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Apostila Direito Tributário - Uninga

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Prévia do material em texto

DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. PAULO HENRIQUE GOMES DA COSTA
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Fernando Sachetti Bomfim
Marta Yumi Ando
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Aliana de Araújo Camolez
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande re-
sponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conhec-
imento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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U N I D A D E
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................5
1 CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO ......................................................................................................................6
2 TRIBUTO ....................................................................................................................................................................6
2.1 DEFINIÇÃO DE TRIBUTO ........................................................................................................................................6
2.2 FUNÇÕES DOS TRIBUTOS .................................................................................................................................... 7
2.3 ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS ....................................................................................................................................... 7
2.3.1 IMPOSTOS ............................................................................................................................................................ 7
2.3.2 TAXAS ..................................................................................................................................................................8
2.3.3 CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA ..................................................................................................................... 10
2.3.4 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO ........................................................................................................................ 10
2.3.5 CONTRIBUIÇÕES ............................................................................................................................................... 11
DIREITO CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 
PROF. PAULO HENRIQUE GOMES DA COSTA 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
DIREITO TRIBUTÁRIO
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2.3.5.1 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS ............................................................................................................................. 11
2.3.5.2 CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO – CIDE ................................................ 11
2.3.5.3 CONTRIBUIÇÕES DE INTERESSE DAS CATEGORIAS PROFISSIONAIS OU ECONÔMICAS .................... 12
2.3.5.4 CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA .......................................... 12
3 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA .................................................................................................................................. 12
3.1 BITRIBUTAÇÃO E BIS IN IDEM ............................................................................................................................ 13
4 LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR .............................................................................. 13
4.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS ............................................................................................... 14
4.1.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ............................................................................................................................... 14
 4.1.2 PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU DA ISONOMIA TRIBUTÁRIA ........................................................................ 15
4.1.3 PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE ................................................................................................................ 15
4.1.4 PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ....................................................................................................................... 16
4.1.5 PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO TRIBUTO COM EFEITO DE CONFISCO ............................................................ 17
4.1.6 PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA ................................................................................................. 18
4.1.7 PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS ...........................................................20
4.1.8 PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA ................................................................................................ 21
4.1.9 PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE ........................................................................................................... 21
4.2 IMUNIDADES ......................................................................................................................................................... 21
4.2.1 IMUNIDADE RECÍPROCA ................................................................................................................................... 21
4.2.2 IMUNIDADE PARA TEMPLOS DE QUALQUER CULTO ....................................................................................22
4.2.3 IMUNIDADES PARA PARTIDOS POLÍTICOS, ENTIDADES SINDICAIS DE TRABALHADORES, INSTITUI-
ÇÕES DE EDUCAÇÃO E ENTIDADES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL .............................................................................22
4.2.4 IMUNIDADES PARA LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O PAPEL DESTINADO À SUA IMPRESSÃO ........23
4.2.5 IMUNIDADE PARA FONOGRAMAS E VIDEOFONOGRAMAS MUSICAIS PRODUZIDOS NO BRASIL E PARA 
SEUS SUPORTES MATERIAIS OU ARQUIVOS DIGITAIS .........................................................................................23
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................24
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INTRODUÇÃO
Iniciaremos os estudos na disciplina de Direito Tributário. 
Um tema de grande relevância no cenário atual brasileiro, especialmente se consideramos 
que o Brasil detém uma das maiores cargas tributárias do mundo e, ainda, um dos mais complexos 
sistemas de tributação.
O Estado tem o dever de assegurar diversos direitos aos cidadãos e de prestar serviços 
públicos gratuitos, como saúde e educação. Com isso, a principal fonte de custeio dessas despesas 
são os tributos, que serão instituídos, cobrados e fiscalizados pelos entes políticos.
O regramentotributário inicia-se na Constituição Federal, onde estão previstas diversas 
diretrizes a serem observadas na seara tributária.
Os fundamentos constitucionais de direito tributário serão estudados nesta unidade e são 
essenciais à compreensão da matéria.
Na Unidade I, iniciaremos nosso estudo pela conceituação do direito tributário. 
Passaremos, então, à fase de compreendermos o objeto deste ramo jurídico, que é o tributo. 
Trataremos de suas espécies e das competências outorgadas pela Constituição Federal. Por 
fim, discorreremos sobre as limitações ao poder de tributar, que se subdividem em princípios e 
imunidades.
A finalidade desta unidade, portanto, é a de apresentar ao aluno o regramento constitucional 
tributário, proporcionando uma análise precisa sobre o tema disposto na Constituição.
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1 CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO
O conceito de Direito Tributário está relacionado à ideia de um ramo de Direito 
Público, destinado à normatização e regramento das questões que envolvem o poder público e o 
contribuinte, no que tange à arrecadação de recursos ao financiamento das despesas públicas, por 
meio de uma fonte de receita derivada.
Em suma, pode-se dizer que o Direito Tributário se preocupa de como, quando, onde e 
quanto as pessoas deverão contribuir para o custeio das despesas do Estado, ao passo que, uma 
vez arrecadada a verba, o Direito Financeiro se incumbirá de sua destinação e distribuição.
Assim, pode ser conceituado como o “conjunto de normas jurídicas que disciplinam a 
instituição, a arrecadação e a fiscalização de tributos” (COSTA, 2018). 
2 TRIBUTO
É de essencial relevância a compreensão do objeto primordial da atividade tributária: o 
tributo. 
Por conta disso, analisem-se suas principais características.
2.1 Definição de Tributo
A Constituição Federal, por meio de seu art. 146, II, “a”, atribui à lei complementar a 
tarefa de definir tributo. O Código Tributário Nacional – CTN, que foi recepcionado com status 
de lei complementar pela CF/88, conceitua tributo como: 
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor 
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei 
e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada (BRASIL, 
1966).
Podem-se extrair algumas características da exação tributária, quais sejam:
1) Prestação em moeda corrente nacional: salvo as exceções previstas em lei, o tributo 
deve ser pago em dinheiro ou em cujo valor nele se possa exprimir, como a estampilha. 
Uma exceção é a dação em pagamento de bem imóvel, prevista no art. 156, XI, do CTN.
2) Caráter obrigatório: diz-se que o tributo é compulsório, porque decorre da lei, e o 
contribuinte, uma vez praticado o fato gerador, não detém a faculdade de recolher 
o tributo ou não, estando obrigado a fazê-lo, sob pena da persecução do crédito pela 
Fazenda Pública pelos meios legais.
3) Tributo não é sanção por ato ilícito: o tributo não reflete uma penalidade pelo 
cometimento de um ilícito, porque, nesse caso, estar-se-ia diante de uma multa. O tributo 
decorre da ocorrência do fato gerador e não detém essência punitiva.
4) Criado por lei: o tributo deve ser criado por lei, o que decorre do Princípio da 
Legalidade (art. 150, I, CF/88). Essa lei deve conter todos os elementos inerentes àquele 
tributo, como a hipótese de incidência, alíquota, base de cálculo, sujeito ativo e passivo, 
multas, dentre outros, de acordo com as competências constitucionalmente outorgadas.
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5) Cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada: não há margem 
de discricionariedade para o agente público na atividade de cobrança do tributo. Uma vez 
ocorrido o fator gerador, o servidor está obrigado a realizar o lançamento.
Conjuntamente com os requisitos expostos no art. 3º. do CTN, os tributos devem respeitar 
os limites constitucionais e os conceitos de cada espécie previstos na Constituição.
Vale aqui destacar que os tributos refletem uma receita derivada do Estado, já que derivam 
do patrimônio da sociedade. Por outro lado, a receita originária do Estado advém da exploração 
de atividades econômicas por empresas públicas e cessão remunerada de bens e valores, por 
exemplo.
2.2 Funções dos Tributos
O tributo pode ter 2 funções: 
1) fi scal: função precípua do tributo de arrecadar fundos para a manutenção do Estado.
2) extrafiscal: é uma função de caráter regulatório. Visa estimular ou desestimular 
condutas, bem como atingir objetivos fundamentais da Constituição.
2.3 Espécies Tributárias
Existem várias formas de se classificarem os tributos. No que toca à classificação por 
espécies, muito se discute acerca do número de espécies tributárias previstas na Constituição. 
