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www.esab.edu.br Responsabilidade Social e Ambiental rafael Rectangle Responsabilidade Social e Ambiental Vila Velha (ES) Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil. www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840 Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES CEP 29102-040 Apresentação Caro estudante, Seja bem-vindo à disciplina Responsabilidade Social e Ambiental. Esse é um tema bastante discutido atualmente, tendo em vista que existe uma preocupação geral em relação ao nosso padrão de desenvolvimento. Mas essa preocupação tem fundamento? Parece que sim. Podemos observar a nossa forma de implantar as cidades. Elas são instaladas sem conservar elementos ambientais, tais como rios, vegetação e animais, necessários para a sustentabilidade. Adicionalmente, temos que considerar o lixo e o esgoto que produzimos, e também o consumo dos recursos naturais – água, minérios, madeira etc. – necessários para produzir os bens de consumo. Essas questões atualmente são evidentes porque somos muitos! A Terra já não é mais um planeta imenso e aparentemente sem limites, mas um espaço finito, do qual fazemos parte e dependemos. Se buscarmos refletir sobre as causas dos conflitos ambientais, nos depararemos com uma questão anterior, a desconexão do ser humano consigo mesmo, e depois com a natureza. Por isso, ao falarmos de meio ambiente, o tema da responsabilidade social está entrelaçado! Não é possível resolvermos as questões ambientais sem antes, ou conjuntamente, resolvermos os problemas sociais. O ser humano é a causa da degradação e também a solução para esse problema. Diante da estruturação das relações sociais, cidadãs e políticas, poderemos redefinir um padrão sustentável de vida. Pense nisso e vamos agora nos debruçar mais detalhadamente sobre o tema. Vamos aprender os principais elementos envolvidos e como podemos aplicar a responsabilidade social e ambiental como ferramenta para a construção de um mundo novo e melhor. Nesta disciplina, trabalharemos com base em Brito e Câmara (1998); Melo Neto (2001); Tachizawa (2011); Arantes e Halicki (2011); Bucley, Salazar-Xirinachs e Henriques (2011); Gelman e Parente (2008); Stadler e Maioli (2011); Alencastro (2010) e Nascimento, Lemos e Mello (2008). Bom estudo! Objetivo Conhecer os principais elementos do tema responsabilidade social e ambiental, de modo que possamos compreender de que forma estamos envolvidos com o assunto pessoalmente, na sociedade e no trabalho. Habilidades e competências • Expressar-se adequadamente no que se refere aos temas da responsabilidade social e do meio ambiente do ponto de vista do administrador. • Apresentar uma visão clara sobre os itens envolvidos no processo de gestão da responsabilidade social e ambiental. • Ter uma visão ampla sobre diferentes tipos de empresas e seus desafios com o tema da responsabilidade social e ambiental. • Compreender os desafios envolvidos com a temática da responsabilidade social e meio ambiente. • Dominar linguagens utilizadas no contexto da gestão ambiental e da responsabilidade social. • Entender processos e implicações da implantação da responsabilidade social e ambiental no ambiente corporativo. Ementa Problemática ambiental e social. Gestão da responsabilidade social. Gestão ambiental e desenvolvimento sustentável. Estratégias, modelos e organizações voltados para o meio ambiente e a responsabilidade social. Normas, série ISO 14000. Normas da Responsabilidade Social. Temas relevantes sobre tendências tecnológicas, sociais e ambientais. Sumário 1. Conceitos ambientais ......................................................................................................6 2. Principais problemas ambientais ..................................................................................14 3. Cultura ambientalista: história e personalidades ..........................................................19 4. Políticas públicas de meio ambiente no Brasil ...............................................................26 5. Responsabilidade social: introdução e conceitos ...........................................................30 6. Responsabilidade social: história e diferentes visões .....................................................36 7. A ética na aplicação da responsabilidade social e ambiental .........................................42 8. O papel das pessoas dentro da organização na condução do processo de responsabilidade social e ambiental ............................................................................48 9. A empresa e seus stakeholders no contexto da responsabilidade socioambiental .........54 10. Gestão ambiental e social: enfoque global ....................................................................58 11. Normas da série ISO 14000 – meio ambiente ...............................................................65 12. Norma ISO 14001 – meio ambiente .............................................................................71 13. Normas orientadoras da responsabilidade social: AA 1000 e ABNT NBR 16001 .............77 14. Normas orientadoras da responsabilidade social: SA 8000 e ISO 26000 ........................85 15. Gestão socioambiental: desafios para sua implantação ................................................90 16. Gestão socioambiental: gerenciamento ........................................................................95 17. Investimentos e índices de sustentabilidade ...............................................................102 18. Rotulagem ambiental no contexto dos negócios verdes .............................................107 19. Responsabilidade socioambiental na cadeia produtiva ...............................................114 20. Responsabilidade socioambiental e o setor varejista ..................................................119 21. Estratégias de gestão socioambiental – parte I ...........................................................124 22. Estratégias de gestão socioambiental – parte II .........................................................131 23. Estratégias de gestão socioambiental – parte III ........................................................137 24. A internet como instrumento de divulgação de responsabilidade social e ambiental .......................................................................................................143 Glossário ............................................................................................................................150 Referências ........................................................................................................................159 www.esab.edu.br 6 1 Conceitos ambientais Objetivo Apresentar os conceitos de meio ambiente, ecologia, recursos naturais e desenvolvimento sustentável. Olá, caro estudante, vamos começar o nosso estudo? Vamos navegar pelo universo da responsabilidade social e ambiental e descobrir tudo que tem de interessante e importante sobre o tema, que vai ajudá-lo a estar mais bem preparado para o mercado de trabalho. Antes, é importante conversarmos um pouco sobre as razões de você estudar esta disciplina. A responsabilidade social e ambiental é um dos grandes desafios, não somente das empresas no século XXI, mas da população em geral. Os conceitos, regras e as ferramentas de gestão que operam neste ambiente têm características próprias e contextos de aplicação que merecem sua atenção para serem compreendidos. Esses são temas que fazem parte do planejamento estratégico das empresas ou de políticas públicas governamentais, que de uma forma ou de outra atingem todos dentro de uma instituição, e você faz ou fará parte disso em breve. 1.1 Conceitos Segundo a legislação brasileira, meio ambiente “[...] é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. (BRASIL, 1981 apud BRITO; CÂMARA,1998, p. 85). Essa informação pode ser conferida no texto da Lei nº 6.938/81, que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente. Você já tinha parado para pensar como é amplo e complexo o meio ambiente? Estamos falando de toda a vida que existe no planeta, do www.esab.edu.br 7 meio no qual ela acontece e das interações existentes. Por isso, dizemos que todos estão envolvidos com as questões ambientais em todas as circunstâncias, seja em nossas casas, seja no trabalho ou em momentos de lazer. Para você construir uma imagem mais completa, vamos nos aprofundar mais um pouquinho no assunto? Podemos dividir a Terra em três grandes regiões: a litosfera, camada superficial sólida da Terra, composta de rochas e solo, acima do nível das águas; a hidrosfera, ambiente líquido; e a atmosfera, camada de ar que envolve a Terra. É nessas três regiões que se desenvolve a biosfera, ou seja, a vida do planeta. Atmosfera Hidrosfera Biosfera Crosta Terrestre Figura 1 – Biosfera. Fonte: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/biosfera/imagens/biosfera5.jpg>. Na crosta do planeta Terra, ou litosfera, ocorrem as principais atividades humanas. As rochas e o solo são elementos utilizados pelo homem para construção de moradias, para a agricultura, a construção de rodovias, a exploração de minerais para os mais diversos fins industriais ou farmacêuticos. É na crosta também que estão as florestas, os campos e outras diversas formações. www.esab.edu.br 8 Corteza Astenosfera Manto superior Manto inferior Moho Litosfera Figura 2 – Litosfera. Fonte: < http://biologiaygeologia4eso.files.wordpress.com/2012/06/litosfera.jpg>. A hidrosfera compreende os rios, os lagos, as lagoas, os mares e todas as águas subterrâneas, as águas salobras, o gelo e o vapor de água existentes no planeta. A abundância de água na Terra é uma característica que lhe deu o apelido de “Planeta Azul”. Aproximadamente 70% (67% de