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Atitudes em relação a presidentes do Brasil: formação de classes de equivalência e transferência de função 1a edição | ISBN 978-65-993434-6-9 Pedro Bufara Gonzaga Pereira Márcio Borges Moreira Editora do Instituto Walden4 2021 Editora do Instituto Walden4 A Editora do Instituto Walden4 tem como objetivo divulgar conhecimento produzi- do sobre a Análise do Comportamento (ciência e profissão). No intuito de democra- tizar o acesso ao conhecimento, muitos de nossos livros são disponibilizados gratui- tamente. Todos os nossos livros estão disponíveis em formato digital online. Isso significa que em apenas alguns segundos você poderá estar lendo os livros publica- dos por nós que lhe interessarem. Conselho Editorial Dr. Márcio Borges Moreira Ms. Gleidson Gabriel da Cruz Dra. Vanessa Leal Faria Contato secretaria@walden4.com @instituto.walden4 https://www.instagram.com/instituto.walden4 https://www.walden4.com.br https://www.facebook.com/iwalden4 https://www.youtube.com/user/instwalden4 mailto:secretaria@walden4.com https://www.instagram.com/instituto.walden4 https://www.walden4.com.br https://www.facebook.com/iwalden4 https://www.youtube.com/user/instwalden4 Valorize o trabalho dos seus autores e autoras preferidos! Este livro, desde a sua concepção, foi desenvolvido para ser um livro distribuído gratuitamente. No entanto, a maioria dos livros são vendidos e a receita oriunda da venda desses livros é o “ganha-pão” de milhares de famílias de escritores, desig- ners gráficos, diagramadores, revisores, ilustradores, diretores e de uma infinidade de profissionais envolvidos na publicação de um livro. Sempre que você puder, compre um livro original! Este trabalho é derivado do Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Psi- cologia de Pedro Pereira sob orientação de Márcio Moreira. Sobre os autores Pedro Bufara Gonzaga Pereira Graduado em Psicologia pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Co-autor do artigo “Transferência de Atitudes em Relação a Presidentes da República" (Acta Comportamentalia). linkedin.com/in/pedro-bufara-8b34ba14b https://www.linkedin.com/public-profile/settings?trk=d_flagship3_profile_self_view_public_profile Márcio Borges Moreira | @marcioborgesmoreira Doutor em Ciências do Comportamento pela Universidade de Brasília (UnB). Mestre em Psicologia e Psicólogo pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Professor da graduação e do mestrado em Psicologia do Centro Universitário de Brasília (CEUB). Diretor do Instituto Walden4. Co-autor do livro Princípios Básicos de Análise do Comportamento (Artmed) e de outros livros, capítulos e artigos cientí- ficos com temas relacionados à Análise do Comportamento. Acompanhe os trabalhos de Márcio Moreira pelas mídias sociais: @marcioborgesmoreira https://www.facebook.com/professormarciomoreira https://www.instagram.com/marcioborgesmoreira https://www.youtube.com/user/borgesmoreirayt https://pt.slideshare.net/borgesmoreira https://www.linkedin.com/in/márcio-borges-moreira-10217934 http://lattes.cnpq.br/4094892880820475 Conheça outras obras de Márcio Moreira Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Moreira & Medeiros (2019) Análise do Comportamento Aplicada (ABA): o reforçamento. Moreira (2019) Uma história de aprendizagem operante. Moreira e de Carvalho (2017) "Em casa de ferreiro, espeto de pau": o ensino da Análise Experimental do Compor- tamento. Moreira (2004) O conceito de motivação na psicologia. Todorov e Moreira (2005) Algumas considerações sobre o responder relacional. Moreira, Todorov e Nalini (2006) Psicologia, comportamento, processos e interações. Todorov e Moreira (2009) Comportamento supersticioso: implicações para o estudo do comportamento ope- rante. Moreira (2009) Emergência de classes de equivalência após separação e recombinação dos estímulos compostos utilizados no treino. Moreira e Hanna (2014) Arranjo de estímulos em treino discriminativo simples com compostos e emergência de classes de estímulos equivalentes. Moreira, Oliveira e Hanna (2017) Efeitos da marcação de elementos de conjuntos sobre a contagem em tarefas de dis- criminação condicional. Bandeira, Faria e Moreira (2020) https://www.facebook.com/professormarciomoreira https://www.instagram.com/marcioborgesmoreira https://www.youtube.com/user/borgesmoreirayt https://pt.slideshare.net/borgesmoreira https://www.linkedin.com/in/m http://lattes.cnpq.br/4094892880820475 https://www.amazon.com.br/Princ%25C3%25ADpios-B%25C3%25A1sicos-An%25C3%25A1lise-do-Comportamento/dp/8582715153 https://play.google.com/store/books/details?id=JfZ5DwAAQBAJ https://www.amazon.com.br/dp/B06Y3D8MMJ/ref=sr_1_1?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1491504508&sr=1-1&keywords=Uma+hist%25C3%25B3ria+de+aprendizagem+operante http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452004000100008 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452004000100008 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452005000100012 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452006000200007 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452006000200007 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722009000300011&lng=en&nrm=iso&tlng=pt https://www.researchgate.net/publication/267821792_Comportamento_supersticioso_implicacoes_para_o_estudo_do_comportamento_operante https://www.researchgate.net/publication/267821792_Comportamento_supersticioso_implicacoes_para_o_estudo_do_comportamento_operante https://periodicos.ufpa.br/index.php/rebac/article/view/1922 https://periodicos.ufpa.br/index.php/rebac/article/view/1922 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2017000100019 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2017000100019 https://periodicos.ufpa.br/index.php/rebac/article/view/9600 https://periodicos.ufpa.br/index.php/rebac/article/view/9600 Resumo A presente pesquisa teve como objetivo verificar se ocorre a formação de classes de equivalência entre figuras de presidentes da república e estímulos abstratos por meio do procedimento de pareamento ao modelo (MTS), assim como verificar se ocorre a transferência de função das figuras dos presidentes para as figuras abstratas. Para isso a pesquisa foi dividida em 2 experimentos, o primeiro entre presidentes e estí- mulos abstratos e o segundo com o acréscimo de faces neutras, onde cada experi- mento foi realizado com cinco participantes que foram submetidos às seguintes eta- pas: 1- preenchimento de uma escala de diferencial semântico (EDS, pré-teste), 2- re- alização de treinos de pareamento ao modelo (MTS), 3- realização de testes de equi- valência (MTS), e 4- verificação da transferência de função (EDS, pós-teste). A EDS foi constituída pelas imagens dos presidentes da república (A) e imagens com avali- ações neutras (B e C), onde os participantes avaliaram todos os estímulos por meio de 13 pares de adjetivos bipolares. Nos treinos e testes de equivalência, o estímulo modelo foi apresentado no centro da tela com os estímulos de comparação apresen- tados ao seu redor distribuídos de forma semi-randômica. Em ambos os experimen- tos os participantes formaram classes de equivalência, porém foi possível observar que no experimento 2 os participantes tiveram maior dificuldade em transferir fun- ção para as faces neutras quando comparadas com os estímulos abstratos. Essa mai- or dificuldade provavelmente se dá por conta da carga afetiva pré-experimental, que é maior para faces do que para estímulos abstratos, dificultando a transferência de função. Palavras-chave: política; atitude; classes de equivalência; diferencial semântico; transferência de função. Abstract This research aimed to verify whether equivalence classes are formed between figu- res of presidents of the republic and abstract stimuli through the MTS, as wellas ve- rifying whether there is a transfer of function from the figures of presidents to abs- tract figures. For this, the research was divided into 2 experiments, the first between presidents and abstract stimuli and the second with the addition of neutral faces, where each experiment was carried out with five participants who underwent the following steps: 1- filling in a differential scale semantic (EDS, pre-test), 2- perfor- mance of matching-to-model training (MTS), 3- performance of equivalence tests (MTS), and 4- function transfer verification (EDS, post-test). The EDS consisted of images of the presidents of the republic (A) and images with neutral assessments (B and C), where participants assessed all stimuli through 13 pairs of bipolar adjectives. In the training and equivalence tests, the model stimulus was presented in the center of the screen with the comparison stimuli presented around it semi-randomly distri- buted. In both experiments, participants formed equivalence classes, but it was ob- served that in experiment 2, participants had greater difficulty in transferring functi- on to the neutral faces when compared to abstract stimuli. This greater difficulty is probably due to the pre-experimental affective charge, which is greater for faces than for abstract stimuli, making the transfer of function difficult. Key-words: politics; attitude; equivalence classes; semantic differential; function transfer. Sumário Introdução 1 Conceitos relacionados 6 Atitude (conforme a Psicologia Social) 6 Preconceito (conforme a Psicologia Social) 6 Formação de atitudes e classes de equivalência 7 Pareamento ao modelo (Matching-to-Sample) 8 Transferência de Função 9 Escala de Diferencial Semântico (EDS) 9 Algumas pesquisas analítico-comportamentais sobre atitudes 12 Dixon e Lemke (2007): Reducing prejudice towards Middle Eastern persons as terrorists. 12 Objetivo 12 Delineamento da pesquisa 12 Participantes 12 Procedimento 12 Resultados e conclusões 13 Eilertsen e Artzen (2020): Tailoring of painful stimuli used for exploring transfer of function. 