As principais classificações são a Teoria Tripartite e a Quinquipartite. A Teoria Tripartite 
divide os tributos em três espécies: impostos, taxas e contribuições de melhoria. Para essa corrente, 
os empréstimos compulsórios e contribuições traduzem apenas variações daquelas três espécies, 
visto que as hipóteses de incidência possuem a mesma materialidade.
O entendimento majoritário, entretanto, divide os tributos em cinco espécies (Teoria 
Quinquipartite): impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e 
contribuições.
Assim, passemos a analisar cada uma dessas espécies. 
2.3.1 Impostos
Os impostos caracterizam-se por serem um tributo que não se vincula a uma atuação 
estatal específica. Não há uma contraprestação específica do Estado decorrente do pagamento de 
impostos.
Na Constituição, há um rol taxativo de impostos: 
1) Impostos Federais (art. 153 da CF):
• Imposto de Importação - II (inc. I)
• Imposto de Exportação - IE (inc. II)
• Imposto sobre a Renda - IR (inc. III)
• Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI (inc. IV)
• Imposto sobre Operações Financeiras - IOF (inc. V)
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• Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR (inc. VI)
• Imposto sobre Grandes Fortunas (inc. VII)
• Impostos Residuais (art. 154, I)
• Imposto Extraordinário de Guerra (art. 154, II)
2) Impostos Estaduais (art. 155 da CF):
• Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação - ITCMD (inc. I)
• Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de 
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação - ICMS (inc. II)
• Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA (inc. III)
3) Impostos Municipais (art. 156 da CF):
• Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU (inc. I)
• Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis - ITBI (inc. II)
• Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN (inc. III)
2.3.2 Taxas 
A taxa é um tributo contraprestacional, que decorre de uma atividade pública relacionada 
ao contribuinte, seja pelo exercício do poder de polícia seja pela prestação potencial ou efetiva de 
um serviço público específico e divisível. É o que decorre da interpretação do art. 145, II, da CF 
e art. 77 do CTN.
Veja que as taxas diferem dos impostos no que toca aos fatos que dão suporte à sua 
instituição, sendo inconcebível que um fato gerador de imposto sirva para uma taxa. O contrário 
também é verdadeiro.
A taxa de polícia, também conhecida como taxa de fiscalização, decorre de uma atividade 
fiscalizatória da administração pública e é conceituada pelo art. 78 do CTN como: 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, 
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato 
ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, 
à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao 
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorizaçãodo Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos 
direitos individuais ou coletivos (BRASIL, 1966).
Exemplos dessas taxas são a taxa de alvará ou de funcionamento e taxa de controle e 
fiscalização ambiental (TCFA).
Por sua vez, a taxa de serviço (art. 79, CTN) é aquela cuja cobrança se funda na prestação 
de um serviço público específico e divisível, utilizado ou posto à disposição do contribuinte.
O serviço público deve ser: 
(a) específico, quando pode ser usufruído individualmente por seus usuários. 
(b) divisível, quando a sua utilização pode ser medida individualmente.
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Caso esses requisitos não estejam preenchidos, a cobrança da taxa será inconstitucional.
É importante destacar que a taxa é devida ainda que o contribuinte não utilize o serviço, 
bastando que este seja de utilização compulsória e colocado à disposição do sujeito passivo.
Como exemplos de taxas de serviço, tem-se a cobrança da taxa de coleta de lixo e a taxa 
judiciária.
Vale, por fim, distinguir taxa de preço público. Veja:
Taxa Tarifa
É tributo Não é tributo
Prestação pecuniária compulsória Prestação pecuniária facultativa
Sem autonomia de vontade Com autonomia de vontade
Decorrente de lei Decorrente de contrato administrativo
Rescisão inadmissível Rescisão admissível
Obrigação “ex lege” Obrigação “ex voluntate”
Obedece aos princípios de direito tributário
Não está sujeito aos princípios do direito 
tributário, mas sim aos princípios do direito 
administrativo
Regime jurídico de direito público Regime jurídico de direito privado
Há taxa de serviço de utilização potencial Só há tarifa cobrada em face de serviço de utilização efetiva
Existe taxa cobrada em razão de poder de 
polícia
Não existe tarifa cobrada em razão de poder 
de polícia
Exigida por pessoas jurídicas de direito 
público
Exigida por pessoas jurídicas de direito 
público e de direito privado
Receita derivada de direito público, com uso 
de poder de império estatal (a receita “deriva” 
do patrimônio do particular) 
Receita originária de direito privado, sem 
uso de poder de império estatal (a receita 
“origina-se” do próprio patrimônio do 
Estado)
Cobrança não proporcional ao uso Cobrança proporcional ao uso
Quadro 1: Distinção entre taxa e tarifa. Fonte: Sabbag (2019).
Um exemplo de preço público é a tarifa de água e, até mesmo, o pedágio, conforme decidiu 
o STF por meio do julgamento da ADI n. 800: 
O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias conservadas pelo Poder 
Público, cuja cobrança está autorizada pelo inciso V, parte final, do art. 150 
da Constituição de 1988, não tem natureza jurídica de taxa, mas sim de preço 
público, não estando a sua instituição, consequentemente, sujeita ao princípio 
da legalidade estrita. (STF – ADI: 800. RS, Relator: Min. Ilmar Galvão, data de 
julgamento: 26/11/1992, TRIBUNAL PLENO, data de publicação: DJ 18/12/1992)
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2.3.3 Contribuições de melhoria
Tributo criado com o fim de auxiliar no custeio de obras públicas e, principalmente, 
evitar o enriquecimento involuntário dos proprietários de imóveis valorizados em decorrência 
da realização de obras públicas em suas proximidades, a contribuição de melhoria, nos termos 
do art. 81 e seguintes do CTN, tem como fato gerador a valorização imobiliária de imóveis de 
particulares, decorrente de obra pública realizada nas adjacências. 
A contribuição de melhoria possui duas limitações: (a) limite global, pelo qual a 
arrecadação não poderá superar o valor total da obra; (b) limite individual, correspondendo ao 
acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
Além disso, para que haja legitimidade na sua cobrança, deverão ser observados alguns 
requisitos mínimos previstos no art. 82 do CTN, a saber: 
[...] I - publicação prévia dos seguintes elementos:
a) memorial descritivo do projeto;
b) orçamento do custo da obra;
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição;
d) delimitação da zona beneficiada;
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a 
zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;
II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos 
interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior;
III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da 
impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação 
judicial. (BRASIL, 1966)
Urge destacar, por fim, que a contribuição de melhoria será calculada por meio do rateio 
do valor correspondente ao custo da obra entre os imóveis contidos na zona beneficiada, de 
acordo com os respectivos fatores individuais de valorização.
2.3.4 Empréstimo compulsório
Previsto no art. 148 da CF e art. 15 do CTN, o empréstimo compulsório tem caráter 
extraordinário e deve ser instituído por meio de lei complementar, sendo a sua arrecadação 
destinada especificamente à causa de sua criação. 
A Constituição prevê duas hipóteses que autorizam a instituição dos empréstimos 
compulsórios: 
I. em caso do surgimento de despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade 
pública (tais como catástrofes naturais, epidemias, guerra civil), de guerra externa ou 
sua iminência.
II. investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, desde que 
observada a anterioridade de exercício, ou seja, um empréstimo compulsório criado 
em um determinado ano só poderá ser cobrado no ano seguinte.
Como o próprio nome faz inferir, por se tratar de um empréstimo, o valor cobrado terá 
que ser devolvido ao contribuinte, sendo que o prazo e as condições da restituição deverão estar 
previstos em lei.
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2.3.5 Contribuições
 
Outra espécie de tributos são as contribuições previstas nos arts. 149 e 149 –A, da CF. 
Chamadas de contribuições especiais ou gerais ou, ainda, somente de contribuições, esse tributo 
tem seus recursos vinculados a determinado fim, diferindo da contribuição de melhoria. 
As contribuições especiais são divididas em: (a) contribuições sociais; (b) contribuições 
de intervenção no domínio econômico; (c) contribuições de interesse das categorias profissionais 
ou econômicas; e (d) contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública.
