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CONTABILIDADE AMBIENTAL 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Ana Lizete Farias 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula vamos estudar o conceito de Contabilidade Ambiental e as 
relações com temas importantes que circunscrevem as questões ambientais 
modernas. A partir disso, vamos compreender o que são impactos ambientais e 
quais são as consequências desse termo em relação principalmente à 
formulação de políticas públicas no Brasil e no mundo. 
A partir disso, vamos entender o que significa um SGA ou Sistema de 
Gestão Ambiental e quais são os padrões de certificação que se relacionam a 
esse sistema. Dentro desse contexto, veremos, afinal, do que se trata a 
valoração ambiental, assunto polêmico que divide opiniões dentro do mundo das 
organizações socioambientais. Esse assunto, inclusive, será objeto do nosso 
fórum de discussão. 
Na prática, vamos nos deparar com uma entrevista sobre relatos 
integrados, assunto importante e relacionado ao novo campo que é a 
Contabilidade Ambiental. 
Vamos iniciar nossos estudos, então, a partir de um recorte sobre um 
determinado período da nossa história, o século XIX, mostrando os números da 
devastação em termos de bens naturais. O olhar clínico sobre os números, ou 
seja, o olhar contábil permite hoje uma importante reflexão sobre os caminhos 
do meio ambiente em nosso país. 
CONTEXTUALIZANDO 
Leia o trecho a seguir, extraído da obra Saudades do matão: 
Além das atividades agrícolas e da ocupação urbana a exploração da madeira respondia 
de modo decisivo pela devastação da floresta. A partir da vinda da Família Real para o Brasil, no 
século XIX, passou a haver grande empenho do Governo Imperial em estimular a exportação de 
madeiras nobres para a Europa. Na Exposição de Vienna, realizada em 1873, o Brasil recebeu 
dois grandes diplomas de honra: um pelo café (plantado sobre os escombros da floresta), e outro 
dado à Companhia Florestal Paranaense, que levou para a exposição, entre outras amostras, 
um pinheiro (Araucaria angustifolia) de 33 metros de altura, que foi remontado com a ajuda de 
grandes andaimes (da mesma madeira). O objetivo dessa exposição era mostrar aos europeus 
as vantagens desta extraordinária árvore que produzia tábuas, nós, frutos, resina e carvão. [...] 
A análise dos registros das exportações brasileiras ao final do século XIX fornece informações 
importantes para dimensionar as consequências do extrativismo predatório. Em 1870, por 
exemplo, as exportações de ervas medicinais, jacarandá, erva-mate, castanha-do-pará e 
borracha competiam com o cacau, o café, o açúcar, o algodão e o fumo. [...] Em alguns casos, o 
uso de plantas brasileiras chegava a extremos. O Brasil abastecia a Europa, por exemplo, de 
plantas para curtume – plantas taníferas – que consumiam quantidades significativas de 
vegetação de mangue, além de árvores como barbatimão, angico vermelho, cambuí, monjolo, 
 
 
3 
canafístula, ingá-graúna, garapiapunha, maricá. Nesse período, avaliava-se a retirada anual de 
mangue branco, apenas na região de São Paulo, em aproximadamente 3,7 milhões de metros 
quadrados. [...] Entre as madeiras, merecem destaque, no período de 1901/1905, as exportações 
de jacarandá (15.295 toneladas), pau-brasil (1337 toneladas) e cedro (1895 toneladas), mas o 
pinheiro-do-paraná ultrapassa largamente esses números. No mesmo período, foram exportados 
cerca de 150 mil pranchões e 212 mil tábuas de pinho. [...] A fauna tampouco foi poupada desse 
voraz mercado... Nas exportações, o óleo de baleia tinha destaque. Entre 1898 e 1903, apenas 
em Caravelas, no sul da Bahia, foram capturadas 508 baleias para extração de óleo... Nos 
primeiros anos do século XX, o Brasil exportou 2750 quilos de casco de tartaruga para Alemanha, 
Inglaterra e França. Apenas no ano de 1905, foram exportados 118 mil quilos de peles de veados 
e 85 quilos de plumas de garça, selecionadas entre as mais bonitas da cabeça do macho [...]. 
Essa forma de exploração sutil e interessante deixou profundas marcas na floresta e facilitou a 
degradação e a devastação absoluta das áreas naturais, cada vez mais alteradas e modificadas 
pela ação humana. (Adaptado de Urban, 1998, p. 37-58). 
TEMA 1 – ABORDAGENS INICIAIS SOBRE CONTABILIDADE AMBIENTAL 
A partir do texto do livro da jornalista Teresa Urban, uma das grandes 
ambientalistas brasileiras, que mostra um pequeno recorte de um registro 
histórico sobre a riqueza de bens naturais que foram retirados de nosso país 
desde os primórdios da nossa colonização, começamos a delinear o conceito de 
contabilidade ambiental e a sua importância para o momento atual não somente 
no Brasil, mas no mundo inteiro. Sem o trabalho paciente de alguém com os 
olhos de “contador”, o resgate do tamanho da devastação dos nossos bens 
naturais não teria acontecido. 
Segundo Antonovcz (2014), a contabilidade ambiental tem por objetivo 
registrar e controlar as atividades realizadas por uma empresa a partir de uma 
visão menos abrangente em termos dos aspectos monetários e mais analítica 
em relação aos efeitos das atividades incorridas ou a incorrer que possam 
resultar em consequências para o ambiente, além da forma como isso será 
refletido pela contabilidade em seus ativos, passivos ou mesmo em seu 
patrimônio líquido. 
Na linha de pensamento da autora, podemos dizer então que se trata de 
uma nova forma de olhar para os chamados custos ambientais, os quais, por sua 
vez, vão alterar as formas de desempenho e tomadas de decisão. Nesse caso, 
é importante ressaltar que não se trata de estudar fenômenos biológicos, 
geográficos, geológicos, entre outros, que competem às ciências específicas, 
mas, sim, como cada um dos elementos que os compõem influencia e recebe 
influências em razão das movimentações patrimoniais das organizações (Garcia; 
Behr, 2012). 
 
