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Livro Reponsabilidade Socioambiental (1)

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Unidade 1 - Aspectos introdutórios da temática socioambiental 
Apresentação 
Antes de qualquer titulação ou posto empregatício, somos cidadãos e temos 
reponsabilidade com nosso meio de convívio e com as causas 
socioambientais. Temos o compromisso de reestruturar nossas formas de 
pensamento e nosso conhecimento, pois, no decorrer da História, a ideia de 
hierarquização da sociedade sobre o ambiente, ou dentro do próprio âmbito 
social, acarretou reflexos desastrosos. Mesmo em passos lentos, caminhamos 
rumo à construção socioambiental de maneira digna; contudo, para entender 
como isso ocorreu, é necessário fazer uma linha do tempo, compreendendo o 
histórico e o surgimento dos conceitos e seus fundamentos. 
Introdução 
 
Atualmente, a humanidade apresenta forte preocupação com as questões ambientais. No 
sentido restrito, utilizamos o termo “ambiente” para nos referirmos aos aspectos da natureza, 
como a água, as plantas, os “animais”; mas consideramos a “sociedade” como algo à parte, 
como se não houvesse um elo entre ambos. Qual motivo, porém, para inserimos aspas nos 
respectivos termos? 
Porque somos educados, ou doutrinados, a restringi-los em seus significados. 
Quando abordamos a palavra “animais”, em certo ponto, inferiorizamos as 
demais espécies por sermos seres pensantes – mas, nisso, fracassamos. Nós 
nos consideramos inteligentes; porém, não sabemos respeitar o meio em que 
vivemos. Somos definidos como sociais; todavia, negligenciamos o respeito à 
opinião, a escolha, ao status social do outro. Nessa direção, chegamos ao 
limite: da abundância de recursos naturais, mas também do preconceito, 
iniciando uma corrida contra o tempo para equilibrar a balança, e alcançarmos 
a harmonia. 
Podemos afirmar que a humanidade formou subgrupos. Diferentemente de 
outras espécies, na nossa, um subgrupo procura sobressair-se ao outro, 
fazendo com que se estruture uma pirâmide social (Figura 1), o que, em 
determinados momentos, acarreta discriminação. 
No entanto, por qual motivo falamos de ser humano e sociedade, se a temática 
é ambiente? Essa pergunta poderá ser respondida com outra: afinal, somos 
também ambiente? Se a resposta for positiva, o que nos levaria a pensar que 
questões sociais não são discutidas na temática ambiental? O primeiro 
exercício necessário é a reflexão de que não existe diferença entre sociedade e 
ambiente: ser humano e o seu meio constituem algo mútuo e unitário. A 
compreensão é aparentemente simples, mas torna-se complexa ao tentarmos 
colocá-la em prática. 
 
 
 
 
Uma reflexão importante é sobre o que nos leva atualmente a abordar esse 
discurso socioambiental com afinco. Talvez seja a busca pela sensibilização 
social, não se restringindo à conscientização. Sensibilizar a população às 
questões socioambientais procura estimular seu engajamento 
e trabalho efetivo, com a finalidade de um ambiente de melhor convívio. 
Deve-se, por sinal, compreender que a palavra trabalho não está restrita às 
relações de emprego, mas a toda e qualquer atividade socioambiental 
realizada. Para melhor compreensão, pode-se afirmar que a produção do 
conhecimento e o desligamento histórico entre sociedade e ambiente são 
formas de trabalho. Dessa forma, o trabalho é o produto dos fenômenos e da 
relação entre sociedade e natureza, que procura atingir alguma meta ou 
objetivo. Essa finalidade é denominada teleologia. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
A concepção de trabalho foi estudada pelo cientista Sergio Lessa para elaboração 
da sua tese de doutorado, que resultou no livro Mundo dos homens: trabalho e 
ser social. O enredo da obra baseia-se na concepção de trabalho como processo 
de complexidade do ser social e no trabalho abstrato (força produtiva). A 
abordagem da obra é de cunho filosófico e sociológico, e convida-nos a conhecer 
e ampliar a visão sobre o tema (LESSA, 2012). 
 
Nesse enredo filosófico, podemos pensar na relação de trabalho que temos 
com o nosso meio e em ambas as questões, físicas e sociais que o envolvem. 
Compreender esse relacionamento socioambiental exige conhecimento de 
diversas áreas – humanidades, sociais aplicadas, exatas e saúde. Cada qual 
traz uma forma de construção de conhecimento – nem sempre convergente –, 
e essa contradição, ou contraposição de ideias tem a capacidade de formar 
novos conhecimentos. É o que se denomina dialética. 
Esse debate de ideias é importante para a formação de conhecimento, pois o 
ambiente se constitui na interdisciplinaridade. Dessa maneira, a 
implementação do método cartesiano como forma de compreender melhor os 
fenômenos que nos rodeiam acarretou alguns problemas: com o formato de 
fragmentação do conhecimento, precisamos, agora, unir as diversas ciências, 
algo de suma importância para compreendermos o ambientalismo. 
 
CITANDO 
Leandro Konder tratou da dialética em sua obra O que é a dialética, 
publicada pela primeira vez em 1981. O livro, que faz uma abordagem 
estrutural histórica, filosófica e sociológica sobre o tema, traz a 
seguinte definição de dialética pelo autor: “O modo de pensarmos as 
contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade 
como essencialmente contraditória e em permanente transformação” 
(KONDER, 2008, p. 8). 
 
 
 
OS PROBLEMAS AMBIENTAIS DA ATUALIDADE 
 
A crescente demanda por uma soberania econômica dos países implica sérios problemas 
ambientais. Para movimentar a “máquina” financeira e se tornarem concorrentes, as grandes 
empresas buscaram o lucro e se ausentaram das questões do ser humano e seu meio. 
 
É complexo afirmar que os governos são responsáveis pelo desenvolvimento 
regional, pois, durante o processo histórico, em especial após a Segunda 
Guerra Mundial, as grandes corporações, as multinacionais, iniciaram uma 
espécie de regência econômica global. Em geral, torna-se perceptível a 
necessidade das indústrias e do setor de serviços para a manutenção de 
empregos, geração de rendas e afins. 
Uma indústria multinacional, ao se instalar, por exemplo, em determinada 
cidade, ocasiona o surgimento de outras pequenas empresas que lhe darão 
suporte produtivo (peças, tecidos ou qualquer tipo de matéria-prima). 
Também ocorrerá a ampliação do comércio e outros meios de serviços, devido 
à chegada de novos moradores ou visitantes, ampliando a abertura de hotéis, 
restaurantes, entre outros. Além disso, os gestores regionais procuram 
melhorar os serviços básicos, principalmente aqueles relacionados ao 
transporte, o que facilita a locomoção. Isso demonstra a formação de uma 
cadeia que, com o passar dos anos, gera maior engajamento. 
Aparentemente, todo esse processo parece positivo; contudo, há, também, um 
lado obscuro. A falta de preocupação com o meio físico ocasionou a 
devastação de florestas, ameaçando a sobrevivência de espécies. Essa 
remoção de cobertura vegetal também ocasionou a degradação dos solos, bem 
essencial à manutenção da vida, assim como dos recursos hídricos, que foram 
poluídos – em ambos os casos, com consequências consideradas irreversíveis. 
A exploração de bens minerais tornou-se altamente crescente, mas a 
manutenção dos recursos não pôde acompanhar a demanda. 
Além disso, o fenômeno da urbanização ocasionou aumento demasiado na 
geração de resíduos sólidos e efluentes, bem como a constante emissão de 
particulados atmosféricos (orgânicos e inorgânicos), por meio dos gases 
emitidos por indústrias, transportes e pela realização de queimadas (Figura 2). 
 
 
 
 
 
Não somente as questões relacionadas ao meio físico, porém, registraram 
impactos. A necessidade de mão de obra acarretou a busca por pessoas de 
outras regiões que aceitassem empregos exploratórios, sujeitando-se a uma 
elevada carga de trabalho e a baixos salários. Os resultados desse processo 
foram xenofobia e inferiorização do trabalho feminino, e o preconceito 
contra raça e gênero tornou-se crescente. O status social e profissional paira 
sobreo ambiente, dando margem à inferiorização. Mesmo assim, os 
subgrupos, comentados anteriormente, foram incorporados socialmente e 
ganharam força, mas sabemos que esses problemas ainda se encontram 
presentes, embora as legislações e os movimentos para mudanças se 
encontrem ativos e tenham obtido resultados positivos. Todavia, muito ainda 
precisa ser feito. 
 
CURIOSIDADE 
A história de Marie Curie é inspiradora. Nascida em 1867, na Polônia, 
desafiou todos os preconceitos existentes quanto à inferiorização 
social da mulher. Realizou um trabalho crucial sobre a radioatividade, 
 
sendo a primeira mulher, e a única pessoa no mundo, a ganhar o 
Prêmio Nobel duas vezes em categorias científicas distintas, química e 
física. Lutou contra toda forma de discriminação e preconceito, e seu 
legado científico é reconhecido e aplicado até os dias atuais, 
principalmente nas áreas de física, química e na medicina. 
É importante perceber que as atividades relacionadas à economia estarão 
sempre interligadas aos problemas socioambientais. A empregabilidade e a 
necessidade de circulação financeira elevam as relações no interior da 
sociedade e o meio físico. 
A educação é uma ferramenta “libertadora” para a erradicação dos problemas 
apresentados; entretanto, as falhas nesse processo são enormes. O 
esquecimento de que educar é a principal ferramenta para a formação de 
cidadãos é uma das principais delas. A realização de mudanças deve ser 
iniciada a qualquer momento, por mais simples que seja a atitude; porém, a 
educação será crucial e terá impactos na construção de um novo futuro. 
As questões relatadas implicam sérias consequências para um bom 
desenvolvimento socioambiental. A saúde humana é a principal impactada e 
motivo de estudos em diversos países. Um dos temas trabalhados em países 
desenvolvidos é a influência das questões socioambientais na população, pois 
é perceptível o crescimento do número de mortes por câncer devido à 
poluição, da procura por psicólogos e psiquiatras devido a problemas de 
relacionamento etc. – e isso influencia a qualidade de vida e bem-estar do ser 
humano. As melhorias surgirão primeiramente da sensibilização, e 
posteriormente no trabalho para modificação – formas de ação 
denominadas práxis. 
 