2.3.5.1 Contribuições sociais
As contribuições sociais, de competência da União, são ferramentas de atuação na área 
social. Com esse tipo de tributo, geram-se recursos a serem aplicados nas áreas da educação, 
saúde, previdência e assistência social.
 Podemos subdividi-las, ainda, em: 
(a) Contribuições sociais gerais (salário-educação e sistema “s” - SENAI, SESI, SESC, SEST, 
SENAT, SEBRAE, SENAC etc.): contribuição exigida dos empregados sobre a sua remuneração 
para financiar o ensino fundamental profissionalizante e demais serviços de ordem social e 
econômica prestados pelas mencionadas entidades.
(b) Contribuições de seguridade social: são contribuições destinadas a financiar a 
seguridade social, tendo as seguintes fontes de custeio: (b.1) importador (art. 195, IV, da CF); (b.2) 
receita de loterias (art. 195, III, da CF); (b.3) trabalhador (art. 195, II, da CF); (b.4) empregador 
e empresa (art. 195, I, da CF). São exemplos: a contribuição ao PIS/PASEP, a contribuição para 
financiamento da seguridade social – COFINS e a contribuição social sobre o lucro líquido - 
CSLL. 
(c) Outras contribuições sociais: são as contribuições residuais, previstas no art. 195, § 4.º, 
da CF. Devem ser criadas por lei complementar e não poderão ter fato gerador ou base de cálculo 
iguais ao de outras contribuições (e não impostos). Ainda, deverão atender ao princípio da não 
cumulatividade (art. 154, I, da CF). 
(d) Contribuições sociais provisórias: previstas no art.74 do ADCT, possuem caráter 
provisório e incidirão sobre movimentação ou transmissão de valores e de créditos e direitos de 
natureza financeira.  
2.3.5.2 Contribuições de intervenção no domínio econômico – CIDE
As contribuições de intervenção no domínio econômico, conhecidas pela sigla CIDE, 
são de competência exclusiva da União e estão regulamentadas no art. 149, § 2.º, I, II e III, da CF.
Têm por finalidade financiar a atividade interventiva da União no domínio econômico 
e, como característica, abranger determinados segmentos econômicos, possuindo nítido caráter 
extrafiscal. 
Como exemplo, pode-se citar a CIDE-combustíveis, que incide sobre a importação e a 
comercialização de petróleo e gás natural, além do álcool etílico combustível.
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2.3.5.3 Contribuições de interesse das categorias profissionais ou 
econômicas
As contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas, também 
chamadas de contribuições corporativas, constituem tributos de competência da União e visam 
levantar recursos para o financiamento das pessoas jurídicas responsáveis pela atividade de 
fiscalização do exercício de diversas profissões, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e 
Conselhos Profissionais de Medicina, Odontologia, Nutrição, dentre outros.
A União delega a capacidade tributária ativa para as referidas instituições realizarem a 
fiscalização e cobrança das contribuições corporativas.
2.3.5.4 Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública
Conhecida como COSIP, a contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública 
surgiu com a Emenda Constitucional n. 39, de 2002, e encontra-se prevista no art. 149-A, da CF.
É tida como uma contribuição sui generis e poderá ser cobrada na fatura de consumo de 
energia elétrica.
3 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
O poder para criar efetivamente cada uma das diversas espécies tributárias previstas na 
Constituição Federal é chamado de competência tributária, outorgada a determinados entes 
polítcos. É uma competência de cunho legislativo e abrange a autonomia para instituir, legislar, 
arrecadar e fiscalizar os tributos.
São características da competência tributária:
1) Privatividade: os entes políticos possuem faixas tributárias privativas ou exclusivas.
2) Indelegabilidade: a competência não pode ser delegada.
3) Inalterabilidade: a competência não pode ser alterada ou ampliada pelo ente político 
que a detém.
4) Irrenunciabilidade: a competência não pode ser renunciada pela pessoa política 
detentora. 
5) Facultatividade: o ente político pode usar ou não a sua competência, com exceção do 
caso de concessão de isenções, incentivos e benefícios fiscais de ICMS (art. 155, § 2º, XII, 
g, da CF).
6) Incaducabilidade: o não exercício da competência não tem o condão de extinguir a 
competência. 
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A competência tributária pode ser classificada em:
1) Competência Privativa: poder conferido aos entes políticos em caráter exclusivo 
para a instituição de impostos e contribuições. Também é privativa a competência para 
a instituição dos empréstimos compulsórios conferida à União (art. 148, CF) e para 
contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública – COSIP, outorgada aos 
Municípios e Distrito Federal (art. 149-A, CF).
2) Competência Comum: é a competência referente às  taxas  e às  contribuições de 
melhoria. Qualquer ente federativo poderá instituí-las, desde que obedecidos os requisitos legais.
3) Competência Cumulativa: é a competência para instituir, legislar, arrecadar e fiscalizar 
tributos atribuídos a outros entes pela Constituição Federal, à União em relação aos Territórios e 
ao Distrito Federal (art. 147, CF).
4) Competência Residual: é a competência conferida à União para instituir novos impostos 
e contribuições não previstos na Constituição Federal, desde que não sejam cumulativos ou 
tenham o mesmo fato gerador ou base de cálculo dos já existentes na Constituição Federal (art. 
154, I, e o art. 195, § 4.º, CF). 
É importante destacar que competência tributária não se confunde com capacidade 
tributária ativa, haja vista que esta é uma faculdade que pode ser delegada aos entes da 
Administração Direta ou Indireta para arrecadar e fiscalizar tributos em nome do detentor da 
competência tributária.
3.1 Bitributação e Bis In Idem
Tecidas as considerações sobre a competência tributária, vale aqui destacar uma questão 
que com ela se relaciona, que é a figura da bitributação e do bis in idem.
A bitributação acontece quando dois ou mais entes políticos diversos tributam um mesmo 
fato jurídico. Essa prática é vedada pelo ordenamento jurídico pátrio.
Por sua vez, o bis in idem ocorre quando um mesmo fato jurídico é tributado mais de uma 
vez pelo mesmo ente tributante. Essa situação pode ser admitida no direito brasileiro, desde que 
a natureza dos tributos seja diversa. Como exemplo, pode-se verificar a incidência de tributos 
sobre o lucro de uma empresa. O mesmo fato (auferir lucro) representa a hipótese de incidência 
de dois tributos de competência da União, quais sejam, Imposto sobre a Renda e Contribuição 
Social sobre o Lucro – CSSL.
4 LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE 
TRIBUTAR
As limitações constitucionais ao poder de tributar constituem óbices descritos na 
Constituição, que impedem circunstâncias ensejadoras do dever de pagar tributo. São normas 
protetoras dos contribuintes e que geram segurança jurídica.
Compõem as limitações ao poder de tributar os princípios constitucionais e as imunidades.
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4.1 Princípios Constitucionais Tributários
Os princípios representam os fundamentos de um sistema jurídico. São preceitos 
fundamentais para a construção e interpretação de todo o ordenamento.
Regina Helena Costa (2018) conceitua os princípios como:
Normas fundantes de um sistema, tipificadas pelo forte conteúdo axiológico 
e pelo alto grau de generalidade e abstração, ensejadores do amplo alcance de 
seus efeitos, que cumprem o papel fundamental de orientar a interpretação e a 
aplicação de outras normas (COSTA, 2018).
Vale ressaltar que os princípios podem estar explícita ou implicitamente previstos na 
Constituição e deverão sempre ser respeitados, pois são fundamentais à manutenção da segurança 
jurídica.
É por essa razão que adquirem muito destaque na seara tributária, haja vista a voracidade 
arrecadatória do fisco.
4.1.1 Princípio da legalidade
 
A legalidade geral está estampada no art. 5º, II, da CF, ao estabelecer que “ninguém será 
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
Já a legalidade tributária vem descrita no art. 150, I, da CF, que dispõe que “é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o 
estabeleça”, corroborada pelo art. 97 do CTN.
Como se vê, tanto a instituição de tributos quanto a sua majoração dependem, 
necessariamente, de lei em sentido estrito para sua legitimação. A lei a que se refere o texto 
constitucional é a lei ordiária, ressalvados os casos em que o constituinte expressamente determina 
a via da lei complementar, como empréstimos compulsórios (art. 148, da CF), impostos sobre 
grandes fortunas (art. 153, VII, da CF), impostos residuais (art. 154, I, da CF) e as contribuições 
residuais (art. 195, §4º, da CF). 