 
4 
Segundo Carvalho (2012), o marco teórico de inserção da contabilidade 
nas premissas do desenvolvimento sustentável está contido no Capítulo 8, letra 
d, da Agenda 21, que descreve sobre a “[...] necessidade de que países e 
organismos internacionais desenvolvam um sistema de contabilidade que 
integre as questões sociais, ambientais e econômicas” (Carvalho, 2011, citado 
por Ferreira, 2003, p. 14). 
Em 1992, o International Accounting and Reporting Issues, elaborado em 
ONU (Carvalho, 2012), teve como recomendação final que “contabilidade 
ambiental, tanto em nível macro como microeconômico, deveria incluir na 
identificação de uma atividade sua mensuração e comunicá-la ou evidenciá-la”, 
ou seja, que todos os custos, inclusive os ambientais, fossem inseridos. 
O marco teórico no âmbito brasileiro referente à contabilidade ambiental 
foi na edição da NPA 11 – Balanço e Ecologia pelo Instituto Brasileiro de 
Contabilidade (IBRACON), em 1996, que estabeleceu os princípios entre a 
contabilidade e o meio ambiente, recomendando, desta forma, a adoção de 
registros específicos dos Ativos e Passivos Ambientais. 
No entanto, somente em 1998, segundo Tinoco e Kraemer (2004), com a 
finalização do relatório financeiro e contábil sobre o Passivo e custos ambientais 
pelo Grupo de Trabalho Intergovernamental das Nações Unidas de Especialistas 
em Padrões Internacionais de Contabilidade e Relatórios (United Nations 
Intergovernmental Working Groups of Expert on International Standards of 
Accounting and Reporting – ISAR), a contabilidade ambiental passa a ser vista 
como um novo ramo da ciência contábil. 
Portanto, de forma mais clara, a finalidade da contabilidade ambiental é 
definida como a medição e quantificação dos recursos ambientais utilizados 
pelas empresas, bem como os impactos causados por estas sobre esses 
recursos e sobre o ambiente de maneira geral (Ribeiro; Lisboa, 2000). Nesse 
caso, por recursos ambientais, do ponto de vista contábil, são entendidos os 
recursos passíveis da exploração da empresa (matéria-prima, energia, 
alimentação,ar puro, paisagem, aterros para depósito de resíduos, etc.) 
Em vigor desde 1º de janeiro de 2006, a NBC T 15, aprovada pelo 
Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da Resolução n. 1.003, de 
19 de agosto de 2004, estabelece “procedimentos para evidenciação de 
informações” de natureza social e ambiental, com o objetivo de demonstrar à 
sociedade a participação e a responsabilidade social da entidade, devendo ser 
 
 
5 
divulgada como informação complementar às demonstrações contábeis, não se 
confundindo com as notas explicativas. Desta forma, a Contabilidade Ambiental 
passa a identificar, avaliar e evidenciar eventos econômico-financeiros 
relacionados com questões ambientais e assume a função de instrumento de 
comunicação entre empresas e sociedade. 
Segundo Tinoco e Kraemer (2011), a contabilidade ambiental proporciona 
vantagens de identificar e alocar custos ambientais, permitindo controlar a 
redução de recursos, gerando demonstrativos sobre a eficiência e a viabilidade 
econômica das ações ambientais e, consequentemente, a contínua correção de 
ações ambientais. 
Os autores ainda discriminam as vantagens da utilização da contabilidade 
ambiental para as empresas: identificar, estimar, alocar, administrar e reduzir os 
custos, particularmente os tipos ambientais, de maneira que as decisões de 
investimentos estejam baseadas na relação custo-benefício; controlar o uso e os 
fluxos da energia e dos materiais, possibilitando sua redução; proporcionar a 
informação mais precisa e detalhada para suportar o estabelecimento e a 
participação em programas voluntários, com custos efetivos para melhorar o 
desempenho ambiental, em ações ambientais; informação mais precisa e mais 
detalhada para a medida e o relatório de desempenho ambiental, melhorando, 
assim, a imagem da companhia junto aos stakeholders, como clientes, 
comunidades locais, empregados, Governo e fornecedores, contribuindo para a 
sociedade em geral. 
Além disso, como retribuição à sociedade, a contabilidade ambiental 
permite o uso mais eficiente de recursos naturais, incluindo a energia e a água; 
reduz os custos externos relacionados à poluição da indústria, como os custos 
da monitoração ambiental; fornece informações ambientais para a tomada de 
decisão; fornece a informação ambiental e industrial do desempenho, que pode 
ser usada no contexto mais extenso das avaliações do desempenho e de 
condições ambientais nas economias e em regiões geográficas. 
TEMA 2 – SURGIMENTO DO IMPACTO AMBIENTAL E CONSEQUÊNCIAS 
AMBIENTAIS 
Agora que tivemos uma breve contextualização acerca do conceito de 
contabilidade ambiental e de sua importância, vamos olhar outro relevante tema, 
 
