Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Conceito básico: Os derrames pleurais são acúmulos de líquido dentro do espaço pleural, são classificados como transudatos ou exsudatos. Os transudatos assintomáticos não necessitam de tratamento. Os transudatos sintomáticos e quase todos os exsudatos requerem toracocentese, drenagem torácica, pleurotomia, ou uma combinação destes procedimentos. Líquido pleural: Em condições normais, 10 a 20 ml de líquido pleural, com composição semelhante ao plasma, mas com conteúdo mais baixo de proteína espalham-se finamente pelas pleuras viscerais e parietais, facilitando o movimento entre os pulmões e a parede torácica. O líquido proveniente dos capilares sistêmicos da pleura parietal entra na cavidade pleural e sai pelos estomas e linfáticos do mesmo folheto. O líquido acaba sendo drenado para o átrio direito, portanto a depuração depende em parte das pressões do ladodireito. O líquido pleural acumula-se quando entra muito ou sai pouco líquido da cavidade pleural. Os derrames pleurais costumam ser classificados como • Transudatos: são provocados por alguma combinação de aumento da pressão hidrostática e diminuição da pressão oncótica na circulação pulmonar ou sistêmica. A insuficiência cardíaca é a causa mais comum, seguida pela cirrose. • Exsudatos: são provocados por processos locais, causando aumento da permeabilidade capilar e resultando em exsudação de líquido, proteína, células e outros constituintes séricos. As causas são diversas, mais as mais comum são pneumonia, doença maligna, embolia pulmonar, infecção viral e tuberculose. Tipos de derrames pleurais: • Derrame quiloso: derrame branco e leitoso, rico em triglicerídeos, causado por lesão traumática ou neoplásica (linfomatosa, com maior frequência) ao ducto torácico. Esse derrame também ocorre na síndrome da veia cava superior • Hemotórax: é o líquido sanguinolento (hematócrito do líquido pleural >50% do hematócrito periférico) na cavidade pleural, decorrente de trauma ou ruptura de grande vaso sanguíneo, como aorta ou artéria pulmonar. • Empiema: é pus no espaço pleural. Ele pode ocorrer como uma complicação da pneumonia, toracotomia, abscessos (pulmonar, hepático ou subdiafragmatico) ou trauma penetrante com infecção secundaria. • Encarceramento pulmonar: é o encarceramento do pulmão por tecido fibroso desencadeado por empiema ou tumor. Como o pulmão não pode se expandir, a pressão pleural torna-se mais negativa que o normal, aumentando a transudação de líquidos dos capilares pleurais parietais. • Os derrames iatrogênicos podem ser provocados por migração ou deslocamento da sonda de alimentação para dentro da traqueia ou a perfuração da veia cava superior por um acesso venoso central, acarretando a infusão de alimentos ou de solução intravenosa para a cavidade pleural. • Os derrames sem causa óbvia decorrem com frequência de embolia pulmonar oculta, tuberculose ou doença maligna. A etiologia é desconhecida para cerca de 15% dos derrames, mesmo após estudo extensivo; considera-se que muitos desses derrames decorram de infecção viral. Sinais e sintomas: Derrame pleural Pabulo Polizelli Os sintomas decorrentes do derrame pleural são: dor, dispneia e tosse seca. A dor provém do acometimento da pleura parietal, geralmente por processos inflamatórios, como nas pneumonias e na tuberculose pleural; é caracteristicamente do tipo ventilatório dependente. A dispneia está presente sempre que há dor, por causa da limitação imposta aos movimentos ventilatórios, ou quando há derrame pleural volumoso, por perda de área pulmonar, ventilatória. A tosse que ocorre por conta do derrame pleural é seca; geralmente está relacionada ao estímulo de receptores da tosse, nas vias aéreas torcidas, pelo deslocamento mecânico delas. Ao exame físico, geralmente aparecem: redução ou abolição do frêmito toracovocal e do murmúrio vesicular e macicez à percussão. Podem estar presentes também: assimetria do tórax; redução da expansibilidade do hemitórax comprometido; abaulamentos intercostais expiratórios; submacicez ou macicez sobre a coluna vertebral. Conduta não