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CARREIRAS POLICIAIS Nível Superior Conhecimentos Comum para Todos os Cargos Língua Portuguesa • Atualidades • Raciocínio Lógico e Matemático • Noções de Informática • Noções de Direito Constitucional • Noções de Direito Administrativo • Noções de Direito Penal • Noções de Direito Processual Penal • Legislação Penal Extravagante Questões Gabaritadas Teoria completa e mais de 1.300 exercícios gabaritados VERSÃO 2020 Jonas Rodrigo • Márcio Wesley • Otoniel Linhares • Rui Santos • Marcelo Andrade • Daniella Matos Edgard Antônio Lemos Alves • Fabrício Wagner • Welma Maia • Racquel Barros • Ravan Leão “O que é uma apostila preparatória? É uma apostila elaborada antes da publicação do edital, com base nos concursos anteriores, ou no último edital, para permitir ao aluno antecipar seus estudos. Comece agora a se preparar”. APOSTILA PREPARATÓRIA E D I T O R A 2020 © 2020 Avançar Serviços Educacionais Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/2/1998. Proibida a reprodução de qualquer parte deste material, sem autorização prévia expressa por escrito do autor e da editora, por quaisquer meios empregados, sejam eletrônicos, mecânicos, videográficos, fonográficos, repro- gráficos, microfílmicos, fotográficos, gráficos ou outros. Essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas. CARREIRAS POLICIAIS Conteúdo Comum para Todos os Cargos – Nível Superior Atualizada até 07/2020 (AC04) Língua Portuguesa • Atualidades • Raciocínio Lógico e Matemático • Noções de Informática Noções de Direito Constitucional • Noções de Direito Administrativo • Noções de Direito Penal Noções de Direito Processual Penal • Legislação Penal Extravagante • Caderno de Questões Autores: Jonas Rodrigo • Márcio Wesley • Otoniel Linhares • Rui Santos • Marcelo Andrade • Daniella Matos Edgard Antônio Lemos Alves • Fabrício Wagner • Welma Maia • Racquel Barros • Ravan Leão GESTÃO DE CONTEÚDOS Tatiani Carvalho PRODUÇÃO EDITORIAL Tatiani Carvalho REVISÃO Ylka Ramos EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Marcos Aurélio Pereira CAPA Marcos Aurélio Pereira E D I T O R A www.editoraavancar.com.br PARABÉNS. VOCÊ ACABA DE ADQUIRIR UM PRODUTO QUE SERÁ DECISIVO NA SUA APROVAÇÃO. Com as apostilas da Avançar Serviços Educacionais, você tem acesso ao conteúdo mais atual e à metodo- logia mais eficiente. Entenda por que nossas apostilas são líderes de preferência entre os consumidores: • Todos os nossos conteúdos são preparados de acordo com o edital de cada concurso, ou seja, você recebe um conteúdo customizado, direcionado para os seus estudos. • Na folha de rosto, você pode conferir os nomes dos nossos autores. Dessa forma, comprovamos que os textos usados em nossas apostilas são escritos exclusivamente para nós. Qualquer reprodução não autorizada desses textos é considerada cópia ilegal. • O projeto gráfico foi elaborado tendo como objetivo a leitura confortável e a rápida localização dos temas tratados. Conheça, também, nosso catálogo completo de apostilas, nossos livros e cursos online no site www.editoraavancar.com.br Avançar Editora avancarEditora @AvancarEditora Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados ............................................................................................. 3 Reconhecimento de tipos e gêneros textuais ....................................................................................................................... 4 Domínio da ortografia oficial. Emprego das letras ............................................................................................................... 6 Emprego da acentuação gráfica .......................................................................................................................................... 11 Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e outros elementos de sequenciação textual ......................................................................................... 5/13 Emprego/correlação de tempos e modos verbais .............................................................................................................. 14 Domínio da estrutura morfossintática do período. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração ....................................................................18 Emprego dos sinais de pontuação ....................................................................................................................................... 