fortemente o
consumo de alimentos altamente processados, com alta densidade energética, muito gordurosos e cheios
de açúcar, aumentando cada vez mais o consumo de frutas, fibras e vegetais de boa qualidade.
O que evitar e o que comer para ter uma boa saúde.
Com uma alimentação mais saudável e balanceada é possível prevenir e reduzir a incidência e mortalidade
de muitas doenças crônicas de alta prevalência na população, como a obesidade, diabetes e a hipertensão
arterial.
E como são desenhados os estudos em Epidemiologia nutricional?
Por ser um ramo da Epidemiologia, pode-se utilizar os mesmos tipos de estudos realizados neste setor em
geral. São utilizadas as mesmas ferramentas, porém, de forma ampla, os estudos observacionais,
transversais, comunitários aleatorizados e controlados são os tipos mais utilizados. Entenda melhor sobre
eles a seguir:
Estudos observacionais
Nos estudos observacionais, quando bem estruturados, são realizados estudos caso-controle ou coorte.
Nesse tipo de estudo, temos um grupo controle, grupo que está em condiçõesnormais e não sofre de
nenhuma doença ou privação de nutriente e o grupo foco do estudo, que são justamente os indivíduos
doentes, ou seja, aqueles tiveram a doença em questão e tiveram, ou não, a privação de algum nutriente.
Para verificar se existe correlação entre a privação do nutriente e o desenvolvimento da doença, deve-se
comparar os resultados dos dois grupos. Para isso, utiliza-se a estatística, testando-se a hipótese de
associações de fatores causais ou até mesmo se a intervenção realizada tem algum impacto.
Estudos transversais
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 34/41
No caso de estudos transversais, busca-se identificar associações relevantes para as questões
levantadas, estabelecendo hipóteses causais. Nesse tipo de estudo, são feitas análises de dados
coletados em um momento definido, não tendo acompanhamento a longo prazo da população estudada.
Por exemplo, pode-se selecionar uma população de estudantes do último ano do ensino médio de
determinada escola e aplicar questionários para avaliar os hábitos alimentares dessa população. O
objetivo é coletar dados para estudar o grupo em um único ponto no tempo. A partir dos resultados, a
nutricionista da unidade escolar pode inserir determinados alimentos na merenda para suprir as carências
nutricionais dos jovens.
Ensaios comunitários
Por fim, os ensaios comunitários são aleatorizados e controlados. Esses estudos investigam o papel da
intervenção no grupo pesquisado, ou seja, será testada a hipótese da redução do desfecho principal
frente a uma intervenção programada e direcionada.
Vamos para um exemplo. Estudos de caso-controle mostraram a relação da deficiência da vitamina A
com a ocorrência de diarreias e infecções respiratórias. Um fato interessante observado é que a vitamina
A aparenta ter efeito protetor nas mucosas. Então, querendo investigar mais a fundo, estudos são feitos
para investigar se a suplementação alimentar de vitamina A diminuiria os casos de diarreia e infecções
respiratórias. Os estudos sugerem que, no caso de diarreias, uma redução de casos foi observada, mas
em relação às infecções respiratórias a hipótese não pôde ser comprovada.
No início, a Epidemiologia clínica se deparava principalmente com doenças transmissíveis, visto que a
incidência dessas doenças era muito alta na população em geral. Após a Segunda Guerra Mundial, o rápido
desenvolvimento industrial de produtos farmacêuticos e médicos, impulsionou a mudança no perfil de
morbimortalidade. Desta vez, as doenças crônicas não transmissíveis assumiram o primeiro lugar em
número de casos.
Ao longo dos anos, os estudos foram auxiliando cada vez mais no entendimento, tratamento e prevenção
dessas doenças. A Epidemiologia nutricional foi ganhando mais espaço e importância ao mostrar seu
impacto positivo na saúde da população. A conscientização de uma vida com hábitos mais saudáveis,
alimentação balanceada e prática de exercícios físicos, integra as principais perspectivas da Epidemiologia
contemporânea. No entanto, inúmeros desafios são postos à mesa para a ampliação de um estilo de vida
mais saudável e que reduza a carga de doenças na população.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 35/41
Vitaminas são essenciais para nossa saúde.
Epidemiologia ambiental
A Epidemiologia ambiental tem como objetivo estudar as causas ambientais, sejam elas físicas, químicas,
biológicas, mecânicas, ergonômicas e/ou psicossociais, bem como a distribuição desses eventos
relacionados com a saúde do homem.