DICA 
A práxis é o processo da junção entre teoria e prática. A explanação 
desse conceito foi realizada no trabalho realizado por Pereira e 
 
colaboradores (2016), chamado: “O conceito de práxis e a formação 
docente como ciência da educação”. Mesmo com uma abordagem 
mais voltada à pedagogia, os autores procuram apresentar os 
princípios fundamentais do conceito. 
 
A INTERDISCIPLINARIDADE NAS QUESTÕES 
AMBIENTAIS 
 
Os meios de comunicação facilitaram nossa percepção sobre o sistema causa-efeito 
dos problemas ambientais. Todavia, é importante relembrá-los para fixá-los em nosso 
cotidiano. Podemos classificá-los em: 
 
1. Discriminação por questões de classe, gênero, razão e etnia; 
2. Exploração irregular de recursos naturais; 
3. Abuso de autoritarismo por status social, empregatício ou acadêmico; 
4. Despejo de rejeitos em locais e formas indevidas; 
5. Desmatamento e caça predatória; 
6. Exploração de mão de obra; 
7. Emissão constantes de poluentes atmosféricos; 
8. Ausência de aprendizado sobre deveres sociais éticos. 
As causas dessas questões acarretam uma conjuntura de reuniões, debates e 
movimentos sociais, para o despertar da sensibilização. A academia, como 
principal membro estrutural de discussão dos problemas socioambientais, tem 
o compromisso de trabalhar esses temas e propor soluções. Entretanto, uma 
única ciência não é capaz de ter a totalidade de conhecimentos necessários 
para essa finalidade. 
Um sociólogo, por exemplo, não tem competência, em sua formação, para 
implementar tecnologias industriais de recuperação de áreas degradadas – mas 
tem o conhecimento necessário para compreender as causas humanas que 
levaram à degradação do local. Um administrador não tem, em seu perfil 
profissional, qualificação para análises químicas de despejo de efluentes em 
rios – mas pode trabalhar em conjunto com um especialista na área ambiental 
para propor uma gestão sustentável de resíduos. Esses exemplos demonstram 
a importância do trabalho conjunto das diferentes áreas. 
No decorrer do processo de construção do conhecimento, podemos subdividir 
esse trabalho conjunto em três aspectos: 
 
 
1. Multidisciplinar 
Cada área contribui com seu conhecimento, sem modificações; há uma 
espécie de ponto de vista. 
 
 Interdisciplinar 
As áreas do conhecimento adentram-se umas nas outras e formam uma 
interligação de conhecimentos. 
 
3. Transdisciplinar 
Não existem áreas de conhecimento. Tudo é contínuo, sem ocasionar espécie 
alguma de divisão ou interrupção. 
Este último aspecto é considerado, por diversos cientistas, uma utopia, devido 
à complexidade de um único ser lidar com todo tipo de área existente. No 
caráter multidisciplinar, a falta da construção de novos pensamentos não 
apresentará eficácia quando em comparação com a interdisciplinaridade. Já a 
interdisciplinaridade recebe contribuições em diferentes áreas, e ocorre um 
engajamento, com a construção de novas formas de pensamentos aplicadas em 
diferentes contextos. Nesse caminho, o discurso socioambiental apresenta sua 
formação. 
Atualmente, praticamente todos os cursos de formação profissional e 
tecnológica (técnico, graduação ou pós-graduação) trazem alguma disciplina, 
ou assuntos dentro de sua ementa, que abordam a temática ambiental. Nesse 
sentido, os projetos ambientalistas, por abarcarem diferentes áreas do 
conhecimento, demonstram robustez de elaboração e execução, uma vez que 
sua construção exige diferentes pontos de vistas, que são interligados e 
contextualizados. 
No Brasil, os cursos de pós-graduações stricto sensu (mestrado e doutorado) 
inseridos na área de ciências ambientais da CAPES (Coordenação de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) apresentam a 
interdisciplinaridade de áreas como obrigatoriedade no processo de construção 
de suas dissertações e teses. Caso o trabalho não tenha esse escopo, poderá ser 
penalizado com reprovação. As questões sociais, inclusive, devem ser 
contempladas na problemática da pesquisa, pois, em sua maioria, os 
programas têm o objetivo de formar recursos humanos capazes de 
compreender e solucionar problemas relacionados ao ambiente. 
 
 
 
 
 
 
UM CONVITE PARA REPENSAR O AMANHÃ 
 
Nossas formas de agir, sejam elas positivas, ou negativas, implicarão no futuro. Como forma de 
refletir sobre a exposição anteriormente realizada, percebe-se que o ambiental é algo mais 
abrangente do que os elementos físicos. 
Compreender a natureza e suas interligações é um processo complexo; 
contudo, em um primeiro momento, talvez seja primordial respeitarmos os 
elementos que nos rodeiam. Somos todos os dias convidados a refazer um 
novo amanhã, e repensá-lo significa transformar nossas atitudes e propor 
ações de melhoria. 
Procuremos deixar o pensamento focado no dinheiro, as atitudes de soberba, a 
ganância para passarmos a conviver em harmonia. A teoria ética que 
aprendemos no período escolar é sempre necessária de ser colocada em 
prática, sensibilizando-nos com o meio em que estamos e que vivenciamos. 
Diferentemente das demais espécies, somos seres pensantes – e, ao 
realizarmos escolhas e ponderarmos nossas atitudes, conhecemos as 
consequências das nossas ações. Portanto, ao prejudicarmos o meio em que 
vivemos, temos conhecimento dos impactos que causaremos a nós mesmos. 
 
As gerações futuras agradecerão as transformações positivas que nos 
propusermos fazer hoje, e deverão dar continuidade a elas, pois este é um 
trabalho constante, ininterrupto e inacabável: a manutenção do nosso meio é 
fundamental para melhorar exponencialmente a qualidade de vida e, 
consequentemente, nossa felicidade. 
Numa sociedadeharmonizada, todos têm bons lucros em ambos os aspectos, 
financeiro e moral – pois passamos a refletir sobre o coletivo, e não somente 
sobre as questões individuais. Procuremos, portanto, sempre fazer esse 
exercício de pensar no próximo, sobre as coisas que nos rodeiam e sobre o 
amanhã. 
 
Conceitos e definições 
 
Antes de iniciarmos este tópico, é importante pensarmos que o conhecimento é construtivo. 
A academia exige constantes reflexões sobre suas teorias, pois é dela a 
responsabilidade de formar novos conhecimentos. Como acadêmicos, 
devemos lembrar que o conhecimento deve ser por nós construído, e não 
simplesmente recebido e reproduzido. Algumas pessoas se perguntam por 
qual motivo existe a necessidade de constantes e diferentes formas de leituras 
 
– livros, notas, artigos, comunicações curtas –, e essas questões dúbias são 
erradicadas quando entendemos o verdadeiro sentido de sermos acadêmicos. 
Neste tópico, serão tratados alguns conceitos e definições utilizados 
frequentemente na temática socioambiental. Todavia, é importante lembrar 
que eles são passíveis de mudanças, uma vez que a academia é dinâmica e se 
encontra em constantes transformações. As práxis implementadas são 
responsáveis pelo surgimento de novas formas de visão, já que a prática é 
crucial na efetivação do pensamento teórico. 
 
// Socioambiental/ambiental 
Como abordado, compreende-se como socioambientais (ou ambientais) as 
relações existenciais entre sociedade e natureza. É algo inseparável, que tem 
como produto o trabalho. 
Não há, nessa relação, superioridade ou inferioridade entre as partes, mas um 
equilíbrio. Torna-se importante a fixação dessa “balança equilibrada”, pois 
durante séculos existiu uma discussão acerca de uma superioridade entre as 
partes: ora, a sociedade é responsável pela regência do seu meio; ora, a 
gerência ocorre no sentido inverso. Essa discussão de questões de meio físico 
e social foi fundamental para o surgimento de determinadas ciências, como a 
Geografia. 
A ideia de que o meio físico era superior ao homem fez com que surgisse o 
conceito de espaço vital, de que o homem necessitava explorar os recursos 
para que ocorresse um equilíbrio. Essa forma de pensamento, 
denominada determinista, foi elaborada por Friedrich Ratzel e largamente 
incorporada nas ideologias de Hitler para o nazismo, sendo esse um dos 
primeiros relatos escritos sobre a implementação das questões sociais sobre o 
ambiente. 
 
// Meio ambiente 
Termo usualmente empregado nos estudos voltados às ciências ambientais. 
Entretanto, há cientistas que iniciaram uma espécie de desuso, pois, ao 
inserirmos a palavra “meio”, estaríamos abordando a metade de algo, e, 
devido à interligação existente, não se deve realizar essa inferência. 
Por muitos anos, as questões ambientais foram abordadas nos seus aspectos 
físicos. Contudo, o papel social tem apresentado uma inserção gradativa e 
abrangente na discussão. Por termos sido acostumados (ou até mesmo 
doutrinados) a dividirmos o conhecimento para melhor compreensão, esse 
termo pode ser usualmente empregado para o estudo das questões físicas 
ambientais. 
 
