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ORTOPEDIA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA TRAUMATISMOS CÁPSULO-LIGAMENTARES Contusão. Entorse. Ruptura ligamentar. Luxação. CONTUSÃO Lesão traumática, geralmente por trauma direto, desencadeando um processo inflamatório imediato, com dor localizada, edema, presença ou não de hematoma, limitação de força e mobilidade articular, rigidez e dor ao alongamento passivo. QUADRO CLÍNICO Dor de intensidade variável. Edema. Equimose. Hidrartrose: o Acúmulo de líquido seroso na articulação. Hemartrose: o Sangramento dentro da articulação. DIAGNÓSTICO Exame físico. Exames de imagem: o Radiografia simples. Afastar possíveis fraturas. o Ultrassonografia (USG): É solicitada a depender do grau de lesão das partes moles. Tem a finalidade de avaliar partes moles, devido à formação de hematoma que gera risco de infecções. Na prática, para o diagnóstico da contusão, há necessidade apenas dos achados do exame clínico associados ao raio-x para que sejam afastadas possíveis fraturas. TRATAMENTO Crioterapia nas primeiras 48h. Anti-inflamatórios: o Normalmente uso por 5 dias. Imobilização: Se necessário. Repouso. ENTORSES São alterações anatomopatológicas de uma articulação, originados por um movimento brusco que ultrapassa os limites normais da mobilidade articular, com perda momentânea da congruência articular. CLASSIFICAÇÃO Grau I: o Ausência de comprometimento ligamentar ou dos tendões. Grau II: o Estiramento ligamentar ou tendíneo. Nunca se deve negligenciar uma contusão, pois a formação do hematoma pode levar a um processo infeccioso como uma artrite séptica, por exemplo. Nos traumatismos, como nas contusões e entorses, nas primeiras 48h só é recomendado o uso de gelo, pois se for utilizado o calor, o edema irá aumentar. O gelo, é vasoconstritor e vai ajudar no edema na fase inicial da lesão. Após as 48h, pode-se fazer uso de calor, porém juntamente com o gelo. ORTOPEDIA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA Grau III: o Ruptura ligamentar ou tendínea. o Entorse após 24 a 48h: A parte mais escura corresponde à formação do hematoma que caracteriza a entorse grau II ou III. Também há edema no pé. QUADRO CLÍNICO Equimose. Edema. Dor intensa. Incapacidade funcional. DIAGNÓSTICO Exame físico. Exames de imagem: o Radiografia. Indicado inicialmente, afastar fraturas. o Ultrassonografia. Se necessário, para avaliar partes moles. o Ressonância nuclear magnética (RNM). PADRÃO-OURO PARA LESÕES ARTICULARES. Pedido quando há edema importante na região lesada. Fornece a real classificação do grau de danos nas partes moles. Geralmente pacientes com entorse também apresentam lesão ligamentar completa ou incompleta, com possível comprometimento ósseo: o A conduta vai ser diferente, devendo tratar como uma fratura (imobilização 8 a 15 dias). o Em algumas situações, tem-se uma fratura incompleta e um edema ósseo importante nas estruturas que compõem a articulação, o que não vai ser resolvido apenas com a imobilização por 15 dias. Nesses casos a RNM é padrão-ouro para avaliação das lesões articulares. TRATAMENTO Repouso articular. Imobilização: O tempo depende do grau de comprometimento articular. o Inicialmente, são 8 dias, a depender dos achados da ressonância (quando solicitada), pode haver mudança nesse tempo. o Deve orientar o uso de muletas para que evite de pisar do lado acometido. Anti-inflamatório. Artrocentese (punção articular): Apenas em alguns casos. o Nos casos de entorses mais graves. RUPTURA LIGAMENTAR Constitui uma lesão causada por trauma na região articular, que provoca movimento que ultrapassa a amplitude normal da articulação em uma ou mais direções. Sinais clínicos: ORTOPEDIA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA o Bocejo: Abertura lateral e medial da articulação ao exame físico. o Gaveta: Abertura anterior e posterior da articulação ao exame físico. Gaveta anterior: Lesão do ligamento cruzado anterior. Gaveta posterior: Lesão do ligamento cruzado posterior. Não é recomendado fazer o exame físico de lesões ligamentares para evitar que se complique ainda mais o quadro. É aconselhado que se faça a RNM para um diagnóstico mais preciso. Localização das rupturas: o Ruptura do ligamento propriamente dito. o Ruptura em sua inserção óssea. o Ruptura fraturando a zona de inserção: Por médio de uma tração, o ligamento acaba fraturando essa zona, levando consigo um pequeno fragmento ósseo. DIAGNÓSTICO História do paciente. Quadro clínico: Observa-se a presença de. o Derrame articular: O derrame articular do joelho é o mais comum. Tem-se a presença de líquido pré-patelar e subpatelar. Quando se tem um derrame acentuado, consegue-se palpar a patela do paciente e notar o CHOQUE ROTULIANO. Exame físico: o Teste do bocejo. o