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Autor: Prof. Alexandre Saramelli Colaboradores: Profa. Cristiane Nagai Profa. Elisabeth Alexandre Garcia Prof. Maurício Felippe Manzalli Contabilidade Professor conteudista: Alexandre Saramelli Nascido na cidade de São Paulo, é contador formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo e mestre profissional em Controladoria pela mesma universidade. Atuou em empresas nacionais e internacionais de médio e grande porte como contador em áreas de Custos e Orçamentos e foi consultor em sistemas de controladoria da desenvolvedora alemã SAP. Entusiasta de tecnologia da informação e de ambientes altamente informatizados, é um incentivador da pesquisa, da difusão e do uso eficiente e intensivo das modernas ferramentas de gestão, “transferência de conhecimento”, ensino a distância e audiovisual. É também autor de materiais para ensino a distância, redige livros didáticos e atividades de apoio educacional e instrucional, elabora avaliações e grava aulas em estúdio audiovisual, além de ser radialista e apresentador de televisão com DRT. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S243c Saramelli, Alexandre Contabilidade / Alexandre Saramelli. – São Paulo: Editora Sol, 2020. 148, p. il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Contabilidade. 2. Balancete de verificação. 3. Partidas dobradas. I. Título. CDU 657 U507.46 – 20 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Sueli Brianezi Carvalho Andréia Andrade Sumário Contabilidade APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 CAMPO DE ATUAÇÃO DA CONTABILIDADE ............................................................................................11 1.1 Esquentando os motores ....................................................................................................................11 1.2 Conceitos de contabilidade .............................................................................................................. 13 1.3 A contabilidade como sistema de informação e controle ................................................... 16 2 GRUPOS DE INTERESSE NA INFORMAÇÃO CONTÁBIL ..................................................................... 17 2.1 A contabilidade e as finanças empresariais ............................................................................... 17 2.2 A contabilidade, a economia e o direito .................................................................................... 20 3 O BALANÇO PATRIMONIAL .......................................................................................................................... 22 3.1 Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido .............................................................................................. 22 3.2 Princípios básicos de origens e aplicações de recursos ........................................................ 28 3.3 Conceitos de Conta ............................................................................................................................. 33 4 BALANÇOS SUCESSIVOS: CONCEITUAÇÃO E PRÁTICA ..................................................................... 34 4.1 Operações envolvendo contas de ativo, passivo e patrimônio líquido .......................... 35 Unidade II 5 MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS ...................................................................................................... 55 5.1 Mecanismo de débito e crédito ..................................................................................................... 55 5.2 Registros Contábeis: livro diário e livro-razão ......................................................................... 61 5.2.1 O balancete de verificação .................................................................................................................. 65 6 VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ..................................................................................................71 6.1 Despesas, receitas e resultado ..........................................................................................................71 6.2 Apuração do resultado e transferência para o patrimônio líquido ................................ 79 6.3 Registros das operações contábeis – regime de caixa e regime de competência ................87 6.3.1 Ajustes contábeis conforme regime de competência .............................................................. 88 Unidade III 7 INTRODUÇÃO À ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL ..........................................................103 7.1 Ativo Circulante .................................................................................................................................. 112 7.2 Ativo não circulante .......................................................................................................................... 114 7.3 Passivo Circulante .............................................................................................................................. 115 7.4 Passivo não circulante ...................................................................................................................... 116 7.5 Patrimônio líquido ............................................................................................................................. 117 8 INTRODUÇÃO À ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO .........122 8.1 Receitas brutas ....................................................................................................................................126 8.2 Receitas líquidas .................................................................................................................................126 8.3 Lucro bruto ...........................................................................................................................................127 8.4 Receitas (despesas) operacionais ................................................................................................127 8.5 Resultado antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o lucro líquido .............................................................................................................................................128 8.6 Resultado líquido do exercício ......................................................................................................128 7 APRESENTAÇÃO Este livro-texto propõe-se a atingir o objetivo da disciplina Contabilidade, tomando como base seu Plano de Ensino, que é “contribuir para o desenvolvimento das competências requeridas do aluno, para que possa exercer o seu papel como futuro profissional,conforme definidas no Projeto Pedagógico do Curso/PPC, em consonância com as diretrizes Curriculares Nacionais para Graduação em Ciências Contábeis – Resolução CNE/CES nº 10/2004 e de Administração – Resolução CNE/CES nº 4/2005. Mais especificamente, o objetivo traçado para esta disciplina é proporcionar meios ao aluno para que conheça como são elaboradas ou “produzidas” as demonstrações financeiras e as inter-relações e interdependências dos seus componentes, ou seja, “saber utilizar as Demonstrações Financeiras ou Contábeis como fonte de informações de natureza econômica, financeira e patrimonial para tomada de decisões nos processos de controle e planejamento das operações”. É importante que antes de convidar o aluno para aprender como fazer uma leitura das demonstrações financeiras/contábeis1, pois este é um conhecimento indispensável para a tomada de decisões no campo das finanças empresariais, ele conheça o processo necessário para obter uma demonstração financeira/contábil, sendo esse esforço também um auxílio para que o aluno compreenda as informações que esses informes objetivam transmitir para a sociedade. Quanto melhor o conhecimento em Contabilidade, melhor a compreensão das demonstrações financeiras/contábeis. Não se trata de um livro “introdutório”, no sentido de trazer apenas uma leve e simplificada amostra do que seja contabilidade. Muito menos existe a preocupação de esgotar o assunto e discutir temas avançados ou casos extraordinários e complexos. Então, este livro-texto traz noções que serão imprescindíveis para as outras disciplinas, que acrescentarão conhecimentos mais avançados em um ambiente multidisciplinar. O Método das Partidas Dobradas, por exemplo, é imprescindível para todo o curso. Normalmente, os professores de disciplinas mais avançadas irão considerar que o aluno já tem conhecimento suficiente para aplicá-lo. É importante também comentar que muitos dos termos que serão introduzidos facilitarão a compreensão do aluno para seu desenvolvimento em outras disciplinas da área. Por exemplo, o aluno que conhecer o conceito (ou a “conta contábil”) de “capital social” irá facilmente compreender o que é uma “ação” na Bolsa de Valores. E, se esse mesmo aluno conhecer o conceito contábil de “resultado”, terá melhores condições para entender o que é uma debênture. Para tal, elaborou-se um texto com a intenção de ter fácil compreensão, com muita teoria e prática. O conteúdo a ser abordado aplica-se, sem distinção, a empresas de qualquer porte e/ou ramo, e 1 Na legislação brasileira, em muitos momentos, os termos “demonstrações financeiras” e “demonstrações contábeis” aparecem como sinônimos, embora tecnicamente existam demonstrações emanadas da contabilidade e de outros trabalhos administrativos. Para este livro-texto, demonstrações financeiras/contábeis significam o conjunto de demonstrações obrigatórias definidas nas Leis nº 6.404/1976 e 11.638/07 (de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade). 