// Áreas degradadas 
Umas das maiores problemáticas ambientais existentes atualmente é a 
degradação ambiental. O termo é empregado principalmente para estudos de 
solos e ecossistemas. 
As atividades humanas, principalmente de industrialização, agricultura, 
pecuária, e mineração, destacam-se no desmatamento e improdutividade do 
solo, por meio do lançamento de rejeitos, como elementos químicos tóxicos. 
Ao dizermos que uma área é degradada, ocorre uma referência àquelas que 
se encontram altamente poluídas e requerem regeneração, a partir de 
tecnologias sustentáveis para melhoramento de solos, afluentes e 
reflorestamento. 
No meio acadêmico, pesquisas voltadas à recuperação dessas áreas são 
constantes. O avanço nas ciências dos materiais possibilitou a aplicação de 
nanopartículas, hidrogéis e estruturas poliméricas que auxiliam, com sucesso, 
a recuperação de solos e rios. 
Atualmente, empresas propõem o financiamento de pesquisas ou compra de 
patentes para solucionar tais problemas, o que implica na inserção de uma 
série de profissionais, como engenheiros, físicos, químicos, administradores, 
biólogos e afins. 
// Desertificação 
 
A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das Nações Unidas 
(ONU). 
A utilização de recursos naturais de forma inapropriada, somada às mudanças 
climáticas e aspectos físicos naturais, ocasiona uma degradação de tal forma 
que torna impossível a regeneração dos locais explorados, fazendo surgir 
áreas áridas e semiáridas. 
Esse debate foi iniciado devido a problemas existentes no continente africano, 
alvo de grandes preocupações. Por envolver aspectos de auxílio financeiro, 
países como os Estados Unidos entraram na “corrida”, com o intuito de 
adquirir lucros, contestando a existência de áreas em processo de 
desertificação em seu território. No entanto, atualmente existe um 
mapeamento e acompanhamento dos países com tendências ao processo de 
desertificação, que podem ser encontrados nas Américas, África e Europa. 
No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação são encontradas na Região 
Nordeste. Um dos núcleos de estudos é o município de Cabrobó, Pernambuco, 
que se encontra em processo avançado (Figura 3). A utilização das técnicas de 
agricultura por inundação, associada à topografia do terreno e alta 
evapotranspiração devido às condições climáticas, ocasionou a formação de 
 
extensas camadas de sais no solo, tornando-o improdutivo e causando 
abandono das áreas. As pesquisas estão concentradas nos aspectos de 
impactos socioambientais, bem como na tentativa de mitigar o problema. 
 
As problemáticas não se restringem aos aspectos físicos, pois os fatores 
sociais são duramente afetados. Ao tornar o solo improdutivo, ocorre um 
impacto direto na produção de alimentos, bem como o abandono dos locais 
pelos moradores. Nesse processo, há uma queda na arrecadação econômica. 
Sendo a região responsável por produzir alimentos para outros municípios, 
estados e afins, o processo ocasionará desabastecimento e prejudicará 
milhares de famílias. Fatores como esses ressaltam a preocupação das 
entidades governamentais sobre o tema. 
 
// Efluentes 
Umas das temáticas mais trabalhadas pelas empresas no setor ambiental são 
os efluentes. A água é um bem precioso, utilizado corriqueiramente em nossas 
atividades do cotidiano. O processo de “chegada, recebimento” da água é 
denominado afluente; e a “saída”, denominada efluente. 
Devido à mistura com outros compostos, orgânicos e inorgânicos, como 
gorduras, pesticidas, metais e afins, os efluentes tornaram-se uma temática de 
grande discussão, pois o destino, em sua maioria, são os rios. Ao serem 
lançados em aquíferos, um dos principais problemas é a carga microbiana 
existente no material, que ocasiona sequestro de oxigênio e impede o 
desenvolvimento e manutenção da vida aquática. 
Os metais são outro exemplo de grandes preocupações, devido à capacidade 
de se acumular nos organismos. Os acúmulos podem acontecer em seres 
humanos, por meio da ingestão, acarretando sérios problemas de saúde. 
Atualmente, há empreendimentos com estações de tratamento e 
monitoramento constante, por meio de análises químicas que atendem às 
legislações ambientais. 
Pesquisas nessa temática registram grandes avanços, principalmente pela 
aplicação de carvões ativados como adsorventes. Outros buscam a utilização 
de organismos vivos, como plantas aquáticas, para realização de tratamentos. 
O propósito, porém, vai além do tratamento, e busca a reutilização para fins de 
serviços gerais ou alguma etapa de processo produtivo. No Brasil, a 
importância do tema reflete-se na construção de linhas de pesquisas em cursos 
de mestrado e doutorado, que se propõem a estudar o problema e buscarsoluções. 
 
// Bioenergia 
 
 
// Bioenergia 
 
As preocupações do petróleo e carvão mineral como bens finitos acarretaram 
mudanças energéticas globais. A busca por fontes alternativas de energia 
tornou-se crescente, a fim de evitar um colapso energético futuro. 
Não somente a falta, mas também a intenção dos países em melhorar suas 
condições ambientais proporcionaram o avanço de pesquisas e implementação 
de fontes limpas e renováveis. 
A bioenergia é compreendida como aquela que acarreta menores níveis de 
impactos ambientais, composta por fontes sustentáveis. Matérias-primas como 
biomassa, sol, vento, são consideradas formas de energia limpa (Figura 4). 
 
 
É de suma importância saber que qualquer forma de energia trará algum nível 
de impacto: o que se diferencia é o grau implicado. 
Petróleo e carvão mineral, além de considerados bens finitos, emitem 
particulados e compostos orgânicos quando em combustão, como os 
hidrocarbonetos polissacarídeos aromáticos, altamente prejudiciais à saúde. 
Estudos apontam positividade em sua substituição por outras fontes, mais 
sustentáveis, com tendência mundialmente crescente; porém, são necessárias 
uma constante atenção e acompanhamento. 
 
A utilização de biomassa pode ocasionar uma competição entre produção de 
energia e alimentos. Entre as matérias-primas utilizadas, os óleos derivados da 
soja e do milho são os principais, mas são eles também fontes nutricionais 
importantes. 
 
Pesquisas que procuram avaliar os impactos ambientais da energia solar e 
eólica apontaram dois sérios problemas: elevação da morte de animais, 
principalmente de aves, e erosão. A devastação de áreas para implementação 
desses modais energéticos também é outra problemática. Compreender tais 
problemas é importante para entendermos que, mesmo em se tratando de uma 
energia sustentável, há alguma forma de impacto. 
 
// Economia verde 
Devido às preocupações com as questões ambientais, as empresas iniciaram 
um processo de mudança e implementaram tecnologias em seu processo de 
trabalho para proporcionar menos impactos ao ambiente. 
Seu propósito sustenta-se em menores emissões de poluentes, bem como na 
criação de produtos biodegradáveis. Esse novo formato produtivo é 
denominado de economia verde e tem demonstrado adesão crescente por 
parte de empreendimentos do setor público e privado. Essa adesão não se 
encontra restrita à diminuição de impactos ambientais, mas também abrange 
mais lucratividade, com diminuição de custos. 
Essa nova visão econômica encontra-se presente em grandes debates e 
participa da agenda da ONU. Os empreendimentos estão gradativamente 
reestruturando suas linhas produtivas e investindo em tecnologias 
sustentáveis. Já os setores públicos têm uma tendência em incentivar essa 
transição, principalmente para atingir as metas propostas em acordos de 
cooperação sobre diminuições da poluição ambiental. São mudanças que 
devem atingir de forma positiva a sociedade, possibilitando e garantindo seu 
bem-estar, sem ocorrência de danos. 
 
// Padrões de consumo 
 
Vivemos numa sociedade em que somos “forçados” ao constante consumo, e essa atividade é 
de suma importância para manutenção econômica. Por quaisquer produtos utilizados 
necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima originada do ambiente, preocupações 
ambientalistas foram iniciadas. 
O consumismo demasiado poderá ocasionar, em breve, a escassez de recursos 
naturais. Daí, o debate visando à mudança. Ao se mencionar sobre padrões de 
consumo, estamos nos referindo à forma como a sociedade adquire e descarta 
seus bens – roupas, eletrodomésticos, calçados e afins. 
 
O desafio atual encontra-se na sensibilização social para o consumo 
consciente, uma atividade de alto grau de dificuldade. Em um meio em que se 
aprendeu que o comprar pode ser uma ferramenta de felicidade, ocasionar 
uma mudança nessa forma de pensar é complexo. 
Contudo, não ocorre a existência de uma alternativa sem ser por meio de 
mudança de atitudes – e a realidade atual é a falta de recursos naturais no 
futuro, já que a demanda é superior se comparada à oferta. Como 
consequência, poderá ocorrer uma queda no bem-estar da população, assim 
como a falta de atendimento para questões básicas e essenciais de manutenção 
diária. 
 
// Mudanças climáticas 
Para compreensão desse tema, uma primeira definição precisa ser esclarecida, 
que é a diferença entre clima e tempo. O tempo é algo mutável – um dia 
poderá ser de sol, e o outro é de chuva. Já o clima é uma observação das 
modificações do tempo numa faixa mínima de 30 anos. 
Quando falamos de mudanças climáticas, a referência é uma grande 
modificação no clima em escala regional ou global. Essa mudança pode 
apresentar sérios riscos à qualidade de vida da população. Áreas de climas 
frios, por exemplo, podem apresentar constante aquecimento. 
As constantes emissões de poluentes são as principais causadoras da 
problemática, uma vez que podem provocar reações com o ozônio atmosférico 
e ocasionar aumento na destruição de filtragem dos raios ultravioletas. Esse 
processo é denominado aquecimento global. 
Ocorrem grandes discussões na comunidade acadêmica sobre essa temática. 
Alguns estudiosos afirmam que a Terra se encontra em um processo de 
aquecimento natural, com tendências futuras de ocorrer um resfriamento, já 
que, no contexto histórico de formação do planeta, existem evidências de 
processos de glaciação e deglaciação. 
Entretanto, a maior quantidade de pesquisas aponta que os impactos 
ocasionados ao ambiente, principal 
mente pela emissão de gases tóxicos no ar, são os principais responsáveis por 
esse processo atualmente. 
 
