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Peter Hall, Cidades do Amanha, Cap A cidade do Empreendimento

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A Cidade do Empreendimento 
11 · Virando o Planejam_ento de 
ponta-Cabeça: Baltimore, Hong 
l(onQ, Londres (1975-1987) 
{Houve um momento, no decorrer da década de 70, em que o mo-
vimento urbanístico começou a plantar bananeira e a virar do avesso; 
areceu mesmo, por vezes, durante os anos 80, estar à beira da au-f odestruição. ( O planejamento convencional, a utilização de planos e 
regulamentos para guiar o uso do solo pareciam cada vez mais de-
sacreditados. Em vez disso, p planejamento deixou de controlar o cres-
cimento urbano e passou a encorajá-lo por todos os meios possíveis 
e imagináveis.( Cidades, a nova mensagem soou em alto e bom som, 
eram máquinas de produzir riqueza; o primeiro e principal objetivo 
do planejamento devia ser o de azeitar a máquina. O planejador 
foi-se confundindo cada vez mais com seu tradicional adversário, o 
empreendedor; o guarda-caça transformava-se em caçador furtivo. 
Em parte alguma isso ficou tão evidente como na Inglaterra; 
talvez por um desses atos de justiça típicos dos antigos dramalhões, 
tenha cabido à terra que dera vida ao movimento servir também de 
palco a seus últimos estertores aparentes. \Mas a origem de toda essa 
reversão está nos Estados Unidos, onde o planejamento regulamen-
tador nunca fora realmente forte e o hábito do desenvolvimento, a 
tradição da livre iniciativa sempre haviam predominado.r 
IA causa-raiz foi econômica. O planejamento convencional do 
us~ do solo florescera no grande boom dos anos 50 e 60, talvez 0 
mais lo , . , · · · 
1
. ngo penodo de crescimento continuo que a economia capi-
ta 1sta J. • • d' · · amais conheceu.! Isso porque servira como me10 para mgir 
~~:trotar O explosivo crescimento físico. A grande recessão das 
b'. as de 70 e 80 acarretou uma mudança na natureza do problema 
as1co ob d . , serva o, objeto do planejamento, ameaçando, assim, a pro-
I 
* 
408 CIDADES DO AMANHÃ 
pria legitimidade deste.~ golpe com que atingiu a econom· b . 
foi sobremaneira rude, pondo a nu profundas debilidades 1ª ntânica 
grande parte da base manufatureira do país desapareceu 
O 
est~turais: 
a perda de 2 milhões d_e empregos fabris só entre 197 I e' 1 ;~
1
1
°nando 
nova geografia emergiu, pondo em contraste as áreas int · Unia 
. 1 - ra-urb!'I ... decadentes - que agora me ufam nao só velhos casos probl "'1<\s 
. emáti como Glasgow e Liverpool, mas as outrora orgulhosas sed cos, 
L d B. . h es da ni nufatura, como on res e 1rmmg am - com os corredor d a. 
tecnologia, ainda em expansão, da Inglaterra meridional2~ es e alta 
(Desenvolvimento paralelo ocorreu nos Estados Unid . 
também, as regiões industriais tradicionais - Nova Inglaterraº\~ Ah, 
Atlântica Central e sobretudo o Centro-Oeste - foram com'ª osta 
• o as de ultramar, atacadas pelos mesmos vírus da concorrência da 
nos lucros e da reestruturação( O cinturão fabril da n;ça-
0 
q~eda . agraciado com um novo epíteto por parte da mídia: Bacia Enr 
. 1erru. jada. Barry Bluestone e Bennelt Harnson, em seu livro dramaf 
mente intitulado The Deindustrialization of America, estimavam ~ca. 
durante os anos 70, o efeito combinado de indútrias em fuga, fec~:~ 
mento de fábricas e permanentes reduções físicas teriam custado ao 
país nada menos que 38 milhões de empregos. E de um total cal-
culado de 35 milhões de empregos perdidos entre 1969 e 1976, mais 
da metade situava-se no chamado cinturão congelado: em outras pa-
lavras, no coração mesmo da região industriaP. 
Planejadores e seus líderes políticos urbanos foram pegos de 
surpresa. Haviam-se esquecido de sua história. Como observamos 
no Capítulo 5, Clarence Stein, o visionário fundador da Regional 
Planning Association of America e projetista de Radburn, predissera 
a decadência da economia urbana num notável artigo de maio de 
1925, intitulado "Dinosaur Cities"4• Colin Clark, economista igual-
mente perspicaz, previra corretamente a retração geral do emprego 
na indústria, em seu livro The Conditions of Economic Progress, de 
19405. Nenhum deles merecera muita atenção. Seu azar foi estarem 
muito à frente dos colegas. 
Mas houve muito mais. Durante os anos 70, tanto na Inglaterra 
como nos Estados Unidos, os redutos do pensamento neoconservador 
- o British Centre for Policy Studies, a American Heritage Founda-
tion - começaram a pôr em xeque todo aquele cômodo consenso 
que produzira a política econômica keynesiana e a política soei~ da 
previdência estatal. Ao aceitar os primeiros argumentos dos clássicos 
no gênero, erigidos, agora, em textos sagrados - como o trabalho 
,_,_) por de Hayek, The Road to Serfdom ( O Caminho da Serviuao • 
exemplo, então no seu 38º ano de vida - , o planejamento tomou-se, 
ele próprio, parte central do pacote de políticas visado p~r esses 
ataques. Desvirtuara e inibira - assim alegava a direita radical - ª 
11.1 Uverpoo/ 
:uínas de um conjunto residencial dos anos 60 na área intra-urbana; o legado de 
nntt-lgoe chega à Inglaterra. 
410 CIDADES DO AMANHÃ 
operação das forças de mercado, forçando os industriais 
. . d 1 1 · - é a torna decisões subotimais e oca izaçao, e at estrangulando 1. rern a 1vre presa. Fora, pelo menos em parte, responsável pelo cola em. 
·- . pso de . dades e reg1oes morosas em gerar o aparecimento de novas . d, c1. 
· ' d d N 'd in us1n· que subsutuissem as eca entes. esse senti o, as obieç~ as 
. • 1 " . J oes levan tadas ao planeJamento regiona ,oram particularmente cabi' . · . ve1s· ni _ apesar das ressalvas do própno Hayek quanto ao escop d' as 
ataque - o planejamento do uso do solo não escapou à ce; e seu . . d ,. . , h sura As pnmeiras a vertencias, porem, c egaram muito ant d · 
crítica de base; fizeram-se ouvir em fins da década de 60 !~ essa 
'd d . . - J h d b . , ,os Es. tados Um os, a a mmistraçao o nson re o rava seus prograrn 
urbanos contra a pobreza após as desordens de 1964-1967 0 , as 
sultou o Programa de Cidades-Modelo a que se associou O Pro ª
1 
re. 
