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Teoria da literatura II aula 3

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19/05/2022 17:49 Pós-estruturalismo e desconstrucionismo literário
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02715/index.html# 1/46
Pós-estruturalismo e desconstrucionismo
literário
Prof. Mário Bruno
Descrição
O movimento pós-estruturalista, seus aspectos desconstrucionistas, a semiologia de Roland Barthes, a
função-autor em Foucault e a morte do autor, na perspectiva barthesiana.
Propósito
Compreender alguns aspectos fundamentais para a crítica literária no mundo contemporâneo, a partir do
pós-estruturalismo e do desconstrucionismo, para ampliar a perspectiva teórica da literatura.
Preparação
Tenha em mãos um dicionário de literatura para compreender o vocabulário específico da área. Na Internet,
você acessa gratuitamente o E-dicionário de termos literários, de Carlos Ceia, e o Dicionário de cultura básica,
de Salvatore D’Onofrio.
Objetivos
Módulo 1
Desconstrução e Teoria literária
19/05/2022 17:49 Pós-estruturalismo e desconstrucionismo literário
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Desconstrução e Teoria literária
Reconhecer os antecedentes e os aspectos básicos da teoria desconstrucionista.
Módulo 2
Semiologia de Roland Barthes
Identificar a semiologia barthesiana na sua perspectiva crítico-literária.
Módulo 3
A função autor e a morte do autor
Comparar a questão da morte do autor com o contexto da literatura contemporânea.
Em Ensaios críticos, Roland Barthes comparou a prática do escritor à atividade de um argonauta. De
certo modo, influenciado pelo estruturalismo, ele via o crítico literário também assim (BRUNO, s. d.).
Podemos perguntar: por que as práticas do escritor e do crítico podem ser comparadas às dos
tripulantes do mitológico navio grego de Argos?
Comecemos pelo mito dos argonautas. Querendo recuperar o trono a que tinha direito, o herói grego
Jasão aceita a tarefa impossível de ir ao fim do mundo buscar o velocino de ouro (a lã de um carneiro
alado feita de ouro). Para tal viagem, o amigo de Jasão, Argos, constrói uma estranha embarcação.
Esse navio era feito de combinações, cada uma de suas peças era sempre renovada e, no entanto, o
barco continuava o mesmo.
O navio Argos, na sua longa história, não comportava nenhuma criação, apenas combinações: ligada
a uma função imóvel, cada peça era, no entanto, infinitamente renovada, mas o conjunto não deixava
de ser o navio Argos.
A metáfora do navio Argos, utilizada por Barthes, nos ajuda a compreender a crítica literária do ponto
de vista do pensamento estruturalista, pós-estruturalista e desconstrucionista, que abordaremos nos
módulos a seguir.
Além disso, também vamos estudar os conceitos “função autor”, de Foucault, e “morte do autor”, de
Introdução
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1 - Desconstrução e Teoria literária
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer os antecedentes e os
aspectos básicos da teoria desconstrucionista.
O estruturalismo
O que define um pensador como estruturalista?
Teóricos de diversas áreas foram considerados estruturalistas: um antropólogo como Lévi-Strauss (1908-
2009); um psicanalista como Jacques Lacan (1901-1981); um linguista como Roman Jakobson (1896-
1982); um crítico literário como Roland Barthes (1915-1980) etc.
Nem todos que foram tidos como estruturalistas se consideravam como tal. E o que havia em comum entre
eles?
Inicialmente, vamos definir a noção de “estrutura”. Antes de pertencer ao repertório teórico francês das
Barthes.
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décadas de 50 e 60, tal noção surgiu em 1929 nas teses da escola linguística de Praga. O linguista
dinamarquês Louis Hjelmslev (1899-1965) e o linguista russo Nikolay Trubetzkoy (1890-1938), utilizando a
noção de “sistema”, desenvolvida pelo linguista suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913), criaram um
“método de comparação estrutural”. Tratava-se da ruptura com a consistência física dos objetos, por meio
de um método como um sistema de diferenças (BRUNO, s. d.).
Saiba mais
O estruturalismo pode ser caracterizado como um método aplicado ao estudo do texto literário com base na
estrutura desse texto, ou seja, a partir dos elementos que constituem o texto e se relacionam entre si desde
um sistema único de significação. Assim, a estrutura corresponde ao sistema de relações entre os
elementos do texto, sendo que cada elemento tem seu sentido a partir da relação com os demais elementos
do texto.
Os franceses do pós-guerra revisitaram essa teoria. Sendo assim, encontraram a vantagem de um modelo
que se caracterizava pela sua transponibilidade de fenômeno para fenômeno. Nessa metodologia, os
estudos linguísticos se tornaram fundamentais. Esses teóricos franceses foram denominados de
estruturalistas. Ser estruturalista é supor que só há estrutura daquilo que é linguagem (BRUNO, s. d.).
Composição 8, por Wassily Kandinsky, 1923.
A antropologia estrutural
Processo suave, por Wassily Kandinsky, 1923.
Um capítulo da obra Tristes trópicos, de Claude Lévi-Strauss, afirma que compreender consiste em reduzir
um tipo de realidade a outra, uma vez que a verdadeira realidade jamais se manifesta. A estratégia de Lévi-
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Strauss foi voltar-se para a obra de Saussure. De acordo com Lévi-Strauss, a língua é menos que o todo
social, contudo, esse não todo é objetivamente universal: a língua é um predicado humano inerente a todas
as sociedades (BRUNO, s. d.).
Saiba mais
A antropologia estrutural está voltada para o modo como se combinam os elementos de um sistema, em
vez de se voltar para o valor inerente desses elementos. Assim, as relações ou combinações entre esses
elementos, a partir de suas diferenças, apresentam tensões que tornam a vida social dinâmica. Assim como
os textos literários são analisados como estruturas, por exemplo, a cultura seria considerada um sistema de
comunicação por símbolos que também deveria ser analisada.
A linguística permitiu à antropologia estrutural desenredar esquemas conceituais ativos na vida social,
presentes em instituições como os mitos ou as relações de parentescos. Pode-se dizer que a pretensão de
Lévi-Strauss era extrair universais humanos. Mesmo quando se tratava de investigar Corpus regionais
extensos, o objetivo era a aplicação de alguns universais. A preocupação do pensador francês com os
símbolos tinha como origem essa procura de um inventário universal de padrões mentais.
Introdução ao pós-estruturalismo
Pós-estruturalismo pode ser entendido como um movimento na filosofia que teve início na década de 1960.
O seu leque de campos temáticos inclui literatura, política, arte, críticas culturais, história e sociologia.
Dentre os pensadores que compõem esse movimento, podemos destacar Jacques Derrida (1930-2004),
Gilles Deleuze (1925-1995), Jean-François Lyotard (1924-1998), Michel Foucault (1926-1984) e Julia
Kristeva (1941-2006).
Vários círculos, por Wassily Kandinsky, 1926.
Saiba mais
É comum atribuir o ponto de partida do pós-estruturalismo à conferência proferida por Derrida, em 1966, na
Johns Hopkins University, intitulada La structure, le sign et le jeu dans le discours des sciences humaines. A
conferência foi uma crítica ao estruturalismo, tanto literário quanto cultural. Além dessa conferência,
podemos destacar o ensaio de Derrida Força e significação. Tanto o ensaio quanto a conferência foram
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publicados em 1967, na obra A escritura e a diferença.
La structure, le sign et le jeu dans le discours des sciences humaines
A estrutura, o signo e o jogo no discurso das ciênciashumanas.
É difícil estabelecer o denominador comum entre os autores pós-estruturalistas e por que cada um deles
precisou ir além do estruturalismo.
Um dos pontos que caracterizou o estruturalismo era o padrão repetitivo dos signos: uma espécie de
gramática na qual o conhecimento deveria começar pela norma. O que irá caracterizar o pós-estruturalismo
é entender o limite da estrutura como uma diferença pura que desafia a identificação. O semiólogo italiano
Umberto Eco já havia percebido isso em seu livro A estrutura ausente.
Roland Barthes
Capricious, por Wassily Kandinsky, 1930.
Roland Barthes é um estruturalista ou um pós-estruturalista? Ele é um estruturalista que rompeu com o
estruturalismo e se tornou pós-estruturalista?
O estudo semiológico de Barthes, em 1967, por meio de seu livro Sistema da Moda, e o seu programa para
uma análise estrutural da narrativa, encontrado no livro Introdução à análise estrutural da narrativa, de 1966,
eram nitidamente propostas estruturalistas. No entanto, quando analisamos o trabalho S/Z, a classificação
começa a vacilar, pois já possui traços que oscilam entre estruturalismo e pós-estruturalismo.