13 Objetivo 13 Delineamento da pesquisa 13 Participantes 14 Procedimento 14 Resultados e conclusões 14 Pereira e Moreira (2021): Formação de classes de equivalência relacionada a conceitos políticos de direita e de esquerda. 14 Objetivo 14 Delineamento da pesquisa 15 Participantes 15 Procedimento 15 Resultados e conclusões 16 Experimento 1: Método 18 Participantes 18 Delineamento 19 Local 19 Materiais 19 Estímulos 20 Procedimento 22 Pré-Teste 24 Treino de Relações AB/AC 26 Teste de Simetria e Transitividade 28 Pós-Teste 29 Experimento 1: Resultados 31 Desempenho geral nos treinos 31 Desempenho nos treinos por estímulo 33 Desempenho nos testes de equivalência 37 Diferença de avaliação do mesmo estímulo no pré e pós teste 42 Diferença de avaliação das relações no pré e pós teste 47 Grau de equivalência por estímulo entre Pré e Pós teste 52 Grau de equivalência por relação entre pré e pós teste 55 Diferença percentual entre pré e pós teste 60 Experimento 1: Discussão 63 Experimento 2: Método 66 Participantes 66 Delineamento 67 Local 67 Materiais 67 Estímulos 67 Procedimento 69 Experimento 2: Resultados 71 Desempenho Geral nos treinos 71 Desempenho nos treinos por estímulo 73 Desempenho nos testes de equivalência 77 Diferença de avaliação do mesmo estímulo no pré e pós teste 82 Diferença de avaliação das relações no pré e pós teste 87 Grau de equivalência por estímulo entre Pré e Pós teste 92 Grau de equivalência por relação entre pré e pós teste 95 Diferença percentual entre pré e pós teste 100 Experimento 2: Discussão 103 Discussão geral 106 Implicações teóricas 106 Implicações práticas 107 Coleta de dados 107 Limitações 107 Pesquisas Futuras 108 Referências bibliográficas 110 Anexos 114 Anexo 1 114 Anexo 2 115 Introdução Este livro apresenta a descrição de um experimento científico que demonstra como atitudes em relação a pessoas específicas podem ser aprendidas e "estendidas" a ou- tras pessoas e símbolos. Especificamente, esse estudo sobre atitudes foi realizado com fotografias de presidentes do Brasil. Compreender os processos relacionados à formação e mudança de atitudes em relação a políticos é um passo importante para compreendermos, entre outros fenômenos, a escolha de políticos (votos), posiciona- mentos políticos (e.g., direita e esquerda) e a polarização da população em relação a seus representantes políticos. Em 1989 a população brasileira voltaria a escolher seu representante pelo voto dire- to. A última vez que isso aconteceu havia sido em 1960, quando Jânio Quadros havia sido eleito. Em 1964 instaurou-se a ditadura militar no Brasil, que durou 21 anos, até 1985, quando Tancredo Neves foi escolhido indiretamente para uma transição demo- crática prometendo uma nova constituinte. Por problemas de saúde, Tancredo aca- bou vindo a óbito antes da posse, porém seu vice-presidente, José Sarney, tomou posse e convocou a nova constituinte, responsável pela elaboração da Constituição Federal de 1988. Em 1989, Fernando Collor de Mello (PRN) venceu as eleições com o discurso anti- corrupção, porém durante seu mandato foi acusado por desvio de dinheiro público. Com isso, foi instaurada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar essas denúncias. Em 1992, foi aberto o processo de impeachment e Collor renunciou antes do mesmo ser efetivado. Após a renúncia de Collor, seu vice-presidente Itamar Franco assumiu a presidência com o Brasil com dificuldades econômicas, então indicou Fernando Henrique Car- doso (FHC) para o Ministério da Fazenda. FHC elaborou o Plano Real, adotando o real como moeda, privatizando empresas e reduzindo gastos públicos. Com grande popularidade, FHC (PSDB) venceu as eleições de 1994. Tinha uma pro- posta de mínima intervenção do estado na economia, sendo assim, seu primeiro mandato foi marcado pelas privatizações. Já o segundo mandato teve um foco na educação e na saúde, porém com as altas taxas de desemprego e com a crise de ener- gia, FHC perdeu popularidade no fim do seu governo. Luís Inácio Lula da Silva (Lula/PT) foi eleito em 2002 com o discurso de combate à fome e à pobreza, para isso implementou programas sociais como o bolsa família e o fome zero. No fim do primeiro mandato surgiram denúncias de corrupção que fica- ram conhecidas como “mensalão” (desvio de dinheiro público para campanhas do PT e compra de votos de parlamentares). Mesmo com as denúncias, Lula foi reeleito e em seu segundo mandato houve diminuição do desemprego, crescimento da eco- nomia, dos níveis de escolaridade e muitas pessoas saíram da situação de pobreza. 1 Fonte da imagem: presidentes-da-nova-republica - Joaquim Haickel (blogsoestado.com) A sucessora de Lula foi Dilma Rousseff (PT), que venceu as eleições de 2010. Dilma manteve os programas de assistência social, porém com a recessão econômica, que atingiu a classe trabalhadora e com o alto investimento para a realização da Copa das Confederações e com o aumento dos preços, sobretudo do transporte público, o governo entrou em crise. Em 2013 ocorreram manifestações contra o aumento dos preços do transporte público e a população estava insatisfeita com o governo. Perce- bia-se uma polarização entre apoiadores e adversários do governo. Além disso, em 2014, descobriram casos de desvio de dinheiro na Petrobras, surgindo então a opera- ção “lava-jato”. Mesmo assim, Dilma consegue se reeleger, porém a crise econômica se agravou e o desemprego aumentou. Sendo assim, uma parte dos manifestantes foram às ruas pedir o impeachment da então presidente e outra parte saiu às ruas em defesa do governo, agravando o cenário de polarização política existente no Brasil. Em 2016, Dilma sofreu o impeachment por crime de responsabilidadefiscal. 2 https://www.blogsoestado.com/joaquimhaickel/2021/05/29/sarney-2022/presidentes-da-nova-republica/ Fonte da imagem: Nos dois lados do muro da Esplanada, comemorações e vaias a cada voto | O TEMPO Após a saída de Dilma, o então vice-presidente Michel Temer assumiu o poder com o objetivo de limitar gastos públicos, iniciar uma reforma da previdência e buscar estabilidade política. Para sair da crise econômica, Temer aprovou a Proposta de Emenda Constitucional 241 (PEC 241) que limita o aumento de gastos públicos do governo por 20 anos, e a reforma trabalhista que flexibilizou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Com isso, houve uma diminuição de investimento na saúde e educação e o desemprego aumentou. As eleições de 2018 foram marcadas pela polaridade política entre direita e esquerda. O Brasil vinha de quatro eleições com o PT saindo vitorioso. O tema corrupção tam- bém era bastante frequente, com escândalos acontecendo nos governos anteriores e a operação lava-jato investigando crimes de colarinho branco. Foi nesse contexto, de combate a corrupção, que o então candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) se apoiou e ganhou as eleições presidenciais de 2018. Após a vitória de Bolsonaro, em 2018, uma operação denunciou um esquema de “ra- chadinha” (desvio de salário de assessores) no gabinete de um de seus filhos. Poste- riormente começou a pandemia do Coronavírus (COVID-19), em que Bolsonaro to- mou medidas impopulares de enfrentamento à pandemia, não aplicando as reco- mendações da OMS e do restante dos países mais envolvidos com o controle da do- ença. Fonte da imagem: COVID-19 - Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (ufjf.br) É nesse contexto que a população brasileira se encontra nos dias de hoje. Atualmente percebe-se um extremismo político no Brasil, uma grande polarização da população entre os ideais de esquerda e direita. 3 https://www.otempo.com.br/politica/nos-dois-lados-do-muro-da-esplanada-comemoracoes-e-vaias-a-cada-voto-1.1281214 https://www2.ufjf.br/progepe/outros-assuntos/covid-19/ Embates teóricos e ideológicos entre direita e esquerda sempre ocorreram, porém com a popularização das redes sociais o modo que as pessoas expressam suas ideias se modificou. Antes das redes sociais as pessoas expunham suas opiniões na presen- ça real do opositor, essa presença auxiliava para um debate mais cordial, mais respei- toso. Já com as redes sociais, as pessoas não estão na presença do seu opositor e não estão transparecendo reações e emoções. Esse contexto dá a sensação de maior segu- rança e anonimato, e pode levar a embates descorteses e indelicados, aumentando ainda mais a polarização (de Lima, 2021). A polarização pode ser entendida quando dois pontos de vista distintos ocupam todo o debate político, quando não há pontos de convergência e os posicionamentos se excluem. Desse modo a possibilidade de debate é quase nula, pois as opiniões que não se encaixam com determinado grupo são prontamente refutadas, como se hou- vesse um “inimigo” em vez de um “adversário”. A mensagem pode muitas vezes ser a mesma, porém é vista e interpretada de modo diferente de acordo com quem a transmite. Defende-se alguém de posicionamento favorável e rebate-se alguém de posicionamento contrário sem levar em conta os argumentos apresentados (Bruzzo- ne, 2021). Além disso, quem não compactua com nenhuma das posições não tem espaço no debate, ou é excluído ou é entendido como apoiador de um dos dois extremos. Por exemplo, o debate político para as eleições presidenciais de 2022 já está presente, e não raro ocorre de alguém que se diz de “terceira via”(não compactua com Lula e Bolsonaro) auxiliar o “inimigo” ao não votar “corretamente” (“Se não votar no Bol- sonaro, Lula vai voltar ao poder” ou “Se não votar no Lula, Bolsonaro vai continuar no poder”). Esses processos e eventos possivelmente afetam a nossa atitude em relação aos polí- ticos e também em relação àquelas pessoas que são apoiadoras ou detratoras desses políticos. Se uma pessoa é apoiadora de Lula, ela, possivelmente, tenderá a "transfe- rir" suas atitudes positivas em relação a Lula para outros apoiadores de Lula. Da mesma forma, se essa pessoa é detratora de Bolsonaro, ela, possivelmente, tenderá a "transferir" suas atitudes negativas em relação a Bolsonaro para apoiadores de Bol- sonaro. Neste livro, investigamos essas possibilidades. 