U · - c · ' · (C , 1 8) P grarna de rbamzaçao omumtana apltu o . or toda a parte n 1 
glaterra, uma série de relatórios - o de Milner Holland (1965) s:t 
a habitação em Londres, o de Plowden (1967) sobre escolas prim~~ 
rias, o de Seebohm (1968) sobre serviços sociais - marcaram are-
descoberta oficial da pobreza por parte do establishment britânico 
Perspicazes comentadores acadêmicos como David Eversley _ tra~ 
zido da universidade para encabeçar o planejamento estratégico de 
Londres - começaram a alertar para o declínio ominoso da base 
econômica londrina6./ O tristemente famoso discurso de Enoch Po-
well, em abril de 1968, sobre o problema da tensão racial nascida-
des, no qual ele lembrava as águas do Tibre tintas de sangue, pro-
vocou uma imediata e pânica resposta política por parte do então 
governo trabalhista de Wilson: um programa urbano que iria prestar 
particular ajuda a áreas com altas concentrações de imigrantes - ou, 
segundo o eufemismo oficial, áreas particularmente carentes7• Os 
Community Development Projects (Projetos de Urbanização Comu-
nitária) de 1969, cópia carbono do programa norte-americano, visa-
vam a despertar a consciência das comunidades carentes locais. Al-
gumas das équipes do projeto, impregnadas de uma juvenil verve 
marxista, entregaram-se ao trabalho com tamanho entusiasmo que 
acabaram indo de cabeça contra as burocracias locais e, em 1976, 
o experimento todo cessava abruptamente8• 
Ocorreu, no entanto, uma rara ironia histórica. A mensagem das 
equipes COP proclamava que o problema - de lugares como Saltley 
. . ' 'estrUIU· em Btrmmgham, Benwell em Newcastle-upon-Tyne - era 
ral": uma nova palavra, em voga na universidade, entrara para .0 
vocabulário urbanístico. Forças maiores, na crepuscular econoin'.~ 
• 1· ·ta1 num nu capita ista - sobretudo a crescente concentração de capi . m transie mero cada vez menor de mãos monopolizadoras -, estava is 
· d · · dores toca rm o o controle de firmas e indústrias dos adm1mstrª ais 
ai . . da vez m para as s as de reunião de empresas multinacionais ca 
r 
A CIDADEDO EMPREENDIMENTO 411 
. tes. Foi essa conclusão, com sua implicação de que não era d1stan . . d . . 1· tro dos hmites o sistema capita 1sta que se iria achar uma so-den t- . . , 
- 0 0 que tornou a mensagem ao maceitavel para a atuante lide-
tuça a'política das cidades, ou para o Ministério do Interior da Grã-ranÇ . . . . e • 
Bretanha. A pnme1ra_ ~roma 101 que,_ uma década mais tarde, uma 
nova geração de pohticos nas prefeituras iria concordm- calorosa-
ente com ela. A segunda que, mesmo antes de isso acontecer, a 
:oção de declíni_o estrutural tomara-se parte do pensamento institu-
ionalmente aceito. 
c o veículo foi, de certa forma, insólito.\Em 1972, Peter Walker, 
secretário de Estado para o Meio Ambiente na administração dos 
conservadores, havia indicado três das mais antigas firmas de con-
sultoria britânicas para investigarem em profundidade os problemas 
de três áreas intra-urbanas carentes. Publicados simultaneamen :e no 
verão de 1977, seus relatórios finais sublinhavam a mesma conclu-
são: a privação já não era uma questão de indivíduos ou famílias 
caírem abaixo da linha da miséria; ao contrário, tornara-se um caso 
de falência da economia urbana por inteiro9f O governo, agora tra-
balhista, escutou a mensagem: num Livro Branco de 197710 e na 
lei de 1978 sobre áreas intra-urbanas, a ênfase da política intra-ur-
bana foi maciçamente desviada para o ressurgimento econômico. 
Doravante, as áreas intra-urbanas iriam dar alta prioridade ao novo 
desenvolvimento industrial; recursos básicos do governo seriam des-
viados das novas cidades para ajudar os municípios; o programa 
urbano seria maciçamente expandido; e parcerias entre o governo 
central e o local seriam introduzidas em algumas das áreas mais 
duramente atingidas das cidades mais importantes. I 
A princípio, a inteira extensão da mudança passou desperce-
bida. Burocracias existentes espanavam de programas existentes o 
pó que eles haviam apanhado nas gavetas. E esses programas refle-
tiam responsabilidades e preocupações tradicionais: um centro de 
lazer aqui, um trecho de paisagem acolá. \Mas quando a década de 
70 foi substituída pela de 80 e as economias intra-urbanas continua-
ram em sangria desatada, a tônica mudou de lugar. !Por esse tempo, 
quase todas as autoridades tinham escritórios de desenvolvimento 
econômico sob vários nomes, servidos por um novo tipo de funcio-
nário público local 11 • Por vezes, eram planejadores os que assumiam 
esses cargos, já agora conscientes, porém, de que lhes cumpria re-
verter seus papéis tradicionais. orientação e o controle do cresci-
mento, tradicionais preocupações do sistema britânico de planeja-
mento estatutário desde 1947, foram repentinamente substituídos pela 
obsessão·de encoraiar O crescimento a qualquer custo; o debate po-lí · · lico passou, por conseguinte, a centrar-se em como fazer isso o melhor 
Possível. ( 
412 CIDAD~ DO AMANHÃ 
A ROUSIFICAÇÃO DA AMÉRICA 
A essa altura, alguns planejadores e políticos britânico 
1 d d A 1.. . . s come çaram a olhar para o outro a o o t ant1co. Pois em fins d • • os ano 
70 segundo a sonora mensagem que vmha dessas bandas as .d s ' ' c1 ad norte-americanas haviam encontrado uma fórmula mágica. Nu e_s 
· ·- 1 t · d ai ' I ma h-p1ca reumao ang o-nor e-americana e to mve, o inglês si 
· · ,.,, d ár'd d 1 - sudo proJetana s 1ues, mostran o a I a eso açao da Liverpool intr _ . , be . . . a ur-bana; Jª os exu rantes norte-amencanos vmam com fotos de 
vibrante centro comercial de Boston, cheio de vida, cor e excita 
· é · d' 1 - d çao, mais - o que nem preciso 1zer - exp osao e vendas e expa • 
d 12 
1. . á . . nsao e empregos . V\ receita m g1ca para a revitalização urbana _ 
palavra-isca norte-americana que passou a circular em todas ess ª 
reuniões - parecia consistir num novo tipo de parceria criativa e~ 
pressão incessantemente utilizada pelos norte-americanos, ent~e: 
governo municipal e o setor privado, parceria a ser condimentada 
por uma judiciosa subvenção vinda de Washington, à qual poucas 
amarras - se comparada à ajuda fornecida por Whitehall às cidades 
britânicas - eram impostas. l 
Tinha-se, igualmente, ao que parece, chegado à clara percepção 
de que haviam findado os dias da economia manufatureira, e que a 
grande saída seria encontrar e criar uma nova função, como área 
útil, para a cidade-base. Manadas de entediados suburbanitas viriam 
até uma cidade restaurada que lhes oferecesse uma qualidade de vida 
que eles jamais poderiam encontrar numa rua de lojas. Yuppies, -ou 
jovens profissionais urbanos - a palavra começou a circular no início , 
dos anos 80 -, elitizariam as degradadas áreas residenciais vitorianas 
próximas do centro e injetariam seus dólares em butiques, bares e 
restaurantes restaurados. Por fim, a cidade restaurada tornar-se-ia 
efetivamente importante atração para turistas que proveriam o mu-
nicípio de uma nova base econômica. l Essa a fórmula que já havia ressuscitado a orla marítima de Boston 
e que estava, naquele exato momento, transformando o Inner Harbor 
(Cais Interno) de Baltimore - os dois grandes exemplos patentes da 
revitalização urbana em sua primeira fase. o/isto mais de perto, o fato, 
naturalmente, assume maior complexidade. Ambas as cidades, que 
começaram a experimentar o declínio urbano já nos anos 50, estavam 
trabalhando sobre o problema desde essa época - duas décadas a~tes 
de suas equivalentes britânicas.tAmbas, na década de 60, ~aviam 
caminhado para uma urbanização empresarial do tipo escritóno ce~; 
trai, inteiramente convencional: de certo modo, uma fórmula mais fác• 
para elas do que para suas equivalentes britânicas, visto que a_mb: 
eram centros comerciais estabelecidos de longa data, e Boston abng~d . . . . m segui a, prec1puamente mst1tuições financeiras. Ambas haviam, e 
d 
A CIDADE DO EMPREENDIMENTO 413 
grandes reurbanizações costeiras das suas áreas der-t do nas I . . enxer a rto interno, que envo viam a combmação então recente 
. de po d , d . 
