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Composições e Reorganizações Societárias Contabilidade Intermediária e Societária © by Editora Telesapiens Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia au- torização, por escrito, da Editora Telesapiens. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Bibliotecária: Maria Isabel Schiavon Kinasz, CRB9 / 626 ) Marconi, Márcia Valéria M321c Contabilidade intermediária [recurso eletrônico] / Márcia Valéria Marconi, Andréia Cuesta dos Santos - Recife: Telesapiens, 2021. 40 p.: il.; 20cm ISBN 978-65-86073-99-7 1. Contabilidade. 2. Demonstrações contábeis. I. Santos, Andréia Cuesta dos. II. Título. CDD 657 (22.ed) CDU 657 A AUTORA Andréa Cuesta Olá. Meu nome é Andréia Cuesta. Sou formada em Ciências Contábeis, pela Universidade Estadual de Londrina - UEL, e em Pedagogia pela Faculdade de Paraíso do Norte (FAPAN), especialista em Controladoria e Finanças (PUC/PR), Logística Empresarial (UNOPAR) e Docência no Ensino Superior (UNOPAR). Sou estudante especial do curso de Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias da UNOPAR, com uma experiência técnico-profissional na área de docência do ensino superior, presencial e EAD de mais de 12 anos. Passei por empresas com a Lorenzetti S.A, Elevadores Atlas Schindler e a Construtora Plaenge, na área Contábil e Fiscal. Hoje integro o quadro docente do Grupo Kroton Educacional, ao qual faço parte desde 2008. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora TELESAPIENS a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Márcia Valéria Marconi Olá. Meu nome é Márcia Valéria Marconi. Sou Mestre em Administração e graduada em Ciências Contábeis, com uma experiência técnico-profissional nas áreas de contabilidade, controladoria, custos, recursos humanos e educação, sendo mais de 20 anos. Passei por empresas como a Esso Brasileira de Petróleo Ltda., Sadia S.A., Econet Editora Ltda, Grupo Uninter, Universidade Positivo e FAEC. Tenho especialização em Controladoria e Finanças, e também em Didática para Curso Superior. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Reorganização Societária ........................................................................10 Sociedade Anônima ...................................................................................................................... 10 Tipos de Sociedade Anônima .............................................................................. 11 Sociedade Limitada ....................................................................................................................... 12 Diferenças entre S.A. e Ltda. ................................................................................................... 12 Fragmentação das Sociedades ............................................................................................ 14 Liquidação Societária ................................................................................................................... 15 Reorganização Societária ......................................................................................................... 20 Cisão, Fusão e Incorporação ...................................................................23 Cisão .........................................................................................................................................................23 Fusão ........................................................................................................................................................26 Incorporação .......................................................................................................................................27 Aspectos Legais ......................................................................................... 29 Movimentação do Período e Saldos Ajustados ..............................35 7 UNIDADE 04 Contabilidade Intermediária e Societária 8 INTRODUÇÃO Você sabia que a Contabilidade é um dos instrumentos mais importantes para o gestor das organizações empresariais, pois ela fornece dados de forma organizada e de fácil entendimento, para que as decisões sejam tomadas de forma correta e rápida? Você deve ter notado as diversas modificações que a contabilidade brasileira vem sofrendo. O primeiro motivo para estas mudanças é a revolução tecnológica, responsável pela utilização em larga escala dos ERPs (Enterprise Resource Planning ou Planejamento dos Recursos da Empresa), que são sistemas integrados de gestão e cuidam das atividades diárias de uma empresa, desde a aquisição dos estoques, até a emissão das Demonstrações Contábeis de apresentação obrigatória. Não importa o tamanho da empresa, seja ela pequena, média ou grande, estará sujeita a apresentar informações ao Fisco, que atualmente é feita de forma eletrônica (on-line), nos âmbitos municipal, estadual e federal. O segundo motivo para as mudanças advém da necessidade de adequar-se às Normas Internacionais de Contabilidade - IFRS (International Financial Reporting Standards), que é um conjunto de Pronunciamentos Contábeis internacionais, publicados e revisados pelo IASB (International Accounting standards Board). Essa parametrização das normas contábeis surgiu pela necessidade de as organizações internacionais falarem a mesma língua, facilitando o entendimento. No Brasil, essas normas estão sendo adaptadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e são regidas pela Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007. Além de fornecer informações ao Fisco, a Contabilidade também fornece informações a outros interessados, tais como bancos, sócios, acionistas, fornecedores, clientes e colaboradores, daí a necessidade de apresentar informações de fácil entendimento para especialistas ou leigos. Segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2014), de cada dez empresas que são abertas no Brasil, seis não sobrevivem após 5 anos de atividade. Isso mesmo. Mais da metade das empresas fecham as portas antes de completar 5 anos! E em grande parte, o fracassovem da má administração dos recursos. Entendeu a importância para uma contabilidade? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo, e compreender melhor essa ferramenta maravilhosa! Contabilidade Intermediária e Societária 9 OBJETIVOS Olá. Seja bem-vindo a nossa Unidade 3, onde nosso objetivo é auxiliar você para o desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Recapitular e consolidar tópicos importantes de Contabilidade Geral; 2. Conhecer o CPC 03 e os conceitos de Demonstração dos Fluxos de Caixa e Equivalentes de Caixa; 3. Verificar os aspectos legais da DFC (Demonstração do Fluxo de Caixa), seus objetivos, alcance e transações que a integram; 4. Identificar as principais diferenças entre DFC (Demonstração do Fluxo de Caixa) e DOAR (Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos). Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Contabilidade Intermediária e Societária 10 Reorganização Societária INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de compreender a Reorganização Societária, sua legislação e as formas em que dá essa recuperação da empresa. Você será capaz de reconhecer conceitos como combinação de negócios, fusão, cisão e Incorporação. Será capaz também, de analisar a abrangência da combinação de negócios. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Antes de falarmos sobre os tipos de Reorganização Societária, devemos conhecer bem o tipo de empresas que existem no Brasil, para compreender melhor como são os seus funcionamentos e organizações. Sociedade Anônima O surgimento desse tipo de sociedade se deu nos séculos XVII e XVIII, e no início abarcava as negociações realizadas pelo capital familiar, e às vezes, terceiros não ligados à família investiam seu capital na empresa, de forma a expandi-la, resultando no aumento de recursos no mercado, na produção e, principalmente, na circulação de mercadorias, levando ao aquecimento da economia local. Entretanto, somente após 1850 que a sociedade anônima passou a ser aceita no Brasil. A Sociedade Anônima é conhecida pela sigla S.A., ou também pela sigla Cia. (abreviação de Companhia), e em 1976 a Lei 6.404 determinou que a sociedade anônima divida seu capital em ações, ficando os sócios responsáveis limitadamente às ações que possuem. A Sociedade Anônima tem uma administração controlada por um conselho nomeado anualmente pelos acionistas via assembleia geral. Existem dois tipos de ações emitidas pelas S.A: ações ordinárias e as ações preferenciais. Contabilidade Intermediária e Societária 11 1. Ações Ordinárias: • São conhecidas como títulos de participação acionária; • Apresentam participação no capital de uma S.A.; • Direito ao voto relacionado à Governança Corporativa; • Podem ser comercializadas no mercado de ações; • Responsabilidade limitada e direito residual (após todas as obrigações cumpridas, dá direito ao possuidor dessa ação aos ativos e ao rendimento da empresa. E quando a empresa estiver em atividade, dá direito aos acionistas à parcela restante do lucro operacional. 2. Ações Preferenciais: • Direito ao voto (pelo estatuto) de assuntos não ligados à empresa; • Valor anual fixo de rendimento; • Não há a obrigatoriedade de pagamento de dividendos. A assembleia ordinária (ocorre uma vez por ano) avalia questões do dia a dia da empresa, com base na legislação e no estatuto, e assembleia extraordinária (ocorre por meio de convocação) e discute assuntos esporádicos e que sejam importantes. A assembleia tem poderes para eleger ou excluir administradores ou fiscais da companhia, verificar demonstrações financeiras apresentadas e as contas dos administradores, anualmente. Pode realizar melhorias no estatuto, aprovar emissão de debêntures e decisões sobre incorporações, cisões, fusões, dissoluções e liquidação da sociedade. Tipos de Sociedade Anônima • Capital Fechado: tem natureza contratual (semelhante ao negócio privado jurídico), e seus recursos são restritos aos acionistas e sócios. Não podem comercializar suas ações no mercado de bolsa de valores e não possuem acesso ao mercado de capitais; Contabilidade Intermediária e Societária 12 • Capital Aberto: podem emitir valores mobiliários (títulos de dívida/ ações) para serem negociados na bolsa de valores, no mercado de capitais. Sociedade Limitada Essa sociedade leva a sigla Ltda. em sua razão social. Está prevista no artigo 1.158 do Código Civil Brasileiro e sua regulamentação está entre os artigos 1.052 e 1.087 do CC. É formada por dois ou mais sócios que respondem pelo capital integralizado. É regida por um contrato social (público ou particular). Nesse tipo de sociedade, o afastamento de um sócio não impede os demais de continuarem com o andamento da sociedade. Como o capital é apresentado por quotas, um dos sócios pode repassar (vender) suas quotas a outro ou a outros, e nesse caso, deve necessariamente haver uma alteração contratual. Qualquer alteração que exista nesse tipo de sociedade, só será válida, se todos os sócios concordarem. A distribuição de lucros também é responsabilidade conjunta. E, qualquer ato ilegal cometido dentro sociedade fará com que os sócios respondam solidariamente, de acordo com as suas quotas de capital. A responsabilidade dos sócios só termina se houver a extinção da sociedade. A dissolução da sociedade, no entanto, pode ocorrer se um dos sócios falecer. Nesse caso, o sócio restante pode a dissolução da sociedade de forma judicial, extinguindo a empresa. Diferenças entre S.A. e Ltda. SOCIEDADE LIMITADA Possuem o capital social dividido em quotas iguais ou desiguais; O compromisso dos sócios é restrito às suas quotas; Permitem a exclusão de um sócio quando ele não realiza a integralização conforme os prazos estabelecidos em contrato; Contabilidade Intermediária e Societária 13 Os sócios precisam devolver os lucros e as quantias que foram retirados da sociedade apenas mediante autorização determinada no capital social; No caso de prejuízo no capital, não se pode retirar ou distribuir lucros entre os sócios; Sua legislação é regulada pelo Código Civil. No caso de haver omissões, são seguidas as normas da sociedade anônima ou simples, conforme contrato; Os sócios respondem de forma solidária, pelo prazo de até cinco anos a partir do registro da empresa, pelos bens reconhecidos no capital; Ao final de cada exercício social, é realizado o procedimento de elaboração de inventário, balanço patrimonial da empresa e demonstração do resultado; O conselho fiscal é facultativo nas sociedades limitadas, embora seja comum na anônimas. Os sócios que portarem menos de um quinto de capital social podem eleger um membro e um suplente. Ao menos três demonstrações financeiras precisam ser elaboradas ao final de cada exercício social. SOCIEDADE ANÔNIMA São sociedades de capitais, que são divididos em ações; Compostas por assembleia geral, conselho administrativo, diretoria e conselho fiscal; A divisão de capitais é realizada de forma igualitária em ações. Assim, a participação dos acionistas se torna efetiva; O valor das ações subscritas ou adquiridas é que determina a responsabilidade dos acionistas. Ou seja, quando uma ação for integralizada, a obrigação do acionista deixará de existir, independentemente da situação; As