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ESCOLAS DE PENSAMENTO EM PSICOLOGIA Prof. Esp. Jhonathas Reis Teorias e Sistemas ESCOLAS DE PENSAMENTO EM PSICOLOGIA Quando pensamos em escolas de pensamento, podemos caracteriza-las por grupos de pessoas que associam-se em idéias comuns sobre um determinado tema. No geral compartilham a mesma orientação teórica e investigam questões semelhantes. ESCOLAS DE PENSAMENTO EM PSICOLOGIA FUNCIONALISMO O funcionalismo possui a maior influência entre as teorias da psicologia contemporânea. Essa corrente tenta descrever os pensamentos e o que fazem sem questionar como o fazem. Para os funcionalistas, a mente lembra um computador, e para entender esses processos, você precisa olhar para o software (o que faz) sem ter que entender o hardware (o que permite que tudo seja feito). (KOENING, 2021) FUNCIONALISMO O Funcionalismo é considerado como a primeira sistematização genuinamente americana de conhecimentos em Psicologia. Uma sociedade que exigia o pragmatismo para seu desenvolvimento econômico acaba por exigir dos cientistas americanos o mesmo espírito. Desse modo, para a escola funcionalista de W. James, importa responder “o que fazem os homens” e “por que o fazem”. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) FUNCIONALISMO Para responder a isto, W. James elege a consciência como o centro de suas preocupações e busca a compreensão de seu funcionamento, na medida em que o homem a usa para adaptar-se ao meio. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) FUNCIONALISMO ESTRUTURALISMO O Estruturalismo está preocupado com a compreensão do mesmo fenômeno que o Funcionalismo: a consciência. Mas, diferentemente de W. James, Titchner irá estudá-la em seus aspectos estruturais, isto é, os estados elementares da consciência como estruturas do sistema nervoso central. Esta escola foi inaugurada por Wundt, mas foi Titchner, seguidor de Wundt, quem usou o termo estruturalismo pela primeira vez, no sentido de diferenciá-la do Funcionalismo. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) ESTRUTURALISMO O método de observação de Titchner, assim como o de Wundt, é o introspeccionismo, e os conhecimentos psicológicos produzidos são eminentemente experimentais, isto é, produzidos a partir do laboratório. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) ESTRUTURALISMO ASSOCIACIONISMO O principal representante do Associacionismo é Edward L. Thorndike, e sua importância está em ter sido o formulador de uma primeira teoria de aprendizagem na Psicologia. Sua produção de conhecimentos pautava-se por uma visão de utilidade deste conhecimento, muito mais do que por questões filosóficas que perpassam a Psicologia. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) ASSOCIACIONISMO O termo associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá por um processo de associação das idéias, das mais simples às mais complexas. Assim, para aprender um conteúdo complexo, a pessoa precisaria primeiro aprender as ideias mais simples, que estariam associadas àquele conteúdo. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) ASSOCIACIONISMO Thorndike formulou a Lei do Efeito, que seria de grande utilidade para a Psicologia Comportamentalista. De acordo com essa lei, todo comportamento de um organismo vivo (um homem, um pombo, um rato etc.) tende a se repetir, se nós recompensarmos (efeito) o organismo assim que este emitir o comportamento. Por outro lado, o comportamento tenderá a não acontecer, se o organismo for castigado (efeito) após sua ocorrência. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) ASSOCIACIONISMO Pela Lei do Efeito, o organismo irá associar essas situações com outras semelhantes. Por exemplo, se, ao apertarmos um dos botões do rádio, formos “premiados” com música, em outras oportunidades apertaremos o mesmo botão, bem como generalizaremos essa aprendizagem para outros aparelhos, como toca-discos, gravadores etc.. