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REVISADA - Ciencia vacina e prevencao_Alessandro_Ivana

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CIÊNCIA, VACINA E 
PREVENÇÃO: AS ARMAS 
CONTRA O VÍRUS 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Alessandro Castanha da Silva / Profª Ivana Maria Saes Busato 
 
 
 
 
2 
O QUE SÃO VÍRUS? 
 Os vírus são as menores estruturas infecciosas que se conhece no mundo 
com um tamanho entre 10 a 300 nm (nanômetros), que apesar de sua simples 
estrutura contendo apenas o material genético, um capsídeo e, em alguns vírus, 
um envelope, pode causar danos irreparáveis às células. O capsídeo é formado 
por monômeros proteicos que apresentam formas distintas que envolvem o 
material genético DNA ou RNA, nunca sendo encontrado os dois ao mesmo 
tempo, com exceção do citomegalovírus. 
 
GraphicsRF.com/shutterstock 
 
Ainda existem muitas controvérsias se são ou não seres vivos, pois são 
seres acelulares. Alguns cientistas que defendem a posição de que são seres 
vivos se apoiam no fato de possuírem uma estrutura que envolve seu material 
genético e que seria diferenciado de algumas estruturas bacterianas, valendo 
lembrar que as bactérias são os exemplos celulares mais simples que 
conhecemos com um tamanho 10 a 15 vezes maiores que os vírus. Àqueles que 
defendem que não são seres vivos usam o fato de que todos os vírus são 
parasitas intracelulares obrigatórios, ou seja, necessitam de uma célula viva, 
todo seu maquinário e energia para criar novos vírus, afirmando assim que se 
replicam, ou seja, criam cópias de suas estruturas. 
 Seguindo a ideia de que são parasitas obrigatórios, pois não produzem 
um aparato enzimático que precisam para replicarem, o processo de 
“reprodução” viral inicia-se a partir do momento da adsorção à célula do 
 
 
3 
hospedeiro, ou seja, a ligação entre as moléculas virais com receptores 
específicos na célula. É importante lembrar que cada vírus possui afinidade por 
tipos celulares diferentes, o que chamamos de tropismo viral. Como exemplo, 
podemos citar o vírus que causa a hepatite que tem afinidade pelas células do 
fígado. 
 Após a adsorção, ocorre o processo da penetração, que pode ocorrer de 
duas maneiras diferentes. A primeira chamada de fusão, o envelope viral funde-
se à membrana celular e o material genético viral é trazido para o interior da 
célula. O segundo processo denominado viropexia, cuja penetração ocorre por 
meio de receptores celulares e virais que causam uma invaginação na 
membrana permitindo a entrada do vírus. A desnudação, terceira etapa no 
processo de replicação, ocorre por meio da ação de enzimas celulares que 
expõe o material genético viral, permitindo que seu genoma possa iniciar a 
quarta etapa do processo chamada síntese viral. 
 Na síntese viral, os vírus de DNA iniciam a síntese no núcleo enquanto os 
de RNA realizam no citoplasma celular. Esta etapa é caracterizada pela 
transcrição e tradução do material genético produzindo as estruturas 
necessárias para formar novas partículas virais dando início ao processo de 
montagem e maturação viral. A montagem é constituída pela união das partes 
que formam os vírus, ou seja, a união do capsídeo e material nuclear, enquanto 
a maturação é o processo de finalização do vírus. 
 Por fim, os vírus são liberados da célula, o que pode ocorrer de dois 
modos diferentes: Lise celular, na qual a quantidade de vírus no interior da célula 
é tão grande que ela se rompe, ou por meio de brotamento, no qual o vírus sai 
da célula levando parte da membrana que causa um envelopamento viral. 
 