água do mar e 3% de água doce) da Terra é coberta de água e somente 30% dela é exposta. Praticamente todos os ambientes aquáticos possibilitam o surgimento e o desenvolvimento de seres vivos, pois a maior parte da vida na Terra encontra-se inclusive nos oceanos e em outros ambientes aquáticos. Acompanhe na Figura 3 a distribuição da água pelo planeta Terra. O planeta tem 1,4 bilhão de quilômetros cúbicos de água (10,4 bilhões de litros) 0,04% Atmosfera 0,36% Lagos, rios e pântanos 22,4% Subsolo 77,2% Geleiras e calotas polares 97,5% Mares e oceanos (água salgada) 2,5% (água doce) Figura 3 - Distribuição da hidrosfera. Fonte: <http://www.tiberiogeo.com.br/paginas.php?pagina=a_hidrosfera#prettyPhoto>. www.esab.edu.br 9 A atmosfera é uma camada de gases que envolve a Terra. O ar consiste em 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio, 1% de argônio e 0,03% de dióxido de carbono, além de outros gases menos significativos, entre os quais se encontram os gases do efeito estufa, como o vapor d’água, metano, óxido nitroso e ozônio. Termosfera Mesosfera Estratosfera Troposfera (Mesopausa) 80km (Estratopausa) 50km (Tropopausa) 15km Figura 4 – Camadas da atmosfera. Fonte: <commons.wikimedia.org>. Composição da atmosfera terrestre = 20,9%O2 = 78,1%N 2 Outros= 1,0% (Ar, CO , Ne, He)2 Figura 5 – Composição da atmosfera. Fonte: <pontociencia.org.br>. www.esab.edu.br 10 Para sua reflexão Imagine as tantas paisagens existentes em nosso planeta, a diversidade da fauna, da flora, das estações do ano, enfim, toda a variedade de vida e suas cadeias. Diante disso, você se sente parte da natureza ou se considera um ser à parte? A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. Com o objetivo de estudar as interações dos seres vivos entre si e seu ambiente, a sua distribuição e abundância, surgiu a ecologia. A palavra ecologia tem origem no grego oikos, que significa casa; e logos, estudo. Portanto, ecologia significa o estudo da casa, ou, de forma mais genérica, do lugar onde se vive. Desenvolver a ciência da ecologia, conhecer as leis que regem os ciclos da natureza e deparar-se com seus mistérios permite ao ser humano conhecer o meio ambiente e ter maior consciência e prudência em relação aos efeitos que provoca na natureza em decorrência do tipo de desenvolvimento. Por outro lado, a ecologia também nos ajuda a ter respostas sobre o tipo de desenvolvimento compatível com o meio ambiente. Você está compreendendo o tema? Agora que conhecemos os conceitos de meio ambiente e de ecologia, vamos ver o significado do termo desenvolvimento sustentável? A comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no seu relatório publicado em 1987, conhecido como Relatório Brundtland, afirma que o desenvolvimento sustentável é aquele que consegue atender às necessidades do momento sem comprometer as necessidades das futuras gerações. www.esab.edu.br 11 Segundo Brito e Câmara (1998), desenvolvimento sustentável é um modelo de desenvolvimento que leva em consideração os fatores econômicos, de caráter social e ecológico, de modo equilibrado. Parte da constatação de que os recursos naturais têm uma oferta limitada, e por isso devem ter sua reposição permanente assegurada. Por meio dessas definições, podemos concluir que o desenvolvimento sustentável é um tipo de desenvolvimento em que a economia, as empresas e os mercados consumidores têm preceitos compatíveis com a manutenção do equilíbrio da natureza. Teríamos que conceber um tipo de vida que não poluísse os rios, mantivesse as matas em quantidade suficiente para o desenvolvimento e a preservação das espécies. Enfim, o ideal seria utilizássemos da Terra e seus recursos naturais somente o necessário para a manutenção de nossa vida e que deixássemos eles em quantidades suficientes para as futuras gerações. Agora você consegue compreender mais claramente as implicações do desenvolvimento sustentável, não é mesmo? Em parágrafo anterior, comentamos sobre os recursos naturais, mas qual é a definição desse termo? Os recursos naturais são os bens existentes na natureza aproveitáveis pelo homem, como as plantas, os animais, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar; o solo e o subsolo; o carvão vegetal e mineral; o ouro, o ferro, o calcário; o petróleo e outros elementos existentes na natureza. (BRITO; CÂMARA, 1998, p. 28) Portanto, quando falamos de algum elemento da natureza sob o ponto de vista da utilização pelo homem, podemos defini-lo como recurso natural. Um rio pode ser denominado recurso natural, do qual extraímos água, energia hidrelétrica, alimento e também o utilizamos como via de transporte de carga e pessoas. O meio ambiente nos fornece muitos recursos naturais por meio dos seus ciclos – primavera, verão, outono e inverno –, ele se recompõe e nos oferece recursos de que precisamos para viver. Dentro do seu ritmo, ele recicla seus elementos e mantém o equilíbrio do sistema natural. www.esab.edu.br 12 Você já parou para pensar que não existe nada inútil na natureza? As folhas das árvores, por exemplo, quando estão atadas nos galhos, cumprem seu papel realizando a fotossíntese, alimentando a árvore e proporcionando o seu crescimento, reciclam o ar da atmosfera, fazem sombra e algumas ainda servem de alimento para os animais. Ao caírem do galho e se depositarem no chão, continuam sendo úteis ali, compõem a matéria orgânica do solo, servem de alimentos para pequenos organismos e protegem o solo da erosão provocada pelas chuvas. Ali ficam até se decomporem em elementos tão pequenos que serão novamente absorvidos pela árvore e voltarão a cumprir seu papel, ou vão fazer parte de outro sistema vivo, mas certamente esses elementos da folha da árvore continuarão sendo úteis à natureza. Você já havia parado para pensar de forma tão minuciosa sobre esse assunto? Quando um biólogo ou engenheiro ambiental, por exemplo, fala sobre ecologia, sustentabilidadee os desafios que temos pela frente, estão falando a partir desse ponto de vista, pois profissionais como eles estudaram esses processos da natureza e sabem de suas necessidades e complexidades. Quando ocorre a interferência humana, esses especialistas avaliam a dimensão do impacto e procuram elencar todas as consequências dessas intervenções. Em uma grande escala, como a de uma cidade, por exemplo, ou de uma grande área de agricultura ou pecuária, a intervenção nos processos naturais torna-se mais ampla e, neste caso, caberia a aplicação de regras que garantissem, de forma segura, o equilíbrio natural. Contudo, o nosso tipo de desenvolvimento não concebeu ainda essa harmonia ou uma maneira menos impactante de crescer e se desenvolver. Em decorrência desta inabilidade em conceber o desenvolvimento sustentável, temos hoje assuntos como as mudanças climáticas, que segundo a organização não governamental World Wildlife Fund for Nature (WWF) é outro nome para aquecimento global, decorrentes do lançamento de gases do efeito estufa (GEEs), principalmente o dióxido de carbono (CO2), na atmosfera, formando uma camada sobre a Terra que impede a saída de radiação solar e contribui para o aumento da temperatura no planeta (WWF apud STADLER; MAIOLI, 2011). Sabemos que há um grande desafio para nós como educadores ou futuros educadores em transmitir aos nossos alunos os problemas ambientais e www.esab.edu.br 13 as possíveis soluções, bem como as prevenções, fomentando a criação de uma consciência ecológica. Na próxima unidade, veremos um pouco mais de perto essa questão dos problemas ambientais. Saiba mais Nesta unidade, foi apresentado o Relatório de Brundtland. Para saber mais sobre esse documento, acesse o conteúdo disponível clicando aqui. http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/91 http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/91 www.esab.edu.br 14 2 Principais problemas ambientais Objetivo Descrever os principais problemas ambientais e os principais desafios para o alcance da sustentabilidade. Esta unidade busca apresentar os principais problemas ambientais da atualidade. Geralmente, essa não é uma forma muito pedagógica de encaminhar um assunto no âmbito das relações humanas, não é mesmo? Ninguém gosta de escutar críticas e geralmente as pessoas reagem mal a situações como essa. Todavia, quando o tema é meio ambiente, ele geralmente está envolto por críticas e, portanto, não seria justo da nossa parte se deixássemos de apresentá-las para você. Desta forma, você pode refletir sobre elas e construir suas próprias argumentações sobre o assunto, ao pesquisar e observar mais cada elemento. 