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) ASSOCIACIONISMO PSICANÁLISE SIGMUND FREUD 1856 - 1939 Se fosse preciso concentrar numa palavra a descoberta freudiana, essa palavra seria incontestavelmente o inconsciente, (LAPLANCHE; PONTALIS, 2016) PSICANÁLISE Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico vienense que alterou, radicalmente, o modo de pensar a vida psíquica. Sua contribuição é comparável à de Karl Marx na compreensão dos processos históricos e sociais. Freud ousou colocar os “processos misteriosos” do psiquismo, suas “regiões obscuras”, isto é, as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem, como problemas científicos. A investigação sistemática desses problemas levou Freud à criação da Psicanálise. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE Enquanto teoria, caracteriza-se por um conjunto de conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica. Freud publicou uma extensa obra, durante toda a sua vida, relatando suas descobertas e formulando leis gerais sobre a estrutura e o funcionamento da psique humana. A Psicanálise, enquanto método de investigação, caracteriza-se pelo método interpretativo, que busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelas produções imaginárias, como os sonhos, os delírios, as associações livres, os atos falhos. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE A prática profissional refere-se à forma de tratamento, a Análise que busca o autoconhecimento ou a “cura”, que ocorre através desse autoconhecimento. Atualmente, o exercício da Psicanálise ocorre de muitas outras formas. Ou seja, é usada como base para psicoterapias, aconselhamento, orientação; é aplicada no trabalho com grupos, instituições. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE Freud formou-se em Medicina na Universidade de Viena, em 1881, e especializou-se em Psiquiatria. Trabalhou algum tempo em um laboratório de Fisiologia e deu aulas de Neuropatologia no instituto onde trabalhava. Por dificuldades financeiras, não pôde dedicar-se integralmente à vida acadêmica e de pesquisador. Começou, então, a clinicar, atendendo pessoas acometidas de “problemas nervosos”. Obteve, ao final da residência médica, uma bolsa de estudo para Paris, onde trabalhou com Jean Charcot, psiquiatra francês que tratava as histerias com hipnose. Em 1886, retornou a Viena e voltou a clinicar, e seu principal instrumento de trabalho na eliminação dos sintomas dos distúrbios nervosos passou a ser a sugestão hipnótica. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE CASO ANA O. Em Viena, o contato de Freud com Josef Breuer, médico e cientista, também foi importante para a continuidade das investigações. Nesse sentido, o caso de uma paciente de Breuer foi significativo. Ana O. apresentava um conjunto de sintomas que a fazia sofrer: paralisia com contratura muscular, inibições e dificuldades de pensamento. Esses sintomas tiveram origem na época em que ela cuidara do pai enfermo. No período em que cumprira essa tarefa, ela havia tido pensamentos e afetos que se referiam a um desejo de que o pai morresse. Estas idéias e sentimentos foram reprimidos e substituídos pelos sintomas. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) CASO ANA O. Em seu estado de vigília, Ana O. não era capaz de indicar a origem de seus sintomas, mas, sob o efeito da hipnose, relatava a origem de cada um deles, que estavam ligados a vivências anteriores da paciente, relacionadas com o episódio da doença do pai. Com a rememoração destas cenas e vivências, os sintomas desapareciam. Este desaparecimento não ocorria de forma “mágica”, mas devido à liberação das reações emotivas associadas ao evento traumático a doença do pai, o desejo inconsciente da morte do pai enfermo. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008); CASO ANA O. Breuer denominou de método catártico o tratamento que possibilita a liberação de afetos e emoções ligadas a acontecimentos traumáticos que não puderam ser expressos na ocasião da vivência desagradável ou dolorosa. Esta liberação de afetos leva à eliminação dos sintomas.