O VÍRUS SARS COV-2 – DOENÇA COVID-19 
 O conhecimento sobre os vírus é relativamente antigo e relatado nos livros 
de ciência, biologia e história, alguns por causar pandemias na história da 
humanidade como foi observado na gripe espanhola de 1918, que infectou mais 
de 500 milhões de pessoas, a Varíola ou “smalpox”, a única doença erradicada 
por vacina na história e utilizada como arma biológica por Cortez contra os 
Maias, a AIDS – síndrome da imunodeficiência adquirida que na década de 1980 
era considerada um atestado de morte para os portadores. Mesmo assim o 
reconhecimento dado à Covid-19 e toda a mobilização que causou na mídia e 
 
 
4 
no meio científico, desde o final de 2019, são impressionantes. Nunca a ciência 
e a pesquisa em âmbito global mostraram-se tão rápidas em produzir 
conhecimento como vemos hoje. Atualmente conhecemos inúmeras doenças 
causadas por vírus, que estão em destaque na mídia, mas nenhum conseguiu 
tanta evidência como o SARS-COV-2, o vírus da síndrome respiratória aguda. 
 Descrito pela primeira vez em 1966 por Tyrell e Bynoe em casos de 
pneumonia, os coronavírus são vírus de RNA envelopados, com tamanho 
variando entre 60 a 140 nm de diâmetro, cuja forma repleta de espículas em sua 
superfície, assemelhando-se a uma coroa, recebeu a denominação de corona 
(coroa em latim). Cientistas descrevem quatro sorotipos diferentes, assim 
classificados: alfa, beta, gama e delta, em que o Sars-CoV-2 é um vírus beta 
encontrado geralmente em mamíferos, mais especificamente em morcegos. 
 
 
 Multistock/shutterstock 
1705291957 
 
Estrutura do Sars-CoV-2 
 
Quatro cepas virais diferentes, circularam entre humanos, geralmente 
causando doença respiratória leve, entretanto, houve dois eventos nas últimas 
duas décadas em que o coronavírus beta resultou em doença grave. O primeiro 
desses casos foi em 2002-2003, quando um novo coronavírus do gênero β e 
com origem em morcegos atingiu humanos na província de Guangdong na 
China. Denominado como síndrome respiratória aguda grave, acabou afetando 
https://www.shutterstock.com/pt/g/Multistock
VIRGINIA BASTOS CARNEIRO
Olá! Por algum motivo que desconheço, não houve liberação da marca d’água desta imagem pela plataforma shutterstock.
Favor indicar outra opção.
 
 
5 
8.422 pessoas, principalmente na China e Hong Kong, e levando a morte 916 
antes de ser contido. Em 2012, uma variante do coronavírus atingiu o Oriente 
Médio causando outra síndrome respiratória aguda que foi denominada MERS-
CoV surgiu na Arábia Saudita por meio de morcegos e utilizando camelos como 
hospedeiro intermediário, o qual acabou infectando 2.494 pessoas e levando a 
óbito 858. 
Os casos clínicos da atual pandemia mostram diferentes características 
entre pacientes assintomáticos e sintomáticos. Os pacientes sintomáticos, 
apresentam variações das manifestações clínicas da doença, as quais 
geralmente começam após menos de uma semana, consistindo em febre, tosse, 
congestão nasal, fadiga e outros sinais de infecções do trato respiratório 
superior. A progressão para doença grave com dispneia e sintomas torácicos 
graves correspondentes à pneumonia em aproximadamente 75% dos pacientes, 
sendo identificados por meios de exames mais específicos. Na segunda ou 
terceira semana, o paciente pode apresentar uma piora no quadro 
desenvolvendo pneumonia. Os sinais que identificam a pneumonia viral 
geralmente demonstram diminuição da saturação de oxigênio, desvios dos 
gases sanguíneos, alterações visíveis por meio de técnicas de imagem, 
exsudatos alveolares e deterioração interlobular. 
 Como ainda não temos tratamentos para essa infecção, a prevenção é a 
melhor arma para combater o aumento dos casos. As características virais 
tornam a prevenção difícil, principalmente por não se apresentarem específicas 
da doença, como a infecciosidade mesmo antes do início dos sintomas no 
período de incubação, transmissão de pessoas assintomáticas, longo período de 
incubação, tropismo para superfícies mucosas como a conjuntiva, duração 
prolongada da doença e transmissão mesmo após a recuperação clínica. De 
modo geral, o isolamento de casos confirmados ou suspeitos com doença leve 
ainda se mostram a resposta mais eficaz no combate. A higiene respiratória por 
meio do uso de máscaras e a limpeza das mãos com álcool gel a 70% a cada 
15-20 minutos, ainda são as melhores formas de profilaxia até que a população 
seja vacinada. 
 
