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Apostila de Sociologia- Max Weber- word

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ESCOLA ESTADUAL AMÉRICO RENÊ GIANETTI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE SOCIOLOGIA 
 
 
 
 
Professora: Iara Neves 
Autora: Mariana Andrade B. Rosa 
 
 
 
 
 
 
Uberlândia 
2012 
 
 2 
 
MAX WEBER E A TEORIA COMPREENSIVA 
 
QUEM FOI MAX WEBER? 
 Considerado um dos maiores pensadores do 
século XX, Max Weber nasceu em 1864, na cidade de 
Erfurt, Alemanha. Proveniente de uma família de 
burgueses liberais, 
desenvolveu estudos de 
direito, economia, filosofia, 
história e sociologia. Iniciou 
a carreira de professor em Berlim e, em 1895, foi professor 
universitário em Heidelberg, Alemanha. 
Na política, defendeu ardorosamente seus pontos de 
vista liberais e parlamentaristas e participou da comissão 
redatora da república de Weimar. Morreu devido a uma 
pneumonia aguda, em 1920, em Munique, Alemanha. 
Suas principais obras foram: Artigos Reunidos da 
Sociologia da Religião, Artigos Reunidos de Teoria da Ciência, Economia e Sociedade 
(obra póstuma) e A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 
 
QUAL FOI A CONTRIBUIÇÃO DE MAX WEBER PARA A SOCIOLOGIA? POR QUE ELE É 
CONSIDERADO UM CLÁSSICO? 
 
A obra desse autor através de seus conceitos e tipologias contribuiu 
significativamente para a consolidação da Sociologia como ciência. Entre suas 
principais contribuições estão o desenvolvimento de uma rica metodologia para os 
estudos da sociedade e de um instrumento de análise dos acontecimentos ou 
situações concretas e os estudos sobre a burocracia, o sistema de estratificação social, 
a autoridade, a religião e o surgimento do capitalismo. Sendo assim, Weber é 
considerado um dos clássicos da sociologia, pois de sua teoria, assim como a de 
 CURIOSIDADE! 
Max Weber participou da 
1
a
 Guerra Mundial! Em 
1914, ele se alistou como 
voluntário e foi nomeado 
capitão, sendo 
encarregado de organizar 
e administrar hospitais em 
Heidelberg. 
 
 3 
Durkheim e a de Marx, partem os pressupostos que orientarão as teorias sociológicas 
de outros autores. 
 
CONTEXTO HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA WEBERIANA 
 
 À época de Max Weber, estavam em evidência o positivismo na França e o 
idealismo na Alemanha. O ambiente intelectual em que Weber desenvolveu o seu 
pensamento, portanto, configurava-se um tanto 
diverso. Enquanto o positivismo era generalista e 
evolucionista, o idealismo enfatizava a importância da 
história, a diversidade e o esforço interpretativo. 
Nascido e criado na Alemanha, foi sob a influência do 
idealismo que Weber produziu a sua teoria. 
Nesse quadro teórico, não podemos deixar de salientar a importância de Karl 
Marx. O autor era considerado o interlocutor de Weber, isto é, aquele com quem 
Weber dialogava, uma vez que compartilhavam o mesmo objeto de estudo, o 
capitalismo ocidental, mas se diferenciavam em suas abordagens. Weber era crítico 
ferrenho do marxismo em suas formas vulgares, mais conhecido como economicismo. 
 
OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO 
 
Weber se preocupava com a objetividade do 
conhecimento na Sociologia, uma vez que esta era 
fundamental para garantir o reconhecimento da 
Sociologia como ciência. Partindo dessa preocupação, ele 
também definiu a conduta do cientista em relação à 
produção do conhecimento. Conforme o autor, a 
objetividade só poderia ser atingida se o cientista eliminasse seus juízos de valor, 
entendidos como opiniões, pré-noções e preconceitos, do discurso científico e 
estabelecesse uma relação com valores, isto é, uma relação com os conteúdos mais 
significativos e interessantes para o cientista, a fim de que pudesse selecionar seu 
objeto de estudo, obtendo, assim, o grau máximo de cientificidade. 
 4 
Nesse sentido, a seleção implicava na fragmentação da realidade e análise de 
suas partes. Tal implicação era justificada por Weber como necessária, visto que a 
realidade é infinita e, portanto, impossível de ser captada em sua totalidade. 
 