(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008); CASO ANA O. Inicialmente Freud utilizava-se da hipnose, entretanto após perceber que os sintomas só desapareciam no momento da hipnosee depois retornavam, ele percebeu que o método não surtia o efeito que ele gostaria, então atendendo Ana O. ele percebeu que quando ela falava livremente sobre o que lhe afligia ela tinha melhora, pra este método ele chamou de associação livre. (Adaptado de BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) CASO ANA O. A primeira teoria sobre a estrutura do aparelho psíquico, primeira tópica ou teoria topográfica. Em 1900, no livro A interpretação dos sonhos, Freud apresenta a primeira concepção sobre a estrutura e o funcionamento da personalidade. Essa teoria refere-se à existência de três sistemas ou instâncias psíquicas: inconsciente, pré-consciente e consciente. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE O inconsciente PSICANÁLISE O inconsciente exprime o “conjunto dos conteúdos não presentes no campo atual da consciência”. É constituído por conteúdos reprimidos, que não têm acesso aos sistemas pré- consciente/consciente, pela ação de censuras internas. Estes conteúdos podem ter sido conscientes, em algum momento, e ter sido reprimidos, isto é, “foram” para o inconsciente, ou podem ser genuinamente inconscientes. O inconsciente é um sistema do aparelho psíquico regido por leis próprias de funcionamento. Por exemplo, é atemporal, não existem as noções de passado e presente. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE O sistema inconsciente designa a parte mais arcaica do aparelho psíquico. Segundo Freud, por herança genética, existem elementos instintivos ou pulsões, acrescidos das respectivas energias. No inconsciente estariam os elementos instintivos não acessíveis à consciência. Além disso, há também material que foi excluído da consciência pelos processos psíquicos de censura e repressão. Esse conteúdo "censurado" não é permitido ser lembrado, mas não é perdido, permanecendo no inconsciente. Para Freud, a maior parte do aparelho psíquico é inconsciente. Ali estão os principais determinantes da personalidade, as fontes da energia psíquica e as pulsões ou instintos (LIMA, 2009) PSICANÁLISE Essa instância é o ponto de entrada do aparelho psíquico. Ela possui uma forma de funcionamento regida por leis próprias, ou seja, que fogem aos entendimentos da razão do consciente. Além disso, é considerado a parte mais arcaica da psique construídas também de traços mnêmicos (lembranças primitivas). Para ficar claro, é no inconsciente (Ics), de natureza misteriosa, obscura, que podem brotar as paixões, o medo, a criatividade e a própria vida e morte. Nele também é regido o princípio do prazer. Para finalizar, o Isc não apresenta uma “lógica racional”. Nele não existem modo tempo, espaço, incertezas ou dúvidas. (PSICANÁLISE CLÍNICA, 2018) PSICANÁLISE O pré-consciente PSICANÁLISE O pré-consciente refere-se ao sistema onde permanecem aqueles conteúdos acessíveis à consciência. É aquilo que não está na consciência, neste momento, e no momento seguinte pode estar. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) O pré-consciente foi concebido como articulado com o consciente e funciona como uma espécie de barreira que seleciona aquilo que pode ou não passar para o consciente. (LIMA, 2009) O pré-consciente seria uma parte do inconsciente que pode tornar-se consciente com relativa facilidade, ou seja, seus conteúdos são acessíveis, podem ser evocados e trazidos à consciência. (LIMA, 2009) PSICANÁLISE Essa instância, considerada por Freud uma “barreira de contato”, serve como uma espécie de filtro para que determinados conteúdos possam (ou não) chegar a nível consciente. Entendemos que os conteúdos presentes no Pré-consciente estão disponíveis ao Consciente. É nessa instância que a linguagem se estrutura e, dessa forma, é capaz de conter a ‘representações da palavra”, que consiste num conjunto de lembranças de palavras oriundas e de como foram significadas pela criança. Portanto, o pré-consciente é a parte que se encontra no meio do caminho entre o inconsciente e o consciente. Ou seja, é a parte da mente que junta informação em busca de alcançar a parte consciente. (PSICANÁLISE CLÍNICA, 2018) PSICANÁLISE O consciente PSICANÁLISE O consciente é o sistema do aparelho psíquico que recebe ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e as do mundo interior. Na consciência, destaca-se o fenômeno da percepção, principalmente a percepção do mundo exterior, a atenção, o raciocínio.