Sobre a questão da segurança jurídica relacionada ao direito 
tributário, vale assistir à palestra proferida pelo eminete Prof. 
Humberto Ávila, com o tema Segurança Jurídica e Tributação. 
Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=RuchoKYtTIg.
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O princípio da legalidade é mitigado nos casos previstos no art. 153, § 1º, da CF. Assim, 
o Poder Executivo poderá alteraras alíquotas do imposto de importação, imposto de exportação, 
imposto sobre produtos industrializados e imposto sobre operações financeiras. Isso acontece 
devido ao caráter extrafiscal dos referidos impostos, que são utilizados para incentivar ou não 
determinados comportamentos ligados ao comércio exterior, indústria nacional e mercado 
financeiro. Possuem, portanto, um importante viés regulatório. A mesma mitigação do princípio 
da legalidade ocorre com a CIDE-combustíveis, pois a alíquota poderá ser “reduzida e restabelecida 
por ato do Poder Executivo” (art. 177, § 4º, I, b, da CF).
De acordo com o art. 62, §2º, da CF, as medidas provisórias poderão instituir e majorar 
tributo, com exceção dos impostos previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, da CF.
4.1.2 Princípio da igualdade ou da isonomia tributária
O princípio da isonomia tributária contempla o tratamento igualitário entre contribuintes 
que estejam em situação de equivalência.
Está disposto no art. 150, II, da CF:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado 
à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em 
situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação 
profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação 
jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos (BRASIL, 1988).
4.1.3 Princípio da irretroatividade 
É um princípio primordial para a realização do sobreprincípio da segurança jurídica. 
Segundo o Princípio da Irretroatividade, a lei deverá gerar efeitos prospectivos, ou seja, ela só 
deve irradiar para o futuro, e não para o passado.
Decorre do art. 5º, XXXVI, da CF, que determina que “a lei não prejudicará o direito 
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
Na seara tributária, está insculpido no art. 150, II, a, da CF:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado 
à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:[...]
III - cobrar tributos:
em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os 
houver instituído ou aumentado (BRASIL, 1988).
A rigor, portanto, a lei tributária não poderá irradiar efeitos para fatos pretéritos, salvo em 
duas exceções previstas no art. 106 do CTN:
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a 
aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou 
omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta 
de pagamento de tributo;
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c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao 
tempo da sua prática (BRASIL, 1966).
Nos casos em que a lei for interpretativa, ou seja, que não inove o ordenamento jurídico 
ou que ela seja benéfica ao contribuinte, ela poderá retroagir para irradiar seus efeitos a fatos 
pretéritos.
4.1.4 Princípio da anterioridade
Trata-se do princípio que determina que os tributos não poderão ser exigidos antes do 
transcurso de um lapso temporal existente após a publicação da lei que os instituiu ou majorou.
O aludido princípio visa coibir que o contribuinte seja pego de surpresa pela instituição 
ou majoração de um tributo.
A anterioridade é divida em anterioridade de exercício (art. 150, III, b, da CF) e 
anterioridade nonagesimal (art. 150, III, c, da CF).
A anterioridade de exercício, ou anual, veda a cobrança de tributos no mesmo exercício 
financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.
Por sua vez, a anterioridade nonagesimal, introduzida pela Emenda Constitucional n.º 
42, de 2003, veio reforçar ainda mais a proteção ao contribuinte, ao proibir a cobrança de tributos 
antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou 
aumentou, observada, ainda, a anterioridade de exercício. 
Como se vê, em regra, a anterioridade de exercício e a anterioridade nonagesimal devem 
ser observadas cumulativamente. 
Exemplos: (i) Um tributo criado no mês de agosto só poderá ser cobrado a partir de 1º 
de janeiro do próximo ano, pois terá sido respeitado o exercício seguinte e os noventa dias de 
anterioridade; (ii) Caso a lei que criou ou majorou o tributo seja publicada em 1º de dezembro, 
o tributo só seria exigível no próximo ano (anterioridade de exercício) e, cumulativamente, 
decorridos noventa dias da publicação da lei, podendo ser cobrado a partir de 2 de março do 
próximo ano.
Existem, porém, algumas exceções a este princípios.
Constituem tributos de exigência imediata, exceções tanto ao princípio da anterioridade 
de exercício quanto ao princípio da anterioridade nonagesimal, os seguintes tributos:
a) Imposto de Importação (II).
b) Imposto de Exportação (IE).
c) Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
d) Imposto Extraordinário de Guerra (IEG).
e) Empréstimo Compulsório.
Exceções ao Princípio da Anterioridade de Exercício:
a) Imposto sobre produtos industrializados (IPI).
b) ICMS-comb/lub – somente quanto à alíquota.
c) Cide-comb – somente quanto à alíquota.
d) Contribuições para a seguridade social.
Exceções ao Princípio da Anterioridade Nonagesimal: 
a) Imposto sobre a renda (IR).
b) IPVA – somente quanto à base de cálculo.
c) IPTU – somente quanto à base de cálculo.
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Vale ressaltar que princípio da anterioridade não se confunde com o extinto princípio da 
anualidade, segundo o qual era determinada prévia autorização orçamentária para a criação de 
tributos em cada exercício.
4.1.5 Princípio da vedação do tributo com efeito de confisco
Uma das limitações ao poder de tributar diz respeito à proibição de se utilizar o tributo 
como ferramenta de confisco dos bens dos contribuintes, prevista no art. 150, IV, da Constituição 
Federal. Note que o dispositivo veda a utilização do tributo com efeito de confisco, no entanto, 
não institui critérios de aferição do caráter confiscatório do tributo. Resta clara, porém, a 
intenção do constituinte em estabelecer um limite para a tributação, evitando, assim, o exagero. 
Há entendimento no sentido de que:
Esta vedação constitucional do confisco tributário nada mais representa senão 
a coibição, pela Lex Legum, de qualquer aspiração estatal que possa levar, na 
seara da fiscalidade, à injusta apropriação pelo Estado, no todo ou em parte, 
do patrimônio ou das rendas dos contribuintes, de forma a comprometer-lhes, 
em razão da insuportabilidade da carga tributária, o exercício do direito a uma 
existência digna, ou, também, a prática de atividade profissional lícita ou, ainda, 
a regular satisfação de suas necessidades vitais básicas (CORDEIRO, 2006).
Ocorre que o tema é muito subjetivo. O que parece confiscatório para uma pessoa pode 
não parecer para outra. Entende o eminente jurista Paulo de Barros Carvalho que o princípio em 
comento 
[...] acaba por oferecer unicamente um rumo axiológico, tênue e confuso, cuja 
nota principal repousa na simples advertência ao legislador dos tributos, no 
sentido de comunicar-lhes que existe limite para a carga tributária. Somente isso 
(CARVALHO, 2012). 
Não se pode olvidar que o princípio da não confiscatoriedade está atrelado ao princípio 
da capacidade contributiva, uma vez que o Estado tem o dever de respeitar o limite que cada 
contribuinte pode contribuir para com os gastos públicos por meio dos tributos, configurando 
esse limite como a riqueza tributável das pessoas. Se for ultrapassado o limite, ou seja, se esgotar a 
riqueza tributável da pessoa e o fisco avançar na riqueza não tributável da pessoa, a cobrança será 
inconstitucional por configuraro confisco de bens não tributáveis do contribuinte.
Ruy Barbosa Nogueira preceitua que “tanto é confisco tributário a absorção, pelo tributo, 
da totalidade do valor da situação ou do bem tributário, como qualquer parcela que exceda à 
medida fixada legalmente” (NOGUEIRA, 1990). 
Entende-se que o caráter confiscatório de um tributo surge por um abuso na tributação, 
sendo que competirá ao Poder Judiciário a apreciação do caso concreto, para definir se houve, de 
fato, o confisco dos bens do contribuinte pelo tributo.