// Desenvolvimento sustentável 
Entende-se por desenvolvimento sustentável o emprego de tecnologias que 
ocasionem menores níveis de agressão ao ambiente, como a diminuição da 
emissão de poluentes na atmosfera. A terminologia tecnologias 
limpas também é usualmente empregada nessa temática. 
 
A substituição dos combustíveis fósseis (petróleo) por energia de biomassa é 
considerada uma forma de desenvolvimento sustentável. As inovações 
tecnológicas sustentáveis também devem ter um custo acessível, para 
beneficiar todas as classes sociais. A questão social também se encontra 
inclusa no discurso dessa temática, devido à necessidade de melhorar a 
qualidade de vida da população, em uma tentativa de diminuir as 
desigualdades. 
Os limites de recursos naturais devem ser respeitados, e são necessários altos 
investimentos em pesquisas que busquem fontes alternativas em substituição 
parcial, ou total. Atividades que contribuam para a extinção de espécies 
devem ser imediatamente interrompidas e reelaboradas, por poderem provocar 
um desequilíbrio no sistema ecológico. Essas novas visões e perspectivas 
estão sendo gradativamente postas em práticas, principalmente por países 
europeus; entretanto, muito ainda precisa ser realizado. 
 
// Preservação e conservação 
Esses termos, diferentemente do pensamento comum, têm significados 
totalmente opostos. A preservação é designada para áreas com proteção total, 
em que não pode ocorrer nenhuma forma de intervenção humana. Quando se 
trata de conservação, poderá ocorrer a exploração de forma racional, não 
fomentando indícios de qualquer tipo de impacto ao ambiente. O Brasil conta 
com legislações que garantem e delimitam áreas preservadas e conservadas, 
tendo como punição de descumprimento multas e/ou prisões. 
O desrespeito a essas áreas, porém, é uma problemática existente e difícil de 
ser erradicada. As fraudes sobre as legislações ambientais, o descompromisso 
de empreendimentos, tentativas de subornos e trabalho exploratório e ilegal, 
são situações encontradas na exploração de bens naturais: em muitos casos, as 
áreas protegidas têm riquezas minerais, como ouro, ferro, grafeno, estanho e 
afins, cobiçadas por grandes empresas devido às diversas aplicações.Uma 
face esquecida é a riqueza da biodiversidade na fauna e flora existente nessas 
áreas, em alguns casos, pouco conhecidas e estudadas. 
Pesquisas constantes em áreas protegidas demonstram a descoberta de novas 
espécies, bem como melhor compreensão das dinâmicas ecológicas. Os 
estudos de base (aqueles que dão margem a outras pesquisas) apontam que há 
muito que ser descoberto. São fatores como esses que demonstram a 
importância de proteção das respectivas áreas, especialmente em um contexto 
em que, em muitos casos, ocorre negligência para atender anseios 
econômicos. 
// Ecologia, ecossistemas e biomas 
 
 
A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos com seu ambiente é 
denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa, busca-se o entendimento dos padrões 
e diversidades de espécies, modificações fisiológicas ou genéticas, ciclos biogeoquímicos e 
afins. 
São assuntos de extrema complexidade que envolvem, em determinados 
casos, anos de pesquisas para obtenção de resultados. 
O bioma é compreendido pela delimitação de uma região com características 
(climáticas, fisiológicas, geomorfológicas, entre outros aspectos) bem 
definidas. No território brasileiro há seis biomas: Mata Atlântica, Amazônia, 
Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa. 
Denomina-se ecossistema a interação dos fatores bióticos e abióticos, e se 
propõe estudar suas respectivas influências. Esse é um conceito bastante 
utilizado e estudado pelos ecologistas. Contudo, os setores de tecnologia da 
informação também têm-se apropriado dessa terminologia. 
Recentemente, o termo ecossistemas de inovação tem ganhado espaço nos 
debates. Seu objetivo é uma parceria sólida entre entidades governamentais, 
empresas e instituições universitárias, visando à construção e implementação 
de parques tecnológicos. Os temas que têm foco são aqueles voltados ao 
campo das engenharias, informática e outros que envolvem a tecnologia da 
informação. 
 
// Equidade social 
A busca por uma sociedade mais justa é uma das lutas ambientais atuais. A 
questão de justiça não deve se restringir aos aspectos do ser humano em sua 
relação com o meio físico, mas abranger também a relação entre seres sociais. 
O termo igualdade adentra este século para realizar reparos, consertar e evitar 
erros relacionados à justiça social. Contudo, outro termo tem tido sua 
aplicação ampliada: a equidade. 
Diferentemente da igualdade, que busca realizar uma avaliação, julgamento e 
afins e é aplicada igualitariamente a todos, a equidade busca estudar o caso, 
ocasionando uma restruturação de regra, mas sem perda alguma da ética e da 
justiça (Figura 5). 
 
 
 
 
 
 
 
 // Segurança alimentar 
Esse tema pode ser definido como a capacidade de produção e distribuição de 
alimentos seguros para toda a população. As políticas voltadas a mecanismos 
produtivos e disponibilidade de alimentos, a serem elaboradas pelas entidades 
governamentais, é denominada soberania alimentar. 
A temática da segurança alimentar envolve diversos temas: todos aquele 
inadequado também são relacionadas à segurança alimentar. 
 
s voltados à disponibilidade de terra, água e fertilizantes. O contexto também 
está relacionado à aquisição de alimentos saudáveis para a população. 
Temáticas como obesidade e doenças causadas pelo consumo alimentício 
inadequado também são relacionadas à segurança alimentar. 
 
 
RESÍDUOS SÓLIDOS 
Esse tema é definido como qualquer tipo de material ou bem adquirido e 
descartado pela sociedade. Em sua maioria, os materiais podem ser reciclados 
e/ou reutilizados. Contudo, o descarte inadequado apresenta um dos principais 
problemas ambientais atuais. 
No Brasil, em 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n° 
12.305/10): o Ministério do Meio Ambiente (2010) aborda políticas de gestão, 
responsabilidade sobre o ciclo de vida, viabilização de coleta seletiva e 
sistema de informações sobre o gerenciamento de resíduos. 
 
Contudo, falhas envolvendo aspectos financeiros inviabilizam um trabalho 
efetivo, especialmente as diversas falhas no gerenciamento de resíduos. 
Nossas atitudes como cidadãos são importantes, pois a separação dos resíduos 
ainda é algo pouco executado na sociedade. 
 
// Racismo estrutural 
Vivemos em uma sociedade diversificada. Contudo, as políticas étnicas e de 
respeito ao próximo, em alguns casos, não são implementadas. 
No histórico de desenvolvimento humano, a ascensão de um determinado 
grupo social e inferiorização de outro é algo ainda encontrado neste século. 
Essa trajetória histórica, que põe em prática uma cultura que atinge diferentes 
grupos sociais de forma negativa, sem respeito à ética civil, é 
denominada racismo estrutural. 
 
Histórico dos debates a respeito de ética e responsabilidade social no 
Brasil e no mundo 
 
Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos os dias.il 
As mesas redondas e eventos científicos são constantes no mundo inteiro, 
sendo eles responsáveis por traçar e fomentar a compreensão do hoje e 
promover ações que terão efeitos significativos em curto ou longo prazo. Os 
meios acadêmicos e as universidades são os principais polos desses debates, 
destacando-se as Ciências Humanas, embora não sejam exclusivas nessas 
mesas. 
// Uma visão de aspecto mundial 
O debate sobre a reponsabilidade social tem seu principal início marcado pela 
Revolução Industrial no século XVIII. A situação precária de trabalho, em 
maioria exploratórios, fez diversos teóricos debaterem a problemática. 
Entre as teorias realizadas, uma se encontra em debate até os dias atuais: Karl 
Marx elabora as primeiras formulações sobre o capitalismo. A corrente de 
pensamento de Marx era uma dura crítica à exploração exacerbada da classe 
operária, e, em contrapartida, aos lucros e à concentração de renda que 
estavam nas mãos dos grandes donos de empreendimentos. Além disso, as 
teorias de Marx também contemplavam questões ambientais devido aos altos 
níveis de poluição que se alastravam pela Europa. 
As problemáticas relacionadas ao trabalho exploratório fizeram a classe 
operária procurar lutar por alguma forma de garantia de direitos. Esse fator 
estava atrelado, também, à constante modernização fabril, que diminuiu a 
 
dependência de mão de obra e fez com que antigos artesões se tornassem 
desempregados. Essas perspectivas levaram os operários a lutar e a construir 
sindicatos, reconhecidos pelo parlamento inglês após várias lutas, que também 
resultaram no surgimento de movimentos grevistas. 
Outro ponto está atrelado ao engajamento dos setores públicos nas temáticas 
ambientais. A preocupação com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida 
social foi peça-chave para o surgimento de encontros que buscassem propor 
soluções de mitigação. Reuniões que anteriormente eram realizadas para 
atender às preocupações com as perspectivas econômicas passaram a ser 
substituídas pelas pautas ambientalistas. 
O movimento hippie, ocorrido nos anos 1960, também faz parte de uma 
importante conjuntura dos debates sociais. Iniciado com a luta contra o uso de 
armas nucleares, incorporou temáticas importantes em seu discurso, como o 
respeito à natureza, homossexualidade, preconceito racial e consumo 
consciente, dando margem a outros debates pouco comentados naquele 
período. 
 
// O Brasil no caminho da responsabilidade social 
 
Após o período da Ditadura Militar e constituição do Brasil como democracia, novos 
debates surgiram. 
A elaboração da Constituição garantiu as legislações trabalhistas 
anteriormente reduzidas durante a ditadura. A liberdade de expressão e de 
imprensa é devolvida, ampliando a ascensão sobre os problemas sociais, 
principalmente relacionados à pobreza, existentes devido à liberdade dos 
pesquisadores das ciências humanas definirem seus estudos sem a ocorrência 
de algum tipo de retaliação. 
A reforma agrária é outroimportante marco, que possibilitou a distribuição e 
posse de terras para os pequenos agricultores. Diferentemente do que se 
imagina, esse grupo de trabalhadores são os principais responsáveis pelo 
abastecimento alimentício nacional. As grandes lavouras, as agroindústrias, 
têm foco na manutenção do mercado internacional, uma vez que o Brasil é um 
dos principais centros do agronegócio mundial. 
 