22 Concordância verbal e nominal ........................................................................................................................................... 23 Emprego do sinal indicativo de crase .................................................................................................................................. 29 Colocação dos pronomes átonos ........................................................................................................................................ 32 Reescritura de frases e parágrafos do texto ........................................................................................................................ 33 Substituição de palavras ou de trechos de texto ................................................................................................................ 34 Retextualização de diferentes gêneros e níveis de formalidade ........................................................................................ 34 Correspondência oficial (conforme Manual de Redação da Presidência da República). Adequação da linguagem ao tipo de documento. Adequação do formato do texto ao gênero ..................................................................................34 SUMÁRIO Língua Portuguesa CARREIRAS POLICIAIS Lí n g u a P o r tu g u es a 3 Língua Portuguesa Jonas Rodrigo • Márcio Wesley Jonas Rodrigo INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ao se analisarem as diversas possibilidades de se in- terpretar um texto, deve-se entender que algumas bases nortearão tal entendimento. em primeiro lugar, é essencial saber que um texto tem duas características principais: as ideias que ele pretende transmitir e os recursos linguísticos que ele utilizará para fazê-lo. Nesse sentido, é que se percebem questões de Inter- pretação em provas de concursos para cargos públicos, ora cobrando aspectos semânticos, ora avaliando aspectos gramaticais, como ferramenta para o entendimento do texto. Este material tem por objetivo oferecer recursos estilísti- cos para o entendimento da primeira característica, ou seja, de aspectos literários: sentido figurado, conotação, funções de linguagem, figuras de linguagem, semântica. A segunda característica principal da Interpretação de Textos, que diz respeito aos aspectos gramaticais, é advinda de um estudo contínuo acerca das regras gramaticais. Vamos entender a seguir como podem ser cobradas as duas características em provas de concursos públicos. • Aspectos Semânticos da Interpretação de Textos observe o texto a seguir. Pedrinho era menino muito querido em sua cidade, tão magrinho que mal conseguia carregar a bandeja com os amendoins que ele vendia. Todos gostavam do garoto, pois ele era tido como alguém de muito bom coração, por suas atitudes de ajuda ao próximo quase que diariamente. ele auxiliava idosos a atravessarem as ruas movimentadas do centro; cuidava dos animais de estimação, enquanto seus donos visitavam estabelecimentos comerciais que não per- mitiam a entrada de animais; fazia companhia para crianças, na porta da escola municipal, até que os pais mais atrasados chegassem para apanhá-las; entre outras coisas. numa tarde chuvosa, Pedro presenciou um atropela- mento de um rapaz bem corpulento, o qual não pode contar com o socorro do causadordo acidente, pois este fugiu em alta velocidade. O vendedor de amendoins não pensou duas vezes, pediu ajuda a um taxista amigo seu e carregou o jovem atropelado até o carro, levando-o ao hospital. seu feito rendeu-lhe uma faixa no local do acidente com a escrita: “Pedrinho, nosso herói! ”, além de uma medalha de honra ao mérito, dada em cerimônia pública pelo prefeito. A partir do texto acima, julgue o item a seguir. – o texto é coerente. Gabarito: Errado. Comentário: como um menino magrinho que mal conse- guia carregar a bandeja de amendoins iria conseguir carregar nos braços um jovem corpulento. • Aspectos Gramaticais da Interpretação de Textos observe o texto a seguir. ana, Bia e Marta são primas. ambas estudam juntas. A partir do texto acima, julgue o item a seguir. – o texto é coerente. Gabarito: Errado. Comentário: “Ambas” é gramaticalmente um numeral dual, ou seja, que indica dualidade, portanto, dois. o texto é incoerente por trazer três nomes próprios. Com os exemplos acima, você pode observar que é possível se cobrar o entendimento de um texto, a partir do quesito coerência, tanto com ênfase gramatical, como com ênfase semântica. Coerência: segue a lógica formal. Pauta-se na verdade de inferência. Baseia-se em sólidas definições. Exemplo: “O Brasil tem muitas praias, por isso, não recebe muitos turistas do exterior” incoerência. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS É difícil conceituar a manifestação artística chamada Lite- ratura. Aristóteles (384 a.C. a 322 a.C.), na obra Arte Poética, definiu o que hoje é conhecido como gêneros literários. Logo, convém reparar que a história da teoria dos gêneros pode ser contada a partir da Antiguidade greco-romana, quando surgiram também as primeiras manifestações poéticas da cultura ocidental. Gêneros Literários Eles se caracterizam como divisões feitas em obras literárias de acordo com características formais comuns, agrupando-as conforme critérios estruturais, contextuais e semânticos, entre outros. os gêneros literários se constituem como categorias dos textos literários, classificados de acordo com a forma e com o conteúdo. Dessa forma, englobam o conjunto de carac- terísticas formais e temáticas das manifestações literárias. O termo “gênero” vem do Latim (“ genus” e “eris”) e significa origem e nascimento. Nesse sentido, os gêneros literários reúnem um conjunto de obras que apresentam características análogas de forma e de conteúdo. Essa classificação pode ser feita de acordo com critérios semânticos, sintáticos, fonológicos, formais, contextuais, entre outros. Eles se dividem em três categorias básicas: gêneros épico (“palavra narrada”), gênero lírico (“pa- lavra cantada”) e gênero dramático (“palavra representada”). Convém salientar também que, na atualidade, os textos literários se organizam em três gêneros: gênero lírico; gênero narrativo e gênero dramático. Dentro de um determinado gênero literário há o predo- mínio de uma estrutura típica, que não corresponde à estru- tura de outro gênero literário, visto que cada um apresenta características próprias. Gênero Lírico É escrito em verso, em primeira pessoa do discurso (eu); expressa sentimentos e emoções; exterioriza um mundo interior; apresenta um caráter subjetivo; usa palavras no seu sentido conotativo; recorre a muitas figuras de linguagem. Lí n g u a P o r tu g u es a 4 O Gênero lírico apresenta textos em versos por inter- médio de uma linguagem poética, de caráter sentimental com predominância da subjetividade do eu-lírico (primeira pessoa). O nome “lírico” surgiu de “lira” (Latim), instrumento utilizado para acompanhar as poesias cantadas. Convém ressaltar que o “eu-lírico” se distingue do (a) autor (a), ou seja, o eu-lírico pode ser masculino ou feminino, indepen- dentemente de sua autoria. alguns exemplos de textos líricos são: soneto; poesia; ode; haicai; hino; sátira, elegia; idílio, écloga; epitalâmio (também conhecidos como subgêneros do gênero lírico). Os textos do gênero lírico, os quais expressam senti- mentos e emoções, são permeados pela função poética da linguagem. neles existe a predominância de pronomes e verbos na 1ª pessoa, além da exploração da musicalidade das palavras. Gênero Épico ou Narrativo No gênero épico ou narrativo existe a presença de um (a) narrador (a), responsável por contar uma história cujas personagens atuam em um determinado espaço e tempo. Pertencem a esse gênero as seguintes modalidades: épico; fábula; epopeia ou poesia épica; novela; conto; crônica; ensaio; romance (também conhecidos como subgêneros do gênero narrativo). O gênero narrativo é escrito majoritariamente em prosa; apresenta um(a) narrador(a) que conta a ação; narra uma sucessão de acontecimentos reais ou imaginários; apresenta a estrutura básica de introdução, desenvolvimento e conclu- são; desenrola-se num tempo e num espaço; utiliza discurso direto, indireto e/ou indireto livre. O gênero épico representa a mais antiga das manifes- tações literárias e nele estão contidas as narrativas históri- co-literárias de grandes acontecimentos, com presença de temas terrenos, mitológicos e lendários. Observe-se que o termo “épico” vem da palavra “epo- peia”, que, do grego (“épos”), simboliza a narrativa em versos de fatos grandiosos centrados na figura de um herói ou de um povo. Os elementos essenciais das narrativas épicas são: nar- rador (quem narra a história), enredo (sucessão dos acon- tecimentos), personagens (principais e secundárias), tempo (época dos fatos) e espaço (local dos episódios). Gênero Dramático É feito para que haja a sua encenação; está dividido em atos e cenas; conta a história através da fala das per- sonagens; apresenta indicações cênicas as quais auxiliam a