HISTÓRIA DA VACINA NA HUMANINDADEA ciência é baseada em observação, experimentação e resultados, dessa 
forma chegamos a uma metodologia sobre qualquer assunto pesquisado, e com 
 
 
6 
as vacinas não foi diferente. No século XVIII, observou-se que pessoas que eram 
infectadas com o vírus da varíola não voltavam a ser infectadas, dessa forma 
várias culturas tentavam provocar a doença de forma branda, técnica praticada 
pelos chineses chamada de “variolização”. Seguindo o mesmo pressuposto, em 
1716, Edward Jenner notou que ordenhadores sofriam de uma doença 
semelhante à varíola, conhecida como varíola bovina ou “cowpox”, e testou em 
seu próprio filho, um menino de oito anos, a inoculação do pus retirado das 
pústulas presentes nas vacas ordenhadas. Desta forma o menino desenvolveu 
uma forma suave da doença e tornou-se protegido contra a forma mais grave. 
 
 
Fonte: Fiocruz/BioManguinhos 
 Sendo assim, Jenner iniciou um processo de imunização de crianças, 
seguindo a mesma técnica realizada em seu filho, e assim então, foi criada a 
primeira vacina. A classe médica da época criou resistência, além da igreja que 
pregava a degradação da espécie humana pela técnica que chamavam de 
“minotaurização”. Porém, com o sucesso da metodologia e o aval da monarquia, 
em 1802 foi criada a Sociedade Real Jenneriana para extinção da varíola. A 
partir deste processo a novidade foi sendo espalhada pelo mundo, popularizando 
a vacina. Don Pedro e seu irmão foram vacinados com esta mesma técnica e, 
assim, em 1804, o Marques de Barbacena a trouxe para o Brasil. 
 Porém, nem tudo foi sucesso. Uma grande epidemia de varíola em 1820 
causou a doença e morte a várias pessoas que haviam sido imunizadas, 
mostrando deste modo que a vacina não tinha durabilidade vitalícia, e foi desta 
forma então que descobriu-se a necessidade de revacinação. 
 Muitos cientistas tornaram-se famosos ao longo da história e foram 
premiados por suas descobertas no campo da imunização, dentre eles podemos 
citar: Louis Pasteur, considerado o pai da microbiologia moderna, pela 
 
 
7 
descoberta em 1885 da vacina antirrábica, além das descobertas anteriores de 
imunizantes de vacinas do carbúnculo do gado e cólera em galinhas feitas por 
meio de metodologia científica o que se permitia, a partir de então, repetir o 
processo. Outro exemplo é o de Emil Behring1 e Shisaburo Kitasato, em 1891, 
com a descoberta do tratamento por sorologia da difteria e tétano. Loewenstain 
e Glenny, em 1904, descobriram que microrganismos poderiam ser inativados 
por formaldeído mantendo a característica imunizante, porém sem desenvolver 
a doença. Kendrick, em 1942, combinou as vacinas antitetânica e difteria à 
vacina para a coqueluche por ele desenvolvida e percebeu que havia assim uma 
ação melhor sobre o organismo. Desta forma criou-se a primeira vacina 
combinada na história da ciência, a DPT – tríplice bacteriana. Em 1909, no 
Instituto Pasteur Clemette e Guerin desenvolveram a vacina BCG que imuniza 
contra a tuberculose, doença que foi chamada de “mal do século” devido à 
expressiva quantidade de pessoas que morreram devido à infermidade. Porém, 
nenhuma causou tanto impacto, quanto a descoberta da vacina criada por Jonas 
Salk em 1949, a vacina contra a poliomielite. Esta vacina foi produzida com uma 
técnica nova para a época, pois utilizava-se a cultura em tecido vivo (células de 
macaco) para desenvolver subespécie do vírus que imitava o vírus selvagem, 
salvando assim milhares de crianças da trágica doença que assolava os Estados 
Unidos naquele período. 
 