 
6 
diretamente relacionado com o que foi exposto, que se trata do surgimento dos 
impactos ambientais e Das consequências em relação a nossa sociedade. 
Nesse contexto, podemos delimitar um marco inicial, a Revolução 
Industrial, a partir de 1762, que trouxe gradativamente o incremento das 
atividades industriais e o advento de novas tecnologias para atender ao grau 
crescente das necessidades humanas. Mas essas atividades não contribuíram 
somente para a evolução da humanidade, uma vez que são apontadas 
atualmente como uma das maiores causas da probabilidade da falência do 
sistema natural do planeta. Segundo Steffen et al. (2015), essas transformações 
são comparadas às forças geofísicas que dão forma ao planeta Terra, tamanho 
o impacto com que agem na modificação dos sistemas naturais. Dentro desse 
aspecto, é importante relembrar que o conceito de impacto ambiental é a 
alteração da qualidade ambiental de um determinado ambiente natural 
(Sánchez, 2008). 
Foi no mundo pós-grandes guerras, já no século XX, particularmente a 
partir da Segunda Guerra Mundial, com a necessidade da reorganização das 
economias e o surgimento dos parques industriais das grandes potências da 
época, que o extrativismo dos recursos naturais do planeta aumentou 
significativamente. É em função desse processo intenso de extração, que 
acabou também por gerar grandes tragédias ambientais, que as discussões 
sobre impactos ambientais pertinentes ao modelo econômico vigente 
começaram a surgir no início da década de 1960, juntamente com outros 
movimentos de contracultura, como os pacifistas, os hippies e as feministas. 
Historicamente, os eventos abaixo, dentre tantos outros, foram 
acontecimentos marcantes no século XX que induziram as grandes 
organizações a buscarem medidas de prevenção aos altos impactos ambientais 
causados ao meio ambiente: 
• Londres, 1952, ocorrência do big smoke ou grande nevoeiro, originado 
pela queima descontrolada de carvão e lenha durante cinco dias do mês 
de dezembro, que deixou cerca de 15 mil pessoas doentes e ultrapassou 
7 mil mortes. 
• Japão, 1956, mais precisamente na Baía de Minamata, descobriu-se que 
a indústria a Chiso Corporation despejava rotineiramente seus rejeitos nas 
águas que banhavam o município de Minamata, contaminando a vida 
marinha e, consequentemente, as pessoas que viviam da pesca. Foi 
 
 
7 
denominado então Desastre de Minamata o envenenamento de centenas 
de pessoas por mercúrio, o que ocasionou a morte de mais de 900 delas. 
A companhia, até hoje, ainda se vê envolta em batalhas judiciais 
indenizatórias. 
• Em 1962, Rachel Carson lançou, nos Estados Unidos, o livro Silent spring, 
relatando os perigos causados pelos inseticidas e pesticidas na planície 
do rio Mississipi. O nome do livro, Primavera silenciosa, é uma alusão aos 
ambientes em silêncio do rio causados pela morte da fauna. 
Ao encontro, portanto, desses desafios com que a sociedade global 
começou a ter que lidar, ocorreu o desenvolvimento da AIA – Avaliação de 
Impacto Ambiental, a partir de estudos realizados nos Estados Unidos da 
América (EUA), com a promulgação do National Environmental Policy Act – 
NEPA (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente) em 1969 (Rocha et al., 2005; 
Sánchez, 2008). Esse instrumento passou a exigir para todos os 
empreendimentos com potencial poluidor o cumprimento de requisitos em 
relação ao meio ambiente para que fossem certificados quanto a sua viabilidade 
ambiental (Rocha et al., 2005). 
Nesse sentido, a lei da política nacional do meio ambiente norte-
americana acabou servindo como modelo para novas legislações ambientais 
similares em todo o mundo, sendo considerada como um marco em termos de 
regulamentação ambiental no mundo (Rocha et al., 2005; Sánchez, 2008). 
O passo seguinte, ou seja, a institucionalização da AIA em nível mundial 
concretizou-se a partir dos resultados obtidos após a Conferência das Nações 
Unidas Sobre Meio Ambiente de 1972, na Suécia, na qual foi votado um conjunto 
de recomendações, dentre as quais um plano relativo à avaliação do meio 
ambiente mundial (Sánchez, 2008). 
Em 1992, na Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento de 1992, no Rio de Janeiro, a ECO/92 ou Rio/92, 
a Avaliação de Impacto Ambiental se tornou um princípio ambiental 
consubstanciado em tratados internacionais (Princípio 17 da Declaração do 
Rio/92). 
A AIA foi formalmente introduzida no Brasil pela Política Nacional de Meio 
Ambiente, Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que elegeu, dentre as ações 
preventivas, a Avaliação de Impactos Ambientais e o licenciamento para a 
instalação de obras ou atividades potencialmente poluidoras. 
 