 
Movimentos mundiais 
 
// Primavera Silenciosa: um embate com a Revolução Verde 
 
A Segunda Guerra Mundial teve fim no ano de 1945 e deixou consequências graves para 
humanidade. 
O mundo precisava reestruturar-se fisicamente e economicamente. Além da 
morte de milhares de pessoas, outro grande grupo ficou sem acesso a 
alimentos e suprimentos de necessidades básicas. Fatores como esses 
impulsionaram o problema da fome existente em diversos países do mundo, 
mesmo anteriormente à guerra, e fizeram com que surgisse uma visão agrícola 
denominada Revolução Verde. Entre os períodos de 1960 e 1970, países 
como Estados Unidos e México procuraram implementar tecnologias que 
acelerassem a produção agrícola. 
Por outro lado, a utilização desenfreada de pesticidas trouxe problemas 
ambientais. O uso de produtos químicos como fertilizantes era algo 
corriqueiro. Todavia, estudos de monitoramento do meio físico e saúde 
humana, bem como avaliações de riscos, não eram realizados com frequência, 
e não existiam protocolos seguros de utilização e afins. Estudos que fossem 
contra e apresentassem divergências de pensamentos eram duramente 
criticados: um deles realizado por Rachel Carson em 1962, 
denominado Primavera silenciosa. 
A obra, que buscava explicar os impactos da utilização inadequada de 
pesticidas no desenvolvimento vegetal, biodiversidade de espécies e saúde 
humana, foi considerada livro célebre pelo movimento ambientalista moderno. 
Mesmo sendo duramente criticado na época, ele demonstrou com clareza os 
impactos desse modelo de produção e foi crucial para o processo de mudança, 
que, obviamente, não foi rápido. Atualmente, o avanço científico possibilita o 
desenvolvimento de novas perspectivas e tecnologias no campo agrícola, com 
níveis mais baixos de impactos ambientais. 
// Conferência de Estocolmo 
 
O fim da Segunda Guerra também ocasionou outras preocupações ambientais. O relatório 
produzido pelo Clube de Roma em 1972 apontou um problema de crescimento rápido da 
população e que os recursos naturais não conseguiriam suprir as necessidades. 
Naquele mesmo ano, a ONU decidiu realizar a primeira reunião com chefes 
de Estado que procurassem tratar dos problemas ambientais, denominada 
Conferência Mundial do Homem e do Meio Ambiente, popularmente 
conhecida como Conferência de Estocolmo (Figura 6). 
 
 
Problemas como catástrofes naturais, mudanças climáticas, possível escassez 
de recursos naturais e modificações econômicas e sociais foram debatidas no 
encontro, que resultou na Declaração das Nações Unidas sobre o Meio 
Ambiente, também denominada Declaração de Estocolmo, que promovia 
ações ambientais. A importância dessa reunião é pautada por ser a primeira 
vez que as entidades governamentais se preocuparam, oficialmente, com os 
aspectos ambientais. 
 
// A criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas 
(IPCC) 
As mudanças globais do clima despertaram grande interesse das instituições 
governamentais e seus respectivos gestores, o que culminou na criação do 
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change, em 1988. 
A intenção do Painel é voltada à junção e difusão de dados relacionados a 
mudanças climáticas, com a proposta de conhecimento sobre seus aspectos 
fundamentais, formas de solução e efeitos na sociedade (pessoas e questões 
econômicas). 
 
// Protocolo de Quioto 
Os relatórios de IPCC foram fundamentais para, em 1997, ser construído o 
Protocolo de Quioto. A entrada em vigor do Protocolo, porém, foi realizada 
apenas no ano de 2005. 
Sua finalidade tem um significado importante para a manutenção da vida no 
planeta, pois o intuito foi o estabelecimento do controle na emissão de gases 
do efeito estufa (GEE) pelas atividades industriais na atmosfera. 
Os países assinaram um compromisso para diminuição das emissões de CO2, 
e o protocolo também deu margem para o surgimento do termo créditos de 
carbono, em que uma tonelada de dióxido de carbono geraria um crédito em 
forma de certificado. Essas certificações poderiam ser negociadas no mercado 
internacional. 
 
// Eco 92 e Rio + 20 
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, popularmente 
conhecida como Eco 92, foi uma das principais reuniões mundiais a tratar dos 
temas ambientais, com um significativo envolvimento de diversos países 
(176) de todo o planeta. 
Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a conferência procurava definir um 
plano de ação para o desenvolvimento sustentável, e tornou-se o início da 
ascensão global das discussões sobre os problemas ambientais, tendo como 
 
foco a busca por alternativas de solução (Figura 7). Assim como o relatório do 
IPCC, a Eco 92 foi fundamental para elaboração do Protocolo de Quioto. 
 
A Rio+20, por sua vez, foi realizada 20 anos depois e teve por objetivo a 
reafirmação dos compromissos adotados na Eco 92. A conferência também 
teve como foco a observação e discussão de problemas ainda existentes e 
buscou formas de soluções futuras. Um grande diferencial do encontro foi a 
intensificação dos debates voltados à implementação da economia verde. 
 
// Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável 
 
Esse importante evento ocorreu na cidade de Nova York, Estados Unidos, 
com o objetivo de direcionar o planejamento para o desenvolvimento 
sustentável até o ano de 2030. Foram traçados 17 objetivos, denominados 
ODS (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável), como demonstra a 
Figura 8. No encontro, também foram discutidas as ações propostas durante a 
Rio +20. 
 
 
 
Após o período da Ditadura Milit conuição 
A Rio+20, por sua vez, foi realizada 20 anos depois e teve por objetivo a 
reafirmação dos compromissos adotados na Eco 92. A conferência também 
teve como foco a observação e discussão de problemas ainda existentes e 
buscou formas de soluções futuras. Um grande diferencial do encontro foi a 
intensificação dos debates voltados à implementação da economia verde. 
// Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável 
 
Esse importante evento ocorreu na cidade de Nova York, Estados Unidos, 
com o objetivo de direcionar o planejamento para o desenvolvimento 
sustentável até o ano de 2030. Foram traçados 17 objetivos, denominados 
 
ODS (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável), como demonstra a 
Figura 8. No encontro, também foram discutidas as ações propostas durante a 
Rio +20. 
 
Unidade 2 - Aspectos legais e ações globais para o desenvolvimento 
sustentável 
Responsabilidade socioambiental 
Nos últimos séculos, o ser humano passou a interferir cada vez mais nos 
processos naturais. Ao longo do século XX, inúmeros avanços tecnológicos e 
crescimento econômico foram obtidos. Com o aprimoramento tecnológico e 
inúmeras descobertas em todas as áreas do conhecimento, passamos a 
controlar os elementos da natureza e a aumentar sua capacidade de produção. 
Muitos desses avanços visaram à produção e o consumo sem avaliar questões 
de risco ambiental e social. 
O crescimento populacional no pós-guerra (com consequente aumento pela 
demanda por combustíveis fósseis, alimentos e tecnologia) resultou em um 
fluxo enérgico desequilibrado ecossistemicamente. Há muitos anos estamos 
sendo alertados sobre a insustentabilidade dos hábitos de consumo resultantes 
da economia capitalista. 
Atualmente, as sociedades tornaram-se cada vez mais complexas e 
conectadas. Desenvolveu-se o modo globalizado de vida, sendo que padrões 
de consumo adotados em escala mundial resultam em perdas progressivasde 
características geográficas, regionais e culturais, bem como na contaminação 
ambiental, que resulta em perda de diversidade de fauna e flora. 
Nesse mesmo contexto, surge o termo responsabilidade socioambiental. 
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2020), a responsabilidade 
socioambiental está ligada a ações que respeitam o meio ambiente e políticas 
que tenham entre seus principais objetivos a sustentabilidade. 
Responsabilidade socioambiental também pode ser compreendida como um 
conjunto de práticas exercidas por cidadãos, governos e empresas públicas e 
privadas que têm por objetivo providenciarem a inclusão social 
 
(responsabilidade social) e o cuidado com o meio ambiente (responsabilidade 
ambiental). 
Se de um lado temos observado diversas atividades que causam degradação 
socioambiental e colocam em risco a qualidade de vida e a sobrevivência das 
futuras gerações, do outro há diversas organizações se mobilizando para nos 
conscientizar da necessidade de mudança para que o planeta Terra e a 
humanidade possam coexistir (Figura 1). 
 
O NASCIMENTO DO MUNDO GLOBALIZADO E A 
QUESTÃO SOCIOAMBIENTAL 
Nos últimos 250 anos, os impactos causados pelas diversas mudanças 
decorrentes do desenvolvimento industrial ainda não estão totalmente 
desenhados e são debatidos por diversas organizações e meios de 
comunicação. Nos dias de hoje, podemos dizer que a máxima do 
desenvolvimento industrial é a globalização. 
Para chegarmos ao mundo como conhecemos hoje, o mundo globalizado, 
alguns momentos históricos foram cruciais. A Revolução 
Industrial intensificou o uso e a pressão sobre os recursos naturais 
renováveis e não renováveis para atender à intensificação da produção 
industrial em escala. Com a maior demanda por trabalhadores nas indústrias e 
em busca de “uma vida melhor” – aos moldes capitalistas –, muitas pessoas 
saíram do campo para morar nas cidades, processo que culminou 
na urbanização. A revolução verde levou ao campo das tecnologias nunca 
vistas, permitindo incrementos anuais na produtividade de vegetais e carnes, 
comercializados para atender a demanda interna e externa das redes de 
mercado global. 
EXPLICANDO 
Recursos naturais renováveis são aqueles que possuem maior 
capacidade de manutenção e não se esgotam facilmente, são 
exemplos: água, solo, matéria orgânica e vento. Os recursos naturais 
não renováveis são aqueles que se esgotam quando usados sem 
 
práticas sustentáveis e seu tempo de reposição não é comparado à 
cronologia de vida humana, são exemplos: petróleo, carvão mineral, 
gás natural, xisto betuminoso e energia nuclear. Com exceção à 
energia nuclear, todos os exemplos citados são de origem fóssil. 
Estas transformações foram e são acompanhadas pelos impactos negativos ao 
meio ambiente e à perda de características sociais: há aumento das áreas 
desmatadas, da poluição atmosférica, do solo e hídrica, perda de 
biodiversidade, os produtos consumidos não são corretamente descartados, há 
aumento da desigualdade social, entre outros (Figura 2). 
 
