Buscar

Morfofisiologia e Semiotécnica do Quadril


Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

Júlia Figueirêdo – LOCOMOÇÃO E APREENSÃO 
MORFOFISOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DO 
QUADRIL: 
O quadril é uma estrutura articular formada 
por três ossos distintos, ílio, ísquio e púbis, 
que se unem por ossificação cartilaginosa 
até o término da puberdade. 
O ponto de encontro dessas 
estruturas é o acetábulo, fossa 
articular que se relaciona com a 
cabeça do fêmur. 
 
Ossos formadores do quadril 
Além de promover a interação entre 
esqueletos axial e apendicular, destacam-
se como funções do quadril: 
 Sustentação do peso corporal (posição 
ortostática e ao sentar); 
 Fixação para músculos que 
estabilizam a postura e o movimento; 
 Proteção e sustentação das vísceras 
abdominopélvicas (ureteres terminais, 
bexiga, reto, órgãos sexuais); 
 Sustentação do útero gravídico. 
A pelve, por sua vez, é o anel ósseo 
formado pelos ossos do quadril, sacro e 
cóccix, tendo como limite anterior a sínfise 
púbica, e inferior o diafragma pélvico. 
 
Composição óssea da pelve 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A principal articulação associada ao quadril 
é a coxofemoral, com conformação “bola e 
soquete”, estabelecendo relações entre a 
cabeça do fêmur e a pelve. 
Essa região pode se movimentar em 
todos os eixos, fornecendo elevada 
amplitude à coxa, sem perda de 
estabilidade. 
Dada sua importância, a articulação é 
reforçada por uma cápsula e pelos 
ligamentos anular do quadril e 
acetabulares transverso, iliofemoral, 
pubofemoral e isquiofemoral. 
A pelve apresenta variações anatômicas 
entre os sexos masculino (ângulo 
suprapúbico entre 50 e 60°, abertura superior 
em forma de coração) e feminino (ângulo de 
80 a 85°, com abertura em formato circular) 
 
Júlia Figueirêdo – LOCOMOÇÃO E APREENSÃO 
 
Organização da articulação coxofemoral 
De modo a contemplar todas as funções 
supracitadas, o quadril apresenta uma série 
de músculos de grande importância, como: 
 Glúteos (máximo, médio, mínimo e 
tensor da fáscia lata): preenchem as 
nádegas e auxiliam na manutenção da 
postura ereta, por meio de potente 
flexão ou extensão; 
 Músculos internos (ilíaco, psoas 
maior/menor, obturador externo, 
obturador interno, gêmeo 
superior/inferior, piriforme e quadrado 
femoral): seu papel é a promoção de 
movimentos para o quadril, permitindo 
que ele se desloque em torno do eixo 
central do corpo. 
 
Músculos internos do quadril (recobertos pelos 
glúteos) 
DESENVOLVIMENTO E ADAPTAÇÕES DO QUADRIL: 
O quadril passa por um longo processo de 
evolução entre o período fetal e a vida 
adulta, desde o desenvolvimento da região 
coxofemoral, com a formação dos primeiros 
pontos de ossificação (íleo, ísquio, púbis e 
diáfise do fêmur) e das cartilagens de 
crescimento. 
O núcleo de ossificação cotiloideo, 
responsável pelos ossos do quadril, é o 
primeiro a aparecer, promovendo a fusão 
de seus componentes sobre uma rede 
cartilaginosa em Y (trirradiada), 
centralizada perfeitamente sobre o fundo 
acetabular. 
O fêmur em desenvolvimento, por sua vez, 
apresenta, em sua porção cefálica, uma área 
de crescimento cartilaginoso que separa os 
centros de ossificação trocantéricos e da 
cabeça femoral, bem como a cartilagem de 
conjugação, a partir da qual surgirá o corpo 
ósseo. 
Posteriormente, ao nascimento, essas 
estruturas irão separar a diáfise da 
epífise (núcleo cefálico) e das 
apófises, que irão se consolidar como 
trocânteres maior e menor. 
Observa-se que, entretanto, nenhuma 
dessas estruturas é visível em 
radiografias nos momentos após ao 
nascimento, pois ainda não há ossificação 
suficiente. 
 