Discute-se na Epidemiologia ambiental que quantificar a exposição a determinado fator ambiental é sempre
um desafio.
Diversos fatores impactam na nossa saúde e na saúde coletiva.
Leva-se em consideração diversos agentes causais, que podem ser formados por apenas um ou diferentes
compostos químicos. A presença desse(s) composto(s) em mais de um alimento, por exemplo, traz(em)
grandes dificuldades na investigação e comprovação da hipótese científica. Além disso, outros fatores
podem influenciar no desfecho final, como hábitos e comportamentos particulares da população estudada,
alimentação, origem da água e tipo de ocupação profissional. Deve-se ainda levar em consideração as
diferenças individuais e populacionais (idade, gênero, susceptibilidade etc.).
E como minimizar esses problemas?
Para isso, é necessário que sejam montados questionários completos captando informações e parâmetros
direcionados para o perfil da população estudada. Pode-se também, em situações específicas, realizar
coletas de água, solo, alimentos e de material biológico das pessoas expostas.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 36/41
E como avaliar os dados obtidos?
As análises estatísticas utilizadas são as mesmas empregadas nos outros estudos epidemiológicos que
vimos. Porém, são de extrema importância a aplicação de análise de dados agregados e análise espacial,
devido as suas características amostrais.
Como é possível entender, esse ramo da Epidemiologia tem papel principal na avaliação dos possíveis
poluentes da água, do ar e do solo que afetam a saúde humana, podendo também avaliar as mudanças
climáticas e seus impactos no ambiente e na saúde do homem.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Epidemiologia social
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Epidemiologia molecular e genética
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Epidemiologia clínica e nutricional

16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 37/41
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Vimos que em função do tipo de aplicação e do objeto de análise, a Epidemiologia pode ser dividida em
diferentes tipos: social, genética, ambiental e clínica e nutricional. Sobre a Epidemiologia genética é correto
o que ser afirma em:
A
Estuda somente os aspectos sociais do indivíduo, sem levar em consideração nenhuma
outra área.
B
Identifica o gene ou os genes responsáveis pela doença, que muitas vezes estão ligados a
influências ambientais.
C
Identifica doenças complexas comuns que são as que apresentam alteração em um único
gene.
D
Estuda todas as alterações genéticas das populações, independente se essa alteração
causa ou não doença.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 38/41
E Estuda somente doenças que seguem a lei da herança mendeliana.
Parabéns! A alternativa B está correta.
A Epidemiologia genética, assim como outras áreas dentro da Epidemiologia tenta considerar os
diversos fatores aos quais o indivíduo está exposto. Sua exposição ambiental, alimentação,
ocorrência de infecções e tendências ao desenvolvimento de certas doenças genéticas são
fatores importantes para o entendimento e a identificação de possíveis genes ligados a certas
doenças. Hoje, como sabemos, muitas doenças que apresentamos ao longo do tempo são as
chamadas doenças complexas comuns, nas quais há influência de 2 ou mais genes somados à
exposição ambiental e não apenas um, por isso não seguem a lei da herança mendeliana, que
avalia um único gene.
Questão 2
O termo “Epidemiologia clínica” foi introduzido pela primeira vez por John R. Paul, em seu discurso
presidencial na Sociedade Americana de Investigação Clínica, em 1938. Sobre a Epidemiologia clínica, é
correto afirmar que:
I. É um ramo da Epidemiologia que auxilia nas decisões clínicas.
II. Essa área leva em consideração as evidências geradas nos estudos clínico-epidemiológicos que são
suportados pelas metodologias de diagnóstico, terapia e prevenção.
III. Nos dias atuais,se baseia somente na experiência e no dia a dia do médico, sem considerar novos
estudos, visto que muitos contêm erros e são difíceis de confiar.
Estão corretas as afirmativas:
A Somente a III.
B I e III.
C II e III.
D I e II.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 39/41
Considerações �nais
Ao longo deste conteúdo, aprendemos conceitos associados à Epidemiologia social, em especial aqueles
relacionados aos determinantes sociais, aos novos paradigmas da saúde e aos aspectos que levam à
persistência das iniquidades da saúde no Brasil. Além disso, estudamos os diferentes níveis de
determinação da Epidemiologia e sua aplicação na saúde. Assim, com posse dos assuntos abordados,
conseguimos entender com maior clareza as condições de saúde no Brasil e no mundo, e o que deve ser
feito para melhorar a situação atual.
