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2 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) SUMÁRIO 1. Regime Jurídico Administrativo e Regime Jurídico da Administração ........................3 2. Poderes e Deveres Administrativos ....................................................................................5 3. Agentes Públicos ......................................................................................................................8 4. Controle da Administração ..................................................................................................10 5. Domínio Público .......................................................................................................................11 6. Serviços Públicos .................................................................................................................... 12 7. Contratos Administrativos – Lei n. 8.666/1993 ..............................................................14 8. Improbidade Administrativa – Lei n. 8.429/1992 .......................................................... 15 9. Intervenção do Estado na Propriedade Privada ............................................................ 19 10. Acesso à Informação ........................................................................................................... 21 3 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) Renato Borelli Juiz Federal Substituto do TRF 1. Foi Juiz Federal Substituto do TRF 5. Exerceu a advocacia privada e público. Foi servidor público e assessorou Desembargador Federal (TRF1) e Ministro (STJ). Atuou no CARF/Ministério da Fazenda como Conselheiro (antigo Conselho de Contribuintes). É formado em Direito e Economia, com especialização em Direito Público, Direito Tributário e Sociologia Jurídica. 1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO E REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO 1.1. Princípios Implícitos, Reconhecidos e Infraconstitucionais 1. (MPE-RO/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2017/FMP) A dificuldade doutrinária em se definir interesse público, por se tratar de conceito jurídico aberto ou indeterminado em seu conte- údo, não impede que se possa cogitar alguns parâmetros ou contornos negativos a partir dos quais se pode elaborar um conceito excludente de interesse público, ou seja, daquilo que não pode ser confundido com ele. Nesses termos, assinale a opção INCORRETA, que deixa de preservar adequadamente o juízo negativo de um interesse ao qual o interesse público não pode ser reduzido. a. Interesse do Estado. b. Interesse da totalidade dos sujeitos privados. c. Interesse da maioria dos sujeitos privados. d. Interesse do aparato administrativo. e. Interesse indisponível. COMENTÁRIO Letra e. Várias são as teorias, as concepções filosóficas e os autores que buscam definir o conceito de interesse público. Na doutrina italiana, por exemplo, Renato Alessi, ao tratar da atuação da Administração Pública, propôs a divisão do termo em duas acepções: a) interesse público primário; e b) interesse público secundário. Tem-se que o interesse público primário é o interesse público propriamente dito enquanto “conjunto de interesses individuais preponderantes em uma determinada organização da coletividade”, ao passo que o interesse público secundário é o interesse patrimonial da Administração Pública enquanto aparato administrativo, ou melhor, é o interesse privado da Administração Pública enquanto pessoa jurídica e que está relacionado às receitas e à defesa do patrimônio público com o aumento de riquezas e a diminuição de despesas. Nas palavras do autor: 4 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) “Estes interesses públicos, coletivos, cuja satisfação está a cargo da Administração, não são sim- plesmente o interesse da Administração entendida como ‘aparato organizativo’, mas o que se cha- mou de interesse coletivo primário, formado pelo conjunto de interesses individuais preponderantes em uma determinada organização da coletividade, enquanto o interesse do aparelhamento (se é que se pode conceber um interesse do aparelhamento unitariamente considerado) seria simples- mente um dos interesses secundários que se fazem sentir na coletividade, e que podem ser realiza- dos somente em caso de coincidência com o interesse coletivo primário e dentro dos limites de dita coincidência. A peculiaridade da posição da Administração Pública reside precisamente nisto, em que sua função consiste na realização do interesse coletivo público, primário.” Hely Lopes Meireles explica que o Estado, por ser o representante da coletividade, e a própria coletividade são os titulares do interesse público primário, de modo que é exatamente por isso que a Administração Pública deve observância ao princípio da indisponibilidade do interesse público, pois, não sendo ela a titular dos interesses que administra, deles não pode dispor. “(...) a Administração Pública não pode dispor desse interesse geral, da coletividade, nem renunciar a poderes que a lei lhe deu para tal tutela, mesmo porque ela não é titular do interesse público, cujo titular é o Estado como representante da coletividade, e, por isso, só ela, pelos seus represen- tantes eleitos, mediante lei, poderá autorizar a disponibilidade ou a renúncia.” (Meirelles, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro / Hely Lopes Meirelles, José Emmanuel Burle Filho. – 42. ed. / atual. até a Emenda Constitucional 90, de 15.9.2015. – São Paulo: Malheiros, 2016. P 114-115) Daí, já podemos concluir que o interesse público pode ser definido como: a) o interesse do Estado; c) o interesse da maioria dos sujeitos privados; e d) o interesse