ações podem ser negociadas/cedidas na bolsa de valores ou mercado de balcão; Os sócios não envolvem seu patrimônio particular, pois as ações são usadas como garantia financeira da companhia; Podem ser de capital aberto ou fechado. O registro e a emissão pública das ações devem ser realizados no órgão responsável; Contabilidade Intermediária e Societária 14 Ficam submetidas ao controle rigoroso da CVM (Comissão de Valores Mobiliários); A emissão de ações só pode ser feita pela CVM. Fonte: Alves, 2016.Fragmentação das Sociedades A empresa ao ser criada, pressupõe-se que seja de forma definitiva e indeterminada. Entretanto, algumas empresas não conseguem dar continuidade em seus negócios e acabam se extinguindo. Vários são os fatores que podem levar à empresa ao encerramento, dentre eles temos: • Fusão da empresa com outras empresas iguais ou diferentes; • Cisão parcial ou cisão integral da empresa; • Incorporação da empresa por outra empresa, ou grupo de empresas; • Alteração do modelo original da empresa para outro tipo; • Término da liquidação. Para que o processo de fragmentação ou extinção da empresa seja correto, e tenha efeito legal, é necessário que seja solicitado junto ao órgão (Junta Comercial, Receita Federal, Ministério do Trabalho, Prefeitura Municipal, IBGE, etc.) ao qual foi efetuada a abertura da empresa, a baixa ou alteração. A dissolução da empresa se dá quando a empresa cessa a busca pelo lucro, e nesse momento ela inicia a liquidação que pode ocorrer se, no mínimo, 50% das ações que dão direito a voto estiverem nas mãos dos acionistas que desejam a dissolução, de acordo com a Lei 6.404/76 em seu artigo 136. Essas ações não podem estar negociadas nos mercados financeiros, para poder iniciar o processo de dissolução. A dissolução de uma empresa pode se dar pelos seguintes motivos: Contabilidade Intermediária e Societária 15 Tabela 1: Dissolução Societária EM PLENO DIREITO: Expiração do prazo de duração da companhia; Determinação da assembleia geral; Indicação do estatuto; No caso de um acionista único, verificação em assembleia geral ordinária. Isso poderá ser modificado se houver ao menos dois acionistas até a próxima assembleia geral ordinária, no ano seguinte, conforme artigo 251 da Lei 6.404/76; Ausência de autorização de lei para funcionamento. Estabelecido mediante decisão judicial pelos seguintes motivos: Comprovação de que a empresa não consegue realizar seu objetivo, de acordo com ação sugerida por acionista que possua cinco por cento ou mais de capital social; Anulação da criação da empresa por sugestão de algum acionista; Falência da empresa, em concordância com o previsto na lei; Decisão de autoridade, de acordo com o artigo 206 da Lei 6.404/76. Fonte: Alves, 2016. Liquidação Societária Esta modalidade de Liquidação Societária, equivale à venda de todos os bens da sociedade à vista, objetivando cumprir as obrigações e receber todos os direitos. Mas, antes da empresa ser liquidada, ela precisa ser dissolvida. O art. 208 a 218 da Lei 6.404/76 pede a liquidação pelos órgãos da companhia: Contabilidade Intermediária e Societária 16 Silenciando o estatuto, compete à assembleia-geral, nos casos do número I do artigo 206, determinar o modo de liquidação e nomear o liquidante e o conselho fiscal que devam funcionar durante o período de liquidação. § 1º A companhia que tiver conselho de administração poderá mantê-lo, competindo-lhe nomear o liquidante; o funcionamento do conselho fiscal será permanente ou a pedido de acionistas, conforme dispuser o estatuto. § 2º O liquidante poderá ser destituído, a qualquer tempo, pelo órgão que o tiver nomeado. Sobre a liquidação judicial, o art. 209: Além dos casos previstos no número II do artigo 206, a liquidação será processada judicialmente: I - a pedido de qualquer acionista, se os administradores ou a maioria de acionistas deixarem de promover a liquidação, ou a ela se opuserem, nos casos do número I do artigo 206; II - a requerimento do Ministério Público, à vista de comunica- ção da autoridade competente, se a companhia, nos 30 (trinta) dias subsequentes à dissolução, não iniciar a liquidação ou, se após iniciá-la, a interromper por mais de 15 (quinze) dias, no caso da alínea ‘e’ do número I do artigo 301. Parágrafo único. Na liquidação judicial será observado o disposto na lei processual, devendo o liquidante ser nomeado pelo juiz. São deveres do liquidante da sociedade, conforme art. 210 da Lei 6.404/76. Vejamos agora um gráfico, na próxima página, que identifica exatamente esse mesmo artigo citado, em detalhes: Contabilidade Intermediária e Societária 17 Figura 1 – Deveres do Liquidante São deveres do liquidante: I. Arquivar e publicar a ata da Assembléia-Geral, ou cer- tidão de sentença, que tiver deliberado ou decidido a liquidação; II. Arrecadar os bens, livros e documentos da compa- nhia onde quer que estejam; III. Fazer “levantar” de imediato, em prazo não superior ao fixado pela Assembléia-Geral ou pelo juiz, o balanço patrimonial da companhia; IV. Ultimar os negócios da companhia, realizar o ativo, vir a pagar o passivo, e partilhar o remanescente entre os acionistas; V. Exigir dos acionistas, quando o ativo não bastar à so- lução do passivo, a integralização de suas ações; VI. Convocar a Assembléia-Geral, nos casos previstos em lei ou quando julgar necessário; VII. Confessar a falência da companhia e pedir concorda- ta, nos casos previstos em lei; VIII. Finda a liquidação, submeter à Assembéia-Geral, re- latórios dos atos e operações da liquidação e de suas contas finais; IX. Arquivar e publicar a ata da Assembléia-Geral que houver encerrado a liquidação. L I Q U I D A Ç Ã O Fonte: Lei 6.404/76. Art. 210 O art. 211 abrange os poderes do liquidante da empresa: Compete ao liquidante representar a companhia e praticar todos os atos necessários à liquidação, inclusive alienar bens móveis ou imóveis, transigir, receber e dar quitação. Parágrafo único. Sem expressa autorização da assembleia- geral o liquidante não poderá gravar bens e contrair empréstimos, salvo quando indispensáveis ao pagamento de obrigações inadiáveis, nem prosseguir, ainda que para facilitar a liquidação, na atividade social. Contabilidade Intermediária e Societária 18 O art. 212 orienta como ficará a denominação da empresa, enquanto a companhia estiver em processo de liquidação: Em todos os atos ou operações, o liquidante deverá usar a denominação social seguida dos termos ‘em liquidação’. A cada 6 meses a empresa em liquidação deverá convocar uma assembleia-geral para prestar contas dos atos efetuados, conforme art. 213: O liquidante convocará a assembleia-geral cada 6 (seis) meses, para