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Derrame pleural A pleura é uma fina membrana que cobre as superfícies internas da cavidade torácica, consiste em uma camada de células mesoteliais suportadas por uma rede de tecido conjuntivo e fibroelástico. A pleura visceral (tecido seroso) reveste o pulmão, enquanto a pleura parietal reveste a caixa torácica, o diafragma e as estruturas do mediastino - o espaço fechado entre a pleura visceral e parietal é denominado espaço pleural. A pleura é um folheto contínuo, formado por 1 camada de células mesoteliais, firmemente unidas, apoiadas sobre uma membrana basal e uma frouxa camada de tecido conjuntivo, que liga a pleura à superfície externa do parênquima pulmonar, à parede mediastinal, à superfície torácica do diafragma e à superfície interna da caixa torácica óssea. Ela recobre os pulmões e as cissuras interlobares é chamada de visceral e, nos demais trajetos, ela é parietal. A N A T O M I A D A P L E U R A Alguns órgãos do corpo são tão importantes que devem ser envolvidos, entre eles estão cérebro (envolvido por tecido que realiza uma proteção mecânica e imunológica), assim para que uma bactéria ou vírus infecte o órgão antes acomete o tecido. A mesma lógica é observada na cavidade abdominal, região que apresenta o peritônio, tecido seroso que envolve os órgãos como fígado, baço e intestino. Do mesmo modo, a pleura atua como as meninges e o peritônio, protegendo o pulmão tanto mecanicamente quanto imunologicamente. O suprimento vascular da superfície pleural parietal vem da circulação sistêmica e contém os nervos sensoriais e vasos linfáticos. Já, a pleura visceral tem vasos sanguíneos da circulação pulmonar e não tem nervos sensoriais. Existem 2 folhetos porque o pulmão precisa expandir e contrair (na respiração) e ele desliza, se houver dificuldade de deslizamento começamos a gastar energia para respirar, assim como nas articulações, o pulmão também tem líquido, nesse caso entre as pleuras para ajudar no mecanismo da respiração. Durante o processo de respiração, primeiramente o pulmão enche e esvazia, logo, após ocorrem 2 processos: (1) um vaso sanguíneo manda líquido para parede torácica e vai para o espaço pleural entre a pleura visceral e a parietal, e o (2) líquido que está na pleura retorna o excesso pelo vaso linfático, de forma dinâmica. Se houver algum problema pode haver aumento da cavidade e ocupar o espaço do pulmão, levando a redução do volume desse órgão, assim, a pessoa começa a sentir falta de ar, pois o pulmão não tem espaço para expandir. O espaço entre as pleuras visceral e parietal é um espaço real que contém uma certa quantidade de líquido límpido e incolor que vai de 0,1 a 0,2 ml/kg de peso corporal, cerca de 1,0 a 1,5 g/dl de proteínas e 1500 células/mm3, dos tipos monócitos, linfócitos, macrófagos, células mesoteliais e polimorfonucleares. A baixa concentração protéica do líquido pleural sugere que sua procedência seja a microcirculação sistêmica pleural, visto que o líquido, na cavidade pleural, é renovado continuamente por um balanço de forças entre as pressões hidrostática e osmótica da microcirculação e do espaço pleural - ele é o líquido intersticial da microcirculação sistêmica pleural - Folheto parietal é irrigado pela circulação sistêmica, através de vasos provenientes das artérias intercostais, mamária interna, pericardiofrênicas, frênicas superiores e musculofrênicas, e o retorno venoso, feito pelas veias ázigos, hemiázigos e mamárias internas. - Folheto visceral tem irrigação das artérias pulmonares e de ramos das artérias brônquicas e retorno venoso feito pelas veias pulmonares e pelas veias brônquicas. I R R I G A Ç Ã O S A N G U Í N E A L A Y A N E S I L V A A pressão hidrostática na pleura parietal é semelhante à circulação sistêmica (30 cm H2O), enquanto a da visceral é semelhante à pulmonar (10 cm H2O), assim, a maior parte do líquido no espaço pleural é filtrada das estruturas vasculares de pressão mais alta para a pleura parietal. Uma vez que a pressão no espaço pleural é mais subatmosférica no ápice que na