(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) O consciente é somente uma pequena parte da mente, incluindo tudo aquilo de que estamos cientes num dado momento. Do ponto de vista tópico, o sistema percepção-consciência está situado na periferia do aparelho psíquico, recebendo, ao mesmo tempo, as informações do mundo exterior e as provenientes do interior. (LIMA, 2009) PSICANÁLISE O consciente se diferencia do inconsciente pela forma com o qual é operado através de seus códigos e leis. Ao Consciente é atribuída tudo aquilo que está disponível de forma imediata à mente. Dessa forma, podemos pensar que a formação do consciente se daria pela junção “da representação da coisa” e da “representação da palavra”. Ou seja, há um investimento de energia em determinado objeto e, então, seu escoamento adequado para a satisfação. (PSICANÁLISE CLÍNICA, 2018) PSICANÁLISE PSICANÁLISE Freud, em suas investigações na prática clínica sobre as causas e o funcionamento das neuroses, descobriu que a maioria de pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos, isto é, que na vida infantil estavam as experiências de caráter traumático, reprimidas, que se configuravam como origem dos sintomas atuais, e confirmava-se, desta forma, que as ocorrências deste período da vida deixam marcas profundas na estruturação da pessoa. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE As descobertas colocam a sexualidade no centro da vida psíquica, e é postulada a existência da sexualidade infantil. Estas afirmações tiveram profundas repercussões na sociedade puritana da época, pela concepção vigente da infância como “inocente”. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE Os principais aspectos destas descobertas são: A função sexual existe desde o princípio da vida, logo após o nascimento, e não só a partir da puberdade como afirmavam as idéias dominantes. O período de desenvolvimento da sexualidade é longo e complexo até chegar à sexualidade adulta, onde as funções de reprodução e de obtenção do prazer podem estar associadas, tanto no homem como na mulher. Esta afirmação contrariava as idéias predominantes de que o sexo estava associado, exclusivamente, à reprodução. A libido, nas palavras de Freud, é “a energia dos instintos sexuais e só deles. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE No processo de desenvolvimento psicossexual, o indivíduo, nos primeiros tempos de vida, tem a função sexual ligada à sobrevivência, e, portanto, o prazer é encontrado no próprio corpo. O corpo é erotizado, isto é, as excitações sexuais estão localizadas em partes do corpo, e há um desenvolvimento progressivo que levou Freud a postular as fases do desenvolvimento sexual. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE PSICANÁLISE Fase oral (a zona de erotização é a boca), fase anal (a zona de erotização é o ânus), fase fálica (a zona de erotização é o órgão sexual); em seguida vem um período de latência, que se prolonga até a puberdade e se caracteriza por uma diminuição das atividades sexuais, isto é, há um “intervalo” na evolução da sexualidade. E, finalmente, na puberdade é atingida a última fase, isto é, a fase genital, quando o objeto de erotização ou de desejo não está mais no próprio corpo, mas em um objeto externo ao indivíduo, o outro. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE No decorrer dessas fases, vários processos e ocorrências sucedem- se. Desses eventos, destaca-se o complexo de Édipo, pois é em torno dele que ocorre a estruturação da personalidade do indivíduo. Acontece entre 3 e 5 anos, durante a fase fálica. No complexo de Édipo, a mãe é o objeto de desejo do menino, e opai é o rival que impede seu acesso ao objeto desejado. Ele procura então ser o pai para “ter” a mãe, escolhendo-o como modelo de comportamento, passando a internalizar as regras e as normas sociais representadas e impostas pela autoridade paterna. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE Posteriormente, por medo da perda do amor do pai, “desiste” da mãe, isto é, a mãe é “trocada” pela riqueza do mundo social e cultural, e o garoto pode, então, participar do mundo social, pois tem suas regras básicas internalizadas através da identificação com o pai. Este processo também ocorre com as meninas, sendo invertidas as figuras de desejo e de identificação. Freud fala em Édipo feminino ou complexo de Elektra. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE PSICANÁLISE A segunda teoria do aparelho psíquico, segunda tópica, modelo estrutural ou modelo dinâmico. Entre 1920 e 1923, Freud remodela a teoria do aparelho psíquico e introduz os conceitos de id, ego e superego para referir-se aos três sistemas da personalidade. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) Insatisfeito com o "Modelo Topográfico", porquanto esse não conseguia explicar muitos fenômenos psíquicos, Freud elaborou uma segunda teoria, a segunda tópica. Na segunda tópica, Freud estabeleceu a sua clássica concepção do aparelho psíquico, conhecido como "modelo estrutural" ou "dinâmico", tendo em vista que a palavra "estrutura" significa um conjunto de elementos que têm funções específicas, porém que interagem permanentemente e se influenciam reciprocamente. (LIMA, 2009) PSICANÁLISE O ID ou ISSO PSICANÁLISE O ID ou ISSO constitui o reservatório da energia psíquica, é onde se “localizam” as pulsões: a de vida e a de morte. As características atribuídas ao sistema inconsciente, na primeira teoria, são, nesta teoria, atribuídas ao id. É regido pelo princípio do prazer. (Adaptado de BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE O ID ou ISSO foi concebido como um conjunto de conteúdos de natureza pulsional e de ordem inconsciente, constituindo o polo psicobiológico da personalidade. É considerado a reserva inconsciente dos desejos e impulsos de origem genética, voltados para a preservação e propagação da vida. Contém tudo o que é herdado, que se acha presente no nascimento, acima de tudo os elementos instintivos que se originam da organização somática. Do ponto de vista "topográfico", o inconsciente, como instância psíquica, virtualmente coincide com o ID ou ISSO. Portanto, os conteúdos do id, expressão psíquica das pulsões, são inconscientes, por um lado hereditários e inatos e, por outro lado, adquiridos e recalcados. (Adaptado de LIMA, 2009) PSICANÁLISE Dentre as estruturas apresentadas por Freud, o ID ou ISSO é a mais arcaica, sendo considerado uma espécie de reservatórios de impulsos caóticos e irracionais, construtivos e destrutivos e não harmonizados entre si ou com a realidade exterior. Ou seja, é um aglomerado de impulsos (ou pulsões) sem organização e sem direção. Portanto, o ID ou ISSO tem as seguintes características: Não faz planos e não espera; busca uma solução imediata para as tensões; não aceita frustrações e não conhece inibição; não tem contato com a realidade; busca satisfação na fantasia. (Adaptado de PSICANÁLISE CLÍNICA, 2018) PSICANÁLISE O EGO ou EU PSICANÁLISE O EGO ou EU é o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do ID ou ISSO, as exigências da realidade e as “ordens” do SUPER EGO ou SUPER EU. Procura “dar conta” dos interesses da pessoa. É regido pelo princípio da realidade, que, com o princípio do prazer, rege o funcionamento psíquico. É um regulador, na medida em que altera o princípio do prazer para buscar a satisfação considerando as condições objetivas da realidade. Neste sentido, a busca do prazer pode ser substituída pelo evitamento do desprazer. As funções básicas do EGO ou EU são: percepção, memória, sentimentos, pensamento. (Adaptado de BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE O EGO ou EU se desenvolve a partir da diferenciação das capacidades psíquicas em contato com a realidade exterior. Sua atividade é, em parte, consciente (percepção e processos intelectuais) e, em parte, pré-consciente e também inconsciente. É regido pelo princípio da realidade, que é o fator que se incumbe do ajustamento ao ambiente e da solução dos conflitos entre o organismo e a realidade. O EGO ou EU lida com a estimulação que vem tanto da própria mente como do mundo exterior. Desempenha a função de obter controle sobre as exigências das pulsões, decidindo