O S/Z expõe uma forte tendência metalinguística crítica ao próprio método que utiliza. Em sua contribuição
à poética da ficção, parece conter traços de tentativas de ir além dos limites positivos do pensamento
estrutural (CULLER, 1997).
A desconstrução da tradição metafísica na Gramatologia
Agora, vamos tratar da desconstrução na obra de Derrida.
Rossano Pecoraro (2009) afirma que a primeira fase autoral de Derrida (1967-1989) é composta pelo
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empenho na desconstrução da tradição metafísica.
Esse desconstrucionismo derridiano tem o seu início com o livro A voz e o fenômeno (1967), mas encontra o
seu desenvolvimento em Gramatologia.
Saiba mais
A desconstrução de Derrida é, inicialmente, uma crítica ao estruturalismo. Entretanto, podemos conceituar a
desconstrução como uma crítica ao logocentrismo da metafísica ocidental, especialmente a crítica a
conceitos como “o significado e o significante; o sensível e o inteligível; a origem do ser; a presença do
centro; o logos, etc.” (CEIA, 2009, não paginado), conceitos tidos como estáveis pela tradição filosófica
ocidental. A desconstrução, numa perspectiva da análise textual, acabou sendo entendida como leitura
fechada de um texto, de modo a revelar as incompatibilidades e ambiguidades retóricas do texto (CEIA,
2009).
Com lucidez, o crítico literário brasileiro José Guilherme Merquior (1941-1991) nos fala sobre esse
desconstrucionismo presente na obra Gramatologia, de Derrida. Ele diz que a ambivalência do projeto de
Derrida nada tem de gratuito: traduzir Heidegger, em termos saussurianos, põe a descoberto os resíduos
metafísicos na obra de Heidegger; e a projeção heideggeriana na teoria linguística expõe alguns aspectos
ingenuamente metafísicos da obra de Saussure (MERQUIOR, 1975).
Em linhas gerais, Gramatologia tem um duplo movimento crítico. Parte da ideia de que o conceito de escrita
foi sempre comandado pelo etnocentrismo logocêntrico, ou seja, uma visão de mundo fundada na lógica da
predicação, da centralidade da palavra, que a civilização ocidental quis sustentar como universal, em vez de
reconhecê-la como relativa ao seu modo de experiência histórica.
Dentro dessa mesma perspectiva, o Ocidente passou a conceber a escrita como linguagem de sons. Desde
Platão, a escrita foi considerada como secundária em relação à fala. É isso que se desdobra na ideia
aristotélica da fala como símbolo dos estados de alma, e da escrita como símbolo das palavras emitidas
pela voz (MERQUIOR, 1975)
Metafisica, por Edmondo Savelli.
Derrida, Foucault e os impasses do estruturalismo
Para Umberto Eco, em A estrutura ausente, aquele que refletiu sobre o estruturalismo à luz da sensibilidade
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filosófica (ou celebrou uma inexaustiva geratividade do ser) sabe que “as estruturas postas em ação se
garantem como eventos do ser e não como sua trama” (ECO, 1976, p. 343). Nessas atitudes filosóficas,
temos dois pensadores que ultrapassam o estruturalismo: Derrida e Foucault.
Para Derrida, a oposição entre forma e força, entre a estrutura espacializada e a energia que promana da
obra, revela-se na oposição Apolo e Dionísio, que não reside na história; e a “estrutura” da historicidade é
constitutivamente Diferença, afastamento permanente (béance) (ECO, 1976, p. 344).
Oposição entre Apolo e Dionísio
Dicotomia que opõe o comedimento, a perfeição, a harmonia e a razão encontrados no deus grego Apolo ao
caos, à loucura, às festas, às alegrias e aos excessos do deus Dionísio (Baco na mitologia romana).
Apolo e as nove musas, por Jan Van Balen, século XVI.
O triunfo de Dionísio ou Os bêbados, por Diego Velázquez, 1629.
Derrida, em Freud e a cena da escritura, procura explicar o registro freudiano das lembranças por meio de
uma marca conservada por certos neurônios da excitação que os ativou. Essa marca é uma Bahnung, uma
passagem, uma frayage. A memória seria representada pela diferença de frayage entre os neurônios,
constituída, portanto, por um sistema de diferenças e oposições. Nesse sentido, a memória como rastro é
pura diferença. A vida psíquica é diferença no trabalho das forças (ECO, 1976). Derrida caminha na
hipostatização de um limiar diferencial pensando a diferença na origem. Essa falência do original já estava
em Heidegger, que afirma que o que dá origem é a não origem (ECO, 1976).
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Frayage
Frayage é palavra francesa que tem o sentido de traçar ou abrir um caminho, uma trilha. Na versão em
francês das obras de Freud, frayage é o termo usado para traduzir a palavra alemã Bahnung, utilizada por
Freud em sua obra Projeto para uma psicologia científica, de 1950. Bahnung ou frayage designam um “certo
tipo de marca ou memória produzida nas barreiras de contato neuronais devido à passagem recorrente da
excitação sensorial” (ASKOFARÉ, 2019, p. 7).
Hipostatização
Atribuição de realidade àquilo que é abstração ou conceito.
Derrida, tal qual Lacan, se deu conta de que a descoberta freudiana é de um
descentramento que não substitui o centro perdido. A lição freudiana é uma lição
trágica, a psicanálise otimista norte-americana é uma traição. Nesse sentido, as
conclusões de Lacan e Derrida são muito próximas de Ser e tempo sobre a “decisão
antecipadora”. São linhas de pensamento colocadas sob o signo da morte (ECO,
1976).
Derrida (ECO, 1976) nos mostra com muita argúcia que o sujeito, ao perceber que está preso a uma cadeia
simbólica (e que não existe metalinguagem dessa cadeia), se dá conta de que não há metalinguagem do
Outro.
Aviso, portanto, a quem queira ainda fingir individuar estruturas definitivas: não
só, relatando-as, vocês estarão sempre relatando coisa diferente, mas também
não conseguirão fundamentá-las, porque a linguagem que pretende
fundamentá-las é a mesma cujos erros as estruturas querem desmascarar.
Compreende-se então por que muita crítica de base fenomenológica pode
irritar-se e definitivamente levantar – para os liquidadores do estruturalismo –
questões que lhes parecem destituídas de sentido.
(ECO, 1976, p. 346-347)
Por outro lado, Foucault (ECO, 1976), no seu caminhar “com e para além” da estrutura, nos mostra que a
“morte do homem” implica a renúncia à fundação transcendental do sujeito. Curiosamente, em sua opção
de demolir o estruturalismo a partir do filão Nietzsche-Heidegger, em As palavras e as coisas, por exemplo,
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parece elaborar grades estruturais.
Foucault traçou mapas de uma arqueologia das Ciências Humanas, do Renascimento aos nossos dias, e fez
emergir “a priori históricos”, episteme de determinadas épocas, configurações que deram lugar a várias
formas de conhecimentos empíricos (ECO, 1976).
Sendo assim, As palavras e as coisas, de Foucault, é dividido em três partes:
Episteme
Conforme o próprio Foucault (2002, p. 218), episteme é o “conjunto das relações que podem ser
descobertas para uma época dada, entre as ciências, quando estas são analisadas no nível das
regularidades discursivas”. Ou seja, em vez de ser um modo particular de conhecimento, para Foucault se
trata das relações epistemológicas entre as ciências humanas.
A ideia de semelhança, regendo o mundo simbólico medieval renascentista.
A ideia setecentista da representação, baseada num parentesco entre a ordem da linguagem e a ordem das
coisas, classificando os seres por meio de uma homologia dos seus caracteres visíveis.
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As ideias de vida, trabalho e linguagem como energia, que passam a dominar a partir do século XIX (ECO,
1976).
Na modernidade, o homem faz-se problema para si mesmo e descobre as impossibilidades paralisantes da
sua busca pelo transcendental. A solução proposta pelas Ciências Humanas é pensar algo que “é diferente
do homem e o atravessa”: na Psicologia, a dialética entre função e norma; na Sociologia, opõe conflito e
regra; e nos mitos e na literatura, a oposição entre conflito e sistema (ECO, 1976).
Desconstrução e literatura
Acerca do círculo, por Wassily Kandinsky, 1940.
De acordo com o professor Evando Nascimento, em Derrida e a Literatura (1999), um dos aspectos da obra
de Derrida é ser um constante leitor ou “crítico” dos autores reconhecidos como escritores (Kafka, Mallarmé,
Jabes, Artaud, Baudelaire, Poe, Flaubert, Celan, Ponge, Blanchot e outros), e para além dos domínios da
crítica, da teoria, da história e da literatura comparada, propõe uma “literatura pensante” que não se resume
à filosofia.
