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TEORIA DO CONHECIMENTO Teoria do conhecimento, ou epistemologia (do grego episteme – Conhecimento e lógia – ciência/estudo), assim, epistemologia significa estudo do conhecimento, na sua forma epistemológica. A teoria de conhecimento é uma interpretação e explicação filosóficas do conhecimento. Qualquer explicação ou interpretação deve ser precedida de uma observação e uma descrição exactas do objecto. Noções Básicas Conceito de Conhecimento Quando alguém nos pergunta se conhecemos alguma coisa, percebemos muito bem oque o nosso interlocutor quer saber. E mais, quando um agricultor por mais iletrado que seja, sabe em que época lançar a terra determinada cultura. Habitualmente este saber é designado por conhecimento (saber é o mesmo que dizermos conhecemos algo). O conhecimento é apreensão de alguma realidade pela mente. Essa realidade pode ser um objecto ou uma ideia. Por exemplo conhecer um professor novo de filosofia ou as leis de Newton, no primeiro caso trata-se de um objecto ou uma realidade física e no segundo trata-se de ideias. Apesar da diferença do tipo de objecto trata-se do mesmo fenómeno, o conhecimento. A palavra conhecer é aplicada em dois sentidos distintos: Sentido lato e restrito. Conhecer no sentido lato, significa recolher e organizar informações sobre o meio envolvente, tendo em vista a constante adaptação de um organismo a esse meio e a sua sobrevivência. Cada espécie consoante a sua herança biológica nesse sentido tem o seu tipo de conhecimento, nos Homens predomina a informação adquirida em convivência social e nos outros animais prevalece a informação inata (instintos). Conhecer no sentido restrito, só é aplicável aos seres humanos e que pode ser entendido como a construção de representações mentais que o sujeito organiza ao longo da vida na sua relação com a realidade quer interior (pensar, sentir) ou exterior (o mundo dos objectos físicos). Conceito e realidade Afirmamos anteriormente que conhecer é construir representações mentais da realidade. Em filosofia conceito se refere à ideia sobre alguma coisa, e a ideia é entendida como a forma abstracta de alguma realidade. Por tanto o conceito é a imagem que o nosso entendimento retém de um objecto conhecido. Por exemplo quando dissemos que conhecemos uma mesa, é porque temos o conceito de mesa na nossa mente. Por outro lado a realidade, é o elemento apreendido, cuja imagem na nossa mente se chama conceito. A realidade é tudo aquilo que pode ser conhecido e representado por nós, quer se trate de uma realidade física, mental ou virtual. Elementos do conhecimento No acto do conhecimento estão envolvidos dois elementos fundamentais: o sujeito que conhece e o objecto que é conhecido. O conhecimento é fruto da correlação desses dois elementos. Nessa relação, o sujeito tem um papel activo na acção na recola de informação e saber acerca do objecto e por sua vez o objecto é tudo aquilo que é percebido pelo sujeito (coisa material, acção, acontecimento, processo) e que pode ser analisado e explicado. De acordo com HESSEN o conhecimento aparece como uma relação entre o sujeito e objecto. Faculdades do conhecimento Para conhecer o mundo que o rodeia, o ser humano, possui capacidades cognitivas que lhe permitem conhecer a realidade, cujas essas capacidades encontram-se na mente. A mente é a faculdade humana que permite o conhecimento e é através dela que percebe a realidade interior e exterior e a explica racionalmente. São as faculdades do conhecimento a sensação, a percepção e a imaginação. A mais simples forma de conhecimento que o ser humano possui e que lhe permite perceber o mundo e a realidade é a sensação. Através das sensações ou experiencias sensíveis, os sentidos permitem ao homem experimentar o mundo, retirar as informações acerca do que lhe rodeia através da visão, tacto, paladar, audição, etc. Todas essas experiências são, então, ratadas, analisadas, organizadas e enquadradas racionalmente chamamos de percepção do mundo da realidade etc. Vários factores que podem influenciar e moldar essa percepção: aspectos internos e biológicos, como (fome, cansaço, sede e sono), internos psicológicos, como (medo, motivação, expectativas) e aspectos externos como (movimento, estímulos) e por fim os aspectos culturais, como (a sociedade em que o sujeito vive, a sua educação sua família etc). Perspectivas de análise do conhecimento Ao longo da história da filosofia foram desenvolvidas várias teorias para a explicação do fenómeno de conhecimento, e para responder as seguintes questões fulcrais: É possível conhecer? – Como conhecemos? – O que conhecemos? Mas não só em filosofia se tem debruçado sobre este problema, essa questão do conhecimento tem sido objecto de estudo também das ciências empíricas! Em especial no último século. Assim para o estudo desta problemática iremos conhecer três teorias da abordagem científica (teoria filogenética, ontogenética) e uma teoria da perspectiva filosófica (a teoria fenomenológica do conhecimento). ABORDAGEM CIENTÍFICA Perspectiva filogenética A palavra “filogénese” deriva do grego “File” e “filon” que significa “tribo” e “raça”, e “génese” significa “origem ou criação”, assim filogénese significa “origem ou criação da tribo”. A perspectiva ou teoria filogenética é, então, o estudo da evolução de uma espécie, neste caso o ser humano. Segundo a paleontologia humana, o ser humano sofreu transformações significativas, desde a sua origem até aos dias de hoje, e a sua capacidade cognitiva foi evoluindo, pois a dos primeiros humanos era mais reduzida do que a actual. Esta ciência mostrou-nos como o ser humano evoluiu não só a nível físico mas também ao nível psíquico. Assim o