prestar-lhe contas dos atos e operações praticados no semestre e apresentar-lhe o relatório e o balanço do estado da liquidação; a assembleia-geral pode fixar, para essas prestações de contas, períodos menores ou maiores que, em qualquer caso, não serão inferiores a 3 (três) nem superiores a 12 (doze) meses. § 1º Nas assembleias-gerais da companhia em liquidação todas as ações gozam de igual direito de voto, tornando-se ineficazes as restrições ou limitações porventura existentes em relação às ações ordinárias ou preferenciais; cessando o estado de liquidação, restaura-se a eficácia das restrições ou limitações relativas ao direito de voto. § 2º No curso da liquidação judicial, as assembleias-gerais necessárias para deliberar sobre os interesses da liquidação serão convocadas por ordem do juiz, a quem compete presidi- las e resolver, sumariamente, as dúvidas e litígios que forem suscitados. As atas das assembleias-gerais serão, por cópias autênticas, apensadas ao processo judicial. Os pagamentos do Passivo, a partilha do ativo e prestação de contas do valor remanescente estão dispostos entre os artigos 214 e 216, conforme se segue: Respeitados os direitos dos credores preferenciais, o liquidante pagará as dívidas sociais proporcio-nalmente e sem distinção entre vencidas e vincendas, mas, em relação Contabilidade Intermediária e Societária 19 a estas, com desconto às taxas bancárias. Parágrafo único. Se o ativo for superior ao passivo, o liquidante poderá, sob sua responsabilidade pessoal, pagar integralmente as dívidas vencidas. (art. 214) A assembleia-geral pode deliberar que antes de ultimada a liquidação,e depois de pagos todos os credores, se façam rateios entre os acionistas, à proporção que se forem apurando os haveres sociais. § 1º É facultado à assembleia-geral aprovar, pelo voto de acionistas que representem 90% (noventa por cento), no mínimo, das ações, depois de pagos ou garantidos os credores, condições especiais para a partilha do ativo remanescente, com a atribuição de bens aos sócios, pelo valor contábil ou outro por ela fixado. § 2º Provado pelo acionista dissidente (artigo 216, § 2º) que as condições especiais de partilha visaram a favorecer a maioria, em detrimento da parcela que lhe tocaria, se inexistissem tais condições, será a partilha suspensa, se não consumada, ou, se já consumada, os acionistas majoritários indenizarão os minoritários pelos prejuízos apurados. (art. 215) Pago o passivo e rateado o ativo remanescente, o liquidante convocará a assembleia-geral para a prestação final das contas. § 1º Aprovadas as contas, encerra-se a liquidação e a companhia se extingue. § 2º O acionista dissidente terá o prazo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação da ata, para promover a ação que lhe couber. (art. 216) Além dessas orientações, a Lei 6.404/76, garante a responsabilidade na liquidação e o direito do credor não satisfeito. Extingue-se a companhia: I - pelo encerramento da liquidação; II - pela incorporação ou fusão, e pela cisão com versão de todo o patrimônio em outras sociedades. (Art. 219) Contabilidade Intermediária e Societária 20 Reorganização Societária Durante a vida da empresa podem ocorrer necessidades que estão além da sua composição original. Muitas vezes, são necessárias incorporações, fusões, ou até cisões, para que a organização siga sua movimentação normal. Esses processos podem ocorrer de forma simples, ou de forma complexa, dependendo do tipo de método de reorganização utilizado. Quando uma ou mais sociedades têm seus patrimônios absorvidos por outra companhia, acontece o a incorporação. Quando uma empresa transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, essa ou essas assumem a responsabilidade de suas atividades, ocorre a cisão. A fusão ocorre quando acontece a junção do patrimônio de duas ou mais empresas, que darão início a uma nova empresa. Em qualquer uma das formas de reorganização societária, a nova empresa surgida deverá assumir a responsabilidade por todas as ações da antiga entidade. Quando falamos em Reorganização Societária, alguns termos mais comuns são usado, dos quais você deve tomar ciência, e vamos passar a analisá-los: a. Métodos de Avaliação: a legislação brasileira não impõe um método de avaliação único, ou específico, cabendo às empresas se ajustarem, podendo ser pelo valor de mercado ou o valor contábil, conforme o caso. b. Os Sócios das Instituições: antes e depois da reorganização, possuem direitos efetivos, exigindo que os proprietários conservem o patrimônio efetivo, antes de qualquer transação. Esse direito é denominado na Relação de Substituição; c. A data da avaliação do patrimônio Líquido e a data de aprovação da assembleia para incorporação (nos casos de incorporação, fusão ou cisão); d. Quando ocorre uma destas reorganizações, os acionistas que não concordam com a nova estrutura ou com os termos da Contabilidade Intermediária e Societária 21 negociação têm a garantia de saída da sociedade, pelo estatuto da constituição da sociedade e receberão o valor de suas ações conforme determinado. Esse reembolso é garantido pela Lei 6.404/1976, em seu artigo 45, e é conhecido como Valor do reembolso referente às ações dos acionistas contraditórios; e. Apesar de a data da transação de reorganização societária ser a da aprovação da assembleia que a autorizou, muitas transações relacionadas que fazem parte do objeto do negócio, continuarão ocorrendo normalmente, e serão denominadas. A legislação que rege essas combinações de negócios no Brasil é o Pronunciamento Técnico CPC 15 – Combinação de Negócios, que foi revisado em 2011, e ficou denominado Pronunciamento Técnico CPC 15 (R1). Este pronunciamento foi aprovado pela Deliberação CVM nº 665/2011 e pela Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 1.350/2011, que criou a NBC TG 15 (R3). Além da Lei 6.404/76, a combinação de negócios é amparada também pela Lei 9.457/97. E em companhias de capital aberto, há a obrigação de obedecerem às Instruções 319/99, 349/01 e 469/08. O CPC 15 – Combinação de Negócios estabelece alguns princípios e exigências que regem a forma que deve agir o adquirente de uma combinação de negócio nos seguintes aspectos: Figura 2 – Princípios e Exigências ao Adquirente Como o adquirente determina quais as informações que devem ser divulgadas para a possibilitar que os usuários das demonstrações contábeis avaliem a natureza e os efeitos finan- ceiros das combinações de negócios (CPC 15 (R1), item 1). Como o adquirente reconhece e mensura o ágio por expec- tativa de rentabiliade futura (goodwill adquirido) advindo da combinação de negócios ou o ganho proveniente de compra vantajosa; Como o adquirente reconhece e mensura, em suas demons- trações contábeis, os ativos identificáveis adquiridos, os passi- vos assumidos e as participações societárias de não controla- dores na adquirida; Fonte: RIOS E MARION, 2019. Adaptado. Contabilidade Intermediária e Societária 22 A reorganização societária, pela nova instrução do CPC 15 (R1), para ser combinação de negócios, precisa envolver a obtenção de controle pela adquirente. Antes do CPC 15 (R1) as reorganizações societárias (incorporação, fusão, cisão) eram consideradas combinações de negócios, porém hoje, nem sempre são, pois nem sempre existe a transferência de controle. A principal finalidade da combinação de negócios é melhorar a confiança, a importância e a equiparação dos dados apresentados pela empresa em suas demonstrações contábeis, onde são evidenciados os reflexos da combinação de negócios. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido a importância de conhecer as formas de reorganização societária. Verificou as principais diferenças entre Sociedades Anônimas e Sociedades Limitadas. Aprendeu também sobre as formas de liquidação societárias, e quais as exigências e garantias que a Lei 6.404/76 traz para a empresa liquidada, e se o processo for fusão ou incorporação, quais os direitos e garantias tanto para a empresa que sofre a cisão ou incorporação, quanto para a empresa que pratica. Vamos para o próximo capítulo, no qual você aprenderá mais sobre a Cisão, Fusão e Incorporação?! Contabilidade Intermediária e Societária 23 Cisão, Fusão e Incorporação INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de compreender e diferenciar as reorganizações societárias Cisão, Fusão e Incorporação. Você estará apto a conhecer seus aspectos legais e societários, formas e conceitos. E então? Está curioso para saber mais sobre essa ferramenta tão importante? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Venha comigo! Cisão Cisão: nessa modalidade é efetuada uma divisão da empresa, que pode ser feita total ou parcialmente, ocorre quando a companhia transfere parte do seu patrimônio para uma ou mais empresas, já existentes, ou especialmente constituídas para a cisão. Após o processo, a empresa cindida se extingue (se todo o seu patrimônio foi transferido), ou divide-se o capital (e transferência parcial). Muitas empresas optam pela cisão devido a diminuição das vendas, e consequente diminuição do faturamento, ocasionadas pela mudança de mercado, da concorrência e dos consumidores. Figura 3 – Modelo de Cisão Total C B A ABC Fonte: Alves, 2016. Adaptada. Contabilidade Intermediária e Societária24 No exemplo acima, é possível ver que a empresa ABC foi extinta para formar as empresas A, B e C. No exemplo, em 2016 a AES (Eletropaulo Metropolitana Eletricidade da Cidade de São Paulo S.A (SP) aprovou em assembleia extraordinária com seus acionistas, a cisão parcial da empresa. As empresas AES Brasil e o BNDESPar assinaram um acordo que garante às duas empresas, a gestão da AES Eletropaulo. Figura 4 – Modelo AES Eletropaulo antes da Cisão Parcial AES Eletropaulo (SP) AES Elpa Brasiliana Participações Fonte: AES Eletropaulo (SP) Tietê Após a cisão parcial da companhia, ficou assegurado aos acionistas que discordaram da aprovação da cisão, o direito de recesso que garante a sua retirada da sociedade, recebendo o valor de suas ações, calculado pelas demonstrações contábeis publicadas em 2015. Contabilidade Intermediária e Societária 25 Figura 5 – Modelo AES Eletropaulo após a Cisão Parcial AES Eletropaulo (SP) BNDESPar AES Brasil Fonte: AES Eletropaulo (SP) Tietê. Os aspectos legais conforme a Lei 6.404/76, referente à cisão, está disposto no art. 229: A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão. § 1º (…) a sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão; no caso de cisão com extinção, as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida sucederão a esta, na proporção dos patrimônios líquidos transferidos, nos direitos e obrigações não relacionados. (…) Cisão Parcial apenas uma parte do patrimônio da companhia cindida será transferida para outra(s) companhia(s). Contabilidade Intermediária e Societária 26 Figura 6 – Processo de Cisão parcial Cia C - 140% Capital. Cia B - 130% Capital. Cia A - 30% Capital. Cia C - 100% Capital; - 40% Capital Cia A. Cia B - 100% Capital; - 30% Capital Cia A. Cia A - 100% Capital. Fonte: Rios e Marion, 2019.Adaptado. Na cisão total, todo o patrimônio é transferido da companhia cindida para uma ou mais companhias. Fusão Fusão: esta atividade se caracteriza pela união de duas ou mais sociedades, a fim de formar uma nova sociedade, a qual será responsável por todos os direitos e obrigações das empresas envolvidas. As empresas fusionadas podem ser juridicamente diferentes ou não, e seus sócios entram com os seus ativos e seus passivos, também podendo ocorrer mudança no capital da instituição, ou no quadro de sócios, entrando ou saindo da empresa. Figura 7 – Modelo de Fusão Cia XYCia X Cia Y =+ Fonte: Alves, 2016. Adaptada. Em 2012 a chinesa LAN Airlines S.A. e a brasileira TAM S.A. fundiram seus capitais dando origem a LATAM Airlines Group S.A, tornando-se a maior linha aérea da América Latina. Contabilidade Intermediária e Societária 27 Figura 8 – Modelo da Fusão da LATAM LATAM Airlines Group S.A. LAN Airlines S.A. TAM S.A. =+ Fonte: Latam Airlines. Incorporação Incorporação: é a operação pela qual uma ou mais empresas (diferentes ou não) são absorvidas por outra, transferindo-se os direitos e as obrigações à nova empresa criada. Algumas providências devem ser tomadas quando a empresa inicia o processo de incorporação, que vamos ver agora: Figura 9 – Providências pré Incorporação In co rp o ra çã o Realizar o balanço patrimonial da sociedade que será extinta, para que se possa ter uma visão real da empresa naquele momento. Realizar o encerramento dos livros da sociedade e a transferência para a empresa incorporadora, dando baixa nos ativos e passivos da sociedade extinta. Providenciar o registro referente ao aumento do capital da empresa incorporadora. Nele estarão todos os valores de ativos e passivos já transferidos da empresa extinta. Promover a abertura dos livros para a atual empresa. Fonte: Alves, 2016. Adaptada. A incorporação é a operação para a qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e em todas as obrigações. Art. 227 Lei 6.404/76. A Sociedade A (incorporadora) incorpora a Sociedade B (incorporada). A Sociedade B é extinta e todo o seu patrimônio passa a pertencer à Sociedade A. § 1º A assembleia-geral da companhia incorporadora, se aprovar o protocolo da