4 Precisando de cursos online sobre Análise do Comportamento? Conheça os cursos disponibilizados pela Editora Artmed ministrados pelo Prof. Márcio Moreira: Clique aqui para acessar 5 https://www.artmed360.com.br/pesquisa?t=walden4 Conceitos relacionados Neste livro, nós abordamos o conceito de atitude com base no paradigma de relações de equivalência proposto e desenvolvido por Sidman e colaboradores. Para familia- rizar você, leitor, com este assunto, nós apresentamos neste capítulo alguns conceitos relacionados a atitudes e ao paradigma de relações de equivalência (Almeida & Haydu, 2009; Fields, Arntzen, Nartey, & Eilifsen, 2012; Rosendo & Melo, 2018; Sid- man, 1971; Sidman & Tailby, 1982). Atitude (conforme a Psicologia Social) De acordo com o dicionário (Atitude - Dicio, Dicionário Online de Português), atitu- de refere-se à “maneira de se comportar, agir ou reagir, motivada por uma disposi- ção interna ou por uma circunstância determinada”. Já em psicologia, segundo Neiva e Mauro (2011), a atitude está relacionada a senti- mentos favoráveis ou contrários aos estímulos ambientais aos quais os indivíduos são expostos, podendo esses estímulos ser tanto objetos como pessoas. Atitude refe- re-se também ao posicionamento das pessoas diante do contato com esses estímulos, caracteriza-se como uma tendência de fazer julgamentos como bom ou mau, agra- dável ou desagradavel, apresentando uma postura avaliativa e constante das pesso- as. Albarracin e Shavitt (2018) reiteram que as atitudes têm uma natureza avaliativa fa- vorável ou desfavorável ao estímulo apresentado. As atitudes são formadas durante os processos de socialização dos indivíduos e são compostas por componentes com- portamentais (ações sobre o estímulo), afetivos (sentimentos em relação ao estímulo) e cognitivos (crenças e percepções sobre o estímulo). O ser humano, mesmo sem perceber, da mesma forma que divide os objetos em ca- tegorias, também divide os indivíduos. Como não é possível um indivíduo ter co- nhecimento real sobre um grupo inteiro de pessoas, essas pessoas acabam sendo dispostas em grupos sociais, e isso leva à generalização de indivíduos por sua, raça, religião, classe econômica, entre outras (Alport, 1946). Preconceito (conforme a Psicologia Social) De acordo com o dicionário (Preconceito - Dicio, Dicionário Online de Português), preconceito refere-se a um “juízo de valor preconcebido sobre algo ou sobre alguém que se pauta em uma opinião construída sem fundamento, conhecimento nem refle- xão; prejulgamento”. Para a psicologia, o preconceito seria um conglomerado de atitudes negativas volta- das a um grupo ou a uma pessoa. Há vários tipos de preconceito, o mais comum e mais estudado é o racial, porém existe preconceito relacionado à religião, sexo, gêne- 6 https://www.dicio.com.br/atitude/ https://www.dicio.com.br/preconceito/ ro, classe social, idade, porte físico, ideologia política, entre outros. O preconceito tem raízes culturais, sociais e até econômicas, com isso, pode gerar atos de discrimi- nação e segregação de grupos ou indivíduos (Crochík, 2011) Allport (1954) foi um dos primeiros a definir preconceito e até os dias de hoje sua de- finição é uma das mais usadas. Segundo ele, o preconceito se dá a uma atitude agressiva ou evitativa contra um indivíduo que faz parte de um grupo, apenas pelo mesmo pertencer a tal grupo, inferindo que esse indivíduo tem todas as característi- cas pertencentes a esse grupo. Atualmente, assuntos relacionados ao preconceito, como racismo, questões de gêne- ro e machismo estão bastantepresentes no nosso dia-a-dia, em notícias e debates. Com isso, há um maior interesse em realizar pesquisas para conhecer esses meca- nismos, trazer informações fidedignas sobre o assunto, a fim de criar ações para alte- rar esses comportamentos preconceituosos (Santos, 2019). Formação de atitudes e classes de equivalência Nas últimas décadas percebe-se um aumento do número de estudos baseados no pa- radigma de equivalência de estímulos. Esse paradigma tem sido utilizado para o es- tudo da formação e mudança de atitudes, em especial sobre o preconceito. (e.g., Di- xon et al., 2009; Matsuda et al., 2020; Mizael et al., 2016; Mizael & de Rose, 2017; Mo- xon et al., 1993). Mas também tem sido utilizado para compreender fenômenos com- portamentais relacionados à escrita e à leitura de palavras (e.g., Bandini, Bandini, Sella, & Souza, 2014; de Oliveira, Penariol, & Goyos, 2013), à matemática (e.g., Gar- cia, Arantes, & Goyos, 2018; Ribeiro, de Assis, & Enumo, 2007), à música (e.g., Fer- nandes et al. 2018; Hanna, Batitucci, & Natalino-Rangel, 2016; Salvatori, Silva, Belem, Modenesi, & Debert, 2012) entre outros. A classe de equivalência é composta por estímulos que não são semelhantes, mas após um treinamento, passam a se relacionar, apresentando propriedades de reflexi- vidade, simetria e transitividade. Por exemplo: se os estímulos A, B, C e D passam por um treino de relações AB, BC e CD e após esse treino emergir algum conjunto não treinado (AC, AD, BD), isso demonstra que o conjunto de estímulos era parte de uma classe de equivalência. (Arntzen & Nartey, 2018; de Almeida & Haydu, 2009; Fields et al., 2012; Sidman & Tailby, 1982). A formação de atitudes pode ser interpretada como formação e a reorganização de classes de equivalência de estímulos. As relações de equivalência são relações entre estímulos ou eventos, são observadas através das três propriedades citadas (reflexi- vidade, simetria e transitividade) e podem ser verificadas através de testes empíricos feitos em extinção, ou seja, propriedades de equivalência são testes empíricos com o objetivo de verificar se os estímulos fazem parte de uma classe de equivalência. (Al- 7 meida & Haydu, 2009; Fields, Arntzen, Nartey, & Eilifsen, 2012; Sidman, 1971; Sid- man & Tailby, 1982). Nos estudos de equivalência de estímulos, ensinam-se duas ou mais discriminações com um estímulo, por meio do matching to sample (procedimento de pareamento ao modelo), e avaliam as novas relações, que não foram treinadas. Podem ser treinadas relações entre estímulos (A) e (B) e entre estímulos (A) e (C), ou seja, (AB) e (AC). A partir do treino, pode-se emergir relações de reflexividade (AA), de simetria (BA e CA), e de transitividade (BC e CB), sendo evidências da formação de classes de equivalência (Rosendo & Melo, 2018). Mizael, Santos e de Rose (2016) relatam que estímulos neutros podem passar a ter significado quando emparelhados com estímulos previamente avaliados como posi- tivos ou negativos. Sendo assim, nesses estudos são utilizados estímulos neutros para serem emparelhados com estímulos com significado para se verificar a forma- ção de classes de equivalência. Ao se formar classes de equivalência, funções novas podem ser transferidas sem ne- cessitar de treino. Essa possibilidade é uma alternativa para investigar processos simbólicos envolvidos em fenômenos sociais, como por exemplo, estereótipos e pre- conceitos sobre questões de gênero, de raça e religião. (Rosendo & Melo, 2018). Pareamento ao modelo (Matching-to-Sample) Os estudos de equivalência de estímulos geralmente utilizam-se do matching to sample (MTS) para ensinar duas ou mais discriminações com um estímulo, a avaliar a emergência de relações que não foram treinadas (e.g. Dixon, Rehfeldt, Zlomke & Robinson, 2006; Fernandes & Moroz, 2011; Plaud, Gaither, Franklin, Weller., & Barth, 1998). Podem ser aprendidas relações entre estímulos (A) e (B) e entre estímulos (A) e (C), ou seja, (AB) e (AC). A partir do treino, pode-se emergir relações de reflexivi- dade “AA”, de simetria “BA e CA”, e de transitividade “BC e CB” (Rosendo & Melo, 2018). O ensino dessas relações é feito, como dito anteriormente, por meio do matching to sample, que reforça a resposta sobre o estímulo discriminado. Geralmente é apresen- tado um estímulo modelo e alguns estímulos de comparação para o participante re- lacioná-los. Se o estímulo modelo for o A1 e os de comparação forem B1, B2 e B3, ao escolher B1 (correto) haverá reforço e ao escolher B2 ou B3 (incorretos) não; já se o estímulo modelo for o A2, o estímulo de comparação correto será o B2. Com isso, é esperado que em algumas tentativas o participante passe a relacionar A1B1, A2B2 e A3B3 ou seja, relação AB. A aplicabilidade do modelo serve para diversos contextos: educacional (ensino de leitura e escrita), clínica (sobre dependência de drogas, ansi- edade e estereotipias sociais), entre outros. 