 
8 
De forma distinta aos países desenvolvidos que implantaram a AIA em 
resposta a pressões sociais e ao avanço da consciência ambientalista, no Estado 
brasileiro ela foi adotada devido à exigência dos organismos multilaterais de 
financiamento, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID e o 
Banco Mundial – BIRD (Sánchez, 2008). 
Seis anos mais tarde, as definições, as responsabilidades, os critérios 
básicos e as diretrizes gerais sobre a AIA foram disciplinados pela ResoluçãoConama 001/1986 (Assunção, 2010). 
TEMA 3 – SISTEMA GESTÃO AMBIENTAL 
Como já vimos, foi a partir da década de 1950 que os problemas 
ambientais em nível mundial começam a se tornar preocupantes, e, dentre os 
mais recentes, dos quais podemos acompanhar quase cotidianamente os 
efeitos, há um destaque para o aumento de temperatura da Terra, a destruição 
da camada de ozônio, o esgotamento acelerado dos recursos naturais, assim 
como a escassez hídrica. São desafios que têm pressionado as empresas a 
alterarem seus sistemas internos de gestão e, consequentemente, seus 
processos de produção no sentido de reduzir custos e adequar seus produtos às 
condições e necessidades desse novo tipo de mercado, que considera as 
questões ambientais mais urgentes. 
Uma estratégia ambiental adequada é expressa por uma política 
ambiental, ou seja, a forma de condução dos negócios de uma empresa no 
tocante aos aspectos ambientais. Esse é considerado o marco inicial para que 
as empresas integrem, portanto, esses aspectos ambientais às suas operações. 
Dentre as ferramentas para assegurar e atingir esses objetivos estão os 
Sistemas de Gestão Ambiental (SGAs), que ajudam a controlar e aperfeiçoar o 
desempenho ambiental de acordo com a política ambiental da empresa. 
No Brasil, a Resolução CONAMA n. 306, de 5 de julho de 2002, descreve 
que o SGA é que determinará a gestão ambiental, ou seja, a condução, a direção 
e o controle do uso dos recursos naturais, dos riscos ambientais e das emissões 
para o meio ambiente (MMA, 2002). 
Em termos empresariais, corroborando o que dissemos acima, o Sistema 
de Gestão Ambiental pode então ser definido como a gestão empresarial que se 
orienta para evitar, na medida do possível, problemas para o meio ambiente, 
com o objetivo de alcançar um desenvolvimento sustentável. 
 
 
9 
É importante ressaltar que o SGA está vinculado às normas elaboradas 
pelas instituições públicas, como as prefeituras, os governos estaduais e federal, 
acerca do meio ambiente, em que estão estabelecidos os limites aceitáveis de 
todos os atos que tenham potencial poluidor, por exemplo a emissão de 
substâncias tóxicas, a alocação de resíduos, o despejo de substâncias em rios 
e mananciais etc. 
De acordo com Seifert (2010), um sistema de gestão ambiental integra 
em seu conteúdo, além da política ambiental, o planejamento ambiental, bem 
como o gerenciamento desse conjunto. A política ambiental será implantada a 
partir de um estudo prévio, ou seja, a partir do planejamento ambiental, o qual 
visa à adequação do uso, do controle e da proteção do ambiente às aspirações 
sociais e/ou governamentais expressas formal ou informalmente na política 
ambiental. Esse planejamento é feito por uma coordenação que compatibilizará 
e fará as devidas articulações para a implantação de projetos que necessitem de 
intervenções estruturais e não estruturais. 
Ao final desse processo é que podemos dizer que terá início o 
gerenciamento ambiental, ou o conjunto de ações destinado a regular uso, 
controle, proteção e conservação do meio ambiente e a avaliar a conformidade 
da situação corrente com os princípios doutrinários estabelecidos pela política 
ambiental. 
Segundo Barbieri (2007), a abordagem ambiental na empresa pode ser 
de três tipos, e o primeiro está relacionado ao controle da poluição, de acordo 
com o qual os esforços organizacionais são orientados para o cumprimento da 
legislação ambiental e o atendimento das pressões da comunidade, mostrando-
se marcadamente reativo, vinculado, pois, exclusivamente à área produtiva. 
Num segundo momento, que pode ser também concomitante ao processo 
anterior, a internalização das questões ambientais na empresa pode ser 
preventiva, na qual a organização objetiva utilizar eficientemente os insumos, e 
a preocupação ambiental começa a se expandir para toda a organização. 
Num último estágio, a empresa então assume as variáveis ambientais 
relativas ao seu negócio como integrantes da sua estratégia, disseminando 
esses valores para toda a organização. 
O processo de implantação e adoção de um SGA não é tarefa fácil entre 
as empresas, e nesse sentido apontamos as dificuldades mais frequentes: 
• Controle ambiental nas saídas; 
 