Foto: Emil Von Behring, primeiro Nobel de Medicina 
Fonte: thefamouspeople.com 
 
 
1 Emil Behring foi laureado com o Prêmio Nobel de Medicina pelas suas descobertas no campo 
da ciência. 
 
 
8 
A CIÊNCIA POR TRÁS DAS VACINAS 
 Antes de discutirmos a relação entre ambos é necessário dizer que a 
ciência é um bem público, que ela é feita em prol da humanidade e de seu 
desenvolvimento, e por mais que seja realizada com racionalismo exacerbado 
jamais deve perder seus princípios básicos de busca da saúde e bem-estar de 
todos. Atualmente, com a condição da pandemia instalada, todos estamos 
acostumados com os procedimentos de desenvolvimento de uma vacina, pois 
os protocolos são discutidos e informados abertamente para que toda a 
comunidade tenha o conhecimento básico sobre seu incremento. 
 Vimos que, ao longo da história, a vacina passou por processos de 
desenvolvimento por meios de tentativas e erros sem o emprego de uma 
metodologia específica para sua criação. Entretanto, hoje, a ciência respeita 
protocolos rígidos que passam por fase inicial de pesquisa, teste em animais, 
para que então possa vir a ser testada em seres humanos, respeitando todas as 
premissas do Código de Nuremberg, o qual cita que o ser humano jamais, em 
hipótese nenhuma, deva ser usado como objeto de estudo sem seu 
consentimento e conhecimento amplo e irrestrito da pesquisa a qual participará. 
 O processo da produção de vacinas deve obedecer algumas etapas 
importantes no seu desenvolvimento. E, em um primeiro momento, cientistas 
avaliam as características do vírus e sua composição molecular. Desta forma, 
podem testar métodos e táticas para a produção de imunizantes. A partir deste 
processo estes são testados em ambiente controlado, em cobaias, buscando 
dados sobre suas teorias. A partir deste ponto passa-se a fase clínica, no qual o 
teste com um pequeno grupo de humanos é realizado buscando avaliar a 
eficácia, riscos e reações. 
 É importante ressaltar que na fase de testes com humanos são 
respeitadas as seguintes etapas: Em um primeiro momento irá se testar em um 
pequeno grupo de adultos saudáveis a segurança e eficácia em gerar resposta 
imune; em um segundo momento avalia-se um grupo maior de pessoas com 
características semelhantes entre si, mantendo as mesmas condições de 
segurança e eficácia da fase anterior. Por fim, na terceira etapa, busca-se uma 
população mais ampla, na qual com base nos dados obtidos das fases 
anteriores, um determinado grupo recebe a vacina que será testada e outro 
grupo, conhecido como grupo controle, recebe uma substância inócua sem 
efeitos ao organismo. Por meio de análise qualiquantitativa dos resultados, 
 
 
9 
chega-se a números que expressam a eficácia ou não da vacina. Em uma última 
etapa, os órgãos regulatórios em saúde recebem os dados que serão avaliados 
para a possível autorização e produção em larga escala do imunizante. 
 