Radiografia de um recém-nascido evidenciando 
segmentos radiotransparentes na porção epifisária 
do fêmur e pelve 
Assim, para a correta formação do 
acetábulo, são necessários três elementos 
fundamentais, a saber: 
Júlia Figueirêdo – LOCOMOÇÃO E APREENSÃO 
 Cartilagem subcapital: é responsável 
por unir o núcleo cefálico à metáfise do 
fêmur, sendo uma das principais 
responsáveis pelo crescimento de sua 
porção superior. No organismo em 
desenvolvimento, reage a aplicação de 
carga e à contração muscular; 
 Cartilagem do trocânter maior: está 
intimamente associada ao glúteo médio, 
que auxilia a manter o eixo femoral a 
partir de forças de tração, sem as quais 
é desenvolvido valguismo; 
 Cartilagem em Y: essa estrutura, já 
citada anteriormente, contribui não só 
para o crescimento adequado do 
acetábulo, como também para o 
desenvolvimento pélvico. 
EXAME FÍSICO DO QUADRIL: 
O exame físico do quadril se inicia assim 
que o paciente adentra o consultório, com a 
inspeção atenta da marcha, que pode ser 
afetada por diversas patologias. Observam-
se ainda assimetrias (sugestivas de 
encurtamento de membros) e alterações 
posturais. 
A palpação, por sua vez, visa detectar 
pontos dolorosos, tumorações e 
deformidades ósseas, além de avaliar o 
tônus e o trofismo da musculatura. 
 
 
 
 
De forma geral, são identificáveis os 
seguintes grupos musculares: 
 Flexores: mais anteriorizados, são 
representados pelo íleopsoas, reto 
femoral e sartório; 
 Abdutores: os músculos glúteo médio e 
mínimo encontram-se na região lateral 
do quadril (glúteos médio e mínimo); 
 Extensores: são músculos posteriores, 
destacando-se o glúteo máximo e os 
isquiotibiais; 
 Adutores: estão presentes na região 
medial os músculos adutores longo, 
curto e magno, pectíneo e grácil. 
Para a avaliação da mobilidade, o indivíduo 
deve ser posicionado com a pelve alinhada 
ao tronco, realizando-se testes ativos e 
passivos, de grande valor especialmente 
em quadros onde não é possível completar 
manobras por conta própria. 
Se houver sucesso nas manobras 
passivas, mesmo após o fracasso em 
tentativas ativas, a causa da restrição 
é a fraqueza muscular. 
 
Execução ativa (esq.) e passiva (dir.) da adução do 
quadril 
 
 
 
 
 
 
A realização de exame neurológico 
também se aplica ao quadril, podendo ser 
dividida em dois momentos, a saber: 
 Testes motores: determinam o grau de 
força muscular dos grupamentos 
supracitados 
Os principais pontos de referência são as 
espinhas ilíacas ântero e 
posterossuperior, a crista ilíaca, o 
trocânter maior e a tuberosidade 
isquiática, seja para análise dos músculos 
ou de nervos e vasos (ex.: artéria femoral). 
 
A amplitude média dos movimentos do 
quadril são: 
Flexão: 0-120°; 
Extensão, adução e rotação interna: 
0-30°; 
Abdução e rotação externa: 0-45°. 
Júlia Figueirêdo – LOCOMOÇÃO E APREENSÃO 
o Músculos flexores (inervados por L1 
a L3): testados em posição sentada, 
com as pernas pendentes, 
solicitando que o paciente tente tocar 
o abdome com a coxa, sob 
aplicação de resistência pelo 
profissional; 
 