Nos dias de hoje, uma vez que é indiscutível que diversas fronteiras 
ecológicas mundiais foram ultrapassadas, o mundo globalizado vem exigindo 
continuamente modelos de produção de bens e serviços obtidos por meio de 
tecnologias que repensem questões de competitividade e que considerem 
formas de mitigação do impacto social e ambiental. 
A importância da avaliação dos danos que a produção e os processos têm 
sobre o ambiente e a sociedade toma forma neste contexto. Além da avaliação, 
ações de gestão que contribuam para o desenvolvimento ambiental e para o 
despertar da responsabilidade socioambiental devem ser propostas por 
governos, empresas e cidadãos. 
A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL COMO COMPROMISSO DE 
MODERNIDADE 
Assistimos em noticiários, nas redes sociais e vivemos diretamente as 
questões ambientais. Comumente, ouvimos falar sobre responsabilidade 
socioambiental. Isso vem acontecendo porque o mundo moderno se deu conta 
de que os impactos dos nossos hábitos de produção e consumo não estão 
alinhados com o poder de resiliência do planeta, uma vez que seus recursos 
são limitados. 
Por esse motivo, instituições públicas e privadas, organizações 
governamentais e não governamentais têm se dedicado cada vez mais a 
programas de implementação de práticas socioambientais e de conscientização 
da população. A ideia consiste em identificar, eliminar ou, ao menos, reduzir o 
impacto negativo que uma determinada atividade possa causar. 
 
 
EXPLICANDO 
Diversas organizações governamentais e não governamentais se 
dedicam à causa socioambiental. Veja alguns exemplos a seguir: 
 Plano nacional de juventude e meio ambiente (PNJMA); 
 Agenda ambiental na administração pública; 
 Instituto de pesquisas socioambientais (IPESA); 
 Instituto socioambiental (ISA); 
 Fundo casa socioambiental; 
 Verdejar socioambiental; 
 Instituto Ethos. 
Uma vez que elas já existem e não se mostraram totalmente efetivas, as 
práticas de responsabilidade socioambiental vão além de Leis. Atualmente, os 
programas devem fomentar e inserir a responsabilidade socioambiental como 
um compromisso diário a ser adotado pela sociedade, de forma a garantir a 
existência de um mundo melhor para as futuras gerações. 
Lembrando que se trata de uma vertente global, diversas ações podem ser 
adotadas a fim de inserir as práticas de responsabilidade socioambiental no dia 
a dia pessoal e profissional. Hoje, a sociedade sabe identificar cidadãos, 
instituições, organizações e empresas que investem em políticas e na cultura 
organizacional sustentável, posicionando-se de forma ética e responsável. 
 
A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL GOVERNAMENTAL, CIDADÃ E 
EMPRESARIAL 
Todos são responsáveis pela elaboração, difusão e aplicação das práticas de 
responsabilidade socioambiental; entre seus agentes, estão os governos, as 
cidades e as empresas. 
O governo atua na pauta socioambiental, formulando leis e ações de 
conscientização que atingem a sociedade civil e empresarial. Para que os 
cidadãos se tornem cientes, possam exigir e exercer a responsabilidade 
socioambiental, o governo deve encontrar meios para que as políticas públicas 
estejam próximas dos cidadãos, divulgando-as nos meios de comunicação e 
redes sociais, adequando currículos escolares e financiando instituições de 
 
pesquisa. Além disso, a gestão socioambiental deve ouvir os cidadãos por 
meio de seus representantes municipais e estaduais, bem como a iniciativa 
privada e as organizações não governamentais. No Brasil, o Ministério do 
Meio Ambiente (MMA) e suas esferas são responsáveis pelo 
desenvolvimento de políticas públicas que tenham como objetivo promover a 
produção e o consumo sustentáveis. Além disso, também é responsabilidade 
do governo promover o crescimento do País adotando práticas de 
desenvolvimento sustentável, ou seja, grandes obras de interesse social devem 
fazer uso de práticas sustentáveis e serem baseadas em estudos de impacto 
ambiental. 
 
As cidades e seus cidadãos têm o compromisso de exercer as práticas de 
responsabilidade socioambiental. Para isso, como mostra o Quadro 1, existem 
diversas ações que podem ser adotadas no nosso dia a dia. Devemos exigir dos 
governantes, políticas que fomentem tal temática e dar preferência ao 
consumo de produtos e serviços de empresas atuantes na causa 
socioambiental. 
Quando nos colocamos como agentes ativos das práticas de responsabilidade 
socioambiental, estamos indiretamente praticando assistencialismo, inclusão 
social, inclusão digital e educação ambiental! Envolver-se nessas ações nos 
torna cidadãos participativos e responsáveis, além disso, as questões 
socioambientais vêm se tornando cada vez mais importantes e moldando-se 
como um dever de todos. 
 
 
 
Os cidadãos exercem a responsabilidade socioambiental individual. Ela 
consiste em atitudes individuais reiteradaspara uma maior preservação do 
ambiente a nossa volta. Devemos pensar que ela deve ser praticada 
individualmente, mas por todos nós, resultando em uma ação coletiva e de 
grande poder ambiental. São exemplos de responsabilidade socioambiental 
individual: 
 
 Evitar usar sacolas e embalagens plásticas; 
 Não desperdiçar alimentos; 
 Separar e reciclar o lixo; 
 Armazenar e destinar corretamente o óleo de cozinha; 
 Economizar água e energia elétrica, usando de forma racional; 
 
 Adquirir eletrodomésticos com baixo consumo de energia. 
As empresas que aderem à responsabilidade socioambiental buscam conhecer 
as características regionais, ouvir seus colaboradores e possuem processos 
e/ou serviços ambientalmente corretos. Elas reconhecem a sua 
responsabilidade socioambiental e assumem voluntariamente compromissos 
que vão para além dos requisitos reguladores convencionais, aos quais estão 
 
necessariamente vinculadas. Procuram elevar o grau de exigência das normas 
relacionadas com a proteção ambiental, com o desenvolvimento social e com 
o respeito aos direitos fundamentais, adotando uma cultura organizacional 
aberta em que interesses de todas as esferas se conciliam em direção a uma 
abordagem global da qualidade de vida e do desenvolvimento sustentável. 
Como podemos observar na Figura 3, adotando as práticas de 
responsabilidade socioambiental e estratégias de marketing, além dos 
benefícios sociais e ao meio ambiente, as empresas também melhoram sua 
imagem corporativa e aumentam seus lucros. Ocorre ainda a valorização da 
marca, maior fidelização dos clientes, redução dos custos, aprimoramento da 
comunicação externa e o melhor desempenho dos empregados. 
 
Empresas podem adotar práticas de responsabilidade socioambiental por meio 
da adoção de programas e projetos de inclusão social ou digital, de direitos 
das mulheres e inserção no mercado do trabalho de maneira igualitária, por 
programas de alfabetização, reciclagem, reflorestamento e recuperação de 
áreas degradadas e destinação e/ou liberação correta de resíduos industriais 
(efluentes ou gasosos). 
 
Aspectos legais 
No que diz respeito às leis de responsabilidade socioambiental, pode-se dizer 
que o Brasil possui uma das legislações mais complexas e avançadas do 
mundo. O cumprimento das leis socioambientais nacionais é, em sua grande 
parte, de aspecto jurídico, mas também podem ser aplicáveis às pessoas 
físicas. 
A Constituição Federal de 1988 prevê que toda pessoa, física ou jurídica, 
que apresentar conduta ou atividade que cause dano ao meio ambiente estará 
passível de sanções penais administrativas, que serão aplicadas 
independentemente da obrigatoriedade de recuperar o dano causado. O 
poluidor é a pessoa jurídica ou física responsável, direta ou indiretamente, 
pelo dano causado. O sujeito se responsabilizará pelo dano ambiental real e 
potencial, que será estipulado por entidades da área. Uma vez que o meio 
ambiente é um direito da atualidade e das gerações futuras, os prejuízos e 
dimensões do dano são de interesse mundial, o que torna a ação jurídica de 
extrema relevância. Contudo, há grande dificuldade na comprovação da escala 
do dano causado, devido à complexidade de mensuração, assim, a 
responsabilidade deverá ser objetiva. 
 
 
O Estado, uma vez que é o responsável pela saúde pública, também pode ser 
responsabilizado pelo dano causado ao meio ambiente quando há omissão de 
sua responsabilidade legal. 
 