OBJETO DE ESTUDO 
 
A análise weberiana se concentra na ação humana. Segundo Weber, a 
previsibilidade do conhecimento científico da ação humana é tão possível ou mais do 
que no caso dos fenômenos naturais. O indivíduo é capaz de 
atribuir significado a sua ação, tornando-a inteligível. 
Portanto, a ação humana é explicável, isto é, passível de ser 
apreendida pelo nosso conhecimento. Daí ele definir a 
sociologia como uma ciência que pretende compreender 
interpretativamente a ação social e assim explicá-la 
causalmente em seu curso e em seus efeitos. 
 
MÉTODO COMPREENSIVO 
 
Segundo Weber, método é uma técnica de 
conhecimento e é comandado pela lei da eficácia. Não é 
possível eleger o melhor método antes do início da 
pesquisa, somente a partir dos resultados que podemos 
validá-lo cientificamente através da verificação empírica. 
Weber recorre à compreensão como método 
analítico que buscará as relações causais, isto é, a captação 
do sentido da ação. Ela é ao mesmo tempo método e resultado, ou seja, um esforço 
interpretativo e uma atitude (de compreensão). 
 
TIPO IDEAL 
 
O tipo ideal consiste em um dos instrumentos de análise construído por Weber 
para analisar a realidade social. Este é definido como uma racionalização utópica que 
 5 
acentua traços distintivos, característicos ou típicos de uma dada situação. Como é 
produzido para efeito de análise, deve ser entendido como uma abstração que não 
pode ser encontrada na realidade. Devemos evitar tomá-lo como modelo perfeito a 
ser seguido. A sua finalidade é possibilitar a comparação de diferentes tempos e 
lugares a fim de captar os nexos causais das interações, qualquer outra atribuição deve 
ser negada. 
O exemplo mais expressivo da utilização do 
tipo ideal encontra-se na Ética Protestante e o 
Espírito do Capitalismo quando Weber tenta 
identificar como se estabeleceu a relação entre 
religião e economia, ou seja, entre a ética 
protestante e o desenvolvimento do capitalismo. 
 
AÇÃO SOCIAL 
 
A ação social é um dos conceitos mais importantes de 
Weber. Ela é definida como uma conduta humana (ato, omissão, 
permissão) dotada de um sentido subjetivo dado por quem o 
executa, o qual orienta seu próprio comportamento, tendo em 
vista a ação – passada, presente ou futura – de outro ou de 
outros que por sua vez podem ser individualizados e conhecidos ou uma pluralidade 
de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos. Para entendê-la 
melhor, Weber propôs quatro tipos puros de ação social. 
 
TIPOS PUROS DE AÇÃO SOCIAL 
 
Para classificar as ações sociais, Weber partiu do pressuposto de que as 
condutas humanas são tanto mais racionalizadas quanto menor for a submissão do 
agente aos costumes e afetos e quanto mais ele se oriente por um planejamento 
adequado à situação. Por ordem de racionalidade Weber definiu quatro tipos puros 
ação social, são elas: 
 
 6 
AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A FINS: Objetivos 
previamente definidos geram meios para realizar fins. 
Ex: Conduta científica ou ação econômica 
AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A VALORES: Orienta-
se pela crença em valores absolutos. Não considera as 
conseqüências advindas de sua conduta, sendo a 
própria conduta o sentido último da ação. Nesse 
sentido, para o indivíduo que a pratica, é relevante a opinião do grupo social ao qual 
pertence. Ex: Religião ou Movimentos sociais. 
AÇÃO TRADICIONAL: Decorrente de hábitos e 
costumes arraigados. Ex: Batismo, casamento na 
Igreja com vestido branco, pedir a benção aos pais e 
aos avós. 
AÇÃO AFETIVA: Inspirada em emoções imediatas sem 
consideração de meios ou fins a atingir. Ex: Amor, 
paixão, ciúmes, inveja, orgulho, admiração, raiva, 
ódio, tristeza, felicidade. 
Numa só ação é possível combinar de modos diversos os tipos puros 
caracterizados. No caso da escolha da(o) namorada(o), por exemplo, um(a) jovem 
poderá levar em consideração: suas qualidades, o seu estilo de vestir, o seu nível de 
escolaridade, se for agir racionalmentecom relação a fins; os valores em vigência no 
grupo ao qual pertence, tal como a beleza, a castidade, entre outros, se for agir 
racionalmente com relação a valores; a tradição familiar da escolha de “moças e 
rapazes de família” transmitida de pai para filho ou de mãe para filha, se for agir 
racionalmente; e a paixão ou amor, se for agir afetivamente. Observe que podemos 
tanto agir baseados somente em um dos sentidos propostos quanto a partir da 
combinação de dois ou mais deles. É preciso ressaltar, por fim, que tais tipos puros 
foram criados para fins sociológicos, portanto, não reproduzem a totalidade de tipos 
de ações existentes na realidade. 
 