 
Etapas do desenvolvimento de vacina no Brasil – Fonte: ANVISA 
ENTENDENDO AS VACINAS 
 As vacinas são produzidas a partir do agente causador da doença, 
antígeno2, seja vivo, morto ou seus derivados. Estas estruturas estimulam o 
organismo a ativar suas defesas. Nosso corpo possui barreiras inatas, ou seja, 
que nascemos com elas, dentre as quais podemos citar a pele, lágrima, saliva, 
ácido estomacal. Entretanto quando passamos por um processo infeccioso3 em 
que nossas defesas inatas não combateram, passamos a ativar um sistema 
imunológico adaptativo, o qual irá, por meio de células especializadas, capturar, 
reconhecer e apresentar o antígeno ao sistema imunológico por meio de 
fragmentos deste, para que possamos criar uma resposta específica para o 
invasor, os anticorpos. 
 
2 Todo e qualquer agente ou substância estranha ao organismo, que não faça parte de sua 
composição ou estrutura. 
3 Penetração, crescimento e proliferação de microrganismos 
 
 
10 
 Desta forma, podemos dizer que existem duas formas de ficarmos 
imunizados, ou seja, ao desenvolver uma doença infecciosa ou por meio da 
vacinação. A segunda forma estimula nosso organismo a responder tais 
agressores com o benefício de não passarmos pela doença. 
 Com o progresso da ciência e da tecnologia envolvida, cientistas puderam 
desenvolver técnicas diferenciadas para a obtenção de vacinas que 
estimulassem nosso organismo a produzir a memória imunológica.Atualmente 
existem vários tipos de vacinas: A vacinas atenuadas que são compostas pelos 
agentes causadores que foram “enfraquecidos” por meio de substâncias em 
laboratório. As vacinas inativadas apresentam na sua composição o agente 
causador morto, alterado ou apenas fragmentos de sua composição, que ainda 
assim irão estimular o organismo a reagir contra. 
 Atualmente, existem no mercado de vacinas alguns tipos diferentes 
quanto a sua composição. As vacinas únicas são aquelas preparadas a partir de 
um único antígeno e são indicadas para pessoas que apresentam risco 
específico devido a ocupação que realiza, como é o caso da antitetânica. As 
vacinas combinadas são preparadas com mais de um agente infeccioso e são 
utilizadas em campanhas de imunização da população, como a tríplice viral ou 
bacteriana. As conjugadas utilizam-se de bactérias como carreadoras de 
proteínas, combatendo os antígenos e gerando resposta de longa duração. 
Outras vacinas foram criadas com base na engenharia genética empregando em 
um microrganismo o gene de outro, produzindo, assim, a resposta esperada. 
 
DESENVOLVIMENTO DAS VACINAS PARA COVID-19 
 Após deixar um rastro de milhões de contaminações, um número 
expressivo de mortes, além de prejuízos econômicos que passam de milhões de 
dólares pelo mundo, a atual pandemia atingiu principalmente grupos mais 
vulneráveis da nossa população como o grupo de idosos acima de 65 anos e 
pessoas que vivem à margem da sociedade. Desta forma, a vacina se faz 
necessária para reduzirmos as perdas que vem causando. 
 É extraordinária a velocidade que esta vacina foi desenvolvida, desde o 
primeiro sequenciamento do SARS-CoV-2 até o início de testes da fase um que 
ocorreu em apenas seis meses, isso se analisarmos em comparação com um 
cronograma típico de 3 a 9 anos. O rápido desenvolvimento das vacinas contra 
Covid-19 foi permitido por inúmeros fatores como o conhecimento prévio do 
 
 
11 
sequenciamento genético do coronavirus em janeiro de 2020, que foi 
disponibilizado para todos os centros de pesquisa, o conhecimento do papel da 
proteína “spike” no desenvolvimento da infecção por coronavírus, além das 
evidências de que o anticorpo neutralizante contra a proteína spike é importante 
para a imunidade. A evolução de plataformas de tecnologia das vacinas permitiu 
a criação e fabricação de milhares de doses, uma vez que o sequenciamento do 
RNA viral é conhecido. Tais situações facilitam a realização de atividades de 
desenvolvimento em paralelo, que normalmente se realizam em sequência, sem 
aumentar os riscos para os participantes do estudo. 
 
