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CONHECIMENTOS SOBRE FORTALEZA 
O POVOADO FORTE 
A Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção localiza-se à margem esquerda da foz do 
riacho Pajeú, sobre o monte Marajaitiba, na cidade de Fortaleza, no litoral do estado brasileiro 
do Ceará. Atualmente abriga a sede da 10ª Região Militar do Exército Brasileiro. Sua construção 
data de 1649, pelos holandeses que deram o nome de Forte Schoonemborch, depois retomado 
pelos portugueses que passaram a denominar de "Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção". 
Embora a cidade de Fortaleza tenha se expandido a partir desse forte, o seu marco zero fica na 
Praia da Barra do Ceará 
 
Antecedentes 
Toda a costa cearense sofreu muito com as ameaças e invasões holandesas na época do 
descobrimento. O primeiro forte a ser levantado nessa mesma área foi o de São Sebastião, a 
pedido de Martim Soares Moreno, que veio com sua tropa de Natal, com a finalidade de 
proteger as terras. Devido a sua pouca estrutura, ele foi derrubado pouco tempo depois. 
Foi justamente quando se iniciou uma nova fortaleza, erguida pelos holandeses em 1649 
e batizada de Forte Schoonenborch. Os domínios dessas terras permaneceram até 1812, quando 
a Coroa Portuguesa retomou a Província do Ceará e rebatizou a fortaleza de Fortaleza de Nossa 
Senhora da Assunção. 
 
A Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção 
Desmoronado o Forte de Nossa Senhora da Assunção (1812), o governador da então 
Província do Ceará, Manuel Inácio de Sampaio e Pina Freire, deu início, no local, a uma nova 
estrutura para a defesa daquela Capital. A pedra fundamental foi lançada a 12 de outubro de 
1812, em homenagem ao aniversário do "sereníssimo Senhor Príncipe da Beira, o senhor D. 
Pedro de Alcântara". 
A planta, de autoria do Tenente-coronel Engenheiro António José da Silva Paulet, que 
dirigiu a sua construção, apresenta a forma de um quadrado com 90 metros de lado, com 
baluartes nos vértices, sob a invocação, respectivamente, de Nossa Senhora da Assunção 
(nordeste), São José (sudeste), Dom João (noroeste) e Príncipe da Beira (sudoeste). Artilhada 
inicialmente com cinco peças, foi custeada com fundos públicos (20:362$390 réis) e doações 
particulares (16:113$267 réis), afora doações de materiais e serviços, de voluntários e de 
escravos. GARRIDO reporta que, em 1816, a fortaleza encontrava-se artilhada com vinte e sete 
peças. 
Uma lápide comemorativa, colocada na muralha externa Norte quando da inauguração 
da fortaleza, reza, em latim: 
 
"Informem montem me derisere carinae, Nunc arcem 
magnum respectu pavescunt: 
Hic me Sampaius, sexto regnante Joanne, 
Fundavit pulchram; Pauleti refulget. 
Armis me fortem civilia dona 
Muris me fortem reddunt stipendia Regis." 
 
 
 
 
 
4 
"Ano de 1817. As naus escarneciam de mim quando eu era um monte informe: agora 
que sou uma grande fortaleza, de longe tomam-se de respeito. Aqui, reinando D. João VI, 
Sampaio me fundou bela, o engenho de Paulet resplandece. Os donativos dos cidadãos me 
tornaram forte pelas muralhas, e dos dispêndios reais me fazem forte pelas armas."[4] 
O mesmo autor indica que, à época (1958), essa lápide se encontrava no Museu do 
Estado do Ceará. 
No contexto da Revolução Pernambucana de 1817, numa das celas desta fortificação 
esteve detida Bárbara de Alencar, líder revolucionária em Crato, no Ceará, considerada 
localmente como a primeira prisioneira política da História do Brasil. 
Em 1821, o Governador Francisco Alberto Rubim solicitou 200$000 réis para a conclusão 
de suas obras, o que ocorreu no ano seguinte (17 de agosto de 1822). BARRETTO (1958) informa 
que a sua artilharia foi aumentada para trinta e uma peças de diferentes calibres a partir de 
1829. 
O Mapa anexo ao Relatório do Ministério da Guerra de 1847 aponta-lhe a ruína, dando-
a como artilhada com vinte peças. GARRIDO (1940) informa que recebeu reparos em 1856. No 
ano seguinte, classificada como fortificação de 2ª Classe (11 de fevereiro de 1857), encontrava-
se artilhada com trinta e duas peças: vinte e seis de alma lisa (quatro de calibre 25 libras, duas 
de 18, nove de 12, cinco de 6, e seis de 3), e 6 de bronze La Hitte, raiadas, calibre 12. Foi avaliada 
em 125:000$000 réis (3 de março de 1858). Sofreu reparos no contexto da Questão Christie 
(1862-1865), em 1875, em 1883 (5:000$000 réis), e em 1886, quando foi novamente 
considerada como de 2ª classe. 
Entre 1846 e 1857 foram-lhe erguidos novos prédios, os quais sediaram diversas 
unidades militares como o 11º e o 15º batalhões de Infantaria, a Escola Militar do Ceará, o 22º 
e o 23º batalhões de Caçadores, entre outras. 
 
Do século XX aos nossos dias 
Fachada do edifício sede da 10.ª Região Militar 
No início da República Velha, em 1895 apresentava duas baterias dispostas em andares 
e uma bateria a cavaleiro. 
Também conhecida como Forte da Tartaruga, encontrava-se bem conservada (1906), e 
desarmada (1910). À época da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi guarnecida, entre 1917 
e 1918, pela 1ª Bateria Independente do 3º Distrito de Artilharia de Costa, sob o comando do 
Capitão Bernardino Chaves. BARRETTO (1958) complementa que o quartel contíguo à fortaleza, 
que abrigava a guarnição, foi ocupado pela 46ª Bateria Independente, mais tarde 46ª Bateria de 
Costa. À época (1958), sediava o Quartel-General da 10ª Região Militar, função que conserva 
desde então. 
 