 
 7 
Esquematizando... 
 
 
RELAÇÃO SOCIAL 
 
Relação social é definida por Weber como um comportamento reciprocamente 
referido quanto a seu conteúdo de sentido por uma 
pluralidade de agentes e que se orienta por essa 
referência. Ela diz respeito à probabilidade de que 
uma forma determinada de conduta social tenha, 
em algum momento, seu sentido partilhado por 
dois ou mais indivíduos numa sociedade qualquer. 
Como exemplos de relação social temos a amizade, a hostilidade, as trocas comerciais, 
a concorrência econômica, as relações eróticas e políticas. 
Para que ocorra uma relação social é necessário haver um mínimo de 
relacionamento recíproco, sendo que a reciprocidade deve ser aí entendida como a 
compreensão do sentido da ação dos outros. Os agentes podem conduzir-se como 
colegas, inimigos, parentes, comprador e vendedor, criminoso e vítima, admirador e 
astro, indiferente e apaixonado, patrão e empregado, ou dentro de uma infinidade de 
variáveis, desde que todas elas incluam uma referência comum ao sentido partilhado. 
A solidariedade e a reciprocidade de conteúdo são apenas possibilidades, isto é, a 
correspondência ou atuação do mesmo tipo por parte de 
cada um dos agentes envolvidos é provável. Para ilustrar 
podemos apontar a relação do cidadão com o assaltante. Um 
cidadão pode temer o assaltante que, embora reconheça seu 
sofrimento, é indiferente a ele. Assim, a relação social é mais 
uma vez marcada pelo entendimento do sentido, sem 
 8 
necessariamente ocorrer uma reciprocidade de conteúdo. 
 Sobre a relação social podemos ainda caracterizá-la como efêmera ou durável, 
o que implica em sua continuidade ou não, sua persistência ou não, sendo a mudança 
radical de sentido uma possibilidade durante o seu curso. 
 
Weber destaca dois tipos de relação social: 
 
RELAÇÃO SOCIAL COMUNITÁRIA: Fundado num 
sentimento subjetivo (afetivo ou tradicional) de 
pertencimento mútuo que se dá entre as partes 
envolvidas e com base no qual a ação será 
reciprocamente referida. Pode ocorrer entre os 
membros de uma família, estamento, grupo religioso, 
escola ou entre amantes. 
 
RELAÇÃO SOCIAL ASSOCIATIVA: Apóia-se num 
acordo de interesses motivado racionalmente (seja 
com base em fins ou valores) como que se dá 
entre os participantes de um contrato, de um 
sindicato, do mercado livre e de associações. 
Podemos encontrar na maioria das relações sociais elementos comunitários e 
societários. 
 
Esquematizando... 
 