do aparato administrativo. Quanto à letra b, teoricamente, também é possível associar o interesse público como o interesse da totalidade dos sujeitos privados. Isso porque o termo “público”, se consideramos puramente a etimologia da palavra, diz respeito a tudo aquilo que pertence ou interessa ao povo, aos vizinhos, à comunidade, ao Estado. Conforme a juíza federal Danielle Souza de Andrade e Silva Cavalcanti: “Assim, o interesse, portanto, passa a ser público quando não é exclusivo ou próprio de uma ou poucas pessoas, mas quando dele participam um número tal de pessoas de uma comunidade de- terminada que podemos chegar a identificá-lo como de todo o grupo, inclusive daqueles que não compartilham desse interesse. (CAVALCANTI, Danielle Souza de Andrade e Silva. Interesse público: necessidade e possibilidade de sua definição no direito administrativo. P. 7. Artigo publicado em: Estudantes: Caderno Acadêmi- co. Recife: Faculdade de Direito do Recife, ano 4, n. 6, p. 129-145, jan./jun. 2000; e Direito Constitu- cional, Administrativo, Tributário e Filosofia do Direito. Coleção Bureau Jurídico, v. II. Brasília: ESAF, p. 21-31, 2000) 5 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) Evidentemente, levando em consideração os valores plurais que as sociedades modernas tutelam, seria inconcebível tal concepção. Por isso, a magistrada destaca que: “Também parece claro que o interesse público não corresponda ao interesse da totalidade dos cida- dãos que compõem determinada comunidade, os quais, em regra, colidem, pela própria caracterís- tica de uma sociedade pluralista, como é a brasileira. Cumprir o interesse público não é atender ao interesse comum de todos os cidadãos – o que seria impossível –, mas beneficiar uma coletividade de pessoas que tenham interesses comuns, ainda que estes não correspondam à soma dos inte- resses individuais. O interesse público é despersonalizado.” (p. 10) Por fim, quanto à letra e, compreenda que nem todo interesse indisponível é um interesse público e que nem todo interesse público é um interesse indisponível. Explico melhor: os interessespúblicos podem ser classificados como disponíveis ou indisponíveis. Do mesmo modo, um interesse privado também incide nesta distinção. Sendo assim, não se mostra adequado associar o conceito de interesse público ao de interesse indisponível. 2. PODERES E DEVERES ADMINISTRATIVOS 2.1. Poder de Polícia 2. (MPE-MG/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2018/FUNDEP) Assinale a alternativa INCORRETA: a. Considera-se poder de polícia a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos cos- tumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. b. No exercício do poder de polícia, a Administração Pública dispõe de discricionariedade, o que significa que detém relativa liberdade de atuação quanto à oportunidade e conve- niência para a sua prática, escolhendo o motivo e o conteúdo do ato, sempre nos limites da lei, para atender à finalidade do interesse público e do bem comum. c. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. d. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir tributos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; sobre templos de qualquer culto; sobre patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos e de suas fundações, das enti- 6 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) dades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; sobre livros, jornais e periódicos, bem como sobre o papel destinado à impressão deles. COMENTÁRIO Letra d. a. Certo. A alternativa reproduz o conceito legal de poder de polícia contemplado pelo caput do artigo 78 do Código Tributário Nacional (CTN): Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou discipli- nando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de inte- resse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. b. Certo. A doutrina costuma apontar como um dos traços característicos do poder de polícia a discricionariedade. Como ao legislador não é dado prever todas as hipóteses possíveis a exigir a atuação de polícia, outorga-se relativa liberdade de atuação à Admi- nistração Pública quanto à escolha do melhor momento de agir e a apreciação do motivo e conteúdo do ato, sempre visando atender o interesse público. A esse respeito, Maria Sylvia Zanella Di Pietro consigna: [...] em grande parte dos casos concretos, a Administração terá que decidir qual o melhor momento de agir, qual o meio de ação mais adequado, qual a sanção cabível diante das previstas na norma legal. Em tais circunstâncias, o poder de polícia será discricionário. No entanto, a autora adverte que o poder de polícia nem sempre é discricionário. Há casos em que a atuação da Administração Pública é estritamente vinculada, sem qual- quer espaço para escolhas do administrador, como é o caso da expedição de alvará de licença. Quanto à discricionariedade, embora esteja presente na maior parte das medidas de polícia, nem sempre isso ocorre. [...] Em outras hipóteses, a lei já estabelece que, diante de determinados re- quisitos, a Administração terá que adotar solução previamente estabelecida, sem qualquer possi- bilidade de opção. Nesse caso, o poder será vinculado. O exemplo mais comum do ato de polícia vinculado é o da licença. (Di PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 31ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018, p. 151) c. Certo. Nos termos do art. 77, caput, do CTN: Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. 