Museu e Phanteon do General Sampaio 
A Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, atualmente funcionando como sede do 
Comando da 10ª Região Militar, é um dos pontos turísticos mais conhecidos da capital cearense, 
tendo como destaques a própria história da Fortaleza, o Museu e Phanteon do General Sampaio 
(Patrono da Arma de Infantaria), a prisão onde esteve Bárbara de Alencar e ainda a estátua de 
Martim Soares Moreno. O forte pode ser visitado mediante agendamento prévio junto à 
Comunicação Social da Região Militar. A visita é feita na companhia de um militar que aborda 
tópicos de interesse sobre o monumento, nomeadamente a praça de armas, a cela onde esteve 
detida Bárbara de Alencar e a capela do forte. 
 
 
 
 
5 
13 de abril de 1726 - Fortaleza é elevada à categoria de Vila... 
Durante o primeiro século de colonização portuguesa, a capitania do Ceará não 
despertou o interesse de seu donatário, dom Antônio Cardoso de Barros. Somente em 1603, o 
fidalgo Pero Coelho de Sousa desembarcou na foz do rio Ceará, erguendo em suas margens um 
pequeno forte e dando início a um povoado, que não se desenvolveu. Em 1612, Martim Soares 
Moreno, que havia acompanhado Coelho naquela expedição, retornou ao local. Recuperou o 
forte que estava abandonado e construiu a Capela de Nossa Senhora do Amparo. Foi esse 
capitão português, Martim, que serviu de inspiração para um dos personagens centrais do 
romance "Iracema", de José de Alencar, que pretende narrar justamente as origens. 
 
A ocupação do território e os agentes econômicos 
No final do século XVII e nos primeiros anos do século XVIII, após as decisões régias 
portuguesas1 de no Brasil reservar a faixa litorânea nordestina unicamente para a produção do 
açúcar, os criadores de gado, com suas boiadas, partiram em direção à capitania do Maranhão 
em busca de novas pastagens. A expulsão da pecuária implicou uma primeira separação 
geoeconômica no Nordeste brasileiro. Enquanto a atividade açucareira desenvolveu-se no 
próximo e rico litoral, ao criatório restou o longínquo e pobre sertão. 
Cruzando o Ceará no decorrer do Setecentos, a economia pecuarista, a despeito de sua 
baixa produtividade e pequena rentabilidade, atribuiu sentido à ocupação e deu forma e 
conteúdo à capitania. 
A instalação dos boiadeiros aliada à da Igreja - domesticando a população indígena que 
resistia à expansão do criatório - e à participação do Estado português - com a fundação das vilas 
significou a possibilidade de capitalização em torno da atividade comercial da pecuária. 
O território cearense - como meio natural e base material da existência - não se 
apresentounada favorável à fixação dos primeiros conquistadores2. A conquista aconteceu de 
forma bastante violenta. Somente passado o medo da região, os desbravadores construíram 
suas fazendas e levaram suas famílias para o sertão3. O medo era resultante da adversidade 
climática e da resistência indígena. Durante o século XVIII, a seca manifestou-se por cinco vezes 
por todo o Nordeste: 1721-1725; 1736-1737; 1745- 1746; 1777-1778; e 1791-17934. A Guerra 
dos Bárbaros5 foi apenas um dos capítulos da sangrenta conquista6. Além do embate com os 
índios, as brigas entre os sesmeiros também coloriram de sangue a colonização. 
Toda a ocupação e a fixação encontraram apoio no sistema de sesmarias. Os primeiros 
sesmeiros não só foram os primeiros donos da terra como também ocuparam postos militares 
e funções de ordenanças nas câmaras das vilas fundadas. 
A análise das justificativas das concessões demonstra que a atividade criatória foi a 
principal responsável pela ocupação da capitania. Das 2472 datas solicitadas entre 1679 e 1824, 
90,85% tinham como justificativa a necessidade de terra para a pecuária. 
 
Sobre o lugar de alguns primeiros aldeamentos no Ceará 
Até o ano de 1700, identificamos quatro aldeamentos sob os cuidados dos Clérigos do 
Hábito de São Pedro; além da missão dos jesuítas na serra da Ibiapaba, definitivamente instalada 
por volta de 1695. Não nos foi possível determinar suas durações. Dos quatro, dois estavam 
localizados na Ribeira do Jaguaribe e dois nas proximidades da futura vila de Fortaleza. Em 1696, 
os índios paiacus foram reunidos na Aldeia de Nossa Senhora da Madre de Deus (Aldeia Velha), 
a meia légua20 do monte Arerê, atual Itaiçaba, na Ribeira do Jaguaribe, sob a ação do clérigo 
João da Costa21. Em 1697, os índios jaguaribaras e anacés foram aldeados em Parnamirim, a 
sete léguas de Fortaleza, pelo clérigo João Leite de Aguiar22. No ano seguinte, em 1698, Nobre 
faz referência a um aldeamento nas proximidades da futura vila de Nossa Senhora da 
 
 
6 
Assumpção, sob a atenção do também clérigo João Alvares da Encarnação23. Em 1699, o clérigo 
padre João da Costa cria um novo aldeamento (Aldeia Nova) na Aldeia de Nossa Senhora da 
Montanha, localizada a 14 léguas da antiga Aldeia Velha. 
 
As primeiras capelas 
Em alguns casos, após o erguimento das fazendas de gado, os sesmeiros requeriam 
permissão ao bispado de Pernambuco31 para construção de uma ermida, onde poderiam ouvir 
as missas celebradas por capelães. A permissão significava assistência religiosa. As ermidas eram 
construídas em terras doadas32por um ou mais de um proprietário de terra, contribuindo para 
a formação do patrimônio eclesiástico na capitania cearense. Juntamente com a fixação dos 
boiadeiros, a Igreja reafirmava, assim, sua presença no território instalando-se nas terras 
oferecidas. 
Nobre assevera que, muito provavelmente, "excluídas a do Forte de Nossa Senhora da 
Assumpção e as das aldeias dos missionários"33, a capela dedicada à Nossa Senhora do Ó cujo 
patrimônio fora doado pela família Montes na ribeira do rio Salgado, no lugar da futura matriz 
de Nossa Senhora da Expectação do Icó, foi a primeira a erigir-se no Ceará. A Carta Régia 
fundacional da Vila de Nossa Senhora da Expectação do Icó, de 1736, determinou a criação de 
uma "nova Villa no Icó junto aonde se acha a Igreja Matriz"34. 
Por volta de 1793, Manuel da Cunha Pereira, o capitão comandante da Ribeira do 
Jaguaribe, pediu licença à rainha D. Maria I para edificar uma ermida em homenagem a Nossa 
Senhora das Dores, em sua fazenda chamada Boqueirão, localizada na freguesia das Russas35. 
O documento expressa os procedimentos que provavelmente todos os detentores de terra, 
durante o século XVIII, deviam ter seguido ao requerer ao bispado de Pernambuco a construção 
das primeiras capelas no território cearense. A requisição implicava na doação de terras para o 
orago correspondente à igreja, contribuindo para o patrimônio religioso da capitania do Ceará. 
 