rehtas . restaurados o armazem e o mercado Ioias bares d'fíc1os - . , ' J ' ' dos e 1 e hotéis, e a restauraçao de antigas areas residenciais 
rantes . h · restaU ambas as cidades, o agente-e ave em ação foi O mesmo sem . e J'á era céleqre, em fins dos anos 60, como O empreen-es RoUS - , C I ' b' JaJJl d BaltimQre que constrmra o uqi 1a, uma das mais ambi-
dedor e s cidades construídas pela iniciativa privada nos Estados 
. sas nova , l'd c1°. d época. Atraves de sua I erança no Comitê para a Grande 
Vn1dos a . . d 1· . d . grupo financeiro e e 1te orgamza o em 1956, vira-se ele 
BaJ11more, . 1· - d te envolvido na rev1ta 1zaçao o centro de Baltimore desde . uaJmen . 
ig t e inicial: os 33 acres do Charles Center, complexo de escri-
su~ ascentro de lojas, hotel e apartamentos residenciais, começaram 
tónos, · d fi d 50 C · · r fonna a partir e ms os anos . unosamente esse proJeto 
a toma I . I - d d I -
Volv u-se sob a eg1s açao e remo e açao urbana de 1949 e desen f . , 
1954, e em quase todos os aspectos obedecia ao modelo fixado por 
Pittsburgh e Fila?élfia (Capítulo 7): _uma n~va e radical elite _finan-
eira tomava efetivamente posse da cidade, liderando uma coahzação 
e ró-crescimento que habilmente manipulou o apoio público e com-
~inou fundos federais e privados para promover uma urbanização 
comercial em grande escala13. 
Não havia nada de muito novo no fato; dúzias de cidades esta-
vam fazendo ou tentando fazer o mesmo. Mas o papel desempenhado 
por Rouse no Inner Harbor de Baltimore e nos esquemas equivalen-
tes do Quincy Market (Mercado Quincy) e do Boston Waterfront 
(Orla Marítima de Boston) assinalava algo diferentcl Estes esquemas 
eram maiores - 250 acres em Baltimore - e incorporavam uma nova 
combinação de atividades: recreação, cultura, compras, habitação 
para moradores de renda mista. Baseavam-se, também, no rntão 
novo conceito de reutilização adaptável: recuperação e reciclagem 
de antigas estruturas físicas para novos usos 14f Envolviam um de-
sempenho público relativamentemuito maior e um maior compro-
metimento federal: 180 milhões de dólares no caso de Baltimore, 
contra 58 milhões do município e apenas 22 milhões do setor pri-
v~~o. Assim, o subvencionamento federal, conjugado com uma nova 
visao de investimento em empreendimento lucrativo por parte do 
setor 'bl' 1 bl' pu ico, e n cooperação entre os empreendedores do setor pú-
.6ico e privado foram elementos decisivos da nova fórmulat. É sig-
ni 1cativo . . 
P que em ambas as cidades tenham sido levados a termo or sagaz b . nh es e em estabelecidos prefeitos democratas, que mantl-
li~in;oas relações com os bairros - Kevin White em Boston, Wil-
onald Schaefer em Baltimore. 
CovAs urbanizações resultantes têm muito em comum com a de ema d . ar en de Londres que estava sendo reciclada por essa mes-
D 
r 
1 
11.3 Baltirrwre, o lnner Harbor és da 
- , . ricana atraV Duas amostras da recuperaçao da area mtra-urbana norte-ame: . nnedia· 
· · · , • • ·d bos com a inte parcena de mvest1mentos pubhcos e pnvados, oblt os am integrar o 
ção da Rouse Corporation: " Rousificação" é a palavra que passa 3 
vocabulário do planejador. 
A CIDADE DO EMPREENDIMENTO 
415 
a (Capítulo 7). Suas bases são despudoraclam t , . épOC 'lh- d • • en e tunst1cas· 111a . e atrai 22 m1 oes e v1s1tantes por ano 7 m'lh- . · 
tumor á I à . ' 1 oes dos quais 13a . tas cifra compar ve de D1sneylândia E • ; tons ' • · isso ,omece a 
sa0 decisiva que explica a natureza revolucionária d t . b . chave e ais ur am-
zações: 
OCesso de criar locais de sucesso só incidentalmente I ai opr . 1 . em goavercom d·rnento urbanístico. Asseme ha-se muno mais à direção d Preen 1 . . _ e um teatro, com ern m subsb!Ulçao contínua a fim de chamar público e ma 1• 1 • all'llções epetáculo. Não admira que talvez o mais prestigioso mod:r do lentreodt1do na 
a)adee5 . W ld . o eest os.os s nnll cres do Walt D1sney or na Flónda, seja dirigido por uma c h' 28 vvv a 1 . d "E ompan ia 
d departamentos reaciona os com ngenharia de Imagens" e "Atr - ., dotada e d 1 . açoes • 
Não me parece que recensea ores e p aneJadores tenham as qualidades necessárias 
nora criar grandes teatros, embora possam ser utilíssimos como atores ou como dra-
r-- 16 ma1urgos . 
IA rousificaç~o de B_oston ~altimore - processo agora repetido 
ma série de cidades mdustna1s norte-americanas mais antigas _ 
:~volvia, portanto, a criação deliberada da cidade-como-palco/Como 
0 teatro, ela copia a vida real mas não é vida urbana de verdade: 0 
modelo é a espetaculosa Main Street America (Avenida America), 
que dá as boas-vindas aos visitantes na Disneylândia californiana, 
saneada para proteger você (como diz a frase), salubre, segura, e 
sete ou oito vezes maior que uma avenida normal. A seu redor, as 
ruas encantadoramente restauradas - todas yuppificadas por uma in-
jeção maciça de fundos da HUD (Housing and Urban Development) 
_ têm exatamente a mesma qualidade: procuram parecer um trecho 
de filme de Disney com sua América urbana imaginária, cometendo, 
porém, a incongruência de serem reais. 