8 Transferência de Função Segundo Bortoloti e de Rose (2007), a transferência de função ocorre quando efeitos comportamentais de um estímulo modelo se estendem para outros estímulos da classe. Essa extensão é possível por meio do treino de classes de equivalência, reali- zado por meio do MTS, e pode ser avaliada por meio da Escala de Diferencial Se- mântico (EDS), também chamada de escala de adjetivos bipolares. A transferência de função pode ocorrer sem a necessidade do treino quando a classe de equivalência já está formada, possibilitando a investigação processos simbólicos envolvidos em fenômenos sociais. Com a transferência de função é possível entender como as pessoas têm atitudes sobre estímulos que nunca interagiram anteriormente. Sendo assim, um cidadão que não compactua com os atos de um político específico, pode não concordar com pessoas próximas a esse político, o partido que ele perten- ce, mesmo sem ter conhecimento do que pessoas e o partido defendem. Por exem- plo, um indivíduo não simpatiza com o presidente Bolsonaro, a partir disso, se Bol- sonaro é ruim e Bolsonaro tem posicionamentos políticos de direita, então todos os posicionamentos de direita são ruins, e consequentemente, todos os políticos de di- reita também. Escala de Diferencial Semântico (EDS) Para avaliar a atitude e sua possível mudança em uma pesquisa, podemos utilizar escalas padronizadas, entre elas a Escala de Diferencial Semântico (EDS). A EDS é aplicada como pré e pós teste nos estudos com o intuito de identificar a mudança de avaliação dos estímulos de comparação, antes e depois da formação da classe de equivalência, para verificar se ocorre a transferência de função. Bortoloti e de Rose (2007) afirmaram que pode-se quantificar a transferência de função por meio da EDS. Sendo assim, de acordo com de Almeida et al. (2014), a EDS é utilizada com o intuito de medir o significado de coisas e conceitos, que pessoas dão a imagens, palavras, entre outros. Ou seja, por meio dela é possível registrar, quantificar e com- parar o significado dado pelos participantes aos estímulos. É constituída por um ou mais estímulos a serem avaliados e diversos pares de adje- tivos bipolares (feio/bonito, triste/alegre, etc). Esses pares de adjetivos são distri- buídos em uma escala do tipo Likert de sete pontos (e.g., Feio _:_:_:_:_:_:_ Bonito), sendo que quanto mais perto das extremidades, mais forte é a relação com o adjeti- vo. Cada um dos estímulos é avaliado em todos os pares de adjetivos bipolares com- postos pela escala. Essa avaliação é feita tanto antes, quanto depois do procedimento de pareamento ao modelo. Assim é possível verificar se estímulos anteriormente neutros ao serem pa- reados com um estímulo modelo, que possui uma função pré-experimental, passarão a ter uma função semelhante no pós teste. Com isso, é possível verificar, após a for- 9 mação de classes de equivalência, se a atitude foi transferida de um estímulo para o outro. 10 Livro publicado pela Editora do Instituto Walden Clique aquipara saber mais sobre esta obra 11 https://play.google.com/store/books/details?id=JfZ5DwAAQBAJ Algumas pesquisas analítico-comportamentais so- bre atitudes Neste capítulo nós apresentamos algumas pesquisas científicas sobre a atitudes que foram realizadas por analistas do comportamento utilizando como base teórico-me- todológica o paradigma de relações de equivalência de Sidman e colaboradores. Dixon e Lemke (2007): Reducing prejudice towards Middle Eas- tern persons as terrorists. Objetivo O objetivo da pesquisa foi de reduzir o preconceito em relação às pessoas do oriente médio como terroristas. Delineamento da pesquisa Foi utilizado um delineamento de sujeito único (pré e pós-teste). Variável independente: Foi composta pelo pareamento ao modelo por meio dos trei- nos de relações A-B e A-C e treino misto. Variável dependente: Foi composta pela formação de classes de equivalência dos no teste de simetria e transitividade e pela transferência de função dos estímulos avali- ados na EDS pré e pós. Participantes A pesquisa contou com 12 estudantes de graduação na Southern Illinois University. Procedimento Foram utilizados na pesquisa 3 imagens abstratas (A) e 3 imagens abstratas (B); pa- lavras (bom, neutro e mal); e 10 fotos de homens brancos americanos, 10 de homens do Oriente Médio e 10 de objetos (C). O teste teve 3 fases: Na primeira (pré-teste) o participante tinha que classificar as imagens “C” entre um escala likert de 1 a 10, sendo 1 mal e 10 bom. Na segunda (matching-to-sample), primeiro houve o pareamento A-B, onde o participante teria que relacionar os estímulos e caso acertasse produzia um som agradável e caso er- rasse produzia um som desagradável. Posteriormente foi feito o treino A-C onde C1 era as fotos de homens americanos, C2 de objetos e C3 de homens do Oriente Médio e por último um treino misto. Depois 12 foram feitos os testes de simetria (B-A e C-A) e de equivalência (B-C e C-B). Por fim, o pós teste com uma reexposição à fase 1. Resultados e conclusões Tiveram como resultados na fase 1 que homens do oriente médio ficaram mais pró- ximos de mal e homens americanos mais próximos de bom, mas após o treino, onde se buscava alterar essas classificações, na fase 3 as classificações de homens com ori- ente médio foram melhores e as de homens americanos foram piores comparados à fase 1. Com isso chegaram à conclusão de que com esse procedimento de treinamento sobre discriminação, resultou em uma relação de equivalência capaz de fazer com que pes- soas inicialmente consideradas más, podem ser alteradas e deixadas de serem vistas como tal e pessoas consideradas boas poderem ser consideradas más. Eilertsen e Artzen (2020): Tailoring of painful stimuli used for exploring transfer of function. Objetivo O objetivo do estudo foi: (a) explorar se um procedimento pode ser utilizado para selecionar estímulos, adap- tando os estímulos para cada participante. (b) verificar se essas classificações específicas podem ser transferidas para outros membros de uma classe de equivalência. (c) estudar se os participantes evitam escolher garrafas rotuladas com estímulos pa- reados com figuras dolorosas. Delineamento da pesquisa Foi utilizado um delineamento de sujeito único (pré e pós-teste). Variável independente: Foi composta pelo pareamento ao modelo por meio dos trei- namentos de discriminações condicionais e de expansão de classes. Variável dependente: Foi composta pela formação de classes de equivalência dos dois testes de relações emergentes pela transferência de função dos estímulos avalia- dos no teste de escolha e na classificação dos estímulos B. 13 Participantes Participaram do estudo quinze pessoas, sendo 4 homens e 11 mulheres. Procedimento Composto por sete fases. Na primeira os participantes deveriam avaliar seis imagens de estímulos dolorosos como “não doloroso” (um) ou “muito doloroso” (cinco), a imagem mais dolorosa (D1) e a menos dolorosa (D2) foram utilizadas nas fases se- guintes, O estímulo D3 era “não doloroso”. Logo após era feito um treinamento de discriminação condicional entre os estímulos abstratos AB e AC, primeiramente com 100% de feedback e ao se atingir o critério de interrupção de 90%, o feedback diminuia para 75%, 50% e por fim, 0%. Na terceira fase foram testadas a linha de base (AB, AC) e as as relações emergentes de simetria (BA, CA) e equivalência (BC, CB). Posteriormente foi realizada a expansão de classes, onde os estímulos D avaliados na primeira fase foram pareados com os estímulos A, tendo o mesmo funcionamento de retirada de feedbacks da segunda fase. Na quinta fase foram verificadas a linha de base (DA) e as relações emergentes de simetria (AD), transitividade (DC, DB) e equi- valência (CD, BD). A sexta fase foi composta por um teste de escolha entre três recipientes contendo os estímulos B1, B2 e B3. Por fim, os participantes avaliaram os estímulos B como na primeira fase. Resultados e conclusões Houve formação de classe de equivalência e expansão de classes para todos os parti- cipantes. Houve também, uma grande transferência de função dos estímulos D para os estímulos abstratos B a ponto de os participantes no teste de escolha evitarem de escolher o recipiente com o estímulo B1, por ser pareado com o estímulo avaliado como doloroso D1. Pereira e Moreira (2021): Formação de classes de equivalência relacionada a conceitos políticos de direita e de esquerda. Objetivo Os objetivos da pesquisa foram: (a) investigar se um procedimento de MTS seria suficiente para formar classes de equivalência compostas por fotografias de presidentes da república brasileiros (Fer- 14 nando Henrique Cardoso, Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva) e figuras abstra- tas; (b) investigar se após a formação da classe de equivalência de estímulos haveria transferência de função das fotografias de presidentes para as figuras abstratas. A transferência de função foi medida utilizando-se uma EDS. Delineamento da pesquisa Foi utilizado um delineamento de sujeito único (pré e pós-teste). Variável independente: Foi composta pelo pareamento ao modelo por meio dos trei- nos de relações A-B e A-C e treino misto. Variável dependente: Composta pela formação de classes de equivalência nos testes de emergência de relações 1 e 2 e pela transferência de função dos estímulos avalia- dos na EDS pré e pós. Participantes Participaram do estudo cinco universitários entre 20 e 25 anos. Procedimento Foram utilizados cinco conjuntos de estímulos (A, B,C, D e E), onde A era formado por imagens de presidentes da república (Bolsonaro, Lula e FHC) e B e C por estímu- los abstratos, D por imagens de partidos políticos (PSL, PT e PSDB) e E por palavras relacionadas a conceitos políticos (esquerda, direita e centro). A pesquisa teve quatro etapas, a primeira foi o pré teste, onde foi avaliada uma esca- la de diferencial semântico composta por 12 estímulos modelo (estímulos A, B, C e D), essa escala apresentou 14 pares de adjetivos bipolares a serem avaliados para cada um dos estímulos modelo, com valores variando entre -3 para avaliações mais negativas a +3 para avaliações mais positivas. A segunda etapa foi composta pelos treinos AB, AC e Misto. O treino AB ensinou as relações A1B1, A2B2 e A3B3, foi composta por 10 blocos de 18 tentativas, sendo seis para cada estímulo e o critério de interrupção estabelecido foi de 100% em um bloco. O treino AC foi idêntico ao AB, porém ensinou as relações A1C1, A2C2 e A3,C3. O treino misto foi semelhante aos treinos anteriores, porém eram apresentadas as rela- ções AB e AC simultânea e alternadamente. A terceira etapa foi composta pelos testes de emergências de relações 1 e 2. O teste de emergência de relações 1 foi similar aos treinos, porém foi composta de quatro blo- cos onde foram verificadas as relações BA, CA, BC e CB, cada bloco com 18 tentati- vas e sem apresentação de feedback. O teste de emergênciade relações 2 foi idêntico 15 ao teste de emergência de relações 1, porém composto por seis blocos onde foram verificadas as relações não treinadas AD, BD, CD, AE, BE e CE. Por fim, a quarta e última etapa foi composta pelo pós teste, que foi idêntico ao pré teste. Resultados e conclusões Na pesquisa os participantes obtiveram 100% de acerto nos treinos e acima de 90% nos testes, com exceção de um participante no teste BA, ocorrendo a formação de classes de equivalência e expansão de classes ao relacionar estímulos não treinados. Foi verificado também que ocorreu a transferência de função ao comparar o pré e o pós teste, ou seja, as avaliações dos estímulos neutros se aproximaram dos estímulos modelo (presidentes). 