As freguesias 
Além da construção das ermidas e capelas, e sua elevação à condição de igreja matriz, 
o bispo de Pernambuco cuidou de ordenar a demarcação dos limites das freguesias cearenses, 
que seriam frequentemente percorridas por padres visitadores angariando fundos para os 
cofres portugueses. 
Em sua grande maioria, as vilas foram fundadas onde já existiam paróquias, o que 
confirma a precedência da organização religiosa quanto à organização políticoadministrativa37. 
Durante o século XVIII, o número de freguesias superou o número de vilas criadas no Ceará. A 
capitania alcançou o século XIX com 17 freguesias e 14 vilas. 
Em 17 de fevereiro de 1777, D. Tomás da Encarnação Costa e Lima, bispo de 
Pernambuco, apresentou ao rei de Portugal D. José I uma relação de todas as igrejas paroquiais 
que pertenciam ao bispado pernambucano - que se estendia desde a foz do São Francisco até 
Fortaleza, no Ceará, fazendo limite com o do Pará, a oeste, e com o arcebispado da Bahia, ao sul 
-, abrangendo várias capitanias. Segundo D. Tomás da Encarnação, todas as capelas do bispado 
ou eram de engenhos necessárias para a celebração do Santo Sacrifício da Missa e administração 
dos Sacramentos aos trabalhadores dos mesmos, ou são edificadas pelos povos circunvizinhos 
com patrimônio competente, nas distancias grandes das suas Matrizes para o referido fim dos 
Sacramentos e Santo Sacrifício, conservando-se nelas hum Sacerdote com licença do próprio 
Paroco, sem alguns encargos de encapelados. 
 
 
 
 
 
 
7 
O desenho das vilas cearenses no início do século XIX 
A reconstituição gráfica da organização espacial proposta pelos portugueses por meio 
dos dados fornecidos no Termo de Demarcação, demonstra que, entre as vilas fundadas no 
Ceará, a única executada de modo fiel à legislação foi a vila de índio Monte-mor o Novo 
d'América57, verdadeira expressão pombalina na capitania cearense. Nem mesmo nas duas 
principais vilas do Ceará setecentista - a vila do Icó e a vila do Aracati, que ocupam posições 
estratégicas para as atividades em torno da pecuária - os desígnios urbanísticos portugueses 
foram implantados com tanta fidelidade. 
A despeito das diretrizes urbanísticas da Carta Régia da Vila de Santa Cruz do Aracati, 
que propunham a instalação da praça fundacional um quilômetro ao norte do antigo povoado 
do porto das Barcas, e dos problemas relacionados à salubridade pública resultantes da 
presença das salgadeiras das carnes cearenses, o Aracati desenvolveu-se no entorno da antiga 
povoação, onde já moravam os envolvidos com a atividade econômica da pecuária; ou seja, o 
abate, a salga e comercialização do charque. 
No início do século XIX, a vila não passava de uma longa rua entrecortada por becos e 
travessas. Ela foi descrita pelos viajantes Henry Koster58e George Gardner59, e desenhada, em 
1813, por Antonio José da Silva Paulet, engenheiro-mor do Reino, e, em 1825, por João Bloem, 
capitão do Imperial Corpo de Engenheiros. Tanto na descrição como nos desenhos, o Aracati 
não passava de comprida rua, sem presença de praça central. Também não se encontravam, na 
área determinada para a praça, a Casa de Câmara e Cadeia tampouco a Igreja Matriz60. 
Na Planta do porto e da Vila do Aracati elaborada por Silva Paulet em 1813, e na Planta 
da Barra e rio de Jaguaribe, do engenheiro João Bloem, de 1825, que contém em detalhe o 
desenho do Aracati, a vila não passa de uma longa rua - que congregava as do Pelourinho, das 
Flores e de Santo Antônio - paralela ao rio Jaguaribe. Margear o rio foi, ainda na primeira metade 
do século XVIII, uma das primeiras prerrogativas das ordenações régias. As demais ruas 
presentes nos livros de aforamentos do século XVIII não são demarcadas; excetuando-se um 
pequeno trecho da rua Direita, em um espaço compreendido entre a Igreja dos Prazeres e a do 
Rosário dos Pretos, na rua do Piolho. 
O desenho de Paulet apresenta uma vila bastante alinhada, reta e sem interrupções, 
não chegando às minúcias dos becos e travessasque cortavam a rua principal em toda a sua 
extensão, tampouco expressando os vazios das quadras e a falta de alinhamento de certos 
trechos. Já o risco de Bloem se aproxima mais da realidade. O alinhamento não é tão rigoroso, 
sendo demarcados os espaços vazios entre as quadras, ou no meio delas, e as várias transversais 
que cortavam a rua principal. Do lado nascente, podem-se contar cinco travessas e, já quase no 
extremo norte da vila, uma área livre com um ponto central dentro do alinhamento das quadras, 
que acreditamos ser a nova praça do Pelourinho, onde, defronte, estava a Casa de Câmara e 
Cadeia, após sua retirada dali onde outrora fora pensado o lugar da praça. No poente, 
identificam-se sete pequenas ruas transversais e, também, mais para o norte, mas ainda no 
alinhamento da rua principal e antes da última quadra, uma área livre, sem uma clara definição 
se era uma praça ou não, mas certamente ainda desocupada. O desenho de Paulet traz somente 
a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário; e o de Bloem, além dessa, outra que acreditamos 
ser a do Rosário dos Pretos. Em ambos não são representadas a Igreja do Bomfim, a Igreja dos 
Prazeres e a capela para Nosso Senhor dos Navegantes, aforada no início do século XIX, na 
travessa que ligava a rua de Santo Antônio e a Matriz. 
Comparando-se o que, nos desenhos de Paulet e Bloem, se apresenta como construído 
não só com a área da vila - apreendida pela localização das ruas listadas nos termos de cordeação 
(alinhamento) do Livro de Aforamentos de 1775 - mas também com os limites estabelecidos 
pela medida de n. 10 do provimento de 1780 - que determinava uma poligonal de crescimento 
do núcleo em decorrência da extrema dispersão que a sua materialidade construída apresentava 
 