8 atualmente com as normas internacionais de contabilidade em praticamente todos os países do planeta. Neste livro-texto, houve uma preocupação em mesclar exemplos de instituições de pequeno, médio e grande porte. Além disso, analisamos o empreendedorismo, tema fundamental para o contador. Há também o intuito de orientar o aluno em relação ao processo de convergência contábil internacional, um grande esforço dos contadores, que está em pleno andamento. Há também espaço para lidar com a cultura corporativa, com os jargões próprios da área Contábil/Financeira e Administrativa, ajudando o estudante a se inserir no mercado de trabalho. Na elaboração deste livro-texto, seguiram-se orientações do Conselho Federal de Contabilidade e da Fundação Brasileira de Contabilidade (Proposta Nacional de Conteúdo para os Cursos de Graduação em Ciências Contábeis), bem como do Ministério da Educação (Resolução CNE/CES nº 10/2004 e Parecer CNE/CES nº 269/2004). Além disso, as orientações da Organização das Nações Unidas (ONU), da United Nations Conference on Trade and Development (Unctad), da International Accounting Standards Board (Lasb), com as Normas Internacionais de Contabilidade, e da International Federation of Accountants (Ifac), com as Normas Internacionais de Educação Contábil e os pronunciamentos do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos Contábeis (CPC). INTRODUÇÃO Olá, aluno (a). Acredito que a primeira pergunta que você deve estar fazendo não seja: “Para que estudar contabilidade?”. Considero que, por ter escolhido um curso de Administração ou Ciências Contábeis, você já saiba que esta é uma disciplina muito importante para a sua vida acadêmica e profissional. Você demonstra vocação para esse tema. Imagino que a sua dúvida inicial então deva ser: “Como começar a estudar contabilidade?”. E, talvez, se vale a pena estudar contabilidade, principalmente se você ainda não tiver consolidado a sua vontade de ser um administrador ou contador. Como iremos estudar a seguir, há muitos interessados na contabilidade, dada a sua importância. Porém, nem todos veem importância na contabilidade. Imagino inclusive que muitos de seus amigos e/ou colegas tenham criticado a sua escolha de ser um administrador e/ou um contador. E é fácil de entender por que isso está acontecendo. No Brasil, a contabilidade estava sendo preparada, na maioria dos casos, apenas para fins tributários. Os contadores eram vistos como uma espécie de braço do governo, mais uma obrigação em meio a um mar de burocracia. Essa situação era um pouco melhor no exterior, onde a profissão contava com certo glamour. Nos Estados Unidos, por exemplo, a profissão contábil era fortemente associada ao mercado de capitais. Mas com o avanço das telecomunicações e da tecnologia da informação, muitos perguntavam se a contabilidade ainda teria relevância no mundo atual. Para complicar as coisas, surgiram grandes escândalos contábeis, e os usuários da contabilidade fizeram muitas críticas sobre os seus procedimentos. Uma mesma empresa poderia dar lucro em um país e prejuízo em outro, mudando-se apenas as regras contábeis. 9 Nos últimos anos, os contadores entenderam que normas fortes e com validade em todo o planeta deveriam ser implantadas. Surgiu então um esforço de harmonização contábil internacional exigindo que, mais do que “preparadores de números”, os contadores forneçam dados qualitativos e interpretem os negócios. Mais do que isso, além de relatar o que ocorreu no passado, os contadores precisam relatar o que poderá ocorrer no futuro, antecipando-se a mudanças. Esse movimento de harmonização contábil internacional é certamente um dos grandes projetos da humanidade. Poucas vezes uma profissão conduziu um projeto de magnitude como esse. Tudo isso significa que, ao escolher estudar Administração e/ou Ciências Contábeis, você certamente optou por uma das profissões mais relevantes da atualidade; desde já, entenda que você não é um(a) aluno(a) que está apenas recebendo conhecimento, você é um agente de mudança porque também fará parte desse grande esforço de harmonização contábil internacional. Nesta disciplina você estará sendo preparado para a ação, ou seja, terá contato com uma base de conhecimento imprescindível. Ao final deste estudo, espera-se que você tenha formado habilidades para conhecer a contabilidade e agir em ambiente profissional. Bom (e entusiasmado) estudo! Todo e qualquer lugar pode ser um ambiente perfeito para estudar. Mas, para estudar da melhor forma possível, cada um tem suas individualidades e manias. Há pessoas que conseguem absorver bem um assunto a partir de uma simples leitura. Outros não têm muita paciência para ler e preferem fazer exercícios. Há ainda os que têm predileção por livros coloridos, preenchidos com gráficos, elementos visuais e resumos, ou aqueles que não gostam de teorias acadêmicas e dão preferência a livros que ilustrem exemplos práticos e, assim, retratem o cotidiano empresarial. Desse modo, quando estetrabalho foi elaborado, pensou-se em mesclar estratégias de ensino para que ele se tornasse interessante. No entanto, o que viria a ser um conteúdo interessante? O que seria um conteúdo chato? Essas respostas dependem de sua postura como aluno. Por isso, a recomendação é: aproveite este livro-texto com olhos interessados. É claro que você é livre para estudar da maneira que achar melhor e que acreditar ser mais eficiente. Porém, nesse sentido, sugere-se que, antes de qualquer atitude, seu estudo seja iniciado pela bibliografia. Verifique livros, artigos e referências que foram utilizados na elaboração deste livro-texto. Em seguida, percorra as unidades, sempre fazendo as atividades propostas. Como estudante de educação a distância, você é um autodidata, o que significa que precisa de disciplina e muita motivação. Contabilidade é uma disciplina que exige concentração e assiduidade, justamente o que no mundo atual é muito difícil! Para tornar seu estudo mais eficiente, recomendo reservar algumas horas do seu tempo exclusivamente para estudar contabilidade, não se dedicando ao mesmo tempo a mais nada (evite atender ao telefone, receber mensagens, conversar com os amigos nas redes sociais da internet, deixar a TV ligada em um noticiário, estar próximo a crianças ou animais e a outras distrações). 10 Para tornar seu estudo mais agradável e prazeroso, escute música clássica! Isso mesmo, estudos internacionais têm mostrado que ela é excelente para o estudo. Ou escolha músicas de que você goste, não necessariamente as clássicas, mas evite as que distraiam em demasia, como o heavy metal. Observação Interaja sempre com os tutores, com seus colegas e com o professor nos fóruns. Além disso, contribua com pesquisas, curiosidades e observações. Neste livro-texto, abordaremos os aspectos básicos da contabilidade, incluindo seu histórico e grupos de interesse das informações contábeis. Estudaremos transações que envolvem contas patrimoniais: ativo, passivo e patrimônio líquido e a constituição do Balanço Patrimonial. Veremos o Método das Partidas Dobradas, conhecido popularmente como débito e crédito, e também as variações do patrimônio líquido (despesas, receitas e resultado). Por fim, estudaremos a estrutura (grupos e subgrupos) do Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE). Para cada uma das unidades, há perguntas para aguçar sua curiosidade. Essas perguntas estão dispostas na seguinte figura: O que é contabilidade? Como os fatos são registrados na contabilidade? Como interpretar as demonstrações financeiras/contábeis? Qual é a dinâmica da contabilidade? Figura 1 – Perguntas norteadoras deste livro-texto Está preparado (a)? Vamos lá! 11 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE Unidade I 1 CAMPO DE ATUAÇÃO DA CONTABILIDADE A pergunta norteadora desta unidade é: O que é contabilidade? Figura 2 Antes de responder a essa pergunta, é muito importante entender quais são as necessidades do atual ambiente de negócios. Para isso, trago um caso pioneiro de uma empresa que está oferecendo uma solução para a implantação dos veículos elétricos e que é um exemplo “à flor da pele” de empreendedorismo: 1.1 Esquentando os motores O texto a seguir foi baseado no impressionante relato de Senor e Singer (2011), e a intenção em trazer esse relato é provocá-lo. Assim como fazemos um “aquecimento” antes de iniciar exercícios físicos, trata-se de uma preparação muito útil para absorver melhor os conteúdos teóricos que nos aguardam. Há muitos anos o mundo discute a possibilidade de utilizar novas e modernas tecnologias para substituir a dependência do petróleo que, em alguns países, é absoluta. Atualmente, há várias tecnologias com esse objetivo, desde os combustíveis verdes (sendo o Brasil uma referência nesse tipo de combustível, com o pioneiro programa Proálcool) até o carro elétrico, tido por muitos como uma ótima (ou, talvez, a melhor) solução. Porém, ocorre que a tecnologia do