Derrida demonstrou, desde adolescente, o interesse pela literatura. Para ele, tratava-se de uma instituição
que permitia tout dire (tudo dizer) em dois sentidos: exaurir a suposta totalidade do assunto e falar sobre
qualquer assunto sem constrangimento (NASCIMENTO, 1999).
Por outro lado, a literatura, de acordo com Derrida, é uma instituição ligada a um direito bastante recente
enquanto texto impresso como propriedade de um autor específico.
Aspectos da teoria literária desconstrucionista
O pós-estruturalismo, sobretudo na versão norte-americana, apresentou-se, em linhas gerais, como
introdução aos estudos literários dos princípios fundamentais do pensamento de Derrida. A conferência, de
1966, Estrutura, signo e jogo no discurso das ciências humanas e os diversos cursos ministrados nas
universidades Johns Hopkins e de Yale se tornaram os núcleos institucionais do desconstrucionismo
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(LOPES, 1994, p.306).
Silvina Lopes Rodrigues (1994) nos afirma que o pensamento derridiano da suplementaridade, do qual faz
parte a impossibilidade de totalização, vem de um campo infinito de substituições no fechamento de um
conjunto finito. Daí resulta que os estudos literários abrem para temas inesperados. O desconstrucionismo,
por meio de uma teoria da textualidade, tende a um alargamento que abrange as disciplinas da Filosofia, do
Direito, da Antropologia e da História.
A institucionalização do desconstrucionismo na América do Norte se deu a partir
dos estudos literários, concebendo uma teoria do texto, rompendo com a crítica e a
teoria anteriores.
Apesar das muitas diferenças, a Desconstrução encontrou destaques nos nomes Paul de Man, J. Hillis,
Barbara Johnson, Jonathan Culler, Cristopher Norris, Geoffrey Hartman, Harold Bloom, Samuel Weber e
outros. Esses autores, na esteira de Derrida, recusavam-se à busca de um sentido pleno fundada na
concepção fenomenológica de intencionalidade (LOPES, 1994).
Acordos recíprocos, por Wassily Kandinsky, 1942.
Dos “desconstrucionistas”, cabe assinalar os trabalhos do crítico e teórico literário belga Paul de Man, que
visam pensar a teoria literária como um “método” que revela a negatividade dos textos numa epistemologia
que rompe com as consciências totalizadoras do autor e do texto caindo num sistema de oposições
irresolúveis (LOPES, 1994).
A afirmação derridiana de que não existe algo como “presença plena” assinalando uma origem da
linguagem (apenas existe um originar-se como “arqui-escrita”) é uma vertente antilogocêntrica. Sobretudo,
podemos ver aí a base de uma teoria desconstrucionista da ideologia: a ideologia como confusão da
realidade linguística com a realidade natural, a ideologia defendida como uma crença num significado
transcendental, crença metafísica na existência de um termo final no jogo da significação (LOPES, 1994).
De Man aproxima-se das concepções que assimilam a ideologia à ilusão, ao
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erro, à falsa representação. Assim, a ideologia corresponde, de certo modo, ao
Imaginário, segundo a tripartição lacaniana entre o Imaginário, o Simbólico e o
Real. Essa distinção estabelece, no entanto, questões tão importantes como as
que resultam da impossibilidade de sair do Imaginário e, portanto, de lhe
admitir limites, de traçar as suas fronteiras.
(LOPES, 1994, p. 314)
A confusão entre “realidade linguística” e “realidade natural” parece inevitável ao
desconstrucionista e a literatura é onde se desfaz essa ilusão. Existe uma aparente
vocação da literatura em desfazer as ilusões do senso comum e criticar a ideologia.
Parece que a cultura já tem uma propensão a se tornar ideologia (LOPES, 1994).
Para De Man, a linguística da literariedade pode ocupar o lugar da economia política que o marxismo
colocou no comando de todo pensamento. De Man vê na análise linguística um campo privilegiado para
análise das formações ideológicas. Afirmando que a análise poética pode derivar para análise política,
aponta para a crítica literária como uma desmontagem da ilusão ideológica referencial:
Essa técnica, que desmascara a ideologia enquanto falsa consciência,
enquanto consciência errada, consiste tanto em desmontar a ilusão referencial,
ou a necessária adequação entre a linguagem e um referente que seja exterior,
como em estabelecer a distinção entre uma retórica cognitiva e uma retórica
persuasiva.
(LOPES, 1994, p. 317)
Para De Man, a análise crítico-linguística coloca questões políticas que permitem uma compreensão
minuciosa da realidade social e histórica.
Diálogo entre De Man e Derrida
Finalizando este módulo, ainda baseado em Lopes (1994), vamos ressaltar alguns aspectos que
caracterizaram esse diálogo de De Man com Derrida, ambos dentro dessa perspectiva da desconstrução:
O projeto de desmitificação, de De Man, entra numa tradição que pretende depurar a voz, afastando-a de
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qualquer contaminação com o visível e o sensível. A literatura corresponde ao paradigma linguístico que
serve de base para desmistificação, ou desconstrução.
É a oposição entre o fenomenal e o literário que está na base do estatuto privilegiado de texto literário.
O objetivo da leitura é o objetivo negativo de saber que ler é sempre uma interminável prosopopeia na
qual “construímos” a voz dos mortos, permitindo-nos interpretá-los.
A desconstrução resiste ao historicismo, pois este é constituído na ilusão da presença a si de um sujeito.
O romance exige do leitor uma “reforma do entendimento”,ele está diretamente associado às mudanças
das formas de vida. Ele é fundamental na descrição dos estados de coisas e nos processos de
subjetivação.
Na forma romanesca, a pesquisa da verdade, assim como a do absoluto, torna-se sujeita às
multiplicidades incontroláveis de disseminação dos sentidos.
A ideia de filosofia literária decorre de uma autorreflexividade, entendida como distância, entre o dizer e o
dito, uma filosofia “sem conceito”. Podemos aproximar esse tipo de filosofia da ideia kantiana de juízo
reflexivo a partir do livre jogo entre o entendimento e a imaginação.
A desconstrução inverte o filosofema hegeliano da “morte da arte”. A literatura ganha um lugar de
autoridade e passa a legitimar e enunciar o filosófico da filosofia.
A desconstrução de Derrida e a literatura
Assista agora a um vídeo que aborda os pressupostos teóricos da desconstrução de Derrida e suas
implicações sobre o fazer literário.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.

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Módulo 1 - Vem que eu te explico!
A desconstrução da tradição metafísica na Gramatologia
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Aspectos da teoria literária desconstrucionista
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Analise a as afirmativas a seguir: 
I. Roland Barthes foi influenciado por uma metodologia de pesquisa denominada “estruturalismo”. 
II. Roland Barthes desenvolveu atividades de crítica literária de modo independente, sem ter sofrido
influência do estruturalismo. 
III. O antropólogo Lévi-Strauss, o linguista Roman Jakobson e o psicanalista Jacques Lacan nunca foram
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considerados estruturalistas. 
IV. A noção de estruturalismo surgiu antes das décadas de 50 e 60 enquanto “método de comparação
estrutural”. 
V. O método estruturalista apresenta a vantagem da possibilidade de transporte de fenômeno para
fenômeno. 
VI. O método estruturalista é totalmente empírico, não comporta nenhum aspecto abstrato e preocupa-se
com a consistência física dos objetos. 
Apenas está correto o que se afirma em
A I, IV e V.
B III, II e VI.
C I, II e III.
D I, III e V.
E I, II e VI.
Parabéns! A alternativa A está correta.
As afirmativas I, IV e V estão corretas porque a obra de Barthes foi influenciada pelo estruturalismo,
corrente de pensamento que vigorou, sobretudo, nas décadas de 50 e 60, baseada em conceitos
linguísticos que poderiam ser transportados para outros fenômenos humanos. Seus primeiros
idealizadores foram Lévi-Strauss e Roman Jakobson.
Questão 2
A partir do conceito de escrita no desconstrucionismo, considere as afirmativas a seguir. 
I. A desconstrução da tradição metafísica não tem relação com o conceito de escrita em Derrida. 
II. A projeção heideggeriana na Linguística, operada por Derrida, expõe alguns aspectos metafísicos nos
estudos de Saussure. 
III. Para Derrida, o conceito de escrita foi comandado no Ocidente por algo que ele nomeia de etnocentrismo
logocêntrico. 