representação. De acordo com a definição de Aristóteles em sua Arte Po- ética, os textos dramáticos são próprios para a representação e apreendem a obra literária em verso ou prosa passíveis de encenação teatral. A voz narrativa está entregue às perso- nagens, atores que contam uma história por intermédio de diálogos ou monólogos. Pertencem ao gênero dramático os seguintes textos: auto; comédia; tragédia; tragicomédia; elegia; farsa (também conhecidos como subgêneros do gênero dramático). O gênero dramático envolve a literatura teatral em prosa ou em verso, aquela para ser apresentada e encenada. Do grego, a palavra “drama” significa “ação”. Por essa razão, o diálogo é um recurso muito utilizado de modo que a trí- ade essencial dos textos literários dramáticos são: o autor, o texto e o público. A classificação de gêneros literários sofreu algumas alterações ao longo dos anos. Atualmente, é entendida como algo flexível, sendo possível a mistura de gêneros e a subdivisão em vários subgêneros. Apesar da divisão em lírico, narrativo e dramático, há uma característica comum aos três gêneros: a literatura. Sendo gêneros literários, apresentam aspectos comuns que definem a literatura como uma expressão artística que possui funções recreativas, sociais e críticas. Assim, não só ocorre a manifestação de sentimentos e invenção de histórias por parte do autor, como também ocorre a crítica à sociedade e há referências a momentos históricos. O texto literário, quer ocorra em verso ou em prosa, trans- mite a noção artística do autor que trabalha com a função co- notativa da linguagem, que utiliza uma linguagem mais poética e rebuscada, recorrendo ao uso de figuras de linguagem e que respeita estruturas no estilo e forma, como a métrica e a rima. o autor debruça-se sobre a seleção e combinação de palavras, para que transmitam o sentido pretendido contribuindo para a concretização da intenção do autor. RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Tipologia Textual • Texto Dissertativo: denotativo, objetiva provar uma tese, um posicionamento, possui introdução, desen- volvimento e conclusão. • Texto Argumentativo: usa argumentos e exemplos para comprovar algo. •Texto Narrativo: conta uma história (fato, tempo, lugar, personagens, detalhes etc.). • Texto Descritivo: descreve coisa, lugar ou pessoa, com muitos adjetivos. Esquema do Texto Dissertativo 1º parágrafo (introdução): tema e o objetivo na primeira frase; citação dos argumentos na segunda frase. 2º parágrafo (desenvolvimento): desenvolvimento do argumento 1 em pelo menos duas frases. 3º parágrafo (desenvolvimento): desenvolvimento do argumento 2 em pelo menos duas frases. 4º parágrafo (desenvolvimento): desenvolvimento do argumento 3 em pelo menos duas frases. 5º parágrafo (conclusão): tema e o objetivo na primeira frase com outras palavras; soluções otimistas com verbos no infinitivo de preferência. Exemplo de texto dissertativo: • Introdução Acredita-se que Brasília se firmará como provável polo turístico do século XXI. Mesmo concorrendo com be- líssimas praias na costa brasileira e com a evidente ex- ploração turística nas cidades vizinhas, a capital federal encanta brasileiros e estrangeiros por seu patrimônio histórico‑cultural, sua organização e segurança. • 1º argumento = 2º parágrafo Impossível não conceber que o litoral é um forte con- corrente da cidade sede do Brasil, já que é disputado na alta e baixa temporada por turistas do mundo inteiro. Além disso, o cerrado constitui atração interessantíssima por suas riquezas naturais, como as cachoeiras e que- das d’água de várias cidades circunvizinhas como por exemplo: Pirenópolis e Alto Paraíso, as águas termais Lí n g u a P o r tu g u es a 5 de Caldas Novas, bem como a beleza histórica de Goiás Velho. Tudo isso há poucos quilômetros de Brasília. • 2º argumento = 3º parágrafo No entanto, em seu gigantismo de inigualável beleza arquitetônica, a cidade do poder, desenhada por Os- car Niemeyer, surge majestosa causando curiosidade latente aos turistas que a pretendem desvendar. Prova disso são os hotéis, com fluxo frequente de visitantes de várias origens e etnias, que aqui encontram empatia com este povo mesclado, migrante de todo o território nacional, construtor da diversidade cultural e culinária da jovem capital. • 3º argumento = 4º parágrafo Ressalte-se, ainda, que ações, como a reforma do Centro de Convenções, bem como as construções da Terceira Ponte e do reservatório de água Corumbá IV, tornam-na rota certa. A segurança – também respaldada pela pre- miação da ONU como a melhor cidade para uma criança crescer, no quesito qualidade de vida – e a organização da capital federal, evidenciada pela exatidão dos ende- reços facilmente encontrados pelo sistema inteligente de transportes, dão ao visitante sensação única de conforto. • Conclusão Nesse sentido, há que se propagar toda essa atração da capital do país, evidenciando-a como polo turístico do século XXI. Urge, entretanto, a garantia de condi- ções favoráveis à execução plena de planejamentos turísticos. Esquema Narrativo 1º parágrafo: fato, tempo, lugar. 