A Constituição Federal, alicerçada nos valores da solidariedade, dignidade 
humana e justiça social, instituiu o “estado social”, que deve orientar as 
relações sociais e econômicas. Para que cidadãos, governos e empresas 
exerçam práticas de responsabilidade socioambiental, devemos ter em mente 
que, antes de qualquer coisa, há necessidade da regulação das políticas e dos 
direitos sociais, entre eles, educação, saúde, habitação e assistência social. 
Uma vez que há uma forte tendência de mudança com relação à adoção de 
uma postura ambientalmente correta, a responsabilidade socioambiental 
associada às penalidades legais e exercida pelas leis, normas e infrações 
devem ser conhecidas e praticadas pela sociedade civil, governos e empresas. 
Nas empresas, há a responsabilidade socioambiental empresarial, que tem 
natureza de responsabilidade jurídica caracterizada como encargos sociais 
que, quando não cumpridos, resultam em multas e/ou penalidades. Os 
encargos sociais têm origem na Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). 
Eles são os custos pagos pelo empregador sobre a folha de pagamento de 
salário dos colaboradores. 
 
LEIS SOCIOAMBIENTAIS BRASILEIRAS 
O Quadro 2 lista algumas das leis ambientais mais importantes no País. 
Existem também as leis estudais e municipais, bem como os órgãos que se 
certificam de que elas estão sendo cumpridas, como o Conselho Nacional de 
Meio Ambiente (CONAMA) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) 
 
 
 
A Lei 5.452 é uma das principais leis sociais brasileiras; ela rege os direitos 
dos trabalhadores. Nela, são discutidas questões sobre registro em carteira de 
trabalho e rescisão contratual, vale-transporte, descanso semanal remunerado, 
pagamento de salário, férias, fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS), 
décimo terceiro salário, hora extra, adicional noturno, aviso prévio, licença 
maternidade e paternidade. 
 
A responsabilidade social empresarial aborda questões que vão além das 
regulamentadas por lei. Ela trabalha a igualdade de oportunidades. Deve 
considerar os critérios de promoção dos funcionários, igualdade de gênero e 
pessoas com deficiência, acidentes de trabalho, capacitação continuada para o 
aprimoramento do nível do conhecimento do colaborador, além da relação 
ética entre os colaboradores. 
 
A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 
ALÉM DAS EXIGÊNCIAS LEGAIS 
 
Quando uma empresa ou organização segue leis de cunho socioambiental ou 
normas determinadas por lei, ela está exercendo seu papel como pessoa 
jurídica, ou seja, a empresa está somente seguindo os aspectos jurídicos 
inerentes ao seu setor. Ser uma empresa social e ambientalmente responsável 
vai além das obrigações legais e econômicas: significa que ela se posiciona e 
atua no combate aos problemas, buscando o desenvolvimento socioambiental 
sustentável. 
 
A série ISO (International Organization for Standardization – organização 
internacional para padronização) estabelece sistemas de gestão na cultura 
organizacional de empresas. As séries ISO são compostas por normas que vão 
além das exigências legais e algumas podem se tornar tão importantes que 
passam a ser exigidas em lei. As normas ISO no Brasil são controladas pela 
ABNT NBR (Associação Brasileira de Normas Técnicas). 
A série ISO 14001 possui normas de gestão ambiental que permitem que a 
empresa pratique ideias de mitigação dos possíveis danos ambientais 
decorrentes de sua atividade, objetivando tornar-se sustentável no curto e no 
longo prazo. A norma estabelece algumas práticas: 
 
 Implementação de um sistema de gestão ambiental; 
 Rotulagem ambiental; 
 Análise de desempenho ambiental; 
 Análise de ciclo de vida; 
 Integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de 
produtos; 
 Comunicação ambiental; 
 Mitigação das mudanças climáticas. 
 
 
A adoção das normas também pode trazer benefícios, como: 
 Redução de custos devido ao uso de matéria-prima, água e energia de 
forma consciente; 
 Captação de novos clientes, devido à inserção no mercado ambiental; 
 Melhoria dos processos inter e intra setoriais, bem como, da cultura 
organizacional; 
 Menor risco de falência; 
 Abertura a patrocínios e boa visão internacional; 
 Possível diversificação setorial; 
 Adesão de novos grupos de clientes; 
 Maior qualidade e controle dos produtos, serviços e processos. 
 
A série ISO 9000 fornece meios para implementação e monitoramento 
contínuo de técnicaspara otimização de processos pela implementação de um 
sistema de gestão da qualidade. As normas que compõem a série ISO 9000 
estão sempre sendo atualizadas e são conhecidas e desejadas por empresas do 
mundo todo. Aderir às normas ISO 9000 traz uma série de benefícios: 
 Aumento da produtividade; 
 Redução de custos; 
 Produtos e serviços de maior qualidade; 
 Credibilidade e reconhecimento interno e externo; 
 Visão mais ampla do fluxo de trabalho; 
 Segurança nos procedimentos internos; 
 Colaboradores engajados e integrados. 
A série ISO 45001 implementa um sistema de gestão de saúde e segurança 
ocupacional com foco na melhoria do desempenho das empresas em termos 
de saúde e segurança do trabalho. Segundo a própria norma, uma organização 
é responsável pela saúde e segurança ocupacional dos trabalhadores e outros 
que podem ser afetados por suas atividades. Esta responsabilidade inclui 
promover e proteger sua saúde física e mental. 
 
 
Podem ser citadas como benefícios da implementação da norma ISO 45001 
em uma empresa: 
 
 Gerenciamento de risco e acidentes de trabalho; 
 Redução de afastamentos por acidente de trabalho; 
 Maior qualidade de vida e melhor relacionamento empregador x 
empregado; 
 Redução dos prejuízos financeiros devido a processos trabalhistas. 
 
A ISO 50001 tem objetivo de melhorar a eficiência enérgica das empresas. 
Implementando um sistema de gestão de energética, a empresa tem como 
benefícios: 
 Uso de tecnologias modernas e eficientes; 
 Redução dos custos com energia; 
 Redução da emissão de gases de efeito estufa e das mudanças 
climáticas. 
A adoção das normas ISO atesta a responsabilidade no desenvolvimento das 
atividades de uma empresa. Para sua obtenção e manutenção, são realizadas 
auditorias periódicas por uma empresa certificadora, que deve ser credenciada 
e reconhecida por órgãos nacionais e internacionais. Organizações que aderem 
às normas ISO possuem sistema de manejo integrado e se colocam no 
mercado como responsáveis socioambientalmente. 
 
Desenvolvimento sustentável 
O crescimento econômico no século XX se desenvolveu nos moldes 
capitalistas, passando a depender do consumo cada vez maior de energia e 
recursos naturais (recursos renováveis e não renováveis). Atrelado a isto, da 
década de 1950 em diante, a preocupação com uma eminente explosão 
demográfica global resultante do crescimento dos países pobres causou um 
interesse global pelos temas populacionais. Iniciaram-se diversos movimentos 
para controlar a fecundidade dos países pobres. Na Conferência Mundial de 
População, realizada pela ONU em Bucareste, 1974, de um lado, os países 
desenvolvidos articulavam que, para reduzir a pobreza, deveriam haver 
programas de estímulo à redução do crescimento da população por meio de 
redução da taxa de natalidade, do outro, os países pobres e em 
desenvolvimento defendiam que políticas de desenvolvimento eram 
necessárias. 
Após longos períodos de debates, constatou-se que os moldes de 
desenvolvimento até então adotados poderiam ser insustentáveis, e novos 
meios de produção e consumo deveriam ser adotados uma vez que a 
disponibilidade dos recursos era finita. 
 
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a produção sustentável 
baseia-se na incorporação, ao longo do ciclo de vida de bens e serviços, de 
medidas que minimizem os custos ambientais e sociais resultantes da ação 
humana. Sobre consumo sustentável, entende-se como o uso de bens e 
serviços suficientes para atender às necessidades básicas, proporcionando 
melhor qualidade de vida, enquanto reduz o uso de recursos naturais e 
materiais tóxicos, a geração de resíduos e a emissão de poluentes. 
De acordo com o Relatório de Brundtland, os principais objetivos das políticas 
de desenvolvimento sustentável seriam os seguintes: 
 Retomar o crescimento; 
 Alterar a qualidade do desenvolvimento; 
 Atender às necessidades essenciais do emprego, educação, alimentação, 
saúde, energia, água e saneamento; 
 Manter um nível populacional sustentável; 
 Conservar e melhorar, por meio da tecnologia, as bases dos recursos; 
 Incluir o meio ambiente e a economia nas decisões que afetem a 
sociedade. 
Para atingir tais objetivos de produção e consumo, a modificação das 
organizações deveria ser contínua, contar com o apoio da ciência e manter-se 
dinamicamente equilibrada. Práticas produtivas exploratórias, predatórias e 
que visassem o lucro deveriam dar espaço para relações sociais justas e para 
bem-estar dos seres vivos. 
Em um primeiro momento, a busca pelo desenvolvimento sustentável das 
nações parece limitar seu potencial de desenvolvimento. Na realidade, deve-se 
entender o desenvolvimento sustentável como um conjunto de práticas que 
não limite o desenvolvimento econômico, mas que considere que os recursos 
naturais são finitos e devem ser usados sob um viés conservacionista. Assim, 
se estabelece um paradigma que consiste em diminuir o consumo e a 
exploração dos recursos renováveis e não renováveis pelos países 
desenvolvidos, garantindo que países industrializados – em desenvolvimento 
– possam se modernizar, proporcionando qualidade de vida às suas 
populações em sinergia com o meio ambiente. 
Muito se discute sobre desenvolvimento sustentável; às vezes, há consenso 
entre as atitudes a serem adotadas, às vezes, não há. De fato, diversas ações 
foram tomadas e cada vez fica mais evidente que ainda há muito a ser feito. 
 
AÇÕES GLOBAIS RUMO AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
Chegamos a um ponto em que assuntos relacionados aos impactos da ação 
humana, bem como sobre a necessidade das práticas de responsabilidade 
social são vistos diariamente nos meios de comunicação. Cada dia mais é 
 
exigido que a sociedade adote uma postura de mudança diante de seus meios 
de produção e de suas opções de consumo. 
 