carro elétrico ainda é incipiente. Muitos carros elétricos atuais são híbridos, ou seja, mistos entre as tecnologias antigas e as novas, mas isso não resolve o problema. Os cientistas afirmam que baterias são a melhor forma de armazenar energia, mas elas precisam de tempo para reabastecimento. Nesse sentido, o carro a gasolina ainda é imbatível. Enquanto um carro elétrico precisa de muitas horas para ser 12 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 reabastecido, um carro a gasolina necessita de poucos minutos. E a gasolina tem outras vantagens: postos de reabastecimento encontram-se espalhados em praticamente todos os lugares, é possível reabastecer um carro com pouca gasolina quando se está sem dinheiro, dentre outras facilidades. Em Israel, Shai Agassi, um ex-executivo da empresa alemã de Tecnologia da Informação SAP, surpreendeu a todos quando repentinamente se afastou de uma carreira altamente promissora. Agassi havia imaginado um mundo com carros elétricos e chegou a uma conclusão ousada: baterias, tais quais os nossos botijões de gás no Brasil, seriam apenas recipientes onde se armazena energia, e não propriedade do usuário. Em vez de um carro passar horas para ser reabastecido em uma tomada normal, poderia ser levado a um posto de serviço, onde baterias previamente carregadas poderiam ser rapidamente trocadas. Ainda mais ousado do que isso, inspirado no procedimento já praticado pelas operadoras de telefonia celular, veículos poderiam ser disponibilizados de graça aos clientes, desde que eles assinassem um pacote de serviços. Ou seja, em vez de o cliente comprar um carro, compraria um plano de quilômetros e receberia um carro novo. Saiba mais Para conhecer mais sobre o projeto brasileiro Proálcool, acesse o site: <http://www.biodieselbr.com/proalcool/pro-alcool/ programa-etanol.htm>. Pesquise na internet também a respeito de Shimon Peres, Shai Agassi, Carlos Ghosn e o Fórum Econômico Mundial. A ambiciosa ideia de Shai Agassi, que foi apoiada por ninguém menos que o estadista Shimon Peres e, posteriormente, pelo executivo brasileiro Carlos Ghosn, é carregada de expectativas e riscos altíssimos. Observe que um alto executivo da indústria automobilística demoliu a ideia, recomendando veementemente que fosse abandonada. Certamente, não se trata de uma maldade ou mesmo de um jogo de interesses; esse executivo está apoiado em dados e pesquisas que indicam que não é um empreendimento que deve receber esforços. Porém, a ideia de tirar do papel o sonho dos carros elétricos foi adotada por esses homens, que não são apenas ambiciosos, mas acima de tudo teimosos. Em maior ou menor nível, trata-se de um exemplo extremo de empreendedorismo, pessoas que superam as dificuldades para tornar algo uma realidade. Esse mesmo exemplo pode ser transportado para muitas outras iniciativas, e nós, como administradores e contadores, iremos lidar com empreendedores. 13 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE Nesse sentido, pergunta-se: • Como saber se essa aventura de negócios dará certo? • Qual deve ser a postura de um empreendedor como Shai Agassi ou Carlos Ghosn? Entusiasmada ou conservadora? • Qual deve ser a postura de um administrador ou contador ao aceitar trabalhar em um negócio como esse? Entusiasmada ou conservadora? • Que estrutura um administrador e um contador devem proporcionar para que possam atender às necessidades de informação dos sócios da empresa, dos outros gestores e dos usuários externos? Saiba mais No Brasil também há discussões sobre os carros elétricos que foram aceleradas por ocasião da conferência das Nações Unidas Rio+20. Para saber mais sobre esses temas, acesse: <http://www.abve.org.br/>. Agora que já estamos devidamente “aquecidos”, vamos iniciaro nosso estudo teórico sobre a contabilidade. 1.2 Conceitos de contabilidade “O trabalho da contabilidade é manter o capitalismo honesto.” Hans Hoogervorst (Presidente da IASB) IAAER Conference 2012. Amsterdã – Holanda A contabilidade é a ciência que desenvolveu uma metodologia que capta, registra, acumula, resume e analisa todos os fatos econômicos e financeiros que ocorrem em uma entidade. O livro mais utilizado para o ensino da Contabilidade no Brasil é o Contabilidade Introdutória, de autoria de uma equipe de professores da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo. Nesse livro, Iudícibus et al. (2010, p. 1) trazem a seguinte definição para contabilidade: A Contabilidade, na qualidade de ciência social aplicada, com metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, seja pessoa física, entidade de finalidades não lucrativas, empresa, seja mesmo pessoa de Direito Público, tais como Estado, Município, União, Autarquia etc., tem um campo de atuação muito amplo. 14 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 A Universidade de São Paulo, com os professores da Faculdade de Economia e Administração, é a grande doutrinadora da contabilidade no Brasil. São dessa universidade os principais pesquisadores da atualidade, como os eminentes professores Sérgio de Iudícibus, José Carlos Marion e Eliseu Martins, dentre outros. O livro dos professores da USP Contabilidade Introdutória, da Editora Atlas, é um dos livros mais conhecidos, com milhares de cópias vendidas em todo o mundo. Os professores da Universidade de São Paulo fizeram, há alguns anos, uma clara opção por utilizar a contabilidade dos Estados Unidos, a chamada “escola contábil norte-americana”. Que tal observar a definição de contabilidade de outro professor, por exemplo, um professor de origem norte-americana? O professor Michael P. Griffin (2012, p. 3-4), que é vice-reitor da Charlton Business School da Massachusetts University, em Dartmouth, ensina que: Contabilidade é o registro sistemático, o relato e a análise das transações financeiras de uma empresa. No entanto, além do papel crítico que desempenha como um sistema de informação financeira, ela fornece muito do vocabulário usado nos mercados financeiros. A contabilidade também oferece os dados necessários para executar uma variedade de aplicações financeiras críticas, incluindo o planejamento financeiro, a análise de demonstrações financeiras e a análise de investimento em ativos financeiros. Portanto, há uma ligação muito forte entre a contabilidade e finanças. A contabilidade nos permite acompanhar o que acontece nas empresas (e em organizações sem fins lucrativos e no governo). Na introdução do seu livro, o professor Griffin (2012, p. 11) ensina ainda que a contabilidade “é a linguagem dos negócios”, sendo que exatamente a mesma frase é utilizada pelo professor Niyama (2005), da Universidade de Brasília, um dos maiores especialistas em contabilidade internacional no Brasil. Comparando-se as duas definições de contabilidade, observa-se nos professores da USP uma preocupação mais prática em identificar o papel e a rotina da contabilidade. Na definição do professor Griffin, vemos essa mesma resolução, mas também com uma preocupação em evidenciar que o jargão utilizado na área contábil é muito importante para o mundo dos negócios. Observação Jargão é um vocabulário próprio, em que o uso de palavras e expressões entre os praticantes de uma profissão expressam significados próprios dessa profissão. Em ambos, podemos ver que a contabilidade tem um campo de atuação muito amplo, podendo ser utilizada em diversos tipos de entes, ou melhor, “entidades”. Por entidade compreendemos desde as pessoas físicas até as instituições de Direito Público, como Estados, Municípios e União, passando por instituições privadas, com ou sem fins lucrativos, como é o caso das fundações. 15 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE Observação Com o significado de ente ou entidade, em alguns livros, utiliza-se a expressão derivada da escola italiana de contabilidade “Azienda”, ou ainda “Contabilidade aziendal”. As transações ou operações que ocorrem em uma entidade são, dentre outros exemplos, compras, vendas, pagamentos e recebimentos. Imagine uma loja de sapatos. Durante um dia rotineiro de trabalho, essa loja certamente venderá alguns pares de sapatos, gerando a necessidade de repor os estoques. Para isso, o gerente da loja irá emitir um pedido de compras. Quando as mercadorias chegarem e as prateleiras forem reabastecidas, o fornecedor dos sapatos e o transportador deverão ser pagos, e os clientes terão de pagar pelos sapatos que compraram. Para que essa loja possa funcionar adequadamente, precisará estar limpa, iluminada e bem-decorada – significando gastos que igualmente precisam ser pagos. Cada um dos gastos, compras e vendas recebe a denominação, no jargão contábil, de transação ou operação contábil. Esses eventos, em geral, estão associados a documentos comprobatórios, como a nota fiscal, a fatura, a duplicata, a nota promissória e o recibo. Captação, registro, acúmulo e resumo das transações da entidade geram as demonstrações contábeis, das quais o nosso curso se ocupará com o balanço patrimonial e com a demonstração de resultado do exercício. Lembrete O trabalho básico do contador é o de procurar e captar as “transações”. Nessas duas definições de contabilidade é possível observar ainda que o processo contábil não existe apenas para acumular dados, mas também para formar e analisar informações. Basicamente, as funções da contabilidade são dispostas na