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A Tecnologia como Área do Conhecimento Humano: conceito e evolução histórica APRESENTAÇÃO Vivemos na época em que a tecnologia tornou-se um elemento essencial. Ela está presente nos meios corporativos, educacionais, comerciais, além ter impactado fortemente as relações humanas. Atualmente, convivemos com o grande impacto desses recursos em nossas vidas, pois nos comunicamos por meio das redes sociais, trabalhamos em ambientes virtuais de aprendizagem e intranets, realizamos transações financeiras de forma eletrônica. De modo que a geração atual, não imagina a sua vida sem a influência da tecnologia. Tais reflexões nos levam a pensar sobre as origens desses recursos, verificando como eles evoluíram até chegar aos tempos dos computadores e da internet. Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá os conceitos de tecnologia e verá como ela evoluiu através do tempo até se constituir como uma área do conhecimento humano. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer o conceito de tecnologia.• Analisar a evolução histórica da tecnologia.• Identificar a tecnologia como uma área do conhecimento humano.• DESAFIO A tecnologia se tornou um elemento chave para o desenvolvimento do homem nas mais diversas áreas do conhecimento. Percebemos esse domínio tecnológico ao entrar em uma farmácia, supermercado, clínicas e hospitais, entre outros. Usamos a tecnologia em casa, em nosso ambiente de trabalho, de estudos, em nosso lazer e esta se tornou parte do nosso dia a dia. 1 Notavelmente a forma como os alunos estudam hoje é diferente do que era no tempo que você tinha 10 anos de idade, as tecnologias utilizadas para auxiliar na aprendizagem, os métodos de ensino, a interação oferecida... diversos aspectos sofreram modificações. Agora, imagine que você está escolhendo uma escola para matricular o seu filho e tem tido a oportunidade de observar o trabalho que vem sendo desenvolvido com os alunos em sala de aula. 1. Descreva abaixo um comparativo sobre o que você está observando sobre o uso da tecnologia na sala de aula atual e o que era usado na sua época de escola. 2. Exponha neste comparativo a sua opinião sobre vantagens e desvantagens que a tecnologia trouxe para a educação. INFOGRÁFICO Veja no Infográfico uma síntese da evolução histórica do desenvolvimento da tecnologia no mundo! CONTEÚDO DO LIVRO A tecnologia é o conjunto dos instrumentos, métodos e técnicas que permitem o aproveitamento 2 prático do conhecimento científico. Em resumo, é possível ver que a tecnologia pode ser relacionada ao uso de instrumentos, arte, sociedade e ideologia. Esse termo vai além do conhecimento de determinadas ferramentas, indo até a sua influência nas formas de pensar e agir em uma sociedade. Portanto, é possível perceber o quanto esse conceito é amplo, e se aplica a vários contextos, daí vem a importância de esclarecer a diferença existente entre os termos tecnologia e técnica. O capítulo A tecnologia como área do conhecimento humano: conceito e evolução histórica, da obra "Educação e Tecnologias", base teórica desta Unidade de Aprendizagem, aborda os principais conceitos de tecnologia, além da evolução histórica desse conceito desde os tempos da pré-história! Boa leitura! 3 A tecnologia como área do conhecimento humano: conceito e evolução histórica Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Conceituar tecnologia. Analisar a evolução histórica da tecnologia. Identificar a tecnologia como uma área do conhecimento humano. Introdução O conceito de tecnologia é amplo e se aplica a diversas áreas, podendo estar relacionado com a arte, a sociedade, o uso de instrumentos, entre tantos outros contextos, desde os pré-históricos até os mais modernos. Para os arqueólogos, a tecnologia diz respeito à evolução das ferramentas utilizadas pelo homem ao longo da história, bem como à evolução das ferramentas que permitem estudar os elementos históricos de forma cada vez mais eficiente e eficaz. Para os biólogos, a tecnologia é aquilo que facilita o estudo das células e da evolução da vida no planeta Terra e fora dele. Já para as pessoas que trabalham com computadores e que acompanham as novidades nesse meio, a tecnologia tem relação com o desenvolvimento de sistemas e aparelhos que trocam informações entre si, de forma cada vez mais rápida, com um alcance crescente de pessoas e empregando técnicas cada vez mais avançadas. 4 Neste capítulo, você vai verificar que a tecnologia sempre existiu e faz parte da história do ser humano na Terra. Você vai estudar o conceito de tecnologia, analisar a sua evolução histórica e identificar os pontos que fazem da tecnologia uma área do conhecimento humano. Conceito de tecnologia Quando se aborda o tema da tecnologia, é comum as pessoas pensarem nos avanços tecnológicos, como computadores cada vez mais potentes, robôs que imitam os seres humanos e carros autônomos utilizados para o deslocamento no trânsito. Porém, o conceito de tecnologia é muito mais amplo do que o utilizado nos sistemas computacionais, por exemplo. Segundo Karasinski (2013), a palavra tecnologia tem sua origem do grego techne, que significa técnica, e logia, que significa estudo de algo ou discussão. De acordo com o dicionário on-line Michaelis, a tecnologia trata do conjunto de processos, métodos, técnicas e ferramentas relacionados à arte, à indústria, à educação, entre outras, bem como do conhecimento técnico e científico e suas aplicações em uma área em particular (TECNOLOGIA, 2019). Dessa forma, é possível concluir que tecnologia é o uso de técnicas e de co- nhecimento adquirido ao longo do tempo para facilitar ou aperfeiçoar os estudos e trabalhos com artes, a resolução de problemas ou a execução de atividades específicas. Ela pode ser aplicada em diversas tarefas e atividades, até mesmo naquelas em que as pessoas não percebem a tecnologia, como as técnicas desen- volvidas na Pré-História para garantir a sobrevivência dos seres humanos na Terra. Evolução histórica da tecnologia A utilização da tecnologia é observada na humanidade desde os primórdios, quando as civilizações antigas dominaram o fogo e produziram suas próprias ferramentas com pedras e materiais rústicos, antes mesmo de dominarem a escrita, buscando sobreviver, melhorar a qualidade de vida e, posteriormente, realizar estudos e experimentos. Segundo Pinsky (2011), lascar pedras batendo umas nas outras foi uma das primeiras técnicas desenvolvidas pelos humanos, com o objetivo de afi á-las para caçar e manusear os alimentos. Nesse contexto, eram desenvolvidas pontas de lanças, como os exemplos da Figura 1. A tecnologia como área do conhecimento humano: conceito e evolução histórica 5 Figura 1. Pedras lascadas na forma de pontas de lanças. Fonte: Rodrigues ([20--], documento on-line). A técnica de lascar pedras começou a ser usada no período Paleolítico. Era uma técnica demorada e trabalhosa e foi a responsável pela descoberta do fogo, que é considerado uma das tecnologias mais importantes da humanidade. Com o fogo, era possível aquecer o grupo e cozinhar alimentos, proporcionando maior sobrevivência e aumento demográfico, além de possibilitar a fundição de metais. O fim do período Paleolítico e o início do período Neolítico são marcados pela Revolução Neolítica, quando os grupos começaram a se fixar em um único local, por conta do domínio da terra e da agricultura, e passaram a utilizar a metalurgia para o desenvolvimento de ligas metálicas fundidas com cobre e estanho, para produzir utensílios e ferramentas. Com o domínio dessas técnicas, reduziram-se os riscos relacionados à caça, à busca por alimento e à migração de um lugar para o outro. Revoluções industriais A Primeira Revolução Industrial se caracteriza pelas mudanças na forma de interação da sociedade com a natureza e pela criação de novasformas de produção. De acordo com Branco ([20--]), ela começou na Inglaterra, em meados do século XVIII, tendo a máquina a vapor e sua aplicação na indústria têxtil como uma das suas principais invenções. Esse maquinário causou grande impacto na economia e na sociedade. Como consequência dessa revolução, as cidades cresceram rapidamente, novas profissões começaram a surgir e os campos passaram a utilizar pro- cessos mecanizados para melhorar e acelerar a produção. Houve a criação das primeiras ferrovias, para deslocar pessoas e produtos de um local para o A tecnologia como área do conhecimento humano: conceito e evolução histórica 6 outro de forma mais eficiente. Nesse período, houve crescimento na utilização da agricultura e na extração mineral, o que causou a exploração de muitos povos, como os africanos. Na Segunda Revolução Industrial, destacou-se o avanço tecnológico, com o surgimento de novas indústrias e o aumento da capacidade produtiva delas — ou seja, novos níveis de industrialização foram atingidos. O ferro, a energia a vapor e o carvão deram lugar ao aço, ao petróleo e à eletricidade, que geraram a possibilidade de automatização do trabalho, como é possível observar na Figura 2. Surgiram indústrias elétricas e químicas, e as tecnologias das indústrias siderúrgicas evoluíram. Figura 