IV. Segundo Derrida, desde Platão, a escrita foi considerada como secundária em relação à fala. 
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V. Kafka, Baudelaire, Poe e Ponge não foram autores estudados por Derrida. 
Está correto apenas o que se afirma em
A I, II e III.
B II, III e IV.
C II, III e V.
D III e V.
E IV e V.
Parabéns! A alternativa B está correta.
As afirmativas II, III e IV estão corretas porque Derrida, partindo de conceitos operados no campo
da Linguística e de questões formuladas por Heidegger, na Filosofia, pôde indagar sobre os
aspectos etnocêntricos e logocêntricos da escrita no Ocidente.

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2 - Semiologia de Roland Barthes
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a semiologia barthesiana
na sua perspectiva crítico-literária.
Barthes: do “grau zero” à semiologia
Em 1953, Roland Barthes, em O grau zero da escritura, traz para o centro da problemática literária o conceito
de escritura, que seria o germe da subversão barthesiana semiológica e, futuramente, pós-estruturalista.
Nesse trabalho, faz intervir sua preocupação teórica e crítica. Somente mais tarde iria considerar a literatura
do ponto de vista linguístico e semiológico (SEABRA, 1980).
Em O grau zero da escritura, além de uma rigorosa análise das escritas
políticas e suas relações com a Revolução, Barthes propõe um caminho
crítico muito singular na orientação de seus estudos sobre os textos
romanescos.
Ele detecta que a escrita do romancista francês Gustave Flaubert (1821-1880), autor de Madame Bovary,
constituiu definitivamente a literatura em objeto, o que culminaria na solidificação progressiva de uma
escrita que ele nomeará de “escrita branca” em escritores como Albert Camus, Maurice Blanchot e Jean
Cayrol.
Barthes cria o conceito de “grau zero” para uma escrita puramente “indicativa” e “amodal”; uma escrita que
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existiria no seu silêncio ou numa “equação pura” de “linguagem indefinida”. Barthes tentava retratar a
solidão do escritor contemporâneo, dividido entre a necessidade e a liberdade. Começava, naquela época,
uma nova forma de manifestação romanesca que ficou conhecida como o “novo romance” (SEABRA, 1980).
Ilustração de Charles Léandre para a obra Madame Bovary de Flaubert, 1931.
O grau zero da escritura é, acima de tudo, uma reflexão sobre “uma certa dificuldade da literatura”, por
significar sempre a si própria, por meio da escrita. Por outro lado, dois elementos germinais já estavam aí
presentes, o problema da “significação”, que será, posteriormente, desdobrado em sua obra Mitologias, e o
conceito de “conotação”, que, ulteriormente, será desenvolvido em seu livro Elementos de semiologia
(SEABRA, 1980).
Barthes reconheceu mais tarde que o conceito de escritura, em O grau zero da escritura, era, acima de tudo,
uma noção sociolinguística. Ainda estavam ausentes no conceito de escritura a dispersão do sujeito no
trabalho e no prazer, temas que surgiram no final do percurso barthesiano.
A literariedade da escritura
Em artigos como Literatura objetiva e Literatura literal, de 1954 e 1955, respectivamente, Barthes se dedicou
a analisar o surgimento do “novo romance”.
Relógio derretendo, por Salvador Dalí, 1954.
Ele percebia que uma mutação decisiva estava se consumando na escrita romanesca. O escritor e cineasta
francês Alain Robbe-Grillet (1922-2008), com sua obra, já havia atacado o último bastião da escrita
tradicional — a organização do espaço literário. Na perspectiva barthesiana, a escrita objetiva de Robbe-
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Grillet restituía, como o dasein de Martin Heidegger, a condição do objeto de estar aí. A escrita do “novo
romance” era sem álibi, sem espessura, fugia aos quadros dos romances românticos e realistas, criando
uma estranha cronologia, um tempo circular, um movimento sem tempo.
O romance encontrava o fim do seu caráter de fábula, o “grau zero” da história (SEABRA, 1980).
Sobre os estudos de Barthes analisando a obra de Robbe-Grillet, Seabra pontua:
Ao pôr-se perigosamente em causa, ‘nessa zona muito estreita, nessa vertigem
rara em que a literatura quer destruir-se sem o poder’, é sempre como escrita
que a linguagem literária renasce, enquanto forma(significante) desalienada de
qualquer fundo (significado) tutor.
(SEABRA, 1980, p. 34)
Barthes já anunciava o que delinearia mais tarde, ou seja, a sobreposição dos significantes, sem qualquer
fundo de linguagem, que servissem de referentes ou de significados.
Da distância brechtiana à análise dos mitos
Apesar do seu radicalismo formalista, Barthes admitia uma dimensão ideológica e política da literatura. Os
estudos sobre a obra do dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht (1898-1956) demonstram claramente
isso.
Barthes via uma revolução na obra de Brecht, uma ruptura com a ancestralidade aristotélica que propunha a
imitação (mimesis) da ação (da natureza) pela arte cênica e a identificação total do espectador aos atores.
Brecht propõe a identificação parcial e o distanciamento.
De acordo com Barthes, a obra brechtiana apresenta uma “anti-fisis”, ou seja, uma antinatureza, uma
resistência à falsa aderência Natural da burguesia e pequena burguesia. Numa sociedade alienada, a arte
deve cortar toda ilusão, mesmo a da Natureza (SEABRA, 1980).
No artigo de 1956, A l’avant-garde de quel théàtre?, Barthes sublinha a conjunção necessária do político e do
formal, medindo a necessidade e os perigos do teatro político.
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O dia cinza, por Georg Grosz, 1921.
O medo de cair no formalismo burguês fazia com que o teatro sucumbisse ao conformismo da linguagem.
A teoria de Brecht sobre o distanciamento acentua um problema semiológico, uma
certa distância entre significante e significado, mostrando que a arte de Brecht visa
menos exprimir o real do que significá-lo.
O caráter polifônico do teatro atraiu Barthes desde muito cedo, sua escrita chegou a ser caracterizada como
dramática. Nesse jogo, Barthes vai da identidade à alteridade (a pluralidade) que o relacionava ao discurso
do desejo (SEABRA, 1980).
Na mesma época em que conciliava formalismos aparentemente inconciliáveis (Brecht e Robbe-Grillet),
Barthes dedicou-se a alguns artigos que publicara sob o título de Mitologias, que será caracterizado, por
ele próprio, como uma crítica ideológica dos mitos da vida quotidiana francesa.
Partindo de uma noção vulgar de mito, que não se pretendia objetivamente científica, Barthes parte para
uma espécie de ajuste de contas com a pequena burguesia. Nesse ensaio, analisará os mitos como
linguagens (representações verbais ou visuais). Barthes tratará da mesma forma escrita e imagem, uma vez
que ambas serão entendidas em seus estudos como signos.
Crítica, psicanálise e semiologia
O estruturalismo barthesiano foi se delineando por meio de diversos textos, nos quais sua consciência
teórica foi sendo colocada à prova, aplicando-se a diferentes objetos semiológicos. Seus trabalhos em
Ensaios críticos e Sobre Racine caracterizam essa época.
Em Sobre Racine, o primeiro dos três ensaios que compõem o livro, parte de uma análise antropológica
estrutural do universo raciniano. Partindo do pressuposto “a tragédia reside exclusivamente na linguagem”, a
tragédia em Racine, nos mostra Barthes, é antes de tudo uma linguagem da linguagem, uma
metalinguagem. Barthes vê nessa tautologia a razão poética dos escritos de Racine. O logos raciniano
permanece numa espécie de clausura ou imanência circular (SEABRA, 1980).
Por outro lado, Barthes — na leitura de Racine — vai da linguagem psicanalítica à semiologia. Recorrendo a
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uma expressão sua, Barthes vê na transparência raciniana uma espécie de “grau zero” do objeto crítico, um
lugar vazio oferecido à significação.
Raciniano
Referente à obra do dramaturgo e poeta francês Jean-Baptiste Racine (1639-1699), importante
representante da dramaturgia clássica na França.
A circularidade da linguagem
Dois dos aspectos muito criticados na obra de Barthes, conforme Seabra (1980), são:
a pluralidade significante de sua escrita;
a abertura do jogo infinito dos espelhos ao fazer sempre uma segunda escrita com a primeira.
A escrita de Barthes é uma espécie de “escrita em suspenso”, na qual o escritor-crítico estabelece um
vaivém constante entre a teoria e a prática, e vice-versa.
