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Conceitos atuais e tendências para o diagnóstico e tratamento da doença Cárie Dentária Metáfora do Iceberg – Pitts, 1996 Imaginar a cárie como um bloco de gelo, uma parte da lesão está dentro da água e uma parte acima da água, onde a lesão de cárie tem um estágio muito inicial (LC0) visível apenas por microscópio; a lesão de mancha branca (LC1) onde a superfície tem aspecto poroso, esbranquiçado, mas sem cavidade; cavidade limitada ao esmalte, com microcavitação (LC2); a lesão de cárie atinge a dentina (LC3) e o nível onde a polpa pode ter sido atingida (LC4), onde é necessária radiografia para averiguar se há comprometimento da polpa. Diagnóstico de Lesões de Cárie Observação crítica das superfícies quanto a textura, brilho e cor, diferenciando dente hígido e lesões. Os parâmetros acima serão importantes para as determinações terapêuticas na clínica e para toda a vida profissional. Se há lesão ativa com cavidade, remove a dentina e restaura. Na lesão inativa com cavidade não há remoção, apenas restauração. Textura e brilho são critérios que determinam se a lesão está ativa ou inativa principalmente. ICDAS International Caries Detection Assessment System O ICDAS é um sistema de detecção de cárie criado recentemente, baseado na inspeção visual, com o auxílio de sonda ponta romba ou OMS. Criado para detectar e avaliar lesões de carie primárias e secundárias e que tem mostrado aplicabilidade clínica satisfatória. Sistema que preconiza todas as variantes de níveis de cárie, de LC1 a LC4. A sonda afiada não é mais utilizada pois traz prejuízos, aumentando lesões ou levando microorganismos de uma área para a outra, outro detalhe desfavorável é que ela não aumenta a capacidade de diagnóstico, não é necessária essa sonda afiada para detectar aspectos de cárie. Aplicação ICDAS 1. Observar se os dentes estão com selante, restauração ou coroa dentária; 2. Começar examinando os dentes úmidos, observando a boca do paciente como um todo; 3. Secar os dentes por 5 segundos com seringa tríplice; 4. Pode ser utilizado a sonda de ponta romba ou OMS para detectar os casos de microcavitação. As superfícies são classificadas quanto à severidade das lesões de cáries, em escores de 0 a 6, indo de uma lesão inicial até uma mais profunda. Vão desde a superfície hígida até cavitação extensa. Pode também cegar a ponta convencional, quando não há sonda de ponta romba ou OMS. Inspeção Visual • Visualização mesmo umedecida, lesão mais profunda podendo chegar até a dentina; • Visualização após jatos curtos de ar, lesão inicial, há possibilidade de estar em fase inicial apenas no esmalte; • Visualização após secagem prolongada (5s), não há cárie e sim desidratação, o esmalte fica opaco pela secagem. Cariologia Critérios de Diagnóstico Visual Score 0: Superfície Hígida Nenhuma ou leve alteração na translucidez do esmalte após secagem prolongada. No odontograma devemos colocar dente hígido e no tratamento colocamos um tracinho. Score 1: Alterações iniciais no esmalte após secagem (5S) Nenhuma alteração quando o dente é examinado com umidade sobre a área; visualização de opacidade ou lesões escuras (fundo de fissura acompanhando as vertentes) após secagem de 5 segundos. Cárie superficial, ativa na metade externa do esmalte. Tratamento: selante oclusal ou CIV (resinoso ou ionomêrico) na oclusal, se for vestibular, lingual, palatina, mesial ou distal, fluorterapia, verniz fluoretado. Score 2: alterações distintas no esmalte úmido Opacidade visível em dente úmido ou descoloração escurecida seguindo pelas vertentes. Condição dentária de score 2, cárie de esmalte interna, ou profunda. Tratamento: Não remove tecido, paralisa a lesão com selante na oclusal, e na superfície lisa livre, verniz fluoretado. Os scores 01 e 02 são scores de mínima intervenção, sem utilização de broca, apenas colocação de selante nas oclusais ou verniz fluoretado nas superfícies lisas livres. Score 3: Cavidade em esmalte sem exposição de dentina ou sombreamento Microcavitação sem exposição clara de dentina. Não há cavidade profunda ou sombreamento, podendo também ser tratado com mínima intervenção. Cárie de esmalte com cavidade. Tratamento: na oclusal pode ser colocada resina composta, selante ou CIV, utiliza a cureta de dentina afiada para detectar se há tecido amolecido no