base, a maior parte do líquido é filtrada a partir das zonas superiores menos dependentes do pulmão. O líquido é drenado principalmente através dos vasos linfáticos para a pleura parietal, ele entra pelos orifícios dos linfáticos na superfície da pleura parietal, que estão localizados abaixo da monocamada mesotelial. A renovação normal do líquido dentro do espaço pleural é de 10 a 20 mL/dia, com apenas 0,2 a 1 mL permanecendo no espaço pleural. O excesso de fluidos pode acumular‐se no espaço pleural em resultado da diminuição de sua remoção (devido à obstrução dos linfáticos pleurais) ou de sua produção aumentada (devido ao aumento da pressão hidrostática, diminuição da pressão oncótica, diminuição da pressão no espaço pleural ou diminuição da permeabilidade da membrana pleural). - Pleura visceral é inervada pelo plexo autonômico simpático e não possui receptores de sensação dolorosa. - Pleura parietal é rica em terminações nervosas, sensitivas, dos nervos frênico, intercostais e ramos do plexo braquial. I N E R V A Ç Ã O aumento da pressão hidrostática, na microcirculação sistêmica; diminuição da pressão oncótica, plasmática; aumento da permeabilidade capilar, pleural; diminuição da pressão no espaço pleural. Acúmulo de líquido na cavidade pleural, cuja formação envolve 1 ou mais mecanismos capazes de aumentar a entrada ou de diminuir a saída de líquido no espaço pleural, estão relacionados aos seguintes mecanismos: - Aumento da entrada e líquido no espaço pleural: estão relacionados às forças hidrostáticas que filtram água para fora dos vasos e às forças osmóticas que reabsorvem água de volta aos vasos através da equação de Starling: Pf = k[(Pmv - Ppmv) - s(pomv - popmv)]. 1. 2. 3. 4. - Dificuldade de saída do líquido do espaço pleural: relacionados à redução da função linfática pleural, tem-se que os vasos linfáticos são dotados de válvulas unidirecionais e, no tórax, impulsiona a linfa, utilizando sua própria contração rítmica e os movimentos respiratórios da parede torácica. Além disso, o fluxo, através dos linfáticos, é afetado pela permeabilidade dos mesmos, pela disponibilidade de líquido e pelas pressões de enchimento e de esvaziamento dos linfáticos. - Outros mecanismos: passagem de líquido da cavidade abdominal para o espaço pleural através de pertuitos, na superfície do diafragma, ou através da vasta circulação linfática existente entre o abdome e o tórax. C O N C E I T O A frequência do derrame pleural no Raio X de tórax varia de 0,3- 1%, mas pode variar de acordo com a doença subjacente, sendo mais comum na pneumonia ou insuficiência cardíaca. Normalmente, uma pequena quantidade de líquido no espaço pleural forma uma camada fina entre as superfícies pleurais visceral e parietal, e age como lubrificante para minimizar a fricção entre a parede torácica e o pulmão enquanto eles se movem um contra o outro durante a inspiração e expiração. Existe um fluxo contínuo do líquido para dentro e fora do espaço pleural, que depende da pressão oncótica e hidrostática na pleura parietal e visceral, e da pressão no espaço pleural. F I S I O P A T O L O G I A - Aumento da pressão hidrostática: em uma situação como ICC, ocorre aumento do volume de sangue, que por conseguinte provoca vazamento de líquido, que se acumula - em caso de ICC importante, o líquido acumula não só na pleura mas também em MMSS, pleura e abdome (ascite). - Redução da pressão oncótica: em caso de desnutrição, ou seja, ausência de produção de proteína ocorre insuficiência hepática e o fígado deixa de produzir albumina, corroborando para o vazamento do líquido - a diferença de pressão dentro e fora do pulmão pode estar associado a atelectasia ou perfuração pulmonar para acesso venoso central que tornaria possível encaminhar o líquido para a cavidade pleural. - Redução da pressão no espaço pleural: algumas vezes o líquido no espaço pleural pode se acumular por encurtamento do pulmão que “murcha” (atelectasia), criando um sistema de vácuo, assim,a pressão negativa de dentro do pulmão pela redução do seu volume aspire o líquido para dentro da