se elas devem ou não ser satisfeitas, adiando essa satisfação para ocasiões e circunstâncias mais favoráveis ou reprimindo parcial ou inteiramente as excitações pulsionais. Assim, o EGO ou EU atua como mediador entre o ID ou ISSO e o mundo exterior, tendo que lidar também com o SUPER EGO ou SUPER EU, com as memórias de todo tipo e com as necessidades físicas do corpo. (Adaptado de LIMA, 2009) PSICANÁLISE Para Freud, o nascimento do EGO ou EU vem da primeira infância, onde os laços afetivos e emocionais com os “pais” costumam ser intensos. Essas experiências, que se figuram na forma de orientações, sanções, ordens e proibições. vão fazer com que a criança registre no inconsciente essas emoções subjetivas. Emoções essas que vão dar ”corpo” à sua estrutura psíquica e egóica. Constituído de traços mnêmicos antigos (lembranças afetivas da infância), o EGO ou EU possui sua maior parte consciente, mas também ocupa um espaço no inconsciente, é, portanto, a principal instância psíquica e que tem por função de mediar, integrar e harmonizar: As constantes pulsões do ID ou ISSO; as exigências e ameaças do SUPER EGO ou SUPER EU; além das demandas vindas do mundo externo – EGO ou EU. (Adaptado de PSICANÁLISE CLÍNICA, 2018) PSICANÁLISE O SUPER EGO ou SUPER EU PSICANÁLISE O SUPER EGO ou SUPER EU origina-se com o complexo de Édipo, a partir da internalização das proibições, dos limites e da autoridade. A moral, os ideais são funções do superego. O conteúdo do SUPER EGO ou SUPER EU refere-se a exigências sociais e culturais. Para compreender a constituição desta instância — o SUPER EGO ou SUPER EU — é necessário introduzir a ideia de sentimento de culpa. Neste estado, o indivíduo sente-se culpado por alguma coisa errada que fez. (Adaptado de BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE O SUPER EGO ou SUPER EU desenvolve-se a partir do EGO ou EU, em um período que Freud designa como período de latência, situado entre a infância e o início da adolescência. Nesse período, forma-se nossa personalidade moral e social. O SUPER EGO ou SUPER EU atua como um juiz ou um censor relativamente ao EGO ou EU. Freud vê na consciência moral, na auto- observação, na formação de ideais, funções do SUPER EGO ou SUPER EU. Classicamente, o SUPER EGO ou SUPER EU constitui-se por interiorização das exigências e das interdições parentais [...] O SUPER EGO ou SUPER EU estabelece a censura dos impulsos que a sociedade e a cultura proíbem ao ID ou ISSO, impedindo o indivíduo de satisfazer plenamente seus instintos e desejos. É o órgão psíquico da repressão, particularmente a repressão sexual. (Adaptado de LIMA, 2009) PSICANÁLISE Instância psíquica que através EGO ou EU busca controlar o ID ou ISSO, ou seja, o SUPER EGO ou SUPER EU é uma modificação do EGO ou EU que ainda não se encontra desenvolvido o suficiente para atender às exigências do ID ou ISSO. Ele é responsável por imposição de sanções, normas e padrões, e tem sua formação pela introjeção dos conteúdos que vem dos pais. Além disso, o SUPER EGO ou SUPER EU busca a perfeição moral reguladora e tende a reprimir toda e qualquer infração que possa causar prejuízo a mente. O SUPEREGO ou SUPER EU tem três objetivos: Inibir (através de punição ou sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados (consciência moral); forçar o EGO ou EU a se comportar de maneira moral (mesmo que irracional); conduzir o indivíduo à perfeição, seja em gestos ou pensamentos. (Adaptado de PSICANÁLISECLÍNICA, 2018) PSICANÁLISE PSICANÁLISE Os mecanismos de defesa ou a realidade como ela não é. PSICANÁLISE Os mecanismos de defesa ou a realidade como ela não é. A percepção de um acontecimento, do mundo externo ou do mundo interno, pode ser algo muito constrangedor, doloroso, desorganizador. Para evitar este desprazer, a pessoa “deforma” ou suprime a realidade deixa de registrar percepções externas, afasta determinados conteúdos psíquicos, interfere no pensamento. São vários os mecanismos que o indivíduo pode usar para realizar esta deformação da realidade, chamados de mecanismos de defesa. São processos realizados pelo ego e são inconscientes, isto é, ocorrem independentemente da vontade do indivíduo. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE Para Freud, defesa é a operação pela qual o ego exclui da consciência os conteúdos indesejáveis, protegendo, desta forma, o aparelho psíquico. O ego, uma instância a serviço da realidade externa e sede dos processos defensivos mobiliza estes mecanismos, que suprimem ou dissimulam a percepção do perigo interno, em função de perigos reais ou imaginários localizados no mundo exterior. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE Estes mecanismos são: Recalque: o indivíduo “não vê”, “não ouve” o que ocorre. Existe a supressão de uma parte da realidade. Este aspecto que não é percebido pelo indivíduo faz parte de um todo e, ao ficar invisível, altera, deforma o sentido do todo. E como se, ao ler esta página, uma palavra ou uma das linhas não estivesse impressa, e isto impedisse a compreensão da frase ou desse outro sentido ao que está escrito. Um exemplo é quando entendemos uma proibição como permissão porque não “ouvimos” o “não”. O recalque, ao suprimir a percepção do que está acontecendo, é o mais radical dos mecanismos de defesa. Os demais referem-se a deformações da realidade. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE Formação reativa: o ego procura afastar o desejo que vai em determinada direção, e, para isto, o indivíduo adota uma atitude oposta a este desejo. Um bom exemplo são as atitudes exageradas, ternura excessiva, superproteção, que escondem o seu oposto, no caso, um desejo agressivo intenso. Aquilo que aparece (a atitude) visa esconder do próprio indivíduo suas verdadeiras motivações (o desejo), para preservá-lo de uma descoberta acerca de si mesmo que poderia ser bastante dolorosa. É o caso da mãe que superprotege o filho, do qual tem muita raiva porque atribui a ele muitas de suas dificuldades pessoais. Para muitas destas mães, pode ser aterrador admitir essa agressividade em relação ao filho. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE Regressão: o indivíduo retorna a etapas anteriores de seu desenvolvimento; é uma passagem para modos de expressão mais primitivos. Um exemplo é o da pessoa que enfrenta situações difíceis com bastante ponderação e, ao ver uma barata, sobe na mesa, aos berros. Com certeza, não é só a barata que ela vê na barata. Projeção: é uma confluência de distorções do mundo externo e interno. O indivíduo localiza (projeta) algo de si no mundo externo e não percebe aquilo que foi projetado como algo seu que considera indesejável. É um mecanismo de uso freqüente e observável na vida cotidiana. Um exemplo é o jovem que critica os colegas por serem extremamente competitivos e não se dá conta de que também o é, às vezes até mais que os colegas. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE Racionalização: o indivíduo constrói uma argumentação intelectualmente convincente e aceitável, que justifica os estados “deformados” da consciência. Isto é, uma defesa que justifica as outras. Portanto, na racionalização, o ego coloca a razão a serviço do irracional e utiliza para isto o material fornecido pela cultura, ou mesmo pelo saber científico. Dois exemplos: o pudor excessivo (formação reativa), justificado com argumentos morais; e as justificativas ideológicas para os impulsos destrutivos que eclodem na guerra, no preconceito e na defesa da pena de morte. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008) PSICANÁLISE BOCK, Ana M. B.; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria L. T. Psicologias: Uma introdução ao estudo de Psicologia. Editora Saraiva: São Paulo, 2008, p.368. LIMA, Andréa Pereira de. O modelo estrutural de Freud e o cérebro: uma proposta de integração entre a psicanálise e a neurofisiologia. Revisões da Literatura. Arch. Clin. Psychiatry (São Paulo) 37 (6), 2010. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rpc/a/gCtpKfnMrZQLCFqxZwDRS3G/?lang=pt#:~:text=N a%20primeira%20t%C3%B3pica%20de%20Freud,estamos%20cientes%20num%20 dado%20momento.> Acesso em: 07 Mar. 2022. REFERÊNCIAS OBRIGADO! TEORIAS E SISTEMAS ESCOLAS DE PENSAMENTO EM PSICOLOGIA Prof. Esp. Jhonathas Reis Teorias e Sistemas
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