2. Automatização dos processos industriais para aumentar a produção industrial. Fonte: Souza ([20--], documento on-line) Com o final da Segunda Guerra Mundial, surgiu a Terceira Revolução Industrial, também conhecida como Revolução Técnico-Científica, que teve como característica principal o surgimento da eletrônica como o centro da modernização industrial. Houve a criação dos primeiros computadores, produtos eletrônicos, satélites e robôs, além da criação de produtos de alto valor agregado, como consequência de investimentos de anos em pesquisas, estudos e testes. Assim, o valor do produto passou a ir além do valor da matéria-prima. A tecnologia como área do conhecimento humano: conceito e evolução histórica 7 Indústria 4.0 De acordo com Ortega (2019), o conceito da Quarta Revolução Industrial, também conhecida como Indústria 4.0, foi desenvolvido pelo diretor e fun- dador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab. Schwab defende que a industrialização mais recente tem como resultado a mudança na forma de viver, trabalhar e se relacionar (ORTEGA, 2019). Isso se deve à mudança de paradigma ocasionada pelos avanços nas indústrias, que tendem a ser total- mente automatizadas, combinando robôs com sistemas e processos digitais. Como é possível observar na Figura 3, essa fase é marcada pelos sistemas cibernéticos, pela internet das coisas, pela inteligência artificial, além de nano- tecnologias e robôs. Existe a possibilidade de milhões de vagas de empregos nos países mais industrializados do mundo serem extintas. A consequência disso são os empregos do futuro, que dizem respeito a vagas que ainda não existem. Figura 3. As quatro revoluções industriais. Fonte: Perin (2013, documento on-line). Assim, a tecnologia é utilizada como ferramenta para auxiliar o ser humano a lidar com o presente e, também, preparar-se para o futuro. Atualmente, dados são produzidos de forma exponencial; a maior parte dos dados do A tecnologia como área do conhecimento humano: conceito e evolução histórica 8 mundo foi criada nos últimos anos e funciona como uma forma de alimento para a inteligência artificial. Quanto maior a quantidade de dados, maior a precisão das predições. Tecnologia como área do conhecimento humano De acordo com a Portaria nº. 9 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pes- soal de Nível Superior, de 23 de janeiro de 2008, foi criada a Grande Área Multidisciplinar, que possui a subárea Interdisciplinar, entre outras, e que, por sua vez, possui a subárea Engenharia, Tecnologia e Gestão, além das subáreas agrárias, de meio ambiente, de saúde e biológicas (CAPES, 2008). Ou seja, a tecnologia é considerada uma área interdisciplinar, isto é, possui aspectos comuns a duas ou mais disciplinas ou áreas de conhecimento. Assim, é possível concluir que, independentemente da área de conheci- mento, é possível utilizar a tecnologia para alcançar melhores resultados e obter os avanços desejados, causando alto impacto no processo da educação. Com os avanços tecnológicos causados pela Indústria 4.0, surgiu também o termo Educação 4.0. Este, segundo Caron (2017), gera a reflexão sobre as necessidades educacionais das novas gerações, em tempos em que a informação e o conteúdo são fartos, abundantes e se somam para dinamizar os processos nos mais diversos segmentos da indústria. Assista ao vídeo disponível no link a seguir e obtenha mais informações sobre a Educação 4.0 — por exemplo, o que esperar dela e como seus aspectos mudam a forma de ensinar e de aprender. https://qrgo.page.link/To6CB Como pode ser observado na Figura 4, no novo modelo de educação, os estudantes utilizam a sala de aula para praticar os conceitos estudados antes de ir para a sala, de forma independente, bem como para tirar dúvidas, caso elas surjam ao longo do processo. Após as aulas, os estudantes precisam revisar o conteúdo e expandir seus aprendizados. A tecnologia como área do conhecimento humano: conceito e evolução histórica 9 Figura 4. Sala de aula invertida. Fonte: Aula... ([201-], documento on-line). Dessa forma, as atividades de sala precisam do apoio da tecnologia para atrair a atenção dos estudantes. Além disso, as atividades independentes precisam do apoio da tecnologia, para que o processo de aprendizagem seja mais efetivo. AULA invertida. EdTech, [201-]. Disponível em: https://sites.google.com/a/ctmsenai. com.br/googleeducator/recursos/aula-invertida. Acesso em: 26 ago. 2019. BRANCO, A. L. Revoluções industriais: primeira, segunda e terceira revoluções. UOL Educa- ção, [20--]. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/revolucoes- -industriais-primeira-segunda-e-terceira-revolucoes.htm. Acesso em: 26 ago. 2019. CAPES. Portaria no. 9, de 23 de janeiro de 2008. Diário Oficial da União, 25 jan. 2008. Disponível em: https://www.capes.gov.br/images/stories/download/legislacao/Por- taria_009.pdf. Acesso em: 26 ago. 2019. CARON, A. A educação 4.0 já é realidade! Positivo Tecnologia Educacional, 2017. Dispo- nível em: https://www.positivoteceduc.com.br/educacao-4-0/a-educacao-40-ja-e- -realidade/. Acesso em: 26 ago. 2019. A tecnologia como área do conhecimento humano: conceito e evolução histórica 10 KARASINSKI, L. O que é tecnologia? Tecmundo, 2013. Disponível em: https://www.tec- mundo.com.br/tecnologia/42523-o-que-e-tecnologia-.htm. Acesso em: 26 ago. 2019. ORTEGA, J. Indústria 4.0: entenda o que é a quarta revolução industrial. StartSe, 2019. Disponível em: https://www.startse.com/noticia/nova-economia/60414/industria-4- -0-entenda-o-que-e-quarta-revolucao-industrial. Acesso em: 26 ago. 2019. PERIN, C. Indústria 4.0: qual o grau de maturidade digital da sua empresa? Blog Cláudio Perin, 2013. Disponível em: https://claudioperin.com.br/industria-4-0-qual-o-grau-de- -maturidade-digital-da-sua-empresa/. Acesso em: 26 ago. 2019. PINSKY, J. As primeiras civilizações. São Paulo: Editora Contexto, 2011. RODRIGUES, P. E. Idade da Pedra. InfoEscola, [20--]. Disponível em: https://www.info- escola.com/pre-historia/idade-da-pedra. Acesso em: 26 ago. 2019. SOUSA, R. Segunda revolução industrial. Brasil Escola, [20--]. Disponível em: https:// brasilescola.uol.com.br/historiag/segunda-revolucao-industrial.htm. Acesso em: 26 ago. 2019. TECNOLOGIA. In: DICIONÁRIO Michaelis On-line. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2019. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues- -brasileiro/tecnologia/. Acesso em: 26 ago. 2019. Leituras recomendadas ABRANTES, B. Terceira revolução industrial: tudo sobre a chamada revolução infor- macional! Stoodi, 2018. Disponível em: https://www.stoodi.com.br/blog/2018/08/14/ terceira-revolucao-industrial/.Acesso em: 26 ago. 2019. CAPES. Tabela de áreas de conhecimento. 2009. Disponível em: http://www.ufrb.edu. br/pibic/images/repositorio/pdfs/areas_de_conhecimento_capes.pdf. Acesso em: 26 ago. 2019. O QUE é quarta revolução industrial? SalesForce Blog, 2018. Disponível em: https:// www.salesforce.com/br/blog/2018/Janeiro/O-que-e-Quarta-Revolucao-Industrial. html. Acesso em: 26 ago. 2019. A tecnologia como área do conhecimento humano: conceito e evolução histórica 11 DICA DO PROFESSOR A tecnologia tem grande influência na vida da sociedade, atuando em diversas áreas presentes no seu cotidiano. A Dica do Professor desta Unidade de Aprendizagem abordará uma área específica, em que essa evolução trouxe bastante mudança e, hoje, também é aproveitada pelo setor de educação. Acompanhe! Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Segundo Karasinski (2013), a palavra tecnologia tem sua origem do grego techne, que significa técnica, e logia, que significa estudo de algo ou discussão. É possível encontrar diferentes definições, mas que conduzem à mesma ideia, ou seja, trata-se de do conjunto de processos, métodos, técnicas e ferramentas relacionados às mais diversas áreas do conhecimento humano. Nessa perspectiva podemos reconhecer que o termo não é simples e objetivo, mas abrangente, tanto em possibilidades quanto nas formas de ser entendido. Diante disso, assinale a alternativa correta: A) É fundamental associarmos a técnica ao estudo desta, se quisermos compreender a tecnologia como um processo que se desenvolve cada vez mais nas universidades. B) Somente depois da primeira revolução industrial que, realmente, podemos dizer que houve o surgimento da tecnologia, pois antes, não havia a máquina realizando o trabalho humano. C) A tecnologia pode ser identificada desde os primeiros instrumentos pré-históricos quando os primitivos criaram as primeiras ferramentas para facilitar o seu trabalho. A automação é a principal característica da técnica associada aos estudos sobre esta, pois éD) 12 no momento em que há autonomia homem-máquina que a ciência reconhece o termo tecnologia. E) O termo é complexo e apoia-se em vertentes ideológicas diversas, dessa forma, ao falar em tecnologia é fundamental a compreensão de qual é a técnica e sua finalidade social. 