A definição de um critério objetivo, de modo genérico, no escopo de encontrar o ponto 
em que finda a tributação permitida e se inicia a faceta confiscatória dos tributos se mostra um 
tema intrincado, ousando-se dizer até inviável, ainda não esclarecido pela doutrina.
Considerando, outrossim, que a caracterização de um tributo como confiscatório carece, 
muitas vezes, de uma análise subjetiva, aquele que se sentir confiscado pelo tributo deverá recorrer 
ao Poder Judiciário.
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Vale lembrar que, em que pese existir a vedação à utilização do tributo com efeito 
confiscatório, em virtude, dentre outros, do direito de propriedade individual constitucionalmente 
garantido, em alguns casos, a tributação excessiva será admitida e, ainda, encorajada pelo texto 
constitucional, quando se tratar de hipóteses que visem a atuação extrafiscal da exação, como na 
indução de comportamentos desejados e desestímulo daqueles que não se desejam, bem como 
em decorrência do exercício do poder de polícia. Por conseguinte, não poderá ser arguido o 
princípio da vedação da utilização do tributo com efeito confiscatório nessas hipóteses como 
meio de defesa, salvo no caso da absorção do bem ou da renda.
4.1.6 Princípio da capacidade contributiva
O princípio da capacidade contributiva pode ser conceituado como 
[...] a aptidão da pessoa colocada na posição de destinatário legal tributário 
para suportar a carga tributária, numa obrigação cujo objeto é o pagamento 
de imposto, sem o perecimento da riqueza lastreadora da tributação (COSTA, 
2003). 
É entendido como corolário do princípio da igualdade tributária, auxiliando a realização 
dos ideais republicanos, dentro da seara tributária. Ora, nada mais justo do que aqueles que 
possuam uma situação econômica mais privilegiada pagarem mais tributos proporcionalmente 
àqueles que possuem menor riqueza, concretizando-se, com isso, o princípio da capacidade 
contributiva, ao onerar mais severamente aqueles com melhores condições econômicas.
O princípio em comento surgiu no ordenamento jurídico brasileiro em 1824, persistindo 
por longo período, até que foi retirado pela Constituição de 1937. Em 1946, a Carta Magna 
reinseriu expressamente o princípio da capacidade contributiva em seu art. 202.
No texto constitucional vigente, o princípio da capacidade contributiva é contemplado 
pelo § 1º do art. 145 da CF, que assim dispõe:
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados 
segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração 
tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, 
respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os 
rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte (BRASIL, 1988, grifo 
nosso).
Ainda que o dispositivo supratranscrito faça menção somente aos impostos, o princípio 
em comento é plenamente aplicável a outras espécies tributárias, como as taxas e contribuições 
para a seguridade social.
Outrossim, a capacidade contributiva, a ser levada em conta na elaboração das leis 
que instituem tributos, refere-se a critérios objetivos de presunção de riqueza, abstraindo-se 
qualquer caráter subjetivo da lei. Assim, o que deve ser considerado na aferição da capacidade 
contributiva do contribuinte não são suas condições econômicas reais do momento, mas, sim, 
suas manifestações objetivas de riqueza, como, por exemplo, possuir um automóvel ou uma casa.
É certo, porém, que, na quantificação da capacidade contributiva, deve ser observado o 
mínimo vital, entendido em correlação com as necessidades básicas ou fundamentais do indivíduo 
e de sua família, de acordo com os aspectos sociais de determinado local e época, podendo, assim, 
o conceito de mínimo vital sofrer alterações com o passar dos anos.
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O brilhante jurista Alfredo Augusto Becker assinala que:
A riqueza do contribuinte (que está sendo relacionada com o tributo singular) 
não é a totalidade da riqueza do contribuinte, mas unicamente um fato-signo 
presuntivo de sua renda ou de capital. [...] Na escolha dos fatos-signos presuntivos 
de renda ou capital, o legislador ordinário está juridicamente obrigado a escolher 
fatos que sejam presuntivos de uma espécie de renda ou de capital acima do 
mínimo indispensável, por exemplo: automóvel [...]. Entretanto, na maior parte 
dos casos, o fato não permite, por si mesmo, presumir renda ou capital acima 
do mínimo indispensável. Por isto, em todos estes casos, o legislador ordinário 
está juridicamente obrigado a criar isenções tributárias, simultaneamente com 
a lei criadora do tributo cuja hipótese de incidência é aquele fato que, por si 
mesmo, não faz presumir renda ou capital acima do mínimo indispensável. Esta 
criação das isenções tributárias em correlação simultânea ao estabelecimento do 
tributo, cria o conceito jurídico de mínimo indispensável em relação àquele fato 
signo presuntivo de uma espécie de renda ou de uma espécie de capital. Por 
exemplo: isenção para um mínimo consumo de água [...] O dever jurídico que 
a regra constitucional impõe ao legislador ordinário não é apenas o de escolher 
fatos-signos presuntivos de renda ou de capital para a composição da hipótese 
de incidência do tributo, mas também e principalmente o dever de criar isenções 
tributárias que resguardem a imunidade tributária do mínimo indispensável de 
capital e de renda. A omissão nesse sentido do legislador ordinário, acarretará a 
inconstitucionalidade da lei tributária, se a hipótese de incidência do tributo, por 
si mesma, não constituir fatos-signos presuntivos de renda ou de capital acima 
do mínimo indispensável. Note-se que o legislador ordinário, ao estabelecer a 
isenção tributária, cria o conceito jurídico de mínimo indispensável (BECKER, 
2002).
Assim, a lei que cria tributo, colocando como hipóteses de incidência manifestações 
objetivas de riqueza, chamados fatos-signos de riqueza, que respeitem o mínimo vital ou 
indispensável, atende ao princípio da capacidade contributiva. Esses fatos-signos de riqueza 
funcionam como presunção de riqueza daquele que pratica determinado ato, possibilitando, 
com isso, o alcance de um imposto específico, restando incontroversa a capacidade contributiva 
do contribuinte, por se tratarem de elementos objetivos que se afastam do aspecto subjetivo do 
contribuinte. Razões inerentes ao contribuinte, como uma situação de desemprego, não têm o 
condão de modificar a capacidade contributiva, uma vez praticado o fato gerador do tributo.
De outra banda, há quem defenda que o aspecto subjetivo do contribuinte deva ser 
considerado, ou seja, dever-se-ia levar em conta a capacidade econômica real do contribuinte, 
investigando sua possibilidade concreta de contribuir para com o Fisco.
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4.1.7 Princípio da não limitação ao tráfego de pessoas e bens
Previsto no art. 150, V, da CF, o Princípio da Não Limitação ao Tráfego de Pessoas e Bens 
veda a utilização dos tributos como forma de limitar o tráfego das pessoas ou bens, com exceção 
à cobrança de pedágio nas vias conservadas pelo Poder Público. Trata-se de uma decorrência da 
liberdade de locomoção, contida no art. 5.º, XV, da CF.
Regina Helena Costa subdivide a capacidadecontributiva em absoluta (ou objetiva) 
e relativa (ou subjetiva):
Fala-se em capacidade contributiva absoluta ou objetiva quando 
se está diante de um fato que se constitua numa manifestação 
de riqueza; refere-se o termo, nessa acepção, à atividade de 
eleição, pelo legislador, de eventos que demonstrem aptidão 
para concorrer às despesas públicas. Tais eventos, assim 
escolhidos, apontam para a existência de um sujeito passivo 
em potencial. Diversamente, a capacidade contributiva relativa 
ou subjetiva – como a própria designação indica – reporta-
se a um sujeito individualmente considerado. Expressa aquela 
aptidão de contribuir na medida das possibilidades econômicas 
de determinada pessoa. Nesse plano, presente a capacidade 
contributiva , aquele potencial sujeito passivo torna-se efetivo – 
apto, pois, a absorver o impacto tributário (COSTA, 2003).
 
Entende-se que, no plano teórico, a aferição da capacidade econômica real do 
contribuinte se mostra um caminho interessante. No entanto, essa técnica se 
mostra inviável na prática, em virtude do incontável número de fatos geradores 
que ocorrem a todo momento, tornando-se impossível a investigação da real 
capacidade contributiva de cada contribuinte que pratica o fator gerador de um 
determinado tributo. Por essas razões, filia-se ao entendimento de que deve ser 
adotado um critério objetivo e genérico de presunção de riqueza, ou seja, “cada um 
deve contribuir na proporção de suas rendas e seus haveres, independentemente 
de sua eventual disponibilidade financeira” (TORRES, 2013).