A BATALHA EM DEFESA DAS DOCKLANDS 
Isso tudo foi de grande importância para o debate na Inglaterra, 
debate esse que, como era inevitável, dada a escala e a natureza do 
problema, assumiu aspectos políticos. be fato, no fim dos anos 70, 
em todas as grandes cidades britânicas, manifestava-se um novo fe-
nômeno: enormes extensões de terra devoluta ou semidevoluta, mar-
cadas pelas sombrias ruínas de fábricas ou de armazéns derrelitos, 
aguardavam por uma reurbanização\ Via de regra, essas terras eram, 
em sua maior parte, de domínio público ou semipúblico; pertenciam 
ou às municipalidades locais, que as haviam adquirido para esque-
mas de construção viária ou habitacional, agora ameaçados por cor-
tes nos gastos (ou, no caso dos esquemas viários, por oposição po-
pular), ou a corporações públicas, como as autoridades das Docas, 
\ 
416 CIDADES DO AMANHÃ 
B .1. h Gas ou a British Rail, que haviam transferido suas 
0 a n 1s I>era. ções para outros locais. . , . 
tô caso mais espetacular f01, sem duvida, o das Docklancts d 
Londres: um espaço enorme, perto de 8,5 milhas quadradas de ex.~ 
tensão! que começava exatamente no extremo da famosa Milha Qua. 
drada da City de Londres e alongava-se perto de 8 milhas rio abaixo 
de ambos os lados do Tâmisa. O porto, outrora o maior do munct ' 
fora arruinado pelas disputas trabalhistas e pela transferência do 
mércio para mãos rivais, seja de outros locais do sul da Inglaterr 
(Southampton, Felixstowe) seja do continente europeu (Roterdã). t 
chegada da conteinerização desferiu o golpe final. O porto de Lon-
dres transferiu todas as operações remanescentes para Tilbury, 30 
milhas a jusante e - num curto espaço de tempo, de 1967 a 1980 
- desativou praticamente o sistema inteiro. Corporações públicas 
correlatas, como a British Rail e a British Gas, que havia implantado 
uma fábrica de gás de carvão em Beckton, perto do extremo leste, 
fizeram o mesmo. Em 1981, a oferta de emprego, que ascendera a 
30 000 vagas nos dias de glória das docas dos anos 50, havia des-
pencado para 2 000. 
\O primeiro a defrontar-se com o problema foi o governo con-
servador de 1970-1974, gerido por Edward Heath. Este o entregou 
a uma firma de consultores em engenharia que sugeriu variedade de 
enredos, envolvendo sobretudo uma substancial mudança no caráter 
da área: residências novas e luxuosas, marinas, atividades de lazer, 
serviços. As comunidades portuárias locais,ltradicionalmente da clas-
se trabalhadora e voltadas para dentro de si mesmas, ainda a vaci-
larem sob o peso da súbita perda de seu meio de vida, \ reagiram 
com veemência; o mesmo se deu com seus conselhos de burgo tra-
balhistas, cada vez mais numerosos.lA eleição de 1973, em Londres, 
trouxe um Conselho Trabalhista para a Grande Londres, e a eleição 
geral, em 1974, um governo trabalhista para o outro lado do rio, 
para Westminster.! 
Exatamente nessa mesma época, p problema intra-urbano co-
meçava a emergir para a consciência pública. O que quer que acon-
tecesse nas docas de Londres não teria apenas uma importância is~-
lada mas iria servir de modelo tafubém para outros lugaresl Nao 
restou ao governo Wilson senão aceitar as comunidades locais. Mas 
ele estava consciente também de que eram necessárias uma direção 
central e uma coordenação fortes, e também constatava, dolorosa· 
·ct de mente, que o GLC (Conselho da Grande Londres) - a auton ª 
de planejamento estratégico legalmente constituída - era O co~o 
lógico apto para isso. Daí saiu um compromisso - magistral ou in· 
· 1 d pro· con~istente, dependendo da posição que se assuma: ;a tarefa e 
duzir uma estratégia foi entregue à Comissão Mista das Docklao<ls, 
A CIDADE DO EMPREENDIMENTO 417 
ad hoc de burgo-GLC, criada em 1973 por iniciativa 
0rganizaçao uma equipe especial de planejamento (a Equipe de 
do o~C, ~º:as Docklands)Jque incluía funcionários do GLC, man-
Vrbanizaça~rém, a respeitosa distância. 
tendo-os, f hando a todo vapor, a equipe elaborou sua estratégia em 
Tr~~ refletem-se as realidades políticas da época.j A maior 
1976, e :ea seria reurbanizada como zona de habitação popular 
parte da dores de baixa renda ou como área industrial e de arma-moro . para embora na época fosse evidente que os cortes nos gastos 
z~na~em,estavam dizimando o programa de moradia popular e que 
pub~icos ormes áreas de chão industrial desocupado, espalhadas por 
havia en & • & • • , • 
d capital. Pouca reserva 101 1e1ta para escntonos, apesar de a to ª ª · b · d d' . fi . d e· , localizar-se mesmo a eira o 1stnto mance1ro a zty Ion-
area b b d d" . 
d • tcomo bem perce eu um o serva or aca em1co: nna. 
Aproxima-se da variante ... denominada conservação urbana - uma forte ênfase 
bre a réplica e a retenção de atividades e estruturas presentes, com o reforço dos 
soodelos sociais e econômicos a elas associados ... a clássica mistura de habitação 
mara a classe trabalhador~, empregos na indústria e no comércio, implantação de 
!cessos às amenidadesribeirinhas e serviços comunitários ... O estilo que condiciona 
esse processo urbanístico é o da consulta e da persuasão ... cumpre ao processo en-
contrar meios de ganhar a confiança de grupos potencialmente em conflito ... partici-
pação e consulta demasiado amplas tornam esse estilo enfadonho. As decisões apa-
recem nebulosas de tão generalizadas que são 17• 
[A acolhida da imprensa não foi das melhores. The Times qua-
lificou o projeto de "nada impressionante", concluindo que a Co-
missão Mista das Docklands fora ''muito timidamente influenciada 
pela crença de que faro e amplitude de visão não se coadunam in-
teiramente com democracia" 18• Já os habitantes gostaram mais, mas 
até eles se decepcionaram com a falta de propostas concretasJ 
-
Desde logo um fato ficou bem claro: a estratégia ocorria em 
meio a um vácuo financeiro. Os gastos públicos haviam sido corta-
dos e não havia fundos para elementos importantes como uma ex-
tensão para a linha subterrânea de Jubilee. Mais especificamente, a 
est~tégia pedia que aos 900 milhões de libras do dinheiro público 
se Juntassem 1,1 bilhão de libras de fundos privados; mas em parte 
alguma, no processo de consulta, houve quem se preocupasse em 
c~~versar com administradores de fundos de aposentadoria, compa-
n Ias de seguro e bancos. O Conselho de Planejamento Econômico 
~ara O Sudeste, corpo aconselhador independente nomeado pelo go-erno ar , . _ . no '. gumentou que a area requeria uma corporaçao urbamzadora 
estilo No C'd . d . ..e ,. . l'. e r va 1 ade, razoavelmente hvre e mte11erenc1a po 1t1ca 
IVre Para d · · fi d · ao . ar segmmento à tarefa; somente isso, a 1rmava, ar1a 
Investido · · · O -r privado confiança para adenr ao projeto. entao se-
418 CIDAD~ 00 AMANHÃ 
cretário de Estado para o Meio Ambiente, Peter Shore que p . 
' or s1n I fora eleito para o Parlamento por uma grande parte da área das D a 
lands, polidamente discordou. Ock. 
!Em maio de 1979, os conservadores arrebatavam de voJ 
poder com Margaret Thatcher. Michael Heseltine, o novo secli .º 
. A b' " . d etário de Estado para o Meto m 1ente, 101 encarrega o da política . 