seguinte figura: Contabilidade Função administrativa Função econômica efinanceira Controlar o patrimônio Apurar o resultado Prestar informações Figura 3 – Funções da contabilidade 16 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 1.3 A contabilidade como sistema de informação e controle Na figura a seguir, é possível observar o sistema (trâmites, procedimentos) da contabilidade: Fenômenos que afetam a situação patrimonial da entidade Captar, acumular e resumir transações Econômico Financeiro Físico Produtividade Informação na forma de demonstrações contábeis (resumos) Interpretação por usuários internos e externos Tomada de decisão Figura 4 – Visão sistêmica da contabilidade O trabalho na contabilidade se inicia, conforme estudamos nesta unidade, com a captação dos fenômenos que afetam a situação patrimonial da entidade. Para isso, costuma-se sintetizar todo esse trabalho em algumas atividades básicas, como captar, acumular e resumir transações. A tarefa de captação necessita da participação de todos os colaboradores da empresa. O resumo das transações pode ser feito em aspectos econômicos, financeiros, físicos e de produtividade. Os usuários da contabilidade irão receber esses resumos, que podem ser chamados de informações, na forma de demonstrativos contábeis, que sintetizam um universo de operações. Por sua vez, essas informações são interpretadas por usuários internos e externos que irão, com suas próprias conclusões, tomar decisões. Imagine a seguinte situação: em uma empresa que produz pranchas de surfe, o proprietário fixou uma meta de produção para o diretor industrial e metas de vendas para os vendedores. Durante o mês, o contador capta dados, acumula-os e os resume, apresentando demonstrativos. Ao receber esses demonstrativos, o proprietário (usuário interno) interpreta que o diretor industrial teria alcançado a meta, mas não os vendedores, o que teria gerado estoques acima do previsto. Assim, uma das decisões que podem ser tomadas é a de produzir menorquantidade de pranchas e, talvez, de valor mais elevado. Ainda nesse mesmo exemplo, imagine que um gerente de banco (usuário externo) observe nos demonstrativos que o proprietário da empresa teria vendido uma maior quantidade de pranchas 17 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE a prazo. O gerente poderá, então, oferecer um serviço de cobrança mais adequado ou evitar conceder um empréstimo a essa empresa, de acordo com as políticas do banco. Somente nesse exemplo fictício, quantas possibilidades de decisões! O importante é entender essa dinâmica, um mecanismo que ocorre na contabilidade e costumamos chamar de visão sistêmica: de uma grande quantidade de dados, é possível apresentar um demonstrativo (digamos, em uma única folha de papel) que tenha relevância suficiente para permitir a tomada de decisões importantes. Lembrete A contabilidade é a ciência que desenvolveu uma metodologia que capta, registra, acumula, resume e analisa todos os fatos econômicos e financeiros que ocorrem em uma entidade. Esse aspecto de como os usuários interpretam as demonstrações contábeis é bem extenso e tem gerado pesquisas científicas na área de contabilidade. Há uma linha de pesquisa, a chamada behavioral accounting (em português, contabilidade comportamental), que estuda o comportamento dos usuários diante da contabilidade e que se vale de outras áreas do conhecimento, como a psicologia e até mesmo a neurociência. 2 GRUPOS DE INTERESSE NA INFORMAÇÃO CONTÁBIL 2.1 A contabilidade e as finanças empresariais Vimos que Griffin (2012) citou a importância da contabilidade para as finanças empresariais de uma forma geral. Mais especificamente, Griffin (2012, p. 137) comenta que “a contabilidade é a matéria-prima da análise financeira”. Não sem razão, uma vez que os dados contábeis são fundamentais para que os analistas financeiros possam analisar os dados das empresas e tomar decisões. Para Matarazzo (2003), as demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A análise de balanço transforma esses dados em informações e será tanto mais eficiente quanto melhores informações produzir. A maior parte dos autores ligados à área financeira costuma dizer que o processo de análise de balanços se inicia logo após o processo contábil. Esses processos são descritos nas figuras a seguir: 18 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 Processo contábil Fatos Compras Vendas Pagamentos Recebimentos Escrituração Diário Razão Livros fiscais Apuração do resultado Lucro ou prejuízo Demonstrações contábeis Balanço patrimonial Demonstração do resultado do exercício Demonstração do fluxo de caixa Demonstração do valor adicionado Notas explicativas Figura 5 A seguir, o processo de análise de balanços: Análise de balanço Exame e padronização Balanço patrimonial Demonstração do resultado do exercício Análise vertical / horizontal Cálculo Análises Apuração dos indicadores Liquidez, endividamento atividade e rentabilidade Índices-padrão Cálculos e comparação Relatório de análise Elaboração do relatório de forma clara para determinado usuário Figura 6 19 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE Por conta das necessidades dos analistas, era comum até alguns anos atrás a solicitação de relatórios ad hoc para as empresas, o que de certa forma gerava problemas de confiabilidade nas próprias demonstrações financeiras e criava mais trabalho para os contadores. Observação Relatórios com a expressão em latim ad hoc são relatórios solicitados aleatoriamente, a qualquer momento. Nesse sentido, a IASB e o CPC no Pronunciamento Conceitual Básico orientam os contadores a não mais preparar relatórios ad hoc, elaborando de forma mais atenta as próprias demonstrações financeiras como o balanço patrimonial. Esse aspecto é muito importante para conferir maior credibilidade para o trabalho contábil em geral. A IASB e o CPC deram para as demonstrações financeiras o título de Relatório Contábil-Financeiro de Propósito Geral e orientam a considerar os três seguintes grupos de usuários com atenção, sem, no entanto, criar uma hierarquia entre eles. São os chamados “usuários primários”: • investidores; • credores por empréstimo; e • outros credores. A seguir, citações literais do CPC (retiradas do Pronunciamento Conceitual Básico) a respeito disso: OB2. O objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito geral é fornecer informações contábil-financeiras acerca da entidade que reporta essa informação (reporting entity) que sejam úteis a investidores existentes e em potencial, a credores por empréstimos e a outros credores, quando da tomada de decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade. Essas decisões envolvem comprar, vender ou manter participações em instrumentos patrimoniais e em instrumentos de dívida, e oferecer ou disponibilizar empréstimos ou outras formas de crédito. OB5. Muitos investidores, credores por empréstimo e outros credores, existentes e em potencial, não podem requerer que as entidades que reportam a informação prestem a eles diretamente as informações de que necessitam, devendo desse modo confiar nos relatórios contábil-financeiros de propósito geral, para grande parte da informação contábil-financeira que buscam. Consequentemente, eles são os usuários primários para quem relatórios contábil-financeiros de propósito geral são direcionados. 20 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 Lembrete A Análise de Balanços será estudada nas próximas disciplinas do curso. Saiba mais Para saber mais sobre o Pronunciamento Conceitual Básico, acesse o site: <http://www.cpc.org.br>. 2.2 A contabilidade, a economia e o direito A contabilidade possui uma ampla gama de usuários, dentro e fora da empresa contabilizada. Alguns autores, como Santos (2005), para fins de estudo e organização, costumam separar os usuários da contabilidade em dois tipos: • os usuários internos; • os usuários externos. Os gestores da empresa precisam de ferramentas de avaliação e controle de suas atividades para que saibam quanto têm em dinheiro, quanto têm a receber, o que têm a pagar, a quem devem etc. Eles precisam saber se estão ganhando ou perdendo dinheiro e, sobretudo, qual é o resultado econômico e o financeiro de suas atividades empresariais. Externamente, organizações e indivíduos procuram ter uma avaliação acerca da empresa, ainda que não tenham acesso direto à sua rotina diária. Vejamos alguns usuários e sua relação com a contabilidade: • Usuários internos: — Gestores financeiros: analisam, por meio da contabilidade, a posição financeira expressa por dinheiro e direitos a receber, bem como as obrigações a serem saldadas com esses recursos. Analisam também a lucratividade da entidade e a relação entre o desempenho econômico, expresso em resultado positivo ou negativo, e o desempenho financeiro, ou seja, a geração de recursos financeiros para pagar as obrigações assumidas. — Gestores de produção: analisam a relação entre despesas e receitas, bem como os níveis de estoques. 