pleura. - Aumento da permeabilidade na circulação microvascular: comum na pneumonia, tuberculose e sepse, pois a infecção aumenta a permeabilidade capilar. - Alteração da drenagem linfática: comum em neoplasia. - Movimento de fluido do peritônio: comum em quadros de ascite e cirurgias abdominais. L A Y A N E S I L V A L A Y A N E S I L V A De acordo com a fisiopatologia da derrame pleural, pode-se selecionar a abordagem, entre elas: (1) o aumento da pressão hidrostática pode causar aumento da pressão de sangue de um lado que pode aumentar o “vazamento” de água na outra direção; (2) a junção de células cancerígenas no vaso linfático funciona com um “desentupidor” gerando aumento do derrame pleural pelo retorno; (3) uma pessoa desnutrida não fabrica proteínas, que são substâncias responsáveis por manter a água dentro do vaso, sem elas, a água vaza e se acumula no espaço pleural; e (4) problemas no tecido pleural pode aumentar a produção de líquido e proteínas (tuberculose e pneumonia). o frêmito tóraco-vocal estará abolido no local do derrame e aumentado no local acima do derrame, pois, em comparação com o sólido, no líquido a transmissão do som é menor, assim, no local onde ocorre atelectasia do pulmão está mais sólido portanto frêmito aumentado. a ausculta está diminuída, mas o murmúrio vesicular pode estar aumentado próximo ao derrame pleural em função da atelectasia (o pulmão “murcho” tem expansão maior do que o pulmão que já está “cheio”) - quanto maior a movimentação do pulmão, maior o fluxo do ar que se movimenta, aumentando o murmúrio vesicular. no local em que o pulmão está murcho, quando a pessoa respira escuta-se a crepitação. - Exame físico: redução ou abolição do frêmito toracovocal no local do derrame e do murmúrio vesicular e macicez à percussão, pode haver assimetria do tórax; redução da expansibilidade do hemitórax comprometido; abaulamentos intercostais expiratórios; submacicez ou macicez sobre a coluna vertebral adjacente ao derrame, (sinal de Signorelli); sopro respiratório e ausculta da voz anasalada (egofonia - alteração do timbre da voz) ou da voz “caprina”, percebida no limite superior do derrame. - Causas mais comuns de exsudato: insuficiência cardíaca congestiva, pneumonias, neoplasias e tuberculose. Na emergência, se houver um paciente com dor súbita, em faixa, etilista com quadro típico de pancreatite que iniciou quadro de derrame pleural é importante suspeitar que o líquido tenha subido para o pulmão. pacientes com derrame pleural podem ser assintomáticos ou apresentar dispneia. quando a pleura parietal está ativamente inflamada, a dor pode estar presente e é geralmente unilateral, aguda e piora com a inspiração. às vezes, a efusão pode ser suficientemente grande para contribuir com a insuficiência respiratória. o pulmão atua expandindo pelo aumento do espaço para o gradio costal, assim, quando o paciente deita por cima de um dos lados do pulmão, esse lado expande menos, por isso que se o paciente mudar o decúbito para o lado que está com líquido melhora a dor pois o outro lado fica livre para expandir. a dor está diretamente relacionada com inflamação da pleura, se há líquido sem dor pode estar associado apenas a uma diferença de pressão e não há problemas na pleura (quadro comum em casos de IC). pode haver inicialmente infecção viral que se desloca para o pulmão, inflamado a pleura (pleurite viral), nesse caso, é comum quadro de dor antes da presença de líquido. Os principais sintomas são: dispnéia, dor torácica/pleurítica e tosse, e os achados físicos incluem macicez à percussão na área do derrame, juntamente com murmúrios vesiculares reduzidos e frêmito toracovocal ausente. - Quadro clínico: (1) dor que provém do acometimento da pleura parietal por processos inflamatórios (pneumonias e tuberculose pleural) do tipo ventilatório dependente; (2) dispnéia por causa da limitação imposta aos movimentos ventilatórios ou se há derrame volumoso por perda de área pulmonar ventilatória, em geral ocorre falta de ar, encurtamento da respiração, sensação de “peito cheio” e atelectasia (compressão do tecido); e (2) tosse seca por conta do estímulo de receptores da tosse, nas vias aéreas torcidas, pelo deslocamento mecânico das mesmas, ou seja, como o líquido ocupa espaço no pulmão e o volume puxa esse líquido pelo mecanismo da tosse seca não associada a inflamação no brônquio. A C H A D O S C L Í N I C O S De forma semelhante a pleura, a pericardite e a peritonite, a dor pleurítica ocorre para avisar a intensidade da dor e evitar danos maiores ao organismo, assim, a dor torácica que varia com a expiração é um sinal de inflamação pleural. Mnemônico: Pneumonias, Insuficiência cardíaca congestiva, Neoplasias, Tuberculose pleural. C L A S S I F I C A Ç Ã O Aumento na pressão hidrostática ou redução na pressão oncótica resulta em acúmulo de líquido pleural pobre em proteínas. Em geral, é causado quando o líquido transborda por aumento da pressão no vaso ou porque não há proteína suficiente no vaso para manter o líquido dentro do vaso, tendo como consequência o extravasamento do líquido para fora do vaso, ou seja, está mais associados a quadros em que ocorre aumento (IC, insuficiência renal) ou redução (desnutrição grave, insuficiência hepática com redução da produção de albumina) da pressão da água. Esse transudato se acumula por alterações nas forças osmóticas e hidrostáticas, principalmente decorrente de IC, na qual o derrame pleural é muitas vezes bilateral ou unilateral, envolve o hemitórax direito. T R A N S U D A T O Principais causas: IC se elevação das pressões cardíacas esquerda e direita, cirrose, síndrome nefrótica, mixedema, embolia pulmonar, obstrução da VCS e diálise peritoneal. L A Y A N E S I L V A na cirrose, a ascite pode atravessar do peritônio para o espaço pleural através de pequenos defeitos no diafragma (hidrotórax hepático). Causas incomuns: diálise peritoneal, atelectasia, malignidade e urinotórax (obstrução do sistema urinário). Derrames ricos em proteínas causados pelas alterações na permeabilidade da membrana pleural, podem ocorrer neoplasias e nos estados inflamatórios como pneumonia, tuberculose ou artrite reumatoide. Os derrames exsudativos, que decorrem de uma alteração da permeabilidade vascular e/ou da reabsorção do líquido pleural, podem ser observados em estados inflamatórios, infecções ou neoplasias, os critérios de exsudato incluem: relação líquido pleural/proteína sérica > 0,5, relação líquido pleural/DHL sérica > 0,6 ou concentração de DHL do líquido pleural > ⅔ do valor sérico normal. E X S U D A T O Glicose (<60 mg por dl): (1) infecções, (2) artrite reumatóide e lúpus (3) tuberculose, (4) ruptura de esôfago. Amilase (>200 microgramas por ml): (1) doenças do pâncreas, (2) malignidade, (3) gravidez ectópica rota. Outros exames: adenosina deaminase (ADA), fator reumatóide, anticorpo antinuclear, células LE, etc. Os exames diagnósticos variam de acordo com a suspeita, mas existem exames que sugerem algumas etiologias, entre eles: LDH e proteína são os dois marcadores mais importantes para diferenciar transudato de um exsudato. D I A G N Ó S T I C O A radiografia de tórax é frequentemente o primeiro método de imagem usado para detectar o derrame pleural, que só é visualizado quando o volume de líquido excede 250 mL, quando há derrame, ocorre velamento do seio costofrênico na e o sinal do menisco, o líquido pode se acumular nas fissuras maior ou menor e aparecer como uma massa pulmonar (pseudotumores), elevação aparente ou alterações no contorno do diafragma se derrame subpulmonar. A TC do tórax fornece uma caracterização muito melhor das anormalidades pleurais e parenquimatosas porque define melhor os derrames loculados, distinguindo atelectasia de derrame pleural e derrame loculado de abscesso pulmonar ou outros processos parenquimatosos. QUADRO RADIOLÓGICO: é necessário raio-X de tórax nas incidências póstero-anterior(PA) e perfil para confirmar presença e a extensão do derrame, informar sobre sua natureza livre na cavidade pleural ou loculado, ocorrência ou não de outros envolvimentos torácicos (pulmonar, cardíaco ou mediastinal) associados - a ocorrência de