evasiva: Uma vez que o diagnóstico de derrame pleural seja suspeitado, a partir das informações clínicas, torna-se necessária uma radiografia de tórax nas incidências póstero-anterior (PA) e perfil. Ela irá confirmar a presença e a extensão do derrame, informar sobre a sua natureza livre na cavidade pleural ou loculado, bem como sobre a ocorrência ou não de outros envolvimentos torácicos (pulmonar, cardíaco ou mediastinal) associados. A ocorrência de outras lesões torácicas também ajuda a evidenciar a possível causa do derrame. A radiografia em PA, no derrame pleural livre, caracteriza-se pela presença de um velamento homogêneo, com densidade de partes moles, localizado, inferiormente, no hemitórax, obliterando o ângulo do seio costofrênico e desenhando uma curva de convexidade para baixo, chamada curva de Damoiseau ou sinal do menisco. Uma radiografia, em decúbito lateral, com raios horizontais (Laurel), auxilia a evidenciar líquido livre na cavidade pleural. Procedimentos diagnósticos invasivos: A constatação clínico radiológica de um derrame pleural obriga-nos a seguir alguns passos na busca da causa do derrame. 1) fazer punção do espaço pleural (toracocentese), retirar uma amostra do líquido e nele dosar as proteínas e a desidrogenase lática, o que permite classificar os derrames em duas grandes categorias: os exsudatos e os transudatos. 2) Uma vez feito o diagnóstico de exsudato, outros exames laboratoriais, (bioquímicos, citológicos e bacteriológicos) devem ser conduzidos no líquido. Tratamento O derrame em si geralmente não requer tratamento se ele é assintomático porque muitos derrames são resabsorvidos de modo espontâneo quando a doença subjacente é tratada, em especial derrames decorrentes de pneumonias sem complicações, embolia pulmonar ou cirurgia. Geralmente, a dor pleurítica pode ser tratada com anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) ou outros analgésicos orais. Às vezes, é necessário um curto período de opioides orais. A toracocentese constitui tratamento suficiente para muitos derrames sintomáticos e pode ser repetida para os derrames que se acumulam novamente. Não há limites arbitrários quanto à quantidade de líquido que pode ser removido. A remoção do líquido pode ser continuada até que o derrame seja drenado ou o paciente desenvolva opressão torácica, dor torácica ou tosse grave. Os derrames crônicos, recorrentes e que desencadeiam sintomas podem ser tratados com pleurodese ou pela drenagem intermitente com cateter de demora. Os derrames causados por pneumonia e doença maligna podem exigir medidas adicionais específicas. A resolução desse tipo de derrame consiste em drenagem do líquido, seguida de pleurodese química. A drenagem é feita até obter-se esvaziamento da cavidade pleural, o que quase sempre exige a colocação de dreno torácico fluindo por vários dias. A pleurodese química consiste em promover aderência das superfícies pleurais (parietal e visceral) pós irritação, provocada por injeção de um agente químico, como a doxiclina, minociclina ou a bleomicina, ou de talco, dentro da cavidade pleural. Pontos chave Os derrames transudativos são provocados por alguma combinação de aumento da pressão hidrostática e diminuição da pressão oncótica na circulação pulmonar ou sistêmica. Os derrames exsudativos resultam de maior permeabilidade capilar, levando à perda de proteínas, células e outros constituintes séricos. As causas mais comuns de derrames transudativos são insuficiência cardíaca, cirrose com ascite e hipoalbuminemia (geralmente em decorrência da síndrome nefrótica). As causas mais frequentes do derrames exsudativos são pneumonia, câncer, embolia pulmonar e tuberculose. A avaliação requer exames de imagem (geralmente uma radiografia de tórax) para confirmar a presença de líquido e a análise do líquido pleural a fim de ajudar a determinara causa. Deve-se fazer radiografias em decúbito lateral, TC do tórax ou ultrassonografia se não estiver claro se uma densidade radiográfica representa líquidos ou infiltrados parênquimas ou se o líquido suspeito está loculado ou fluindo livremente.
Compartilhar