21 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE — Auditores internos: analisam a veracidade ou a precisão da contabilidade, buscam indicações de desvios de recursos ou práticas duvidosas e auxiliam os gestores financeiros, de produção e de outros setores a obter números confiáveis, a partir dos quais se podem tomar decisões. — Gestores em geral: qualquer um que precise entender e analisar a história da empresa expressa em unidades monetárias. — Administradores: aqueles que, ao administrar a empresa, precisam de um“mapa” e de uma “bússola”, da mesma maneira que um navegador necessita dessas ferramentas para orientar-se e decidir-se por um caminho a tomar. — Sócios: querem saber de seus haveres, do lucro a que fazem jus e do real desempenho da empresa. Usam a contabilidade para cobrar resultados dos administradores. • Usuários externos: — Fornecedores: utilizam, dentre outros recursos, a contabilidade, para avaliar se o cliente terá capacidade de pagar pelos produtos comprados a prazo. — Banqueiros comerciais: essencialmente, concedem crédito na forma de empréstimos, desconto de títulos e outras operações, em que emprestam o capital necessário à condução das atividades da entidade. A partir da contabilidade, procuram analisar a capacidade de devolução dos recursos emprestados. — Banqueiros de investimento: são agentes especializados em fornecer recursos de investimento a longo prazo, de maneira que as empresas possam investir a longo prazo em crescimento e desenvolvimento. Usam a contabilidade para avaliar as perspectivas de crescimento e retorno sobre o investimento, e demonstram aos investidores externos, com base em projeções feitas a partir dos números da contabilidade da empresa, o potencial de lucro e o risco do investimento. — Auditores externos: analisam as demonstrações contábeis de maneira que ateste sua correção. Se os números estiverem corretos, autoridades tributárias, banqueiros comerciais ou de investimentos e investidores poderão, mais seguramente, avaliar as empresas. Há ainda grupos de interesse diversos, como o governo, que usa largamente as informações contábeis para fins de arrecadação e fiscalização de impostos, e para a formação de políticas econômicas, a partir dos dados que as demonstrações financeiras oferecem. Os sindicatos de trabalhadores ou patronais podem vir a utilizar os relatórios para determinar a produtividade do setor, um fator preponderante para decidir se salários devem ser reajustados, por exemplo. Podemos citar muitos outros interessados, como funcionários, órgãos de classes, pessoas e diversas instituições, como a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o CRC (Conselho Regional de Contabilidade), empresas concorrentes, jornalistas em busca de informações para suas matérias e muito mais. 22 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 3 O BALANÇO PATRIMONIAL A pergunta norteadora desta unidade é: Qual é a dinâmica de contabilidade? Figura 7 3.1 Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido A seguir, estudaremos o patrimônio empresarial, assunto que é descrito em muitos livros como “estática patrimonial” e que representa o “balanço patrimonial”, uma das demonstrações financeiras que as empresas apresentam frequentemente ao mercado. O balanço patrimonial é a demonstração contábil que apresenta a situação econômica e financeira em um determinado momento. No Brasil, é costume apurar-se o balanço patrimonial anual no dia 31 de dezembro, coincidindo com o ano-calendário ou ano gregoriano. Há países que adotam outros períodos para apuração do balanço, de acordo com a cultura local. O balanço patrimonial poderá ser apurado em todos os outros momentos em que os usuários internos da contabilidade considerarem oportuno ou necessário, ou quando usuários externos o exigirem. A apuração do balanço patrimonial e das outras demonstrações, chamada costumeiramente de “fechamento”, ou, pelos auditores, de “corte contábil”, é um processo que pode ser bem trabalhoso, dependendo da empresa, porque envolve toda uma infraestrutura de sistemas de informações e a colaboração de todos os funcionários da empresa, em maior ou menor grau. No passado, quando as empresas ainda não dispunham de computadores, era muito comum um balanço ser publicado várias semanas após o final do período-calendário. Atualmente, com os computadores, há empresas que conseguem apurar rapidamente um balanço patrimonial. O balanço patrimonial apresenta, do seu lado esquerdo, o ativo, ou seja, os bens e direitos da empresa; e, do lado direito, o passivo, que são as obrigações com terceiros em geral, como fornecedores, banqueiros e funcionários, o patrimônio líquido, e as obrigações com terceiros específicos, nas sociedades limitadas representados pelos quotistas, e, nas sociedades anônimas, representados pelos acionistas. No Brasil, a estrutura de um balanço patrimonial é definida na Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), que foi posteriormente modificada pelas Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09, reconhecendo no 23 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE Brasil o esforço de convergência internacional. Independentemente do porte da empresa, do ramo de negócios em que atua ou de qualquer outra característica, os contadores devem sempre seguir uma mesma estrutura, o que permite que tanto os usuários internos como os externos possam analisar adequadamente as informações. Estudemos, então, a estrutura de acordo com o seguinte quadro: Quadro 1 Balanço patrimonial Ativo Passivo Patrimônio líquido O ativo é o conjunto de bens e direitos de propriedade da empresa. São os itens positivos do patrimônio, trazem benefícios e proporcionam ganho para a empresa. Os bens, suscetíveis de avaliação econômica, são as coisas capazes de satisfazer as necessidades humanas e das empresas. Podem ser materiais ou imateriais. Os bens materiais, corpóreos ou tangíveis são objetos que a empresa tem para uso (armários, prateleiras, computadores, máquinas, automóveis, vitrines etc.), troca (mercadorias e dinheiro) ou consumo (como materiais de limpeza, de expediente e de embalagem). Observação Os conceitos de conta serão utilizados em breve, no tópico 3.3. 24 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 Quadro 2 – Bens materiais: exemplos e contas representativas Bem Conta representativa do bem Dinheiro em caixa Caixa Hardware e periféricos de informática Equipamentos de informática Mercadorias para venda Estoque Prédios Imóveis Tornos Máquinas Automóvel para entregas Veículos Já os bens imateriais, incorpóreos ou intangíveis correspondem àqueles que, por sua natureza, não se consegue tocar. Os bens imateriais são cada vez mais importantes no patrimônio de uma empresa, muitas vezes, assumindo valores maiores do que os dos bens físicos dos quais a empresa dispõe. Quadro 3 – Bens imateriais: exemplos e contas representativas Bem Conta representativa do bem Marca da empresa Marcas Patente de invenção Patente Luva de um estabelecimento de comércio Ponto comercial Saiba mais Durante muito tempo, houve dúvidas de como tratar contabilmente os intangíveis. Atualmente, existe uma orientação específica sobre isso: o CPC 04, que faz correlação às Normas Internacionais de Contabilidade IAS 38 (IASB – BV 2010). Pesquise a respeito disso na internet! Os direitos são todos os valores que a empresa tem para receber de terceiros. Quadro 4 – Direitos: exemplos e contas representativas Direito Conta representativa do direito Venda a prazo de mercadorias Duplicatas a receber – clientes Venda a prazo de produtos Duplicatas a receber – clientes Venda a prazo de serviços Duplicatas a receber – clientes Venda a prazo de imóveis Notas promissórias a receber Ações de outras empresas Participações 25 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE O passivo significa as obrigações exigíveis da empresa, ou seja, as dívidas que serão cobradas, conforme a data de seu vencimento. Conhecido como dívidas com terceiros em geral ou, ainda, passivo exigível. Quadro 5 – Exemplos de obrigações com terceiros e contas representativas Obrigações com terceiros em geral Conta representativa das obrigações Compra de mercadoria a prazo Duplicatas a pagar – fornecedores Utilizaçãodos serviços dos empregados ainda não pagos Salários a pagar Uso dos serviços públicos Impostos a pagar Utilização de capital de terceiros Juros a pagar Empréstimos tomados de bancos Financiamentos bancários O patrimônio líquido representa o total do investimento dos proprietários na empresa e indica a diferença entre o valor dos bens e direitos (ativo) e o valor das obrigações com terceiros (passivo). É essa parte diferencial (PL) que vai medir ou avaliar a situação ou condição da entidade, sendo, portanto, considerada como passivo não exigível. Quadro 6 – Patrimônio líquido: obrigações com terceiros específicos – Exemplos e contas representativas Obrigações com terceiros específicos Conta representativa de obrigações com terceiros específicos Investimentos dos sócios na empresa Capital social Resultado obtido pela empresa ainda sem destinação definida Lucro ou prejuízo acumulado Promessa de investimento feito pelos sócios Capital a integralizar Observação O patrimônio líquido é considerado o capital próprio da empresa, enquanto o ativo são as aplicações tanto do capital próprio como do capital de terceiros. Muitas vezes, costumamos confundir a figura do proprietário (ou dos proprietários), como se ele e a empresa fossem a mesma coisa. Por mais que um negócio seja profundamente vinculado a alguém, a empresa tem uma personalidade jurídica, e a pessoa física tem outra completamente diferente. Assim, a