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO – BRASIL 
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) é um sucesso do Brasil 
reconhecido no mundo. São mais de 300 milhões de doses anuais distribuídas 
em vacinas, soros e imunoglobulinas. Foi implantado em 1973, por meio da Lei 
nº 6.259, de 30 de outubro, sendo anterior ao Sistema Único de Saúde em 1988. 
Com a implantação do Sistema Único de Saúde por meio da Constituição 
Federal de 1988, o Programa Nacional de Imunização foi ampliado, ocorreu a 
operacionalização da vacinação aos Estados e Municípios, porém com 
centralização do Ministério da Saúde para aquisição de vacinas e insumos e a 
distribuição aos estados e municípios. 
O Brasil já alcançou a erradicação da varíola e da poliomielite, além da 
redução dos casos e mortes derivadas do sarampo, da rubéola, do tétano, da 
difteria e da coqueluche. O Brasil começou a disponibilizar vacina em 1804, com 
a chegada da vacina contra a varíola ao Brasil, por iniciativa do Barão de 
Barbacena. O Barão enviou escravos a Lisboa para que fossem imunizados à 
maneira jenneriana e, ao retornarem, continuavam a vacinação de braço a braço. 
Além do sucesso na vacinação, o Brasil, atua na produção e pesquisa de 
vacina desde 1892, com a Criação do Instituto Bacteriológico em São Paulo 
(hoje, Instituto Adolpho Lutz), em 1900 com a criação do Instituto Soroterápico 
do Rio de Janeiro na fazenda Manguinhos, onde era produzida a vacina 
antivariólica, cuja direção foi confiada a Oswaldo Cruz. O Instituto passou à 
alçada federal com o nome de Instituto Soroterápico Federal, e depois foi 
 