2º parágrafo: causa do fato, personagens. 3º parágrafo: detalhes do fato, discursos. 4º parágrafo: consequências do fato. Discursos • Discurso Direto Simples Ela disse: – Vamos ao cinema? Ele respondeu: – Claro! • Discurso Direto com Travessão Explicativo – Vamos ao cinema? – disse ela. – Claro! – respondeu ele. • Discurso Direto Livre Ela disse: “Vamos ao cinema? ” Ele respondeu: “Claro! ” • Discurso Indireto Simples ela o convidou para ir ao cinema. ele aceitou o convite. • Discurso Indireto Livre ela o convidou para ir ao cinema. ele aceitou o convite. “Tomara que ele realmente vá! ” DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL Ernani Terra e José de Nicola (2001, p. 226-227) explicam sobre a coesão textual: assim como um osso liga-se ao outro num esqueleto, as palavras, os termos da oração e as orações ligam-se para formar um texto. Essa ligação se dá pelo nexo estabelecido entre várias partes do texto, tornando-o coeso (nexo significa ‘ligação, vínculo’; daí expressões do tipo ‘Ficou falando coisas sem nexo’). A coesão é decorrente de relações de sentido que se operam entre elementos do texto. Muitas vezes a interpreta- ção de um termo depende da interpretação de outro termo ao qual faz referência, ou seja, a significação de uma palavra vai pressupor a de outra. a avaliação da capacidade de expressão na modalidade escrita tem como base a observação da norma culta padrão da Língua Portuguesa. o uso das normas do registro formal culto da Língua Portuguesa pressupõem o domínio das regras da gramática normativa. Já a clareza, a precisão, a consis- tência e a concisão do texto produzido são qualidades que agregam uma boa escrita a textos dissertativos. [...] clareza, que torna o texto inteligível e decorre: do uso de palavras e expressões em seu sentido co- mum, salvo quando o assunto for de natureza técnica, hipótese em que se empregarão a nomenclatura e terminologia próprias da área; da construção de orações na ordem direta, evitando preciosismos, neologismos, intercalações excessivas, jargão técni- co, lugares comuns, modismos e termos coloquiais; do uso do tempo verbal, de maneira uniforme, em todo o texto; do emprego dos sinais de pontuação de forma judiciosa, evitando os abusos estilísticos [...] (BRASIL, 1999, p. 9) Segundo o dicionário online de Língua Portuguesa (2012), precisão é: “Substantivo Feminino. Qualidade do que é pre- ciso, exato, rigoroso. Exatidão na execução. Nitidez rigorosa no pensamento ou no estilo. ” Ernani Terra e José de Nicola (2001, p. 228-229) explicam sobre a coesão textual: a coesão também é resultante da perfeita relação de sentido que deve haver entre as partes de um texto. Por isso, o uso adequado de conectivos (palavras que relacionam partes da oração ou orações de um período) é importante para que haja coesão textual. Não há coesão em um texto quando, por exemplo, empregam-se de modo inadequado conjunções e pronomes, deixando palavras ou frases desconec- tadas, quando a escolha vocabular é inadequada, quando há ambiguidades, regências incorretas, etc. Conforme orienta Gonçalves (2015b, p. 14) acerca da produção coesa e concisa: “peque pela simplicidade, escre- va um texto simples, claro e objetivo, sem contorcionismos sintáticos.” Primar pela clareza, precisão, consistência, concisão e aderência às normas do registro formal é fundamental. Deve-se escrever de forma clara e precisa, com consistência argumentativa para conseguir convencer o leitor de de- terminado ponto de vista. A concisão, arte de dizer muito com poucas palavras, atentando ao padrão culto da língua colaborará positivamente para o texto. Concisão: Resultado. É o ato de dizer a mesma coisa com um menor número de palavras. usa recursos coesivos para que esse objetivo seja atingido. Por exemplo: usa-se um menor número de palavras para dizer a mesma coisa. (GONÇALVES, 2008, p. 98) Informações implícitas são informações no campo da