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Pré - Eclâmpsia Centro Universitário de Adamantina Disciplina de Ginecologia e Obstetrícia Flavia de Souza, Stefanye Catezani, Vanessa P. M. das Chagas, Bianca Corsato Volpe e Izabela Brilhante. Apresentação do Caso Clínico ❏ Identificação: M.F.B, sexo feminino, 30 anos, negra, professora e procedente de Salvador- Bahia, casada, evangélica. ❏ Queixa Principal: Dor de cabeça há 5 dias. ❏ HPMA: Paciente procura a unidade de pronto atendimento gestando 35 semanas, com queixa de cefaleia constante há 5 dias. Essa cefaleia se localiza em região frontal, de grande intensidade 8/10, com pródromos, geralmente com escotomas que duram cerca de 30 minutos, hemicraniana direita, de qualidade latejante associada com náusea, fotofobia. Caso Clínico ❏ ISDA: ❏ Nega febre e dor retroorbitária. Relata oligúria e retenção urinária e afirma náuseas no momento do atendimento. ❏ Antecedentes Ginecológicos/ Obstétricos: ❏ Paciente afirma gestação sem intercorrências prévias, com realização de pré-natal na unidade básica de saúde – 6 consultas conforme preconizado pelo MS. ❏ G2P1A0, relata que os sintomas surgiram de forma abrupta e que não tiveram fator desencadeantes. Caso Clínico ❏ Antecedentes Pessoais: ❏ Afirma ter diabetes controlada diagnosticada há 5 anos, com uso diário de metformina – 1 comprimido de 850g 2 vezes ao dia – sendo alterado para insulina no início da gestação. Nega hipertensão arterial e outras doenças. Nega alergias. Caso Clínico ❏ Exame Físico: ❏ Geral: PA 160/90 mmHg, FC: 110 bpm, FR: 22 irpm, TC: 36,7ºC, Sat.O2 98%. REG, anictérica, acianótica, lúcida e orientada em tempo e espaço, taquipneica, taquicárdica, afebril e hidratada. Redução da acuidade visual e edema em MMII +++/4. ❏ Aparelho respiratório: MV + s/ RA. ❏ Aparelho cardiovascular: apresenta dispneia aos mínimos esforços, taquicardia, BN2T sem sopros. ❏ Abdome: compatível com gravídico de 35 semanas, com altura uterina de 35 cm, ruídos hidroaéreos presentes, sem cicatrizes, sem herniação. Fígado e baço não palpável e abdome indolor a palpação superficial e profunda. Traube livre. ❏ Na genitália externa, sem lesões, verrugas e secreções uretrais e vaginais. Giordano negativo. Caso Clínico ❏ Exames Complementares: ❏ Exames Laboratoriais: ❏ Hemograma apresentava uma leve anemia ( Hb < 11 g/ dL) – Nega uso de sulfato ferroso na gestação; ❏ Plaquetas (< 100.000); ❏ Creatinina sérica (> 1,1 mg%0); ❏ Ácido úrico ( > 4,5 mg/dL) ❏ Alanina Transaminase (ALT) e Aspartato Transaminase (AST), respectivamente 87 U/L e 75 U/L; ❏ Fosfatase Alcalina (260 U/L); ❏ No sumário de urina foi obtido um quadro de proteinúria ( > 2 g/24h). Caso Clínico ❏ Exames de Imagem: ❏ USG obstétrica, onde se encontrou uma alteração uteroplacentária caracterizada por um crescimento intrauterino restrito, com Doppler umbilical alterado. ❏ Suspeita e Conduta: ❏ Com o quadro clínico – sintomas do SNC e hipertensão arterial – e com os exames laboratoriais – proteinúria, aumento dos valores de ALT e AST e creatinina elevada – foi dado o diagnóstico de pré-eclâmpsia para essa paciente que foi admitida neste hospital. Iniciou-se a terapia anti-hipertensiva e preventiva. Caso Clínico Apresentação do Tema ❏ Pré-eclâmpsia, também chamada de Síndrome Hipertensiva da Gravidez ou Doença hipertensiva específica da gravidez - DHEG, é uma condição frequente e perigosa e se caracteriza pelo aumento da pressão arterial durante uma gestação. ❏ Pressão arterial > ou = a 140x90 mmHg a partir de 20 semanas de gestação e proteinúria significativa. ❏ Entretanto, deve-se considerar pré-eclâmpsia, mesmo na ausência de proteinúria, na presença de hipertensão grave (> ou = 160x110 mmHg) e/ou alterações laboratoriais relacionadas a comprometimento de órgãos alvos (Ex.: plaquetopenia) ou comprometimento do bem estar fetal (Ex.: restrição do crescimento intrauterino, sinais de insuficiência placentária). ❏ É muito importante que a pré-eclâmpsia seja reconhecida durante as consultas e os exames de pré-natal e que o tratamento seja iniciado o quanto antes a fim de não desenvolver complicações graves para a mãe e para o