operação, deverá autorizar o aumento Contabilidade Intermediária e Societária 28 de capital a ser subscrito e realizado pela incorporada mediante versão do seu patrimônio líquido, e nomear os peritos que o avaliarão. § 2º A sociedade que houver de ser incorporada, se aprovar o protocolo da operação, autorizará seus administradores a praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a subscrição do aumento de capital da incorporadora. § 3º Aprovados pela assembleia-geral da incorpo-radora o laudo de avaliação e a incorporação, extingue-se a incorporada, competindo à primeira promover o arquivamento e a publicação dos atos de incorporação.” (Lei nº 6.404/76, art. 227, §§ 1º a 3º.) Na incorporação de empresa controlada, além das informações previstas nos artigos 224 e 225, os cálculos referentes às ações, conforme art. 264: Na incorporação, pela controladora, de companhia controlada, a justificação, apresentada à assembleia-geral da controlada, deverá conter, além das informações previstas nos arts. 224 e 225, o cálculo das relações de substituição das ações dos acionistas não controladores da controlada com base no valor do patrimônio líquido das ações da controladora e da controlada, avaliados os dois patrimônios segundo os mesmos critérios e na mesma data, a preços de mercado, ou com base em outro critério aceito pela Comissão de Valores Mobiliários, no caso de companhias abertas. § 1º A avaliação dos dois patrimônios será feita por 3 (três) peritos ou empresa especializada e, no caso de companhias abertas, por empresa especializada. (…)” (Lei nº 6.404/76, art. 264.) Contabilidade Intermediária e Societária 29 Aspectos Legais A fusão, cisão e incorporação de companhia aberta estão dispostas na Lei 6.404/76 e na Instrução CVM nº 319/99 (que dispõe sobre o tratamento contábil do ágio e do deságio e do aproveitamento econômico). Para proceder com a reorganização, a Lei (Lei nº 6.404/76, art. 223.) orienta: A incorporação, fusão ou cisão podem ser operadas entre sociedades de tipos iguais ou diferentes e deverão ser deliberadas na forma prevista para a alteração dos respectivos estatutos ou contratos sociais. § 1º Nas operações em que houver criação de sociedade serão observadas as normas reguladoras da constituição das sociedades do seu tipo. § 2º Os sócios ou acionistas das sociedades incorporadas, fundidas ou cindidas receberão, diretamente da companhia emissora, as ações que lhes couberem. § 3º Se a incorporação, fusão ou cisão envolverem companhia aberta, as sociedades que a sucederem serão também abertas, devendo obter o respectivo registro e, se for o caso, promover a admissão de negociação das novas ações no mercado secundário, no prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias, contados da data da assembleia-geral que aprovou a operação, observando as normas pertinentes baixadas pela Comissão de Valores Mobiliários. § 4º O descumprimento do exposto no parágrafo anterior dará ao acionista direito de retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor das suas ações (art. 45), nos 30 (trinta) dias seguintes ao término do prazo nele referido, observado o disposto nos §§ 1º e 4º do art. 137. É necessário protocolar o processo, conforme art. 224: Contabilidade Intermediária e Societária 30 As condições de incorporação, fusão ou cisão com incorporação em sociedade existente constarão de protocolo firmado pelos órgãos de administraçãoou sócios das sociedades interessadas, que incluirá: I. o número, espécie e classe das ações que serão atribuídas em substituição dos direitos de sócios que se extinguirão e os critérios utilizados para determinar as relações de substituição; II. os elementos ativos e passivos que formarão cada parcela do patrimônio, no caso de cisão; III. os critérios de avaliação do patrimônio líquido, a data a que será referida a avaliação, e o tratamento das variações patrimoniais posteriores; IV. a solução a ser adotada quanto às ações ou quotas do capital de uma das sociedades possuídas por outra; V. o valor do capital das sociedades a serem criadas ou do aumento ou redução do capital das sociedades que forem parte na operação; VI. o projeto ou projetos de estatuto, ou de alterações estatutárias, que deverão ser aprovados para efetivar a operação; VII. todas as demais condições a que estiver sujeita a operação. A justificação está disposta no art. 225: As operações de incorporação, fusão e cisão serão submetidas à deliberação da assembleia-geral das companhias interessadas mediante justificação, na qual serão expostos: I. os motivos ou fins da operação, e o interesse da companhia na sua realização; II. as ações que os acionistas preferenciais receberão e as razões para a modificação dos seus direitos, se prevista; Contabilidade Intermediária e Societária 31 III. a composição, após a operação, segundo espécies e classes das ações, do capital das companhias que deverão emitir ações em substituição às que se deverão extinguir; IV. o valor de reembolso das ações a que terão direito os acionistas dissidentes. A aprovação está descrita no art. 226: As operações de incorporação, fusão ou cisão somente poderão ser efetivadas nas condições aprovadas se os peritos nomeados determinarem que o valor do patrimônio ou patrimônios líquidos a serem vertidos para a formação de capital social é, ao menos, igual ao montante do capital a realizar. § 1º As ações ou quotas do capital da sociedade a ser incorporada que forem de propriedade da companhia incorporadora poderão, conforme dispuser o protocolo de incorporação, ser extintas, ou substituídas por ações em tesouraria da incorporadora, até o limite dos lucros acumulados e reservas, exceto a legal. § 2º O disposto no § 1º aplicar-se-á aos casos de fusão, quando uma das sociedades fundidas for proprietária de ações ou quotas de outra, e de cisão com incorporação, quando a companhia que incorporar parcela do patrimônio da cindida for proprietária de ações ou quotas do capital desta. § 3º A Comissão de Valores Mobiliários estabelecerá normas especiais de avaliação e contabilização aplicáveis às operações de fusão, incorporação e cisão que envolvam companhia aberta. Sobre o direito de retirada, dos debenturistas e credores na Fusão ou Incorporação, estão respectivamente nos arts. 230, 231 e 232: Nos casos de incorporação ou fusão, o prazo para o exercício do direito de retirada, previsto no art. 137, inciso II, será contado a partir da publicação da ata que aprovar o protocolo Contabilidade Intermediária e Societária 32 ou justificação, mas o pagamento do preço de reembolso somente será devido se a operação vier a efetivar-se. (art. 230) A incorporação, fusão