inferência. Já as informações explícitas estão contidas no texto e podem ser constatadas pela simples leitura. os pres- supostos têm uma relação com a questão da coerência textual. Entendamos melhor acerca da coerência, conforme Gonçalves e Silva (2017, p. 9-10). Lí n g u a P o r tu g u es a 6 O critério da Coerência Argumentativa avalia a ordenação e a sequencialização de argumentos. Deve haver uma argumentação destinada a conduzir racionalmente a inteligência do leitor às conclusões sintetizadas no ponto de vista ou opinião do autor. Daí a organização do texto dissertativo em parágrafos coerentes. Cada parágrafo deve conter o seu desen- volvimento (explicações, exemplificação, recursos retóricos destinados a persuadir, etc.). O tópico frasal pode estar no começo ou no final do parágrafo; pode também ficar implícito. (ANDRÉ, 1988, p. 77) Ainda sobre a questão da coerência, não se pode deixar de ressaltar a importância da sequência das ideias, concate- nando os argumentos na construção dos parágrafos. A coerência é outra qualidade do parágrafo. Enquantoa unidade seleciona as ideias central e secundárias, escolhendo as mais importantes e cimentando-as através de um ponto comum, a coerência organiza a sequência dessas ideias (central e secundárias), de modo que o leitor perceba facilmente “como” elas são importantes para o desenvolvimento do pará- grafo. Mesmo que todos os períodos do parágrafo estejam relacionados entre si, ou deem suporte à ideia principal, se faltar a organização dessas ideias, o parágrafo será confuso, sem coerência. (FIGUEIRE- DO, 1995, p. 34) Na análise da coerência, no âmbito da ordenação, cabe enfatizar que seguir uma ordem na apresentação das ideias garantirá compreensão rápida e lógica por parte do leitor. Selecionar ideias pertinentes constitui relevante estratégia de ordenação do texto dissertativo. [...] coerência, que implica a exposição de ideias bem elaboradas, que tratam do mesmo tema do início ao fim do texto em sequência lógica e ordenada. Isso significa que o texto deve conter apenas as ideias pertinentes ao assunto proposto [...] (BRASIL, 1999, p. 10) Entendida a questão da coerência, passemos a estudar a questão das informações explícitas e implícitas. Por exemplo, vamos supor que um texto fale de uma árvore com folhas verdes e frutas vermelhas. se a questão pergun- tar a cor das frutas ou das folhas, essas informações estão explícitas, são constatáveis pela simples leitura do texto. Porém, se a questão cogitar a possibilidade da árvore ser uma macieira (árvore de maçãs), logo, tem-se uma ques- tão no âmbito da inferência, que tem por pressupostos as informações implícitas, envolvendo, portanto, raciocínio e não mera constatação. Márcio Wesley ORTOGRAFIA OFICIAL O Alfabeto Com a Nova Ortografia, o alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y. A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z as letras k, w e y, que na verdade não tinham desapare- cido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações. Por exemplo: a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), w (watt); b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano. Emprego das Letras • ortho = Correta. graphia = escrita. • A Nova Ortografia, desde 2016, vigora como forma obrigatória. Emprego do “S” • O “s” intervocálico tem sempre o som de “z”: casa, mesa, acesa etc. • O “s” em início de palavras tem sempre o som de “ss”: sílaba, sabonete, seno etc. Usa‑se o “S” • Depois de ditongos: Neusa, Sousa, maisena, lousa, coisa, deusa, faisão, mausoléu etc. • Adjetivos terminados pelos sufixos “oso”, “osa” (indi- cadores de abundância): cheiroso, prazeroso, amoroso, ansioso etc. • Palavras com os sufixos “es”, “esa” e “isa” (indicadores de títulos de nobreza, de origem, gentílicos ou pátrios, cargo ou profissão): duquesa, chinês, poetisa etc. • Nas palavras em que haja “trans”: transigir, transação, transeunte etc. • Nos substantivos não derivados de adjetivos: marquesa (de marquês), camponesa (de camponês), defesa (de defender). • Nos derivados dos verbos “pôr” e “querer”: ela não quis; se quiséssemos; ela pôs o disco na estante; compus uma música; se ela quisesse; eu pus etc. • Nos sufixos gregos “ese”, “ise”, “ose” (de aplicação científica, ou erudita – culta): trombose, análise, metamorfose, virose, exegese, os- mose etc. • Nos vocábulos derivados de outros primitivos que são escritos com “s”: análise – analisar, analisado atrás – atrasar, atrasado casa – casinha, casarão, casebre Porém há algumas