 
10 
• Integração do controle ambiental nas práticas e nos processos industriais; 
• Integração do controle ambiental na gestão administrativa. 
De qualquer forma, é inegável que implantação do SGA é fator de 
vantagem competitiva que propicia às empresas melhor sua imagem no 
mercado, aspecto bastante importante pelo aumento da consciência ambiental 
e das exigências dos consumidores. 
TEMA 4 – PADRÕES AMBIENTAIS DO SISTEMA DE GESTÃO 
Os primeiros sistemas de gestão ambiental foram desenvolvidos na 
década de 1980, depois dos graves acidentes ecológicos de nível mundial que 
continuaram acontecendo por toda a segunda metade do século XX até os dias 
de hoje. Ffora Londres, em 1952, e Minamata, em 1956, outros graves desastres 
deixaram seus registros na história ambiental do planeta. Em dezembro de 1984, 
a cidade de Bhopal, na Índia, foi contaminada por 40 km2 de gás tóxico; em abril 
de 1986 ocorreu o maior acidente nuclear, na Usina Nuclear de Chernobil, 
localizada na Ucrânia, então parte da União Soviética; e no Brasil, em 1987, em 
Goiânia, um aparelho de radioterapia contendo cloreto de césio foi roubado de 
uma clínica. Além disso, tivemos o desastre de Mariana, em 2015, em Minas 
Gerais. 
Desastres de grandes proporções, em que muitas pessoas morreram, 
foram necessários para que as grandes corporações tomassem consciência dos 
riscos de suas atividades e adotassem normas mais rígidas com relação ao uso 
e à exploração do meio ambiente para prevenir eventuais calamidades. É neste 
contexto histórico que na década de 1990 surge a série de normas ISO 14000, 
como um marco de auxílio na busca da implantação de uma gestão ambiental 
efetiva nas empresas, sendo aplicada às atividades industriais, extrativas, 
agroindustriais e de serviços. A certificação ambiental a que se refere a ISO em 
questão pode ser relacionada às instalações da empresa, às linhas de produção 
e também aos produtos desde que satisfaçam os padrões de qualidade 
ambiental. 
As normas ISO 14001 estão relacionadas à padronização de processos, 
e não ao estabelecimento de parâmetros de desempenho ambiental, os quais, 
por sua vez, são atribuíveis unicamente à legislação ambiental, por isso 
 
 
11 
apresentam os elementos necessários à construção de um sistema, um SGA, 
que alcance as metas ambientais estabelecidas pela organização. 
A norma contém os seguintes direcionamentos: 
• Requisitos gerais; 
• Política ambiental; 
• Planejamento da implantação e operação; 
• Verificação e ação corretiva; 
• Análise crítica pela administração. 
Isso significa que devem ser identificados os aspectos do negócio da 
empresa que impactam o meio ambiente a partir da compreensão da legislação 
ambiental relevante à sua situação. O próximo passo é preparar objetivos para 
melhoria e um programa de gestão para atingi-los, com análises críticas 
regulares para melhoria contínua. 
Em termos de padrões de sistemas ambientais de gestão, a ISO 14001 é 
apenas um dos muitos instrumentos disponíveis que podem auxiliar as 
organizações a evoluir no que se refere às questões ambientais. Atualmente, as 
empresas têm buscado implantar os SIGs – Sistemas Integrados de Gestão que 
contemplam a integração dos processos de Qualidade com os de Gestão 
Ambiental e/ou com os de Segurança e Saúde no Trabalho, dependendo das 
características, atividades e necessidades da organização. 
Atuar com um sistema integrado de Gestão da Qualidade (ISO 9001), 
Gestão Ambiental (ISO 14001) e Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional 
(OSHAS 18001) permite que a empresa conheça e controle grande parte dessas 
variáveis micro e macroambientais, além de ter condições de retroalimentaressas informações, tornando-se muito mais eficiente e competitiva do que seus 
concorrentes. 
Figura 1 – IMS – integrated management system (sistema integrado de gestão) 
 
Créditos: Boris15/Shutterstock. 
 
 
12 
A ISO 9001 – Sistema de Gestão da Qualidade é a norma que permite às 
organizações verificar a consistência de seus processos, medi-los e monitorá-
los com o objetivo de aumentar a sua competitividade e, com isso, assegurar a 
satisfação de seus clientes. O objetivo é prover confiança de que o fornecedor 
poderá gerar, de forma consistente e repetitiva, bens e serviços de acordo com 
o que o cliente especificou. 
A OHSAS 18001 – Sistema de Gestão de Saúde e Segurança 
Ocupacional é a norma que comprova que a empresa se preocupa com a saúde 
e a segurança de seus colaboradores, deixando claro para seus parceiros de 
negócios e autoridades locais que adotou um sistema de gestão voltado para 
saúde e segurança no trabalho. 
Muitas das empresas já estão incluindo a questão da responsabilidade 
social (SA 8000, ISO 16001, ISO 26000) no seu SGI: 
• NBR 16001: concebida com base nas três dimensões da sustentabilidade 
– econômica, social e ambiental – estabelecendo os requisitos para a 
implementação de um sistema de gestão de responsabilidade social 
(SGRS) passível de integração com outros sistemas de gestão. Um SGRS 
eficaz permite promover a cidadania, o desenvolvimento sustentável e a 
transparência das atividades da organização. A certificação na norma 
NBR 16001 possui acreditação do INMETRO. 
• ISO 26000: é uma guia sobre responsabilidade social que permite a 
orientação de organizações em diferentes culturas, sociedades e 
contextos. Aborda temas que englobam desde direitos humanos, práticas 
de trabalho, meio ambiente e governança até questões de implantação. 
Não é certificável ainda. 
• SA 8000: Social Accoutability 8000 (SA 8000) é a norma estrangeira de 
responsabilidade social mais conhecida (SAI, 2008). Tal norma, voluntária 
e certificável, enfoca as relações trabalhistas e certifica o desempenho 
das empresas em oito áreas com base nos direitos humanos postulados 
pela Organização Internacional do Trabalho (OIT): trabalho infantil, 
trabalho forçado, saúde e segurança, liberdade de associação e direito à 
negociação coletiva, discriminação, práticas disciplinares, horário de 
trabalho, sistemas de gestão, remuneração. 
 