• • r. • b 1· intra. urbana. Um de seus pnme1ros atos 101 a o 1r o Conselho de PJ 
,.. Sd I ane. jamento Econom1co para o u este - e, natura mente, todas as s 
contrapartes r~gio_nais. Um dos segundos foi instituir uma Corpo';: 
ção de Urban1zaç~o para as D~klands de Londres e sua contraparte 
igualmente derrehta, Merseys1de. r 
Verificou-se aqui uma divertida ironia histórica. A Corporação 
de Urbanização (Capítulo 4) foi o dispositivo centralista, orientado 
de cima para baixo, não-derr.ocráti~o e burocrático escolhido pelo 
governo radical trabalhista de Clement Attlee, de 1945, para a cons-
trução das novas cidades britâniéas. Detestada, na época, pelos só-
lidos eleitores conservadores dos condados sulinos ingleses, onde as 
oito primeiras novas cidades londrinas foram conslr\Jídas, evitada 
' mais tarde, durante uma décadl,l, pelos governos conservadores dos 
anos 50, e aceita em seguida, com relutância, como um mal neces-
sário, a Corporação de Urbanização tornava-se agora o esquema pre-
ferido dos conservadores para a recuperação das áreas intra-urbanas, 
e exatamente pela mesma razão alegada pelo Comitê Reith sobre as 
novas cidades há 35 anos: evitando as sutilezas democráticas do 
governo local, poderia ser eficiente e, acima de tudo, rápida. 
Em seu novo contexto, refletia ela duas novas ênfases. A pri-
meira era a de que o Partido Conservador, tradicionalmente (e ainda 
recentemente) o partido dos direitos locais contra a burocracia de 
Whitehall, tornara-se agora o partido dos centralizadores. (O fato 
apareceria de maneira cada vez mais evidente na década seguinte, à 
medida que Westminster endurecia sua luta contra as prefeituras in-
tra-urbanas, controladas pelos trabalhistas, relativamente a problemas 
como subvenção tarifária, medição de gás e controle de escolas lo-
cais.) A segunda era a de que algo só poderia ser chamado de pla-
nejamento caso implicasse empreendimento urbanístico. Vista ~r 
esse ângulo, a tarefa do planejamento era facilitar a reciclagem m.ais 
rápida possível do solo urbano derrelito, comercial ou industnal, 
para usos mais elevados e melhores. O que, naturalmente, não ~ra 
novidade, como o testemunha a grande explosão imobiliária oc~rndª 
nos centros urbanos britânicos na déc~da de 60. E derivava dtreta· 
mente da experiência norte-americana. lO que houve de notável, ~-
rém, aqui como alhures, foi o estilo: planejamento estratégico anil· 
longo prazo, antiqualquer tipo de plano já publicado; percurso em 
roda livre, pirata; despreocupado de saber se - como aconteceu nas 
d 
li 
111 
111 ,,1 
111 
:'} 
ll.4e11 5 . A · As Docklands de Londres: Antes e Depms 
lransfonnação das Docklands londrinas durante a década de 80 representou 
: maior obra de revitalização urbana executada na Europa, quiçá no mundo. 
alguns, foi um brilhante exemplo de como fazê-lo; para outros, de como nao. 
\ 
420 CIDADES DO AMANHÃ 
D kl ds _ as urbanizações teriam de ser demolidas mesmo oc an . . . antes 
d tarem concluídas, porque surgtra algo mais lucrativo; int e es 'd d , d'd eres. d Penas em explorar oportum a es, a me 1 a que estas ap sa o a 1 . are. m Não era planejamento, pe o menos no sentido em que tOd cesse . , . / os 
haviam entendido durante os ultimos quarenta anos Como ex 
1
. 
O . " d D kl d p l-cou O chefe-executivo do Com1te as oc an s: 
A brutal escalada da derrelição, de que o LDDC (London Docklands Dev 
1 d e op. ment Comrnittee) fora fonnalmente encarregado, e~a e tal ordem que a única maneira 
de tentar resolver O problema sem um enonne mfluxo de fundos públicos ... se . 
' . b . - "b I d na gerar uma espécie de momentum cnt1co, uma ur amzaçao o a e neve" que crias 
real credibilidade em favor das Docklands, atuando antecipadamente entre os e;~ 
preendedores imobiliários comerciais e residenciais em potencial. Era preciso, por-
tanto, ser oportunista em relação às propostas vindas dos empreendedoresl9. 
iMuita coisa foi feita. Nas docas, como em Stevenage e Crawley 
quarenta anos atrás, a corporação urbanizadora provou que tinha po-
deres para cortar fitas vermelhas. Arrancou das autoridades locais 
poderes até então não conseguidos - maiores do que tinham as novas 
cidades - e os utilizou para acolher, de braços abertos, o empreen-
dedor privado. Em apenas cinco anos, desde seu início até meados 
de 1986, já empregara 279 milhões de libras de fundos públicos 
para atrair um investimento privado quase seis vezes maior do que 
essa quantia; atraíra quatrocentas novas companhias e 8 000 novos 
empregos; providenciara locais para 4 000 novas moradias, estando 
10 000 em construção ou planejadas; e começara a trabalhar num 
novo e importante sistema eletrificado sobre trilhos20• Os críticos 
insistiam em afirmar que o plano todo nada mais era que uma yup-
pificação po East End, tradicional baluarte da classe trabalhadora 
londrina. 1-
A ZONA DO EMPREENDIMENTO 
Foi aí que um determinado conceito passou a desempenhar papel 
jamais imaginado por seu autor. Em discurso proferido no congresso 
do Royal Town Planning Institute realizado em Chester, 1977,~ 
&11- co-autor do iconoclástico Manifesto do Não-Plano em 19?0 
(Capítulo 8) - chamava a atenção para o probiema emergente da 
decadência urbana: '' As áreas urbanas de maior porte têm visto s:u 
· f · E tao crescimento azer-se mais lento, parar e, em seguida, regredir. s 
perdendo gente e empregos". b:.xaminando as possíveis maneiras de 
. b 1 I , con-reconstruir as ases econômicas dessas cidades, chegou~ ª 
clusão ~e ''ne~huma receita pode realmente operar milagres em 
certas areas ·\ Aqui, sugeria, 
A CIDADE DO EMPREENDIMENTO 
421 
..ntfe ser inimigo do bom. Se realmente quisermos socorr ~- . Jhor I:""" er as illeas mtra-
o ,ne as cidades em geral, talvez tenhamos que usar remédi"os altam h .... nas e . ente etero-
UJ .... - passivelmente um remédio extremo, a que eu daria O nome de sol_ p 
d xos... b 1 . uçao orto . Área5 intra:ur anas, pequenas e _se etas, senam simplesmente abertas a todo 
Livre "'preendimento, com um mímmo de controle Em outras 1 . de e,.. · pa avras, nosso 
11~ . seria recriar a Hong Kong dos anos 50 e 60 dentro da Liverpo I d obJeuvo 21 o ou a 
l·ntra-urbanas . Q(a,sgoW 
Isso envolveria três elementos. Cada área estaria completamente 
berta à imigração de empreendedores e capital _ a saber, nada de 
ª ntroles de imigração. ''Basear-se-ia, despudoradamente, na livre co . . ,, d . 