2.1 Problemas ambientais Vamos começar com o tema que finalizamos a unidade anterior, a mudança climática – aquecimento global. Segundo Stadler e Maioli (2011), o aquecimento global contribui para o derretimento das geleiras, o que ocasiona o aumento do nível dos oceanos, as mudanças nas correntes marítimas, a irregularidade de chuvas e secas no mundo inteiro, gerando problemas na agricultura, entre outros. O Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) informou em seu relatório de 2007 que ainda é possível reverter o aquecimento global se diminuirmos entre 50% a 85% as emissões de CO2 até 2050 (2007 apud STADLER; MAIOLI, 2011). O tema da mudança climática está envolto em muita discussão e as informações e os dados podem aparecer diferenciados dependendo da fonte consultada. Essa divergência sobre o tema pode ser explicada por se tratar de uma questão de abrangência global e por existirem muitos interesses envolvidos. www.esab.edu.br 15 Vejamos agora o problema do crescimento populacional desordenado. Stadler e Maioli (2011) nos relatam que em 2009 foram registradas 6,8 bilhões de pessoas no planeta e a previsão para 2050 é de que seremos 9 bilhões. Há quem considere que a Terra tem condições de sustentar essa população, mas pelo fato de ela não estar distribuída de uma forma equânime, estando mais concentrada em países subdesenvolvidos, não será possível oferecer condições de vida adequadas a esse contingente humano. De acordo com Stadler e Maioli (2011), outro problema ambiental da nossa época é a exploração exacerbada dos recursos. Segundo os autores, existe uma exploração exagerada dos recursos marinhos, hídricos, florestais, entre outros, o que demonstra a tese de que a atual produção industrial não é mais viável, pois, como dissemos anteriormente, os recursos são finitos. A escassez de água é outro problema mundial. A ONG Tearfund alerta que “[...] duas em cada três pessoas poderão ficar sem água em todo o mundo até 2025. Como a maior utilização de água é na agricultura – cerca de 70% –, a falta de água ocasionará um aumento do custo de alimentos” (STADLER; MAIOLI, 2011, p. 123). O problema não é precisamente a falta de água, mas o acesso restrito à água potável. A maioria dos principais rios que banham os estados brasileiros, por exemplo, está poluída em razão de a água utilizada nas indústrias, nas residências, nos shopping centers, no comércio, nos matadouros, na mineração, voltar para os rios sem tratamento. Brito e Câmara (1998) comentam adicionalmente que o uso desordenado de fertilizantes, agrotóxicos e pesticidas na agricultura faz com que esses elementos sejam levados pelas enxurradas para os leitos dos rios. Outro fator causador da poluição é o lixo doméstico e hospitalar, que em sua maioria não recebe tratamento adequado. Considerando simultaneamente o crescimento populacional, a superexploração dos recursos naturais e a poluição das águas, podemos perceber que medidas precisam ser tomadas nesses três aspectos a fim de evitar cenários de crise. Todavia, não são medidas de fácil assimilação pela população em geral. www.esab.edu.br 16 Para sua reflexão Você pode imaginar como as pessoas reagiriam se o governo limitasse seu direito de ter quantos filhos quiser? Você pensa que seria fácil frear o consumo atual da sociedade? Ou ainda, como você acha que um problema de poluição instalado desde que se iniciou o processo de industrialização e nunca resolvido seja solucionado em curto espaço de tempo? A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. Assim, muitos ambientalistas argumentam que somente a educação vai salvar o planeta. Precisamos que as pessoas compreendam por si mesmas os problemas e desafios ambientais que temos pela frente e que, imbuídas da consciência de seu papel no processo, movam-se na direção de fazer sua parte e contribuir para o todo. Analisemos agora os problemas na área da saúde. As novas doenças que causam epidemias – legionelose, SARS, AIDS – e o retorno de outras doenças, como dengue, febre amarela, doença de Chagas, são indicações do desequilíbrio existente entre os seres humanos e a natureza. Para Stadler e Maioli (2011), atualmente a mobilidade cada vez maior de pessoas e cargas coloca muitos seres humanos em contato com micro-organismos patogênicos capazes de causar doenças infecciosas. Para os autores, outro setor que sofre grandes ameaças é a biodiversidade. A quantidade de espécies ameaçadas de extinção chega, no caso brasileiro, a 472. No mundo, acredita-se que chegue a mais de 13 mil o número de espécies que estão em risco de extinção. O desmatamento e a erosão do solo, resultados de uso inadequado da terra, provocam um impacto muito grande no funcionamento dos rios, gerando desequilíbrios entre as espécies. www.esab.edu.br 17 Segundo Brito e Câmara (1998), os registros de inundações nas cidades são cada vez mais frequentes, destruindo casas, prédios, pontes e provocando o desbarrancamento de morros. Nos campos, os rios transbordam, inundam e destroem lavouras e pastos, e tudo isso é resultado da utilização inadequada da terra e da falta de proteção ambiental. O uso do solo de forma desordenada é um dos maiores problemas queencontramos nas cidades, especialmente aqui no Brasil. Adicionalmente a todos os problemas decorrentes disso, já citados, temos a questão do trânsito, da falta de áreas de lazer, bem como a fragmentação ou até mesmo o aniquilamento dos sistemas naturais. Como pudemos pontuar, vimos que os problemas ambientais são muitos. Todavia, as pessoas que têm visão proativa sobre o assunto conseguem enxergar grandes oportunidades de trabalho e geração de renda empreendendo ações que visem resolver os problemas ambientais. Veja o caso da 3M Company, empresa multinacional norte-americana de tecnologia diversificada que abarca seis grupos de negócio. Desde 1975, evitou o lançamento de 270 mil toneladas de poluentes na atmosfera e 30 mil toneladas de efluentes nos rios e, além disso, conseguiu economizar mais de US$ 810 milhões no combate à poluição nos 60 países onde atua. Você não acha isso interessante? Outro exemplo é o da empresa Scania Caminhões, que contabiliza uma economia em torno de R$ 1 milhão com programas de gestão ambiental. Ela conseguiu reduzir 8,6% do seu consumo de energia, 13,4% no de água e 10% no volume de resíduos produzidos apenas no ano de 1999 (TACHIZAWA, 2011). A gestão inteligente dos problemas ambientais representa, a curto, médio ou longo prazos, ganhos diretos aos poluentes responsáveis. Toda a degradação representa uma perda, essa é a nova visão que está sendo construída na área ambiental, não por imposição ou marketing, mas por ser fato, seja para as pessoas, o Estado ou as empresas. Pensar em termos da sustentabilidade e da resolução dos problemas ambientais gera economia e melhores perspectivas para o futuro de forma simultânea. www.esab.edu.br 18 Estudo complementar Leia o artigo intitulado “A interferência humana” do Projeto Mudanças Climáticas e Mídia, anotando as informações que achar interessantes para os seus estudos nesta disciplina. Disponível clicando aqui. http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/652 http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/652 www.esab.edu.br 19 3 Cultura ambientalista: história e personalidades Objetivo Relacionar brevemente a história da cultura ambientalista e algumas de suas personalidades. Vamos continuar o nosso estudo? Nesta unidade apresentaremos fatos históricos que apresentam, por intermédio de exemplos, os riscos ao meio ambiente em decorrência de atividades econômicas desenvolvidas sem os cuidados de segurança necessários. Em seguida, citaremos personalidades que fizeram parte da história da construção do movimento ambientalista e, ao final, os principais eventos realizados pela ONU e protocolos decorrentes dessas reuniões internacionais para discutir ações em relação à proteção e conservação ambiental. 3.1 Registros de fatos históricos Começamos apresentando alguns acidentes ambientais que ocorreram ao longo da história e que tiveram repercussão mundial. Conhecer esses acontecimentos é importante para nos alertar que, quando se desenvolve uma atividade que utiliza produtos perigosos, todo controle da segurança se faz necessário. Faremos agora um panorama pelo mundo para conhecer alguns desses acidentes. Stadler e Maioli (2011) relatam que no ano de 1984, na cidade de Bhopal (Índia), quarenta toneladas de gases tóxicos vazaram da indústria Union Carbide Corporation. Estimou-se que apenas na primeira semana 8 mil pessoas morreram. A empresa abandonou o país e pagou ao governo da Índia, por meio do novo proprietário, a Dow Química, uma indenização irrisória. Infelizmente, estima-se que mais de 150 mil pessoas continuam a sofrer com doenças que foram provocadas pelo acidente. www.esab.edu.br 20 Os autores contam ainda que no ano de 1979, na central nuclear Three Mile Island, nos Estados Unidos, e no ano de 1986, em Chernobyl (na antiga União Soviética), ocorreram dois acidentes nucleares que provocaram a morte de centenas de pessoas e trouxeram consequências que duram até os dias de hoje. No ano de 1952, em Londres (Inglaterra), um nevoeiro causado pela poluição do ar matou mais de 1.600 pessoas. No ano de 1956, na baía de Minamata (Japão), ocorreu uma intoxicação por mercúrio, causada pela poluição industrial lançada por mais de 40 anos nesse lugar. O fato repercutiu em inúmeras doenças à população local que consumia peixes e frutos do mar da localidade (STADLER; MAIOLI, 2011). Neste caso, podemos ver que o problema, tratado como acidental, na verdade foi provocado por uma atitude negligente que persistiu ao longo de 40 anos. Podemos ver que foram necessárias quatro décadas e a morte de muitas pessoas para que o lançamento de mercúrio fosse cessado nesse local. Gases tóxicos, metais pesados e elementos radioativos foram utilizados de forma negligente e causaram doenças, mortes e poluição ambiental ao longo da história. Se você for pesquisar, verá que existem inúmeras regulamentações legais para uso dessas substâncias hoje em dia. Portanto, é importante termos consciência de que, quando nos deparamos com um regramento legal vasto e inúmeras normas técnicas que regulamentam as atividades industriais ou de produção de energia, todo esse cuidado tem fundamento técnico e é embasado, muitas vezes, em experiências trágicas do passado. Por isso, tais medidas não podem ser negligenciadas. 