7 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) d. Errado. O erro da alternativa está em estender, de forma genérica, a imunidade aos tributos em geral. A Constituição Federal restringe a imunidade tributária à instituição de impostos, espécie do gênero “tributo”. Assim, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos (e não tributos!) sobre determinados itens. Veja a redação do dispositivo constitucional: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI – instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sin- dicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. 2.2. Tópicos Mesclados de Poderes da Administração 3. (MPE-MG/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2018/FUNDEP) Assinale a alternativa INCORRETA: a. O poder disciplinar consiste no poder-dever de que dispõe a Administração Pública de punir administrativamente o servidor pelas infrações funcionais que cometer, bem como os particulares que estejam sujeitos à disciplina da Administração Pública. b. O poder hierárquico caracteriza-se pela existência de níveis de subordinação entre ór- gãos e agentes públicos de uma mesma pessoa jurídica, dele decorrendo a atribuição de ordenar, coordenar, controlar e corrigir a atividade administrativa. c. Decorre do poder hierárquico a atividade de controle e de fiscalização exercida pela Ad- ministração Pública Direta sobre as entidades da Administração Pública Indireta. d. O particular, no exercício de sua atividade privada, não está sujeito ao poder disciplinar nem ao poder hierárquico da Administração Pública. O controle que a Administração exerce sobre a atividade do particular é uma decorrência do poder de polícia. COMENTÁRIO Letra c. a. Certo. O poder disciplinar é o poder-dever da Administração Pública de aplicar sanções aos servidores em razão da prática de infrações funcionais e, também, de punir os parti- culares que estejam sujeitos à disciplina administrativa. Nesse sentido é a lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro: Poder disciplinar é o que cabe à Administração Pública para apurar infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa; é o caso dos estudan- tes de uma escola pública. 8 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) Não abrange as sanções impostas a particulares não sujeitos à disciplina interna da Administração, porque, nesse caso, as medidas punitivas encontram seu fundamento no poder de polícia do Estado. No que diz respeito aos servidores públicos, o poder disciplinar é uma decorrência da hierarquia [...] (PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo,31ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018, p. 124) b. Certo. De fato, o poder hierárquico caracteriza-se pela existência de graus de subordinação entre os diversos órgãos e agentes da Administração Pública. O poder hierárquico é um poder interno, isto é, exercido dentro de uma mesma pessoa jurídica, e dele decorrem as atribuições de ordenar, coordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas. Ainda quanto à hierarquia, cabe mencionar que, nos Poderes Judiciário e Legislativo, não existe hierarquia, no sentido de relação de coordenação e subordinação, no que diz respeito às suas funções institucionais. Do mesmo modo, na organização administrativa, também não há hierarquia nos órgãos consultivos no que se refere ao exercício de suas funções. c. Errado. Como dito acima, o poder hierárquico somente se exerce no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. Assim, não há hierarquia entre a Administração direta e as entidades componentes da Administração indireta. O que existe entre elas é um con- trole finalístico (ou supervisão ministerial) exercido sobre a entidade da Administração indireta pela entidade da Administração direta à qual se encontra vinculada. d. Certo. O particular que não tenha qualquer relação com a Administração Pública capaz de sujeitá-lo à disciplina administrativa fica sujeito apenas ao poder de polícia que res- tringe as atividades dos particulares em prol do interesse público. 3. AGENTES PÚBLICOS 3.1. Concurso Público 4. (MPE-MG/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2017/FUNDEP) Assinale a alternativa INCORRETA: a. Os cargos, empregos e funções públicas, da Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos legais, bem como aos estrangei- ros, na forma da lei. b. A investidura em cargo ou emprego público depende de prévia aprovação em concurso de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou do emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em co- missão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. c. As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de car- go efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. 9 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) d. O prazo de validade do concurso público será de até 2 (dois) anos, prorrogável uma vez, por igual período. Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, o aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira. COMENTÁRIO Letra c. a. Certo. A assertiva está de acordo com o disposto no art. 37, inciso I, da Constituição Federal: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora- lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; b. Certo. A assertiva reproduz o teor do inciso II do art. 37 da Constituição Federal: Art. 37 [...] II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; c. Errado. O erro da assertiva está em dizer, de forma genérica, que os cargos em comis- são serão preenchidos por servidores de carreira. Os cargos em comissão são de livre nomeação e exoneração e podem ser ocupados por servidores, ou não. Os cargos em comissão devem ser preenchidos por servidores de carreira apenas nos casos, condi- ções e percentuais mínimos previstos em lei, conforme inciso V do art. 37 da CRFB/1988: Art. 37 [...] V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e as- sessoramento; d. Certo. A assertiva está alinhada em conformidade com os incisos III e IV do art. 37 da CRFB/1988: Art. 37 [...] III – o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; IV – durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira; 10 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) 4. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO 4.1. Lei n. 12.846/2013 – Lei Anticorrupção 5. (MPE-RO/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2017/FMP) Assinale a alternativa CORRETA acerca do tratamento jurídico que disciplina a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública. a. Às pessoas jurídicas será imputado o regime de responsabilidade objetiva, na seara administrativa e civil, pelos atos lesivos previstos em lei praticados em seu exclusivo interesse ou benefício. b. As organizações públicas internacionais não se enquadram no conceito legal de admi- nistração pública estrangeira para fins de tratamento protetivo. c. No âmbito do Poder Executivo federal, a Controladoria-Geral da União terá competência subsidiária para instaurar processos administrativos de responsabilização de pessoas jurídicas. d. O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obrigação de reparar integralmen- te o dano causado. e. Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a pessoa jurídica ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de três anos contados do referido descumprimento. COMENTÁRIO Letra d. A questão refere-se à Lei n. 12.846/2013, popularmente conhecida como Lei Anticorrupção. a. Errado. Nos termos do art. 2º da Lei n. 12.846/2013: Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não. b. Errado. As organizações públicas internacionais se enquadram no conceito legal de Administração Pública estrangeira para fins de tratamento protetivo. Art. 5º, § 2°, da Lei n. 12.846/2013. Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração pública estrangeira as organizações públicas internacionais. c. Errado. No âmbito do Poder Executivo federal, a Controladoria-Geral da União terá competência concorrente (e não subsidiária!) para instaurar processos administrativos de responsabilização de pessoas jurídicas. 11 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) Art. 8º, § 2º, da Lei n. 12.846/2013. No âmbito do Poder Executivo federal, a Controladoria-Geral da União – CGU terá competência concorrente para instaurar processos administrativos de respon- sabilização de pessoas jurídicas ou para avocar os processos instaurados com fundamento nesta Lei, para exame de sua regularidade ou para corrigir-lhes o andamento. d. Certo. Nos termos do art. 16, § 3º, da Lei n. 12.846/2013. Art. 16, § 3º O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obrigação de reparar integral- mente o dano causado. e. Errado. Em casode descumprimento do acordo de leniência, a pessoa jurídica ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de três anos contados do conhecimento pela Administração Pública do referido descumprimento. Art. 16, § 8º, da Lei n. 12.846/2013. Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a pessoa jurídica ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de 3 (três) anos contados do conheci- mento pela administração pública do referido descumprimento. 5. DOMÍNIO PÚBLICO 5.1. Tópicos Mesclados de Bens Públicos (Direito Administrativo) 6. (MPE-MG/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2018/FUNDEP) Assinale a alternativa INCORRETA: a. As terras devolutas são bens públicos destinados à proteção de fronteiras, fortificações e construções militares, razão por que são afetadas como bens de uso especial da União. b. Os bens públicos, quanto à sua destinação, podem ser classificados como de uso co- mum do povo, de uso especial e bens dominicais c. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabele- cido legalmente pela entidade a cuja administração pertencem. d. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências legais. COMENTÁRIO Letra a. a. Errado. As terras devolutas são terras do poder público sem destinação pública. Por- tanto, as terras devolutas são bens dominicais e pertencem, em regra, aos Estados. Constituirão bens da União apenas as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei. Nesses casos, ainda assim conservam a natureza de bem dominical. 12 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) b. Certo. A classificação dos bens públicos quanto à destinação segue aquela descrita no art. 99 do Código Civil: Art. 99. São bens públicos: I – os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II – os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III – os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como ob- jeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Com efeito, bens de uso comum são bens destinados ao uso da população. Bens de uso especial servem ao uso pelo próprio poder público para a prestação de serviços. Por fim, os bens dominicais são bens que não possuem qualquer destinação pública. c. Certo. A alternativa está em consonância com o disposto no art. 103 do Código Civil: Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. d. Certo. Apenas os bens dominicais estão sujeitos à alienação, desde que observadas as exigências legais, segundo dispõe o art. 101 do CC: Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. 