Podcast
Neste bate-papo, o mestre Helver Dias fala sobre os determinantes sociais da saúde no idoso.
E Somente a I.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Nos dias de hoje, os estudos médicos, ao traçarem um curso de tratamento, não levam somente
em consideração suas experiências profissionais. Diversos estudos dentro da Epidemiologia e da
Epidemiologia clínica trazem cada vez mais informação de qualidade e auxiliam os médicos nas
tomadas de decisões. Hoje, as pesquisas conseguem ser realizadas com um número maior de
indivíduos participantes, o que dá robustez e confiança aos resultados apresentados, auxiliando
os médicos nas tomadas de decisão.


16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 40/41
Referências
ARAÚJO, J. D. Polarização epidemiológica no Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 21, n.4, p.533-538,
2012.
BRASIL. DATA SUS. Consultado na internet em: 10 out. 2021.
BRASIL. IBGE. Conheça o Brasil – população. Consultado na internet em: 13 out. 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Analfabetismo no país cai de 11.5% para 8,7% nos últimos oito anos.
Consultado na internet em: em 01 out. 2021.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Relatório Anual de Avaliação. Ano base
2007. Consultado na internet em: 01 out. 2021.
COMISSÃO NACIONAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE (CNDSS). As causas sociais das
iniquidades em saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008.
DAHLGREN, G.; WHITEHEAD, M. Policies and Strategies to promote social equity in health. Stockholm:
Institute for Future Studies, 1991.
FILHO, N. A.; BARRETO, M. L. Epidemiologia & Saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro,
RJ: Guanabara Koogan, 2011.
GONÇALVES, A.; GONÇALVES, N. N. E. Epidemiologia genética: epidemiologia, genética ou nenhuma das
anteriores? Cadernos de Saúde Pública, v. 6, n. 4, p. 369–384, 1990.
HESSEL, R. Apesar do crescimento do PIB, dados mostram que Brasil nunca foi tão desigual. Consultado na
internet em: 13 out. 2021.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Após 18 meses de pandemia de COVID-19, OPAS pede
prioridade para prevenção ao suicídio. Consultado na internet em: 13 out. 2021.
PANOUTSOPOULOU, K.; WHEELER, E. Key concepts in genetic epidemiology. Methods in Molecular Biology,
v. 1793, p. 7–24, 2018.
16/05/2022 21:00 Aplicação da Epidemiologia na saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02272/index.html# 41/41
RAMOS, F. L. P. et al. As contribuições da epidemiologia social para a pesquisa clínica em doenças
infecciosas. Revista Pan-Amazônica de Saúde, v. 7, n. esp., p. 221–229, 2016.
SAPOLSKY R.M.; MOTT, G.E. Social subordinance in wild baboons is associated with suppressed high-
density lipoprotein-cholesterol concentrations: the possible role of chronic social stress. Endocrinology, v.
121, p. 1605:1610, 1987.
SENADO FEDERAL. Os muitos males provocados pela falta de saneamento. Consultado na internet em: 01
out. 2021.
SICHIERI, R.; SOUZA, R. A. G. Parte II - Problemas nutricionais brasileiros 21. Epidemiologia nutricional, p.
581, 2007.
SOUZA, H.P. et al. Doenças infecciosas e parasitárias no Brasil de 2010 a 2017: aspectos para vigilância em
saúde. Ver. Panam. Salud Publica, v. 44, n.10, 2020. Consultado na internet em: 01 out. 2021.
Explore +
Para ampliar seus conhecimentos sobre o conteúdo:
Leia:
Iniquidades em saúde no Brasil sob as lentes da sociedade civil, de M.S.Q. Escoda, na Revista de Saúde
Pública, da editora Fiocruz (2008).
Os artigos que relacionam os determinantes sociais da saúde e a epidemiologia crítica disponibilizados
no website da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto.
O artigo A saúde e seus determinantes, de Buss e Filho (2007). Disponível na plataforma Scielo.
Assista:
Ao vídeo Colóquios SNCT 2018 - Determinantes sociais da saúde, do canal Fiocruz, no YouTube.
Ao vídeo As causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil, do canal Fiocruz, no YouTube.
 Baixar conteúdo
javascript:CriaPDF()

Continue navegando