 
 
RACIONALIZAÇÃO E DESENCANTAMENTO DO MUNDO 
 
RELAÇÃO SOCIAL 
COMUNITÁRIA 
ASSOCIATIVA 
 9 
Weber, a partir da análise das sociedades contemporâneas, detectou que o 
mundo tende inexoravelmente à racionalização em todas as esferas da vida social. 
Um dos meios através do qual essa tendência à racionalização se atualiza nas 
sociedades ocidentais é a burocracia. Essa é a forma por excelência do Estado 
moderno que assim expressa a racionalização da dominação política por parte dos 
grupos que o controlam, seja numa sociedade capitalista ou socialista. 
 Esse processo ocorre também na economia e na empresa moderna a partir do 
estabelecimento de um controle contábil de custos, das formas racionais de 
organização do trabalho e da mecanização. 
 Weber aponta ainda para as conseqüências negativas, mas inevitáveis, do 
processo de racionalização. Elas se traduziriam na decadência geral da cultura clássica 
na medida em que as escolhas dos homens são cada vez mais limitadas e medíocres. 
 Este processo foi denominado de 
desencantamento do mundo, visto que a 
humanidade partiu de um universo habitado 
pelo sagrado, pelo mágico, excepcional e 
chegou a um mundo racionalizado, material, 
manipulado pela técnica e pela ciência. 
 Isso quer dizer que o cálculo promoveu 
o desencantamento do mundo ao dispensar a 
utilização dos meios mágicos para a busca de explicações às dúvidas humanas. 
 
 Esquematizando... 
 
 
 
 
 
 
 