empresa “deve” recursos ao proprietário – daí dizermos que o patrimônio líquido é uma obrigação para “terceiros em específico”. De especial importância para o nosso estudo é a conta de capital a integralizar. É muito comum os sócios ou o proprietário de uma empresa, quando do registro do seu contrato de 26 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 abertura, prometer que irá depositar nela determinada quantia de dinheiro ou bens e direitos. A esse ato dá-se o nome de subscrição de capital, representada pela promessa de investimento feita pelos sócios na conta capital a integralizar. Trata-se de um direito da empresa perante os sócios, e devido a isso se coloca a conta no ativo. O investimento ou o capital inicial dos proprietários é representado pela conta capital social, vista no patrimônio líquido. Assim, temos o balanço patrimonial, conforme o quadro a seguir: Quadro 7 Balanço patrimonial Ativo Passivo Caixa R$ 5.000,00 Fornecedores R$ 30.000,00 Banco R$15.000,00 Impostos a pagar R$ 15.000,00 Duplicatas a receber R$ 20.000,00 Salários a pagar R$ 10.000,00 Imóveis R$ 200.000,00 Empréstimos R$ 150.000,00 Veículos R$ 30.000,00 Total R$ 205.000,00 Patrimônio líquido Capital social R$ 60.000,00 Reservas de lucros R$ 5.000,00 Total do ativo R$ 270.000,00 Total passivo + PL R$ 270.000,00 Podemos observar: • o total de bens = R$ 235.000,00 (caixa, imóveis e veículos); • o total de direitos = R$ 35.000,00 (banco e duplicatas a receber); • o total de obrigações com terceiros = R$ 205.000,00 (fornecedores, impostos a pagar, salários a pagar e empréstimos); • o total de obrigações com sócios = R$ 65.000,00 (capital social e reservas de lucros). Também é possível representar o balanço patrimonial sabendo-se que: • o patrimônio líquido é conhecido como capital próprio; • o passivo é conhecido como capital de terceiros; • o ativo é conhecido como capital à disposição da empresa. 27 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE O balanço pode ser assim definido: Capital à disposição da empresa Capital à disposição da empresa Capital de terceiros Capital próprio Figura 8 O patrimônio bruto ou capital à disposição da empresa é o total dos bens + direitos, isto é, o ativo. O patrimônio líquido é o patrimônio bruto, o seja, as devidas obrigações com terceiros. Temos então a seguinte fórmula, conhecida como Equação Fundamental do Patrimônio: Figura 9 – Equação Fundamental do Patrimônio Iudícibus et al. (2010, p. 20) descrevem ainda uma situação mais restrita, que às vezes ocorre em uma empresa, que é o passivo suplantar o ativo, ou o que se chama de Patrimônio Líquido Negativo e que é conhecido popularmente como “passivo a descoberto”. Em uma situação desse tipo, a fórmula da Equação Fundamental do Patrimônio fica: ativo = passivo a descoberto = passivo ou ativo = passivo + passivo a descoberto (patrimônio líquido negativo) Vamos estudar a partir de agora os principais usos da contabilidade. Já vimos nas próprias definições de contabilidade que se trata de um conhecimento de aplicação ampla. 28 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 3.2 Princípios básicos de origens e aplicações de recursos Todos os recursos obtidos por uma empresa passam pelo passivo ou pelo patrimônio líquido. Os recursos são originados nos valores investidos pelos sócios ou nos valores a pagar para terceiros. O ativo, por sua vez, evidencia todas as aplicações dos recursos obtidos em dinheiro, estoques, veículos e máquinas, dentre outros. Todo bem ou direito (isto é, o ativo da empresa) tem uma origem, que pode ser de terceiros ou sócios. Por meio desses conceitos, podemos entender que o total de aplicações (ativo) será sempre igual ao total de origens (passivo + patrimônio líquido). Quadro 8 – Origens e aplicações Aplicações (ativos) = Origens (passivo) + Origens (patrimônio líquido) Aplicação Origem Origem Por meio do balanço patrimonial a seguir, demonstram-se o total de bens e os direitos e obrigações da empresa: Quadro 9 – Balanço patrimonial com o total de bens, direitos e obrigações da empresa Ativo Passivo Dinheiro em caixa R$ 10.000,00 Banco R$ 34.200,00 Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Máquinas R$ 78.000,00 Veículos R$ 42.000,00 Equipamentos de informática R$ 48.400,00 Imóveis R$ 341.200,00 Marca R$ 460.000,00 Fornecedores R$ 228.000,00 Salários a pagar R$ 332.000,00 Impostos a recolher R$ 122.000,00 Financiamento R$ 206.000,00 Total R$ 888.000,00 Patrimônio líquido Capital social R$ 200.000,00 Total PL R$ 200.000,00 Total geral R$ 1.088.000,00 Total geral R$ 1.088.000,00 Total de bens tangíveis R$ 519.600,00 (conta: caixa, máquinas, veículos, equipamento de informática, imóveis) Total de bens intangíveis R$ 460.000,00 (conta: marca) Total de direitos R$ 108.400,00 (contas: banco e duplicatas a receber) Total de obrigações com terceiros R$ 888.000,00 (contas: contas a pagar, fornecedores, salários a pagar, impostos a recolher, financiamento) Total de obrigações com sócios R$ 200.000,00 (conta: capital social) Os analistas e homens e mulheres de negócios costumam analisar frequentemente as origens de recursos de uma empresa. Entende-se que quanto menor o percentual de capitais de terceiros 29 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE que a empresa tiver, melhor. Mas há casos em que o endividamento pode ser benéfico para a empresa, alavancando as operações. Todos esses aspectos são possíveis de analisar por meio do balanço patrimonial. Exemplo de aplicaçãoExemplo de aplicação A seguir, reproduzimos os Balanços Patrimoniais da Coteminas, para você observar a aplicação da estrutura que acabamos de estudar em uma empresa real. Trata-se de uma grande empresa, então entenderam que seria melhor separar o ativo e o passivo em duas páginas e apresentá-los em sequência, o que também é permitido. Observe que eles demonstram dois anos ao mesmo tempo, 2011 e 2012, e têm duas partes: A “controladora” e o “consolidado”. Como a Coteminas é um grupo empresarial, as leis exigem que ela publique o balanço assim, dessa forma mesmo. A controladora é a empresa que “centraliza” a administração do grupo empresarial, e o consolidado é um procedimento de soma de todas as empresas, um esforço para mostraro grupo como se fosse um só. Quadro 10 – Balanço Patrimonial da Coteminas, 2012 e 2011, Ativos, preparado pelo contador Nourival C. Pedroso Filho, CRC nº 1 065177-O/8 S/MG BALANÇOS PATRIMONIAIS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2012 e 2011 (Em milhares de Reais) ATIVOS Nota explicativa Controladora Consolidado 2012 2011 2012 2011 CIRCULANTE: Caixa e equivalentes de caixa 3 1.264 2.364 146.613 185.878 Títulos e valores mobiliários 4 - 9.928 39.750 44.148 Duplicatas a receber 5 - - 546.628 540.499 Estoques 6 - - 653.364 772.540 Adiantamentos a fornecedores 7 11 104 57.750 68.577 Impostos a recuperar 17.d 7.115 11.152 41.227 45.944 Debêntures emitidas por controlada 16 11.892 25.388 - - Instrumentos derivativos 21.d.5.1 - - - 11.225 Imóveis destinados à venda - - 2.921 11.790 Outros créditos a receber 4.294 20.523 29.838 40.295 ------------- ------------- ------------- ------------- Total do ativo circulante 24.576 69.459 1.518.091 1.720.896 ------------- ------------- ------------- ------------- NÃO CIRCULANTE: Realizável a longo prazo: Adiantamentos a fornecedores 7 - - - 408 Partes relacionadas 15 87.482 96.924 46.037 35.499 Debêntures emitidas por controlada 16 - 5.266 - - Impostos a recuperar 17.d 13.552 20.991 43.784 75.947 30 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 Imposto de renda e contribuição social diferidos 17.c 8.629 8.629 71.981 71.246 Imobilizado disponível para venda 9.b - - 40.585 50.427 Depósitos judiciais 18 78.053 78.109 101.431 102.011 Outros créditos e valores a receber 2.056 2.056 16.018 7.650 ------------- ------------- ------------- ------------- 189.772 211.975 319.836 343.188 Investimentos em controladas 8 897.311 952.689 - - Investimentos em coligadas 8 56.229 71.400 56.229 71.400 Outros investimentos 4.634 4.710 7.675 5.257 Imobilizado 9.a 9.394 16 1.094.518 1.116.801 Intangível 10 2 2 114.015 113.888 ------------- ------------- ------------- ------------- Total do ativo não circulante 1.157.342 1.240.792 1.592.273 1.650.534 ------------- ------------- ------------- ------------- Total dos ativos 1.181.918 1.310.251 3.110.364 3.371.430 ======== ======== ======== ======== Fonte: Coteminas (2012, p. 25). Saiba mais Todas as demonstrações financeiras/contábeis estão disponíveis em: <http://www.mzweb.com.br/coteminas/web/download_arquivos. asp?id_arquivo=79794FCA-609E-4C06-B94E-A0DCE4F04536>. Para nossa análise, vamos observar apenas as colunas do consolidado, ok? Observe que os ativos da Cia. Coteminas somaram três bilhões, cento e dez milhões de reais em 2012, e um pouco mais do que isso em 2011: três bilhões, trezentos e setenta e um milhões de reais. Muito, não é mesmo? Todo esse dinheiro está à disposição dessa empresa, seja pagando contas e salários, seja na forma de máquinas, equipamentos e investimentos em outras empresas. Como veremos posteriormente com mais detalhes, de todo esse dinheiro, a Coteminas tinha, “no cofre”, ou seja, à disposição “para gastar” ou para “giro de caixa”, cento e quarenta e seis milhões de reais (observe a conta contábil “caixa e equivalentes de caixa”). 