 
8 
cerca de trinta anos após a sua fundação -, conclui-se que ela, com exceção de sua rua principal, 
continuava inteiramente dispersa no início do século XIX, sem uma definição clara de seu 
arruamento, a ponto de não serem as demais ruas levadas em consideração nos desenhos dos 
engenheiros. 
Também no desenho de ambos não há sinal da praça, demonstrando que ela não foi 
formalmente estruturada, e que a condição, periférica e residual, da área idealizada para sua 
locação no extremo sul da vila manteve-se no decorrer dos anos. A praça nunca deixou de ser 
um grande areal - como se denomina no Ceará um grande descampado, na maioria das vezes 
desprovido de sombra, - na extremidade oposta ao ancoradouro. Durante a segunda metade do 
século XVIII, o seu caráter simbólico de centro cívico, marco número um de demarcação da vila 
ou de onde todo o restante se origina e por analogia "centro do mundo, do berço da vida e da 
civilização"61, que a presença do pelourinho só reforçava esvai-se completamente. E esvai-se 
por não ocupar uma posição central na vila, por continuar no extremo sul do Aracati, pela 
transferência do pelourinho para outra praça no norte da vila, onde estava a Casa de Câmara e 
Cadeia, e pelo sentido aglutinador do espaço setentrional do núcleo, onde se davam a produção 
da carne salgada, as transações comerciais, e onde se concentraram os setores mais abastados, 
a maioria dos seus sobrados, e os edifícios institucionais representativos do poder público e 
religioso; e tudo isto nas proximidades do porto. 
Em agosto de 1836, o inglês Gardner deixou o Aracati em direção ao Icó. Segundo o 
viajante, o núcleo consistia de "três ruas principais", que corriam no sentido norte-sul, cortadas 
por outras menores. A principal rua era larga e tinha "algumas lojas bem sortidas"62. O espaço 
do Icó foi descrito sem qualquer referência à praça idealizada há cem anos pelos portugueses. 
 
Primórdios da organização do espaço territorial e das vilas cearenses: a falta de investimento 
Para a organização espacial do território das vilas criadas, foram fundamentais as 
relações estabelecidas entre elas. Contudo, como a produtividade e a rentabilidade da pecuária 
continuaram pequenas por todo o século, não houve razão nem justificativa econômica 
suficientemente forte para um investimento técnico e de capital, por parte dos portugueses, 
para adequar plenamente as especificidades locais às suas necessidades lusitanas, ou vice-versa. 
Também logo se desfez o sonho do eldorado de minas de prata e de ouro no sertão. 
Além da inexistência de razões econômicas, também não houve motivos geopolíticos 
que justificassem maiores investimentos tecnológicos na capitania, fossem relativos à sua 
defesa ou às instalações de suas vilas. Primeiro, porque a soberania portuguesa na região, desde 
a expulsão dos holandeses em 1654, já não era ameaçada por estrangeiros; depois, porque, já 
no Tratado das Tordesilhas, a zona sertaneja do Nordeste do Brasil - e, em nosso caso, o atual 
território do estado do Ceará já pertencia a Portugal. Além disso, a caminho da região 
amazônica, era bem mais fácil alcançar-se o Maranhão e o Pará por mar, vindo diretamente de 
Lisboa, do que cruzando o sertão. 
Não é difícil afirmar que o Ceará, ocupando uma posição periférica no conjunto dos 
interesses econômicos e geopolíticos portugueses, ficou à margem das ações que envolveram 
investimentos tecnológicos com vistas à adequação das capitanias e de suas vilas às ações 
lusitanas ordenadoras do espaço. Não é à toa que, até o final do século XVIII, têm-se notícias de 
somente quatro engenheiros na capitania cearense, e que eles quase nada propuseram. 
 
O espaço como síntese de múltiplas ações 
Os vaqueiros e boiadeiros não foram apenas os primeiros desbravadores, mas os futuros 
sesmeiros, proprietários de terras e das fazendas de gado, e, em alguns casos, futuros 
representantes do Estado português no território cearense. Eles se estabeleceram às margens 
dos rios, onde o mínimo de pastagem para as boiadas era possível. Junto com os fazendeiros, os 
 
 
9 
representantes da Igreja chegam ao Ceará ou fixando-se nos efêmeros aldeamentos ou como 
párocos itinerantes que, de capela em capela, difundiram os princípios contrarreformistas, 
sempre procurando apaziguar a população indígena, que resistia ao avanço da atividade 
criatória. Mas os representantes da Igreja não cumpriram apenas um papel catequético: muitos 
religiosos tornaram-se ainda proprietários de terra, donos de boiadas e construíram suas 
próprias fazendas de gado. Por quase todo o século XVIII, a Igreja esteve, também, intimamente 
associada ao Estado lusitano, dando suporte ideológico à conquista. 
O Estado, ao fixar-se no território cearense, elegeu lugares estratégicos onde outrora 
havia as primeiras fazendas e a Igreja já havia se implantado - para uma melhor capitalização da 
economia pecuarista. Na maioria das vezes, o lugar da vila fundada durante o século XVIII pelos 
lusitanos já fora o lugar de uma fazenda de gado ou de uma pequena ermida. Somente após sua 
emancipação política em relação à capitania de Pernambuco fora a capitania cartografada pelos 
engenheiros do Reino e por um padre Visitador. A rede urbana, do início do século XIX, seguiu 
os caminhos naturais do sertão, trilhados primeiramente pela população indígena, mas também 
pelos vaqueiros, pelos representantes da Igreja e, por fim, pelo próprio Estado português. 
A conquista e a fixação foram pautadas por uma rede de consensos e intrigas97. Os 
diversos agentes uniram-se das mais diversas formas e em tempos diferenciados, 
transformando o espaço. Alternam-se Estado e Igreja, Igreja e fazendeiros, fazendeiros e Estado, 
o Estado e os índios, marcando suas presenças no território, alterando lentamente, por todo o 
século XVIII, a paisagem natural do sertão e do litoral do Ceará. 
 