2) A tecnologia pode ser descrita como o recurso utilizado pelo homem para facilitar seu trabalho, representa diferentes formas de apropriação da natureza em benefício da vida humana. Se observar a evolução tecnológica a partir da 1ª Revolução Industrial pode-se notar: I – A cada cem anos, aproximadamente, ocorreu uma nova revolução tecnológica até o surgimento da automação, robótica, internet, entre outros. II – O desenvolvimento tecnológico tende a crescer nos próximos cem anos, tanto quanto vem crescendo desde a Indústria 1.0. III – A chamada indústria 4.0 evidencia um crescimento exponencial do parque tecnológico. IV – Uma das maiores mudanças trazidas pela indústria 4.0 foi a capacidade de predição cada vez mais precisa em função do aumento do número de informações. Após analisar as assertivas acima, assinale a alternativa correta: A) I, II e IV. B) II, III e IV. C) I, III e IV. D) III e IV. E) I, II, III e IV. 13 3) A tecnologia, como resultado de grandes transformações é, em si, um dos maiores exemplos da quebra de paradigmas. Segundo o dicionário Aurelio (2008) paradigma é um padrão, modelo. Assim, ao quebrar paradigmas, podemos dizer que os modelos ou padrões foram modificados, transformados. Dessa forma, para melhor compreendermos as transformações, relacione o evento ao paradigma que foi alterado: I – 1ª Revolução Industrial II – 2ª Revolução Industrial III – 3ª Revolução Industrial IV – 4ª Revolução Industrial ( ) Seu desenvolvimento foi causado pelo surgimento de novas fontes de energia, como o petróleo e a eletricidade, o paradigma da produção modificou-se e o processo ganhou velocidade. ( ) o paradigma vencido foram as barreiras espaciais, essa revolução modificou o modo de comunicação e transferência de informações e, pelos elevados investimentos o produto passou a ser mais valorizado que sua matéria de origem. ( ) O crescimento urbano e a mudança no modo de produção foram apenas algumas das mudanças, principalmente porque o paradigma vigente era artesanal e havia pouco movimento populacional ou de produtos. ( ) Dentre os paradigmas quebrados podemos citar o modo de trabalho, muitos profissionais ainda não podem prever sua profissão, porque esta ainda não foi criada, mas o esforço de muitas tarefas foi substituído por um simples comando de voz. A relação correta aparece na alternativa: A) I, III, IV e II. B) II, III, IV e I. C) I, IV, III e II. 14 D) IV, III, II e I. E) II, III, I e IV. 4) Como um conhecimento amplo e multidisciplinar, a tecnologia pode ser considerada em diferentes áreas e subáreas, inclusive na Educação. A indústria 4.0 e a Educação 4.0 pertencem a esse momento. Sobre a Educação 4.0, é correto o que se afirma em: A) Com o desenvolvimento da indústria 4.0 foram modificados os materiais com que as escolas realizam suas atividades de ensino, ou seja, cadernos estão sendo substituídos por tablets e as carteiras passa a ser feitas com material antialérgico. B) A interdisciplinaridade é o ponto forte na Educação 4.0, pois por meio da tecnologia todas as disciplinas estão conectadas e os temas discutidos ficam mais claros aos alunos que podem estudar a partir de materiais mais abstratos e voláteis. C) O grande paradigma está na velocidade com que as informações circulam e se modificam, dessa forma, a Educação 4.0 tem como prioridade orientar os alunos quanto ao armazenamento de informações em nuvens e utilização de recursos tecnológicos. D) A Educação 4.0, seguindo as mudanças sociais e no mundo do trabalho passa a oferecer aos alunos novas práticas de ensino, pois informar já não é necessário tendo em vista os meios de comunicação existentes, assim, as metodologias são alteradas. E) A automação e os processos de inteligência artificial chegam às escolas e,aos poucos os professores são substituídos por robôs, os livros por imagens holográficas ou máquinas inteligentes, por isso a educação está se modificando rapidamente. I - A revolução científica representou uma transformação nos modos de produção com apoio de satélites e robôs, além de agregar maior valor aos produtos industrializados. 5) 15 PORQUE II – O surgimento da eletrônica possibilitou mais pesquisas e estudos sobre materiais, modernizando a indústria. Assinale a alternativa correta: A) As assertivas I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I. B) A assertiva I é uma proposição verdadeira e a assertiva II é uma proposição falsa. C) As assertivas I e II são proposições verdadeiras e a II não é uma justificativa correta da I. D) A assertiva I é uma proposição falsa e a assertiva II é uma proposição verdadeira. E) As assertivas I e II são proposições falsas. NA PRÁTICA Cinco recursos tecnológicos impactaram profundamente a vida do homem e mudaram o mundo! Veja como estes recursos influenciaram estas mudanças! 16 17 SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A evolução cognitiva e as revoluções tecnológicas Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Mapa do conhecimento humano Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Uso da tecnologia em sala de aula desperta interesse Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! 18 Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos APRESENTAÇÃO A liberdade de expressão, o direito à privacidade e o respeito aos direitos humanos são elementos centrais à prática do jornalismo. Como estabelece o próprio Código de Ética do Jornalismo, o direito à informação é fundamental ao cidadão. E, como tal, os jornalistas não podemadmitir que ele seja impedido, razão pela qual a informação deve ser correta, pautada em fatos e com responsabilidade social. No entanto, isso não equivale a dizer que, sob a bandeira da informação, tudo é permitido e que e toda e qualquer informação pode e deve ser divulgada, pois os mesmos princípios reconhecem que todo indivíduo tem direito a ter sua intimidade e vida privada respeitadas. A polêmica principal versa sobre os limites necessários e/ou desejáveis para tal e tem profundo impacto na forma como os jornalistas atuam. Nesta unidade de Aprendizagem, você vai se aprofundar nestes importantes conceitos: liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir liberdade de expressão.• Relacionar liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos.• Analisar os limites da liberdade de expressão e da privacidade.• DESAFIO A liberdade de expressão é tida por juristas e filósofos como um dos princípios basilares de qualquer democracia, sintetizada de forma brilhante na frase da escritora Evelyn Hall (1906): "Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até o último instante o teu direito de dizê-la". 19 A tênue linha que divide a liberdade de expressão e informação e o direito à privacidade é constantemente testada na prática jornalística, em especial na sessão de "colunismo social". Embora sejam consideradas por alguns autores como um "jornalismo menor", publicações de coberturas acerca da vida de personalidades notórias e famosas fazem parte da realidade jornalística há mais de um século, ficando famosa a palavra paparazzo, cunhada para designar repórteres fotográficos que cobrem a vida dos famosos. A própria Constituição brasileira já determina que a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas são invioláveis (inciso X do artigo 5.º), afirmando categoricamente que a casa é o asilo inviolável do indivíduo, sendo que ninguém pode penetrá-la sem o consentimento do morador (inciso XI do mesmo artigo). O desafio a seguir irá colocá-lo no papel de editor-chefe da versão digital de um grande jornal que deverá tomar uma decisão ética acerca de uma publicação. Observe: 20 21 INFOGRÁFICO A Lei dos Direitos Humanos obriga os governos a fazerem algumas coisas e os impede de fazerem outras. Os indivíduos também têm responsabilidades: usufruindo dos seus direitos humanos, devem respeitar os direitos dos outros. Nenhum governo, grupo ou indivíduo tem o direito de fazer qualquer coisa que viole os direitos de outra pessoa. A Organização das Nações Unidas (ONU) é um dos maiores divulgadores e defensores dos direitos humanos, principalmente por conta do seu Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), órgão das Nações Unidas que tem como objetivo promover a defesa dos direitos das crianças. Neste Infográfico, você verá os principais direitos humanos baseados no documento Uma introdução à abordagem baseada em direitos humanos, UNICEF Finlândia 2015. Confira. 22 23 CONTEÚDO DO LIVRO Por que o princípio da liberdade de expressão é considerado tão importante que sua proteção teve de ser destacada nas Constituições de diversos países? Onde termina a livre expressão e começa a calúnia, a injúria e a difamação? Os direitos humanos têm sido respeitados? Embora a discussão acerca desses temas já se estenda por décadas, nos últimos 20 anos ela se tornou ainda mais premente por conta das redes sociais e da Internet e da imensa amplitude e alcance que elas conferiram a todos seus integrantes. No cerne dessa discussão, está o jornalista e sua prática profissional, não só no tocante aos direitos e aos limites, mas principalmente aos ataques que vem sofrendo. Reflita mais sobre o assunto. Ele será parte fundamental de sua vida profissional, e, neste exato momento, ocorrem em todo mundo ações, manifestações e determinações que terão impacto positivo ou negativo na forma como você irá exercer sua profissão. No capítulo Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos, da obra Legislação aplicada à Comunicação Social — ênfase em Jornalismo, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você verá como a liberdade de expressão implica muito mais do que simplesmente falar o que se pensa. Você também entenderá essas implicações para um profissional da comunicação, assimilando as relações entre liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos. Boa leitura. 