outras lesões torácicas ajudam a evidenciar a causa do derrame. A radiografia em PA mostra presença de um velamento homogêneo, com densidade de partes moles, localizado, inferiormente, no hemitórax, obliterando o ângulo do seio costofrênico e desenhando uma curva de convexidade para baixo - curva de Damoiseau ou sinal do menisco (oposta ao ângulo do seio costofrênico) - quanto mais volumoso for o derrame, mais alta será a curva. Outros sinais podem ser desvio do mediastino (ou a sua ausência) para o lado oposto, que também é proporcional ao volume do derrame, bem como à ocorrência simultânea de atelectasia homolateral. Uma radiografia, em decúbito lateral, com raios horizontais (ou incidência de Hjelm-Laurell), auxilia a evidenciar líquido livre na cavidade pleural, nos casos duvidosos. D I A G N Ó S T I C O P O R I M A G E M D I A G N Ó S T I C O I N V A S I V O Ao constatar derrame pleural segue-se alguns passos: L A Y A N E S I L V A Fazer punção do espaço pleural (toracocentese), retirar uma amostra do líquido e nele dosar as proteínas e a desidrogenase lática, o que permite classificar os derrames em duas grandes categorias: os exsudatos e os transudatos; Uma vez feito o diagnóstico de exsudato, outros exames laboratoriais, (bioquímicos, citológicos e bacteriológicos) devem ser conduzidos no líquido. 1. 2. Quando o estudo de três amostras sucessivas de exsudato (colhidas em diferentes ocasiões) revela-se persistentemente não diagnóstico, então se torna necessária uma punção biópsia da pleura. Essa punção biópsia pode ser conduzida já de início, se houver forte suspeita de tratar-se de tuberculose da pleura. BIÓPSIA DA PLEURA: solicitada quando há suspeita de câncer ou tuberculose, é um procedimento feito às cegas, no qual o médico introduz a agulha e retira um pedaço do material da pleura como um “saca-rolhas”, em geral é usada a agulha de Cope, cuja ponta é reta, para na entrada empurrar o pulmão sem furá-lo e na saída seu anzol traz um pedaço da pleura parietal - por ser um procedimento às cegas, a sensibilidade para malignidade é de 60% e para tuberculose é de 75%, visto que o médico a célula neoplásica pode estar acima região da biópsia, que pode pegar apenas tecido normal. Na prática, se houver suspeita de câncer, tendo em vista a importância de diagnosticar uma doença metastática, para aumentar essa sensibilidade é feita uma pleuroscopia com biópsia onde é colocada uma câmera de fibra-óptica que vai mostrar no monitor, o pulmão, a pleura visceral, costelas e musculatura intercostal para procurar a lesão suspeita e ao encontrá-la biopsiar especificamente essa região. - Neutrófilos: há aumento no líquido pleural costuma ocorrer quando a etiologia é infecciosa ou inflamatória, como nos derrames parapneumônicos, nos empiemas pleurais, nas primeiras duas semanas de evolução da tuberculose pleural e numa fase inicial do derrame por artrite reumatóide. - Linfócitos: linfocitose caracterizada pela presença de pelo menos 65% de linfócitos, se > 85% está presente na tuberculose pleural, nos linfomas e, ocasionalmente, nas neoplasias brônquicas. - Células neoplásicas: o líquido pleural torna-se um sítio de células malignas, quando existe neoplasia pleural primária ou metastática, que pode ser confirmado por pesquisa de células neoplásicas no derrame. BACTERIOLOGIA: a busca por bactérias ou fungos e do bacilo álcool resistente através de pesquisa direta e de cultura do líquido pleural. - pH: alcalino, em relação ao do sangue arterial, flutuando entre 7,40 e 7,60, juntamente com outras informações, pode reforçar uma hipótese de causa do derrame. Para diferenciar um exsudato de um transudato, o fluido pleural precisa ser analisado quanto à proteína e à desidrogenase lática (DHL), é precisam ser obtidos os valores séricos simultâneos de proteína e DHL, pois um exsudato é caracterizado por relação proteína do líquido pleural/proteína sérica acima de 0,5, ou uma relação líquido pleural/DHL sérica acima de 0,6 e a DHL do líquido pleural acima de dois terços do valor sérico normal para DH, ou o colesterol no líquido