Teste da gaveta: Gaveta anterior: Com paciente em decúbito dorsal e com flexão de 90 graus, o examinador senta nos pés do paciente e realiza tração anterior. Se houver um cisalhamento da tíbia para a região anterior, caracteriza-se gaveta anterior positiva. Gaveta posterior: Com paciente em decúbito dorsal e com flexão de 90 graus, o examinador senta nos pés do paciente e realiza tração posterior. Se a tíbia se deslocar no sentido posterior, caracteriza- se gaveta posterior positiva. o Teste de Lachmann: Tenta-se identificar frouxidão ligamentar. O teste é feito para identificar a integridade do ligamento cruzado anterior. Quando há lesão, o sinal é positivo. É difícil conseguir que o paciente relaxe para realizar o teste. Assim, muitas vezes, só consegue observar essa frouxidão com o paciente anestesiado. Radiografia sob estresse. Ressonância nuclear magnética. o É o exame padrão-ouro para que se consiga classificar a lesão e nortear o tratamento. Quando é possível a realização da RNM, consegue-se tratar da melhor forma o paciente. Artroscopia. o Hoje, é utilizada apenas para o tratamento cirúrgico. Antes era utilizada para o tratamento cirúrgico e para o diagnóstico. ORTOPEDIA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA DERRAME ARTICULAR Quando se deve puncionar uma articulação (artrocentese). o Indicações: Quando a cápsula estiver muito distendida. Como meio diagnóstico (para saber se o derrame é seroso ou sanguinolento): Derrame seroso: Inflamação. Derrame sanguinolento: Trauma. Derrame purulento: Infecção. Para ajudar a membrana sinovial na função de reabsorção. o A punção é uma intervenção invasiva que pode levar infecção para a articulação, caso não se tenha todo o cuidado com assepsia. o Muitas vezes, acaba-se realizando uma punção de forma desnecessária, podendo haver a necessidade de realizar nova punção pouco tempo depois. Isso pode ocorrer devido ao fato de que no momento em que há a descompressão da articulação, através da punção, existe um estímulo natural para que a membrana sinovial produza mais líquido articular. Assim, se não puncionar corretamente, o paciente pode retornar cerca de 8 dias depois com o joelho da mesma forma, apresentando edema e dor. o Alguns ortopedistas preferem não puncionar, pois a cápsula tem capacidade de reabsorver esse derrame. Assim, orientando bem o paciente para realizar a imobilização e iniciar anti-inflamatórios, pode-se conseguir uma reabsorção do derrame articular sem a necessidade de realização de um procedimento invasivo (punção). Alguns indicam que a realização da artropunção deve ser feita apenas quando o paciente tem muita dor ou quando é necessário fazer uso dolíquido como um meio para nortear o diagnóstico. O joelho se encontra com derrame articular exuberante e com a cápsula bastante distendida. Traça-se uma linha no plano superior da patela e realiza-se a punção na região lateral: Ao se passar pela pele com a agulha, já sente a resistência da cápsula. Assim, introduz-se um pouco mais a agulha, atingindo-se o espaço articular, fazendo com que a seringa seja preenchida com líquido. Deve-se ter toda a assepsia antes da realização do procedimento. Tipos de derrames: o Derrame rápido: Provavelmente, devido a hemartrose. o Derrame lento: Pode ser decorrente de uma resposta inflamatória. ORTOPEDIA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA o Gotas de gordura: Nesse caso, pode estar diante de uma fratura oculta. Exames: o Exame físico: Já é suficiente para que se confirme a presença de um derrame articular. o Exames de imagem: Radiografia simples: Diagnosticar possíveis fraturas completas. Radiografia sob estresse. Ressonância magnética: Padrão ouro. Só se realiza radiografias quando não se tem acesso à ressonância. Vê-se muito bem a patela, mas não é possível visualizar sua superfície articular. Nessa incidência consegue-se ver melhor a superfície articular da patela. Radiografia sob estresse: Há abertura exuberante do compartimento lateral do joelho, com provável lesão do ligamento colateral lateral. Fisiologicamente, levando-se em consideração que a mulher, na maioria dos casos, tem frouxidão ligamentar, ela pode ter abertura maior dos compartimentos do joelho do que o homem. TRATAMENTO Tratamento conservador: o Exemplo: Idoso com lesão do joelho. Tratamento cirúrgico: Depende dos fatores. o Idade do paciente. o Profissão do paciente. LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR É uma lesão muito comum de ocorrer nos jogadores de futebol. Mecanismo da lesão: o Torcional: Com a realização de um valgo e de uma rotação externa. o Hiperextensão (chute no ar). ORTOPEDIA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA TRATAMENTO Consiste em um tratamento cirúrgico. o Pois o ligamento cruzado confere