Posicionamento e execução do teste de força 
muscular em extensão 
o Músculos extensores (inervados por 
S1): solicita-se que o paciente, em 
decúbito ventral tente estender o 
quadril sob resistência na coxa 
posterior; 
 
Execução da avaliação da força muscular em 
extensão do quadril 
o Músculos abdutores (inervados por 
L5): devem ser avaliados em 
posição sentada, enquanto é 
exercida força contrária sobre a face 
lateral dos joelhos do paciente, que 
é solicitado a afastar (abduzir) as 
coxas; 
 
Prova para força muscular do quadril em abdução 
o Músculos adutores (inervação 
mediada por L2 a L4): ainda sentado, 
o indivíduo é requisitado a afastar os 
membros inferiores, sendo que a 
resistência passa a ser exercida 
sobre a face medial do joelho. 
 
Realização do teste de adução do quadril 
A classificação empregada para estratificar 
os resultados abaixo é a MRC, dividida em 
seis graus conforme a presença de 
movimentação contra gravidade e o 
“vencimento” da resistência aplicada 
contra o músculo. 
 
Divisão da força muscular de acordo com a gradação 
MRC 
 Testes sensitivos: a sensibilidade da 
pele do quadril é oriunda dasraízes T12 
(região do ligamento inguinal), L1 (terço 
Júlia Figueirêdo – LOCOMOÇÃO E APREENSÃO 
superior da coxa), L2 (terço médio da 
coxa) e L3 (porção inferior da coxa) 
anteriormente, com fibras vindas de S1 
e S2 suprindo a parte posterior da coxa, 
desde a prega glútea à fossa poplítea. 
 
Dermátomos relacionados a região do quadril, em 
vista posterior (esq., cores mais fortes) e anterior 
(dir., tons claros) 
TESTES ESPECIAIS NO EXAME DO QUADRIL: 
No que se refere aos testes especiais para 
investigação de doenças do quadril, 
destacam-se: 
 Teste de Trendlemburg: determina a 
força do glúteo médio (abdutor), ao 
observar a altura das cristas ilíacas 
com o paciente em ortostase e apoio 
unilateral, estando o examinador 
posicionado atrás deste. 
Em caso de insuficiência muscular, 
haverá inclinação da pelve, que se 
elevará para o lado examinado, uma vez 
que o glúteo médio é o maior 
responsável pelo nivelamento do 
quadril. 
 
Comparação postural no teste de Trendlemburg 
 
 
 
 
 
 Teste de Thomas: realizado por meio da 
flexão de ambos os quadris (paciente 
“abraça” os joelhos) enquanto a sua 
coluna é estabilizada pelo examinador. 
Em seguida, o membro examinado deve 
ser estendido até que o quadril comece 
a oscilar. Caso isso ocorra com algum 
grau de flexão, o teste é positivo para 
contraturas musculares. 
 
Posicionamento esperado e patológico após o teste 
de Thomas 
 Teste do músculo piriforme: a 
compressão do nervo isquiático, 
decorrente do espessamento do 
piriforme, induz dor na região glútea, 
exacerbada ao promover abdução e 
rotação interna do quadril, com o 
paciente em decúbito dorsal; 
 
Execução de compressão sobre o joelho para 
simular a dor glútea da síndrome do piriforme 
Como o quadrado femoral pode sustentar 
brevemente essa estrutura, é recomendado 
que o teste dure ao menos 1 minuto. 
 
Júlia Figueirêdo – LOCOMOÇÃO E APREENSÃO 
 Teste de Volkmann: usado para 
determinar o comprometimento do anel 
pélvico em fraturas, é realizado por 
meio da abertura forçada do quadril 
pelo examinador, com suas mãos sobre 
as espinhas ilíacas anteroinferiores. 
É positivo na presença de dor, porém 
deve ser executado delicadamente 
para não agravar o estado do trauma. 
 