A Revolução Pernambucana de 1817: Foi um movimento que aconteceu na Capitania 
de Pernambuco durante o período colonial. Esse movimento de caráter separatista e 
republicano manifestou a insatisfação local com o controle de Portugal sobre a região e com as 
desigualdades sociais existentes. O acontecimento da Revolução Pernambucana estava 
diretamente relacionadocom os desdobramentos da transferência da Corte portuguesa para o 
Brasil. 
 
Antecedentes 
Semelhantemente à Inconfidência Mineira e à Conjuração Baiana, a Revolução 
Pernambucana teve caráter separatista e defendia o sistema republicano. No entanto, essa 
revolta foi o único movimento dos três que conseguiu superar a fase conspiratória e deflagrar, 
de fato, a revolução, chegando, inclusive, a tomar o poder de Pernambuco e instalar um governo 
provisório. 
A Revolução Pernambucana foi resultado das insatisfações locais que já existiam havia 
um certo tempo e que foram aumentadas com a transferência da Corte portuguesa para o Brasil. 
Essa mudança ocorreu em 1807 e 1808 por causa da invasão de Portugal pelas tropas 
napoleônicas. 
O descontentamento com a presença da Corte portuguesa no Brasil era explicado pelo 
aumento dos impostos, realizado para manter os luxos da família real portuguesa e para 
financiar as campanhas militares que eram travadas na Cisplatina. Além disso, D. João VI 
também havia nomeado portugueses a cargos públicos importantes, principalmente no 
exército, prejudicando as elites locais. 
Essa insatisfação pernambucana com o domínio português, no entanto, era antigo. No 
começo do século XIX, em 1801, uma conspiração foi denunciada e desmontada pelas 
autoridades portuguesas. Conhecida como Conspiração dos Suassunas, ela já evidenciava a 
existência de um alto grau de descontentamento com a Corte naquela capitania. 
 
 
 
10 
A Revolução Pernambucana foi um movimento que se inspirou nos ideais liberais 
difundidos à época pelo Iluminismo. A presença dos ideais iluministas na região deveu-se à 
existência de uma loja maçônica conhecida como Areópago de Itambé. Além disso, esses ideais 
liberais eram largamente propagados na comunidade eclesiástica local a partir do Seminário de 
Olinda. 
 
A Revolução Pernambucana 
A Revolução Pernambucana iniciou-se no dia 6 de março de 1817, com a morte do 
brigadeiro português Manoel Joaquim Barbosa de Castro. O brigadeiro português foi morto 
quando estava cumprindo as ordens do governador local de prender o capitão José de Barros 
Lima, denunciado por participar de uma conspiração. Barros Lima reagiu à voz de prisão, o que 
resultou na morte de Castro. 
Após esse evento, a revolta espalhou-se por Recife e levou à tomada da cidade pelos 
revolucionários. O governador da capitania de Pernambuco abrigou-se em um forte local, o 
Forte do Brum, e logo embarcou para a cidade do Rio de Janeiro. Após conquista de 
Pernambuco, os revolucionários instalaram um Governo Provisório. 
Esse Governo Provisório aprovou uma série de medidas que foram colocadas em vigor: 
foi proclamada a República na Capitania de Pernambuco, decretada a liberdade de imprensa e 
credo, instituído o princípio dos três poderes e aumentado o soldo dos soldados. Todas essas 
mudanças iam em direção dos ideais liberais, apesar disso, os revolucionários optaram por 
manter a instituição da escravidão. 
Esse fato explicava-se pela quantidade de grandes fazendeiros que haviam aderido ao 
movimento. A abolição do trabalho escravo não era do interesse dessa classe e, além disso, a 
defesa dos “direitos iguais” por grande parte dos revolucionários partia muito de um ponto de 
vista elitista, que tendia a ignorar os interesses da massa popular e dos menos favorecidos. 
Os grandes nomes da Revolução Pernambucana foram Domingos José Martins, José 
Barros Lima, Padre João Ribeiro e Cruz Cabugá, entre outros. Cruz Cabugá, inclusive, foi enviado 
em missão diplomática aos Estados Unidos durante a revolução. Com 800 mil dólares em mãos, 
Cabugá tinha a tarefa de comprar armas e contratar mercenários, além de obter o apoio do 
governo americano ao movimento pernambucano. 
A duração da Revolução Pernambucana foi razoavelmente curta. A reação portuguesa 
foi intensa, e uma frota foi enviada do Rio de Janeiro com o objetivo de bloquear a cidade de 
Recife. Também foram enviados soldados por terra da Bahia com a missão de invadir essa 
cidade. A derrota dos revolucionários aconteceu oficialmente no dia 20 de maio de 1817. 
A repressão ordenada por D. João VI foi violenta, com os principais nomes da Revolução 
Pernambucana sendo severamente punidos. Domingos José Martins, por exemplo, foi 
arcabuzado (fuzilado). Outros envolvidos, além de arcabuzados, foram martirizados e muitos 
ainda ficaram presos por anos. 
 
A confederação do Equador 
A Confederação do Equador foi um movimento revolucionário que se iniciou em 
Pernambuco e logo alcançou outras províncias vizinhas. Os revoltosos se levantaram contra o 
governo central por causa do autoritarismo de Dom Pedro I ao fechar a Assembleia Constituinte 
de 1823 e impor uma Constituição, no ano seguinte, que lhe assegurou poderes absolutistas. 
Além dessa oposição ao arbítrio do imperador, a confederação pretendia implantar o regime 
republicano. As tropas imperiais conseguiram abafar o movimento e matar seus líderes. 
 