pleural maior que 45 mg/dL. B I O Q U Í M I C A - Dosagem de proteína totais e desidrogenase lática: usa-se para classificar os derrames em exsudatos (ocorrência de > 2,5 g/dL de proteínas ou uma relação proteínas pleurais/proteínas plasmáticas > 0,5 e/ou desidrogenase lática > 200 UI ou uma relação DHL pleural/DHL plasmática > 0,6) ou transudatos (valores inferiores). - Glicose: valores abaixo de 50 mg/dL, ocorrem na presença de empiema pleural, artrite reumatóide, tuberculose pleural e derrames neoplásicos - no empiema e na artrite reumatóide, os valores podem estar tão baixos quanto 0-10 mg/dL. - Triglicerídeos: solicitado quando o líquido pleural é turvo, espesso e esbranquiçado, com aspecto semelhante a leite condensado, valores acima de 110 mg/dL caracterizam quilotórax, que é encontrado em roturas traumáticas do ducto torácico - nesse caso, solicita-se dosagem de colesterol pois esse aspecto pode ser encontrado no pseudoquilotórax, o qual resulta do depósito de colesterol e de complexos lecitina e globulina na cavidade pleural. - Amilase: solicita-se sempre que houver a suspeita clínica de derrame causado por pancreatite (derrame pleural crônico à esquerda sem causa aparente), no qual há níveis acima de 150 U/dL - outras causas de hiperamilasemia são rotura de esôfago (amilase salivar), pneumonias e neoplasias. A S P E C T O M A C R O S C Ó P I C O LÍQUIDO SERO-HEMÁTICO: é visto quando secciona algum vaso, como ocorre em doenças que lesam os capilares (embolia pulmonar e câncer), mas, ao aspirar o líquido é diferente do sangue puro, pois o líquido que está dentro do vaso coagula (hemotórax) e as hemácias solas em outra cavidade não coagulam (líquido sero-hemático) - além disso, se tiver coágulos na punção pode ter ocorrido lesão acidental de algum vaso durante a punção. LÍQUIDO QUILOSO: rico em proteínas, é similar ao leite, pode ser visto se ao puncionar for atingido o ducto torácico (vaso linfático grande) e vazar linfa ou em caso de neoplasia que cresceu e destruiu o vaso linfático. TRANSUDATO: similar a urina por ser um líquido filtrado, visto que pleura é uma membrana que tem atividade metabólica intensa de proteção, e, quando integra, faz o processo de filtragem e o líquido sai límpido como urina. S E R O - H E M Á T I C O Q U I L O S O T R A N S U D A T O EMPIEMA: líquido semelhante a catarro/pus, em geral cursa com febre alta, tosse, expectoração e quadros de pneumonia associada a derrame pleural, seu tratamento consiste na abertura, esvaziamento da pleura e colocação de dreno para retirar o pus até que a infecção seja resolvida, esse processo pode ser feito através de drenagem ou da pleurostomia (cirurgia para abertura da pleura com retirada da costela e drenagem até cicatrização). E T I O L O G I A D E R R A M E P L E U R A L N E O P L Á S I C O É determinado principalmente por metástases pleurais (principal fonte: neoplasias brônquicas; outras fontes: mamas, ovários, tubo digestivo, pâncreas, doenças hematológicas e rins) e, menos frequentemente, por neoplasia primária da pleura (rara, principalmente mesotelioma pleural, que é uma neoplasia associada à exposição crônica a fibras de asbesto/amianto). Caracteriza-se por um exsudato seroso ou francamente hemorrágico, que pode ser bastante volumoso, às vezes, maciço, e se refaz com relativa facilidade, após punção, podem haver indícios de neoplasia no líquido ou em fragmentos pleurais, obtidos por biópsia em > 60% dos casos. O quadro clínico cursa com dispnéia e/ou tosse seca persistente, associados aos sintomas da neoplasia primária. - Tratamento: drenagem do líquido até o esvaziamento da cavidade pleural - pode ser necessária colocação de dreno torácicopor vários dias - seguida de pleurodese química, que consiste em promover aderência das superfícies pleurais (parietal e visceral) pós irritação, provocada por injeção de um agente químico (doxiclina, mioclina ou bleomicina). D E R R A M E P L E U R A L T U B E R C U L O S O É geralmente um exsudato seroso, amarelo citrino (nunca francamente hemorrágico), com níveis protéicos altos (em torno