6. SERVIÇOS PÚBLICOS 6.1. Formas de Extinção (Serviços Públicos, Lei n. 8.987) 7. (MPE-RO/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2017/FMP/ANULADA!) Sobre a extinção de contrato administrativo de concessão de serviço público por caducidade, é CORRETO afirmar: a. Deriva estritamente da inexecução do contrato por inadimplemento do concessionário ou supressão de requisito indispensável à manutenção do instrumento contratual. b. Destina-se, como finalidade principal, a punir o concessionário. c. A definição literal de caducidade na Lei de Licitações é defeituosa por não abrigar todas as circunstâncias motivadoras que juridicamente podem ser reconhecidas para a sua implementação fática. d. Acarreta a supressão do direito de o concessionário ser indenizado. e. Sua decretação será precedida única e exclusivamente por processo administrativo. 13 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) COMENTÁRIO Anulado. a. Errado. A extinção do contrato de concessão de serviço público por caducidade não deriva estritamente da inexecução do contrato por inadimplemento do concessionário ou supressão de requisito indispensável à manutenção do instrumento contratual. Também são hipóteses de extinção por caducidade todas as condutas expressas no art. 38, § 1º, da Lei n. 8.987/1995. Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério do poder concedente, a declaração de caducidade da concessão ou a aplicação das sanções contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre as partes. § 1º A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo poder concedente quando: I – o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço; II – a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou regulamentares concernentes à concessão; III – a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as hipóteses decor- rentes de caso fortuito ou força maior; IV – a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais para manter a adequada prestação do serviço concedido; V – a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos devidos prazos; VI – a concessionária não atender a intimação do poder concedente no sentido de regularizar a prestação do serviço; e VII – a concessionária não atender a intimação do poder concedente para, em 180 (cento e oitenta) dias, apresentar a documentação relativa a regularidade fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. b. Errado. A caducidade tem como finalidade principal conservar e proteger a prestação adequada do serviço público e somente acessoriamente visa à punição da empresa con- cessionária faltosa. c. ANULADA! A letra C constava no gabarito preliminar como a alternativa correta, todavia, no gabarito definitivo, foi anulada, pois indicou a Lei das Licitações (Lei n. 8.666/1993) em vez da Lei da Concessão e Permissão dos Serviços Públicos (Lei n. 8.987/1995). d. Errado. A caducidade acarreta a supressão de uma indenização prévia, mas não o di- reito indenizatório em si. Vejamos o art. 38, §§ 4º e 5º, da Lei n. 8.987/1995: § 4º Instaurado o processo administrativo e comprovada a inadimplência, a caducidade será de- clarada por decreto do poder concedente, independentemente de indenização prévia, calculada no decurso do processo. § 5º A indenização de que trata o parágrafo anterior, será devida na forma do art. 36 desta Lei e do contrato, descontado o valor das multas contratuais e dos danos causados pela concessionária. 14 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) e. Errado. A decretação da caducidade será precedida de prévia comunicação à conces- sionária sobre as faltas cometidas, quando lhe será concedido um prazo para corrigi-las. Não sendo os vícios sanados, instaura-se processo administrativo. Art. 38, § 2º, da Lei n. 8.987/1995. A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida da verificação da inadimplência da concessionária em processo administrativo, assegurado o direito de ampla defesa. Art. 38, § 3º, da Lei n. 8.987/1995. Não será instaurado processo administrativo de inadimplência antes de comunicados à concessionária, detalhadamente, os descumprimentos contratuais referi- dos no § 1º deste artigo, dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas e para o enquadramento, nos termos contratuais. 7. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS – LEI N. 8.666/1993 7.1. Extinção dos Contratos (Conclusão, Anulação, Rescisão – Arts. 58, II, 59 e 77 a 80 da Lei n. 8666) 8. (MPE-MG/PROMOTORDE JUSTIÇA/2018/FUNDEP) Assinale a alternativa INCORRETA: a. As obras, serviços, compras e alienações, ressalvados os casos especificados na legis- lação, serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualda- de de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. b. Na licitação, a exigência de manutenção das condições efetivas da proposta guarda relação com a necessidade de respeito ao equilíbrio econômico-financeiro do contrato. c. De acordo com a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obriga- ções recíprocas, seja qual for a denominação utilizada. d. Nos termos da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, são nulos, e de nenhuns efeitos, os contratos verbais com a Administração Pública, salvo os pactuados com fornecedores internacionais para a aquisição de víveres em tempo de guerra ou de comoção intestina. COMENTÁRIO Letra d. a. Certo. A assertiva repete a redação do inciso XXI do art. 37 da CRFB/1988: Art. 37 [...] XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as 15 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de quali- ficação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. b. Certo. A manutenção das condições da proposta está estritamente vinculada ao equilí- brio econômico-financeiro do contrato. Ao oferecer sua proposta, o licitante leva em con- ta todos os fatores que viabilizam a exequibilidade do contrato de sorte a gerar um lucro razoável, natural de sua atividade privada. Assim, a manutenção das condições efetivas da proposta vem para conferir segurança jurídica aos contratos administrativos, garan- tindo à empresa contratada, tanto quanto possível, a permanência das circunstâncias e das expectativas que a levaram a assumir a execução de atribuições do poder público. c. Certo. Nos termos do parágrafo único do art. 2º da Lei n. 8.666/1993: Art. 2º [...] Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada. d. Errado. O erro da assertiva está na ressalva à nulidade dos contratos verbais. Em regra, os contratos verbais são nulos e de nenhum efeito. No entanto, a Lei n. 8.666/1993, no parágrafo único do art. 60, ressalva dessa regra os contratos de pequenas compras de pronto pagamento, feitas em regime de adiantamento: Art. 60. [...] Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas em regime de adiantamento. 8. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – LEI N. 8.429/1992 8.1. Tópicos Mesclados de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/1992) 9. (MPE-RO/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2017/FMP) Assinale a alternativa que, em relação ao tema da improbidade administrativa, DISCREPA do entendimento jurisprudencial consoli- dado nos Tribunais Superiores. a. O particular não pode responder isoladamente nas ações de improbidade administrativa. b. Os agentes políticos municipais se submetem aos ditames da Lei de Improbidade Admi- nistrativa, sem prejuízo da responsabilização política e criminal estabelecida em outros diplomas legais. c. Os bens de família do demandado em ações de improbidade administrativa não podem ser objeto de medida de indisponibilidade. 16 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) d. O ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública não requer a demonstração de dano ao erário ou de enriquecimento ilícito, mas exige a demonstração de dolo. e. O magistrado não está obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas previstas no artigo 12 da Lei 8.429/92, podendo fixá-las e dosá-las, mediante adequada fundamen- tação, segundo a natureza, a gravidade e as consequências da infração cometida em concreto. COMENTÁRIO Letra c. A alternativa que DISCREPA do entendimento jurisprudencial quanto ao tema da improbidade administrativa é a letra C. O STJ possui entendimento consolidado de que o eventual caráter de bem de família do imóvel em nada interfere na determinação da sua indisponibilidade, pois esta não corresponde a uma penhora, mas sim a indisponibilidade de alienação. (...) 3. O provimento cautelar para indisponibilidade de bens, de que trata o art. 7º, parágrafo único da Lei 8.429/1992, exige fortes indícios de responsabilidade do agente na consecução do ato ímpro- bo, em especial nas condutas que causem dano material ao Erário. (...) 7. A jurisprudência é pacífica pela possibilidade de a medida constritiva em questão recair sobre bens adquiridos antes ou depois dos fatos descritos na inicial. 8. O caráter de bem de família de imóvel não tem a força de obstar a determinação de sua indisponibilidade nos autos de ação civil pública, pois tal medida não implica em expropriação do bem. (...) (REsp 1204794/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/05/2013, DJe 24/05/2013) a. Certo. É pacífico no STJ que “é inviável a propositura de ação civil de improbidade ad- ministrativa exclusivamente contra o particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda.” b. Certo. Na jurisprudência dos Tribunais Superiores, prevalece o chamado “duplo regime sancionatório”, ou seja, em regra, todos os agentes políticos submetem-se às disposi- ções da Lei de Improbidade Administrativa, sem prejuízo da responsabilização político- -administrativa pelos crimes de responsabilidade que vierem a cometer. Isso porque: (...) Não há norma constitucional alguma que imunize os agentes políticos, sujeitos a crime de responsabilidade, de qualquer das sanções por ato de improbidade previstas no art. 37, § 4º. Seria incompatível com a Constituição eventual preceito normativo infraconstitucional que impusesse imunidade dessa natureza. (Rcl 2.790/SC, DJe de 04/03/2010). (...) 17 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) A exceção fica por conta do Presidente da República, pois o art. 85, V, da CF/1988 classi- fica expressamente como crime de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a probidade na Administração e, assim sendo, configuram apenas crime de responsabilidade, submetendo-se a julgamento perante o Senado Federal. d. Certo. Consoante jurisprudência consolidada do Tribunal da Cidadania: (...) VII – Os atos de improbidade administrativa descritos no art. 11 da Lei n. 8.429/92, como visto, dependem da presença do dolo genérico, mas dispensam a demonstração da ocorrên- cia de dano para a Administração Pública ou enriquecimento ilícito do agente. (AgInt na TutPrv no REsp 1624020/MA, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/08/2017, DJe 28/08/2017) e. Certo. O STJ já definiuque: (...) 1. De acordo com a jurisprudência do STJ, é atribuição do magistrado a realização da dosimetria da pena, não havendo obrigatoriedade de aplicação cumulativa das sanções pre- vistas no art. 12 da Lei n. 8.429/92, que devem ser fixadas em obediência aos princípios da razoabilidade, proporcionalidade e aos fins sociais a que a Lei de Improbidade Administrativa se propõe. (...) (AgRg no AREsp 239.300/BA, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/03/2015, DJe 01/07/2015) 10. (MPE-MG/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2018/FUNDEP) Assinale a alternativa INCORRETA: a. Os atos de improbidade praticados por agente público, servidor ou não, contra a admi- nistração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992. b. Estão sujeitos às penalidades da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, os atos de impro- bidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público, bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à reper- cussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. c. Nos termos da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, o Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, suas autarquias, empre- sas públicas, fundações ou sociedades de economia mista, bem como a associação que esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil e inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público, têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar. 18 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) d. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou tercei- ro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem, que houver provocado. COMENTÁRIO Letra c. a. Certo. A afirmativa traz a redação do caput do art. 1º da Lei n. 8.429/1992: Art. 1º. Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei. b. Certo. O parágrafo único do art. 1º da Lei n. 8.429/1992 estende a aplicação da Lei de Improbidade aos atos descritos na alternativa, nos seguintes termos: Art. 1º, parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorri- do ou concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. c. Errado. A alternativa confundiu os legitimados para propor ação de improbidade com os legitimados da ação civil pública (art. 5º da Lei n. 7.347/1985). A Lei n. 8.429/1992 res- tringe a legitimidade para propor ação de improbidade ao Ministério Público ou à pessoa jurídica interessada, conforme art. 17: Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pes- soa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar. d. Certo. A afirmativa está alinhada aos termos do art. 19 da Lei n. 8.429/1992: Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente. Pena: detenção de seis a dez meses e multa. Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado. 19 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) 9. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA 9.1. Tombamento – Conceitos e Decreto-Lei n. 25/1937 11. (MPE-MG/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2018/FUNDEP) Assinale a alternativa CORRETA: a. O inventário e o tombamento são instrumentos que auxiliam a preservação do patrimônio cultural, sendo que quando há o tombamento definitivo do bem, o proprietário fica impe- dido de locá-lo. b. O proprietário de coisa tombada, que não possuir recursos para proceder às obras de conservação e reparação necessárias ao bem, mandará executar tais medidas, de ime- diato, com posterior direito de regresso contra o poder público. c. O tombamento de coisa pertencente à pessoa física ou jurídica de direito privado se fará voluntária ou compulsoriamente, somente podendo ser cancelado em caso de pereci- mento do bem protegido. d. Não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objeto, salvo se houver autorização do órgão competente. COMENTÁRIO Letra d. a. Errado. O tombamento não impede a transferência da propriedade do bem, tampouco obsta à sua locação. O que se exige é que sejam preservadas as características que o bem possuía quando da data do seu tombamento. No caso de transferência de proprie- dade, deverá o adquirente, dentro do prazo de 30 dias, sob pena de multa de 10% sobre o respectivo valor, fazê-la constar do registro, ainda que se trate de transmissão judicial ou causa mortis (art. 13, § 1º, do Decreto-Lei n. 25/1937). Quando se tratar de coisas tombadas que pertençam à União, aos Estados ou aos Muni- cípios, só poderão ser transferidas de uma a outra das referidas entidades. Feita a trans- ferência, o adquirente deverá dar conhecimento imediato ao Iphan, conforme o art. 11 do Decreto-Lei n. 25/1937. b. Errado. Se não possuir recursos para realizar as obras de conservação e restauração, o proprietário está obrigado a comunicar o fato ao órgão que decretou o tombamento, o qual mandará executá-las a suas expensas. É o que dispõe o art. 19 do Decreto-Lei n. 25/1937: Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuser de recursos para proceder às obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas obras, sob pena de multa correspon- dente ao dobro da importância em que for avaliado o dano sofrido pela mesma coisa. 20 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) c. Errado. O erro da assertiva está em dispor que o tombamento somente pode ser cance- lado em caso de perecimento do bem protegido. Embora não seja comum, caso desa- pareçam os motivos para a restrição ao uso da propriedade, deve ser levado a efeito o cancelamento do ato de inscrição do bem no Livro de Tombo, o que alguns denomina- ram de destombamento. Em âmbito federal, conforme o Decreto n. 3.866/1941, o Presidente da República, aten- dendo a motivos de interesse público, poderá determinar, de ofício, ou em grau de recurso interposto por qualquerlegítimo interessado, que seja cancelado o tombamento de bens pertencentes à União, aos Estados, aos Municípios ou a pessoas naturais ou jurídicas de direito privado, feito pelo Iphan, de acordo com o Decreto-Lei n. 25/1937. d. Certo. O tombamento gera efeitos não apenas para o proprietário e para o poder público, mas também a terceiro. De acordo com o art. 18 do Decreto-Lei n. 25/1937: Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objeto, impondo-se neste caso a multa de cinquenta por cento do valor do mesmo objeto. 