 
 
11 
A Confederação do Equador foi um movimento revolucionário iniciado em Pernambuco, 
em 1824, e que se espalhou para outras províncias nordestinas, como Rio Grande do Norte, 
Paraíba e Ceará. Os revoltosos se opuseram à forma autoritária com que a Constituição de 1824 
fora elaborada e publicada pelo imperador Dom Pedro II. Além disso, a Confederação pretendia 
implantar o regime republicano. 
 
Antecedentes da Confederação do Equador 
Logo após a proclamação da independência do Brasil, foi convocada uma Assembleia 
Constituinte, em 1823, com o intuito de elaborar a primeira Constituição brasileira. Na abertura 
dos trabalhos da assembleia, o imperador Dom Pedro I fez um discurso e afirmou que a 
Constituição deveria ser “digna do Brasil e de mim mesmo”, uma clara demonstração de que o 
texto constitucional deveria seguir as vontades do monarca. Ao votarem os poderes do 
imperador, os Constituintes decidiram pela limitação, o que provocou violenta reação de Dom 
Pedro, ordenando o fechamento da Assembleia e a prisão dos constituintes. 
Em 1824, Dom Pedro I outorgou a Constituição do império brasileiro que lhe garantiu 
amplos poderes por meio da criação do Poder Moderador. Ao fechar a assembleia e elaborar 
uma Constituição sem nenhuma discussão, ele mostrou os perigos do seu autoritarismo. 
Contudo, o Nordeste não aceitaria a centralização do poder político de forma passiva. Os 
pernambucanos decidiram pegar em armas para lutar contra o autoritarismo do governo 
central. 
O Nordeste atravessava um momento crítico nos primeiros anos do Brasil independente. 
Desde a crise do açúcar, logo após a expulsão dos holandeses, no século XVII, que a economia 
da região não conseguia se desenvolver plenamente como nos tempos coloniais. A crise 
econômica se associou aos problemas sociais e disputas de poderes dentro das províncias. A alta 
carga tributária também desagradou aos nordestinos. 
Enquanto o Brasil se tornava uma monarquia, as antigas colônias espanholas se 
tornavam republicanas, tal qual os Estados Unidos, que haviam se tornado referência no 
processo emancipatório. Ao seguir o caminho oposto, alguns grupos das províncias decidiram 
organizar movimentos armados para derrubar o monarca autoritário e implantar a república no 
Brasil. Contudo, o governo central estava decidido a enviar suas tropas e usar todas as forças 
disponíveis para abafar essas revoltas. 
 
Motivos da Confederação do Equador: 
• Crise econômico-social; 
• Altos impostos; 
• Autoritarismo de Dom Pedro. 
 
Líderes da Confederação do Equador: 
• Frei Joaquim do Amor Divino, mais conhecido como Frei Caneca, foi o líder mais conhecido 
da revolta. Nascido em 20 de agosto de 1779, no Recife (PE), ele participou tanto da 
Confederação do Equador como da Revolução Pernambucana, em 1817, na qual os 
pernambucanos se levantaram contra a presença da família real portuguesa no Rio de Janeiro. 
Frei Caneca era jornalista e fundou o periódico Tiphys Pernambucano, que divulgou os ideais 
dos revoltosos. As tropas imperiaiso prenderam e ele foi julgado e condenado à morte, apesar 
dos apelos para que se preservasse a sua vida. No dia 13 de janeiro de 1825, Frei Caneca estava 
no Forte das Cinco Pontas para ser enforcado, porém os três carrascos se recusaram a executar 
o líder rebelde. A Comissão Militar ordenou então o seu fuzilamento. Seu corpo foi deixado em 
frente ao Convento das Carmelitas, dentro de um caixão de pinho. Os padres o recolheram e 
enterraram. 
 
 
12 
• Cipriano Barata foi jornalista e um dos líderes da Confederação do Equador. Tal qual Frei 
Caneca, Cipriano Barata também foi jornalista e colaborou na divulgação dos ideais da 
Confederação do Equador. Nascido em Salvador, em 26 de setembro de 1762, Barata esteve 
presente nas revoltas ocorridas no Brasil durante o período anterior à independência, como a 
Conjuração Baiana (1798) e a Revolução Pernambucana (1817). Ele se uniu a Frei Caneca e se 
tornou um dos líderes da Confederação do Equador. Ao contrário do religioso, Barata foi preso 
na Fortaleza do Brum, no Recife, em 1825. Ele foi solto e manteve sua atividade jornalística até 
sua morte em 1º de julho de 1838. 
O autoritarismo de Dom Pedro I se mostrou na outorga da Constituição de 1824 e, em 
Pernambuco, na deposição do governador da província Manuel de Carvalho Paes. Essa 
deposição foi o estopim para que as lideranças do movimento iniciassem a revolta contra o 
governo central. Logo outras províncias nordestinas, como Rio Grande do Norte, Ceará e 
Paraíba, aderiram à Confederação do Equador. O nome era uma referência à linha imaginária 
homônima que passava próxima à região do conflito. 
Enquanto lutavam contra o império, os revoltosos não se mostraram dispostos a 
nenhuma negociação e implantaram um novo governo que aboliu a escravidão e criou uma 
Constituição liberal republicana. O movimento rachou quando algumas lideranças se afastaram 
por causa da radicalização das medidas adotadas pelo poder estabelecido. Frei Caneca e 
Cipriano Barata eram entusiastas da ampliação dos direitos políticos e de reformas sociais, o que 
contrariava interesses das demais lideranças. 
Dom Pedro I pediu empréstimos à Inglaterra para financiar as tropas que lutaram contra 
a Confederação do Equador. As discordâncias entre seus líderes fizeram com que o movimento 
se enfraquecesse, facilitando a vitória das tropas imperiais. Os revoltosos foram presos, 
condenados e alguns executados, como Frei Caneca. 
 
Consequências da Confederação do Equador: 
Com a derrota da Confederação do Equador, Dom Pedro I conseguiu impor sua força nas 
províncias nordestinas, mas não o suficiente para pacificar a região, pois os ideais republicanos 
ainda permaneceriam e motivariam outras revoltas durante o Período Regencial. A revolta em 
Pernambuco mostrou também que a imprensa tinha poder de difundir ideias e motivar rebeliões 
contra o império. 
 