3.2 Personalidades Para contrabalançar os fatos negativos que acabamos de ver, apresentamos agora duas histórias interessantes de ambientalistas e também de uma instituição que deixou sua marca na história desse movimento. Stadler e Maioli (2011) nos contam sobre a história da bióloga marinha Rachel Carson (1907-1964) e o pesticida conhecido como DDT. Carson tinha acesso a inúmeros estudos que foram realizados sobre a aplicação www.esab.edu.br 21 do DDT e escreveu uma série de artigos sobre o assunto. Neles ela demonstrou que esse pesticida se acumulava ao longo da cadeia alimentar e que, quando aplicado em uma lavoura, por exemplo, matava insetos durante muito tempo depois da aplicação e, por não ser solúvel em água, era direcionado para rios e lagos quando chovia, causando sérios riscos à população e aos animais que utilizassem essas águas. Como resultado do trabalho dessa cientista e ambientalista, ocorreu uma importante mudança sobre o controle do Estado nas atividades das empresas. Ao invés de os defensores da natureza terem de provar que os produtos das empresas eram prejudiciais, foram os fabricantes que passaram a ter a obrigação de provar que seus produtos são seguros para a saúde e o meio ambiente (STADLER; MAIOLI, 2011). A história de Rachel Carson nos serve como um exemplo de uma atitude corajosa de quem está comprometido com a verdade e nos inspira a ficarmos mais críticos ao avaliar o desenvolvimento tecnológico, no sentido de não somente olharmos pelo lado que nos beneficia, mas também avaliarmos todos os possíveis efeitos do uso dos novos produtos desenvolvidos. Convém relatar que, segundo Stadler e Maiolo (2001), o povo egípcio conhecia o petróleo e sua propriedade combustível muito tempo antes de nós, mas abdicaram do seu uso por considerarem que não seria bom para sua civilização. Os egípcios viveram durante milênios à beira de um grande rio, o Nilo, e não foi a degradação ambiental que limitou seu império. Stadler e Maioli (2011) apresentam outra personalidade interessante. Trata-se de René Jules Dubos (1901-1982), biólogo microbiologista francês com cidadania americana. Atuou na descoberta de inúmeros antibióticos que ajudaram na criação da vacina do Bacilo Calmette- Guérin (BCG) contra a tuberculose. Dubos compreendia como ninguém a interação existente entre os micróbios e o ser humano. Por analogia de seus estudos com os microrganismos, passou a estudar a interação entre o ser humano e o planeta Terra. www.esab.edu.br 22 Preocupado com a forma com que a população vinha tratando o meio ambiente, Dubos era extremamente otimista em relação ao futuro e acreditava que o homem conseguiria solucionaros problemas existentes, pensamento que deu origem ao movimento conhecido como cornucopiano, que defendia que o ser humano, diante de dificuldades, sempre encontra um meio ou uma nova tecnologia que auxilia na resolução dos problemas decorrentes (STADLER; MAIOLI, 2011). A visão otimista de Dubos e do movimento cornucopiano merecem algumas considerações. O potencial inteligente do ser humano é algo que deve ser admirado e estimulado em nossa sociedade. Certamente reside em nós uma real capacidade de promover o sadio desenvolvimento da sociedade. No entanto, sobre esse assunto, é importante considerar que quando se trata de questões ambientais, estamos falando de algo muito amplo, composto por elementos que fogem ao nosso controle e até mesmo ao nosso conhecimento. Observe este exemplo: em uma determinada época, os antigos romanos julgavam que o Sol era uma tocha gigantesca que iluminava o universo. No século XIX, afirmava-se entre os cientistas que o Sol era uma enorme massa de carvão incandescente; no começo do século XX, comparavam-no a um imenso arco voltaico; e em nossos dias, a ciência afirma que o Sol é um forno atômico e que seu combustível fundamental é o hidrogênio. Com esse exemplo, mostramos a você que o nosso conhecimento sobre as coisas pode estar muito restrito ao que conseguimos conceber em um determinado momento e que existem muitas coisas que ainda não conseguimos explicar na natureza e que, portanto, o otimismo é sadio com uma boa dose de prudência associada. Devido a sua ampla visão, Dubos foi escolhido junto com Bárbara Ward para redigir o relatório da Primeira Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em 1972, em Estocolmo, na Suécia. Eles escreveram juntos o livro “Uma Terra somente: a preservação de um pequeno planeta” (1973 apud STADLER; MAIOLI, 2011). Você já ouviu falar sobre o Clube de Roma? Stadler e Maioli (2011) nos contam que essa ONG foi constituída por expoentes cientistas, estadistas, banqueiros, industriais e empresários de todo o mundo. www.esab.edu.br 23 Buscando analisar a situação mundial, a organização contratou, em 1969, uma equipe de pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) para realizar uma pesquisa sobre o futuro do planeta. Essa previsão com soluções para o futuro foi publicada com o título de “Os limites do crescimento”, em 1972. Ele indicava que, no ritmo de crescimento daquela época, a humanidade corria sérios riscos para sua sobrevivência, já que estavam se esgotando os recursos naturais existentes devido ao aumento da população mundial, o que exigia uma produção e um consumo cada vez maiores de energia e alimentos, o que, por sua vez, geraria mais poluição e desemprego. Demonstrou também à sociedade e à comunidade empresarial que existe sim um limite para o crescimento de nossa espécie. 3.3 Principais eventos promovidos pela ONU A sequência de problemas ambientais ocasionados pela forma como o homem explorava a Terra e as pressões de grupos ambientalistas acabaram persuadindo a ONU a convocar uma série de conferências internacionais para tratar a questão. No ano de 1968, foi realizada em Paris (França) a Conferência da Biosfera. Ela deu início a um debate internacional sobre o meio ambiente. Quatro anos mais tarde, em 1972, ocorreu a Primeira Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, realizada em Estocolmo, na Suécia, reunindo 250 ONGs e 113 países em um grande embate entre nações desenvolvidas e emergentes, como era o caso do Brasil (STADLER; MAIOLI, 2011). Segundo os autores, em 1992 aconteceu no Rio de Janeiro a Segunda Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Eco 92, na qual 178 países se reuniram e debateram sobre o meio ambiente e propuseram uma série de convenções e tratados para tentar resolver o problema ocasionado pela exploração desenfreada dos recursos naturais e pelo aumento da poluição. Os objetivos da Eco 92 eram examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e o que ocorrera desde então; auxiliar www.esab.edu.br 24 a transferência de tecnologias não poluentes, principalmente para países desenvolvidos e emergentes conhecerem as diversas estratégias que foram congregadas nos processos de desenvolvimento nacionais e internacionais; buscar o estabelecimento de um sistema cooperativo internacional para socorro em emergências e na previsão de novas ameaças ambientais; e por final, a Eco 92 propôs uma reavaliação dos organismos da ONU responsáveis pelo meio ambiente e suas capacidades de fazer cumprir as decisões tomadas. Essa conferência teve uma conotação política e social muito mais relevante que sua edição anterior, resultando nas seguintes declarações do Rio de Janeiro sobre o meio ambiente e o desenvolvimento: Declaração de Princípios sobre Florestas, Convenção sobre Mudanças Climáticas, Convenção da Biodiversidade, Agenda 21 e Carta da Terra (STADLER; MAIOLI, 2011). A partir da Eco 92, foram elaborados dois protocolos:. • protocolo de Kyoto: assinado por 180 países, estabeleceu que os países industrializados deveriam reduzir a emissão de gás carbônico para diminuir o efeito estufa, devendo chegar em 2012 com níveis 5,2% inferiores aos de 1990 (STADLER; MAIOLI, 2011). Em 2012, na 17ª Conferência da ONU para mudanças climáticas, que aconteceu em Durban (África do Sul), o Protocolo de Kyoto foi renovado até 2017. O novo protocolo, que começou a vigorar em 2013, tem a participação de menos países com a saída de Rússia, Japão e Canadá; • protocolo de Cartagena: trata da biossegurança e entrou em vigor em 2003. Menciona o movimento dos transgênicos entre os países, assegurando que a manipulação de organismos vivos pela biotecnologia não cause efeitos danosos à diversidade ambiental e à saúde do ser humano. No Brasil, entrou em vigor em 2004 (STADLER; MAIOLI, 2011). www.esab.edu.br 25 Esses protocolos formalizaram o compromisso de seus países signatários de gerenciar, de forma mais adequada e segura, duas questões ambientais importantes para o desenvolvimento sustentável do nosso planeta. Tais acordos tocam muito na questão política, e este será o tema da nossa próxima unidade. Fórum Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem da instituição e participe do nosso Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar, por meio da interação, a construção do seu conhecimento. Vamos lá? www.esab.edu.br 26 4 Políticas públicas de meio ambiente no Brasil Objetivo Pontuar as principais políticas ambientais brasileiras. Você vai agora conhecer as políticas públicas ambientais que foram promulgadas em nosso País desde o início do século XX até os tempos atuais, como forma de atender às demandas de gestão dos problemas ambientais por parte do Estado. O governo reagiu a essa demanda instituindo leis e decretos que regulamentaram aspectos importantes. Vamos conhecê-los? 4.1 Política ambiental brasileira Segundo Stadler e Maioli (2011), podemos considerar que a política ambiental brasileira teve início com a publicação, na primeira metade do século XX, de alguns documentos, como o Código de Caça, o Código Florestal, o Código de Minas e o Código de Águas, feitos pelo governo Vargas, a criação do Parque Nacional de Itatiaia, o primeiro do Brasil, em 1937, e da legislação sobre tombamento do patrimônio cultural. Barbieri (2007) define política pública ambiental como o “[...] conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação que o poder público dispõe para produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente” (BARBIERI, 2007 apud STADLER; MAIOLI, 2011, p. 125). Portanto, as políticas públicas ambientais são instrumentos legais que deram “forma”, gestão, às demandas ambientais no Brasil. Em 1981, o Congresso Nacional Brasileiro aprovou a Lei nº 6.938, a