 
MUNDO RACIONALIZADO, 
MATERIAL, MANIPULADO 
PELA TÉCNICA E PELA CIÊNCIA 
 
UNIVERSO HABITADO PELO 
SAGRADO, PELO MÁGICO, 
FABULOSO, FANTÁSTICO, 
EXCEPCIONAL 
 
DESENCANTAMENTO 
DO MUNDO 
É SUBSTIUÍDO 
SUBSTITUI 
 10 
 
 
A ÉTICA PROTESTANTE E O “ESPÍRITO” DO CAPITALISMO 
 
 Weber buscava compreender as especificidades desenvolvimento do 
capitalismo nas sociedades ocidentais. Foi assim que ele estabeleceu uma relação 
causal entre a ética elaborada e pregada pela religião protestante e o capitalismo. 
Weber pensava o capitalismo enquanto cultura: uma cultura ocidental 
moderna que era vivenciada pelas pessoas em seu cotidiano e não havia como se 
desvencilhar dela. Além disso, essa cultura era muito mais avançada e desenvolvida no 
Ocidente do que em outras partes do mundo. 
Partindo dessa constatação, Weber buscou na Reforma Protestante do século 
XVI os primórdios do modo de pensar capitalista, já 
que se notava, naquela época, uma presença muito 
significativa de protestantes entre os empresários e 
os trabalhadores qualificados dos países capitalistas 
mais industrializados. 
A idéia principal desse modo de pensar as relações sociais referia-se a uma 
extrema valorização do trabalho. A Reforma Protestante baseou-se na noção do 
trabalho como vocação, isto é, na dedicação religiosa ao trabalho que viabilizava a 
criação de riqueza entendida como o sinal de salvação 
individual. Porém, o esbanjamento e a ostentação da riqueza 
eram recriminados. O indivíduo, para ser digno das glórias 
divinas, precisava viver uma vida ascética, ou seja, uma vida 
em que se atinja a plenitude da moralidade e em que a 
riqueza sirva apenas para ser reinvestida e não para ser 
desperdiçada. Por esse mesmo motivo, condenava-se também o ócio, a perda de 
tempo e a preguiça. 
 O que interessa a Weber são as origens do capitalismo burguês e a 
racionalidade do trabalho. Ele percebeu que o capitalismo moderno era um vasto 
complexo de instituições interligadas que operavam com base na prática econômica 
 11 
racional. As empresas organizavam-se a partir do trabalho livre e da divisão de 
trabalho que visavam, em última instância, ao funcionamento de uma economia de 
mercado. 
Inicialmente, Weber investigou os princípios éticos 
que estavam na base do capitalismo, constituindo o que ele 
denominou de “espírito” do capitalismo. Esses princípios 
foram encontrados na teologia protestante, mais 
especificamente no calvinismo. 
A hipótese elaborada por Weber foi a de que a 
vivência espiritual da doutrina e da conduta religiosa exigida 
pelo protestantismo teria organizado uma maneira de agir econômica necessária para 
a realização de um lucro sistemático e racional. Segundo a ética protestante, todos 
(ricos e pobres) trabalhavam pela vontade de Deus e para glorificá-lo. Um resultado 
notável dessa ética eram os operários disciplinados que se empenhavam no trabalho, 
considerando-o uma finalidade de vida desejada por Deus. Isso apontava para a noção 
de que a desigualdade social também era obra da Providência Divina que, rodeada de 
mistérios e fins obscuros, permitia as diferenças na distribuição de riquezas. Isso 
gerava nos empresários um reconfortante sentimento de bênção, pois se eram ricos, 
foi Deus quem lhes concedeu tamanha graça. Assim, sentiam-se satisfeitospor se 
dedicarem tanto à produção de riqueza. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
João Calvino, fundador do 
calvinismo 
O Calvinismo foi a seita protestante que mais influenciou o estudo de 
Weber sobre a Ética Protestante e o “Espírito” do Capitalismo. Para essa seita, 
Deus não existia para os homens, pois eram os homens que existiam por causa 
de Deus. Porém, apenas alguns homens eram predestinados (a Graça Divina é 
cheia de mistérios e não se sabe quem é, e quem não é, predestinado) e esses é 
que poderiam entender a palavra de Deus. Os calvinistas consideravam, ainda, 
que o objetivo do indivíduo era alcançar a graça divina, manifestada através da 
riqueza e da prosperidade. Contudo, essa riqueza deveria ser reinvestida e não 
usada para o lucro e para a preguiça. Essa seita recomendava, principalmente, a 
intensa atividade profissional como meio de salvação individual (o trabalho é 
visto como uma vocação). Considerava-se ainda que os homens existiam para 
glorificar a Deus e erigir obras sociais relacionadas a seus mandamentos como 
um ato de homenagem. 
VOCÊ 
SABIA??? 
 12 
 Cabe lembrar que na época de Weber a 
religião católica era predominante. Para essa 
religião, a ambição e a usura eram condenáveis, 
pois ela pregava o desprendimento material. O 
protestantismo discordava, pois considerava o 
desejo de ser pobre extremamente absurdo (era 
como desejar ser doente, ao gozar de plena 
saúde). Para os protestantes, a prosperidade era 
uma espécie de recompensa por levarem uma vida santa, sem excessos e ascética. 
Segundo essa doutrina, o mal não estava na posse da riqueza, mas sim no uso indevido 
da riqueza para o prazer e o luxo. 
 Daí Weber propor que a combinação entre a restrição do consumo e a 
liberação da riqueza, oriunda da ética protestante, resultou na acumulação capitalista 
através da compulsão ascética da poupança. Em última análise foi esse espírito de 
acumulação, como parte de um estilo de vida ascético, que possibilitou a congruência 
entre a teologia da Reforma Protestante e as motivações econômicas do capitalismo 
ocidental. 
 O interessante a constatar é que o protestantismo foi responsável apenas pelo 
impulso inicial do capitalismo. Esse modo de agir e 
pensar se libertou do espírito religioso, processo 
denominado secularização, e a busca por riquezas 
passou a atender apenas às paixões mundanas dos 
indivíduos. O capitalismo moderno já não necessita de 
uma base religiosa e ainda 
considera que a influência 
religiosa na esfera econômica é bastante prejudicial. 
 
PODER E DOMINAÇÃO 
 
Weber, interessado na regularidade das relações sociais, buscará compreender 
aquilo que fundamenta a organização social: a dominação ou a produção da 
legitimidade (aceitação) da submissão de um grupo a um mandato (ordem). 
 13 
Movimento dos Caras Pintadas - 1992 
Inicialmente, distinguir os conceitos de poder e dominação. Segundo Weber, 
poder “significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação 
social, mesmo com toda a resistência e qualquer que seja o fundamento dessa 
probabilidade” (WEBER,1984: 43). Isto é, o poder não se restringe a situações 
específicas e qualquer um pode impor sua vontade em diversas situações. Os meios 
para se alcançar o poder podem ser vários, desde a utilização da violência até a de 
recursos mais sutis, como o poder de persuasão, a influência social, o dinheiro e 
outros. 
A dominação, por outro lado, se baseia na probabilidade de alguém ou algum 
grupo social obedecer a determinado mandato. Nesse caso, não há imposição, mas sim 
obediência. A dominação é ainda tanto um elemento da esfera política como da vida 
social. Nas palavras do próprio autor, a dominação é: 
um estado de coisas pelo qual uma vontade manifesta (mandato) do 
dominador ou dos dominadores influi sobre os atos dos outros (do 
dominado ou dos dominados), de tal modo que em um grau socialmente 
relevante, estes atos têm lugar como se os dominados tivessem adotado, 
por si mesmos e como máxima de sua ação, o conteúdo do mandato 
(obediência) (WEBER, 1984: 699). 
 