de 4,5 g/dl), linfocitose maior que 85%, unilateral na maioria das vezes, tem baciloscopia positiva em 5% dos casos, pode ocorrer isoladamente ou associado a tuberculose pulmonar, acomete qualquer faixa etária, porém é mais freqüente nos adultos jovens. O quadro clínico cursa com sintomas de infecção aguda do aparelho respiratório: febre, dor ventilatório dependente e dispnéia, além dos sintomas gerais próprios da tuberculose. - Tratamento: quimioterápico, com esquemas padronizados para tuberculose. L A Y A N E S I L V A D E R R A M E P L E U R A L N A P N E U M O N I A Achado frequente que se resolve exclusivamente com o tratamento feito para a pneumonia, quando eficaz. Quando ele é inicialmente de pequeno volume não é obrigatório fazer punção e retirada de líquido, que é geralmente um exsudato seroso, contendo poucos neutrófilos, pH e glicose normais e não ocorrem bactérias. Já, quando ele é moderadamente volumoso ou, se o volume cresce na vigência do tratamento, torna-se obrigatória a punção e o exame do líquido, pois, àquela fase inicial, segue-se uma fase fibrinopurulenta, em que ocorre passagem de bactérias para o espaço pleural com aumento dos neutrófilos e de fibrina, loculação do derrame e diminuição do pH e da glicose, tornando-se necessária a realização de toracostomia e colocação de dreno torácico. - Indicações de toracostomia: presença de pus na cavidade pleural, dosagem de glicose < 40 mg/dl e pH < 7,0, no líquido pleural - se o pH estiver entre 7,0 e 7,2 e a amilase maior que 1000, é indicado toracocenteses seriadas. Não necessita esvaziamento por toracocentese, a menos que seja excessivamente volumoso e, portanto, torne-se necessário produzir alívio da dispnéia e do desconforto. D E R R A M E P L E U R A L N A E M B O L I A P U L M O N A R Pode ser um exsudato ou um transudato, hemorrágico ou não, com níveis altos de DHL, na presença de infarto pulmonar o derrame é em geral hemorrágico, de pequeno ou médio volume e não necessita de tratamento específico - se for de grande volume ou se interferir na mecânica respiratória, produzindo dispnéia, deve ser drenado. D E R R A M E P L E U R A L N A P A N C R E A T I T E É um exsudato seroso, podendo, ocasionalmente, ser hemorrágico, com elevada quantidade de amilase, localiza-se mais comumente à esquerda e tem evolução crônica, é frequente o antecedente de alcoolismo e a ocorrência de dor abdominal alta. Pode estar associado aos seguintes mecanismos fisiopatológicos: a) formação de pseudocisto pancreático com trajeto fistuloso para o espaço pleural; b) passagem passiva de líquido do abdome para o espaço pleural, facilitada pela ação das enzimas pancreáticas em contato com o diafragma; c) passagem de líquido abdominal para o retroperitônio e daí para o mediastino posterior, de onde pode se estender para o espaço pleural bilateral; d) passagem de líquido ascítico para a cavidade pleural através da rica comunicação linfática existente entre o abdome e o tórax ou através de orifícios diafragmáticos. - Tratamento: drenagem do derrame por toracocenteses repetidas ou mesmo por toracostomia. D E R R A M E P L E U R A L N A S Í N D R O M E D E M E I G S A síndrome de Meigs é um tumor de ovário de grandes dimensões, ascite e derrame pleural, é um exsudato róseo, de moderado a grande volume, mais freqüente à direita, que resulta da passagem de líquido ascítico para o espaço pleural através de soluções de continuidade no diafragma ou pelos orifícios de passagem dos grandes vasos ou, ainda, através de intercomunicações entre os linfáticos abdominais e torácicos. - Tratamento: costuma resolver-se em 2 a 3 semanas após a retirada cirúrgica do tumor ovariano. D E R R A M E P L E U R A L N A S C O L A G E N A S E S Acontece principalmente na artrite reumatóide e no lúpus eritematoso sistêmico, onde são frequentes a ocorrência de pleurite e derrame pleural. - Lúpus: o derrame é um exsudato citrino, freqüentemente bilateral e de pequeno volume, podendo ser volumoso e unilateral, principalmente à direita. - Artrite reumatóide: é um exsudato amarelo, às vezes, opalescente