. iciativa"; a burocracia sena re uzida ao mínimo absoluto". E a m - . moradia seria uma opçao, visto que a área situar-se-ia efetivamente 
fora da legislação normal e dos controles do Reino Unido./Hall con-
cluía: ''Uma área dessas de maneira alguma se coadunaria com as 
modernas convenções britânicas de bem-estar social. Mas poderia 
tornar-se plena de vigort economicamente falando, caso seguisse 0 
modelo de Hong Kong. (E por tratar-se de uma solução de última 
instância extremamente drástica para problemas urbanos, só poderia 
ser experimentada em escala muito pequena''. E terminava com uma 
negação que, no caso, pareceu irônica: \• 'Não espero ver o governo 
britânico trabalhando nessa solução de imediato e faço questão de 
acentuar que não a estou recomendando como solução para os nossos 
males urbanos. Digo que é um modelo, e modelo extremo, de uma 
solução possível " 22 { 
De certa maneira, segundo revelaram análises posteriores e mais 
detidas, sua evocação de Hong Kong não deixava de ser bizarra, 
pois em tennos da campanha de Turner contra as burocracias do 
sistema habitacional do Terceiro Mundo, Hong Kong constituía um 
insigne exemplo de ultraconservadorismo: ~o longo das décadas de 
60 e 70, contrariando a imagem mítica que dela fazia o mundo lá 
fora, Hong Kong mantivera aquele que foi, em termos relativos, o 
maior programa de habitação popular do mundo não-comunista23f 
[ 0nathan Schiffer deveria, mais tarde, _sugerir enge~hosa explicação: 'º, ~anter os custos da produção maciça de moradias dentro de um 
mimmo garantido, 0 programa reprimia consideravelmente as de-
maoctas por aumentos salariais, mantendo o custo da mão-de-obra 
e~ Hong Kong entre os mais baixos do mundo desenvolvido24l Aiém 
disso b · · H K _ ' em ora pelos padrões britânicos convenc10nais ong ong ~f . . tri . ivesse um sistema de planejamento de uso do solo mmto ~es-
~1vo ou abrangente no estilo inglês25, já pelos padrões de mmtos 
Paises e d . • 1· t" d um e , m esenvolvimento, 0 platt~Jamento a i se reves ia e 
ílráter fortemente intervencionista. tf all, contudo, pôde defender seu 
argu~ento básico: embora indiretamente subsidiada dessa e de outras 
lllane1ras, Hong Kong demonstrou ser um dos exemplos mundial-
422 
CIDADES DO AMANHÃ 
. b edidos de como atuar agilmente dentro de nov mente mais em-sue • - d as . . onsentâneas com a situaçao o mercado munct·a1 linhas empresanais e . 'd d d d - 1 ' 
d à extraordinária capaci a e e a aptaçao de s graças, sobretu o, 26 f eu 
setor dominante, a pequena empresa . ' 
d l'. • arte porém de um obscuro debate acadêmi·c Isso tu o ,azia P , ' . . o. 
. é ue apesar do total ceticismo dJe Hall quanto às possi• j 
cunoso q ' - · E 1980 · ilidades de ação, sua espera nao fm longa m . , -º novo go. 
ªdor da Inglaterra apresentava uma prov1sao em favor verno conserv . . 
das zonas empresariais e O ministro das ijinanças citava especifica. 
mente Peter Hall como autor do esque~a. bura_nte os anos de 80-Bt, 
foram designadas quinze zonas - uma das _quais, a Isle o~ Dogs, no 
coração das Docklands londrinas.f O conceito na sua totalidade bem 
Orno O infeliz autor viram-se devidamente atacados por acadêmicos c • . n 
radicais de ambos os lados do Atlantico . 
\No caso, no entanto, o que veio à tona foi al!o muito ~iferente: um 
conjunto de zonas, situadas sobretudo, embora nao exclusivamente, em 
áreas intra-urbanas derrelitas, com concessões especialmente favorá-
veis de taxação e um conjunto simplificado de procedimentos de pla-
nejamento físico28l A maioria dos elementos restantes - livre migra-
ção da mão-de-obra, incentivo aos empreendedores imigrantes, total 
liberdade em relação à legislação cena:aI - simplesmente primaram pela 
ausência: exemplo particularmente pungente de que, sobretudo na 
Inglaterra, idéias radicais só são incorporadas pelo establishment 
para serem saneadas e assim se tomarem completamente inofensivas. 
O que sobretudo faltou, apesar do título, foi um mecanismo que 
encorajasse a inovação, no sentido enunciado por Joseph Schumpe-
ter, como um meio de fornecer tradições industriais alternativas a 
áreas onde a base industrial tradicional houvesse desaparecido29• 
/Tratava-se, portanto, de um esquema modesto e nada radical, 
com modestos resultados: a um custo público total de 132,9 milhões 
de libras, criara 8 000 novos empregos,\ três quartos dos quais, apro-
ximadamente, ter-se-iam localizado de qualquer modo naquela mes-
ma área, fosse ela zona ou não30• Mais de um terço dos novos em-
pregos haviam sido gerados em apenas três das quinze zonas, não 
se incluindo entre elas, curiosamente, a Isle of Dogs) Exatamente 
por' aquela mesma época, contudo, chegavam dramáticas notícias: 
fum consórcio norte-americano elaborara um plano para um enorme 
compl~xo de escritórios em Canary Wharf j em plena área do LDDC, 
l a~rove1tando o status de Zona de Empreendimento} e fornecendo apr~-
xm~adamente 46 000 empregos em escritórios. 't\pós um~extraordi-
nária\série de periclitantes negociações e o efetivo afastamento dos em· 
preendores iniciais, fechou-st\ ao apagar das luzes, \um acordo com 
um grupo canadense em julho de l 98~ Finalmente, contados seis anos, 
uma ZE havia produzido um autêntico manancial de empregos.\ 
A CIDADE DO EMPREENDIMENTO 423 
todavia, a idéia foi, em contrapartid~, calorosamente apoiada 
'nistração Reagan nos Estados Umdos, onde, curiosamente, 
la adml h . d l'. . pe , tendeu a gan ar o ap010 e po 1t1cos intra-urbanos da es-
A,,,bei11 d' - · tll'·· l'beral3'. Apesar isso, nao consegum ser sancionada como 
erda J d . 26 . q~ federal. bs Estados a enram: le~islaturas aprovaram leis 
le1 d mairde I 400 zonas de empreendimento locais em 680 lo-
rian o e 'd d s. Uma pequena amostra de dez apenas, estudada pelo De-
cah a e b' - U b . - d nto de Ha itaçao e r amzaçao os Estados Unidos em 
Parta111e 263 fi h · · 'd · 
6 revelou que trmas aviam investi o acima de 147 mi-198 , · · d . ,, s de dólares para cnar ou manter mais e 7 000 empregos32. 
lhóe A administração Reagan, porém, implementou significativamen-
conceito original por outras vias: deixando abertamente de po-
te o M' . . 
1
. ·ar a fronteira com o exico, 1ez vista grossa para uma enorme 
JCI 'd d . igração ilegal que entrou nas ci a es do Cinturão do Sol, como 
,m A 1 . d' ' ' Houston ou Los nge es, as quais - isto e possivel que se jactas-
sem, entre quatro paredes, os funcionários da administração - cons-
tituíram-se modelos em ação de zonas de empreendimento em estado 
puro. Quanto aos resultados acionados, está claro, foram eles inape-
lavelmente condenados pelos analistas urbanos radicais de esquerda33. 