qual dispôs sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Ela visou a dar umcaráter formalizador aos outros textos legais sobre o meio ambiente, instituindo instrumentos que viabilizassem a prática da gestão ambiental www.esab.edu.br 27 por parte dos órgãos públicos. Essa lei criou o que se denominou de Sistema Nacional de Meio Ambiente, cuja sigla é SISNAMA. O SISNAMA é composto pelos órgãos da União, estados e municípios que possuem atribuições na gestão ambiental pública. A estrutura do SISNAMA é muito similar em todos os três níveis. Podemos visualizar essa estrutura da seguinte forma: CONAMA (conselho Nacional de Meio Ambiente) IBAMA ICMBio Conselho de Governo Ministério do MeioAmbiente Órgãos estaduais Órgãos municipais CONSEMA (conselho Estadual de Meio Ambiente) CONDEMA (conselho Municipal de Meio Ambiente) Figura 6 – Constituição do SISNAMA. Fonte: Elaborada pela autora (2013). Em relação ao sistema, saiba que os conselhos de meio ambiente dão suporte técnico, julgador e normativo aos órgãos executivos de meio ambiente nas três esferas da federação. Os órgãos executivos são aqueles com os quais as empresas irão se relacionar de forma mais frequente e direta. Além disso, esses órgãos são responsáveis por fiscalizar o cumprimento da legislação ambiental nas empresas e por fazer o licenciamento ambiental. Stadler e Maioli (2011) explicam que existem grandes dificuldades para conciliar os interesses públicos e privados relacionados à questão ambiental, e o governo se viu imbuído com a demanda de estabelecer instrumentos explícitos de políticas públicas ambientais, conhecidos como instrumentos de comando e controle. Os principais instrumentos de comando e controle compõem o que definimos como a fiscalização ambiental e o licenciamento ambiental de atividades potencialmente poluidoras. Você já ouviu falar sobre essas atividades? www.esab.edu.br 28 Por intermédio do licenciamento ambiental, os órgãos públicos de meio ambiente regulam a instalação e operação de diversas atividades potencialmente poluidoras (conceito legal), tais como: indústrias, loteamentos, mineração, estações de tratamento de água e esgoto, aterros sanitários etc. Trata-se de um procedimento de solicitação de emissão de licença ou autorização, a ser realizado pelos empreendedores junto ao poder público, em que se requer as licenças ambientais desde a concepção da atividade, passando pelo seu projeto, construção e operacionalização. Nesse processo, os técnicos ambientais dos órgãos de governo avaliam de forma prévia a adequação legal do empreendimento proposto à legislação ambiental, solicitando adequações e alterações de projeto sempre que necessário. A fiscalização é um instrumento corretivo, utilizado nos casos em que são observados descumprimentos da legislação ambiental por parte de qualquer membro da sociedade. Imbuídos do poder de polícia, os funcionários dos órgãos ambientais têm o poder de embargar obras, exigir cumprimento dos limites toleráveis de poluição ou ainda apreender artefatos utilizados em ações que configuram crimes ambientais. Na sequência à política ambiental, temos a criação de uma série de leis que vieram auxiliar na proteção ambiental, como o caso da Ação Civil Pública em 1985, da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) sobre Estudos de Impactos Ambientais (EIA) e dos Relatórios de Impactos Ambientais (RIMA) em 1986, do Gerenciamento Costeiro de 1988 e do IBAMA em 1989. Em 1988, foi promulgada a atual Constituição Federal brasileira, que representou um avanço relevante na questão ambiental, dedicando-se o Capítulo VI da Carta Magna inteiramente ao meio ambiente. Vejamos: Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988 apud STADLER; MAIOLI, 2011, p. 130) A década de 1990 iniciou com a aprovação da legislação sobre Política Agrícola em 1991, tratando em seguida da Engenharia Genética em 1995 e da utilização dos Recursos Hídricos em 1997. A lei sobre os www.esab.edu.br 29 Recursos Hídricos instituiu mecanismos interessantes de gestão da água, como a cobrança pelo uso e a necessidade de autorização do Estado para o uso da água para diversas atividades. A nova resolução do Conama sobre Licenciamento Ambiental entrou em vigor em 1997, a lei sobre Crimes Ambientais em 1998 e, em 1999, tivemos a publicação da Política Nacional de Educação Ambiental. O século termina com a aprovação da Lei sobre Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, conhecida como lei do SNUC. Em 2001, temos a aprovação do Estatuto da Cidade (STADLER; MAIOLI, 2011). Como você pôde conferir, o Brasil tem um suporte legal bastante amplo para tratar da questão ambiental. Tudo que está em lei deve ser respeitado pela população, e é neste sentido que encontramos alguns pontos de entraves entre o governo e o cidadão, entre o cidadão e o empresário. Na prática, temos diversas situações em que os parâmetros de proteção estabelecidos por lei não são cumpridos pelos cidadãos. São exemplos de parâmetros usualmente descumpridos: as áreas de preservação permanente, os parâmetros de qualidade de lançamento de efluentes e a preservação da Mata Atlântica. As dificuldades em cumprir com a legislação em relação aos parâmetros de lançamento de efluentes é observada em todos os centros urbanos. Podemos ver esgotos sendo lançados diretamente nos rios e basta chover um pouco mais para nos depararmos com o mau cheiro provindo das galerias pluviais das ruas e avenidas. Esses conflitos entre a lei e a prática são o reflexo dos hábitos do homem moderno, em que o discurso e a prática se distanciam tanto que não é possível reconhecer um valor moral no discurso da maioria das pessoas, gerando uma insegurança generalizada. Na próxima unidade, trataremos da responsabilidade social. Bom estudo! Estudo complementar Acesse a Lei nº 6.938 e leia-a na íntegra. Disponível clicando aqui. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm www.esab.edu.br 30 5 Responsabilidade social: introdução e conceitos Objetivo Mostrar a origem da responsabilidade social nas empresas e os principais conceitos envolvidos. Vamos agora introduzir o tema da responsabilidade social. É importante adquirir conhecimento sobre ele, pois é um aspecto complementar ao tema desenvolvimento sustentável, que foi tratado nas unidades anteriores. Vamos entender o contexto em que ele está inserido. 5.1 Origem e atualidade Assim como a questão da responsabilidade ambiental surge dentro de um contexto de sérios problemas decorrentes do modo de funcionamento das empresas, o tema da responsabilidade social também surge dentro de um universo de conflitos. Ao considerarmos o processo de desenvolvimento das atividades empresariais, pode-se perceber que o mesmo não foi acompanhado por uma preocupação para com a sociedade. A tese do liberalismo econômico, cujo maior representante foi Adam Smith, economista escocês do século XVIII, era contrária à intervenção do Estado na economia. Para o liberalismo, o Estado deveria apenas dar condições para que o mercado seguisse de forma natural seu curso. Considerou-se que os agentes econômicos são movidos por um impulso de crescimento e desenvolvimento econômico pessoal, que no contexto macro traria benefícios para toda a sociedade, uma vez que a soma desses interesses particulares promoveria a evolução generalizada e um equilíbrio perfeito. O liberalismo considerou que a preocupação com o bem-estar social seria assegurado pelo Estado e que as atividades econômicas não teriam responsabilidade alguma sobre a questão. Todavia, na prática, as atividades www.esab.edu.br 31 econômicas conquistaram um poder tão grande na sociedade que superaram a capacidade de atuação do Estado, e a questão social acabou desprovida de “alguém” respondendo por suas demandase necessidades. Vamos observar o que aconteceu com o movimento de globalização da economia pautado no liberalismo econômico. Esse fenômeno está relacionado ao aumento do poder dos grupos privados multinacionais em relação às estruturas corporativas locais. Segundo Melo Neto e Froes (2001), os grupos multinacionais caracterizaram-se por proceder com a relocalização das atividades produtivas, partindo de uma visão da disponibilidade de recursos materiais, humanos e financeiros, de modo que os custos de produção caíssem e a lucratividade fosse sempre maior. A ideologia do bem-estar social e a filosofia do pleno-emprego cederam lugar ao novo modelo de globalização. Corroborando para agravar as consequências desse modelo de conduta nos negócios, encontramos os governos dos países focados em gerar mais renda em seu território, sem terem claras as necessidades sociais importantes, como respeito aos direitos humanos e preservação das culturas locais. Principalmente nos países mais pobres, foram abertas as portas às empresas multinacionais, com sua lógica própria, sem impor- lhes as devidas condições de adaptação. Diante dessa situação, a sociedade começou a sentir-se desfavorecida e começou a questionar a ética dessas corporações. O Estado passou a ser questionado e alvo de inúmeras críticas ao seu desleixo para com a sociedade. Adicionalmente, segundo Tachizawa (2011), a sociedade, por meio de seu poder de influência neste processo, o poder de compra, demonstrou sua expectativa em interagir com organizações que fossem éticas, com boa imagem institucional no mercado, e que atuassem de forma ecologicamente responsável. Essas duas fontes de demanda para um reposicionamento das atividades econômicas frente às demandas sociais fizeram com que a ciência da administração movimentasse esforços por incluir em suas teorias e fundamentos a responsabilidade social por parte das empresas. Assim, foi institucionalizado o tema de uma vez por todas, com este novo enfoque. www.esab.edu.br 32 Uma pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Ibope revela que 68% dos consumidores brasileiros estariam dispostos a pagar mais por um produto que não agredisse o meio ambiente. Dados obtidos no dia a dia evidenciam que a tendência de preservação ambiental e ecológica por parte das organizações deve continuar de forma permanente e definitiva; os resultados econômicos passam a depender cada vez mais das decisões empresariais que levem em conta a questão socioambiental. (TACHIZAWA, 2011, p. 5) Portanto, segundo Tachizawa (2011), o executivo dos novos tempos precisa estar preparado para o desafio de harmonizar as preocupações socioambientais. A recompensa virá na forma de estratégias de negócios inovadoras, de uma liderança capaz de sensibilizar os diferentes públicos da empresa, de credibilidade para o esforço e de profundidade, que só se consegue quando a conduta baseia-se em princípios, quando o discurso e a prática são iguais. Para o autor, o avanço tecnológico e o desenvolvimento do conhecimento humano por si só não produzem efeitos se a qualidade da administração efetuada sobre os grupos organizados de pessoas não permitir aplicação efetiva do potencial desses recursos humanos. A administração, com suas novas concepções, entre elas a dimensão da gestão socioambiental, está sendo considerada uma das principais chaves para a solução dos mais graves problemas que afligem atualmente o mundo moderno. 