24 Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir liberdade de expressão. Relacionar liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos. Analisar os limites da liberdade de expressão e da privacidade. Introdução É bem provável que, em nenhum outro momento na história da huma- nidade, o debate acerca da liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos tenha se tornado assunto tão controverso. Sabemos que a internet trouxe inúmeros benefícios para a humanidade. A comunicação atravessou fronteiras geográficas, permitindo a divulgação de informações em tempo real, facilitou a comunicação entre pessoas, contribuindo para estreitar laços, e beneficiou as relações comerciais. Por outro lado, para muitos estudiosos, o advento da rede trouxe consigo alguns malefícios, como o distanciamento das relações, porque as pessoas se falam muito mais por redes sociais ou aplicativos de conversas do que por ligações, por exemplo. No entanto, de maneira pragmática, podemos entender que a internet não trouxe malefícios. O que acontece é que muitas pessoas não sabem usar a tecnologia de forma responsável. Com isso, tornou-se habitual dizer que a internet é “terra sem sei”, o que não procede, afinal, o Marco Civil da Internet foi proposto justamente para dirimir tal argumento. Um dos principais direitos do cidadão, os direitos humanos, mantém-se preservado, o que inclui, entre outros, a liberdade de opinião e expressão, pilares essenciais à democracia, bem como o direito à privacidade. 25 Neste capítulo, você vai estudar a liberdade de expressão, conside- rando que ela significa muito mais do que simplesmente falar o que pensa. Também vai ler sobre a extensão da nossa liberdade de expressão enquanto profissionais da comunicação. Além disso, você vai conhecer a relação entre liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos. Por fim, com base em exemplos reais que repercutiram na mídia, vai conferir os limites que devem nortear o direito à liberdade de expressão e à privacidade. 1 Conceito de liberdade de expressão A liberdade de expressão é um direito garantido na Constituição Federal de 1988, fi xado no art. 5º, parágrafo IV, que diz que “[…] é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” e no parágrafo IX, que afi rma que “[…] é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científi ca e de comunicação, independente de licença ou censura” (BRASIL, 1988, documento on-line). Além disso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), proclamada em 10 de dezembro de 1948, na Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, considera esse direito um elemento essencial à democracia: Art. 19 – Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, este direito implica a liberdade de manter as suas próprias opiniões sem inter- ferência e de procurar, receber e difundir informações e ideias por qualquer meio de expressão independentemente das fronteiras (NAÇÕES UNIDAS, 2009, documento on-line). A liberdade de expressão é uma cláusula pétrea da Constituição Federal, ou seja, é inviolável, não pode ser modificada nem mesmo por decreto ou emenda constitucional. O Marco Civil da Internet foi fundamentado nesse direito. Se analisarmos a definição de cada uma das palavras, liberdade significa “ser livre”, e expressão,“expressar por palavras”. O próprio termo, portanto, corresponde ao fato de ser livre para falar, expressar-se. Por isso, assegura- dos pela lei, todos temos direito a manifestar nossas opiniões sem medo de represálias. Na mesma proporção, temos o direito de receber informação por diferentes meios, de forma independente e sem censura, conforme consta no art. 1° da Lei nº. 5.250, de 9 de fevereiro de 1967, chamada de Lei de Im- prensa: “É livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações ou ideias, por qualquer meio, e sem dependência Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos 26 de censura […]” (NEVES, 2000, p. 111). Isso significa, em partes, que temos o direito de manifestar nossa opinião pessoal ou de um grupo. No entanto, o fato de uma pessoa ter o direito a falar o que quiser, por exemplo, em sua rede social, não quer dizer que ela pode ofender ou xingar a imagem de outra, nem fazer acusações sem comprovação. A célebre frase de Augusto Branco define bem esse contexto: “As pessoas gostam do ideal de liberdade de expressão até o momento em que começam a ouvir aquilo que elas não gostariam que dissessem a respeito delas” (IMAGINIE, 2019, documento on-line). Certamente, a máxima da comunicação nos últimos tempos tem sido “O seu direito termina quando começa o meu” ou “O meu direito termina quando começa o do outro”. A própria Constituição estabelece limites legítimos para a liberdade de expressão do indivíduo, conforme consta no art. 5º (BRASIL, 1988, documento on-line): IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. A discussão sobre liberdade de expressão é ampla e muito complexa, pois, constantemente, há situações em que a pessoa se sente censurada ao expressar um pensamento sobre algo ou alguém. Porém, o que é preciso levar em consideração é que existem direitos constitucionais importantes que resguardam o indivíduo e que são instrumentos de proteção do direito penal, por meio dos crimes de injúria, calúnia e difamação, conhecidos como crimes contra a honra. Como profissionais da comunicação, o que precisamos ter em mente é que, sempre que a liberdade de expressão acontecer em excesso, de forma a ofender ou atacar outra pessoa sem provas e com o intuito de depreciar ou caluniar, a lei permite a responsabilização do autor do ato infrator, o que não configura censura. Quando isso acontece, é comum vermos manifestações contra o “politicamente correto”, mas, legalmente falando, trata-se do resguardo de direitos tão indispensáveis quanto o da liberdade de expressão. Trata-se de uma medida de ponderação do próprio direito, em que nenhuma norma ou princípio são absolutos. Como formadores de opinião, os jornalistas precisam considerar que ne- nhuma pessoa é condenada, civil ou criminalmente, por emitir opinião sobre um assunto, ou por fazer humor, ou expor sua visão de mundo. Ela será condenada Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos 27 pelo abuso do seu direito sempre que este ferir os direitos fundamentais de outra pessoa que merece igual proteção. Portanto, injúria, calúnia e difamação são crimes que não devem, de forma alguma, ser confundidos com o direito de liberdade de expressão e manifestação do pensamento. Para saber mais sobre a liberdade do jornalista de manifestar livremente aquilo que o incomoda enquanto profissional da comunicação e cidadão, assista ao filme O custo da coragem, de 2003, dirigido por Joel Schumacher. 2 Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos A relação estabelecida entre os princípios de liberdade de expressão, pri- vacidade e direitos humanos é justamente o direito que cada cidadão tem para se expressar e manifestar sua opinião acerca de qualquer assunto sem a intervenção do Estado. A DUDH, por meio da Resolução 217 A (III), garante — entre muitos outros direitos, como o direito à vida e à liberdade — o direito ao trabalho e à educação, o direito à liberdade de opinião e o direito à expressão, conforme consta em seu art. 19: “Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras” (NAÇÕES UNIDAS, 2009, documento on-line). Portanto, os direitos humanos são diretrizes que reconhecem e res- guardam a dignidade de todos os povos e regem o modo como a sociedade se relaciona entre si. Segundo Lebre (2018, p. 2): Os direitos humanos, constituindo parte integrante da essência do Homem, e fundamentalmente, enquanto ser social e gregário, tomam um papel determi- nante na manutenção na harmonia e salvaguarda da liberdade, paz e justiça entre os indivíduos, de forma que estes se sintam protegidos de abusos como a discriminação, a intolerância, a injustiça, a opressão e a escravidão que podem surgir nesta convivência bem como sentirem vontade e liberdade em se assumirem com a dignidade daquilo que são — seres humanos. Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos 28 Os direitos humanos, então, não são simplesmente transferidos por outros indivíduos; são, na verdade, características inerentes à condição de ser humano e, por essa razão, não podem ser cassadas por outrem. Um dos campos em que o embate entre a liberdade de expressão e a cen- sura é mais explícito é o das artes. Observe as Figuras 1 e 2. Apesar estarem separadas por quase 100 anos, ambas foram consideradas “degeneradas” e alvo de reprimenda e censura. Figura 1. Imagem censurada — Ecce Homo, de Lovis Corinth (1925). Fonte: Corinth (2020, documento on-line). Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos 29 A Figura 1 apresenta a pintura Ecce Homo, criada pelo pintor expressionista Lovis Corinth, em 1925. Corinth, juntamente com dezenas de artistas, foi classificado como “degenerado” pelo Partido Nazista alemão. Todas as obras de arte e movimentos culturais que não estavam de acordo com a concepção de arte e o ideal de beleza dos nacional-socialistas receberam essa classificação. Figura 2. Imagem censurada — Cruzando Jesus Cristo com Deusa Schiva de Fernando Baril (1996). Fonte: Baril (1996, documento on-line). A Figura 2 apresenta a obra Cruzando Jesus Cristo com Deusa Schiva, de Fernando Baril, de 1996. A obra fez parte da exposição Queermuseu, realizada em 2017, e foi alvo de muita polêmica. Segundo os críticos, a obra é Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos 30 um “desrespeito a figura religiosa” e poderia ser tipificada como crime penal por “[…] vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”, de acordo com art. 208 do Código Penal (BRASIL, 1940, documento on-line). Cientes de que a comunicação é essencial para as relações humanas, a liberdade de expressão é fundamental para o direito ao livre pensamento e expressão do indivíduo. Conforme destacado no início deste capítulo, a Constituição Federal brasileira, em seu art. 5º (BRASIL, 1988), garante a liberdade de pensamento e expressão. Por sua vez, o conceito de liberdade de expressão é extremamente amplo e tem diferentes implicações, que envolvem, desde uma pessoa expor sua opinião até um estadista expor sua ideologia, um jornalista, sua apuração, um artista, sua arte, etc. Da mesma forma, além de garantir a expressão, o direito também corresponde ao livre acesso à infor- mação, partindo de diferentes fontes de informação, independente de licença ou censura. Conforme Cabral (2010, documento on-line): É direito de qualquer um manifestar, livremente, opiniões, ideias e pensamen- tos pessoais sem medo de retaliação ou censura por partedo governo ou de outros membros da sociedade. É um conceito fundamental nas democracias modernas nas quais a censura não tem respaldo moral. Liberdade de pensamento e liberdade de expressão são os dois princípios que norteiam as democracias representativas, que se conciliam com outros direitos, por exemplo, direito à informação, direito à privacidade, etc. Não diferente do que vimos até aqui, o direito à privacidade também é resguardado por leis. Conforme já mencionado, no art. 5º da Constituição Federal, são “[…] direitos invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” (BRASIL, 1988, documento on-line). Tal direito também é resguardo no art. 12, da Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, do Código Civil: “A vida privada da pessoa natural é inviolável e o juiz, a reque- rimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma” (BRASIL, 2002, documento on-line). Há uma estreita relação entre os três direitos citados aqui. O direito à liber- dade de expressão, os direitos humanos e o direito à privacidade se relacionam paralelamente e com uma única finalidade: resguardar o cidadão. Para Alves (2003, p. 287), a privacidade é um direito pessoal e: É, portanto, a exclusão do conhecimento alheio em relação àquilo que só diz respeito à própria pessoa, especificamente, quanto ao seu modo de ser. É o Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos 31 direito de resguardar-se a pessoa da ingerência alheia na sua vida privada. É o direito que a pessoa possui de resguardar-se dos sentidos alheios, prin- cipalmente da vista e ouvidos dos outros. Em suma, é o direito de estar só. Esses direitos têm suportes regulamentários garantidos em um mesmo estatuto jurídico: a Constituição Federal. Por isso, como jornalista, você pre- cisa atentar-se aos limites que circundam esses direitos para que não infrinja a lei. Além disso, é de estrema importância compreender que estabelecer limites para a liberdade de expressão não é censurar, e sim resguardar outros direitos, como o da privacidade. Veja no Quadro 1 as definições de liberdade, pensamento e expressão. Fonte: Adaptado de Lebre (2018). Liberdade É um conceito que encerra em si mesmo uma opção ou vontade própria e um constrangimento — o conflito com a liberdade de outra pessoa. Pensamento Natureza racional e exclusiva no homem, é uma manifestação da subjetividade humana, um fenômeno reservado à mente do próprio indivíduo. Pode ser considerado ou representado como uma não ação, no sentido de que não afeta diretamente outrem, exceto quando manifestado ou expressado por uma ação de comunicação (falar, escrever, agir, etc.). Expressão É ação concreta: uma comunicação, uma manifestação objetiva do pensamento. A natureza da interação é sempre em relação com outro, isto é, a expressão é manifestação exterior e objetiva do nosso pensamento em outrem. Ainda assim, a liberdade da expressão não é absoluta, porque ela pode estar limitada na sua ação quando, no seu pleno exercício, corre o risco de colidir com outras liberdades individuais, designadamente, o direito à honra, à integridade moral, à imagem, ao bom nome e à reputação. Quadro 1. Definição de liberdade, pensamento e expressão No próximo tópico, veremos alguns exemplos de veículos ou profissionais que excederam o direito à liberdade de expressão. Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos 32 3 Liberdade de expressão e privacidade Com a expansão da internet e, especialmente, das redes sociais, as relações humanas saíram do espaço privado e ganharam destaque no espaço público. Legitimamente, espaço público é caracterizado por aquele ambiente de uso comum, onde exercemos atividades coletivas e onde é pleno o direito de ir e vir. São os ambientes de circulação, como ruas, avenidas, praças, parques e praias. Já espaço privado é aquele ambiente de propriedade privada, seja por parte de um indivíduo, seja por parte de uma empresa, como casas, lojas comerciais, escolas particulares, shoppings, entre outros. As redes sociais surgem como um espaço público, como forma de interação entre os sujeitos sociais. Para Recuero (2009, p. 16) “[…] essa comunicação [a internet], mais do que permitir aos indivíduos comunicar-se, amplificou a capacidade de conexão, permitindo que redes fossem criadas e expressas nesses espaços: as redes sociais mediadas pelo computador”. Como bem sabemos, nesse ambiente virtual, podemos reencontrar amigos que não vemos há tempos, acompanhar a vida de personalidades da mídia, comprar, ficar informados e nos comunicar. Com muita exposição na internet, como é possível separar o direito à liberdade de expressão e à privacidade? Diariamente, vemos pessoas se posicionando nas redes sociais e fazendo uso do seu direito de fala para dizer o que pensam, muitas vezes sem prestar atenção na forma como se expressam e sem levar em consideração o impacto que sua fala pode provocar. Um exemplo dessa postura é o caso do jornalista Stanley Gusman, apresentador do programa Alterosa Alerta, da TV Alterosa, afiliada do SBT em Minas Gerais. Em julho de 2019, o apresentador afirmou no programa: “Eu sei quem é o dono do Ibope. O nome do cara é Montenegro. Se ele fosse do bem, ele ia chamar Montebranco”. Em seguida, ao que tudo indica, o apresentador foi advertido pelo ponto eletrônico e, rindo desconcertado, desabafou: “Não é de cor não gente. É escuro, escuridão. Céu branco, inferno negro. Ih, vocês também são muito, né?!”. A fala do jornalista repercutiu rapidamente nas redes sociais e gerou revolta pelo teor racista. Os internautas pediram sua prisão por injúria racial, direito previsto em lei. Mostrando-se contrário à postura do jornalista, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais emitiu nota condenando a fala do apresentador e destacando que, em vez de usar a liberdade de expressão para promover temas construtivos e de valorização da igualdade, ele transmitiu uma ideia racista (APRESENTADOR..., 2019, documento on-line). Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos 33 Ao contrário do caso citado acima, que tratou do limite da liberdade de expressão, o exemplo a seguir diz respeito ao direito à privacidade. Em abril de 2020, a atriz Grazi Massafera reclamou, em suas redes sociais, que fotos suas foram tiradas por um pararazzi sem a sua permissão. Na ocasião, a atriz, que estava em distanciamento social por conta da pandemia de coronavírus, estava junto de seu namorado Caio Castro na sacada da varanda de seu apartamento, admirando o pôr do sol da praia de São Conrado, no Rio de Janeiro. Logo, a foto ganhou as páginas dos principais sites do Brasil (OLIVEIRA, 2020). Tempo depois, a atriz voltou às redes sociais e postou a foto de sua cachorri- nha na janela com a seguinte frase: “E noixxx tá como?!” com a observação “Aos que fazem fotos sem permissão da janela das pessoas, apenas parem por favor, ok? Entendedores entenderão” (GRAZI..., 2020a, documento on-line). Automaticamente, a atriz recebeu apoio de amigos indignados com a invasão de privacidade, uma delas a também atriz Fabíula Nascimento, que afirmou: “Um absurdo! É impressionante a confusão feita de: invasão de pri- vacidade com o ‘é o preço da fama’. Uma coisa é estar na rua, num evento… Outra é ter sua casa vigiada” (GRAZI..., 2020b, documento on-line). A fala de Fabíula merece atenção, pois representa exatamente os limites que precisam ser estabelecidos entre liberdade de expressão e privacidade. Por mais que se trate de uma pessoa pública, o direito à privacidade de Grazi Massafera foi violado a partir do momento em que ela foi fotografada em sua casa e a foto divulgada sem sua autorização. Naquele momento, a atriz não estava em seu ambiente de trabalho, muito menos na rua. Além disso, os veículos de comunicação que compartilharama imagem contribuíram para a invasão de privacidade. Nos meios de comunicação, é cada vez mais comum que profissionais cometam abusos em suas publicações. A ética e a responsabilidade em noticiar perdem espaço para a busca por audiência e, muitas vezes, o resultado é a demissão do profissional. Um exemplo a esse respeito ocorreu no fim de 2019. Aaron Tura, responsável pelo site TV Foco e colunista do programa Melhor da Tarde (Bandeirantes), cometeu dois abusos: violou a privacidade da atriz Isis Valverde e distorceu informações sobre a família do falecido apresentador Gugu Liberato. A respeito da atriz Isis Valverde, Aaron Tura destacou a manchete “Isis Valverde mostra os peitos em foto íntima e faz grande anúncio: ‘hoje tem’”, acompanhada de uma foto que a atriz havia publicado na sua rede social. No entanto, ao contrário do que a matéria induzia, a foto mostrava Ísis amamen- tando o filho, e a legenda (escrita pela atriz) dizia: “Hoje tem amor de mãe” (ISIS, 2019, documento on-line). A atriz se manifestou, reclamando pela Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos 34 distorção da notícia e, principalmente, por explorar sua imagem de forma sensual/sexual. Neste caso, a atriz também recebeu apoio de outras atrizes e mulheres anônimas que se solidarizam com a deturpação da imagem de uma mãe amamentando seu filho. O site TV Foco, muitas outras vezes, publicou notícias sensacionalistas e apelativas para gerar audiência. Com isso, tornou-se um meio de comunicação sem credibilidade na rede. Em outra ocasião, Aaron Tura publicou mais uma matéria com informa- ção deturpada. Neste caso, foi a respeito da família do apresentador Gugu Liberato, que faleceu em novembro de 2019. A manchete no site destacava afirmava: “Roberto Cabrini faz descoberta avassaladora na morte de Gugu e é ameaçado pela família: ‘A verdade vai aparecer’” (JORNALISTA..., 2019, documento on-line). A publicação do colunista fazia menção à reportagem feita pelo jornalista Roberto Cabrini, do SBT. As duas polêmicas custaram o emprego do colunista no Melhor da Tarde. Sob forte pressão, o diretor do programa, Rodrigo Riccó, demitiu o profissional, visando não ter a imagem do programa relacionada à postura do colunista. Isso porque, não apenas os envolvidos ficaram indignados com a falta de ética, mas também o público fez críticas e cobrou um posicionamento da apresentadora Cátia Fonseca nas redes sociais do programa. O impacto dos fatos, a revolta dos internautas e a demissão fizeram com que o colunista se afastasse das redes sociais por um tempo e, quando regressou, emitiu um comunicado pedindo desculpas e reconhecendo o erro (JORNALISTA..., 2019). A respeito do direito à privacidade, conforme o inciso X do art. 5º da Constituição, “X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” (BRASIL, 1988, documento on-line). Para os juristas, a chave para a compreensão do inciso está nos conceitos de intimidade, que diz respeito a suas relações sociais mais próximas com a família, e vida privada, que é a relação do indivíduo com a sociedade de forma mais ampla. Imagine um indivíduo que viva em uma casa com sua mãe e seu irmão. Os fatos que ocorrem em sua casa formam a esfera de sua intimidade. Já os fatos que envolvem sua interação com seus colegas e amigos fazem parte de sua vida privada. A privacidade inclui todas as relações que não são públicas, mesmo as que não são tão próximas como a relação que se tem com familiares. Porém, muitas vezes, para informar algum assunto importante à sociedade, a imagem de algumas pessoas é divulgada. Nessas situações, pode haver “[…] um choque entre o direito à imagem e o direito à informação” (CHAGAS, Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos 35 2019, documento on-line). Para não cometer abusos, deve-se, então, observar os seguintes fatores, de acordo com o caso em questão (CHAGAS, 2019): ▪ Veracidade da informação: a informação exposta junto com a imagem era verdadeira? ▪ Justificativa: houve um motivo justo para que a imagem fosse divulgada? Ela era fundamental para a compreensão da matéria? ▪ Grau de consciência do indivíduo: a pessoa cuja imagem foi divulgada sabia que estava sendo fotografada? ▪ Publicidade do local: o local onde a imagem foi captada era público? ▪ Grau de preservação do contexto original da foto: a imagem foi utilizada dentro do contexto em que foi tirada? ▪ Grau de identificação do indivíduo: a pessoa pode ser facilmente reco- nhecida na foto, por exemplo por meio de sua roupa ou de sua identificação na legenda da foto? ▪ Utilização da imagem: a imagem foi usada de forma jornalística ou co- mercial? ▪ Grau de publicidade da pessoa: a pessoa que teve sua imagem utilizada era uma figura pública ou conhecida? Dependendo da resposta a tais perguntas, pode ser que a divulgação de fotos do indivíduo em questão não tenha configurado uma violação à sua imagem. Podemos concluir, desse modo, que é imprescindível ter responsabilidade na hora de se comunicar. O jornalista precisa entender bem a distinção entre responsabilização e censura. Quando uma pessoa comete abuso, ela deve ser penalizada por suas ações. Isso não quer dizer que ela está sofrendo censura. Portanto, compreender conceitos como espaço público, espaço privado, inti- midade e, sobretudo, direito à privacidade e direito à liberdade de expressão, é essencial para o jornalista. ALVES, D. F. A. R. Direito à privacidade e liberdade de expressão. Rev EMERJ, v. 6, n. 24, 2003. Disponível em: https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/ revista24/revista24_285.pdf. Acesso em: 10 abr. 2020. APRESENTADOR acusado de fazer comentário racista pede desculpas. Estadão, 10 jul. 2019. Disponível em: https://emais.estadao.com.br/noticias/tv,apresentador-acusado- -de-fazer-comentario-racista-pede-desculpas,70002916067. Acesso em: 13 maio 2020. Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos 36 BARIL, F. Cruzando Jesus Cristo Deusa Schiva. Porto Alegre: RBS, 1996. 1 imagem. Dis- ponível em: https://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/23661979.jpg?w=700. Acesso em: 13 maio 2020. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. htm. Acesso em: 17 abr. 2020. BRASIL. Decreto-Lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código penal. Rio de Janeiro, 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado. htm. Acesso em: 13 maio 2020. BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o código civil. Brasília, DF, 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 13 maio 2020. CABRAL, B. F. Freedom of speech: considerações sobre a liberdade de expressão e de imprensa no direito norte-americano. Jus Navigandi, ano 15, n. 2640, 23 set. 2010. Dispo- nível em: https://jus.com.br/artigos/17476/freedom-of-speech. 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Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos 38 DICA DO PROFESSOR Liberdade de expressão, direito à privacidade e defesa dos direitos humanos são temas historicamente relacionados à prática profissional do jornalista, que há séculos exerce a difícil tarefa de buscar equilíbrio entre esses pontos, investigando, apurando e denunciando ações dos poderosos para a sociedade. De fato, muitos consideram a imprensa o "quarto poder". Dado o alcance e a facilidade de uso, vários jornalistas começaram a utilizar as redes sociais como ferramenta de divulgação de seu trabalho. O que se pode constatar é que o respeito à privacidade, em muitos casos, está longe de ser efetivo, em especial no caso de jornalistas mulheres. Na Dica do Professor, você entenderá melhor essa relação, tendo como foco de análise o Twitter. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A liberdade de expressão é um importante preceito democrático, fundamental para a manutenção e a ordem, em grande parte, das sociedades modernas. Justamente por causa disso, o Poder Legislativo reiteradamente busca assegurar tal direito. Dos documentos listados a seguir, somente um não faz alusão à liberdade de expressão. Qual? A) Declaração Universal dos Direitos Humanos. B) Constituição da República Federativa do Brasil. C) Código de Defesa do Consumidor. 39 D) Marco Civil da Internet. E) Código de Ética do Jornalista. 