Entretanto, para que a dominação se concretize, é necessária a legitimação, ou 
seja, tanto dominados quanto dominadores devem aceitar a situação de dominação. A 
legitimação está relacionada à durabilidade do mandato. Quando não há persistência 
deste, a dominação deixa de ser legítima e pode ocorrer a ruptura da obediência por 
parte dos dominados, que perdem a crença no mandato do dominante. Um exemplo 
disso é o caso clássico no Brasil do impeachment 
(impedimento) do mandato do presidente 
Fernando Collor de Melo em 1992. Naquela 
ocasião, todos confiavam no presidente e 
aceitavam suas idéias, isto é, a dominação era 
legítima. Porém, Collor foi acusado de corrupção 
e tomou medidas econômicas que desagradaram 
a muitos brasileiros. Dessa forma, o mandato dele perdeu sua legitimidade, pois os 
dominados deixaram de acreditar em suas linhas de ação. Isso provocou um 
movimento grandioso em que os dominados se mostraram insatisfeitos e romperam 
com o mandato, causando o seu impeachment. 
 14 
Nesse sentido, é possível perceber que o esforço para se estabelecer uma 
dominação legítima objetiva definir o conteúdo das relações sociais. Os indivíduos 
tendem a orientar suas ações motivados pela crença em uma ordem legítima que 
reflete os interesses e a vontade do dominante. Sendo assim, a dominação é o 
elemento mantenedor da coesão social e que garante a permanência das relações 
sociais e a existência da própria sociedade. 
Conforme Weber, a dominação legítima pode justificar-se por motivos racionais, 
tradicionais ou afetivos de submissão. O motivo racional fundamenta-se em interesses 
e considerações utilitárias de vantagens e inconvenientes por parte daquele que 
obedece. O tradicional depende do mero costume ou de hábitos arraigados. Por fim, o 
afetivo se funda no puro afeto ou inclinação pessoal do dominado ao dominante. 
Weber define, então, três tipos puros de dominação legítima: 
DOMINAÇÃO LEGAL, RACIONAL OU 
BUROCRÁTICA: É baseada num estatuto, ou seja, 
em regras formalmente definidas. Seu tipo mais 
puro é a burocracia. O dominador é uma 
associação composta por funcionários eleitos ou 
nomeados por critérios de competência 
profissional. Obedece-se a ordens impessoais, objetivas e aos superiores designados, 
não importando quem ocupe o cargo ou a posição. Ex: Burocracia estatal, burocracia 
parlamentar, burocracia empresarial, etc. 
DOMINAÇÃO TRADICIONAL: Fundamenta-se na devoção de hábitos 
costumeiros, na crença na santidade das ordenações e dos 
poderes senhoriais há muito existentes. Seu tipo mais puro é o 
patriarcal. Aquele que ordena é o senhor e aquele que obedece 
é o súdito. Obedece-se ao dominante em virtude da fidelidade 
pessoal. O conteúdo das ordens está fixado pela tradição e 
baseia-se na dignidade do senhor. Os servos são dependentes 
do senhor ou escolhidos por vínculos de fidelidade. Ex: 
Senhores feudais, senhores de engenhos, príncipes, etc. 
 15 
DOMINAÇÃO CARISMÁTICA: Ocorre em virtude 
de devoção afetiva à pessoa do senhor e a seus dotes 
sobrenaturais (carisma). Seus tipos mais puros são a 
dominação do profeta, do herói guerreiro e do grande 
demagogo1. A associação dominante é de tipo 
comunitário. Aquele que ordena é o líder e aquele que 
obedece é o apóstolo. Obedece-se exclusivamente à pessoa do líder por suas 
qualidades excepcionais. A obediência só é mantida enquanto existir carisma, caso 
contrário ela é extinta. Ex: Jesus Cristo, Gandhi, Getúlio Vargas, etc. 
 É preciso ainda salientar que tais tipos ideais dificilmente aparecem de forma 
pura na realidade. De modo geral, eles aparecem associados. 
 