5.2 Conceitos Agora, vejamos alguns conceitos fundamentais. A ideia é que eles fiquem claros para você, o que permitirá compreender melhor suas leituras e também articular-se com o tema de forma mais apropriada. O primeiro deles, como não poderia deixar de ser, é o próprio conceito de responsabilidade social, já que vamos utilizar o conceito apresentado pela norma ISO 26000. Você já deve ter ouvido falar sobre a ISO, mas você sabe o que é a ISO? Trata-se de uma organização internacional com sede em Genebra na Suíça, cuja sigla significa International Organization for Standardization (Organização Internacional para Padronização). Ela é formada por www.esab.edu.br 33 integrantes de diversos países e representantes dos diferentes setores econômicos. A reunião dessas pessoas gira em torno da elaboração de normas internacionais sobre diversos temas, tais como meio ambiente e responsabilidade social. Você vai estudar mais sobre o assunto nas próximas unidades. Por enquanto vamos conversar sobre a norma ISO 26000, que define a responsabilidade social como a incumbência de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que: • contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive para a saúde e o bem-estar da sociedade; • leve em consideração as expectativas das partes interessadas (stakeholders); • esteja em conformidade com a legislação aplicável; • seja consistente com as normas internacionais de comportamento; • esteja integrada em toda a organização e seja praticada em suas relações (INMETRO, 2010). A norma ISO 26000 foi publicada em 2010 e representa o resultado de um processo amplo de debates com diversos especialistas e interessados sobre o tema. Podemos perceber que a definição do termo responsabilidade social veio deixar claro o papel esperado das corporações sobre essa questão. Você pode perceber que a definição abrangeu os aspectos que foram deixados de lado pelas corporações em um primeiro momento, em que somente a lógica econômica influenciou as decisões e os relacionamentos corporativos. Mais adiante na disciplina, aprofundaremos nossa leitura sobre a norma ISO 26000. Por enquanto, faremos uso somente da definição do termo responsabilidade ambiental. Aguarde que mais elementos serão apresentados sobre essa norma. www.esab.edu.br 34 Outro conceito que cabe esclarecer é o de filantropia e investimento social, você vai se deparar com eles ao estudar mais sobre o tema da responsabilidade social. O Instituto Ethos, organização nacional referência em responsabilidade social criada para aglutinar empresas, instituições e conhecimento nesta área, indica que o Investimento Social estabelece o uso voluntário de recursos privados de maneira planejada, ou seja, a partir de um diagnóstico feito que resulte nos projetos sociais que beneficiarão a comunidade dentro de suas necessidades e expectativas. (ARANTES; HALICKI, 2011, p. 99) Já filantropia trata de doações e assistencialismo, de atender a uma situação emergencial e pontual, como, por exemplo, promover doações para atender uma população afetada por uma enchente (ARANTES; HALICKI, 2011). Portanto, segundo os autores, existe uma diferença expressiva entre filantropia e investimento social. Enquanto a filantropia está relacionada às doações de indivíduos ou empresas e não pressupõe qualquer contrapartida além do benefício social, o investimento social relaciona-se à gestão, incluindo monitoramento e retorno. O tema está ficando mais claro para você? Por último, selecionamos o conceito de stakeholders para você conhecer, pois também é muito utilizado e, portanto, será útil. O termo stakeholders é utilizado para denominar o público com o qual a empresa se relaciona e que, de alguma maneira, é afetado por suas operações, sejam elas de fabricação de produtos ou na prestação de serviços. Os stakeholders diretos de uma empresa são acionistas, funcionários, comunidade, fornecedores, clientes, meio ambiente, governo e sociedade. Contudo, ressaltamos alguns stakeholders que podemos considerar incluídos em “sociedade”, mas que precisam ser percebidos claramente devido ao seu papel junto às organizações. São eles: concorrência, mídia, instituições de ensino, organizações internacionais, ativistas, sindicatos e ONGs, entre outros. (ARANTES; HALICKI, 2011, p. 98) www.esab.edu.br 35 Autores como Grayson e Hodges (2002 apud ARANTES; HALICKI, 2011)afirmam que, para a implementação da estratégia empresarial, é importante considerar seus stakeholders. Além disso, cinco pontos principais devem ser avaliados com atenção para que o envolvimento dos stakeholders seja consistente e efetivo. São eles: • a garantia da abertura de um canal de comunicação que possibilite um diálogo; • a capacidade de emitir uma mensagem sobre o assunto de forma que a empresa tenha credibilidade; • o estabelecimento de parcerias com ONGs; • a conquista da confiança do público através da consistência e coerência entre o discurso da organização e as ações que ela realiza; • a utilização de uma linguagem de fácil acesso que garanta a compreensão do público. Como você viu, a responsabilidade social é um tema para ser implementado na prática do dia a dia das organizações, e para isso deve ser internalizada por cada funcionário. Trata-se de estabelecer uma cultura de preocupação com o bem-estar das pessoas, o que envolve desde saber escutar e observar o outro, conhecer suas necessidades e características, até ter atitudes e projetos que vão ao encontro dessas demandas. Estudo complementar Acesse o site do Instituto Ethos clicando aqui e leia a parte referente à sua missão, sua visão, aos seus princípios e compromissos e à sua carta de princípios. Nós vamos falar mais vezes dessa instituição, por isso sugerimos que você a conheça aos poucos. http://www3.ethos.org.br/ www.esab.edu.br 36 6 Responsabilidade social: história e diferentes visões Objetivo Apresentar um pouco da história da responsabilidade social nas empresas e as diferentes visões que existem sobre o tema. A ideia de responsabilidade social por parte das empresas, embora tenha tomado corpo apenas recentemente, já vem sendo concebida há bastante tempo, sendo que há registros de manifestações em prol desse tipo de comportamento já no início do século XX. Segundo Torres (2003 apud ALENCASTRO, 2010), foi somente a partir dos anos 1950 nos EUA e no início da década de 1970 na Europa que o movimento começou a ganhar força, talvez por conta de uma maior responsabilidade das empresas. Torres (2003 apud ALENCASTRO, 2010) nos lembra de que os anos de 1960 e 1970 foram de grande efervescência cultural e social. Esses anos viram nascer uma ampla “contracultura”, que, entre outras coisas, questionava os valores da sociedade industrial capitalista, exigindo intensas transformações políticas, culturais e comportamentais. Nessa época, também eram fortes o movimento sindicalista e estudantil da Europa e a luta pelos direitos civis americanos, principalmente os protestos contra a Guerra do Vietnã. A entrada de empresas no universo das ações de responsabilidade social foi também provocada pela crise do “estado de bem-estar social” (welfare state) que se deu na metade da década de 1970 na Europa. Com a crise econômica e o crescimento do desemprego que atingiram a Europa na década de 1980, as empresas privadas começaram a ser valorizadas pela sua capacidade de proteger os níveis de emprego numa sociedade em crise (TORRES, 2003 apud ALENCASTRO, 2010). www.esab.edu.br 37 Já no Brasil, a responsabilidade social ganhou força no final da década de 1980, consolidando-se no período de 1990-2003. Vários fatores influenciaram esse fortalecimento dos movimentos sociais, inclusive a própria dificuldade do Estado de assumir o seu papel social. A campanha contra a fome e a miséria e a fundação do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), iniciativas do sociólogo Herbert de Souza (Betinho), e a criação do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social – em 1998, por um grupo de empresários e executivos provenientes da iniciativa privada foram grandes impulsionadores da responsabilidade social no Brasil (ALENCASTRO, 2010). O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, cuja missão é “Mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável”, tem conseguido conscientizar e mobilizar de forma notável a classe empresarial brasileira no sentido de uma maior responsabilidade na