16 Livro publicado pela Editora do Instituto Walden4 Clique aqui para saber mais sobre esta obra 17 https://www.amazon.com.br/dp/B06Y3D8MMJ/ref=sr_1_1?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1491504508&sr=1-1&keywords=Uma+hist%25C3%25B3ria+de+aprendizagem+operante Experimento 1: Método A política tem um papel muito importante em uma sociedade, é a partir dela que uma nação é gerida, sendo assim, algo rotineiro na vida da sua população. Apesar de haver um crescimento de pesquisas sobre preconceito com a utilização do paradigma de equivalência, há apenas um estudo com a utilização desse paradigma em relação à estímulos com significados relacionados à política. Essa pesquisa foi re- alizada por Pereira e Moreira (2021), onde autores investigaram esses aspectos políti- cos sob a metodologia tradicional de treinamento de MTS, realizando os treinos de relações de forma separada. A estrutura de treino utilizada em Pereira e Moreira (2021) foi semelhante às utilizadas em pesquisas anteriores sobre preconceito (Borto- loti & de Rose, 2007; Bortoloti & de Rose, 2008; Dixon & Lemke, 2007; Dixon, Reh- feldt, Zlomke & Robinson, 2006; Rosendo & Melo, 2018). Eilertsen e Artzen (2020) utilizaram uma nova estrutura de treino, onde todas as re- lações são treinadas conjuntamente, diminuindo gradualmente o feedback com o ob- jetivo de reforçar intermitentemente o comportamento a fim de obter maior resistên- cia à extinção durante o teste. Com isso, esse estudo tem como pergunta de pesquisa: é possível transferir função de estímulos relacionados à política para estímulos abstratos utilizando a diminuição progressiva de feedback proposta por Eilertsen e Artzen (2020)? Para responder essa pergunta o experimento 1 tem como objetivos: (1) - Verificar se ocorre a formação de classes de equivalência entre figuras de presidentes da república e estímulos abstra- tos por meio do MTS utilizando essa metodologia, (2) - Verificar se ocorre a transfe- rência de função das figuras dos presidentes para as figuras abstratas. Participantes O experimento 1 foi realizado com cinco estudantes universitários entre 18 e 25 anos de diferentes cursos e universidades do Distrito Federal (P1 = 1º semestre de Psico- logia no UniCeub, P2 = 3º semestre de Publicidade no UniCeub, P3 = 7º semestre de Letras em Inglês na UNB, P4 = 6º semestre de Odontologia na UDF e P5 = 7º semes- tre de Medicina na ESCS). Os participantes foram escolhidos por conveniência, o convite foi feito por uma mensagem (Anexo1) enviada pelo aplicativo “Whatsapp” para os grupos de estudantes universitários e foi pedido para repassar o convite para seus conhecidos que também fazem parte do contexto universitário. Os voluntários entraram em contato com o pesquisador para marcar a data de realização do expe- rimento. A coleta de dados só foi realizada após a aprovação do Conselho de Ética Profissional (Número do Parecer: 4.425.539) e após o participante concordar e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE, Anexo 2). 18 Delineamento Foi utilizado o delineamento de sujeito único (pré e pós-teste). Variável independente. Nesse experimento a variável independente foi composta pelo pareamento ao modelo por meio dos treinos de relações entre presidentes da república (A) e estímulos abstratos (B e C) realizados simultaneamente. Variável dependente. A variável dependente no presente experimento foi composta pela formação de classes de equivalência dos presidentes da república (A) com os estímulos abstratos (B e C) no teste de simetria e transitividade e pela transferência de função dos estímulos avaliados na EDS pré e pós. Local Por conta da pandemia presente no corrente ano, o experimento foi realizado exclu- sivamente por meio online, ou seja, os participantes estavam em seus ambientes do- mésticos. O ambiente deveria conter ao menos um computador com acesso à inter- net de pelo menos 10 Mbps de velocidade de download necessária para suportar o programa utilizado. Além de ser um ambiente reservado, em que a pessoa estivesse sozinha no cômodo, para evitar a ocorrência de interferências externas. Materiais O experimento foi construído completamente na plataforma walden4.com.br/laec, o software foi programado para apresentar as tentativas e feedbacks automaticamente e de forma randomizada de acordo com cada etapa do experimento, além de arma- zenar os resultados das tentativas dos participantes em um banco de dados da pró- pria plataforma. A fim de obter um bom funcionamento da plataforma, antes de iniciar o procedi- mento era solicitado ao participante realizar uma verificação da velocidade de inter- net por meio do site “https://www.speedtest.net/”. Caso a internet apresentasse uma velocidade de download inferior a 10mb o mesmo seria excluído do experimen- to por apresentar risco de mal funcionamento da plataforma durante a realização dos experimentos. Para a realização do experimento foi utilizada uma escala de diferencial semântico (EDS), retirada do estudo de Eilertsen e Artzen (2020), composta por 13 pares de ad- jetivos bipolares, sendo eles apresentados nessa ordem durante o experimento: Tris- te/Alegre, Relaxado/Tenso, Áspero/Liso, Lento/Rápido, Bonito/Feio, Leve/Pesa- do, Negativo/Positivo, Ativo/Passivo, Macio/Duro, Mau/Bom, Agradável/Desa- gradável, Pobre/Rico e Dominante/Submisso. Os participantes avaliaram as figuras dessa escala entre zero e 100 para cada par de adjetivos, sendo que zero o valor mais próximo dos adjetivos negativos e 100 o valor mais próximo dos adjetivos positivos. 19 Foi utilizado também o pareamento ao modelo (matching-to-sample) como proce- dimento para realização dos treinos AB/AC e testes de simetria e transitividade. Estímulos Como disposto na Figura 1, os estímulos utilizados foram divididos em três grupos: Grupo A- fotografias dos presidentes Bolsonaro (A1), Lula (A2) e FHC (A3). Grupos B e C- compostos por estímulos abstratos, ou seja, sem significado. Sendo que foram treinadas e avaliadas as correspondências entre os estímulos A1/B1/C1, A2/B2/C2 e A3/B3/C3. 20 Figura 1. Figuras Utilizadas como Estímulos. As colunas Representam os Estímulos Correspondentes (Por Exemplo: A1 (Bolsonaro) Corresponde ao Estímulo B1 (Abs- trato). Já as Linhas Representam as Classes de Estímulos (Por Exemplo: a Linha “A” Representa a Classe “Presidentes”). 21 Procedimento O experimento foi dividido em quatro etapas: 1ª- Pré-Teste (EDS), 2ª- Treino de Rela- ções AB/AC, 3ª- Teste de Simetria e Transitividade, 4ª- Pós-Teste (EDS). O pesquisador se reuniu com o participante por meio de videochamada pela plata- forma google meet para a realização do experimento, que ocorreu por meio do com- partilhamento de tela do participante com o pesquisador. Foi enviado o TCLE via email para o participante, caso o participante concordasse em realizar a pesquisa o mesmo deveria responder o email concordando com os termos. Antes do início do procedimento a velocidade da internet era testada a fim de prevenir o mal funcio- namento da plataforma. Todas as instruções foram dadas por vídeos padronizados referente à parte a ser executada para evitar que as instruções fossem dadas de forma diferente para os participantes. Os vídeos foramfeitos por meio da plataforma “Vyond”, neles apareceram uma as- sistente virtual (animação) chamada Gabriela, onde ela ensinava como realizar cada etapa da pesquisa, como exemplificado na Figura 2 para a EDS e na Figura 3 para o MTS. As instruções foram dadas tanto de forma verbal, por meio do texto padroni- zado, quanto de forma visual, com exemplos de como foi a atividade e o que deveria ser feito. Ao término do vídeo o pesquisador verificava se o participante ainda estava com al- guma dúvida eventual e após saná-la a atividade em questão era iniciada. As etapas de treino e testes foram realizadas por meio do matching simultâneo, ou seja, o estí- mulo modelo permaneceria na tela à medida em que o participante escolhesse os es- tímulos de comparação. Durante a atividade o pesquisador desligava seu áudio e câmera para o participante realizar a atividade sem que houvesse interferências e após a conclusão da atividade o pesquisador retornava e informava as novas instru- ções. Também foi instruído que entre cada uma das etapas do procedimento o parti- cipante tinha direito de um intervalo de até cinco minutos, o intervalo não era obri- gatório, ou seja, ficava a critério do participante a utilização desse tempo. 22 Figura 2. Exemplo da Sequência de Instruções Dadas por meio dos Vídeos Padroni- zados para a Realização da Escala de Diferencial Semântico (EDS). Figura 3. Exemplo da Sequência de Instruções Dadas por meio dos Vídeos Padroni- zados para a Realização das Atividades de Pareamento ao Modelo (MTS). 