 
12 
mudado o nome para Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), continuando a fazer 
parte do Ministério da Saúde. 
No mesmo ano, houve também a criação do laboratório antipestoso, em 
São Paulo, na fazenda Butantan, como seção do Instituto Bacteriológico, dirigido 
por Vital Brazil, o Instituto Butantan, sob administração do estado de São Paulo. 
Em 1977 foi instituído o primeiro calendário básico de vacinação, com as 
vacinas obrigatórias para os menores de um ano (contra tuberculose, 
poliomielite, sarampo, difteria, tétano e coqueluche), em todo o território 
nacional, por meio de portaria do ministro da Saúde (Portaria nº 452/1977). 
O planejamento da vacinação nacional é orientado com fulcro na Lei nº 
12.401, de 28 de abril de 2011, que dispõe sobre a assistência terapêutica e a 
incorporação de tecnologia em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde 
(SUS) e Lei nº 6.360/1976 e normas sanitárias brasileiras, conforme RDC nº 
55/2010, RDC 348/2020 e RDC nº 415/2020 que atribui à Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária (Anvisa) a avaliação de registros e licenciamento das 
vacinas. 
O programa define os calendários de vacinação considerando a situação 
epidemiológica, o risco, a vulnerabilidade e as especificidades sociais, com 
orientações específicas para crianças, adolescentes, adultos, gestantes, idosos 
e povos indígenas. E, para que o programa continue representando um sucesso 
na saúde pública, cada vez mais esforços devem ser despendidos. Todas as 
doenças prevenidas pelas vacinas que constam no calendário de vacinação, se 
não forem alvo de ações prioritárias, podem voltar a se tornar recorrentes. 
Em 2021, o PNI lança o Plano Nacional de Operacionalização da 
Vacinação contra a covid-19, após o registro de vacinas para covid-19 realizada 
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O Plano Nacional tem 
por objetivo geral, estabelecer ações e estratégias para a operacionalização da 
vacinação contra a covid-19 no Brasil, e como objetivos específicos, apresentar 
a população-alvo e grupos prioritários para vacinação; otimizar os recursos 
existentes por meio de planejamento e programação oportunos para 
operacionalização da vacinação nas três esferas de gestão; e instrumentalizar 
estados e municípios para vacinação contra a covid-19. 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento 
de Vigilância Epidemiológica. Programa Nacional de Imunizações (PNI): 40 
anos. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 
______. Presidência da República. Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975. 
Dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológica, sobre o 
Programa Nacional de Imunizações, estabelece normas relativas à notificação 
compulsória de doenças, e dá outras providências. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 31 out. 1995. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6259.htm > . Acesso em: 19 abr 2021 
_______. Presidência da República. Decreto nº 78.231, de 12 de agosto de 
1976. Regulamenta a Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975, que dispõe sobre 
a organização das ações de Vigilância Epidemiológica, sobre o Programa 
Nacional de Imunizações, estabelece normas relativas à notificação compulsória 
de doenças, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 
13 ago. 1976, p. 10.731. Seção 1. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-
1979/D78231.htm#:~:text=DECRETO%20No%2078.231%2C%20DE,doen%C3
%A7as%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias. >. 
Acesso em: 19 abr 2021. 
______. Ministério da Saúde; Fundação Nacional de Saúde. 100 anos de saúde 
pública: a visão da Funasa. Brasília, 2004. Disponível em:< 
www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/livro_100-anos.pdf >. Acesso em: 
19 abr 2021. 
CAMARGO, A. C. M. As contradições da política de saúde no Brasil: o Instituto 
Butantan. São Paulo em Perspectiva [online], São Paulo, v.16, n. 4, p. 64-72, 
2002. Disponível em: < www.scielo.br/pdf/spp/v16n4/13577.pdf >. Acesso em: 
15 jan. 2013. 
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Agência Fiocruz de Notícias: Saúde e Ciência 
para Todos. Glossário de doenças: varíola. 2006. Disponível em: 
<www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=310&sid=6>. Acesso 
em: 11 mar. 2013. 
TRABULSI, Luiz Rachid; ATERTHUM, Flavio. Microbiologia, 6ºed.. São Paulo: 
Atheneu, 2015 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6259.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D78231.htm#:%7E:text=DECRETO%20No%2078.231%2C%20DE,doen%C3%A7as%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D78231.htm#:%7E:text=DECRETO%20No%2078.231%2C%20DE,doen%C3%A7as%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D78231.htm#:%7E:text=DECRETO%20No%2078.231%2C%20DE,doen%C3%A7as%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias
http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/livro_100-anos.pdf
http://www.scielo.br/pdf/spp/v16n4/13577.pdf
 
 
14 
WHO. Report of the WHO-China Joint Mission on Coronavirus Disease 
2019 (COVID-19). Disponível em: https://www.who.int/docs/default-
source/coronaviruse/who-china-joint-mission-on-covid-19-final-report.pdf. 
Acesso em 19 de abr de 2021. 
GUAN W, NI Z, HU Y, et al. Clinical characteristics of coronavirus disease 2019 
in China. N Engl J Med. 2020. DOI: 10.1056/NEJMoa2002032. 
 
https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/who-china-joint-mission-on-covid-19-final-report.pdf
https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/who-china-joint-mission-on-covid-19-final-report.pdf
	O QUE SÃO VÍRUS?
	o vÍRUS sARS cOV-2 – DOENÇA COVID-19
	história da vacina na humanindade
	a ciência por trás das vacinas
	Entendendo as vacinas
	desenvolvimento das vacinas para covid-19
	PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO – BRASIL
	REFERÊNCIAS

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