 
13 
A diversidade de sistemas de certificações reforça as evidências dos 
imensos desafios ambientais que as empresas têm, e por isso estas devem 
buscar a melhoria contínua dos seus sistemas e processos, unindo a 
necessidade de proteção do meio ambiental à satisfação das expectativas dos 
clientes e consumidores. 
TEMA 5 – VALORAÇÃO ECONÔMICA DO MEIO AMBIENTE 
Até aqui, pudemos ter uma ideia da complexidade de elementos e fatos 
que vão se circunscrevendo ao campo da contabilidade ambiental. Dentre esses, 
mais um se soma, atingindo diretamente os profissionais dessa área e das 
ciências econômicas, de uma forma geral, relacionado à determinação do valor 
econômico de um recurso ambiental, ou seja, o modo de estimação do valor 
monetário deste em relação aos outros bens e serviços disponíveis na economia. 
Em relação a esse aspecto, percebemos que, durante muito tempo, a 
economia de mercado não considerou os impactos de suas atividades sobre o 
meio ambiente, dificultando a conexão entre sistemas ecológicos e o sistema 
econômico, impondo externalidades tanto ao ambiente como à sociedade 
(Costanza et al., 2012). 
O que acontece é que quando os custos da degradação ecológica não 
são pagos por aqueles que a geram, esses custos se tornam externalidades para 
o sistema econômico, ou seja, custos que afetam terceiros sem a devida 
compensação. 
Atividades econômicas têm sido desse modo, planejadas sem levar em 
conta essas externalidades ambientais, e, por conseguinte, nossos os padrões 
de consumo têm sido modelados sem a internalização dos custos ambientais, 
resultando num padrão de apropriação do capital natural em que os benefícios 
são providos para alguns usuários de recursos ambientais sem que estes 
compensem os custos incorridos por usuários excluídos. Dentro do conceito de 
desenvolvimento sustentável, portanto, há uma grande probabilidade de as 
gerações futuras arcarem negativamente com os altos custos que essas 
decisões podem implicar. 
Os argumentos acima, segundo diversos autores, justificariam a 
necessidade de valorar corretamente os bens e serviços do meio ambiente, 
entendidos no desempenho das funções: provisão de matérias-primas, 
capacidade de assimilação de resíduos, amenidade, estética e recreação, 
 
 
14 
biodiversidade e capacidade de suporte às diversas formas de vida no planeta 
Terra. Além disso, esses valores, apropriadamente estimados, devem ser 
integrados às decisões sobre a política econômica e ambiental e aos cálculos 
das contas econômicas nacionais. 
Várias abordagens têm sido desenvolvidas ao encontro dessas 
premissas, e dentre essas a que mais se sobressai é o pagamento por serviços 
ambientais (PSA), por ser uma forma de conversão de valores de mercado em 
programas de incentivo aos agentes locais que promovem serviços ambientais, 
mediante compensação dos impactos ambientais gerados pelas atividades 
humanas (Engle et al., 2008). 
Um esquema de PSA consiste no estabelecimento de transferências 
financeiras de beneficiários de serviços ambientais para os que, devido a 
práticas que conservam a natureza, fornecem esses serviços de forma segura e 
bem definida, por meio de uma transação voluntária (Wunder, 2006). Trata-se, 
portanto, de um instrumento econômico que busca recompensar todo aquele 
que, em virtude de suas práticas de conservação, proteção, manejo e 
recuperação de ecossistemas, mantém ou incrementa o fornecimento de um 
serviço ecossistêmico (FGBPN, 2017). O objetivo é criar uma estrutura de 
incentivo condizente com o princípio do protetor recebedor, que visa 
recompensar agentes que preservam recursos naturais como forma de estimular 
essas ações e compensar eventuais perdas financeiras decorrentes da não 
maximização da utilização presente dos recursos naturais, preservando-os para 
gerações futuras (Fiorillo, 2010). 
Outra abordagem refere-se ao Protocolo de Quioto, tratado 
complementar à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do 
Clima que entrou em vigor em 2005 e constitui-se num marco para a definição 
de instrumentos de incentivo econômico, estimulando a criação de mercados 
para serviços ambientais. 
Nesse cenário, a precificação de carbono nada mais é do que atribuir um 
custo aos impactos gerados pelo aumento de gases de efeito estufa na 
atmosfera (GEE), causado por queima de combustíveis fósseis e mudanças no 
uso da terra para a produção dos insumos, manufatura, distribuição e consumo 
desses produtos, modelo de produção e consumo que dá sinais de ruptura diante 
da maior ameaça de todos os tempos: o aquecimento global. 
 