2) Considerando que "Os direitos humanos, constituindo parte integrante da essência do homem, e fundamentalmente, enquanto ser social e gregário, tomam um papel determinante na manutenção na harmonia e salvaguarda da liberdade, paz e justiça entre os indivíduos, de forma que estes se sintam protegidos de abusos como a discriminação, a intolerância, a injustiça, a opressão e a escravidão que podem surgir nesta convivência, bem como sentirem vontade e liberdade em se assumirem com a dignidade daquilo que são – seres humanos", observe as seguintes asserções: I - Os direitos humanos são características inerentes à condição de ser humano. Por isso: II - Podem ser cassados por outrem e transferidos por outros indivíduos. Assinale a alternativa correta. A) A asserção I é falsa, e a asserção II é verdadeira. B) A asserção I é verdadeira, e a asserção II é falsa. C) As asserções I e II são verdadeiras, sendo que a II é uma consequência da I. D) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é uma consequência da I. E) As asserções I e II são falsas. O artigo 5.o da Constituição assegura os direitos dos cidadãos no tocante à liberdade de pensamento e expressão. "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País 3) 40 a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade". Com base nesse artigo, considere as seguintes afirmações: I - Os brasileiros só podem ser obrigados a fazer ou deixar de fazer algo se uma lei assim o definir. II - Sendo o catolicismo, a religião oficial do Brasil, seguir outra religião viola o direito de pensamento. III - A expressão artística, intelectual e científica necessita do selo de aprovação dos respectivos Ministérios (das Artes, Cultura e Ciência). IV - O brasileiros podem se associar da forma como quiserem, desde que a associação não seja para fins paramilitares. Estão corretas as afirmativas: A) I e II. B) I e III. C) I e IV. D) II e III. E) II e IV. Em relação à prática do jornalismo, o atual contexto tecnológico cria oportunidades e amplia as modalidades de trabalho e investigação do jornalista. Ao mesmo tempo, com a crescente amplitude de alcance dada pela rede digital, cresce também uma força contrária exercida no sentido de cercear a atuação do jornalista. Considere as seguintes afirmações: I - A liberdade de expressão via canais digitais não é universal, sendo restrita em alguns lugares do planeta. 4) 41 II - Atos terroristas contra órgãos da imprensa são também atentados à liberdade de expressão. III - O narcotráfico e o crime organizado atuam contra os jornalistas muitas vezes com a conivência do aparato de segurança do Estado. IV - Alguns presidentes de países da América têm criticado ou desabonado a prática do jornalismo. Quais das afirmações aplicam-se ao contexto brasileiro? A) I e II. B) I e III. C) I e IV. D) II e III. E) III e IV. Considere o seguinte: No início de 2018, a atriz Paolla Oliveira estava em set de filmagem da Rede Globo de Televisão, em Avaré (SP), onde se realizavam as filmagens da série "Assédio". A atriz foi fotografadaclandestinamente no processo de troca de roupas, e essas fotos passaram a circular pela rede digital. A Rede Globo de TV, em comunicado à imprensa, se solidarizou com a atriz, afirmando que ocorreu um crime de violação do direito à privacidade da atriz. Com base no inciso X do art. 5.o da Constituição, que versa sobre os direitos da privacidade, considere as seguintes afirmativas: I - A atriz não estava ciente de que estava sendo fotografada. II - O local onde a imagem foi captada não era público. 5) 42 III - A personagem interpretada pela atriz aparece nua na minissérie. IV - Sendo uma figura notória, o direito à privacidade da atriz é relativo. Quais afirmações justificam o argumento de que um crime contra o direito à privacidade foi cometido? A) I e II. B) I e III. C) I e IV. D) Ii e III. E) II e IV. NA PRÁTICA A questão acerca da liberdade de expressão é polêmica e tem sido palco de acaloradas discussões há pelo menos um século. Com o advento da Internet e das redes sociais, essa discussão não apenas tornou-se mais complexa como também passou a relacionar-se com os direitos dos cidadãos. A evolução dos meios de comunicação e das tecnologias digitais traz novas vantagens e possibilidades para os cidadãos, mas também cria a oportunidade para novos crimes. À medida que os brasileiros passam a viver e a depender dos seus dados digitais, armazenando informações pessoais e profissionais, passam a ser alvos de criminosos em busca de dados como números de cartões de crédito e informações pessoais. Muitos desses crimes ainda não são tipificados pelo Código Penal brasileiro. Um fato que trouxe notoriedade e incentivou a discussão acerca do direito à privacidade e dos limites à liberdade de expressão ocorreu em 2012 com a atriz Carolina Dieckmann, que teve fotos íntimas roubadas e divulgadas na rede digital, as quais foram acessadas mais de 8 milhões 43 de vezes em apenas quatro dias. Na ocasião da captura dos criminosos, não existia o crime de "invasão de dispositivo informático". Veja, Na Prática, a discussão que se instaurou sobre o direito à privacidade e que gerou a lei que ficou conhecida como "Lei Carolina Dieckmann". Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Observatório da Imprensa – Uma antologia de crítica de mídia no Brasil de 1996 a 2018 O Observatório da Imprensa abriga um extenso acervo de 22 anos de crítica de mídia no Brasil e deu origem à criação de um espaço autônomo e plural de crítica do jornalismo. Textos relevantes desse acervo compõem a compilação “Observatório da Imprensa – Uma antologia de crítica de mídia no Brasil de 1996 a 2018”, organizada pelos jornalistas Pedro Varoni e Lucy Oliveira e publicada em formato de e-book pela Editora Casa da Árvore. Recomendamos a leitura do capítulo 5 - "2016 até hoje — desinformação em rede." Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Ele riu da condenação? Com a palavra, Danilo Gentili O comediante e apresentador do programa "The Noite" foi condenado a seis meses de prisão por piada que fez com a Deputada Maria do Rosário. Nesta entrevista concedida a Leda Nagle, ele explica em detalhes o ocorrido. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Liberdade, privacidade e direitos humanos O Comitê Gestor da Internet, ao longo do ano de 2015, realizou um Ciclo de Conferências com a participação de cientistas, pensadores, inventores, ativistas e personalidades da Internet. A mesa "Liberdade, Privacidade e Direitos Humanos" contou com a participação de Frank La Rue (especialista em direitos humanos e direitos trabalhistas) e James Bamford (jornalista americano 44 especialista em órgãos de inteligência). Confira. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Como a China "apagou da memória" o Massacre da Praça da Paz Celestial, que completa 30 anos A liberdade de expressão não é um direito garantido em todos os países do mundo. Em alguns deles, o Estado utiliza de seu poderio para impedir a livre circulação de informações, e a China é um exemplo. Nesta matéria da BBC, o jornalista John Sudworth mostra como a China apagou fatos do passado recente, como o Massacre da Praça da Paz Celestial. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Bem-vindo a Fahrenheit 451 (Leia-o ou queime-o!) "Se não quiser um homem politicamente infeliz, não lhe dê os dois lados de uma questão para resolver; dê-lhe apenas um. Melhor ainda, não lhe dê nenhum. Deixe que ele se esqueça de que há uma coisa como a guerra. Se o governo é ineficiente, despótico e ávido por impostos, melhor que ele seja tudo isso do que as pessoas se preocuparem com isso." Fahrenheit 451 é um romance de ficção de Ray Bradbury que fala sobre um mundo onde o controle da informação é tamanho que existe uma equipe de profissionais cuja função é queimar livros. Confira essa reflexão do canal "Quebrando a Caixa" sobre o tema. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! 45 Responsabilidade civil subjetiva, objetiva (teoria do risco) e culpa presumida APRESENTAÇÃO A responsabilidade civil prevê que um dano causado a alguém deve ser indenizado pelo agente causador. Assim, no tocante ao elemento subjetivo, a responsabilidade civil tem como espécies: a subjetiva e a objetiva, sendo a culpa elemento integrante ou não da obrigação de reparar o dano. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre os tipos de responsabilidade civil. Vai estudar a evolução histórica do instituto, dos primórdios até os dias atuais, com enfoque na culpa como seu elemento subjetivo. Verá os tipos de responsabilidade civil, os quais são definidos com base na análise da existência ou não do elemento subjetivo, qual seja, a culpa. Além disso, como muitos temas novos surgem com o desenvolvimento da sociedade, você estudará o tratamento dado à responsabilidade civil pelas Cortes Superiores brasileiras. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Verificar a evolução histórica das espécies de responsabilidade civil.• Explorar as espécies de responsabilidade civil.• Analisar a aplicação da responsabilidade civil pelas Cortes Superiores.• DESAFIO Os conceitos de responsabilidade civil se baseiam na obrigação de reparar um dano causado, mesmo que involuntariamente. Com a evolução histórica do instituto, o Estado assumiu a função de regular a resolução de tais conflitos. Analise o seguinte caso e verifique a melhor solução para ele. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! 