Contudo, a adoção pela lei de um critério objetivo e genérico de presunção de 
riqueza não afasta a possibilidade de discussão junto ao Poder Judiciário acerca 
de possível exagero de carga tributária incidente sobre o contribuinte em um 
determinado caso concreto.
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4.1.8 Princípio da uniformidade geográfica
Princípio direcionado à União, determina que os tributos federais sejam instituídos de 
modo uniforme em todo o território nacional. Encontra-se disciplinado no art. 151, I, da CF.
Existe exceção nos casos de incentivos fiscais relacionados ao incentivo do equilíbrio 
socioeconômico entre as diferentes regiões do País (art. 151, I, in fine, c/c art. 43, § 2.º, III, da CF).
4.1.9 Princípio da não cumulatividade
O Princípio da Não Cumulatividade tem a finalidade de impedir que a ocorrência das 
sucessivas operações de uma cadeia econômica acabe por onerar excessivamente um produto. 
Com isso, os valores já pagos a título de determinado tributo serão aproveitados pelos 
próximos integrantes da cadeia econômica. 
 É um princípio aplicável ao ICMS (art. 155, §2º, da CF), IPI (art. 153, § 3.º, II, da CF), 
impostos residuais (art. 154, I, da CF) e as contribuições para a seguridade social (art. 195, I, b e 
IV c/c §12º, e §4º c/c art. 154, I, da CF).
4.2 Imunidades
Outra ferramenta de limitação ao poder de tributar são as imunidades. Elas representam 
normas constitucionais que retiram parte da competência outorgada pela própria Constituição aos 
entes políticos para determinadas situações. É uma competência negativa. Também é entendida 
como uma exoneração constitucional do dever de pagar tributo.
Estão previstas na Constituição diversas imunidades referentes a impostos, contribuições 
e taxas. 
4.2.1 Imunidade recíproca
Disciplinada pelo art. 150, VI,  a, da CF, indica que é vedado aos entes federativos 
instituírem impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros. Deriva do princípio 
da isonomia e tem a finalidade de garantir o equilíbrio entre os entes federativos. Isso significa 
que, por exemplo, o Município não poderá cobrar IPTU de um imóvel pertencente à União 
e, similarmente, a União não poderá cobrar imposto de renda sobre as receitas auferidas pelo 
Município.
A Constituição Federal possui uma série de direitos e garantias fundamentais, e 
o Estado precisa de ferramentas para concretizar esses anseios da população, 
consignados na Carta da República. Por isso, foram criadas as imunidades como 
uma das ferramentas para contribuir na tutela dos valores relevantes para a 
sociedade que são constitucionalmente consagrados.
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Segundo posicionamento do STF, a imunidade tem aplicação quanto aos impostos diretos, 
excluindo-se os impostos indiretos, como IPI e ICMS.
4.2.2 Imunidade para templos de qualquer culto
O art. 150, VI,  b, da CF, contempla a imunidade religiosa. Muito embora o texto 
constitucional indique que a imunidade recai sobre os “templos de qualquer culto”, o que está 
sendo tutelado não é o templo como “prédio/construção” em si, mas sim a instituição religiosa, 
decorrente da proteção constitucional à liberdade religiosa. O próprio §4º do art. 150, da CF, prevê 
que são imunes o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais 
das entidades nelas mencionadas. Isso quer dizer, por exemplo, que, se a igreja possui um imóvel 
que está sendo locado e o valor da locação é revertido para as suas atividades essenciais, essa 
renda também será imune, assim como o imóvel.
4.2.3 Imunidades para partidos políticos, entidades sindicais de 
trabalhadores, instituições de educação e entidades de assistência 
social
O art. 150, VI, c, da CF, prevê diversas entidades beneficiadas pela regra imunizante.
Quanto aos partidos políticos, o que se busca proteger é a liberdade política, que reflete 
um dos fundamentos da República Federativa do Brasil.
As entidades sindicais são protegidas ante a liberdade de associação sindical. Lembrando 
que somente os sindicatos dos trabalhadores detêm esse benefício. Os sindicatos patronais não 
possuem imunidade.
Também as instituições de ensino detêm imunidade, haja vista a intenção do Estado de 
difundir a educação e o ensino, desde que não detenham finalidade lucrativa. 
As entidades de assistência social possuem imunidade tendo em conta o seu importante 
papel assistencialista. São as entidades do “terceiro setor”, tais como organizações não 
governamentais - ONGs, organizações da sociedade civil de interesse público - OSCIPs, entidades 
beneficentes, dentre outras.
As imunidades para as instituições de ensino e entidades de assistência social são 
condicionadas ao atendimento dos requisitos da lei.
No que tange à aplicação ou não da imunidade recíproca aos 
chamados impostos indiretos, nos quais há a repercussão 
tributária na cadeia econômica, como IPI e ICMS, acesse o 
voto exarado por ocasião do julgamento do STF AgR-RE nº 
864.471/BA, Rel. Min. Rosa Weber, DJe 22.02.2017, disponível 
em http://bit.ly/3aR7AG2
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Cita-se, por exemplo, o art. 14 do CTN:
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à 
observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a 
qualquer título;      
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus 
objetivos institucionais;
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de 
formalidades capazes de assegurar sua exatidão.
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a 
autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício.
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são 
exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais 
das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos 
constitutivos (BRASIL, 1966).
Veja que as instituições de ensino e de assistência social podem ter lucro, mas o lucro 
auferido não pode ser distribuído, devendo ser investido na própria instituição.
4.2.4 Imunidades para livros, jornais, periódicos e o papel destinado 
àsua impressão
Conhecida como imunidade de imprensa, busca concretizar direitos constitucionais 
fundamentais, como a liberdade de expressão, comunicação, difusão da cultura e da educação, 
acesso à informação, entre outros.
Está prevista no art. 150, VI, d, da CF.
O STF se posicionou no sentido de reconhecer a imunidade tributária também para os 
livros eletrônicos (e-books) e para os aparelhos leitores de livros eletrônicos (e-readers).
4.2.5 Imunidade para fonogramas e videofonogramas musicais 
produzidos no Brasil e para seus suportes materiais ou arquivos 
digitais
Com a intenção de incentivar a produção musical brasileira, foi aprovada a Emenda 
Constitucional n. 75 de 2013, chamada de PEC da música, acrescentando-se a alínea “e” no inciso 
VI do art. 150, da CF:
VI - instituir impostos sobre: [...]
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras 
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas 
por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que 
os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura 
a laser (BRASIL, 1988).
Restaram desonerados os CDs, DVDs e outras mídias, que passaram a não mais serem 
tributados pelo ICMS, ISS, IPI, II e IE, salvo no caso do IPI na etapa de replicação industrial.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Finalizamos os estudos propostos para esta unidade após uma análise minuciosa das 
diretrizes constitucionais tributárias. 
Buscou-se tratar dos temas constitucionais inerentes ao direito tributário, que são de 
suma importância para a compreensão da matéria como um todo.
São elementos basilares sobre os quais se funda todo o sistema tributário.
Tratou-se da conceituação de tributo no contexto de uma cobrança impositiva por parte 
do poder público voltado ao financiamento das despesas públicas, caracterizando-se como uma 
receita derivada do Estado. Também restaram trabalhadas suas características e funções, bem 
como as espécies tributárias previstas na Constituição, quais sejam: impostos, taxas, contribuições 
de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições.
Verificamos os aspectos inerentes à competência tributária, como suas características e 
classificação. A bitributação e bis in idem foram diferenciados e explicitados.
Tratamos, também, sobre as limitações constitucionais ao poder de tributar, que são 
subdivididas em princípios constitucionais e imunidades.
O estudo dessas limitações ao poder de tributar, que refletem garantias do contribuinte, 
proporcionou uma compreensão acerca das regras que asseguram a segurança jurídica no âmbito 
fiscal.