 Esquematizando... 
 
 TRÊS TIPOS PUROS DE DOMINAÇÃO LEGÍTIMA 
LEGAL TRADICIONAL CARISMÁTICA 
CAUSA Estatuto Hábitos costumeiros Qualidades excepcionais 
(carisma) 
TIPO MAIS PURO Burocracia Patriarca Profeta,herói guerreiro, 
demagogo 
TIPO QUE MANDA Funcionário Senhor Líder 
TIPO QUE OBEDECE Cidadão Súdito Apóstolo 
QUADRO 
ADMINISTRATIVO 
Competência 
profissional 
Dependência ou 
fidelidade pessoal 
Confiança pessoal 
 
ESTADO E BUROCRACIA 
 
 Se o desenvolvimento das instituições sociais, econômicas e culturais, nas 
sociedades ocidentais modernas, foi desencadeado por um processo geral de 
racionalização, o núcleo organizativo do Estado Moderno caracteriza-se, entre outros 
aspectos, por meio da introdução de um central e contínuo sistema de arrecadação de 
impostos, um central comando militar, pelo monopólio do uso da violência e por uma 
administração burocrática. 
 Segundo Weber, a existência do Estado 
Moderno depende de quatro condições básicas, a 
 16 
saber: i) uma administração e uma ordem jurídica, na qual as alterações se dão por 
normas; ii) uma administração militar, na qual os seus serviços realizam-se em 
concordância com rigorosos deveres e direitos; iii) o monopólio de poder sobre todas 
as pessoas, tanto sobre as que nasceram na comunidade quanto aquelas que estão 
nos domínios do território; iv) a legitimação da aplicação do poder nos limites do 
território por concordância com a ordem jurídica. 
 Para Weber, o Estado, sociologicamente, só se deixa definir pelo meio 
específico que lhe é peculiar, ou seja, o uso da coação física. Em outras palavras, o 
Estado define-se como a estrutura ou o agrupamento 
político que reivindica, com êxito, o monopólio do 
constrangimento físico legítimo (a violência). A esse 
caráter específico do Estado, acrescentam-se outros 
traços: de um lado, comporta uma racionalização do 
Direito com as conseqüências que são a especialização 
dos poderes legislativo e judiciário, bem como a instituição de uma polícia encarregada 
de proteger a segurança dos indivíduos e garantir a ordem pública; de outro lado, 
apóia-se em uma administração racional baseada em regulamentos claros que lhe 
permitem interferir nas esferas as mais diversas, desde a educação até a saúde, a 
economia e mesmo a cultura. 
 O Estado, enfim, pode ser definido, resumidamente, como uma comunidade 
humana que, dentro dos limites de determinado 
território, detém a posse sobre o uso legítimo da força 
física. De acordo com Weber, o Estado é uma instância 
tanto de poder quanto de dominação na medida em 
que impõe sua vontade contra qualquer resistência e 
obtém obediência a suas ordens por meio de seus 
mecanismos jurídicos e coercitivos. A dominação no 
Estado moderno encontra-se na aplicação diária da administração, necessária e 
inevitavelmente nas mãos do funcionalismo público, seja militar ou civil. 
 A forma, por excelência, adquirida pelo Estado moderno é, portanto, a 
burocracia. Esta é conceituada como uma organização composta por cargos 
distribuídos segundo poderes que são limitados por normas específicas as quais 
 17 
obedecem a critérios de eficiência e preveem a submissão ao cargo e não à pessoa que 
ocupa o cargo. 
Embora considerasse a burocracia como a mais 
eficiente forma de organização criada pelo homem, 
Weber temia esta grande eficiência cujos resultados, 
advindos da crescente burocratização do mundo 
moderno, seriam uma enorme ameaça à liberdade 
individual e às instituições democráticas das sociedades 
ocidentais. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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 18 
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97 – 153.

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