ALAVANCANDO O SETOR PRN ADO 
{A urbanização das Dock.lands obedeceu aos modelos norte-ame-
ricanos num aspecto decisivo: baseou-se na idéia de usar fundos 
públicos relativamente modestos para gerar t ou, empregando este 
verbo esquisitamente antigramatical de origem ianque, para alavan-
cai4 -[uma quàntia muito maior do investimento privado./Em Bos-
ton, por exemplo, os 2,7 milhões de dólares de subvenção federal 
para a preservação, vindos do Departamento de Habitação e Urba-
nização, atraíram um investimento privado seis vezes maior do que 
essa quantia34.I A administração Carter, em 1977, sacralizara egse 
princípio em lei. A Urban Development Action Grant (Subvenção 
à Ação Urbanizadora) foi fixada, segundo o conceito de alavanca-
mento, entre 4,5 e 6,5 unidades de investimento privado para cada 
unidade de investimento público.Uma comunidade poderia requerer 
u~a_DDAG, caso houvesse atingido padrões de penúria física e eco-
~~mtca ou se tivesse um bolsão de pobreza. Precisava mostrar que 
tna atrair pelo menos duas vezes e meia mais fundos privados do 
~ue públicos, e que não haveria outra maneira de financiar-se O pro-
Jeto . 
• Ern. v~ ,, mglês norte-americano, to /everage. Pelo visto, o neologismo ianque "ala-
u O llOsso. (N. da T.) 
424 CIDADES DO AMANHÃ 
f erto de fins de 1983, 929 comunidades havi · 
de 1 900 projetos e três bilhões de dólares em fundam atraído tn . 1 
. d 3 9 - os da UD ais , razão média e , ; nao espanta que a parte do leão t· Ao à · . . ivesse. ' 
as cidades afetadas de mruor porte do cinturão manuf . •do Par 
B 1 
. . . atureiro a 
do Nova York e a t1more com mrus de cinqüenta es u , fican. 
h programa gerara um total previsto de 411 000 n q ernas cad-" . t" d . ovos ern ili 
permanentes - 56% os quais, o que é significativo Pregost 
comerciais, e 55% para pessoas de renda baixa ou mod' ern Projetos 
. UDAG & eradaJs \r admira que o esquema 1osse amplamente acatad · 1~ão 
das poucas histórias verdadeiramente bem-sucedidas d; e~~? uma 
recuperação urbana; tampouco surpreende que em 19S3 p thca de 
UDG (Subvenção à Urbanização) do governo britânico~ esquema 
os mais sinceros elogios. e tecesse 
\Houve, o que é inevitável, algumas críticas.tDiziam ai 
se havia encaminhado dinheiro demais para projetos hotel!~ns que 
1
. h ,. d tros (ao 
que se rep 1cava que ote1s geram gran e quantidade de emprego 
mão-de-obra não-qualificada, e isso vinha a calhar para os deses para 
d 
'd' , . mpre-ga os que res1 1am em areas mtra-urbanas). Outros levantavam a et 
questão sobre a necessidade de todos esses estratagemas: quantos de:ma 
· e e ai' . 'd ses empregos tenam, 1osse como 1osse, 1 ex1st1 o com esquema ou sem 
ele? Outros, contudo, mostravam que as UDAGs jamais poderiam 
restituir os empregos perdidos nas fábricas, ou mesmo que o número 
de empregos por elas viabilizados jamais se igualaria ao número dos 
empregos perdidos36• tsso, porém, fazia parte de um debate mais 
amplo sobre a evolução que então se operava nos diversos setores 
rumo a uma economia de serviço~. Para muitos economistas, fiéis 
às análises pioneiras realizadas por A. G. B. Fischer e Colin Clark 
cinqüenta anos atrás, o declínio verificado nos empregos em fábricas 
era decorrência inevitável da agonizante economia capitalista, e a 
única política inteligente seria aceitar o fato e antecipá-lo. Outros 
afirmavam que a economia de serviços gerava sobretudo empregos 
de baixos salários, tipo lanchonete, e que - nas palavras de um ex-
certo de polêmica acadêmica - O Importante é Fabricar3
7
• 
O ATAQUE AO PLANEJAMENTO 
ambos os 
O problema é que o verdadeiro debate, travado e~ 0 eco· 
lados do Atlântico, ainda girava em torno do desenvo_lvime;~ionaís 
nômico. E nesse meio tempo, em outros setores m~is tª de 80, a 
do sistema britânico de planejamento, durante a d:ca ª 0 de mar· 
história fazia-se cada vez mais semelhante a um movi~ent ente des· 
cha a ré. fApós 1979, o governo Thatcher foi ~rogress•::ras penas 
mantelando o sistema de planejamento estratégico que 
A CIDADE DO EMPREENDIMENTO 425 
rn
os sucessivos haviam construído durante os anos 60 'd 
gove C lh . . e manll o 
t
e os 70. Os onse os Regionais de Planeiamento E .. . duran . . . . J conomico 
nrn os primeiros a encerrar suas atividades em 197ni N foriia.. j • :.,. o ano 
seguinte, quando o governo teve de atualizar O Plano Estratégico 
O 
sudoest-'- plano que constava de um relatón'o base • para 9 . - e cmco 
grandes volumes de pesqmsas - ~le o fez em duas páginas e meia 
datilografadas;tem 1986f ao repetir o exercício, gastou seis.)A Lei 
de p!anejamento de 1980 efetuou significativa transferência de po-
deres dos condados para os distritos, fazendo com que os planos de 
estrutura do condado perdessem em eficiência; um documento de 
t986 propunha que se acabasse com t~dos eles, eliminando de vez 
0 
planejamento em nível de condado.\Nas áreas urbanas mais im-
portantes, uma Lei de 1986. aboliu o Conselho da Grande Lon~res 
e os seis condados metropohtanos,\única experiência do gênero rea-
lizada na Inglaterra em maté~a de governo metropolitano38• 
Tudo isso determinou uma considerável mudança no estilo do 
planejamento. p Livro Branco de 1983, que previu a abolição do 
governo metropolitano} simplesmente declarava já não haver agora, 
como nos anos 60, a mesma necessidade de um planejamento estra-
tégico;~ugeria, assim, claramente, que era suficiente manter-se uma 
atividade residuallde planejamento do uso do solo sobre bases fixa-
das caso a caso39 O governo lo~al _aceitou o palpite. Um dos con-
dados - Berkshire, citado entre os que tiveram mais rápido cresci-
mento em toda a Inglaterra - aboliu seu Departamento de Planeja-
mento, fazendo afundar com ele o Departamento de Fiscalização de 
Obras. j>entro da profissão, verificou-se um nítido enfraquecimento 
dos laços com a universidade e as escolas politécnicas,! A procura 
de planejadores sofreu brusca retração, exacerbada pela éhegada re-
pentina, ao mercado de trabalho, de centenas de planejadores demi-
tido~ dos setores metropolitanos e co~dados. ~i~ult~n:~ente, _o~-
gamzações mantenedoras cortaram a aJuda ao umversitano, precipi-
tando o fechamento de várias faculdades de urbanismç.l 
Dentro de uma ampla perspectiva histórica, talvez se tratasse 
apenas de mais uma volta do parafuso cíclico. Já nos idos de 50, o 
planejamento na Inglaterra enfrentara uma relativa estagnação quan-
do - sob um governo conservador anterior - caíra no ostracismo; 
mas depois disso, durante o período de crescimento pleno da década 
de 60, ganhara novo impulso, registrando uma das fases mais bem-
sucedidas de sua curta existência. Em certo sentido, o que acabamos 
de_dizer, é pura água para moinho de µiarxistas acadêmicos: pla-
neJamento muda de figura à medida que lhe cumpre enfrent~, novos 
d~safios, ou os velhos, quando voltam-! A novidade, como Jª ficou 
ViSlo no Capítulo 1 O, estava no crescente distanciamento dos comen-
tadores acadêmicos em relação à totalidade do processo. 