Assim, resta finalizada esta unidade, que teve por objetivo contextualizar o aluno sobre o 
regramento constitucional no âmbito do direito tributário. 
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02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................27
1 FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO .........................................................................................................................28
2 VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA .............................................................................................................29
3 APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA ...........................................................................................................30
4 INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA..................................................................... 31
5 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA........................................................................................................................................32
5.1 A REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA ...............................................................................................32
5.2 FATO GERADOR .....................................................................................................................................................33
5.3 SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ............................................................................................................35
5.3.1 SUJEITO ATIVO ....................................................................................................................................................36
5.3.2 SUJEITO PASSIVO ..............................................................................................................................................36
DIREITO TRIBUTÁRIO I
PROF. PAULO HENRIQUE GOMES DA COSTA 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
DIREITO TRIBUTÁRIO
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5.3.3 SOLIDARIEDADE ................................................................................................................................................37
5.3.4 CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ................................................................................................................................37
5.3.5 DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO ..................................................................................................................................38
5.4 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA .....................................................................................................................38
5.4.1 SUCESSÃO ...........................................................................................................................................................38
5.4.2 RESPONSABILIDADE EM SENTIDO ESTRITO ................................................................................................40
 5.4.3 RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO.................................................................................................... 41
5.4.4 RESPONSABILIDADE “DO AGENTE” POR INFRAÇÕES ..................................................................................42
5.4.5 DENÚNCIA ESPONTÂNEA .................................................................................................................................42
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................44
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INTRODUÇÃO
Prosseguindo nos estudos em direito tributário, após analisarmos as diretrizes 
fundamentais insculpidas na Constituição Federal, passamos a analisar a sistemática tributária 
contida na esfera infraconstitucional.
Nesta unidade, iniciar-se-á o estudo do Código Tributário Nacional. Nesse diploma, estão 
contidas as normas gerais de Direito Tributário, que são de suma importância à compreensão da 
matéria.
Serão esclarecidas as fontes do Direito Tributário, sua aplicação e relevância nesta seara.
Também trabalharemos a questão inerente à vigência da legislação tributária, tanto no 
aspecto temporal, quanto terriotorial, além de analisarmos a aplicação da legislação tributária.
Outro ponto importante a ser estudado nesta unidade se refere aos meios de interpretação 
e integração da legislação tributária, que serão utilizados pelos operadores do direito.
Estudaremos, de forma pormenorizada, a obrigação tributária, esclarecendo suas 
peculiaridades e todos os contornos que a rodeiam, inclusive permeando a essência da norma 
por meio da regra matriz de incidência tributária.
Analisaremos o fato gerador do tributo, os sujeitos da obrigação tributária e questões 
ligadas à responsabilidade pelo pagamento dos tributos.
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1 FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO
Entende-se por fonte do direito as maneiras pelas quais o direito se manifesta, tais como 
as leis, jurisprudência, doutrina e costumes, os quais também se aplicam ao Direito Tributário.Considerando que o Brasil é adepto do civil law, com primazia pela lei, essa fonte ganha 
grande destaque também na seara tributária.
No Direito Tributário, existe uma divisão das fontes entre materiais e formais. Fontes 
materiais são os fatos que ocorrem no mundo fenomênico, tais como a transmissão de propriedade, 
a renda, os serviços, a importação, a exportação, o consumo, o patrimônio, entre outros. São essas 
fontes materias que servem de suporte para a criação das fontes formais, que efetivamente criam 
o regramento do Direito Tributário.
Por sua vez, as fontes formais são o conjunto de normas que disciplinam o Direito 
Tributário. 
São fontes formais primárias do Direito Tributário:
1. Constituição Federal e emendas constitucionais: fonte principal do Direito 
Tributário, tem o papel de estabelecer os princípios e normas nucleares no que tange 
aos tributos. Outorga competência aos entes tributantes, estabelece as limitações ao 
poder de tributar e dispõe sobre a repartição das receitas.
2. Lei complementar: a teor do que prescreve o art. 146 da CF, tem o papel de dirimir 
conflitos de competência, regular as limitações constitucionais ao poder de tributar e 
fixar as normas gerais de Direito Tributário. Pode criar tributos excepcionalmente (por 
exemplo, o empréstimo compulsório).
3. Lei ordinária: norma por excelência para a criação dos tributos.
4. Lei delegada: lei editada pelo chefe do poder executivo em virtude de delegação 
concedida pelo poder legislativo. Equivale à lei ordinária.
5. Medida provisória: ato normativo exarado pelo Presidente da República em situações 
relevantes e urgentes com força de lei. Pode instituir e aumentar tributo.
6. Decreto Legislativo: ato emanado pelo Congresso Nacional para a aprovação de 
tratados internacionais (art. 49, I, da CF).
7. Resoluções: Atos normativos exarados pelo Senado Federal, que tratam, em regra, da 
fixação de alíquotas mínimas e máximas de determinados impostos.
8. Tratados e convenções internacionais: função principal de evitar a bitributação 
internacional.
Por sua vez, as fontes formais secundárias são aquelas criadas para explicitar e dar 
cumprimento às fontes formais primárias, sem caráter de inovação. Estão previstas no art. 100, 
do CTN. Tratam-se dos:
1. Atos normativos: normas expedidas pela administração pública com o escopo de 
orientar a interpretação e aplicação das leis.
2. Decretos e regulamentos: atos que emanam do chefe do poder executivo e têm por 
finalidade dar cumprimento às leis.
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3. Instruções ministeriais: são atos expedidos por auxiliares diretos do chefe do poder 
executivo (ministros e secretários), que também visam a interpretação e cumprimento 
das leis.
4. Circulares: atos administrativos expedidos por chefes ou diretores de departamentos 
ou seções.
5. Decisões com eficácia normativa: decisões proferidas na esfera administrativa.
6. Costumes: prática reiterada da administração pública. 
7. Convênios: acordos administrativos celebrados entre a União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios, visando a execução de leis, serviços, decisões, entre outros.
2 VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
Vigência pode ser conceituada como “a aptidão de uma norma para qualificar fatos, 
desencadeando seus efeitos de direito. Uma lei está em vigor quando idônea a incidir sobre 
situações fáticas, gerando consequências jurídicas” (COSTA, 2018).
Podemos analisar a vigência da norma tributária a partir dos prismas temporal e espacial.
Quanto à vigência da legislação tributária no tempo, a regra está estabelecida na Lei 
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), segundo a qual, “salvo disposição 
em contrário, a lei começa a vigorar em todo país quarenta e cinco dias depois de oficialmente 
publicada” (art. 1º, caput, da LINDB).
O período entre a publicação da lei e sua entrada em vigor é chamado de vacatio legis. 
Nesse lapso temporal, embora a lei exista e tenha validade, ela ainda não é dotada de eficácia.
Ocorre que vigência não se confunde com eficácia, a qual representa a aptidão da norma 
de legitimamente irradiar e produzir seus efeitos nos fatos ocorridos no mundo fenomênico.
Isso significa que uma lei que majora tributo e deve, portanto, respeitar as anterioridades 
anual e nonagesimal, poderá estar vigente e ainda não deter eficácia em virtude do princípio da 
anterioridade.
Para ilustar a questão: imagine que uma lei que aumenta a alíquota do ICMS foi publicada 
em 01/06/2019. Considerando a regra de vacatio legis de 45 dias, ela estaria vigente a partir de 
16/07/2019. No entanto, em virtude da anterioridade anual e nonagesimal, somente terá eficácia 
em 01/01/2020.
O art. 103, do CTN traz algumas regras que derrogam o art. 1º da LINDB:
Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor:
I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua 
publicação;
II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto a seus efeitos 
normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação;
III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, na data neles prevista 
(BRASIL, 1966).
O art. 104 do CTN prevê disposição no mesmo sentido do princípio da anterioridade e, 
por conta disso, por ele é absorvido. 
No que tange à vigência da legislação tributária no espaço, a regra diz respeito ao 
princípio da territorialidade, segundo o qual a lei vigorará dentro dos limites territoriais da 
pessoa política que a editou.