9.2. Tópicos Mesclados sobre Intervenção do Estado na Propriedade 12. (MPE-MG/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2018/FUNDEP) Assinale a alternativa INCORRETA: a. O patrimônio cultural brasileiro é constituído pelos bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. b. São formas de promoção e de proteção do patrimônio cultural brasileiro o inventário, o registro, a vigilância, o tombamento e a desapropriação, sem prejuízo de outras formas de acautelamento e preservação. c. O tombamento, a desapropriação, a ocupação temporária e a limitação administrativa são formas de intervenção do Estado na propriedade privada, que se perfazem mediante prévia e justa indenização ao proprietário. d. A servidão administrativa é ônus real de uso, imposto pela Administração Pública à pro- priedade privada, para assegurar a realização de obra ou serviço de utilidade pública, mediante indenização dos prejuízos efetivamente suportados pelo proprietário. COMENTÁRIO Letra c. a. Certo. A assertiva reproduz o caput do artigo 216 da Constituição Federal: Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, toma- dos individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: 21 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) I – as formas de expressão; II – os modos de criar, fazer e viver; III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleonto- lógico, ecológico e científico. b. Certo. A assertiva está em consonância com o disposto no § 1° do art. 216 da Constitui- ção Federal: Art. 216 da CF/1988. [...] § 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cul- tural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. c. Errado. Das formas de intervenção na propriedade privada descritas na assertiva, ape- nas a desapropriação se perfaz mediante prévia e justa indenização, nos termos do art. 5º, XXIV, da Constituição Federal, ressalvadas algumas exceções: Art. 5º da CF/1988. [...] XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade públi- ca, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; d. Certo. A servidão administrativa é direito real de uso, de natureza pública, instituído so- bre imóvel de propriedade alheia, por entidade pública ou por seus delegados, em favor de um serviço público ou de um bem afetado a fim de utilidade pública, mediante indeni- zação pelos prejuízos efetivamente suportados. 10. ACESSO À INFORMAÇÃO 10.1. Lei n. 12.527/2011 – Lei de Acesso à Informação 13. (MPE-RO/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2017/FMP) Indique qual das alternativas abaixo NÃO se coaduna com o modelo constitucional-administrativo vigente no Brasil relativamente à publicidade e à transparência das informações de natureza pública, de interesse coletivo ou geral. a. O acesso à informação não compreende as informações referentes a projetos de pesqui- sa e desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segu- rança da sociedade e do Estado. 22 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) b. É dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de requerimen- tos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informa- ções de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. c. A divulgação da remuneração de servidor público, de agente político ou de membro do poder, incluindo-se o respectivo nome do beneficiário, é classificada como informação de natureza pessoal, considerada como violadora da intimidade, vida privada, haura ou imagem das pessoas envolvidas. d. São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da solicitação de informações de interesse público. e. No caso de indeferimento de acesso a informações ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de dez dias a contar da sua ciência. COMENTÁRIO Letra c. Dentre as situações narradas nas alternativas, indicaremos como "certas" as que se coadunam com o modelo constitucional-administrativo vigente no Brasil quanto à publicidade e à transparência das informações de natureza pública, de interesse coletivo ou geral, e como "erradas" as situações que não se coadunam. Assim: a. Certo. Conforme o art. 7º, § 1º, da Lei n. 12.527/2011: Art. 7° O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: (...) § 1° O acesso à informação previsto no caput não compreende as informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segu- rança da sociedade e do Estado. b. Certo. Prevê o art. 8º da Lei n. 12.527/2011: Art. 8° É dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. c. Errado. Esse é o gabarito da questão. Com repercussão geral reconhecida, o STF já definiu que (...) 1. É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes dos seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. 2. Recurso extraordinário conhecido e provido. (ARE 652777, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 23/04/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-128 DIVULG 30-06-2015 PUBLIC 01-07-2015) 23 www.grancursosonline.com.br Questões: Direito Administrativo MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTOR) d. Certo. Fixa o art. 10, § 3º, da Lei n. 12.527/2011: § 3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da solicitação de infor- mações de interesse público. e. Certo. Está em consonância com o art. 15 da Lei n. 12.527/2011: Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou às razões da negativa do acesso, po- derá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência. 10. ACESSO À INFORMAÇÃO 9. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA 8. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – LEI N. 8.429/1992 7. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS (LEI N. 8.666/1993) 6. SERVIÇOS PÚBLICOS 5. DOMÍNIO PÚBLICO 4. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO 3. AGENTES PÚBLICOS 2. PODERES E DEVERES ADMINISTRATIVOS 1. REGIME JURÍDICOADMINISTRATIVO E REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO
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