23 Pré-Teste O Pré-Teste se iniciava com a apresentação da instrução, que foi apresentada por meio de um vídeo de instruções padronizado (acesse pelo link do Vídeo 1), onde a instrução para essa etapa foi: "Olá, meu nome é Gabriela. Eu sou sua assistente de pesquisa e vou auxiliar você ao longo desta pesquisa. Muito obrigado por ter aceitado nosso convite, sua participação é muito im- portante para nós. Nesta etapa da pesquisa, você encontrará figuras no lado esquerdo de cada uma das páginas seguintes. Ao lado de cada figura, haverá pares de adjetivos sendo um adjetivo de sentido oposto ao outro. Sua tarefa será avaliar cada figura com base nos pa- res de adjetivos. Para isso, observe primeiramente a figura. Esta figura, por exemplo, pode, de maneira geral, ser entendida como bonita ou feia. Se você achar que esta figura é extre- mamente bonita, coloque a bolinha próxima ao adjetivo "bonito", assim: {personagem de- monstra como fazer}. Se achar que é extremamente feia, coloque a bolinha próxima ao adje- tivo "feio" assim: {personagem demonstra como fazer}. Se achar a figura regularmente boni- ta, coloque a bolinha um pouco menos próxima do adjetivo "bonito", assim: {personagem demonstra como fazer}; e se achar a figura regularmente feia, coloque a bolinha um pouco menos próxima do adjetivo "feio", assim: : {personagem demonstra como fazer}; e se você considerar a figura levemente bonita, desloque é bolinha um pouco além do centro da escala em direção ao adjetivo "bonito", assim: {personagem demonstra como fazer}; e se você julgar a figura levemente feia, desloque a bolinha um pouco além do centro da escala em direção ao adjetivo "feio", assim: {personagem demonstra como fazer}. Caso você ache que a figura não tem nada a ver com um determinado par de adjetivos, ou tem relação tanto com um quanto com o outro, deixe a bolinha no centro, assim: {personagem demonstra como fazer}. Após um determinado tempo, aparecerá na tela um botão para ir para a próxima figura, as- sim: {personagem demonstra como fazer}. Ao finalizar a avaliação da figura com todos os pares de adjetivos, clique no botão para prosseguir para a próxima figura a ser avaliada, as- sim: {personagem demonstra como fazer}. Avalie cada figura com todos os pares de adjeti- vos. Não se preocupe em acertar ou errar, porque não há uma resposta certa ou errada. Pro- cure ser sincero. Para iniciar a tarefa, clique no botão iniciar, abaixo deste vídeo. Vamos lá?" Vídeo 1. Vídeo apresentado para o participante com instruções relacionadas à exe- cução do Pré-teste. https://www.youtube.com/watch?v=yQC8UxhFst4 Após a apresentação do vídeo de instrução iniciou-se a avaliação. Nessa etapa apare- ceu uma figura com um estímulo a ser avaliado, como exemplificado na Figura 4, esse estímulo estava disposto ao lado esquerdo da tela, e sua a direita estavam os pa- res de adjetivos bipolares, em que o participante deveria com a utilização do mouse, aproximar o ponto azul do adjetivo que achasse pertinente, após 15 segundos o pro- grama liberava o botão para o participante avançar para a avaliação do próximo es- tímulo, porém o participante deveria avaliar todas as escalas de adjetivos antes de passar para o próximo estímulo. O participante avaliou nove estímulos que foram apresentados de forma randomizada pelo sistema, sendo que três deles foram as fi- 24 https://www.youtube.com/watch?v=yQC8UxhFst4 guras dos presidentes da república e seis os estímulos abstratos. Após o participante avaliar todos os pares de adjetivos bipolares de todos estímulos, o mesmo passava para a próxima etapa. Figura 4. Exemplo da Escala de Diferencial Semântico a ser Avaliada pelos Partici- pantes. Estímulo Modelo à Esquerda e Escala de Adjetivos Bipolares à Direita. A Escala de Diferencial Semântico originalmente é utilizada com sete pontos, sendo que o participante deve marcar um "X" no ponto que melhor representa sua avalia- ção: mau :__:__: __:__:__:__:__: bom Nesta pesquisa, nós utilizamos uma versão modificada da EDS, utilizando a barra de slide (Figura 4). O slide poderia ser posicionado em valores de 0 (totalmente à es- querda) a 100 (totalmente à direita). À medida que a "bolinha" do slide era movimen- tada, a área azul da barra de slide aumentava (ficava totalmente azul com a "bolinha" totalmente à direita) ou diminuía (ficava totalmente cinza com a "bolinha" totalmen- te à direita). A opção de utilizar a barra de slide deu-se, inicialmente, para que se pudesse mani- pular a cor dos adjetivos à medida que houvesse alteração na barra de slide: quanto mais próxima a "bolinha" de uma adjetivo, mais ele ficaria na cor preta e o seu par 25 ficaria mais claro (até desaparecer nos extremos da escala). Por um problema técnico, no entanto, não foi possível efetivar esta manipulação nos adjetivos. O uso da barra de slides foi inspirado em pesquisas sobre aliança terapêutica que utilizaram escalas de analogia visual (Campbell & Hemsley, 2009; Duncan; 2012; Duncan et al., 2003). Treino de Relações AB/AC O Treino AB/AC foi composto por quatro fases, para todas as fases foram apresen- tados vídeos de instrução, na primeira fase a instrução padronizada foi (Vídeo 2): "Olá. Para dar continuidade à pesquisa, vamos fazer agora outra tarefa. Esta tarefa é uma tarefa de aprendizagem e não requer conhecimento prévio em informática. Em resumo, você deve clicar em algumas figuras que aparecerão na tela. O objetivo é acertar o máximo possí- vel. Quando você mover o ponteiro do mouse sobre a figura no meio da tela, e clicar nela, mais figuras serão mostradas na tela após algum tempo. Além disso, a figura na qual você clicou irá desaparecer. Assim: {personagem demonstra como fazer}. Os cliques com o mouse nas figuras corretas serão seguidos por uma imagem demonstrando que você acertou. As- sim: {personagem demonstra como fazer}. Ao clicar em uma das figuras erradas, aparecerá na tela uma imagem indicando que você errou. Assim: {personagem demonstra como fazer}. É assim, através dessas imagens, que você descobre o que é certo e o que é errado. Depois de um tempo, você não será mais notificado se está correto ou errado o que você clicar - não haverá mais as imagens após clicar nas figuras. Assim: {personagem demonstra como fazer}. Sempre será necessário clicar na figura do meio antes de clicar nas que estão ao redor dela. Mesmo não havendo mais sinalização de acerto ou erro, continue sempre tentandoacertar o máximo possível. Se você tiver ficado com alguma dúvida, você pode voltar este vídeo para o início para assisti-lo novamente. Para iniciar a tarefa, clique no botão iniciar, abaixo deste vídeo. Vamos lá?" Vídeo 2. Vídeo apresentado para o participante com instruções relacionadas à exe- cução do Treino AB/AC 100%. https://www.youtube.com/watch?v=L-DKkT5wIwk Nessa fase foram treinadas as relações A1/B1-B2-B3, A2/B1-B2-B3, A3/B1-B2-B3, A1/C1-C2-C3, A2/C1-C2-C3, A3/C1-C2-C3 concomitantemente por meio do pare- amento ao modelo, sendo “A” as fotos dos presidentes da república e “B” e “C” os estímulos abstratos. Como verificado na Figura 5, cada tentativa iniciava-se com a apresentação do estímulo modelo no centro da tela, após o participante clicar com o botão esquerdo do mouse em cima desse estímulo apareciam três estímulos de com- paração aleatoriamente distribuídos em volta do estímulo modelo para serem relaci- onados a ele. Caso o participante clicasse sobre o estímulo de comparação correto S+, os estímulos eram retirados da tela e aparecia um ícone verde com um “v” no centro da tela, indicando a seleção correta do estímulo de comparação, seguido de um se- gundo de tela branca compondo o intervalo entre tentativas (ITI). Caso o participan- 26 https://www.youtube.com/watch?v=L-DKkT5wIwk te clicasse sobre o estímulo de comparação incorreto S-, os estímulos eram retirados da tela e aparecia um ícone vermelho com um “x” no centro da tela, indicando a se- leção incorreta do estímulo de comparação, seguido de um segundo de tela branca composta pelo ITI. Essa etapa de treino foi dividida em quatro fases com redução de feedbacks, sendo a primeira com 100% de feedback (todas as tentativas), a segunda com 80% de feed- back (quatro a cada cinco tentativas), a terceira com 20% de feedback (um a cada cin- co tentativas) e a quarta e última fase com 0% de feedback, ou seja, sem nenhum fe- edback. Ao término de cada fase o participante com o auxílio do pesquisador era ins- truído a como entrar na próxima fase manualmente. Figura 5. Exemplos da Disposição dos Estímulos de Comparação nos Treinos de Re- lações, Onde a Sequência da Esquerda Representa um Exemplo de Resposta Correta e a Sequência da Direita um Exemplo de Resposta Incorreta. A cada nova fase, aparecia um novo vídeo com as seguintes informações: 27 Olá! Você está indo bem na sua tarefa. Estamos fazendo, agora, mais uma pequena pausa para você descansar um pouco. Após esta breve pausa, sua tarefa, na próxima etapa da pes- quisa, continuará a mesma. Continue clicando na figura do centro e, em seguida, clicando na figura que você acha que é a correta. Você está preparado para continuar? Vamos lá? Para iniciar a tarefa, clique no botão iniciar, abaixo deste vídeo. Em todas as fases cada relação foi apresentada cinco vezes, caracterizando 30 tenta- tivas por bloco, sendo que a cada bloco a ordem das tentativas foram aleatoriamente organizadas pelo sistema, de modo que a sequência de ensaios para cada um dos tes- tes era idêntica para todos os participantes. O primeiro bloco de cada fase sempre foi feito independentemente do número de acertos e a partir do segundo bloco, caso o participante obtivesse um índice de acerto de pelo menos 90% ao final dele, passaria para a próxima fase reduzindo consequentemente o feedback. Porém, caso o partici- pante não conseguisse atingir o critério de acertos em um período de 30 minutos, o sistema encerrava a tarefa e o participante seria desqualificado da pesquisa. Por fim, após o participante completar a última fase de treino (sem feedback), ele passava para a etapa de testes. Teste de Simetria e Transitividade No Teste de Simetria e Transitividade a instrução apresentada para o participante foi (Vídeo 2): "Olá! Você está indo bem na pesquisa. Estamos fazendo, agora, uma pequena pausa para você descansar um pouco. Sua tarefa, após esta breve pausa, continuará a mesma na próxi- ma etapa da pesquisa. Continue clicando na figura do centro e, em seguida, clicando na fi- gura que você acha que é a correta. Você está preparado para continuar? Vamos lá? Para ini- ciar a tarefa, clique no botão iniciar, abaixo deste vídeo." Vídeo 3. Vídeo apresentado para o participante com instruções relacionadas à exe- cução do Treino AB/AC 80%. https://www.youtube.com/watch?v=NtqVkiaDFJY Essa etapa foi similar à etapa anterior, porém consistia em verificar o aprendizado das relações treinadas por meio de três testes: O teste de linha de base, que foi idên- tico ao treino da etapa anterior A1/B1-B2-B3, A2/B1-B2-B3, A3/B1-B2-B3, A1/C1- C2-C3, A2/C1-C2-C3, A3/C1-C2-C3, com o acréscimo do teste de simetria B1/A1- A2-A3, B2/A1-A2-A3, B3/A1-A2-A3, C1/A1-A2-A3, C2/A1-A2-A3, C3/A1-A2-A3 e do teste de transitividade B1/C1-C2-C3, B2/C1-C2-C3, B3/C1-C2-C3, C1/B1-B2-B3, C2/B1-B2-B3, C3/B1-B2-B3. Com isso, essa etapa foi composta por apenas um bloco de 90 tentativas randomizadas e sem feedback, sendo como na etapa anterior cinco tentativas para cada estímulo. Após o término dessa etapa o participante passava para a última etapa do experimento. 