Comentário
Nessa circularidade infinita, Barthes, constantemente, afirma ambas as vocações (a de crítico e de escritor)
no plano ontológico (do ser) e não axiológico (do valor, da ética). Como todo escritor, furta-se à última
palavra sobre a sua própria escrita, oferecendo, desde sempre, a última réplica ao seu leitor.
Trata-se de uma constante metamorfose de leitura em escrita e de escrita em leitura, nas suas palavras:
“fala criada” e “fala recebida”.
A escrita era para ele, em todos os níveis, uma relação com o outro, com a fala do outro. Não há significado
primeiro da escrita senão essa relação com o outro, enquanto relação de desejo, escrever é um modo de
Eros.
Para Barthes, ao escritor é dada, dentro de certas formas codificadas, a dimensão “amorosa da escrita”.
Nessa prática, a única liberdade do escritor é de combinar: a escrita é uma atividade de variação e
combinação — não há criadores, apenas combinadores.
Eros
O termo nos remete ao mito de Eros e, também, à teoria psicanalítica. Mas nos interessa aqui o fato de que
Eros é utilizado para fazer referência ao aspecto erótico da literatura, que pode ser entendido a partir do
desejo de escrever, ou da relação do escritor com a escritura — uma relação amorosa. Eros nos remete ao
mito.
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A escrita como atividade combinatória foi, durante algum tempo, o leitmotiv, o
“motivo condutor”, como ocorre na música por meio de uma frase curta recorrente.
Aliás, a metáfora musical cabe bem na experiência barthesiana de escrita. Para
Barthes, a prática da literatura, e principalmente a do crítico, é o diálogo infinito.
O crítico ocupa o papel daquele que, ao esperar, preenche a sua obra com a espera de uma obra a mais.
Trata-se de uma relação desejante nomeada por Barthes de “um escritor em suspenso”.
A suspenção da escrita, enquanto “rastro sinalético” do percurso do desejo por meio da aventura linguística
e semiológica. Barthes, não acreditando no mito do “bem-escrever”, retoma o escritor tcheco Franz Kafka
(1883-1924) que, em um de seus ensaios, afirmava que o ser da literatura não é outro senão o da sua
técnica.
Rastro sinalético
Relativo à ideia de registrar os sinais específicos que permitem identificar alguém ou alguma coisa.
Reflexão
O escrever é um trabalho que constitui um fim em si mesmo (daí sua intransitividade). O “como escrever” é
sempre mais importante para o escritor do que “para que” ou “para quem” escreve. Para o escritor, a escrita
é um fim, mas o mundo lhe reenvia como meio.
A questão do que escreve um escritor está sempre em aberto. O escritor escreve seguindo o seu desejo,
condenado a isso. Quanto ao ser escritor, temos o aforismo barthesiano “é escritor quem quer sê-lo”
(SEABRA, 1980, p. 59).
O homo significans
Mulher invisível adormecida, por Salvador Dalí, 1930.
Barthes rompeu com o estatuto neutro e universal da metalinguagem crítica. Constantemente, ele
confrontava a sistematização semiótica do escritor com a escrita do crítico. Por outro lado, a imagem
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barthesiana do crítico foi a escolha de ser o homo significans voltado para a fabricação de sentido, produzir
sentido como algo mais importante do que o próprio sentido (SEABRA, 1980).
Claro que Barthes conhecia os riscos da prática crítica que abraça os movimentos
da literatura e da significação. Quase na contramão desse percurso, temos as obras
Elementos de semiologiae Sistema da moda. Digamos que ambos foram os
resíduos de cientificidade a partir de seus encontros com a linguística e a
semiologia.
Para Barthes, Saussure desbordou para a escrita uma força que fez a ciência ser “uma outra coisa”. É
incalculável o papel que o linguista francês Émile Benveniste (1902-1976) exerceu na obra barthesiana.
Barthes também incorporou com uma intuição fina a semântica estrutural do linguista lituano Algirdas
Greimas (1917-1992).
Algumas noções preciosas balizaram as pesquisas de Barthes em semiologia:
As principais oposições estruturais da linguística saussuriana, como língua/fala; significante/significado
etc.
Os conceitos paradigmático e sintagmático, de Jakobson.
A ideia de conotação de Hjelmslev.
Cabe assinalar que a obra Elementos da semiologia é uma espécie de súmula de trabalho, além de ser
extremamente didática. Fica clara nessa obra a tentativa de assimilar a semiologia numa “translinguística”,
como propõe Barthes.
Vale assinalar que havia uma preocupação de Barthes, fugindo do campo da estilística, em pautar a escrita
para “além da linguagem”. Por isso, a análise semiológica lhe permitiu encontrar instrumentos que
entrassem no campo dos objetos não linguísticos, concomitantemente aos objetos (textos) literários. Isso
fica claro em Sistema da moda (SEABRA, 1980).
Figuras deitadas na areia, por Salvador Dalí, 1926.
Desde o Grau zero, Barthes fez cruzar os caminhos da narrativa com os do discurso da história, e Mitologias
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já abria os seus estudos para campos semiológicos exteriores à linguagem. Mais tarde, sem renegar a
semiologia, Barthes procurará traçar a história de suas dificuldades nesse percurso. Para ele, os atalhos
“científicos” remeteriam seu trabalho para vias sinuosas e algumas encruzilhadas. Notaremos que Barthes
parece ter se decepcionado com esses caminhos que, no início, lhe pareceram cheios de promessas.
Vejamos algumas palavras de José Augusto Seabra sobre Sistema da moda:
Mas, tratando-se de um objeto ambíguo, pois ‘não incide a falar verdade nem sobre o vestuário nem
sobre a linguagem, mas de uma certa forma sobre a ‘tradução’ de um na outra’, ei-lo que ‘escapa
consequentemente ao mesmo tempo à linguística, ciência dos signos verbais, e à semiologia,
ciência dos signos objectais’. A partir da sua concepção de uma ‘translinguística’, em que a
linguística englobaria a semiologia, pela inversão da proposta saussuriana, Barthes conclui, com
plena coerência, pela inevitabilidade da mediação da escrita na Moda: ‘desde que se observa a
Moda, a escrita aparece como constitutiva’. Se, enquanto ‘imaginário colectivo’, ela é suscitada
como um desejo (para efeitos evidentemente comerciais), importa precisar que ‘não é o objecto’, é
o nome que faz desejar, não é o sonho, é o sentido que faz que faz vender’.
(SEABRA, 1980, p. 64-65)
Barthes apresentou o Sistema da moda como um vitral ingênuo, no qual fica exposto o seu sonho de
cientificidade. Porém, sente esses atalhos pela cientificidade linguística como um caminho quase perdido,
por isso, tentou outros caminhos em que o conceito de “conotação” o fará regressar à literatura. Em 1970,
Barthes lançou um dos seus principais trabalhos sobre literatura, o S/Z.
A análise de Sarrasine
Podemos considerar o texto S/Z como um momento importante da obra de Barthes. Trata-se de uma
proposta de análise estrutural na qual já encontraremos vários traços do ultrapassamento do
estruturalismo.
Nesse trabalho, fugindo às preocupações filológicas do escritor francês Honoré de Balzac (1799-1850),
Barthes segue no seu caminho, dando privilégio ao sistema e ao código da língua na sua leitura-escrita do
texto.
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Um casal cujas cabeças estão cheias de nuvens, por Salvador Dalí, 1936.
Na década de 1970, o estruturalismo sofreu vários abalos de Althusser a Foucault; de Lacan a Derrida; de
Todorov a Kristeva. A vaga estruturalista, que partira da antropologia de Lévi-Strauss, dava sinais de novas
irradiações. Lacan com a “descentração” do sujeito; Derrida com a “Reconstrução” do conceito de signo por
meio da escrita; Kristeva com os modelos do “dialogismo”.
Em Roland Barthes por Roland Barthes, ele revela as influências desses autores de perspectiva pós-
estruturalista na sua obra, como mostrado no quadro a seguir. Considera a obra S/Z e o livro Sade, Fourier,
Loyola como a entrada no que nomeia de estudos da textualidade.
Intertexto Gênero Obras
(Gide) 
Sartre 
Marx 
Brecht
(desejo de escrever) 
Mitologia social
Le degré zéro
Escritos sobre o
teatro 
Mythologies
Saussure Semiologia
Eléments de
sémiologie 
Système de la mode
Sollers 
Julia Kristeva 
Derrida Lacan
Textualidade
S/Z 
Sade, Fourier, Loyola 
L’Empire des signes
(Nietzsche) Moralidade
Le plaisir du Texte 
R.b. par lui-même
Quadro: Influências pós-estruturalistas. 
Elaborado por: Mário Bruno.
O que mudou em S/Z?