desenvolvimento cognitivo ocorreu graças a correlação do desenvolvimento das faculdades cognitivas (memorias, linguagem, pensamento), com as capacidades técnicas. Esta permitiu, por sua vez, a alteração fisiológica, funcional, e a própria constituição morfológica. Por este processo o homem teve um desenvolvimento bio-psíquico-social, fazendo com que as actividades sensório motoras passassem, através da experiencia, às actividades perceptivo- motoras, permitindo a interiorização de imagens, que, por sua vez, constituem o alicerce da linguagem e da reflexão. Ao longo do processo filogenético, o ser humano constitui-se uma dialética entre a acçao e o conhecimento. a acção provoca o conhecimento e esta provoca a possibilidade de novas e melhores acções, e estas, por sua vez, possibilitam novos conhecimentos, e assim sucessivamente. Perspectiva Ontogenética A palavra ontogenética tem origem do grego “Ontos” que significa Ser e “génese” que significa origem logo Ontogenética significa origem do ser! A ontogenética estuda o conhecimento na perspectiva individual, partindo da análise das estruturas cognitivas do ser humano desde o nascimento até ao seu pleno e completo desenvolvimento. Esta perspectiva defende que na génese e desenvolvimento das capacidades cognitivas da criança há um relacionamento necessário entre o indivíduo e o meio. Esta perspectiva foi desenvolvida pela psicologia genética, um ramo da Psicologia fundado pelo famoso Jean Piaget (1896-1980) e defende que o individuo passa por várias etapas de desenvolvimento ao longo da vida. A assimilação e a acomodação são os dois processos que concorrem na formação das capacidades cognitivas de uma criança e que estão presentes em todos os estádios de desenvolvimento. A assimilação é o processo mental através do qual a criança incorpora novos dados resultantes da sua relação co o meio; a acomodação é o processo mental pelo qual os mecanismos mentais são alterados em função das novas experiencia provenientes da assimilação. Existem quatro estados ou estádios principais pelos quais a criança passa até atingir pelo menos desenvolvimento. São eles: Estádios DescriçãoEstádio sensório-motor (dos 0 aos 2 anos) A criação, através de uma interacção física com o seu meio, constrói um conjunto de “esquemas de acção” que lhe permitem compreender a realidade e a forma como esta funciona. Desenvolve o conceito de permanência do objecto, constrói alguns esquemas sensoriomotores coordenados e é capaz de fazer imitações. Estádio Pré- A criança, é competente ao nível de pensamento representativo mais não operatório (dos 2 ao 7 anos) realiza ainda operações mentais que ordenem e organizem esse pensamento. Sendo egocêntrica e com um pensamento não reversível, „e capaz de apreender o número e a quantidade. Estádios das operações Concretas (dos 7 aos 11/12 anos) A criança vai acumulando experiências físicas e concretas e começa a conceptualizar, criando “estruturas lógicas” para explicação das suas experiencia mas ainda sem abstracção. Estádios das operações formais (dos 11/12 aos 15/16) A criança atinge o raciocínio abstracto e conceptual, conseguindo ter em conta as hipóteses possíveis e sendo capaz de pensar cientificamente. PERSPECTIVA FILOSÓFICA Análise fenomenológica do conhecimento No acto onde conhecimento é indispensável a presença de dois elementos: o que conhece e o que é conhecido, ou seja, o sujeito e objecto do conhecimento. No processo do conhecimento, algumas filosofias atribuem primazia ao objecto (realismo em geral) e outras ao sujeito (idealismo em geral); outras a um nível equilibrado, isto é, aos dois. É esta última opção que é defendida pela fenomenologia, corrente filosófica que influenciou grandemente no século XX. Para fenomenologia só existem fenómenos puros, ou seja, não interessa a área do conhecimento e como se conhece. Esta corrente considera o conhecimento em si mesmo e procura chegar a sua estrutura fundamental, desligado de tudo o que rodeia e analisando-o por si mesmo na relação sujeito objecto. Dessa forma, para a fenomenologia existe alguém que conhece (o sujeito) e algo que pode ser conhecido (o objecto) e o resultado do acto de conhecer é a representação (depois de apreendido, o objecto de conhecimento fica na consciência do sujeito sob forma de representação ou imagem). Em suma, para a fenomenologia, o conhecimento é o acto pelo qual o sujeito apreende ou representa o objecto. O conhecimento é fruto do relacionamento entre o sujeito cognoscente (Que conhece), e o objecto conhecido. O sujeito não é sujeito de conhecimento fora do objecto de conhecimento e vice-versa. No acto de conhecimento o sujeito sai de si, transcende a si mesmo ao encontro do objecto. O objecto, por sua vez, transcende a si mesmo ao encontro do sujeito, ou seja, as sua propriedades ou características também conhecidas por atributos, vão ao encontro do sujeito Cognoscente. O sujeito capta as propriedades do objecto e volta a sua esfera, com a imagem do objecto, que se retém no seu entendimento ou mente (memoriza as características do objecto). Portanto, o sujeito vive três momentos distintos no acto do conhecimento: sai fora de si, fica fora de si e volta para si, com as características do objecto. O conhecimento resulta desta interacção dos dois elementos do conhecimento (sujeito objecto). É necessário recordar que este movimento é apenas uma descrição, pois na realidade, isto acontece num abrir e fechar de olhos. Bibliografia GEQUE, Eduardo. BIRIATE, Manuel. Pré-universitário: Filosofia 11. Longman Moçambique, Lda. Maputo. 2010 HESSEN, Johannes. Teoria do Conhecimento. Traduzido por Vergílio Gallerani Cuter. Martins Fontes. São Paulo. 2000
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