condução de seus negócios (ALENCASTRO, 2010). No Brasil, temos algumas empresas que são referência em questões de responsabilidade social. As empresas associadas ao instituto Ethos, por exemplo, são ao todo 1.507, distribuídas da seguinte forma: Micro empresa Pequena empresa Média empresa Grande empresa Não informado 58 287 468 270 424 Figura 7 – Empresas associadas ao Instituto Ethos. Fonte: Instituto Ethos (2013). A empresa Natura é um exemplo de empresa, associada ao Instituto Ethos, que possui a cultura da responsabilidade social. Ela tem como missão para essa área, por exemplo, inovar e aperfeiçoar a sociedade, buscando mudanças na atitude e nos valores da sociedade, dentre www.esab.edu.br 38 as práticas de responsabilidade social assumidas como compromisso pela Natura, está o desenvolvimento de projetos sociais junto à comunidade, buscando contribuir de forma inovadora e exemplar para o aperfeiçoamento da sociedade. Em 2011, a empresa firmou acordo com o Ministério da Educação (MEC) em prol da educação pública brasileira e com ele objetivou implantar, como política pública no ensino fundamental, o projeto Trilhas. Tal projeto visou a apoiar o trabalho do professor no campo da leitura e da escrita, com o objetivo de inserir as crianças do 1º ano do Ensino Fundamental no mundo letrado. Neste sentido, podemos perceber que diversos movimentos realizados no Brasil desde a década de 1990 demonstram o interesse que o governo, os empresários, os acadêmicos e a mídia em geral têm com relação ao problema social no país. Vejamos, no Quadro 1, a seguir: Breve linha do tempo sobre a responsabilidade social no Brasil e no mundo 1919 Liga das Nações (entidade antecessora à ONU) 1948 Declaração dos direitos humanos 1953 Estados Unidos da América – “Responsabilidade social dos homens de negócios” – Howard Bowen 1960 Clube de Roma Anos de 1970 Associação dos dirigentes cristãos de empresas – Brasil ADCE – conscientizar as empresas da necessidade de desempenharem sua função social não somente em relação aos seus funcionários, mas também com a comunidade 1975 Brasil – Decreto n° 76.900, o qual torna obrigatória a publicação pelas empresas da Relação anual de Informações Sociais (RAIS), precursora do Balanço Social 1977 França – Balanço Social 1981 Instituto Brasileiro de análises Sociais e econômicas – Ibase 1984 Brasil – Primeiro Balanço Social 1989 Discussões realizadas no comitê de filantropia da Câmara Americana de Comércio deram origem ao Grupo de Institutos, Fundações e Empresas – Gife 1991 Brasil – Critérios do PNQ 1992 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano (Conhecida como Eco 92) 1993 Brasil – ISO 14000 1997 Global Reporting Initiative – GRI e Protocolo de Kyoto 1998 SA 8000 www.esab.edu.br 39 1998 Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social 1999 Global Compact 2000 Brasil – Indicadores Ethos 2001 Fórum Social Mundial 2004 Brasil – ISO 16000 2010 Global ISO 26000 Quadro 1 – Breve linha do tempo sobre a responsabilidade social no Brasil e no mundo. Fonte: Arantes e Halicki (2011). Diferentes visões Segundo Alencastro (2010), existe um ponto de vista que considera como a única obrigação da empresa a de gerar lucro para seus acionistas dentro dos limites legais. O maior defensor desse ponto de vista foi o ganhador do Prêmio Nobel, o economista Milton Friedman, para quem a responsabilidade principal de uma empresa consiste em dirigir os negócios com a finalidade de proteger os interesses dos acionistas, que consistem no rendimento financeiro. Em linhas gerais, nessa visão a responsabilidade de uma empresa consiste em compromisso com acionistas (lucro), trabalhadores (salário), governo (impostos) e comunidade (ações filantrópicas pontuais). Por outro lado, encontramos a posição socioeconômica, segundo a qual a responsabilidadeda administração vai além da simples obtenção de ganhos, incluindo a proteção e o melhoramento do bem-estar social. Nessa perspectiva, para o respeitado economista Paul Samuelson, “[...] a Responsabilidade Social Empresarial é a capacidade desenvolvida pelas organizações de ouvir, compreender e satisfazer expectativas/interesses legítimos de seus diversos públicos” (ALENCASTRO, 2010, p. 130). Empregados, consumidores, fornecedores e comunidade em geral são importantes e devem ter seus interesses respeitados pela organização. O resultado positivo de uma empresa também é consequência do bom relacionamento que ela mantém com seus stakeholders e isso passa pela junção dos ganhos de seus investidores ou proprietários com as legítimas necessidades de todos aqueles que, direta ou indiretamente, são influenciados pelas suas atividades de negócio. (ALENCASTRO, 2010, p. 132) www.esab.edu.br 40 Acreditamos que esta segunda perspectiva é a que está prevalecendo atualmente. Todavia, a postura de maximização dos lucros, tendo em vista exclusivamente o interesse dos acionistas, ainda está bastante arraigada. Para o autor, é interessante o modelo conceitual proposto por Archie Carrol, que aborda a responsabilidade social tanto pela ótica do desempenho empresarial quanto pelo comportamento empresarial responsável. É um modelo que contempla a responsabilidade econômica da empresa em ser produtiva e rentável, sem a qual ela não sobrevive, com seu envolvimento social. Saiba mais Acesse o site do Instituto Ethos clicando aqui, e navegue pelas publicações. Lá você vai encontrar alguns exemplos de projetos desenvolvidos na área da responsabilidade social, como o programa de coleta seletiva da Natura, por exemplo. http://www3.ethos.org.br/categoria/publicacoes/ www.esab.edu.br 41 Resumo Os conteúdos reunidos até agora tiveram por objetivo apresentar, de forma clara, os principais aspectos introdutórios do tema da responsabilidade ambiental e social. Apresentamos os conceitos e principais problemas ambientais, as políticas públicas ambientais brasileiras, bem como um panorama histórico e as diferentes visões atuais da responsabilidade social. Esperamos que você tenha apreciado o conteúdo, pois continuaremos a explorar o tema da responsabilidade socioambiental. É importante para o desenvolvimento de empresas com capacidade de atuação responsável que tenhamos profissionais formados nesta temática, motivados a trabalhar de forma integrada com o tema e conscientes da importância que representam atitudes responsáveis por parte das empresas. Na unidade 1, apresentamos alguns conceitos sobre meio ambiente, ecologia e recursos naturais, bem como desenvolvimento sustentável. Na sequência, na unidade 2, descrevemos os principais problemas ambientais e os desafios que temos pela frente para a resolução desses problemas. Na unidade 3, tratamos brevemente da história da cultura ambientalista por meio de algumas personalidades importantes para o surgimento e a disseminação dessa cultura. Na unidade 4, pontuamos as principais políticas ambientais do Brasil e, na unidade 5, comentamos a origem da responsabilidade social nas empresas e os principais conceitos envolvidos. Por fim, na unidade 6, apresentamos um pouco da história da responsabilidade social nas empresas e as diferentes visões que existem sobre o tema. www.esab.edu.br 42 7 A ética na aplicação da responsabilidade social e ambiental Objetivo Refletir sobre a ética necessária para a implantação e gestão da responsabilidade socioambiental nas organizações. Nesta unidade vamos estudar sobre a ética na aplicação da responsabilidade socioambiental. Como vimos nas unidades anteriores, estabelecer uma relação com os temas da responsabilidade social e ambiental exige uma visão mais consciente sobre o papel das organizações na sociedade. Elas precisam ser reconhecidas como agentes de mudança dentro de um contexto de conflitos ambientais e sociais criados por uma forma de trabalho que visou no passado somente à produção e ao lucro. Para se estabelecer uma relação adequada com a aplicação da responsabilidade socioambiental, é importante: • conhecer o tema. Para esta tarefa, demos o pontapé inicial nas primeiras unidades desta disciplina e vamos continuar até o final desenvolvendo este aspecto; • estabelecer uma relação verdadeira e harmoniosa com o tema, de modo que as reflexões e ações sejam coerentes com as necessidades. Vamos tratar agora sobre este aspecto. Para estabelecermos uma relação verdadeira e harmoniosa com o tema da responsabilidade social e ambiental, é necessário que o profissional da área se importe com a sociedade e seu desenvolvimento. Assim, considerando que todos os cidadãos precisam ser beneficiados, cada qual na sua medida, todos devem ser parte integrante e não excluída dos benefícios oriundos do desenvolvimento. www.esab.edu.br 43 No que se refere às questões ambientais, da mesma forma, é necessário criar uma consciência da nossa relação com o meio ambiente. É preciso compreender que não somente dependemos da natureza para sobreviver, mas que milhares de outros seres vivos têm o direito de viver, independentemente de nossos interesses e necessidades pessoais. Para melhor compreender essa ideia de relação verdadeira, vamos estudar um pouco sobre ética. Portanto, é necessário fazermos um breve recuo na história da humanidade e verificarmos como a questão da ética foi tratada por alguns pensadores. Como os antigos filósofos falavam sobre esse tema? Tanto os gregos como os romanos diziam que a ética harmonizava e ajudava o homem para que nele brotassem as fontes de justiça e do bem. O segundo aspecto a se observar é que a forma de desenvolver a ética, segundo Aristóteles, é ater-se ao estudo e à aplicação das virtudes. A coragem, a justiça, a prudência e a temperança são exemplos de virtudes aristotélicas. Portanto, a ética nos remete a uma reflexão interna, voltada à nossa forma de pensar e de agir e ainda nos convida à prática das virtudes. Segundo