ou cisão da companhia emissora de debêntures em circulação dependerá da prévia aprovação dos debenturistas, reunidos em assembleia especialmente convocada com esse fim. § 1º Será dispensada a aprovação pela assembleia se for assegurado aos debenturistas que o desejarem, durante o prazo mínimo de 6 (seis) meses a contar da data da publicação das atas das assembleias relativas à operação, o resgate das debêntures de que forem titulares. § 2º No caso do § 1º, a sociedade cindida e as sociedades que absorverem parcela do seu patrimônio responderão solidariamente pelo resgate das debêntures. (art.231) Até 60 (sessenta) dias depois de publicados os atos relativos à incorporação ou à fusão, o credor anterior por ela prejudicado poderá pleitear judicialmente a anulação da operação; findo o prazo, decairá do direito o credor que não o tiver exercido. § 1º A consignação da importância em pagamento prejudicará a anulação pleiteada. § 2º Sendo ilíquida a dívida, a sociedade poderá garantir-lhe a execução, suspendendo-se o processo de anulação. § 3º Ocorrendo, no prazo deste artigo, a falência da sociedade incorporadora ou da sociedade nova, qualquer credor anterior terá o direito de pedir a separação dos patrimônios, para o fim de serem os créditos pagos pelos bens das respectivas massas. (art. 232) Sobre as obrigações no processo de cisão, a Lei 6.404/76 orienta: Na cisão com extinção da companhia cindida, as sociedades que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da companhia extinta. Contabilidade Intermediária e Societária 33 A companhia cindida que subsistir e as que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da primeira anteriores à cisão. Parágrafo único. O ato de cisão parcial poderá estipular que as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida serão responsáveis apenas pelas obrigações que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si ou com a companhia cindida, mas, nesse caso, qualquer credor anterior poderá se opor à estipulação, em relação ao seu crédito, desde que notifique a sociedade no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data da publicação dos atos da cisão. (art. 233) Dívidas Tributárias serão de responsabilidade da pessoa jurídica resultante, conforme Lei nº 5.172, de 1996, art. 132, e Decreto-lei nº 1.598, de 1977, art. 5º: I. a pessoa jurídica resultante da transformação de outra; II. a pessoa jurídica constituída pela fusão de outras, ou em decorrência de cisão de sociedade; III. a pessoa jurídica que incorporar outra ou parcela do patrimônio de sociedade cindida; (…) Parágrafo único. Respondem solidariamente pelo imposto devido pela pessoa jurídica (Decreto-lei nº 1.598, de 1977, art. 5º, § 1º): I. as sociedades que receberem parcelas do patrimônio da pessoa jurídica extinta por cisão; II. a sociedade cindida e a sociedade que absorver parcela do seu patrimônio, no caso de cisão parcial; (…) Decreto nº 3.000/99, art. 207. A lei 6.404/76 orienta sobre a averbação da sucessão em seu art. 234: Contabilidade Intermediária e Societária 34 A certidão, passada pelo registro do comércio, da incorporação, fusão ou cisão, é documento hábil para a averbação, nos registros públicos competentes, da sucessão, decorrente da operação, em bens, direitos e obrigações. No art. 228, a Lei das S.A, em seu caput orienta sobre a Fusão: A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. As Companhias A e B resolvem unir os seus patrimônios para a formação de uma nova Sociedade C. Nesse caso, as Sociedades A e B são extintas, e todo o seu patrimônio é vertido para a nova Sociedade C. § 1º A assembleia-geral de cada companhia, se aprovar o protocolo de fusão, deverá nomear os peritos que avaliarão os patrimônios líquidos das demais sociedades. § 2º Apresentados os laudos, os administradores convocarão os sócios ou acionistas das sociedades para uma assembleia- geral, que deles tomará conhecimento e resolverá sobre a constituição definitiva da nova sociedade, vedado aos sócios ou acionistas votar o laudo de avaliação do patrimônio líquido da sociedade de que fazem parte. § 3º Constituída a nova companhia, incumbirá aos primeiros administradores promover o arquivamento e a publicação dos atos da fusão. Contabilidade Intermediária e Societária 35 Movimentação do Período e Saldos Ajustados INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de sabercomo se dá o processo referente aos saldos dos períodos, antes e após os processos de reorganização societária! E então? Está pronto para mais este degrau no seu conhecimento? Então vamos lá. Avante! A legislação societária protege os sócios e acionistas, em casos de reorganização societária, para que não ocorram vantagens e desvantagens ilegais. Na relação de substituição, quando ocorre a reestruturação, procura-se no ato da fusão, cisão ou incorporação, estabelecer uma proporção dos direitos dos sócios, que seja justa, e que faça jus à situação anterior a reestruturação. Partindo desse pressuposto, nem os ex-sócios e nem os sócios atuais da empresa cindida (parcial ou totalmente) ou extinta, terão vantagens ou desvantagens na companhia sucessora, evitando prejuízos em seus patrimônios, ou suas participações nas novas empresas surgidas. No cálculo utilizado para manter a proporcionalidade do patrimônio, no processo de incorporação, antes da substituição das ações, na documentação do processo, deve-se excluir o saldo do ágio pago na aquisição da controlada, das ações dos acionistas não controladores. Deve-se também, no caso de substituição de ações de acionistas não controladores, que serão extinguidos, no protocolo de a operação reconhecer espécies e classes de ações com direitos diferenciados, sendo, portanto, vedado favorecer direta ou indiretamente, uma outra espécie ou classe de ações. O Decreto nº 3.000/99 – RIR, art. 514, caput, orienta sobre o prejuízo existente, no caso de fusões, incorporações ou cisões: o prejuízo fiscal, na sucessora em virtude de fusões, incorporações ou cisões não poderá ser compensado na sucedida. No caso de cisão parcial, a pessoa jurídica Contabilidade Intermediária e Societária 36 cindida poderá compensar seus prejuízos, proporcionalmente à parcela remanescente do patrimônio líquido. O CPC 15 (R1), item 19 orienta de que forma devem ser mensurados os ativos e passivos, que são provenientes da combinação de negócios, e também a sua avaliação. Também devem ser mensuradas participações de não controladas na empresa adquirida: Deverão também ser observados na mensuração os componentes da participação de não controladores na adquirida que representem, nessa data, efetivamente instrumentos patrimoniais