Barthes, assim como alguns dos pós-estruturalistas, procura fundar uma avaliação dos textos a partir do
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“paradigma da diferença”. Começa a buscar por “uma diferença” que não se detinha sobre o infinito dos
textos, das linguagens e dos sistemas. Percebemos aí algumas influências, sobretudo de Derrida e de
Kristeva, na forma como passa a abordar a questão da escrita.
O S/Z é um magnífico estudo sobre a novela Sarrasine, de Balzac, na qual Barthes apresenta a ideia de
neutro como diferença e desenvolve um detalhado estudo do que nomeou de lexias (no total de 561 lexias),
desenvolvendo quase uma “metodologia” de análise textual.
De certo modo, a escolha de Sarrasine parte de uma questão já desenvolvida por Barthes na conclusão de
Crítica e verdade, na qual distinguia dos tipos de textos:
“escrevíveis”
Textos absolutamente plurais.
“legíveis”
Textos cuja abertura para a pluralidade era menor.
No caso da novela de Balzac, era um texto “legível”, cujo desafio para estabelecer as lexias de análise era
muito maior. Barthes parecia querer provar que mesmo um texto legível (clássico) comporta um potencial
de abertura à diferença quase infinito.
Do significante ao satori zen
Relatividade, por Toko Shinoda.
Ao lado de S/Z, O império dos signos, de 1970, se configura como um dos grandes momentos da semiologia
francesa. O livro nasceu de uma viagem de Barthes ao Japão.
Naquele momento, o Oriente se apresentou a Barthes como um conjunto de sistemas simbólicos inauditos:
o livro de Barthes sobre o Japão estabelece uma alternância de textos e imagens que visam provocar uma
vertigem, tendo como princípio o satori, entendido como “perda de sentido”.
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Comentário
O império dos signos é um texto apaixonado em que Barthes mergulha na circulação dos signos e na troca
de significantes. Nessa obra, Barthes se distancia da preocupação científica em constituir uma semiologia e
se deixa tomar pela significância num estilo vacilante, sugestivo, cheio de interstícios e desembaraçado de
qualquer busca de sentido pleno.
Em belas passagens, Barthes se volta para a escrita japonesa e a interpreta à luz do satori e do que irá
nomear de “tremura do significante”. Fora isso, a forma ideográfica dá ao significante escrito algo que
permite ao leitor ocidental lê-la como uma pintura.
Do desejo ao prazer
Ao estudar, na obra Sade, Fourrier, Loyola, os papéis do libertino, do utopista e do santo, Barthes encontrou
uma nova ordenação ritual do texto. Talvez já viesse daí a preocupação com o texto como objeto de prazer.
Isso o conduziriaa um dos seus principais trabalhos – O prazer do texto.
Barthes escolheu amar a linguagem, o que não era possível sem odiar as suas
formas alienadas. De certo modo, isso está implícito em O prazer do texto. Num
trabalho extremamente original, e fazendo valer a distinção “lacaniana” de prazer e
gozo (jouissance), Barthes procura se mover num espaço de ambiguidade e
duplicidades significantes. O texto se constrói na falha ou no interstício que se abre
entre esses dois significantes: prazer e gozo (SEABRA, 1980).
Se reportando a Lacan, Barthes apresenta o texto de prazer como dizível e o de gozo como o inter-dito. O
interessante é que essa obra no campo do hedonismo, e para além dele, aponta para um jogo perverso no
qual nos damos conta de que nenhum escritor possui verdadeiramente as rédeas que conduzem o seu texto
na direção do prazer ou do gozo.
Movendo-se nas fronteiras entre o prazer e o gozo, Barthes se situa, sempre provisoriamente, ora no lado do
prazer, ora no lado do gozo.
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O nascimento de desejos líquidos, por Salvador Dalí, 1932.
O prazer do texto é uma belíssima obra em fragmentos, na qual, por meio de uma série de inscrições breves,
Barthes flutua à deriva. Um fio liga e religa esses fragmentos à palavra “textura”.
Num texto de pura subversão, temos a reivindicação do prazer e do gozo, buscando a sua utopia na qual a
sensualidade do prazer e do gozo deportaria o significado para bem longe. E, por um viés absolutamente
novo, Barthes parece fazer reencontrar os seus estudos sobre a textualidade que começara a buscar em O
grau zero.
A semiologia de Barthes
Assista agora a um vídeo que aborda os pressupostos teóricos da semiologia de Barthes a partir de suas
obras.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
A circularidade da linguagem
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Módulo 2 - Vem que eu te explico!
A análise de Sarrasine
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Barthes trouxe uma grande contribuição para a semiologia e os estudos da linguagem em geral. Em virtude
disso, analise as afirmações a seguir.
I. Barthes escreveu uma obra que nasceu da sua viagem ao Japão e nela, o Oriente se apresenta ao leitor
como um sistema simbólico. 
II. Em O império dos signos, Barthes se debruça sobre signos que provocam uma vertigem próxima do satori
(perda de sentido). 
III. O império dos signos foi um texto teórico escrito por Barthes a partir de uma novela de Balzac. 
IV. O S/Z é um excelente estudo a partir da novela Sarrasine. 
V. Barthes desistiu de analisar a novela Sarrasine, pois não havia como estabelecer “lexias” para uma análise
estrutural. 
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VI. Em Elementos de semiologia, Barthes já havia abandonado completamente o pensamento estruturalista.
Está correto apenas o que se afirma em
A I, II e III.
B II, IV e VI.
C I, III e IV.
D I, II e IV.
E II, III e IV.
Parabéns! A alternativa D está correta.
As afirmativas I, II e IV estão corretas porque Barthes, um autor marcado pelo estruturalismo,
sobretudo em Elementos de semiologia, começou a romper com essa metodologia em obras
como o S/Z e O império dos signos. Nesta última, escrita a partir de sua experiência no Japão,
onde ele identifica um sistema simbólico, trabalha tanto com a escrita quanto com a imagem,
produzindo uma vertigem (satori).
Questão 2
Tendo em vista os estudos realizados por Roland Barthes, observe as afirmações a seguir: 
I. Barthes foi um semiólogo francês que nunca se dedicou a estudos sobre a escrita. 
II. Na obra de Barthes, o conceito de “grau zero” pode ser aplicado a certos aspectos da escrita
contemporânea. 
III. A “conotação” e a “significação” foram elementos germinais que estavam presentes desde os primeiros
estudos de Roland Barthes. 
IV. Barthes nunca se dedicou a estudar o “novo romance”. 
V. De acordo com Barthes, o teatro de Brecht apresentava uma resistência à concepção de natureza adotada
pela burguesia. 
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Está correto apenas o que se afirma em
A II, III e V.
B III, IV e V.
C II e V.
D III e IV.
E IV e V.
Parabéns! A alternativa A está correta.
As afirmativas II, III e V estão corretas porque Roland Barthes dedicou uma boa parte de sua obra
aos estudos sobre a escrita, tendo como ponto de partida conceitos como “conotação” e
“significação”. Fora isso, Barthes viu no teatro de Brecht uma nítida crítica ao conceito burguês de
natureza.
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3 - A função autor e a morte do autor
Ao final deste módulo, você será capaz de comparar a questão da morte do
autor com o contexto da literatura contemporânea.
A função autor de Foucault
Em 1969, no Centro Universitário Experimental de Vincennes, Michel Foucault apresentou uma conferência
que recebeu o título “O que é um autor?”.
Foucault inicia a conferência dizendo que apresentará um projeto. Logo de início, comenta sobre os autores
que cita em seu livro As palavras e as coisas. Ele afirma que, nessa obra, buscava certas regras que
permitiram a esses autores desenvolverem alguns conceitos: pretendia desenvolver uma teoria sobre as
práticas discursivas específicas. É nesse ponto que Foucault faz referência à sua nova pesquisa, desejava
falar sobre “o que é um autor?”.
Ao afirmar que a noção de autor constitui um momento crucial da individualização
na história das ideias, do conhecimento, da literatura, da filosofia e das ciências, e,
deixando de lado uma análise histórico-sociológica da personagem do autor,
Foucault comenta que a autoria começou a importar quando as pesquisas de
atribuição e de autenticidade passaram a ser valorizadas.
Observando que a escrita contemporânea se libertou do tema da expressão e passou a ser vista como um
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jogo, no qual a prática no nível do significante importa mais que o conteúdo ou significado, Foucault nos diz
que a escrita deixou de ser a amarração de um sujeito a uma linguagem, na qual o sujeito que escreve não
para de desaparecer.