Aristóteles, as virtudes são o justo meio entre duas tendências humanas opostas: o excesso e a carência. Por exemplo, a coragem é o justo meio entre a covardia (carência) e a impetuosidade (excesso). Esse filósofo afirmava que as virtudes poderiam ser aprendidas, e desenvolvidas pelo hábito, ou seja, a prática. Seremos músicos compondo música, justos praticando a justiça. Interessante, não? Segundo Alencastro (2010), deriva-se daí a importância da promoção de hábitos sociais por meio dos quais se desenvolva nas pessoas um modo de ser maduro, que se converta na fonte principal de seu agir moral. Uma vez que nos apropriemos de bons hábitos, esse estilo de vida nos proporciona experiências morais e, ao longo do tempo, desenvolvemos a capacidade de agir de forma livre e responsável, pois ficamos mais conscientes para perceber e recusar ações negativas e desqualificadas da verdade e da justiça. www.esab.edu.br 44 Assim, indivíduos virtuosos são aqueles considerados como fundamentais para a construção de uma sociedade sólida e sadia. Mas para viver em sociedade, os indivíduos necessitam ser, além de éticos, políticos, ou seja, precisam dominar a arte de se relacionar com os outros dentro do contexto mais amplo da cidade. Por analogia, em uma organização, além de desenvolver um comportamento ético, é preciso que sejamos capazes de expressar esse comportamento dentro dos interesses e necessidades da organização, de forma que sejamos parte contribuinte para a construção dela. Por sua vez, cabe à organização também se apropriar de uma cultura ética, de uma “plataforma política” coerente e benéfica à sua pequena sociedade, que neste caso é formada pelos funcionários e, de certa forma, por todas as partes interessadas. Seguindo esse raciocínio, a ética é indispensável para a política, pois segundo Arantes, Halicki e Sadler (2011), a política é a arte de estimular a convivência possível dosindivíduos, aspecto muito importante dentro de uma organização. Ética = virtudes pessoais = sociedade sólida e sadia = indispensável na Política = convivência entre indivíduos. Ainda há um aspecto importante para ressaltarmos sobre o estudo e aplicação da ética. Se analisarmos o momento de vida atual, veremos que o homem concebe a si mesmo como um ser múltiplo: pensa de um modo, estuda de outro, trabalha em algo diferente e, em sua vida privada, desempenha mais um papel que nada tem a ver com os outros. Essa pluralidade conduz o homem, em geral, a estados de angústia e desconcerto, visto que, diante de tantas variações de modus vivendi, não consegue encontrar seu verdadeiro eu. Essas contradições nós também encontramos entre os profissionais que propõem soluções, na teoria, para os problemas que afligem a humanidade no tocante ao contexto ambiental. Por exemplo, podemos encontrar profissionais do ramo que possuem discursos sobre como preservar o meio ambiente, sobre técnicas de www.esab.edu.br 45 reciclagem ou conservação da qualidade da água dos rios, todavia esses mesmos profissionais não aplicam tais discursos em seu cotidiano. Ações como separar o lixo ou tratar o esgoto das suas próprias casas são deixadas de lado. Vale salientar que estamos apenas exemplificando a contradição que há nesse meio profissional, mas não estamos aqui generalizando. Você está acompanhando o raciocínio? Faz parte da ética o estudo de como se dá a formação dos hábitos, costumes e até mesmos as regras e leis que regem uma dada sociedade. Ela também se preocupa em compreender o modo como cada indivíduo se posiciona em relação às normas sociais, decidindo individualmente pela sua aceitação ou negação (ALENCASTRO, 2010). Para sua reflexão Como você age nos diferentes ambientes que frequenta? Mantém sempre a sua integridade ou está sempre vestindo um personagem para agradar ou se adaptar a uma ou outra pessoa? Você contribui para a manutenção do meio ambiente? Quais ações você tem praticado? A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. Aplicação da ética nas empresas Vamos agora estudar um pouco sobre como está sendo tratada a ética dentro das empresas? Como vimos anteriormente, as questões éticas devem incorporar o comportamento de todos os seres humanos, expressando-se nos mais diversos setores: na política, na economia, na educação, na religião, nos negócios, enfim, em tudo que diz respeito ao ser humano no mundo, à sua condição humana. www.esab.edu.br 46 Aristóteles nos ensinou que o homem é um ser político e que realiza o seu viver ético pela prática das virtudes, e a vida social é o lugar em que essas virtudes se manifestam. Considerando essa afirmação, é em nossa prática diária dentro das empresas, por exemplo, que temos a oportunidade de aprimorar as nossas virtudes. Segundo Alencastro (2010), a boa conduta só se realiza na vida em sociedade e, para isso, muitas vezes é necessário ceder, abrir mão do nosso egoísmo em prol da coletividade, ou seja, do ambiente em que vivemos. No ambiente corporativo, muitos podem pensar que é suficiente o simples comunicado daquilo que é aceitável ou não pela empresa. Contudo, o que a prática demonstra é a importância de os funcionários demonstrarem a internalização dos conceitos que são fundamentais para a empresa em que trabalham. Somente assim é possível conduzir de maneira legítima a cobrança de procedimentos de acordo com as normas estabelecidas (ARANTES; HALICKI; SADLER, 2011). Para os autores, se considerarmos que a responsabilidade social é a relação ética e transparente entre a empresa e os públicos com os quais se relaciona, veremos que a prática socialmente responsável nos leva a fazer muito mais do que simplesmente imprimir um código de ética e distribuí-lo para os funcionários na saída do restaurante ou ao final do expediente. Então, vamos conhecer um pouco da prática dessa atividade que leva à internalização de conceitos relativos à ética empresarial? Inicialmente, é importante que os dirigentes da empresa tenham muito claro quais são os valores que serão considerados como fundamentais, como base para que a organização atinja visão própria de maneira consistente, ética e transparente. Isso implica dizer que os dirigentes precisam concordar genuinamente que não buscarão atingir a visão da organização contradizendo os valores que foram estabelecidos para ela (ARANTES; HALICKI; SADLER, 2011). Outra questão importante é a necessidade de discutir as questões éticas internamente. As normas que norteiam os procedimentos internos devem ficar claras para todos. Daí a necessidade de se criar um código de ética. Segundo os autores, podemos utilizar as seguintes ações para alinhar as percepções dos colaboradores: www.esab.edu.br 47 • realização de workshops abertos pela alta direção da empresa e conduzidos pela área que coordena as ações voltadas para a sustentabilidade da organização tratando dos seguintes temas: conceitos fundamentais de sustentabilidade e responsabilidade social; valores individuais e valores da organização; missão e visão; o papel de cada um dos funcionários em compreender e adotar a visão; ética, conceito e importância para o sucesso genuíno da organização e para sua relação saudável com a sociedade; • produção de material de comunicação para divulgar internamente os resultados do workshop; • avaliação do workshop pela alta direção e definição dos próximos passos. Ao construirmos um código de ética de forma conjunta, criamos um ambiente preparatório para sua posterior aplicação, além do que os funcionários podem ajudar a definir quais comportamentos julgam ser importantes para o desempenho de suas funções e podem propô-los nesse documento. Estudo complementar No artigo “Virtudes e Vícios em Aristóteles e Tomás de Aquino: oposição e prudência”, Cláudio Henrique da Silva elabora um quadro (p. 131) sobre as virtudes segundo Aristóteles. Leia atentamente cada linha que compreende o vício por deficiência, a virtude ou o vício por excesso. Após a leitura, escolha uma virtude que para você é mais fácil de colocar em prática e outra que seja mais difícil. Disponível aqui. http://www.ifch.unicamp.br/cpa/boletim/boletim05/08silva.pdf www.esab.edu.br 48 8 O papel das pessoas dentro da organização na condução do processo de responsabilidade social e ambiental Objetivo Relacionar a importância das pessoas no processo de construção de um ambiente propício à ética da responsabilidade socioambiental. As empresas sustentáveis reconhecem o valor das pessoas e consideram seus empregados como agentes de mudança e criatividade necessários ao atual mercado. As empresas sustentáveis precisam ganhar o apoio de seus funcionários não apenas para determinar o sucesso de suas operações no sentido comercial, mas também em termos de comprometimento da empresa com questões sociais e ambientais na busca da sustentabilidade. Empresas com esse perfil consideram a promoção dos valores da empresa alinhados com as dimensões econômica, social e ambiental da sustentabilidade. O investimento na qualidade do dia a dia da empresa pode ser observado por meio da organização adequada do ambiente de trabalho, das práticas profissionais, das condições de emprego e do desenvolvimento e da gestão dos recursos humanos. Para transformar desafios econômicos, sociais e ambientais em oportunidades, as empresas precisam aproveitar a criatividade e o senso de inovação dos funcionários em todos os níveis, desde o chão de fábrica, oficina, até a diretoria, por meio do investimento na qualidade do cotidiano empresarial (BUCKLEY; SALAZAR-XIRINACHS; HENRIQUES, 2011). www.esab.edu.br 49 Investir nas pessoas A competitividade e até mesmo a sobrevivência de empresas dependem, cada vez mais, de sua habilidade de garantir que os funcionários estejam motivados, sejam competentes e comprometidos.
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