 
15 
Hoje se discutem duas formas de precificação do carbono, que são os 
esquemas de comércio de emissões (cap and trade) e a tributação, que 
consistem em importantes incentivos, estimulando as empresas e as pessoas a 
reduzirem suas emissões à medida que tornam as atividades intensivas em 
emissões de carbono mais caras e as tecnologias limpas, mais acessíveis. 
Especificamente em relação a esse tema, você pode se aprofundar mais 
junto ao site do Ministério do Meio Ambiente, disponível em: 
<http://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/protocolo-de-
quioto>. 
É importante colocar que a precificação dos serviços ambientais é uma 
discussão bastante polêmica dentro das organizações socioambientais no 
território brasileiro. Muitas organizações e movimentos sociais têm uma visão 
crítica ao crescente processo de mercantilização da natureza e consideram 
serem expressas em falsas soluções as propostas paraos atuais problemas 
ambientais. 
Por isso, é necessário se atentar a um risco que vai além dos meros 
cálculos para o estabelecimento de preços aos serviços ecossistêmicos, ou seja, 
a possibilidade real de desconsiderar contextos sociais, culturais e ecológicos, 
demonstrando a discrepância entre o preço de algo e o seu real valor, 
principalmente quando falamos de comunidades pobres e indígenas que 
dependem da terra para sua subsistência. 
Nesse aspecto, a precificação pode se configurar como uma armadilha e 
exige, portanto, uma postura ética para que se obtenha justiça social aos menos 
favorecidos. 
TROCANDO IDEIAS 
De todos os temas que vimos em nossa aula, sem dúvida o mais polêmico 
é aquele relacionado à valoração do meio ambiente, porque expõe a fragilidade 
das nossas instituições em proteger o que temos de mais precioso, que são os 
bens naturais, que permitem a nossa vida no planeta. Segundo as críticas mais 
fortes, uma “contabilização verde” serviria, antes de tudo e principalmente, para 
atrasar a transição necessária que nos levaria para longe de um modelo de 
desenvolvimento baseado em crescimento econômico por meio da destruição da 
natureza. Uma discussão sobre esse tema também envolve um debate sobre o 
nosso modelo de desenvolvimento: será que é o mais adequado para um país 
 
 
16 
que tem um potencial tão grande em bens da natureza? Ainda segundo o que 
vimos em aula, os grandes desastres ambientais continuam acontecendo: 
lembremos a tragédia de Mariana e vemos que a mudança para um modelo mais 
inclusivo social e ambientalmente parece ainda bastante longe de acontecer. O 
que você acha? 
NA PRÁTICA 
Leia o texto abaixo, extraído do site do BNDES. 
Relato integrado: quais as vantagens? 
Nova tendência no âmbito dos relatos corporativos, o relato integrado foi criado pelo 
International Integrate Reporting Council (IIRC), uma aliança internacional de reguladores, 
investidores, empresas, organismos de normalização, profissionais de contabilidade e ONGs. 
Partindo do entendimento de que a comunicação sobre a criação de valor é o próximo passo 
na evolução dos relatórios corporativos, o IIRC lançou seu primeiro framework em 2013 e conta 
com a adesão de uma lista extensa de empresas em todos os continentes. 
Conversamos por e-mail com Richard Howitt, CEO do IIRC, que está no Brasil nesta semana, e 
Vania Borgerth, coordenadora da Comissão Brasileira de Acompanhamento do Relato 
Integrado, para entender melhor os benefícios dessa nova forma de relatar. 
Como você descreveria o relato integrado e suas principais vantagens? 
Richard Howitt: O relato integrado é uma abordagem nova, mais concisa e adequada às 
empresas na elaboração de relatórios corporativos. Não se trata apenas de elaborar os 
relatórios, mas de aprimorar o sistema de comunicação corporativo existente. Ele possibilita 
que a empresa use seus relatórios para incentivar a criação de valor em longo prazo para o 
próprio negócio, considerando o mundo interconectado e multicapital do qual as empresas hoje 
fazem parte. Também não é apenas sobre relatos, mas uma mudança de mentalidade em 
relação à estratégia de negócios. Relatos integrados são uma mudança radical no modelo de 
negócio fragmentado e baseado em silos. Eles estabelecem a ligação indispensável com o 
comportamento corporativo e a alocação de capital por meio daquilo que chamamos 
“pensamento integrado”. 
[...] Para a economia em geral, o relato integrado sustenta a estabilidade financeira, 
restaurando a confiança nos negócios e atingindo o desenvolvimento sustentável. Cada vez 
mais as empresas estão descobrindo que o relato integrado oferece uma compensação vital à 
influência da instabilidade financeira, da sobrecarga de informações e da visão de curto prazo 
na tomada de decisões do mercado de capitais que atingiu os mercados financeiros globais 
nos últimos anos. 
Basicamente, relatos integrados propiciam empresas melhores em um mundo melhor. Se 
qualquer indivíduo ou organização compartilha dessa visão para uma abordagem mais ampla e 
de longo prazo para o negócio, torna-se um “defensor” dos relatos integrados em sua empresa, 
organização ou país. Juntos tornaremos o relato integrado a norma padrão global. 
Qual a diferença entre relato integrado e relatório integrado? 
Vania Borgerth: "Relato" está relacionado ao processo de reportar, enquanto "relatório" está 
relacionado ao produto final dessa atividade. O relato integrado trata exatamente do processo, 
considerando que, se a integração não estiver presente no processo, o relatório final será 
apenas uma "colcha de retalhos", com informações sendo apresentadas de forma combinada, 
mas sem qualquer relação entre elas. 
O relato integrado é auditado? 
VB: Ainda não existe uma "norma" de auditoria de relato integrado. Por isso, atualmente, 
empresas de auditoria e/ou consultorias especializadas dão conforto do tipo negative 
assurance para relatórios de sustentabilidade. Isso significa que a entidade asseguradora está 
atestando que, no processo de sua análise, “não encontrou nada que venha a desabonar a 
informação fornecida". O regulador internacional, no entanto, está preparando uma norma de 
auditoria de relato integrado. No futuro, então, os auditores poderão emitir opinião sobre o 
relato integrado com o mesmo nível de rigor hoje verificado para os relatórios contábeis 
(Adaptado de BNDES, 2017). 
 