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A Constituição disciplina algumas exceções, a saber: (i) no caso do ICMS, “ainda que as 
operações e as prestações se iniciem no exterior” (art. 155, II, da CF); (ii) e, no art. 155, § 2º, IX, 
da CF, sobre 
a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou 
jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja 
a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o 
imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do 
destinatário da mercadoria, bem ou serviço (BRASIL, 1988).
3 APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
A questão da aplicação da legislação tributária é tratada nos arts. 105 e 106 do CTN. 
Segundo o art. 105, “a legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros 
e aos pendentes”. 
No que se refere aos fatos geradores futuros, o tema não gera polêmica, consoante dispõe 
o art. 116 do CTN:
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato 
gerador e existentes os seus efeitos:
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as 
circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente 
lhe são próprios;
II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja 
definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável (BRASIL, 1966, grifo 
nosso).
Assim, os fatos geradores que ainda não tenham ocorrido estarão sob a égide da aplicação 
da lei tributária em vigor.
Os fatos geradores pendentes se referem, em verdade, aos tributos que detêm um fato 
gerador chamado de complexivo ou composto, porque ocorrem durante um lapso temporal. 
É o exemplo do imposto sobre a renda. No caso do IRPF, a renda do contribuinte levada em 
consideração para a tributação será aquela auferida durante todo o ano. Por isso que o CTN o 
denomina de fato gerador “pendente”. 
As hipóteses de retroatividade da lei estão descritas no art. 106, do CTN:
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a 
aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou 
omissão, desdeque não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta 
de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao 
tempo da sua prática (BRASIL, 1966).
Como se vê, podemos subdividir a retroatividade da lei tributária em duas hipóteses: (i) 
em caso de lei interpretativa, que não inova o ordenamento jurídico, mas simplesmente interpreta 
uma lei anterior; (ii) no caso de lei mais benéfica ao contribuinte.
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4 INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO 
TRIBUTÁRIA
 A tarefa de interpretar a lei consiste na análise do texto legal para a extração do seu 
sentido, conteúdo e alcance, para, então, verificar-se a norma que dela emana.
O art. 107, do CTN determina que a interpretação da legislação tributária será realizada 
conforme o disposto no capítulo IV do CTN.
Em seguida, o art. 108, do CTN enumera algumas ferramentas interpretativas:
Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para 
aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:
I - a analogia;
II - os princípios gerais de direito tributário;
III - os princípios gerais de direito público;
IV - a equidade.
§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não 
previsto em lei.
§ 2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de 
tributo devido (BRASIL, 1966).
Esse dispositivo é bastante criticado pela doutrina, pois estabelece uma sequência de 
métodos a serem utilizados, o que, naturalmente, não atinge o objetivo da melhor interpretação. 
Vários são os métodos utilizados no processo interpretativo, e a melhor doutrina recomenda que 
o rol estampado no mencionado dispositivo assuma caráter indicativo e, não, uma ordem a ser 
rigorosamente seguida.
O processo de interpretação da norma passa pela interpretação literal, sistemática e 
teleológica, devendo ser conjugada, caso necessário, com os princípios, analogia e equidade, sem, 
contudo, que haja uma ordem a ser seguida.
Da conjugação dos arts. 109 e 110 do CTN verifica-se que o Direito Privado assume grande 
importância também na seara tributária, pois os institutos de Direito Privado serão utilizados pelo 
Direito Tributário, sendo vedado a este, entretanto, alterar ou distorcer os institutos daquele. Isso 
significa dizer, por exemplo, que o direito tributário poderá tributar a receita ou o faturamento de 
uma empresa, mas quem dirá o que é receita ou faturamento não é o direito tributário, mas sim o 
direito privado, haja vista se tratar de um instituto a este relacionado.
Por sua vez, o art. 111, do CTN determina que, em alguns casos, a interpretação a ser 
adotada é a literal. São eles: (i) suspensão ou exclusão do crédito tributário; (iii) outorga de 
isenção; e (iii) dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.
A rigor, ao que parece, o legislador quis que as normas relativas aos casos descritos no 
art. 111, do CTN, não tivessem interpretação extensiva, ou seja, que os institutos não fossem 
alargados. 
Para encerrarmos o tópico referente à interpretação e integração da legislação tributária, 
é tratada a questão da interpretação benéfica no art. 112, do CTN, segundo a qual, em síntese, 
deverão ser interpretadas do modo mais favorável ao contribuinte as leis tributárias relativas a 
infrações e penalidades.
 
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5 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
O termo “obrigação”, que deriva do direito civil, pode ser entendido como uma relação 
jurídica de cunho patrimonial formada por dois polos, o credor e o devedor, cujo objeto é uma 
prestação de dar ou fazer. 
A obrigação tributária, por sua vez, é subdividida em principal e acessória, conforme 
prevê o art. 113, do CTN:
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto 
o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com 
o crédito dela decorrente.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as 
prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou 
da fiscalização dos tributos.
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se 
em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária (BRASIL, 1966).
A obrigação principal é formada pelo sujeito ativo (ente tributante) e sujeito passivo 
(contribuinte) e tem como objeto uma obrigação de pagar quantia em dinheiro, em virtude 
da ocorrência do fato gerador ou pela imposição de penalidade pecuniária decorrente do 
descumprimento de obrigação acessória. 
Já a obrigação acessória consiste em uma obrigação de fazer ou não fazer imposta ao 
contribuinte no interesse da arrecadação ou fiscalização tributária. Trata-se de um dever exigido 
do sujeito passivo que não consiste na obrigação principal. As obrigações acessórias também 
são chamadas de deveres instrumentais, cujo descumprimento poderá acarretar a cominação de 
multa, que será convertida em obrigação principal. Tais deveres podem consistir na prestação de 
informações, emissão de notas fiscais e escrituração de livros.
5.1 A Regra-matriz de Incidência Tributária
Criada por Paulo de Barros Carvalho, a regra-matriz de incidência tributária (RMIT) 
é uma regra que traz a definição do fato jurídico tributário, em sua hipótese, e da obrigação 
tributária, em seu consequente, caracterizando-se como uma norma de conduta, vertida 
imediatamente para disciplinar a relação do Estado com as pessoas. 
O emprego da RMIT é extremamente operativo e prático, permitindo que, de plano, 
permeie-se na essência normativa, viabilizando sua análise de modo minucioso. Essa análise 
pormenorizada possibilita a verificação de vícios contidos nos mais variados tipos de tributos. 
A RMIT é composta pela hipótese tributária + consequente.
I. Elementos da hipótese tributária:
(i.1) critério material: é a descrição dos aspectos substanciais do fato ou conjunto de 
fatos que lhe servem de suporte. Verbo + complemento. Exemplo: Auferir renda.
(i.2) critério espacial: refere-se ao aspecto territorial de aplicação da lei. 
(i.3) critério temporal: define o momento em que ocorrerá a instauração da relação 
jurídico-tributária.
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II. Elementos do consequente:
(ii.1) critério pessoal: identifica as pessoas presentes no polo da relação jurídico-tributária. 
O sujeito ativo (ente político - credor) e o sujeito passivo (contribuinte - devedor).
(ii.2) critério quantitativo: responsável por apurar o valor devido. É composto pela base 
de cálculo e a alíquota.
A regra-matriz de incidência tributária pode ser esquematizada da seguinte forma: 
5.2 Fato Gerador
A obrigação tributária decorre da ocorrência de um fato previamente tipificado em lei, 
que autoriza a instauração da relação jurídico-tributária. 
O fato gerador, portanto, nada mais é do que a materialização da hipótese de incidência 
tributária.
Está ligado ao critério material da RMIT.
 Para um aprofundamento na regra-matriz de incidência tributária, recomenda-se 
a leitura dos capítulos IX, X e XI do Curso de Direito Tributário, de Paulo de Barros 
Carvalho.
O termo fato gerador é muito criticado pela doutrina, pois é utilizado no Código 
Tributário Nacional ora para se referir à hipótese de incidência (em abstrato) ora 
como o fato jurídico tributário (fato realizado concretamente). Em outras palavras, 
é empregado como a descrição legislativa do fato que faz nascer a relação jurídico-
tributária, bem como o próprio acontecimento relatado na norma geral e abstrata 
no ato de aplicação.
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Os arts. 114 e 115 do CTN tratam do fato gerador da obrigação principal e

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