Foucault (2001) lembra que o conceito de obra estava sendo revisto e que a crítica já não se preocupava
em estabelecer relações da obra com o autor. Ela deveria, antes, analisar a obra em sua arquitetura e em
sua estrutura.
Seguindo o raciocínio dessa conferência, ele indaga sobre o que constituiria a obra de um autor. Nesse
momento, faz uma pergunta irônica: as notas de lavanderia escritas por Nietzsche pertenceriam à sua obra?
As peças de William Shakespeare, por John Gilbert, 1849.
E, ainda, diz Foucault (2001) que o nome próprio, enquanto nome do autor, tem outras funções além de
indicativa. Mas o nome de um autor não é apenas um nome próprio como outros.
Se descobrirmos que o filósofo e político inglês Francis Bacon (1561-1626) também teria escrito os sonetos
de Shakespeare, o funcionamento do nome do autor se modifica. Um nome de autor não é somente um
nome que pode ser substituído por um pronome, ele exerce certo papel em relação ao discurso, assegura
uma função classificatória.
O nome do autor não está localizado no estado civil dos homens, não está localizado na ficção da
obra, mas na ruptura que instaura um certo grupo de discursos e seumodo singular de ser.
Consequentemente, poder-se-ia dizer que há, em uma civilização como a nossa, um certo número
de discursos que são providos da função ‘autor’ enquanto outros são dela desprovidos. Uma carta
particular pode ter um signatário, ela não tem autor; um contrato pode ter um fiador, ele não tem
autor. Um texto anônimo que se lê na rua em uma parede terá um redator, não terá um autor. A
função autor é, portanto, característica do modo de existência, de circulação e de funcionamento
de certos discursos no interior de uma sociedade.
(FOUCAULT, 2001, p. 274)
Segundo Foucault, há, em nossa cultura, uma função autor e essa função não é exercida de forma universal.
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Numa conferência realizada no Collège de France, em 1970, intitulada A ordem do discurso, Foucault (2014)
fala de um princípio de rarefação interna ao discurso: o autor (a função autor).
Esse princípio não se faz presente em toda parte e nem é constante, existem muitos discursos que
circulam sem receber o seu sentido ou significado de um autor. Alguns discursos, inclusive, precisam de
signatários e não de autores.
Mas na literatura, na filosofia e na ciência, o autor se tornou regra, porém não teve sempre o mesmo papel
ao longo da história da cultura ocidental. Essa função, em virtude de cada época, se enfraqueceu ou se
reforçou.
E qual seria o papel do autor? Foucault diz que o autor é o que dá unidade à inquietante linguagem da
função, seus nós de coerência, sua inserção no real. De acordo com Foucault, a função autor limita o “acaso
pelo jogo de uma identidade que tem a forma da individualidade do eu” (FOUCAULT, 2014, p. 28).
A morte do autor em Barthes
Em A morte do autor, Barthes (1988, p. 65) indaga sobre de quem seria a seguinte fala em Sarrasine, novela
de Balzac: “Era a mulher, com seus medos repentinos, seus caprichos sem razão, suas perturbações
instintivas, suas audácias sem causa, suas bravatas e sua deliciosa fissura de sentimento”.
Após indagar sobre a autoria, Barthes (1988, p. 65) conclui que seria impossível saber, pela simples razão de
que “a escritura é a destruição de toda voz, de toda origem”. A escritura, então, seria “esse neutro, esse
composto, esse oblíquo onde foge o nosso sujeito, o branco-e-preto onde vem se perder toda identidade, a
começar pela do corpo que escreve”.
Para Barthes (1988), sempre foi assim, desde que a escritura foi usada para fins intransitivos. Quando a
escrita sai da sua função simbólica, nesse desligamento, o autor entra na sua própria morte e a escritura
começa.
Nas sociedades etnográficas, a narrativa nunca é assumida por uma pessoa, mas por um mediador, xamã
ou recitante, diz Barthes (1988).
As reflexões do caminhante solitário, por René Magritte, 1926.
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Fora isso, nas palavras de Barthes:
O autor é uma personagem moderna, produzida sem dúvida por nossa sociedade na medida em
que, ao sair da Idade Média, com o empirismo inglês, o racionalismo francês e a fé pessoal da
Reforma, ela descobriu o prestígio do indivíduo ou, como se diz mais nobremente, da ‘pessoa
humana’. Então é lógico que, em matéria de literatura, seja o positivismo, resumo e ponto de
chegada da ideologia capitalista, que tenha concedido a maior importância à ‘pessoa’ do autor.
(BARTHES, 1988, p. 66)
Mesmo com a sua “dita morte”, o autor reina nos manuais de história, nas biografias de escritores e na
própria consciência dos literatos que desejam juntar autor e obra em seus diários pessoais.
A explicação da obra é buscada do lado de quem a produziu: “a obra de Baudelaire é o fracasso do homem
Baudelaire, a de Van Gogh é a loucura, a de Tchaikovsky é o seu vício” (BARTHES, 1988, p. 66). É como se a
voz fosse de uma só pessoa, o autor entrega a sua confidência.
Mesmo o império do autor sendo muito poderoso, certos escritores procuraram abalá-lo.
Stéphane Mallarmé (1842-1898)
Para este poeta francês, a proprietária é a voz que fala e não o autor que fala por meio da impessoalidade.
Mallarmé suprime o autor em proveito da escritura (BARTHES, 1988).
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Paul Valéry (1871-1945)
O filósofo e poeta francês, mesmo envolto numa psicologia do Eu, não cessou de colocar em dúvida a figura
do autor. Para ele, toda recorrência à interioridade do autor lhe parecia mera superstição.
Marcel Proust (1871-1922)
Este romancista francês, mesmo com a aparência psicológica de suas análises, fez dos escritos aquele “que
vai escrever e não pode”. O romance acaba quando a escritura se torna possível (BARTHES, 1988, p. 67).
O surrealismo, nessa pré-história da Modernidade, à medida que considerava a linguagem como sistema,
código, deu a ela um papel soberano. No surrealismo, as escritas automática e coletiva contribuem para a
dessacralização do autor (BARTHES, 1988).
De acordo com Barthes (1988, p. 67), a linguística ofereceu, para a destruição do autor, um argumento
precioso de que a enunciação, em seu todo, é um processo vazio e funciona sem que se precise preenchê-lo
com a pessoa do interlocutor: “a linguagem conhece um ‘sujeito’, não uma ‘pessoa’, esse sujeito, vazio fora
da enunciação que o define, basta para sustentar a linguagem, isto é, para exauri-la”.
Barthes vê no “distanciamento” em Brecht, por exemplo, uma diminuição do autor, e para ele, isso aconteceu
radicalmente no texto moderno:
[...] O escritor moderno nasce ao mesmo tempo que seu texto; não é, de forma alguma, dotado de
um ser que precedesse ou excedesse a sua escritura, não é em nada o sujeito de que o seu livro
fosse o predicado; outro tempo não há senão o da enunciação, e todo texto é escrito eternamente
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aqui e agora. [...] O escritor moderno, tendo enterrado o Autor, não pode mais acreditar, segundo a
visão patética dos seus predecessores, que tem a mão demasiado lenta para o seu pensamento ou
para a sua paixão, e que, consequentemente, fazendo da necessidade lei, deve acentuar esse
atraso e ‘trabalhar’ indefinidamente a sua forma; para ele, ao contrário, a mão, destacada de
qualquer voz, levada por um puro gesto de inscrição (e não de expressão), traça um campo sem
origem – ou que, pelo menos, outra origem não tem senão a própria língua, isto é, aquilo mesmo
que continuamente questiona toda a origem.
(BARTHES, 1988, p. 68)
Para Barthes (1988), um texto não é uma sequência de palavras a produzir um sentido único, que seria a
mensagem de Deus-Autor. Ao contrário, o texto é um espaço onde se casam e se cruzam escrituras
variadas das quais nenhuma é original.
Um espírito cômico, por René Magritte, 1927.
O texto é um tecido de citações que não têm origem, porque são saídas de mil focos de cultura. As imagens
de Bouvard e Pécuchet, dois personagens do romance de Flaubert que são eternos copistas e cômicos,
servem para a ausência de verdade da escritura.
Fora isso, Barthes (1988) nos diz que, uma vez afastada a figura do autor, a pretensão de decifrar um texto
torna-se inútil. Dar ao texto um autor é impor uma trava para prover-lhe de significado último. Cria-se a ilusão
de que, ao encontrar o autor, o texto estará explicado.
Na compreensão barthesiana de escritura múltipla, tudo está para ser deslindado, mas não para ser
decifrado. Por isso, a proposta de substituir literatura por escritura.