426 CIDADES DO AMANHÃ 
/ Será, então, que o _planejamento vai •~esaparecer? ~ão 
o planeiamento sobreviverá porque possui, em todo p • de tOdo 
'J d ais av . uma vasta - e, com o correr o tempo, crescente _ client 
1 
íll1Çad
0 
Um bom ambiente, como diriam os economistas, é um eb: Política'. 
velmente elástico: à medida que o povo e as sociedad rn renta. 
. • 1 es ern enriquecem, exigem proporciona mente sempre mais e . gerai 
. d rna1s do biente onde vivem. E, postos e parte os condomínios p . ílln-
, . 'd .. . nvados cados de muros, a umca sa11 a que tem para conseguir 
O 
• cer. 
é através de uma ação popular. Prova disso é o fato de qu que.exigem 
estão querendo, até com ansiedade, gastar mais e mais edas Pessoas 
. . e seu p cioso tempo na defesa de seus próprios ambientes, filiando. re. 
tipo de organizações voluntárias e dando atenção a inquérit ª ~Od_o 
· - bé os PUbh. cos - mas isso, nao raro, prova tam m que o meu bom !l"'b' 
• b' d 6 · D • ""11 1ente e O mau am 1ente o meu pr x1mo. a1 por que, em sociect 
'd ... d d dl Ár ades pós-m ustna1s muito avança as - su este a nglaterra, ea d B • 
F · lí . d 1 · ª ª1ª de San ranc1sco -, as po t1cas e p aneJamento tornam-se se 
. 1 . . d rnpre mais popu_ ares, sempre mais ~rocrastma as, sempre mais amargas
40
• 
E cunoso observar que isso se tornou evidente no curso d 
anos 80. O primeiro governo Thatcher de 1979 aplicara-se com cl os 
determinação a libertar o empreendedor das algemas do planejarn:~ 
to. Em 1983, Michael Heseltine - então secretário de Estado para 
o Meio Ambiente - chocou o Berkshire Central, Tóri até debaixo 
d'água, ao modificar o plano de estrutura do condado, pennitindo 
que 4 000 casas extras fossem construídas em pleno campo. Houve 
uma oposição violenta. O conselho distrital local recusou-se a ins-
crever a provisão em seu plano distrital.O engraçado é qué fora 
0 
próprio Heseltine quem enfraquecera o poder dos planejadores de 
estruturas através de uma lei de 1980, a fim de controlar os planos 
distritais do escalão inferior; caía ele, assim, ou pouco depois seu 
sucessor, na armadilha por ele próprio montada41 • 
Do outro lado de Londres, na primavera de 1984, um importante 
consórcio de líderes construtores-empreendedores do país veio a pú-
blico com um plano par~ a construção de uma série de novas cidades 
em sistema de livre iniciativa - novas Colúmbias -, anunciando, um 
ano mais tarde, que a primeira seria construída num local do cinturão 
verde junto a Tillingham Hall, no Essex42• O inquérito instaurado 
transformou-se numa daquelas causes céltbres da história do urba· 
nismo que fazem a delfcia dos ingleses. Os empreendedores peírle· 
ram; indubitavelmente com grande surpresa deles, pois toda uma 
série de declarações oficiais, fartamente divulgadas sob tí1ulos como 
Lifting lhe Burden (úva111ando a Carga), levara-os evident~:;
4
~ 
a acreditar (e quase todos os outros) que o governo os apoi . · 
E lã . d ma ele1çuo n o, em 1987 - conf essadamentc na efervescência e u 
da a pro· geral - o governo viu-se forçado a recuar para uma mu nç 
A CIDADE DO EMPREENDIMENTO 427 
. elativamente menor, que removeria a necessidade de mo-
áuca r d , gfllJJl siderações de or em agncola no caso de propostas de 
· rlll' con ' · d l'd d · · 0,to . ~0 para solo agrar10 e qua 1 a e mfenor. O governo ra-
ba111zaça · d · ur direita, aqui como em to a a parte, estava provando que 
dical _de de cão não é tão forte quanto o latido. · 
rd1da · - · , á b · fllº! _0 planejamento nao ua por gua a mxo; tampouco voltará Nao, h . }' 
l'tizar-se, como ouve quem por isso esperasse A semelhan-despo 1 , I - . a Abade Sieyes*, em revo uçao mais remota, ele vive. ;vtas 0 
ça d~ ..,ento tradicional do uso do solo sofreu, na base, mais abalos ~~aw . P própria terra do que nunca antes, em seus oitenta anos de 
em sua d J'be d . . , eia Tornou-se e 1 ra amente reativo, artesão e antiintelec-
ex1sten · . 'd d . . 
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nquanto na umvers1 a e partia para retiros sempre mais altos 
tua ' e E \e fr ' ua torre de marfim. ntrementes, n enta uma nova ordem de 
em s . 1 - fi · · e blemas, para cuJa so uçao seus pro 1ss10nms, por iormação (e 
r:~ez por inclinaçã9), nunca ,foram habilitados: o problema do de-
i, 1·0 econômico-estrutural de todas as comunidades urbanas e da C tn l , j reconstrução de uma nova economia sobre as ruínas da velha E, 
xacerbado por esse fato, enfrenta o pesadelo da volta de um anti-
e üíssimo problema urbano, que, mais do que qualquer outro, res-
~onde por tê-lo trazido à vida e haver-lhe conferido legitimidade: a 
ralé urbana, que lá está, massa mal-humorada e inamistosa, à espera 
do )ado de fora dos portões. 
NOTAS DO CAPÍTULO 11 
1. Massey e Meegan, 1982; Massey, 
1984; Hudson e Williams, 1986; 
Hausner, 1987. 
2. Boddy, Lovering e Bassett, 1986; 
Hall, et ai., 1987. 
3. Bluestone e Hanison, 1982, pp. 26, 30. 
4. Stein, 1925. 
5. Clark, 1940. 
6. Greater London Council, 1969; 
Donnison e Eversley, 1973. 
7. Edwards e Batley, 1978, p. 46. 
8· McKay e Cox, 1979, pp. 244-245; 
Hall, 1981, cap. 5. 
9· G. B. Department of the Environ-
ment, 1977a, 1977b, 1977c, 1977d. 
10. G. B. Secretary for the Environ-
ment, 1977. 
11. Young e Mason, 1983. 
12. Hall, 1978, pp. 33-34. 
13. Lyall, 1982, pp. 28-36; Mollenkopf, 
1983, pp. 141, 169-173; Berkowitz, 
1984, p. 203. 
14. Hart, 1983, p. 19. 
15. Lyall, 1982, pp. 51-55; Falk, 1986, 
pp. 145-147. 
16. Ibidem, p. 150. 
17. Ledgerwood, 1985, p. 133. 
18. Ibidem, p. 123. 
19. Ward, 1986, p. 118. 
20. Ibidem, pp. 118-123. 
• O Abade Emrnanuel Joseph Sieyês (1748-1836), teórico político durante a Re-
volução fMMa • • • • • d d I e o de ·-..... sa, par11c1pou do governo revoluc1onário e, mats e, o go pe qu ,:u, chegando, depois do 18 Brumário, a senador do Jmpéno. Exemplo de opor-
la contumaz. ao ser indagado, certa vez, sobre O que havia feito durante o Terror, 
respondeu: "Vivi!" (N. da T.)

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