28 https://www.youtube.com/watch?v=NtqVkiaDFJY Pós-Teste Por fim, no Pós-Teste, última etapa da pesquisa, a instrução foi: "Olá! Você está fazendo um bom trabalho. Estamos fazendo, agora, mais uma pequena pau- sa para você descansar um pouco. Sua tarefa, após esta breve pausa, irá mudar. No entanto, você já fez algo parecido no início da pesquisa. Novamente, serão mostradas figuras para você. Sua tarefa será avaliar essas figuras utilizando a escala que estará ao lado da mesma. Será do mesmo jeito que você fez no início da pesquisa. Vamos lá? Para iniciar a tarefa, cli- que no botão iniciar, abaixo deste vídeo." Vídeo 4. Vídeo apresentado para o participante com instruções relacionadas à exe- cução do Teste ABC. https://www.youtube.com/watch?v=rYv2qSfQtTQ O Pós-Teste foi idêntico ao Pré-Teste, consistiu apenas na reaplicação da EDS e após o seu término encerrava-se o experimento. Você pode visualizar todas as condições experimentais acessando o Vídeo 5. Vídeo 5. Apresentação de todas as condições experimentais no software de coleta de dados. https://youtu.be/jI56zRJNe6M 29 https://www.youtube.com/watch?v=rYv2qSfQtTQ https://youtu.be/jI56zRJNe6M Quer assistir a vídeo-aulas sobre Análise do Comportamento ministradas pelo Prof. Márcio Moreira? Clique aqui para acessar 30 https://vimeo.com/iw4 Experimento 1: Resultados Desempenho geral nos treinos Nas Tabelas 1 a 5 estão os dados do desempenho geral dos participantes do experi- mento 1, onde TT = Total de tentativas na condição; A = Acertos; E = Erros; %A = Percentual de acertos; LRM = Latência de Resposta ao Estímulo Modelo; LRC = La- tência de Resposta ao Estímulo de Comparação; Max = Maior latência registrada (milissegundos); Min = Menor latência registrada (milissegundos); e Med = Latência média (milisegundos). Na Tabela 1 é possível verificar que o participante 1 teve 20 erros no treino com 100% de feedback, sendo necessário fazer um terceiro bloco de treino com mais 30 tentati- vas para atingir o critério de interrupção dessa fase. Já a latência média de resposta dos estímulos de comparação ficou em torno de 3 segundos em todos os treinos. Tabela 1. Tabela do Desempenho Geral de P1 nos Treinos A Tabela 2 mostra que o participante 2 obteve 13 erros no treino com 100% de feed- back, em 60 tentativas. A latência média de resposta dos estímulos de comparação no treino com 100% de feedback foi de pelo menos 2 segundos acima dos testes seguin- tes. Tabela 2. Tabela do Desempenho Geral de P2 nos Treinos O participante 3, como visto na Tabela 3, teve um total de apenas quatro erros no somatório de todos os treinos do experimento, porém gabaritou apenas o treino com 31 80% de feedback. A latência média de resposta dos estímulos de comparação ficou em torno de 3 segundos para todos os testes. Tabela 3. Tabela do DesempenhoGeral de P3 nos Treinos Percebe-se, na Tabela 4, uma diminuição de erros do participante 4 com o passar dos treinos, mesmo com a diminuição de feedbacks. A latência média de resposta dos es- tímulos de comparação diminuiu ao longo dos treinos. Tabela 4. Tabela do Desempenho Geral de P4 nos Treinos O participante 5, como demonstrado na Tabela 5, precisou de quatro blocos de 30 tentativas no treino com 100% de feedback para atingir o critério de interrupção des- sa fase, necessitando de 120 tentativas para tal. Porém observa-se que nos demais treinos o mesmo não obteve nenhum erro. Já a latência média de resposta dos estí- mulos de comparação no treino com 100% de feedback foi pelo menos 1 segundo maior que no restante dos testes. Tabela 5. Tabela do Desempenho Geral de P5 nos Treinos 32 Desempenho nos treinos por estímulo Nas Tabelas 6 a 10 são apresentados os dados do desempenho dos participantes do experimento 1 nos treinos por estímulo, onde o número fora do parênteses represen- ta o total de tentativas em cada estímulo e o número dentro do parênteses a porcen- tagem correspondente ao total de tentativas. Percebe-se na Tabela 6 uma maior dificuldade do participante 1 relacionar os estímu- los a1b1 na primeira fase de treinos, tendo 40% dos erros por relacionar a1b2. Nessa etapa, P1 teve erros em todas as relações, sendo que a que mais acertou foi a relação a2c2, com 93,3% de acerto. Nas etapas seguintes apresentou apenas 1 erro na última fase, na relação a1c1. Tabela 6. Tabela do Desempenho de P1 nos Treinos por Relação Na Tabela 7, o participante 2 teve mais dificuldade em aprender a relação a1c1, tendo 40% dos erros por relacionar a1c2. Nessa fase, P2 teve ao menos um erro em todas as relações. Já nas fases seguintes teve apenas um erro na relação a2b2 no treino com 80% de feedback. 33 Tabela 7. Tabela do Desempenho de P2 nos Treinos por Relação A Tabela 8 mostra que o participante 3 teve 90% ou mais de acerto em todas as rela- ções possíveis considerando todos os treinos do experimento. No primeiro treino, P3 teve apenas 2 erros em todas as tentativas, nas relações a1c1 e a3c3. Já nas fases se- guintes teve apenas um erro na relação a1c1 no treino com 20% de feedback. 34 Tabela 8. Tabela do Desempenho de P3 nos Treinos por Relação O participante 4, como verificado na Tabela 9, teve 30% de erros na relação a2b2, sendo que 10% das respostas relacionou a2b1 e em 20% relacionou a2b3. Nessa eta- pa, P4 não apresentou erros nas relações a3b3 e a3c3. Já nas fases seguintes teve ape- nas um erro na relação a2c2 no treino com 80% de feedback. 35 Tabela 9. Tabela do Desempenho de P4 nos Treinos por Relação Na Tabela 10 é possível verificar que No primeiro treino o participante 5 teve teve 1 erro nas relações a2b2 e a2c2 e mais de 5 erros nas demais relações, sendo que apre- sentou dificuldade em aprender as relação a1c1, onde teve 50% de erro e a relação a3c3, com 60% de erro. Já nas fases seguintes não apresentou nenhum erro. 36 Tabela 10. Tabela do Desempenho de P5 nos Treinos por Relação Desempenho nos testes de equivalência As Tabelas 11 a 15 apresentam o desempenho dos participantes do experimento 1 nos testes de equivalência (identidade, simetria e transitividade), sendo que SM = Estímulo Modelo; SC = Estímulo de Comparação; e % = Percentual de Acerto. Na Tabela 11 o participante 1 apresentou apenas um erro em todo o teste, o erro foi na relação c1b1 referente à transitividade. 37 Tabela 11. Tabela do Desempenho dos Testes de Equivalência do P1 O participante 2, como visto na Tabela 12, não cometeu nenhum erro em todo o teste de equivalência. 38 Tabela 12. Tabela do Desempenho dos Testes de Equivalência do P2 Pode-se verificar na Tabela 13 que o participante 3 obteve dois erros no teste de equivalência, ambos na relação b1c1 referentes à transitividade. 39 Tabela 13. Tabela do Desempenho dos Testes de Equivalência do P3 O participante 4 obteve dois erros no teste de equivalência, mostrados na Tabela 14, ambos relacionados à transitividade, um na relação b2c2 e outro na relação c1b1. 40 Tabela 14. Tabela do Desempenho dos Testes de Equivalência do P4 Na Tabela 15 é possível verificar que o participante 5 não cometeu nenhum erro em todo o teste de equivalência. 41 Tabela 15. Tabela do Desempenho dos Testes de Equivalência do P5 Diferença de avaliação do mesmo estímulo no pré e pós teste As Figuras 6 a 10 apresentam a diferença de avaliação do mesmo estímulo no pré e pós teste pelos participantes do experimento 1. Do lado direito da figura estão os es- tímulos que foram avaliados e do lado esquerdo os gráficos comparando as diferen- ças de avaliação. Nas avaliações do participante 1, verifica-se na Figura 6, que as avaliações no pré e pós teste para os estímulos a são mais semelhantes que para os estímulos b e c. 42 Figura 6. Gráfico da Diferença de Avaliação do P1 para o Mesmo Estímulo no Pré e Pós Teste Para o participante 2, mostrado na Figura 7, também verifica-se que as avaliações dos estímulos a são mais semelhantes do que os estímulos b e c ao comparar pré e pós teste. 43 Figura 7. Gráfico da Diferença de Avaliação do P2 para o Mesmo Estímulo no Pré e Pós Teste 44 Na Figura 8, as avaliações do participante 3 foram consideravelmente parecidas no pré e pós teste. Figura 8. Gráfico da Diferença de Avaliação do P3 para o Mesmo Estímulo no Pré e Pós Teste 45 Para o participante 4, identifica-se na Figura 9, que as avaliações dos estímulos a fo- ram semelhantes e as avaliações dos estímulos b e c foram consideravelmente diver- gentes. Figura 9. Gráfico da Diferença de Avaliação do P4 para o Mesmo Estímulo no Pré e Pós Teste 46 Já para o participante 5, demonstrado pela Figura 10, as avaliações foram mais ho- mogêneas ao comparar o pré e pós teste. Figura 10. Gráfico da Diferença de Avaliação do P5 para o Mesmo Estímulo no Pré e Pós Teste Diferença de avaliação das relações no pré e pós teste Nas Figuras 11 a 15 são apresentadas as diferenças de avaliação dos estímulos cor- respondentes (ABC) no pré e pós teste para os participantes do experimento 1. No lado esquerdo da figura estão os estímulos que foram avaliados separados por cores (a em azul, b em laranja e c em amarelo). Já no lado esquerdo da figura estão os grá- ficos das avaliações, no pré e pós teste. Segundo a Figura 11, é possível observar que o participante 1 avaliou os estímulos abstratos mais semelhantes ao estímulo modelo na relação a1b1c1 no pós teste, em comparação com o pré teste. 