 
13 
 
 
Exercícios 
 
01. 01.Em 1603 ocorreu a primeira 
tentativa de ocupação do território do 
Ceará e do Maranhão, que foi: 
 
A) incentivada pelo governador geral Diogo 
Botelho. 
B) facilitada por Martin leitão. 
C) agilizada por Tomé de Souza depois da 
introdução 
do gado. 
D) acompanhada por grande número de 
padres jesuítas. 
 
02. Sobre o processo de ocupação do 
território do atual estado do Ceará, no 
período colonial, podemos afirmar 
corretamente que: 
 
I. as áreas centrais foram ocupadas 
economicamente antes do litoral. 
II. os rios Jaguaribe e Acaraú foram os 
principais caminhos naturais de penetração. 
III. a pecuária desenvolve-se sobretudo nas 
regiões serranas. 
IV. os colonizadores, no Ceará, respeitaram 
as terras indígenas, evitando exterminá-los. 
V. os historiadores do Ceará, sem exceção, 
afirmam que a ocupação do Cariri deu-se 
como resultado da expansão da casa da 
torre. 
 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
A) II e V. 
B) I, II e IV. 
C) II, III e V. 
D) III, IV e V 
 
03. “... os amores de ‘o guerreiro branco’, 
com a índia Iracema são temas do imortal 
romance de José de Alencar e deram vulto 
literário ao capitão aventureiro, fundador 
do Ceará...” 
 
Na evolução histórica do Ceará o 
personagem a que o texto se refere é: 
A) Diogo Botelho. 
B) Bernardo Manuel de Vasconcelos. 
C) José Martiniano de Alencar. 
D) Martin Soares Moreno. 
 
04. Sobre o processo de ocupação da costa 
cearense durante o século XVII pode-se 
afirmar corretamente que: 
 
A) os portugueses aliaram-se aos indígenas 
que habitavam estas terras e construíram 
fortes apenas para defender os centros 
comércio de pau-brasil. 
B) a presença portuguesa no Ceará tem a 
ver com a ocupação de Pernambuco pelos 
franceses e do Maranhão pelos holandeses. 
C) o litoral foi intensamente disputado por 
índios e forças militares de várias potências 
europeias, e várias fortificações foram 
construídas pelos portugueses e 
holandeses. 
D) a conquista do litoral cearense foi 
efetuada por motivos econômicos, já que o 
cultivo de cana-de-açúcar já estava 
bastante desenvolvido e o açúcar 
necessitava ser transportado diretamente 
para Portugal. 
 
05. No Brasil colônia, o gado: 
 
A) foi uma economia exclusiva do Nordeste, 
voltada para o mercado exterior. 
B) favoreceu a ocupação de extensas áreas, 
especialmente no litoral. 
C) prosperou nas serras do Ceará, onde o 
clima se mostrou especialmente favorável. 
D) contribuiu para a ocupação do interior do 
Brasil, para o seu comércio e urbanização. 
 
06. Sobre a economia cearense entre os 
períodos colonial e imperial, marque a 
alternativa correta: 
 
 
 
14 
A) O trabalho de vaqueiro no Ceará Colonial 
era ocupado por homens livres que 
recebiam salários. 
B) A cultura algodoeira foi responsável pelo 
povoamento da terra cearense a partir do 
século XVI. 
C) As oficinas de charque e a 
comercialização da carne seca fizeram do 
Cariri a principal região econômica do Ceará 
Colonial. 
D) A predominância da exportação do 
algodão pelo porto de Fortaleza contribuiu 
para consolidar a capital como principal 
centro urbano do Ceará no século XIX. 
 
07. “O couro era o boi. O avanço 
colonizador ganhava terreno financiando 
currais onde antes somente pisava o índio 
bravio. E cada curral iria ser uma fazenda, 
que se garantia juridicamente com a 
obtenção da Sesmaria ou Data”. 
(FONTE: GIRÃO, Raimundo. Pequena História do Ceará. 4ª 
ed.Fortaleza: UFC, 1984, p.85-86). 
Do texto acima, relativo ao período colonial 
do Ceará, pode-se concluir que: 
I. o desenvolvimento do Ceará colonial foi 
propiciado pelas fazendas de gado. 
II. o Ceará foi conquistado pelos donos de 
frotas que expulsaram os indígenas da 
região. 
III. o colono português radicado no Ceará 
dedicou-se, unicamente, as tarefas 
relacionadas com as charqueadas. 
IV. a única função desempenhada pelos 
escravos cearenses foi a de vaqueiro. 
V. o povoamento e a colonização do Ceará 
relacionam-se, diretamente, com a 
atividade pastoril. 
VI. o ciclo do couro foi responsável não só 
pela ocupação dos sertões cearenses, mas 
também de toda a faixa litorânea do 
Nordeste. 
 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
A) I, III e VI. 
B) I, II e V. 
C) II, III e VI. 
D) III, IV e V. 
 
08. Nos versos abaixo, de Patativa do 
Assaré, Fagner canta: 
 
“ Aquela seca medonha 
Fez tudo se trapaia 
Não nasceu capim no campo 
Para o gado sustentá 
O sertão esturricó, fez os 
Açudes secá 
Morreu minha vaca Estrela 
Se acabou meu boi Fubá...” 
 
I. a exuberância da vegetação regional, 
beneficiada pelo clima semiárido. 
II. o flagelo da seca no Nordeste do País. 
III. o declínio das oficinas de charque no 
Ceará. 
IV. o êxodo da população rural para as 
grandes cidades. 
V. a redução dos rebanhos bovinos, durante 
as estiagens nordestinas prolongadas. 
 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
A) II e V. 
B) I, II e V. 
C) II, III e V. 
D) III, IV e V. 
 
09. Considerando a economia do Ceará, na 
segunda metade do século XIX, podemos 
afirmar corretamente: 
A) apesar de o Ceará contar com uma 
diversidade de produtos do setor primário,estes não figuravam na pauta das 
exportações. 
B) a principal fonte de receita da Província 
era a exportação de artesanato, 
principalmente objetos de couro e madeira. 
C) o consumo interno de algodão no Ceará, 
sobretudo na produção de tecidos grossos 
para escravos, impossibilitava, qualquer 
excedente para exportação. 
D) dentre os produtos de exportação da 
Província do Ceará figurava o café, que 
tinha como principal região produtora a 
Serra de Baturité. 
 