estabilidade ao joelho. o São raras as exceções em que não se indica o tratamento cirúrgico. Reconstrução cirúrgica do ligamento: o Uma das técnicas utiliza uma parte do tendão patelar para a reconstrução do ligamento cruzado anterior. o Também pode ser usada outra técnica que utiliza parte dos tendões dos músculos semitendíneo e grácil. Obs.: A técnica escolhida deve ser aquela de domínio do ortopedista. LUXAÇÃO Representa o desencaixe de uma articulação e a ruptura completa dos ligamentos e da cápsula articular. É uma lesão muito grave e extremamente dolorosa. Podem ser: o Traumáticas X ortopédicas. o Habituais X congênitas. Luxações pode ser recidivantes: o Cerca de 80-90% dos casos de luxação primária de ombro que ocorrem em pacientes jovens (<20 anos de idade), serão recidivantes no futuro. o É por isso que o tratamento adequado é extremamente importante. QUADRO CLÍNICO Dor intensa. Deformidade característica da articulação. Ruptura capsular. Ruptura ligamentar. Pode haver fratura associada: Essa possibilidade de fratura associada muda o tratamento. LUXAÇÃO GLENO-UMERAL Ocorre quando o úmero perde sua articulação com a escápula. Epidemiologia: o É a luxação mais frequente e de fácil diagnóstico. Tipos: o Luxação anterior da articulação gleno- umeral: É a mais frequente, ocorre a luxação da cabeça do úmero anteriormente. Sinal da Dragona: Quando há perda do contorno arredondado do ombro após um evento traumático. Assim, ele sugere a luxação anterior do ombro (baixa do acrômio com a cabeça do úmero). o Posterior. o Inferior. o Superior (é rara). ORTOPEDIA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA Diagnóstico: o Radiografia: É essencial para o diagnóstico. Nunca se deve reduzir uma luxação antes de realizar a radiografia, pois a luxação pode não ser o único problema do paciente. o Ressonância magnética: Posteriormente, quando necessário para avaliar partes moles. Obs.: Quando está em um hospital que não dispõe de radiografia, não deve reduzir a luxação do paciente. Tratamento: Manobras para a realização da redução (após a radiografia e certeza que não há lesão associada). o Quando o paciente colabora, pode fazer a redução sem anestesia. Porém, na maioria dos casos não colabora, sendo necessário realizar sob anestesia. Sendo necessária a realização no centro cirúrgico. o Manobra de Hipócrates: Consiste em um método de tração e contra- tração. Quando o ortopedista está só, realiza a manobra de tração e outra de contra- tração com o pé na axila do paciente. Quando tem alguém para ajudar, coloca um lençol na axila do paciente para que se realiza a manobra de contra-tração e outra pessoa puxa o braço do paciente. É a manobra mais segura e preferível de se realizar. o Manobra de Kocher: Realiza-se uma tração, sendo seguida por uma adução e rotação interna e externa. Provoca muita dor no paciente. LUXAÇÃO DO QUADRIL Ocorre devido a algum trauma de alta energia, podendo estar associada ou não a uma fratura (no 1/3 proximal do fêmur). o Quedas de moto, de grandes alturas. o Pode ocorrer em pacientes jovens. o A maioria das luxações são posteriores. o O trauma que causa a luxação do quadril é o mesmo que também pode causar uma fratura de fêmur, por isso que é essência radiografar. Quadro clínico: o Adução e rotação interna do quadril, geralmente o paciente se apresenta assim porque a maioria das luxações são posteriores. Tratamento: o Redução do quadril com alguma manobra. ORTOPEDIA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA Obs.: Só reduz quando se tem a radiografia e ela indica que não há lesão associada como uma fratura de fêmur. o Manobra de Allis: As manobras de redução da luxação do quadril necessitam de bastante força para serem realizadas. LUXAÇÃO DO JOELHO Trata-se de uma lesão de extrema gravidade, pois não é raro o acometimento arterial. A incidência de luxação do joelho é menor do que a realidade (é subnotificada), devido ao fato que em acidentes mais graves, os paramédicos, ao colocarem o paciente em prancha rígida, podem acabar reduzindo a luxação sem ela ter sido identificada. Essas situações exigem bastante cuidado, pois existem vasos, nervos e artérias importantes nessa região como a artéria poplítea. A redução deve ser feita pelo ortopedista e em ambiente hospitalar. Tratamento: o Redução da luxação: Redução: Deve ser reduzida o mais rapidamente possível por meio de manobras suaves e sob anestesia geral. Imobilização: Deve ser mantida por tempo suficiente para que haja a cicatrização capsulo-ligamentar. o Tratamento cirúrgico: Quando não se consegue realizar a redução incruenta dessas luxações. Quando há interposição de partes moles ou presença de fraturas/fragmentos ósseos. Nas luxações recidivantes e habituais.
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