e confiram a seus detentores uma participação proporcional nos ativos líquidos da adquirida em caso de sua liquidação, por um dos seguintes critérios: (a) pelo valor justo, ou (b) pela participação proporcional atual conferida pelos instrumentos patrimoniais nos montantes reconhecidos dos ativos líquidos identificáveis da adquirida. As exceções no reconhecimento aos passivos contingentes, estão previstos no CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes, que o CPC define como: (a) uma possível obrigação que resulta de eventos passados e cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob controle da entidade; ou (b) uma obrigação presente que resulta de eventos passados, mas que não é reconhecida porque: (i) não é provável que uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos seja exigida para liquidar a obrigação; ou (ii) o montante da obrigação não pode ser mensurado com suficiente confiabilidade. Tributos sobre o lucro: O adquirente deverá reconhecer os efeitos potenciais de diferenças temporárias e de prejuízos fiscais da entidade Contabilidade Intermediária e Societária 37 adquirida existentes na data da aquisição ou até mesmo originadas da aquisição. (CPC 32 – Tributos sobre o Lucro.) Benefícios a empregados: em observação ao CPC 33 – Benefícios a empregados, deverão ser reconhecidos e mensurados um passivo ou ativo que seja relacionado a contratos da adquirida relativos a benefícios a empregados. Também devera reconhecer e indenizar o adquirente caso haja alguma incerteza ou contingência na combinação de negócios. Direito adquirido deverá ser reconhecido como ativo intangível. Transações efetuadas com pagamento do montante em ações deve ser mensurado na relação com pagamentos, na data da aquisição (CPC 10- Pagamento Baseado em Ações). Ativos mantidos para venda, deverão ser mensurados pelo valor justo menos as despesas para vender, na data da aquisição. (CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada). Após a reorganização societária, haverá a consolidação das demonstrações contábeis, a serem apresentadas contemplando todas as mudanças. Nesse caso, a controladora precisa observar alguns requisitos: • observar que as políticas contábeis utilizadas nas controladas estejam uniformes com a controladora; • a consolidação da investida se inicia a partir da data em que o investidor obtiver o controle da investida e cessa quando este perder o controle; • a participação de não controladores deve ser apresentada, no balanço consolidado, dentro do patrimônio líquido, separadamente do patrimônio líquido dos proprietários controladores. A investidora deverá fazer os seguintes procedimentos de eliminação e ajustes: a. combinar itens similares de ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas, despesas e fluxos de caixa da controladora com os de suas controladas; b. compensar (eliminar) o valor contábil do investimento da controladora em cada controlada e a parcela da controladora no patrimônio líquido de cada controlada; Contabilidade Intermediária e Societária 38 c. eliminar integralmente ativos e passivos, patrimônio líquido, receitas, despesas e fluxos de caixa intragrupo relacionados a transações entre entidades do grupo (resultados decorrentes de transações intragrupo que sejam reconhecidos em ativos, tais como estoques e ativos fixos, são eliminados integralmente). Os prejuízos intragrupo podem indicar uma redução no valor recuperável de ativos, que exige o seu reconhecimento nas demonstrações consolidadas; d. a entidade deve atribuir os lucros e os prejuízos e cada componente de outros resultados abrangentes aos proprietários da controladora e às participações de não controladores. A entidade deve atribuir também o resultado abrangente total aos proprietários da controladora e às participações de não controladores, ainda que isso resulte em que as participações de não controladores tenham saldo deficitário; e. se a controlada tiver ações preferenciais em circulação com direito a dividendos cumulativos que sejam classificadas como patrimônio líquido e sejam detidas por acionistas não controladores, a entidade deve calcular sua parcela de lucros e prejuízos após efetuar ajuste para refletir os dividendos sobre essas ações, tenham ou não esses dividendos sido declarados. (RIOS e MARION, 2019) RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido como são computados os valores dos saldos, nas reorganizações societárias, e também pôde verificar quais são os cuidados que a empresa incorporada ou incorporadora, ou nos casos de cisão ou extinção da empresa, quais são os cuidados que devem ser tomados para a consolidação das demonstrações contábeis. Para saber mais, consulte os CPC emitidos para esses assuntos, e estude a Lei 6.404/76 (e alterações) ela é a base de tudo relacionado a contabilidade das empresas. Até o próximo, e bons estudos! Contabilidade Intermediária e Societária 39 REFERÊNCIAS ALVES, Aline. Contabilidade avançada [recurso eletrônico] / Organizadora, Aline Alves. Porto Alegre: SAGAH, 2016. CARVALHO, Marcia da Silva. GUIMARÃES, Guilherme Otávio Monteiro. CRUZ, Claudia Ferreira da. Contabilidade Geral: uma abordagem interativa. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2019. MISSAGIA, Luiz Roberto. VELTER, Francisco. Contabilidade Avançada. 5ª ed. rev., atual. e ampl.Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Intermediária. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. RIOS, Ricardo Pereira. MARION, José Carlos. Contabilidade Avançada: de acordo com normas brasileiras de contabilidade (NBC) e normas internacionais de contabilidade (IFRS). 1ª ed. [2. Reimpr.]. – São Paulo: Atlas, 2019. VICECONTI, Silvério das Neves. 18ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: http://bit.ly/2BURtYq | Acesso em: 21 ago. 2019. BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Disponível em: http://bit.ly/322NZxM | Acesso em: 21 ago. 2019. Comissão de Pronunciamentos Contábeis - CPC (2010). Disponível através do seguinte link: http://bit.ly/2PuHuB9 | Acesso em: 21 ago. 2019. Demografia das Empresas 2015: taxa de saída recua, mas mercado empresarial perde 1,6 milhão de ocupados. IBGE, 2017. Disponível em: http://bit.ly/2PsHDoS | Acesso em: 21 ago. 2019. Contabilidade Intermediária e Societária Reorganização Societária Sociedade Anônima Tipos de Sociedade Anônima Sociedade Limitada Diferenças entre S.A. e Ltda. Fragmentação das Sociedades Liquidação Societária Reorganização Societária Cisão, Fusão e Incorporação Cisão Fusão Incorporação Aspectos Legais Movimentação do Período e Saldos Ajustados
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