fundo da cavidade, em caso negativo, coloca-se resina CIV ou selante. Na superfície lisa livre coloca material restaurador, coloca resina pois precisa recompor de forma estética, se for um dente posterior é preciso também restaurar pois a cavidade pode aumentar por servir como nicho de acúmulo de biofilme, e progressão da atividade microbiana, aumentando o processo de desmineralização e cavitação. Nesse caso a remoção é feita apenas com cureta. Se o fundo estiver amolecido, retira-se com a cureta, utilizando ART, técnica restauradora atraumática, remove dentina infectada apenas com uso da cureta, o que é vantajoso principalmente para pacientes que tem medo de alta ou/e baixa rotação. Nem sempre só com a cureta há sucesso e os rotatórios são utilizados em cavidade maiores, mas também evolui o score. Score 4: Sombreamento vindo da dentina Sombra escura vindo da dentina com esmalte aparentemente intacto. Porém o esmalte omite uma cárie que está na dentina. Essa sombra é detectada como cárie na dentina superficial ou sem cavidade. Score 5: Cavidade expondo dentina Cavitação em esmalte opaco ou escurecido com dentina exposta, envolvendo menos da metade da superfície examinada. Se atinge metade da face, é score 5, mas se ultrapassa mais da metade da superfície, será score 6. Cárie em dentina com cavidade. Score 6: cavidade extensa em dentina Cavitação claramente visível em dentina exposta, envolvendo mais da metade da superfície examinada. Na imagem vemos mais da metade da superfície oclusal cavitada. Pode ter restos radiculares. Cárie em dentina extensa (envolvimento pulpar?). Necessário radiografar para ter certeza do tratamento, envia para a clínica 2 ou 3 ou 4, para realização do exame de vitalidade pulpar e realizar tratamento endodôntico. E depois ele volta para finalizar o tratamento. Pode colocar raiz residual se houver resto radicular. Exercício Visual Caso 1 Podemos ver uma área alargada e escurecida, sem certeza de cavidade, visível mesmo sem secagem, classificação: Score 2, lesão em esmalte profunda. No microscópio, vemos que a lesão ultrapassa a metade do esmalte e chega perto da junção amelo-dentinária. É profunda no esmalte mas não chega na dentina, não se deve usar broca, coloca-se CIV ou selante como tratamento. Caso 2 Aqui temos uma lesão onde vemos opacidade em volta da cavidade e o fundo da cavidade escurecida, não é preciso secar para ver e parece estar realmente amolecida, são características de dentina cariada. Apesar de pequena se enquadra nas lesões que vão até a metade da superfície, sendo então um score 5. Microscopicamente, percebemos que a lesão se alarga até a junção amelo-dentinária e atinge a dentina. Lesão de cárie na dentina superficial, ou atingindo a metade externa, sendo necessário abrir com a broca e restaurar com material compatível, seja a resina, seja ionômero ou até mesmo amálgama, de acordo com a demanda. Classificação Condição Extensão Score 0 Hígido - Score 01 Lesão Pré- Cavitada Envolvimento superficial do esmalte Score 02 Envolvimento profundo do esmalte Score 03 Lesão com Microcavitação Envolve esmalte sem envolver claramente dentina Score 04 Envolve esmalte e dentina Score 05 Lesão com Cavidade na Dentina Envolve mais da metade da superfície observada Score 06 Envolvimento extenso em dentina (pode envolver polpa)Caso 3 Esta lesão só tem visibilidade após secagem de 5 segundos, estamos diante de uma opacidade, uma desidratação, não é uma lesão de cárie, pois microscopicamente temos apenas uma mancha sem cavidade, não há desmineralização, só podemos ver após secagem de 5 segundos. Caso 4 Estamos diante de uma lesão de mancha branca, localizada na superfície oclusal, visível com secagem rápida, com saliva seria impossível, mas com o auxílio da seringa tríplice podemos ver se há um score 1 ou score 2. Score 1 se seca pouco e Score 2 se não seca e já visualiza. Se não precisa secar, trata-se de uma lesão mais profunda em esmalte (score 2), se precisa secar é mais superficial e trata-se de um score 1. Se consegue ver com secagem é score 1 e sem a secagem score 2. Tratamento: Oclusal, selante; Superfície livre, verniz fluoretado. Próxima aula: Até onde/quando e como removo o tecido afetado/infectado? Anotações _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________
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