ou leitoso pela presença de cristais de colesterol (um pseudoquilo), mais comumente unilateral à direita. A glicose está < 5 mg/dL (ou tão baixa quanto 0-10 mg/dl) o que é atribuído à diminuição da permeabilidade à passagem da glicose; pH < 7,20 e os níveis de adenosina deaminase, estão altos, achados que exigem diagnóstico diferencial com empiema, tuberculose e neoplasias. D E R R A M E P L E U R A L N A S M I C O S E S Achado raro, geralmente causado pelo Criptococo neoformans, que é o agente micótico que mais acomete a pleura levando a derrame, principalmente em pacientes imunocomprometido, em decorrência de neoplasias, tratamentos quimioterápicos e síndrome de imunodeficiência adquirida. T R A N S U D A T O S P L E U R A I S Ocorrem pelo aumento da pressão hidrostática vascular, como na ICC, ou redução da pressão oncótica pelas proteínas plasmáticas, como na síndrome nefrótica, na cirrose hepática, na desnutrição e na enteropatia perdedora de proteínas. - Tratamento: tratamento da causa e remoção por toracocentese, de quantidade suficiente de líquido para produzir alívio respiratório. D E R R A M E P L E U R A L N A L I N F A N G I O L E I O M I O M A T O S E Na linfangioleiomiomatose (doença decorrente da hiperplasia de fibras atípicas de músculo liso das estruturas pulmonares) e na linfangiomatose (malformação congênita do sistema linfático), o derrame ocorre por perturbação obstrutiva da circulação linfática; é do tipo quiloso (exsudato rico em linfócitos), com níveis de triglicerídios acima de 110 mg/dl. - Tratamento: complexo em virtude da grande dificuldade de abordagem dos distúrbios da circulação linfática. D E R R A M E P L E U R A L N A S Í N D R O M E D E D R E S S L E R Consiste em dor retroesternal, atrito pericárdico e derrame pleural e pericárdico, que ocorrem tardiamente após lesão miocárdica, forma um exsudato hemorrágico, com pH e glicose normais, quase sempre unilateral, à esquerda, cujos sintomas L A Y A N E S I L V A surgem após semanas ou meses da ocorrência de uma lesão miocárdica, decorrente de infarto do miocárdio, pericardiotomia ou pericardiectomia ou trauma. - Tratamento: esse quadro resulta de uma resposta imunológica ao dano tecidual cardíaco, assim, o tratamento é à base de agentes anti-inflamatórios. T R A T A M E N T O T O R A C O C E N T E S E Material necessário: seringa de 10 e de 50 ml, agulhas 30 x 7 mm e 25 x 8 mm, xilocaína 0,5%, álcool iodado, campos e luvas estéreis. Procedimento: com o paciente sentado, procura-se, no tórax, o ponto de intersecção da linha axilar posterior, com uma linha que circunde o hemitórax, na altura do apêndice xifóide, esse ponto deve estar sobre um espaço intercostal (geralmente o sexto espaço) e, nele, serão introduzidos 5 a 8 ml de xilocaína 0,5%, utilizando-se agulha 30 x 7, em seringa de 10 mililitros. Deve-se fazer essa punção próximo à borda superior da costela inferior para prevenir acidentes com o feixe vasculonervoso, depois o espaço deve ser puncionado com agulha mais calibrosa, se necessário, em seringa maior (20 ou 50 ml) e colhidos 50 ml de líquido para exames. Dependendo do volume deve ser feita uma drenagem de alívio e após retirada dos 50 ml para exame, substitui-se a seringa por um equipo de soro adaptado em frasco fechado, por onde se deixam fluir até 1000 ou 1500 mililitros. Processamento do material: o líquido coletado para exame deverá ser distribuído em alíquotas de 10 ml, uma das quais em citrato de sódio a 3,8% e enviadas para análisebioquímica, bacteriológica, com culturas, e para citologia diferencial e exame citopatológico. D R E N A G E M D E T Ó R A X Usado no contexto de trauma se hemotórax, é feita uma incisão com bisturi após anestesia até a pleura, identifica-se a pleura parietal e visceral com a mão e coloca-se o dreno com a mão guiando para as costas e para cima - este dreno deve ser com diversos orifícios de tamanhos variados a depender da idade do paciente e do tipo de líquido porque se entupir uns dos orifícios os outros continuam drenando.
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