 
17 
A entrevista sobre relatos integrados mostra a nova tendência no âmbito 
dos relatos corporativos, que é de incentivar a criação de valor em longo prazo 
para o próprio negócio, considerando o mundo interconectado e multicapital do 
qual as empresas hoje fazem parte. Portanto, relatos integrados sustentam a 
estabilidade financeira, restaurando a confiança nos negócios, e buscam atingir 
o desenvolvimento sustentável. Para isso, é preciso compreender quais são os 
principais temas que afetam as empresas em termos socioambientais, o que se 
relaciona diretamente com os assuntos vistos em nossa aula. 
FINALIZANDO 
Nesta aula partimos da contextualização de um recorte do livro de Teresa 
Urban, importante personagem do movimento ambientalista, falecida em 2013. 
No livro, para suas reflexões, Teresa se utiliza de um gama de informações de 
natureza contábil. Com essa reflexão inicial, definimos o conceito de 
contabilidade ambiental, estabelecendo as relações com temas importantes que 
delimitam as questões ambientais modernas. 
Em seguida, olhamos alguns marcos importantes ao longo da nossa 
história para podermos compreender o que são impactos ambientais e quais as 
consequências desse termo em relação principalmente à formulação de políticas 
públicas no Brasil e no mundo. 
A partir disso, pudemos avançar em direção às questões de gestão das 
empresas em termos ambientais, aprendendo sobre o que é um SGA ou Sistema 
de Gestão Ambiental e quais são os padrões de certificação que se relacionam 
a esse sistema. 
Por fim, deparamo-nos com uma discussão bastante atual sobre a 
valoração ambiental, assunto polêmico que divide opiniões dentro do mundo das 
organizações socioambientais. 
Na prática, lemos com uma entrevista sobre relatos integrados, nova 
tendência no âmbito dos relatos corporativos. 
 
 
 
18 
REFERÊNCIAS 
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na avaliação de impacto ambiental: lições da experiência da Bahia, Confins, n. 
10, 2010. 
BARBIERI, J. C. Organizações inovadoras sustentáveis. In: BARBIERI, J. C.; 
SIMANTOB, M. A. (Org.). Organizações inovadoras sustentáveis: uma 
reflexão sobre o futuro das organizações. São Paulo: Atlas, 2007. 
BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social. Relato 
integrado: quais as vantagens? – Entrevista. Disponível em: 
<https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/conhecimento/noticias/noticia/r
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capital. Nature, 387 (6630), p. 253-260, 1997. 
ENGLE, N. L. et al. Integrated and adaptive management of water resources: 
tensions, legacies, and the next best thing. Ecology and Society, v. 16(1), n. 1, 
2011. 
FIORILLO, C. A. P. Curso de direito ambiental brasileiro. São Paulo: Saraiva, 
2010. 
FGBPN – Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Guia para 
formulação de políticas públicas estaduais e municipais de pagamento por 
serviços ambientais. Curitiba: FGBPN, 2017. 
GARCIA, F. T.; BEHR, A. Análise da interação da contabilidade ambiental e o 
desenvolvimento sustentável nos engenhos de beneficiamento de arroz de Santa 
Maria/RS. REUNIR – Revista de Administração, Contabilidade e Sustentabilidade, 
v. 2, n. 2, Edição Especial Rio +20, p. 21-38, ago. 2012. 
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA n. 306, de 5 de julho 
de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 jul. 2002. Disponível em : 
<http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=306>. Acesso em: 
23 abr. 2019. 
 
 
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RIBEIRO, M. de S.; LISBOA, L. P. Passivo ambiental. Revista Brasileira de 
Contabilidade, Brasília, ano 29, n. 126, p. 08-19, nov./dez. 2000. 
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nos países do MERCOSUL. Ambiente & Sociedade, v. 8, n. 2, 2005. 
SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São 
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STEFFEN, W. et al. Planetary boundaries: guiding human development on a 
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<https://doi.org/10.1126/science.1259855>. Acesso em: 23 abr. 2019. 
URBAN, T. Saudades do matão. Curitiba: UFPR, 1998. p. 37-58.

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