bebe. Definição ❏ A estimativa mais aceita da ocorrência dos transtornos hipertensivos da gravidez é de 5-10%. ❏ Os distúrbios hipertensivos da gravidez, em particular a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia, contribuem significativamente para o fardo global da mortalidade materna e perinatal, sendo responsável por uma estimativa de 10,0% das mortes maternas, anualmente. ❏ A pré-eclâmpsia continua a ser uma das quatro principais causas de mortalidade materna (e morbidade) nos países de alta, média e baixa renda. ❏ Está associada a complicações graves tanto maternas quanto fetais. ❏ A pré-eclâmpsia "grave" é uma morbidade materna grave de acordo com a OMS. Epidemiologia ● A etiologia da pré-eclâmpsia é desconhecida, contudo podemos citar situações em que ela tem mais frequência: ○ Primeira gestação; ○ Multíparas; ○ Pré-eclâmpsia em gestações anteriores; ○ Tem parentes que tiveram pré-eclâmpsia; ○ Obesidade; ○ HAS ou doença vascular; ○ DM ou até DM gestacional; ○ Distúrbios de coagulação, como síndrome do anticorpo antifosfolipídeo. Etiologias Quadro Clínico ● Caracterizada pela tríade sintomática: ○ Edema ○ Hipertensão (pressão arterial diastólica ≥ 90 mm Hg) ○ Proteinúria (> 0,3 g/24 horas). ● A propedêutica laboratorial dependerá de cada caso. Diagnóstico O aparecimento dessas manifestações, principalmente em primigestas, ou o agravamento de quadro hipertensivo, após a vigésima semana, sugerem o diagnóstico. Tratamento preventivo da pré-eclâmpsia: ● Aspirina em dose baixa: ○ Reduziu pré-eclâmpsia e nascimento antes 34 semanas. ○ Efeito maior em gestante de alto risco, na dosagem de 100mg diários a noite (usados antes da 16ª semana). Tratamento Tratamento ● Suplementação de cálcio: ○ Suplementação de 1,0 a 2,0 g / dia é recomendada (dividida em 2 ou 3 doses). Tratamento preventivo da pré-eclâmpsia: ● Sulfato de magnésio (MgSO4): ● Quem são as gestantes de alto risco? ○ Gestante com história anterior de eclâmpsia e síndrome Hellp, pré-eclâmpsia recorrente, história arterial crônica com morte perinatal, gestantes com nefropatias e doenças do colágeno, transplantadas renais e nas com síndrome de anticorpos antifosfolípides. Tratamento ● Parto: ○ O tratamento definitivo da Pré-Eclâmpsia é o parto. Para tanto, recomenda-se conduta expectante somente até às 37 semanas e 6 dias, ainda que mãe e/ou feto não apresentem sinais de gravidade clínica e/ou laboratorial, como Síndrome HELLP, Eclâmpsia, descolamento prematuro de placenta, hipertensão refratária (≥160×110), edema agudo de pulmão, comprometimento cardíaco, trombocitopenia, elevação das enzimas hepáticas, insuficiência renal e alterações na vitalidade fetal. ● A realização do parto diante de qualquer um desses sinais de gravidade leva em consideração a idade gestacional (IG): ○ IG < 24 semanas: interrupção imediata. ○ 24 < IG ≤ 34 semanas: estabilização materna com utilização de sulfato de magnésio (se necessário), corticoterapia por 48h e parto em seguida. ○ 34 < IG ≤ 37 semanas: estabilização materna com utilização de sulfato de magnésio (se necessário) e parto em seguida. Tratamento Terapêutica farmacológica anti-hipertensiva na gestação: ● A prescrição de anti-hipertensivos sempre que a pressão arterial sistólica estiver ≥ 150 mmHg e a diastólica ≥100 mmHg, níveis persistentes de PAD ≥140 e/ou PAS ≥90 ou ainda se a paciente mostrar-se sintomática. O tratamento farmacológico é acompanhado da preocupação com a hipotensão brusca e/ou excessiva. Portanto, o nível da PAD deve ficar em torno de 85 mmHg. Os quadros abaixo indicam os anti-hipertensivos utilizados e que apresentam grau de segurança de passagem pela barreira placentária aceitável, de acordo com a FEBRASGO. Tratamento ● KAHHALE,Soubhi; FRANCISCO, Rossana Pulcineli Vieira; ZUGAIB, Marcelo. Pré-eclâmpsia. Revista de Medicina, v. 97, n. 2, p. 226-234, 2018. ● PERAÇOLI, José Carlos et al. Pre-eclampsia/eclampsia. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 41, p. 318-332, 2019. ● ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Recomendações da OMS para a prevenção e tratamento da pré-eclâmpsia e eclâmpsia. 2013. Referências Obrigada