Execução do teste de Volkmann 
 Teste de Ely: identifica a presença de 
contraturas do reto femoral ao 
promover a flexão passiva do joelho 
durante a prona. O encurtamento 
muscular (“levantamento da pelve”) 
sugere teste positivo; 
 
 
Teste de Ely negativo (acima) e positivo (abaixo), 
indicado pela elevação da pelve (seta) 
 Teste de Anvil: é realizado com o 
paciente em decúbito dorsal, com o lado 
do quadril a ser examinado flexionado 
passivamente a 45°, mantendo o joelho 
em extensão. É realizada a 
punhopercussão do calcanhar. Se 
houver dor, o teste é positivo, indicando 
o comprometimento do acetábulo; 
 
Procedimento de realização do teste de Anvil 
 Avaliação da diferença de 
comprimento de MMII: pode ser feita 
com a mensuração aparente (considera 
o comprimento entre a cicatriz umbilical 
ao o maléolo medial) ou a mensuração 
real (da espinha ilíaca anterossuperior ao 
maléolo medial), sempre comparando 
ambos os lados. 
Na presença de contraturas é 
necessária a medida segmentar da 
coxa e da perna. 
 
Comparação entre dissimetria estrutural (A) e 
funcional (C) dos MMII 
 Teste para lesão do lábio acetabular: a 
dor pode ser desencadeada pela 
manobra de movimentação passiva 
Júlia Figueirêdo – LOCOMOÇÃO E APREENSÃO 
com flexão, adução e rotação medial 
do quadril (FADURI), que provoca o 
choque do colo do fêmur e da margem 
anterior do acetábulo. 
Esse quadro também causa 
sensação de bloqueio de movimento 
e estalidos articulares, com 
desconforto crônico. 
 
Posicionamento sequencial no teste para lesão do 
lábio acetabular, com flexão (A), rotação interna e 
adução (B) e a posição final adotada (C) 
AVALIAÇÃO DO QUADRIL DA CRIANÇA: 
As principais particularidades no exame 
físico do quadril em pediatria, especialmente 
em neonatos, são as manobras clássicas 
para o diagnóstico da displasia do 
desenvolvimento do quadril (DDQ): 
 Manobra de Ortolani: o examinador 
posiciona a criança, mantendo os 
polegares na base da face medial da 
coxa, e os dedos médios apoiados nos 
trocânteres. A seguir, é feita a abdução 
e rotação externa dos quadris (“posição 
de rã”), por meio da supinação das mãos 
do médico. 
Na DDQ, essa movimentação reduzirá a 
luxação, trazendo a cabeça do fêmur ao 
acetábulo, o que causa um estalido. 
 
Posições inicial (esq.) e final (dir.) na manobra de 
Ortolani 
 Manobra de Barlow: é realizada em 
dois tempos, sendo o primeiro 
provocativo, no qual o examinador aduz 
e pressiona com os polegares a face 
medial da coxa, como forma de emular a 
luxação da cabeça do fêmur. A 
segunda etapa é idêntica à manobra de 
Ortolani, de forma a reduzir a área 
luxada. 
 
Comparação entre os movimentos da manobra de 
Ortolani e Barlow (2ª etapa) 
O teste de abdução do quadril também 
apresenta resultados distintos na pediatria, 
pois recém-nascidos apresentam maior 
amplitude de movimento nesse eixo. 
Assim, em quadros de DDQ, observa-
se limitação unilateral da 
mobilidade, associada à contratura 
do abdutor longo, achado 
denominado “sinal de Hart”. 
 
Sinal de Hart positivo no quadril direito 
Outro achado relevante, no contexto de 
alterações congênitas do quadril é o sinal de 
Galeazzi, que aponta uma diferença na 
altura dos joelhos com a criança em prona. 
Júlia Figueirêdo – LOCOMOÇÃO E APREENSÃO 
O lado acometido pela DDQ será o 
mais baixo, uma vez que o fêmur se 
projeta posteriormente ao 
acetábulo. 
 
Presença de sinal de Galeazzi à direita, sugerindo 
encurtamento aparente do membro