31 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE Observação O dinheiro para “gastar”, ou para “giro de caixa”, recebe a denominação de “liquidez imediata” nas finanças; à semelhança da água ou de um líquido qualquer, consegue circular ou “correr” com facilidade. Mas... e de onde veio todo esse dinheiro? Para responder a essa pergunta, precisamos buscar o passivo da Coteminas, que será demonstrado a seguir: Quadro 11 – Balanço Patrimonial da Coteminas, dos anos de 2012 e 2011, Passivos, preparado pelo contador Nourival C. Pedroso Filho, CRC nº 1 065177-O/8 S/MG COMPANHIA DE TECIDOS NORTE DE MINAS - COTEMINAS BALANÇOS PATRIMONIAIS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2012 e 2011 (Em milhares de Reais) PASSIVOS E PATRIMÔNIO LÍQUIDO Nota explicativa Controladora Consolidado 2012 2011 2012 2011 PASSIVOS CIRCULANTE: Empréstimos e financiamentos 13 45.461 25.438 458.188 445.647 Fornecedores 12 218 138 197.618 233.202 Obrigações sociais e trabalhistas 584 556 55.540 54.351 Impostos e taxas 348 6 13.980 15.903 Dividendos a pagar 11 34 1.335 1.387 Instrumentos derivativos 21.d.4 - - - 17.967 Partes relacionadas – minoritários 15 - - - 20.000 Concessões governamentais 20 - - 13.115 4.141 Arrendamentos não recuperáveis 11 - - 13.736 5.252 Outras contas a pagar 6.736 1.889 76.900 61.997 ------------- ------------- ------------- ------------- Total do passivo circulante 53.358 28.061 830.412 859.847 ------------- ------------- ------------- ------------- NÃO CIRCULANTE: Empréstimos e financiamentos 13 - - 349.124 529.479 Arrendamentos não recuperáveis 11 - - 11.724 8.720 Partes relacionadas 15 424 - 164 - Concessões governamentais 20 - - 49.859 68.847 32 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 Planos de aposentadoria e benefícios 19 - - 86.765 77.507 Provisões diversas 18 64.938 64.380 99.331 95.464 Provisão para imposto de renda e contribuição social diferidos 17.c 427 427 5.049 5.051 Outras obrigações 405 - 26.744 18.222 ------------- ------------- ------------- ------------- Total do passivo não circulante 66.194 64.807 628.760 803.290 ------------- ------------- ------------- ------------- PATRIMÔNIO LÍQUIDO: 14 Capital realizado 870.000 870.000 870.000 870.000 Reservas de capital 286.308 286.308 286.308 286.308 Reservas de lucros 431.721 431.698 431.721 431.698 Ajuste acumulado de conversão (108.316) (97.361) (108.316) (97.361) Ações em tesouraria (838) (838) (838) (838) Prejuízos acumulados (416.509) (272.424) (416.509) (272.424) ------------- ------------- ------------- ------------- Total da participação dos acionistas controladores 1.062.366 1.217.383 1.062.366 1.217.383 ------------- ------------- ------------- ------------- PARTICIPAÇÃO DOS CIONISTAS NÃO CONTROLADORES - - 588.826 490.910 ------------- ------------- ------------- ------------- Total do patrimônio líquido 1.062.366 1.217.383 1.651.192 1.708.293 ------------- ------------- ------------- ------------- Total dos passivos e do patrimônio líquido 1.181.918 1.310.251 3.110.364 3.371.430 ======= ======= ======= ======= Fonte: Coteminas (2012, p. 26). Observe que, no passivo da Coteminas (Consolidado, ano de 2012), há um equilíbrio entre capitais de terceiros e capitais próprios. Por que se diz isso? O passivo circulante foi somado com o não circulante, que são considerados capitais de terceiros, e comparados com o patrimônio líquido, considerado como capital próprio. Realizou-se o cálculo demonstrado a seguir: Estrutura de Capital da Coteminas (Balanço Consolidado 2012) Passivo Circulante 830.412,00 Passivo Não Circulante 628.760,00 Patrimônio Líquido 1.651.192,00 Total do Passivo 3.110.364,00 1.459.172,00 47% Capital 1.651.192,00 53% Capital Próprio 3.110.364,00 100% 33 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE Essa distribuição de capitais também é denominada nas finanças como estrutura de capital e é um aspecto muito observado pelos analistas financeiros, que, não raramente, consideram o fato de a empresa ter mais capital próprio do que de terceiros, algo confortável, embora nem sempre isso seja uma realidade. Não deixe de observar ainda que os valores do ativo da Coteminas são idênticos aos valores do passivo. Para o ano de 2012, tanto o ativo como o passivo estão [corretamente] com o valor de R$ 3.110.364,00, ou seja, não há nem um real de diferença! Isso é a Equação Fundamental do Patrimônio (Ativo + Passivo = Patrimônio Líquido). Importante O balanço patrimonial da Cia. Coteminas foi utilizado para fins estritamente pedagógicos, em O balanço patrimonial da Cia. Coteminas foiutilizado para fins estritamente pedagógicos, em ambiente universitário. A escolha ou o uso dessa empresa não deve jamais ser interpretado como ambiente universitário. A escolha ou o uso dessa empresa não deve jamais ser interpretado como sugestão do professor de consumo de produtos ou realização de investimentos.sugestão do professor de consumo de produtos ou realização de investimentos. 3.3 Conceitos de Conta Os valores constantes na contabilidade de uma empresa são dispostos em contas contábeis, ou seja, a representação gráfica dos elementos patrimoniais (bens, direitos e obrigações), denominações que resumem uma categoria de elementos patrimoniais ou ligados ao resultado. Por exemplo: imaginemos que uma empresa tenha em seu patrimônio veículos para vendedores, motocicletas, lanchas para transporte marítimo e caminhões para entregas aos clientes e para transporte de mercadorias em geral. O contador pode sintetizar todos esses elementos em uma só categoria (conta contábil), denominada Veículos ou Veículos Automotores. Segundo Iudícibus et al. (2010, p. 38) “o importante é que em cada conta se mantenha o registro da história da movimentação do componente do ativo, do passivo ou do patrimônio líquido a que se refere” e “utilizam-se contas separadas para representar cada tipo de elemento do Ativo, do Passivo e do Patrimônio Líquido”. As diversas contas contábeis de uma empresa são dispostas de forma agrupada e ordenada em um plano de contas, um trabalho personalizado para cada empresa e definido pelo contador de acordo com as especificidades do negócio. Lembrete Como vimos, a contabilidade é a ciência que desenvolveu uma metodologia que capta, registra, acumula, resume e analisa todos os fatos econômicos e financeiros que ocorrem em uma entidade. As contas contábeis são imprescindíveis para realizar essas funções. 34 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 Para a formulação de um plano de contas, cada contador seguia o seu bom senso e os usos e costumes ao elaborar as denominações das contas contábeis. Mais recentemente, de acordo com o Pronunciamento Conceitual Básico, entendeu-se que os contadores devem também observar as denominações que são utilizadas no ramo de negócios onde a empresa está presente e reproduzir essas denominações no Plano de Contas. Assim, os usuários externos terão maior facilidade para analisar dados de empresas de um mesmo ramo. Existem dois tipos de contas contábeis: a) Contas patrimoniais b) Contas de resultado As contas patrimoniais expressam os elementos do balanço patrimonial, que são mantidos a cada exercício social. As contas de resultado representam as despesas e receitas e são zeradas e/ou anuladas a cada exercício social, com a apuração do resultado do exercício. 4 BALANÇOS SUCESSIVOS: CONCEITUAÇÃO E PRÁTICA Para bem entender a dinâmica contábil iremos agora acompanhar uma sequência de situações (fatos contábeis) que acontecem em uma empresa fictícia, para fins de exemplo. A cada nova sequência, iremos observar quais são as modificações nas demonstrações contábeis dessa empresa. Trata-se de uma técnica muito eficiente para estudar contabilidade. No entanto, é importante esclarecer de antemão que essa rotina não é usual nos escritórios contábeis. Normalmente, os fatos são registrados isoladamente, e o Balanço Patrimonial e a DRE são apurados periodicamente. Essa apuração é chamada de “fechamento contábil” ou “corte contábil”. Lembrete O “fechamento contábil” ou “corte contábil” é a aplicação final do “processo contábil”, em que todos os dados contábeis são processados e as demonstrações financeiras são formadas. Atualmente, com a evolução da Tecnologia da Informação, há sistemas integrados capazes de apresentar demonstrações financeiras atualizadas a cada momento, ou on-line, mas mesmo esses sistemas necessitam de um fechamento ou corte contábil. A informação on-line costuma ser formada por meio de padrões, que se aproximam dos números, mas não são os reais. 