47 Figura 11. Diferença de Avaliação do P1 para os Estímulos Correspondentes no Pré e Pós Teste 48 Na Figura 12, é possível verificar que as avaliações do participante 2 no pós teste fo- ram mais semelhantes ao estímulo modelo do que no pré teste. Figura 12. Diferença de Avaliação do P2 para os Estímulos Correspondentes no Pré e Pós Teste 49 Verifica-se na Figura 13 que as avaliações do participante 3 para as relações a2b2c2 e a3b3c3 são semelhantes ao pré-teste, já na avaliação da relação a1b1c1, percebe-se uma diferença maior de avaliação. Figura 13. Diferença de Avaliação do P3 para os Estímulos Correspondentes no Pré e Pós Teste 50 É possível verificar na Figura 14 que as avaliações do participante 4 no pós teste fo- ram mais semelhantes ao estímulo modelo do que no pré teste. Figura 14. Diferença de Avaliação do P4 para os Estímulos Correspondentes no Pré e Pós Teste 51 Já com base nas avaliações do participante 5, demonstradas na Figura 15, é possível verificar que as avaliações no pós teste foram um pouco mais semelhantes em rela- ção ao pré teste. Figura 15. Diferença de Avaliação do P5 para os Estímulos Correspondentes no Pré e Pós Teste Grau de equivalência por estímulo entre Pré e Pós teste As Tabelas 16 a 20 demonstram a diferença percentual das avaliações dos participan- tes do experimento1 em relação ao estímulo apresentado no pré e pós teste. Quanto mais próximo de 100, mais semelhante foi a avaliação do mesmo estímulo nos dois testes, já quanto mais próximo de 0, mais diferente foi essa avaliação. O que chama- mos aqui de grau de equivalência é um medida de semelhança das avaliações de um mesmo estímulo em momentos diferentes ou entre dois estímulos. O grau de equiva- lência foi calculado da seguinte forma: 100 - [valor_absoluto(Avaliação 1 - Avaliação 2) * 100)/100] ou, de forma simplificada, 100 - [valor_absoluto(Avaliação 1 - Avalia- ção 2)]. De acordo com a Tabela 16, pode-se afirmar que a avaliação mais parecida entre pré e pós teste do participante 1 foi a do estímulo a3 (86,1% de semelhança), já a mais divergente foi do estímulo c2 (63,9% de semelhança), sendo que para as escalas de 52 adjetivos bipolares passivo/ativo para o estímulo c1 e submisso/dominante para o estímulo c3 houve apenas 21% de semelhança. Tabela 16. Tabela com o Grau de Equivalência (Diferença Percentual) das Avaliações do P1 entre o Pré e Pós Teste por Estímulo Para o participante 2 (Tabela 17), verifica-se que a avaliação mais parecida entre pré e pós teste foi a do estímulo a2 (85,9% de semelhança) e a mais divergente foi do estí- mulo b1 (72,5% de semelhança), sendo que para a escala de adjetivo bipolar tenso/ relaxado o estímulo c1 teve apenas 26% de semelhança. 53 Tabela 17. Tabela com o Grau de Equivalência (Diferença Percentual) das Avaliações do P2 entre o Pré e Pós Teste por Estímulo Para o participante 3 (Tabela 18), a avaliação mais parecida entre pré e pós teste foi a do estímulo b3 (95,1% de semelhança) e a mais divergente foi do estímulo b1 (71,8% de semelhança), sendo que para a escala de adjetivo bipolar triste/alegre o estímulo c1 teve apenas 41% de semelhança. Tabela 18. Tabela com o Grau de Equivalência (Diferença Percentual) das Avaliações do P3 entre o Pré e Pós Teste por Estímulo De acordo com a Tabela 19, a avaliação mais parecida entre pré e pós teste do parti- cipante 4 foi a do estímulo a3 (100% de semelhança) e a mais divergente foi do estí- mulo c3 (64,8% de semelhança), sendo que para a escalas de adjetivos bipolares mau/ bom e desagradável/agradável o estímulo c3 teve apenas 1% de semelhança. Verifica-se também, que as escalas de adjetivos bipolares áspero/liso, pesado/leve, passivo/ativo e duro/macio, assim como o estímulo a3, tiveram avaliações idênticas para todos os estímulos no pré teste e no pós teste. 54 Tabela 19. Tabela com o Grau de Equivalência (Diferença Percentual) das Avaliações do P4 entre o Pré e Pós Teste por Estímulo Já para o participante 5 (Tabela 20), a avaliação mais parecida entre pré e pós teste foi a do estímulo a2 (94,8% de semelhança), e a mais divergente foi do estímulo c2 (81,6% de semelhança), sendo que para a escala de adjetivo bipolar tenso/relaxado o estímulo c2 teve apenas 38% de semelhança. Verifica-se também, que as escalas de adjetivos bipolares feio/bonito e duro/macio tiveram avaliações idênticas para to- dos os estímulos no pré teste e no pós teste. Tabela 20. Tabela com o Grau de Equivalência (Diferença Percentual) das Avaliações do P5 entre o Pré e Pós Teste por Estímulo Grau de equivalência por relação entre pré e pós teste As Tabelas 21 a 25 demonstram a diferença percentual das avaliações dos participan- tes do experimento 1 referente às relações (ab, ac, e bc) no pré e pós teste. Quanto mais próximo de 100, mais semelhante foi a avaliação dessas relações nos dois testes, já quanto mais próximo de 0, mais diferente foi essa avaliação. 55 De acordo com a Tabela 21, para o participante 1, a única relação em que a média diminuiu foi a relação a2b2, em todas as demais relações a média aumentou do pré para o pós teste. Tabela 21. Tabela com o Grau de Equivalência (Diferença Percentual) das Avaliações do P1 entre o Pré e Pós Teste por Relação (AB, AC, BC) 56 Para o participante 2, na Tabela 22, a única relação em que a média diminuiu foi a relação a2b2, em todas as demais relações a média aumentou do pré para o pós teste. Tabela 22. Tabela com o Grau de Equivalência (Diferença Percentual) das Avaliações do P2 entre o Pré e Pós Teste por Relação (AB, AC, BC) 57 A média de todas as relações aumentaram no participante 3, como visto na Tabela 23. Tabela 23. Tabela com o Grau de Equivalência (Diferença Percentual) das Avaliações do P3 entre o Pré e Pós Teste por Relação (AB, AC, BC) 58 No participante 4 (Tabela 24) verifica-se que todas as médias das relações aumenta- ram no pós teste. Tabela 24. Tabela com o Grau de Equivalência (Diferença Percentual) das Avaliações do P4 entre o Pré e Pós Teste por Relação (AB, AC, BC) 59 E no participante 5, demonstrado pela Tabela 25, verifica-se também que as médias de todas as relações no pós teste aumentaram em relação ao pré teste. Tabela 25. Tabela com o Grau de Equivalência (Diferença Percentual) das Avaliações do P5 entre o Pré e Pós Teste por Relação (AB, AC, BC) Diferença percentual entre pré e pós teste A Tabela 26 mostra a diferença média de porcentagem entre as relações do pré e pós teste. Quando o resultado for positivo, significa que no pós teste a semelhança das avaliações aumentou em relação ao pré teste, já quando o resultado for negativo sig- nifica que a semelhança das avaliações no pós teste diminuiu em relação ao pré teste. Verifica-se na Tabela 26 que a média total de todas as relações aumentaram, ou seja, os participantes avaliaram de forma mais semelhante os estímulos no pós teste do que no pré teste, sendo que a relação onde a média mais aumentou foi a relação “ac” (14,1%). É possível verificar também que, para a relação “ab2”, os participantes 1 e 2 obtiveram valores negativos, assim como o participante 5 na relação “bc1” e na mé- dia das relações “bc”, ou seja, nessas relações as avaliações no pós teste foi mais dis- crepante do que no pré teste. 60 Tabela 26. Tabela com a Diferença Média de Porcentagem entre o Pré e o Pós Teste por Relação no Experimento 1 61 Clique aqui para ouvir 62 https://www.walden4.com.br/ Experimento 1: Discussão O objetivo do Experimento 1 foi verificar se ocorre a formação da classe de equiva- lência e a transferência de função dos estímulos modelos para os estímulos de com- paração utilizando a diminuição progressiva de feedback de Eilertsen e Artzen (2020). Pôde-se verificar nas Tabelas 1 a 5, que a maioria dos erros ocorreu no treino com 100% de feedback, o que é esperado, pois é o primeiro contato dos participantes com os treinos, em que é necessário um tempo maior para aprender quais as relações cor- retas dentro do experimento. Já nas Tabelas 6 a 10, verifica-se quais foram as relações que os participantes tiveram mais dificuldade de aprender. É possível analisar na Tabela 2, que o participante 2 apesar de ter 13 erros no treino com 100% de feedback, obteve a maior parte dos erros no primeiro bloco de 30 tenta- tivas, que é obrigatório ser feito independente da quantidade de acertos, e no segun- do bloco, em que os erros são contabilizados, atingiu o critério de interrupção. Nas Tabelas 11 a 15, em que mostram os resultados que os participantes obtiveram no teste de equivalência. Chega-se à conclusão de que houve formação de classe de equivalência entre os estímulos, considerando que todos os participantes acertaram mais de 90% das relações em cada uma das etapas do teste. As Figuras 6 a 10 mostram em gráficos a diferença de avaliação do mesmo estímulo no pré e no pós teste, em que quanto mais distante as linhas, mais identifica-se mu- dança na avaliação dos mesmos estímulos entre os testes. Já as Figuras 11 a 15 mos- tram as diferenças de avaliação para os estímulos correspondentes no pré e no pós teste, em que quanto mais próximo as linhas se encontram, mais próxima é a avalia- ção de estímulos diferentes nos dois testes. Com a análise dos gráficos
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