46 INFOGRÁFICO Com o Código Civil de 2002 a responsabilidade objetiva ingressou efetivamente no ordenamento jurídico brasileiro, mas a prevalência da culpa (responsabilidade subjetiva) continua sendo a regra, porém, com a previsão da responsabilidade objetiva em várias situações. Neste Infográfico você verá os tipos de responsabilidade civil a partir da comprovação ou não do elemento culpa. 47 48 CONTEÚDO DO LIVRO A responsabilidade civil nasceu da necessidade da sociedade resolver de forma institucionalizada os conflitos, oriundos do não cumprimento de uma obrigação. O tema desenvolveu-se passando de uma ideia de vingança até a reparação pecuniária do dano. Leia o capítulo Responsabilidade civil subjetiva, objetiva (teoria do risco) e culpa presumida, da obra Responsabilidade civil, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem, em que você verá os tipos de responsabilidade civil, como a subjetiva, a objetiva e a culpa presumida, e também como o tema é tratado pelas Cortes Superiores brasileiras. 49 Responsabilidade civil subjetiva, objetiva (teoria do risco) e culpa presumida Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Verificar a evolução histórica das espéciesde responsabilidade civil. Explorar as espécies de responsabilidade civil. Analisar a aplicação da responsabilidade civil pelas Cortes Superiores. Introdução A responsabilidade civil pressupõe a reparação de um dano causado à vítima por meio de uma indenização. Neste capítulo, você vai aprender sobre os tipos de responsabilidade civil. Estudará a evolução histórica do conceito, dos primórdios até os dias atuais, com enfoque na culpa como o seu elemento subjetivo. Verá os tipos de responsabilidade civil, os quais são definidos com base na análise da existência ou não do elemento subjetivo, ou seja, a culpa. Assim, a culpa define o tipo de responsabilidade, que pode ser subjetiva, objetiva e de culpa presumida. Além disso, como muitos temas novos surgem com o desenvolvimento da sociedade, você estudará o tratamento dado à responsabilidade civil pelas Cortes Superiores brasileiras. Evolução histórica das espécies de responsabilidade civil O instituto da responsabilidade civil se baseia em uma concepção moderna da reparação de danos. Nos primórdios da civilização, não existia a noção de responsabilidade civil como hoje conhecemos e não se avaliava o seu elemento subjetivo: a culpa. C02_Responsabilidade_civil_objetiva_subjetiva_culpa.indd 1 05/04/2018 10:38:49 50 As concepções de justiça que regiam as sociedades antigas embasavam o pensamento de que o dano injusto, decorrente do descumprimento de um de- ver contratual ou pela desobediência a um preceito legal, deveria acarretar ao devedor o dever de indenizar o ofendido. Embora sejam essas as mesmas ideias que perpassam o Direito atual, nem sempre o dever de indenizar recaía sobre o patrimônio do devedor. Nesse sentido, a Lei de Talião — “olho por olho, dente por dente” — transmitiu ao Direito Romano clássico a concepção de que o credor tinha direito de exigir corporalmente do devedor a satisfação da ofensa à obrigação contratual ou a lesão a preceito legal (TEPEDINO, 2006). Em contrapartida, a Lei de Talião traz a primeira ideia de proporcionalidade na reparação do dano. Posteriormente, passou-se à chamada fase da composição tarifada, na qual a Lei das 12 Tábuas fixava, em casos concretos, o valor da pena a ser paga pelo ofensor, a qual deveria ser proporcional àquele sofrido por ela. Nesse momento, o Estado passou a ocupar a posição da vítima, suprindo a sua vontade ao dosar a pena a ser paga pelo agente ofensor, substituindo a composição voluntária por uma composição obrigatória e, inclusive, tarifada, sendo estipulados valores para as diversas espécies de lesão ou dano. Essa evolução teve o seu marco histórico quando, ao assumir a função de punir, o Estado se tornou responsável pela ação repressiva, dando origem à ação de indenização. Prevaleceu no Direito Romano, inicialmente, a responsabilidade civil objetiva, pois não havia a exigência de comprovação do elemento subjetivo “culpa” para a exigência das cruéis penas impostas. Porém, a comprovação da culpa passou a ser necessária a partir da percepção de que as penas corporais constituíam meio impróprio de satisfação do direito lesado e que a sua não exigência acarretava situações injustas (TARTUCE, 2011). A maior evolução da responsabilidade civil ocorreu com o advento da Lex Aquilia, que deu origem à denominação da responsabilidade civil delitual ou extracontratual, também chamada de responsabilidade aquiliana. Nasceu, nesse momento, um princípio geral regulador da reparação do dano, trazendo as primeiras ideias de culpa. Foi também nesse momento que surgiram as primeiras divisões entre responsabilidade civil e responsabilidade penal. Com o advento da Lei Poetelia Papiria (326 a.C.), a responsabilidade civil passou a ser um vínculo jurídico, isto é, imaterial, sendo que o devedor passou a responder pelo débito não mais com seu corpo, mas com o seu patrimônio. Essa é a evolução mais próxima do que atualmente se entende por reparação civil, que é a compensação do dano em valor pecuniário correspondente. Com a criação do código de Napoleão, em 1804, temos o nascimento de um modelo da legislação moderna. Ele buscava impedir a interferência abusiva do Estado na vida dos cidadãos, trazendo o preceito básico da responsabilidade Responsabilidade civil subjetiva, objetiva (teoria do risco) e culpa presumida C02_Responsabilidade_civil_objetiva_subjetiva_culpa.indd 2 05/04/2018 10:38:50 51 civil extracontratual, com fundamento na culpa efetiva e provada. O art. 1.382 do Code é claro ao exigir a culpa como elemento da responsabilidade civil, enunciando que todo ato de homem que cause dano a terceiro obriga o responsável que agiu com culpa a repará-lo (PEREIRA, 1994). Assim, o código francês instituiu um princípio geral, “[...] obrigando a reparar todos os danos que uma pessoa causar a outra por sua culpa” (PEREIRA, 1994, p. 6). A culpa, como condição essencial do dever de indenizar, foi, assim, durante muito tempo ao longo da história, a única regra — e cumpria satisfatoriamente a sua função na responsabilidade civil. Porém, com o passar dos tempos, percebe- mos que a culpa sozinha não poderia embasar todo o instituto da responsabilidade civil, pois existiam situações que exigiam uma reparação de danos mesmo sem a análise do elemento subjetivo culpa. Surgiu, então, a responsabilidade objetiva. No ano de 1897, Louis Josserand apontou a responsabilidade objetiva como marco evolutivo do tema da responsabilidade civil (PEREIRA, 1994). A visão de Josserand era diferenciada e inovadora para a sua época, pois, para ele, o dano levaria em conta o sujeito passivo do prejuízo, ou seja, a vítima. Como aponta Almeida (2007, p. 62), analisando a responsabilidade civil e a obra de Josserand: É verdade que a relevância da matéria está intimamente ligada ao progresso da humanidade. Tal fato não passou despercebido a Louis Josserand, que, já em 1936, observava a existência de causas profundas, ao mesmo tempo de ordem social e mecânica, científica e material, responsáveis pela prodigiosa e acelerada evolução do instituto da res- ponsabilidade civil. O desenvolvimento científico, gerador de conforto por um lado, mas de perigos e acidentes, por outro, tornou-se fonte relevante da responsabilidade civil. Mais adiante, o autor (ALMEIDA, 2007) refere que a responsabilidade civil, a partir dos estudos de Josserand, foi redimensionada para se preocupar mais com a reparação do lesado, chegando-se até a excessos nesse sentido. Da evolução do Direito francês, surgiram dois campos distintos na área da res- ponsabilidade civil. Na maioria dos casos, continuava-se a examinar a conduta do autor do dano e a responsabilidade civil dependia da prova da culpa ou da sua presunção. Porém, em outras situações, surgiu a teoria da responsabilidade Responsabilidade civil subjetiva, objetiva (teoria do risco) e culpa presumida C02_Responsabilidade_civil_objetiva_subjetiva_culpa.indd 3 05/04/2018 10:38:50 52 objetiva, na qual se visava garantir a segurança da vítima com base na teoria do risco ou na desigualdade de condições entre o autor do dano e a vítima. Josserand (1941), defensor da teoria do risco desenvolvida por Raymond Saleilles, traz como causas da evolução da responsabilidade civil o caráter sucessivamente mais perigoso da então vida moderna, na qual o perigo havia se intensificado diante da Revolução Industrial, aliada ao aumento da preocupação com a reparação do dano e com a vítima do prejuízo. A teoria do risco surge como base para a responsabilidade objetiva, na qual os autores defendem que todos devem ser responsáveis não somente por seus atos culposos, mas por todos aqueles atos que causem dano a terceiros. No Brasil, as primeiras noções de responsabilidade civil objetiva surgiram com o Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990), o qual prevê algumas hipóteses de proteção do consumidor contra produtos e serviços que lhe ofereces- sem riscos, sem a análise da existência da culpa por parte do causador
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