As consequências do desenvolvimento em condições de insustentabilidade 
fizeram com que diversos cientistas discutissem a transgressão das fronteiras 
planetárias. As fronteiras planetárias se referem ao poder de fornecimento 
de recursos e da resiliência do planeta diante dos hábitos e moldes de 
produção e consumo. O conceito pode ajudar a sociedade civil e o poder 
público na definição de modelos de produção seguros para a humanidade e a 
vida na Terra. As nove fronteiras planetárias, segundo Martine e Alves, são: 
 
[...] mudanças climáticas; mudança na integridade da biosfera (perda de 
biodiversidade e extinção de espécies); depleção da camada de ozônio 
estratosférico; acidificação dos oceanos; fluxos biogeoquímicos (ciclos 
de fósforo e nitrogênio); mudança no uso da terra; uso global de água 
doce; concentração de aerossóis atmosféricos; e introdução de poluentes 
orgânicos, materiais radioativos, nanomateriais e microplásticos. Das 
nove, quatro já foram ultrapassadas: mudanças climáticas, perda da 
integridade da biosfera, mudança no uso da terra e fluxos 
biogeoquímicos (MARTINE; ALVES, 2015, p. 445). 
Sobre o aquecimento global e mudanças climáticas, devemos considerar 
duas situações. A primeira trata do efeito estufa natural, que consiste na 
absorção, pelos gases do efeito estufa, dos raios infravermelhos emitidos pela 
superfície terrestre. Este processo permite que a superfície terrestre se 
mantenha em temperaturas ideais para os seres vivos. A segunda situação 
aborda o efeito estufa antrópico, no qual o aumento da concentração 
atmosférica dos gases do efeito estufa, causados pelo uso excessivo de 
recursos não renováveis – como os combustíveis fósseis –, resulta no aumento 
da temperatura da superfície terrestre, chamado de aquecimento global (Figura 
4). 
 
 
A sociedade vem discutindo ativamente as consequências do segundo caso, 
bem como as formas de mitigar as emissões reduzindo a velocidade das 
mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global. 
Os cientistas relatam que, caso nenhuma ação seja tomada,eventos extremos 
podem começar a acontecer, como: aumento da temperatura dos oceanos, 
ondas de calor, alteração dos regimes pluviométricos, desertificação, 
derretimento das calotas polares, redução da diversidade de fauna e flora, 
entre outros. 
O termo “pegada de carbono” refere-se ao consumo individual diante das 
práticas de responsabilidade ambiental, ou seja, o quanto os hábitos de uma 
pessoa podem impactar o desenvolvimento sustentável do planeta. A pegada 
de carbono pode ser calculada, tornando-se um índice, geralmente, expresso 
em emissão de dióxido de carbono – um dos principais gases do efeito estufa 
causado pelo homem – que quantifica o efeito da utilização dos recursos sobre 
a bioesfera. Estes dados individuais podem ser extrapolados para medir os 
efeitos da atividade humana, servindo como base para elaboração de políticas 
públicas e desenvolvimento de novos produtos. 
CURIOSIDADE 
Você pode calcular a sua pegada de carbono pessoal ou simplesmente saber 
mais sobre a pegada de carbono na sua região. Fornecendo informações 
sobre sua dieta, seus hábitos de transporte e consumo de energia, uma 
calculadora especializada fará os cálculos e você poderá comparar sua 
pegada com a de pessoas de outros países. 
 
Sem dúvida, não podemos conceber um mundo sem uso de fontes energéticas. 
Porém, existem diversas alternativas sendo disponibilizadas e aprimoradas 
pela ciência. Diante desse contexto, abordamos a ideia de energia limpa. Ela 
vem de fontes de energia renováveis (Figura 5), e quando optamos por utilizá-
las, estamos reduzindo a emissão de gases do efeito estufa para a atmosfera. 
São exemplos de energia limpa aquelas provenientes de fontes solares, 
eólicas, geotérmicas, hidráulicas e maremotrizes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Empresas que reduzem as emissões de gases do efeito estufa em seus 
processos produtivos podem comercializar créditos de carbono. Esse 
mercado internacional cresce anualmente. Os créditos baseiam-se na 
quantidade de gás não emitido para a atmosfera, sendo que cada crédito se 
refere a uma tonelada de dióxido de carbono equivalente (t CO2e). Não 
somente o dióxido de carbono é contabilizado, outros gases causadores do 
aquecimento global também, mas seus valores são calculados considerando 
sua equivalência em moléculas de dióxido de carbono. 
Os consumidores estão se tornando cada vez mais exigentes e conscientes em 
relação à produção e à origem dos alimentos. Nesse sentido, a agricultura 
intensiva vem avançando lentamente na busca de tecnologias e processos que 
minimizem problemas de poluição e degradação dos recursos naturais e que 
ofereçam produtos seguros ao consumidor final. Podemos citar o zoneamento 
econômico-ecológico, a agricultura de precisão, a fixação biológica de 
nitrogênio, as práticas de controle da erosão do solo, os sistemas de plantio 
direto e o manejo integrado de pragas. Além disso, a produção orgânica será 
decisiva como a agricultura do futuro, assim como os sistemas agroflorestais, 
a agricultura sintrópica e o consumo local. Cada vez mais, os consumidores 
buscam opções de produtos originários do modelo orgânico de produção. Tais 
sistemas resultam em sustentabilidade no curto e no longo prazo, uma vez que 
são baseados em práticas de responsabilidade socioambientais com 
abordagens integradas. Os processos produtivos nesses sistemas são baseados 
nos mecanismos e processos naturais que eliminam o uso dos agrotóxicos e 
fertilizantes sintéticos. 
 
 
 
 
 
 
 
AS TRÊS DIMENSÔES DA SUSTENTABILIDADE 
A responsabilidade socioambiental é alcançada por meio da adoção de 
práticas de desenvolvimento sustentável por empresas, por políticas 
governamentais e pela atuação do cidadão. Ela se concretiza sob o emprego 
das três dimensões da sustentabilidade, como mostrado na Figura 6. 
A esfera social, sob uma perspectiva sustentável de produção e consumo, deve 
considerar a qualidade de vida dos seres humanos tendo em vista a 
diversidade cultural, étnica, religiosa e de gênero, bem como questões 
regionais da comunidade. 
Do ponto de vista econômico, deve-se considerar o papel da sociedade na 
rentabilidade e a viabilidade empresarial por meio de ações ganha-ganha, de 
forma que haja retorno, na forma de lucro, ao investimento realizado pelo 
capital privado e qualidade de vida aos colaboradores. 
 
Na esfera ambiental da sustentabilidade, os processos de produção e consumo 
deverão considerar a adoção de práticas ambientalmente corretas. Termos 
como ecoeficiência, pegada de carbono, energia limpa e sete R’s 
proporcionarão uma cultura organizacional ambiental nas empresas, 
residências e espaços públicos, uma vez que conduzem ao desenvolvimento 
do perfil de responsabilidade socioambiental. 
 
 
 
 
Debates mundiais 
Em 1972, a ONU convoca a Conferência das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente, em Estocolmo, e a pauta ambiental começa a ser debatida 
oficialmente, resultando no Programa das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente. Após alguns anos depois da Conferência das Nações Unidas para o 
Meio Ambiente de 1983, nasce um grande marco da pauta ambiental 
elaborado pela Comissão de Brundtland, o relatório nomeado como Nosso 
futuro comum. 
Após a Conferência, diversos outros eventos discutiram os ideais e os meios 
de conduzir o desenvolvimento mundial para os moldes do desenvolvimento 
sustentável. Em 1988, uma união entre a ONU Meio Ambiente e a 
Organização Meteorológica Mundial (OMM) resultou na criação do Painel 
Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC), sendo que os 
resultados de pesquisas sobre mudanças climáticas realizadas no mundo todo 
são reunidas e relatórios e planos de ação são publicados periodicamente. A 
famosa Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, foi um marco 
de sua década, pois discutiu a importância de se agregar os componentes 
sociais, econômicos e ambientais nas buscas pelo desenvolvimento 
sustentável e finalizou a Agenda 21. O Protocolo de Kyoto, de 1997, 
estabeleceu metas obrigatórias de redução das emissões de gases de efeito 
estufa nos 37 países signatários. 
Em 2000, a Cúpula do Milênio das Nações Unidas definiu oito objetivos 
concretos e mensuráveis, que foram acompanhados em escala nacional, 
regional e global. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) 
foram resultado de uma série de cúpulas multilaterais realizadas na 
década de 90 sobre as condições do desenvolvimento humano. A 
formulação dos ODM contou com especialistas renomados de diversas 
áreas que estiveram focados na redução da pobreza extrema observada, 
principalmente, nos países pobres e em desenvolvimento. 
 
Todos os países signatários da época aderiram ao acordo, 
comprometendo-se em inserir em suas políticas, ações para alcançar os 
objetivos. Os oito objetivos do milênio foram definidos conforme o 
Quadro 3. Eles deveriam ser atingidos até 2015, quando seriam então 
discutidos novamente. 
 
 
 
 
Em 2002, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada 
na África do Sul, discutiu os compromissos e metas da Agenda 21 e analisou 
suas conquistas, para então conceber uma Agenda 21 reformulada, com ações 
concretas e tangíveis em relação àquelas estabelecidas em 1992. 
 
Em 2015, foi definida uma nova agenda, a Agenda 2030. Ela foi desenvolvida 
em um trabalho conjunto entre governos, entidades e sociedade civil. Entre 
outros, foram definidos os 17 Objetivos do Desenvolvimento 
Sustentável (ODS’s), que tiveram como base os ODM’s. Os ODS’s são o que 
se tem de mais atual com relação às metas em direção a um mundo mais 
sustentável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGENDA 21 
A Cúpula da Terra, também conhecida como Eco-92 ou Rio 92, realizou-se no 
Rio de Janeiro, em 1992, e finalizou a Agenda 21. Nela, determinou-se a 
relevância dos países em parceria com empresas, organizações 
governamentais e não governamentais em se comprometerem com estudos

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