10. Sobre a organização política, 
econômica e social da capitania do Ceará é 
correto afirmar: 
 
 
15 
I. a ocupação do espaço geográfico 
cearense, no período colonial, deve-se 
basicamente à atividade pastoril. 
II. nas fazendas de gado, as chamadas 
“fazendas de criar”, situadas geralmente 
nas ribeiras dos rios, girava a vida 
socioeconômica da capitania do Siará 
Grande. 
III. a base do poder local estava concentrada 
nas mãos dos proprietários de gado, que se 
tornaram os primeiros “coronéis” do sertão, 
impondo a todos (índios escravizados, 
negros escravos e mestiços) o seu prestigio 
e mando. 
IV. as oficinas de carne - as charqueadas – 
responsáveis pela produção da carne de sol, 
instalavam-se preferencialmente no litoral 
cearense, sendo o Aracati o principal 
escoadouro da produção da carne. 
V. o desenvolvimento da pecuária no sertão 
favoreceu o surgimento das primeiras vilas, 
tais como Caucaia, Parangaba, Messejana e 
Aquiraz. 
VI. as vilas no Ceará colonial, símbolo do 
poder local e da municipalidade, continham 
uma organização político-administrativa 
assentada no Pelourinho, na Casa da 
Câmara e Cadeia, no Mercado da Carne e na 
Capela. 
 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
A) I, II, III, IV e VI. 
B) I, II e V. 
C) II, III e V. 
D) III, IV e V 
 
11. No Brasil Colônia, a pecuária teve um 
papel decisivo na: 
 
A) ocupação das áreas litorâneas. 
B) expulsão do assalariado do campo. 
C) formação e exploração dos minifúndios. 
D) expansão para o interior. 
 
12. "...de sistema econômico de alta 
produtividade, em meados do Século XVII, o 
Nordeste foi-se transformando 
progressivamente numa economia em que 
grande parte da população produzia apenas 
o necessário para subsistir. Muitos colonos, 
à procura de meios de sobrevivência, 
migraram para o interior, contribuindo para 
a dilatação das fronteiras." 
 
No Brasil, o fenômeno descrito no 
texto, resultou, indiretamente: 
A) do êxito da agroindústria. 
B) da invasão dos franceses. 
C) do fracasso das capitanias. 
D) da expansão da pecuária. 
 
13. Comparando-se os ciclos da economia 
colonial brasileira, é correto afirmar: 
 
I. Os rendimentos decorrentes do ciclo do 
ouro, no século XVIII, foram superiores aos 
produzidos pelo ciclo do açúcar, até sua 
decadência, em função da concorrência 
antilhana. 
II. A sociedade surgida em função do ciclo 
açucareiro foi mais hierarquizada e 
aristocrática do que aquela que teve origem 
no ciclo do gado, nos sertões do Nordeste 
ou caatinga. 
III. Os investimentos iniciais na economia 
açucareira exigiam a aplicação de menos 
capitais do que o necessário para a 
exploração aurífera. 
IV.O aumento da pecuária no Rio Grande do 
Sul deveu-se em grande parte à 
necessidade de fornecer alimentos e mulas 
para os transportes obrigatórios às 
atividades do ciclo da mineração ou do 
ouro. 
 
Está correta ou estão corretas: 
A) Apenas as opções III e IV. 
B) Apenas as opções II e IV 
C) Apenas as opções I, III e IV. 
D) Apenas as opções I e IV. 
 
14. O texto abaixo foi extraído do 
documento “Representação da Câmara de 
Aquiraz ao Rei de Portugal”. 
 
“(...) para a conservação desta capitania 
será vossa majestade servido destruir 
estes bárbaros para que fiquemos livres de 
 
 
16 
tão cruel jugo; em duas aldeias deste 
gentio assistem padres da Companhia que 
foram já expulsos de outras aldeias do 
sertão (...) estes religiosos são 
testemunhas das crueldades que estes 
tapuias tem feito nos vassalos de vossa 
majestade. (...) só representamos a vossa 
majestade que missões com estes bárbaros 
são escusadas, por que de humano só tem 
a forma, e quem disser outra coisa é 
engano conhecido. ” 
 
(Citado em PINHEIRO, Francisco José. “Mundos em 
confronto: povos nativos e europeus na disputa pelo 
território. ” In SOUSA, Simone de (org.) Uma Nova História 
do Ceará. Fortaleza. Edições Demócrito Rocha. 2000. p. 39) 
 
A partir da leitura do documento 
acima, é correto afirmar que: 
A) a acirrada reação indígena constituiu 
uma forma de resistência à destruição do 
seu modo de vida. 
B) o projeto português de colonizar, civilizar 
e catequizar contribuiu para manter a 
organização tribal. 
C) a ocupação do interior cearense, em 
virtude da reação indígena, foi iniciada na 
segunda metade do século XVIII. 
D) o domínio do interior cearense pelo 
colonizador e a catequese jesuítica foram 
realizados de modo a preservar a cultura 
indígena. 
 
15. “No princípio era o gado e os homens 
que o tangiam. Em lenta progressão, 
vindos do vale do São Francisco, na Bahia, 
do sertão de Pernambuco e de Sergipe, no 
final do século XVII, aqueles rudes 
peregrinos da fortuna subiram os 
contrafortes da Chapada do Araripe e 
chegaram a um vale fértil, habitado pelos 
índios Kariris, no sul do atual território 
cearense. Os desbravadores plantaram 
vilas, que se transformariam em cidades, e 
por causa desse movimento migratório, a 
colonização do Ceará começou pelo 
interior e não pelo litoral. Das numerosas 
cidades que se formaram e dentre as que 
compõem o triângulo Crajubar, a última a 
nascer, em 1872, foi a cidade do Padre 
Cícero Romão Baptista.” 
O texto refere-se a: 
A) Fortaleza. 
B) Barbalha. 
C) Crato. 
D) Juazeiro do Norte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO 
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 
A A D C D D B A D A 
11 12 13 14 15 - - - - - 
D D B A D - - - - -

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