35 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE Saiba mais Se você se interessar em tecnologia da informação aplicada à contabilidade e métodos utilizados em uma contabilidade on-line, leia o artigo do autor deste livro: <http://www.congressousp.fipecafi.org/ artigos102010/433.pdf>. É importante também comentar que, para a realização de qualquer exercício de contabilidade, é sempre importante seguir três dicas: a) fazer o exercício passo a passo, sem a vontade de pular ou economizar etapas; b) imaginar que se trata de uma situação real, em que você precisa de fato apresentar uma solução; c) colocar-se sempre no ponto de vista da empresa. Observação Esse aspecto de “colocar-se sempre no ponto de vista da empresa” é muito importante e faz toda a diferença! Estamos acostumados a olhar a empresa de fora para dentro, mas o contador sempre considera as coisas de dentro para fora, como se ele fosse a própria empresa. Então, digamos que a empresa tenha comprado mercadorias. O contador vê como se ele (como empresa) tivesse comprado as mercadorias! Vamos lá: 4.1 Operações envolvendo contas de ativo, passivo e patrimônio líquido Este é um processo de estudo que se baseia no fato de que, após a realização de uma operação, é apurado um balanço patrimonial. Após outra operação, será feito um novo balanço patrimonial partindo-se do anterior, e assim sucessivamente. Esse processo não é o usual nos escritórios contábeis, em que se apura periodicamente um balanço patrimonial, e essa apuração é chamada de fechamento. Como normalmente são muitas operações, não é possível apurar um balanço patrimonial após cada operação; no entanto, trata-se de um poderoso processo para se estudar contabilidade. Uma orientação para estudar eficientemente contabilidade (neste exercício e em qualquer outro) é imaginar que a situação proposta é real. Assim, resolva os exercícios passo a passo, como se estivesse trabalhando de verdade. 36 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 Na empresa Cia. Alef, no ano de 20X6, ocorreram as seguintes operações: 1. Vários empresários fundam uma Sociedade Anônima denominada Alef, subscrevendo um capital social de R$ 1.000,00. Saiba mais Abrir uma nova empresa é um dos atos mais importantes, devendo ser devidamente registrado nos órgãos públicos do município, do estado e do país. Visite o site da Junta Comercial do seu estado e conheça o processo para o registro de uma empresa. Em São Paulo, o endereço é: <www.jucesp.sp.gov.br/>. 2. Integralização do capital em dinheiro. Observação Um sócio não precisa necessariamente injetar capital em uma empresa na forma de dinheiro (recursos financeiros). É possível integralizar capital em bens, como casas, imóveis comerciais e animais. No entanto, o momento em que o sócio efetivamente disponibiliza o recurso financeiro ou transfere o bem para a empresa é considerado “integralização de capital”. 3. Compra de mesas e cadeiras por R$ 100,00 à vista. 4. Compra de automóvel para entrega por R$ 200,00 a prazo. 5. Compra de prédio por R$ 10.000,00 para abrigar a sede da empresa, sendo R$ 500,00 à vista e o restante a crédito. Observemos essas operações passo a passo: 1. Vários empresários fundam uma Sociedade Anônima denominada Alef, subscrevendo um capital social de R$ 1.000,00. A subscrição de capital representa a promessa do investimento feito pelos sócios e será representada pela conta capital a integralizar. Isso é um direito da empresa perante os sócios, e devido a isso a conta é colocada no ativo. 37 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE O investimento dos proprietários é representado pela conta capital social, a ser representada no patrimôniolíquido. Quadro 12 Balanço patrimonial Cia. Alef Momento 1 Lançamento 1/5 Ativo Passivo Patrimônio líquido Capital social R$ 1.000,00 Capital a integralizar R$ (1.000,00) Ativo R$ 0,00 Passivo+PL R$ 0,00 2. Integralização do capital em dinheiro. Observa-se que o capital da empresa foi integralizado na forma de espécie monetária. Devido ao fato de a conta caixa ser um bem, e todo bem ser ativo, será zerada a conta capital a integralizar e surgirá a conta caixa (um bem monetário – ativo). Neste momento, elabora-se o balanço patrimonial nº 1 por meio de seus dados. A integralização significa que os sócios pagaram à empresa o que lhe deviam, desfazendo a conta capital a integralizar. Como a integralização foi em dinheiro, a conta que representará será o caixa. Observa-se que o capital social continua sem modificações. Quadro 13 Balanço patrimonial Cia. Alef Momento 2 Lançamento 2/5 Ativo Passivo Caixa R$ 1.000,00 Patrimônio líquido Capital social R$ 1.000,00 Ativo R$ 1.000,00 Passivo+PL R$ 1.000,00 38 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 3. Compra de mesas e cadeiras por R$ 100,00 à vista. Partindo do balanço patrimonial anterior, teremos de representar agora a operação de compra de bem à vista. Com isso, serão subtraídos R$ 100,00 da conta caixa, e surgirá uma nova conta no ativo – móveis e utensílios –, com o valor de R$ 100,00. Quadro 14 Balanço patrimonial Cia. Alef Momento 3 Lançamento 3/5 Ativo Passivo Caixa R$ 900,00 - Móveis e utensílios R$ 100,00 Patrimônio líquido Capital social R$ 1.000,00 Ativo R$ 1.000,00 Passivo+PL R$ 1.000,00 4. Compra de automóvel para entrega por R$ 200,00 a prazo. Nesta operação, a empresa compra outro bem, gera um aumento de ativo (conta: veículos) e, por ter sido a prazo, gera uma dívida no passivo (duplicatas a pagar). As demais contas não se alteram. Quadro 15 Balanço patrimonial Cia. Alef Momento 4 Lançamento 4/5 Ativo Passivo Caixa R$ 900,00 - Móveis e utensílios R$ 100,00 Veículos R$ 200,00 Duplicatas a pagar R$ 200,00 Patrimônio líquido Capital social R$ 1.000,00 Ativo R$ 1.200,00 Passivo+PL R$ 1.200,00 39 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE 5. Compra de prédio por R$ 10.000,00 para abrigar a sede da empresa, sendo R$ 500,00 à vista e o restante a crédito. Nesta operação, a empresa ampliou seu ativo, por meio da compra de um imóvel, sendo pagos R$ 500,00 à vista; o restante gera uma ampliação nas dívidas da empresa, e reduziu-se a conta caixa em R$ 500,00. Pelo pagamento da parte à vista, criam-se a conta imóveis, no valor de R$ 10.000,00, e, no passivo, a conta notas promissórias a pagar, para representar a parcela de compra do imóvel feita a prazo. As demais contas não se alteram. Quadro 16 Balanço patrimonial Cia. Alef Momento 5 Lançamento 5/5 Ativo Passivo Caixa R$ 400,00 Móveis e utensílios R$ 100,00 Veículos R$ 200,00 Imóveis R$ 10.000,00 Duplicatas a pagar R$ 200,00 Nota promissória a pagar R$ 9.500,00 Patrimônio líquido Capital social R$ 1.000,00 Ativo R$ 10.700,00 Passivo+PL R$ 10.700,00 Veja mais um exemplo: Na empresa “Triremo Trocadora de Peças”, em janeiro de 20X2, ocorreram as seguintes operações: 1. Investimento inicial de capital no valor de R$ 20.000,00 em dinheiro. 2. Compra à vista de equipamentos por R$ 4.000,00. 3. Compra de peças para reparo, nas seguintes condições: R$ 1.000,00 à vista e R$ 2.000,00 a prazo. 4. Venda de peças a prazo no valor de R$ 1.000,00 ao preço de custo. 5. Compra a prazo de um furgão, por R$ 1.200,00, mediante o aceite de uma duplicata. 6. Pagamento de metade do saldo devido pela compra das peças de reparos. 40 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 7. Obtenção de um empréstimo no Banco Objetivo no valor de R$ 10.000,00 mediante uma emissão de nota promissória. 8. Investimento, aumentando o capital em mais R$ 10.000,00, sendo R$ 5.000,00 em dinheiro e R$ 5.000,00 em peças para reparo. 9. Venda à vista de R$ 200,00 em peças de reparo ao preço de custo. 10. Recebimento da venda a prazo do item 4. Observemos essas operações passo a passo: 1. Investimento inicial de capital no valor de R$ 20.000,00 em dinheiro. Observa-se que o capital da empresa foi integralizado na forma de espécie monetária, porque a conta caixa é um bem, e todo bem é ativo (um bem monetário – ativo). Neste momento inicial, elabora-se o balanço patrimonial por meio dos dados do contrato social da empresa. Como a integralização foi, no ato do início da empresa, em espécie monetária (isto é, em dinheiro), a conta que representará será o caixa. Observa-se que o capital social será demonstrado pelo valor total que foi aplicado no ativo. Quadro 17 Balanço patrimonial Cia. Triremo Momento 1 Lançamento 1/10 Ativo Passivo Caixa R$ 20.000,00 Patrimônio líquido Capital social R$ 20.000,00 Ativo R$ 20.000,00 Passivo+PL R$ 20.000,00 2. Compra à vista de equipamentos por R$ 4.000,00. Partindo do balanço patrimonial anterior, teremos de representar agora a operação de compra de bem, à vista. Com isso, serão subtraídos da conta caixa R$ 4.000,00, e surgirá uma nova conta no ativo – equipamentos –, com o valor de R$ 4.000,00. 41 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 CONTABILIDADE Quadro 18 Balanço patrimonial Cia. Triremo Momento 2 Lançamento 2/10 Ativo Passivo Caixa R$ 16.000,00 Móveis e utensílios R$ 4.000,00 Patrimônio líquido Capital social R$ 20.000,00 Ativo R$ 20.000,00 Passivo+PL R$ 20.000,00 3. Compra de peças para reparo, nas seguintes condições: R$ 1.000,00 à vista e R$ 2.000,00 a prazo. Partindo do balanço patrimonial anterior, teremos agora de representar a operação de compra de outro bem. Com isso, serão subtraídos da conta caixa R$ 1.000,00, e surgirá uma nova conta no ativo – peças para reparos –, com o valor de R$ 3.000,00 (valor integral da nota fiscal). Esta gerará uma obrigação à conta fornecedores no passivo, no valor que a empresa se prontificou a pagar a prazo: R$ 2.000,00. Quadro 19 Balanço patrimonial Cia. Triremo Momento 3 Lançamento 3/10 Ativo Passivo Caixa R$ 15.000,00 Mercadorias R$ 3.000,00 Móveis e utensílios R$ 4.000,00 Fornecedores R$ 2.000,00 Patrimônio líquido Capital social R$ 20.000,00 Ativo R$ 22.000,00 Passivo+PL R$ 22.000,00 4. Venda de peças a prazo no valor de R$ 1.000,00 ao preço de custo. Partindo do balanço patrimonial anterior, teremos de representar agora a venda de peças para reparos ao preço de custo. Isso diminuirá a conta peças
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