Bouvard e Pécuchet
Bouvard e Pécuchet são os personagens principais do romance que tem o mesmo nome. Trata-se de um
romance inacabado, publicado em 1881, um ano após a morte de Flaubert. Os dois personagens são
copistas que acabam seconhecendo por acaso e resolvem se mudar para o interior, a fim de estudar e até
fazer experiências sobre tudo que existe. Devido à mediocridade e ao simplismo desses dois personagens,
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essa empreitada acaba fracassando e o tom da narrativa é fortemente cômico.
A literatura parece guardar a ideia de que o livro tem um segredo; a escritura, por sua vez, é contrateológica,
recusa Deus e suas formas de realidade permanente: a razão, a ciência e a lei.
Um texto é feito de escrituras múltiplas provenientes de culturas diversas e que entram em diálogo umas
com as outras. Essas multiplicidades não se reúnem no autor, mas no leitor. Não se trata de uma pessoa, ou
de um destino pessoal, o leitor é um homem sem história, sem biografia; é apenas alguém que reunirá os
traços que constituem o escrito: “sabemos que, para devolver à escritura o seu futuro, é preciso inverter o
mito: o nascimento do leitor deve pagar-se com a morte do Autor” (BARTHES, 1988, p. 70).
Do fim da função autor à “autobiografia” de
Barthes
De acordo com Mário Bruno (2008), a escritura moderna produziu um desligamento, a narrativa não é mais
assumida por uma pessoa. Há uma incompatibilidade entre a aparição da linguagem em seu “ser” e a
consciência de si em sua identidade.
As palavras se movem sem conteúdo e em direção ao que Foucault chamou de dehor (o Fora). Isso tudo
pode parecer muito hermético, de difícil acesso ou compreensão, mas não é se observarmos as narrativas
contemporâneas, nas quais o autor deixa de ser o sujeito da sua escrita e o texto assume que é escrito a
todo instante pelos seus leitores. Aqui é abandonada a função “transcendente” do autor que não pode mais
prover o texto de seu significado último. É como se a literatura contemporânea não tivesse mais fundo,
apenas uma superfície de sentido em que os significantes flutuam livres a partir dos leitores.
Como já vimos, o mundo atual nos oferta uma interpessoalidade prévia na qual é a linguagem que age e não
o “eu”.
Um amigo da ordem, por René Magritte, 1964.
O autor é suprimido em proveito da escritura. A linguagem não conhece a pessoa, mas o sujeito que não
tem existência fora da enunciação (BRUNO, 2008).
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A autoria é uma fé personalista da Idade Clássica, que existiu até meados do século
XVIII. O autor era o dono da sua voz, e a voz é uma substância regida pelo princípio
de identidade (não contradição). Todavia, atualmente, as palavras não conhecem
mais uma voz única, elas oscilam soltas como se circulassem sobre o impessoal. A
escritura, e com Barthes, o texto, é o que torna vã a identificação do autor,
separando a voz de sua origem e constituindo o neutro na linguagem (BRUNO,
2008).
Em outras palavras, quem escreve hoje sabe que sua voz é atravessada por uma multiplicidade de vozes.
Cada um de nós é uma polifonia. No que dizemos, somos atravessados pelas vozes dos nossos parentes,
amigos, professores, as falas das redes sociais, os discursos políticos que ouvimos, os “autores” que lemos
etc.
A recompensa do poeta, por René Magritte, 1956.
Assim, uma identidade, um rosto por trás do texto, se apaga. A função autor exigia uma adequação entre o
‘eu digo’ e o ‘eu sou’. A função autor exigia uma reflexão adequada, uma transparência no plano do
enunciado. O autor era o agente que representava a exterioridade e a interioridade (BRUNO, 2008).
É claro que temos noção de que essas sofisticadas indagações da crítica literária coincidem apenas com
uma parte da literatura de vanguarda.
Talvez, para a maioria dos escritores, sobretudo, os que escrevem best-sellers, a função-autor continua
sendo um valor precioso, até porque desta depende a arrecadação de direitos relativos à obra.
Voltemos a Roland Barthes, que, paradoxalmente, escreveu uma notável “autobiografia”. Roland Barthes por
Roland Barthes é uma estranha escrita sobre si.
Barthes (1977) escreve em fragmentos para falar da impossibilidade de um eu coerente e centrado. Por
isso, esse livro inicia com imagens recortadas quase ao acaso. Um modo de apresentar a teoria e a
literatura de forma não separadas. Roland Barthes por Roland Barthes é uma “autobiografia”, discutindo as
verdades possíveis da linguagem: o que a linguagem finge dizer nos seus códigos (BRUNO, 2008).
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A função autor e a morte do autor
Assista agora a um vídeo que apresenta as concepções sobre a função autor de Foucault e a morte do autor
de Barthes.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
A função autor de Foucault
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
A morte do autor em Barthes
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Quanto à questão literária da autoria, analise as afirmativas e assinale a alternativa que contém as corretas: 
I. O filósofo Michel Foucault se preocupou com o problema contemporâneo da função autor. 
II. Na escrita literária contemporânea, o papel da autoria não foi colocado em questão. 
III. Na literatura contemporânea, o autor deixou de ser o sujeito absoluto da sua escrita. 
IV. É possível afirmar que uma parte da literatura contemporânea caminha para uma escrita de superfície em
que os significantes se tornam flutuantes. 
V. A autoria é uma questão da escrita contemporânea; na Idade Clássica, a escrita literária era
predominantemente impessoal. 
VI. A identidade de si e a fé personalista na autoria não foram objetos da crítica literária contemporânea.
A I, II e IV.
B I, III e V.
C I, III e IV.
D I, IV e V.
E II, IV e VI.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
As afirmativas I, III e IV estão corretas porque o problema da função autor interessou a
pensadores como Roland Barthes e Michel Foucault, tendo em vista que dizia respeito a certas
mudanças que a literatura sofreu no mundo contemporâneo.
Questão 2
Tendo em vista que Roland Barthes foi um dos mais significativos teóricos da literatura, observe as
afirmativas e assinale a alternativa que contém as corretas: 
I. Por não acreditar na função autor, Barthes nunca escreveu uma autobiografia. 
II. Roland Barthes por Roland Barthes é um livro em fragmentos falando da impossibilidade de um eu
coerente e centrado. 
III. Barthes escreveu uma “autobiografia” questionando as verdades possíveis. 
IV. Barthes desenvolveu, em um pequeno artigo, reflexões importantes sobre a morte do autor. 
V. Elementos de semiologia é uma obra em que Barthes rompeu com o estruturalismo. 
VI. A função autor não exige uma adequação entre o ‘eu digo’ e o ‘eu sou’.
A II, III e IV.
B II, III e V.
C III, IV e V.
D II, IV e VI.
E III, IV e VI.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Embora Barthes tenha escrito sobre a morte do autor, em um curto ensaio, ele escreveu também
uma obra autobiográfica com aspectos demasiadamente paradoxais, o livro Roland Barthes por
Roland Barthes, por isso, as afirmativas II, III e IV estão corretas.
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Considerações finais
O pós-estruturalismo, que foi aclamado e atacado por posições extremas do espectro político, é, ao mesmo
tempo, uma ruptura e, sob certos aspectos, uma continuidade do pensamento“dito” estruturalista.
Assim, procuramos apresentar o pós-estruturalismo, sobretudo, na sua perspectiva desconstrucionista, a
partir de algumas de suas problemáticas e questões.
O pós-estruturalismo, em seus múltiplos desafios, nos permite compreender alguns aspectos das dúvidas e
dos caminhos epistemológicos do mundo contemporâneo.
Por fim, problematizamos o conceito de autor, discutindo sua função e sua morte, ou extinção.
Podcast
Ouça agora a um podcast que apresenta uma síntese dos principais conceitos relacionados com o pós-
estruturalismo, o desconstrucionismo, a função autor e a morte do autor.
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Referências
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Vattimo. Petrópolis: Vozes, 2009. v. 3.
SEABRA, J. A. Poiética de Barthes. Porto: Brasília Editora, 1980.
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Seis personagens à procura de um Autor, de Luigi Pirandello. 
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Verbetes “Desconstrução”, “Pós-estruturalismo” e “Morte do autor”, do E-Dicionário de Termos Literários, de
Carlos Ceia, disponível na Web.
Assista aos seguintes vídeos disponíveis no canal da Univesp, no YouTube:
Teoria da Literatura – Estruturalismo e Pós-Estruturalismo. 
Introdução à Teoria da Literatura #10 com Paul Fry, de Yale, palestra sobre a desconstrução de Derrida.
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