exceções: catequese – catequizar síntese – sintetizar batismo – batizar Lí n g u a P o r tu g u es a 7 • Nos diminutivos “inho”, “inha”, “ito”, “ita”: Obs.: Se a palavra primitiva já termina com “s”, basta acrescentar o sufixo de diminutivo adequado: pires – piresinho casa – casinha, casita empresa – empresinha • Usa-se o “s” nos substantivos cognatos (pertencentes à mesma família de formação) de verbos em “-dir” e “-ender”. dividir – divisão colidir – colisão aludir – alusão rescindir – rescisão iludir – ilusão Emprego do “Z” Usa‑se o “z” • Nas palavras derivadas de uma primitiva já grafada com “z”: cruz – cruzamento – cruzeta – cruzeiro juiz – juízo – ajuizado – juizado desliza – deslizamento – deslizante • Nos sufixos “ez/eza” formadores de substantivos abs- tratos e adjetivos com o acréscimo dos sufixos citados: beleza – belo + eza gentileza – gentil + eza insensatez – insensato + ez • Nos diminutivos “inho” e “inha”: Obs. 1: Se a palavra escrita primitiva já termina com “z”, basta acrescentar o sufixo de diminutivo adequado: juiz – juizinho raiz – raizinha xadrez – xadrezinho Obs. 2: Se a palavra primitiva não tiver “s” nem “z”; então se acrescenta: “zinho” ou “zinha”: sofá – sofazinho mãe – mãezinha pé – pezinho Emprego do “G” • Nas palavras que representam o mesmo som de “j” quando for empregada antes das vogais “e” e “i”: gente, girafa, urgente, gengiva, gelo, gengibre, giz etc. Obs.: apenas nesses casos, surgem dúvidas quanto ao uso. Nos demais casos, usa-se o “g”. • Nas palavras derivadas de outras que já são escritas com “g”: ágio – agiota – agiotagem gesso – engessado – engessar exigir – exigência – exigível afligir – afligem – afligido • Nas terminações “agem”, “igem” e “ugem”: margem, coragem, vertigem, ferrugem, fuligem, garagem, origem etc. Exceção: pajem, lajem, lambujem. Note bem: O substantivo viagem escreve-se com “g”, mas viajem (forma verbal de viajar) escreve- se com “j”: Dica: Quando podemos escrever artigo antes (a, uma), temos o substantivo “viagem”, com “g”. A viagem para Búzios foi maravilhosa. Quando podemos ter o sujeito e conjugar, então tere- mos o verbo, escrito com “j”: Que eles viajem muito bem. • Nas terminações “ágio”, “égio”, “ígio”, “ógio”, “úgio”, “ege”, “oge”: pedágio, relógio, litígio, colégio, subterfúgio, estágio, prodígio, egrégio, herege, doge etc. • Nos verbos terminados em “ger” e “gir”: corrigir, fingir, fugir, mugir etc. Emprego do “J” Usa‑se o “j”: • Nos vocábulos de origem tupi: maracujá, caju, jenipapo, pajé, jerimum, Ubirajara etc. Exceção: Mogi das cruzes, Mogi-guaçu, Mogi-mirim, Sergipe. • Nas palavras cuja origem latina assim o exijam: majestade, jeito, hoje, Jesus etc. • Nas palavras de origem árabe: alforje, alfanje, berinjela. • Nas palavras derivadas de outras já escritas com “j”: gorja – gorjeio, gorjeta, gorjear laranja – laranjinha, laranjeira, laranjeirinha loja – lojinha, lojista granja – granjear, granjinha, granjeiro • Nas palavras de uso um tanto e quanto discutíveis: manjerona, jerico, jia, jumbo etc. • A terminação “aje” é sempre com “j”: ultraje, laje etc. Emprego do “Ch” O “ch” provém da evolução de grupos consonantais la- tinos: CI - clave / Ch – Chave FI – Flagrae / Ch – Cheirar PI – Plenu / Ch – Cheio PI – Planu / Ch – Chão. • Na palavra derivada de outra que já vem escrita com “ch”: charco / encharcar, encharcado chafurda / enchafurdar chocalho / enchocalhar chouriço / enchouriçar chumaço / enchumaçar cheio / encher, enchimento enchova / enchovinha Lí n g u a P o r tu g u es a 8 • Nas palavras após “re”: brecha, trecho, brechó • nas palavras aportuguesadas, oriundas de outros idio- mas: salsicha / do itálico “salsíccia” sanduíche / do inglês “sandwich” chapéu / do francês “chapei” chope / do francês “chope” e do alemão “Schoppen” • O “ch” provém, também, da formação do dígrafo “ch” latino que se originou da evolução ao longo dos tempos: cheirar, cheio, chão, chaleira etc. Emprego do “X” • O “x” representa cinco fonemas tradicionais: – “s” em final de sílabas seguido de consoante: extático, externo, experiência, contexto etc. – “z” em palavras com prefixo “ex”, seguido de vogal: exame, exultar, exequível etc. – “ss” como “ss” intervocálico: trouxe,próximo, sintaxe etc. – “ch” no início ou no interior de algumas palavras: xícara, xarope, luxo, ameixa etc. – “cs” no meio ou no fim de algumas palavras: fixo, tórax, conexão, tóxico etc. Obs.: Quando no final de sílabas o “x” não for prece- dido da vogal “a”, deve-se empregar o “s” em vez de “x”: misto, justaposição etc. • Em vocábulos de origem árabe e castelhana: xadrez, oxalá, enxaqueca, enxadrista etc. • Em palavras de formação popular, africana ou indígena: xepa, xereta, xingar, abacaxi, caxumba, muxoxo, xa- vante, xiquexique, xodó etc. • Geralmente é usado após a sílaba inicial “en”, em pa- lavras primitivas: enxada, enxergar, enxaqueca, enxó, enxadrezar, enxam- brar, enxertar, enxoval, enxovalhar, enxurrada, enxofre, enxovia, enxuto etc. Exceções: encher, derivada de cheio anchova ou enchova e seus derivados etc. Obs.: Se a palavra é derivada, dependerá da grafia da primitiva. charco – encharcar; chocalho – enchocalhar chafurda – enchafurdar; chouriço – enchouriçar chumaço – enchumaçar (estofar) etc. • Emprega-se o “x” após ditongos: ameixa, caixa, peixe, feixe, frouxo, deixar, baixa, rou- xinol etc. Exceções: caucho, cauchal, caucheiro, recauchutar, recauchuta- gem etc. • Emprega-se “ex” quando seguido de vogal: exame, exército, exato etc. • Emprega-se “ex” quando se segue: PLI – exPLIcar CI – exCItante Ce – exCElência PLo – exPLOrar Uso do “E” • Nos verbos terminados em “uar”, “oar”, nas formas do presente do subjuntivo: continuar – continue – continues efetuar – efetue – efetues habituar – habitue – habitues averigue – averigues perdoar – perdoe – perdoes abençoar – abençoe – abençoes • Palavras formadas com o prefixo “ante”: antecipar, anterior, antevéspera Uso do “I” • Nos verbos terminados em “uir” nas segunda e tercei- ra pessoas do singular do presente do indicativo e a segunda pessoa do singular do imperativo afirmativo: constituir – constitui – constituis possuir – possui – possuís influir – influi – influis fluir – flui – fluis diminuir – diminui – diminuis instituir – institui – instituis Uso do “O” e do “U” A letra “o” átono pode soar como “u”, acarretando he- sitação na grafia. Pode-se recorrer ao artifício da comparação com palavras da mesma família: abolir – abolição tábua – tabular comprimento – comprido cumprimento – cumprimentar explodir – explosão Algumas Dificuldades Gramaticais Notações sobre o uso de “mal” e “mau”: • Usa‑se “mal” nos seguintes casos: Como substantivo (opõe-se a “bem”) Assim varia de número (males) e, geralmente, vem precedido de artigo: “O chato da bebida não é o mal que ela nos pode trazer, são os bêbados que ela nos traz.” (Leon Eliachar) “Para se trilhar o caminho do mal, é indispensável não se importar com o constrangimento.” (Fraga) Como advérbio (opõe-se a “bem”) Nesse caso, modifica o verbo, o adjetivo e o próprio advérbio: “Andam mal os versos de pé quebrado.” (Jaab) Lí n g u a P o r tu g u es a 9 “Varam o espaço foguetes mal intencionados.” (Cecília Meireles) “Mendicância vai muito mal: falta de verba.” (Sylvio Abreu) Como conjunção equivale a quando, assim que, apenas: “Mal o Flamengo entrou em campo, foi delirantemente aplaudido”. “Mal colocou o papel na máquina, o menino começou a empurrar a cadeira pela sala, fazendo um barulho infernal”. (Fernando Sabino) • Usa‑se “mau” nos seguintes casos Como adjetivo (opõe-se a bom) Modifica o substantivo a que se relaciona: “Um bom romance nos diz a verdade sobre o seu herói, mas um mau romance nos diz a verdade sobre seu autor”. (Chesterton Apud Josué Montello) “Quando a previsão diz tempo bom, isso é mau.” (Leon Eliachar) Como substantivo Normalmente vem precedido de artigo: “Por que não prender os maus para vivermos tranqui- los?” “O Belo e o Feio... O Bom e o Mau... Dor e Prazer”. (Mário Quintana) “... só que viera a pé e foi-se sentado, cansado talvez de cavalgar por montes e vales do Oeste, e de tantas lutas contra os maus”. (CDA) Notações sobre o uso de “a”, “há” e “ah” • Usa‑se “há” Com referência a tempo passado: “Estou muito doente. Há dez anos venho sofrendo de mal súbito”. (Aldu) “Isso aconteceu há quatro ou cinco anos”. (Rubem Braga) Quando é formado do verbo haver: “Já não há mais tempo. O futuro chegou”. “O garçom era atencioso, você sabia que há garçons atenciosos?” (CDA) • Usa‑se “a” Com referência a tempo futuro: “... mas daí a pouco tinha a explicação”. (Machado de Assis) “Fui casado, disse ele, depois de algum tempo, daqui a três meses posso dizer outra vez: sou casado”. (Ma- chado de Assis) • Usa‑se “ah” Como interjeição enfatizante: “Ah, ia-se me esquecendo: um escritório funcional deve ter também uma secretária funcional”. (Leon Eliachar) “Ah! Disse o velho com indiferença”. (Machado de Assis) Notações sobre o uso de “mas”, “más” e “mais” • Mas É conjunção adversativa (dá ideia de oposição, retifi- cação): “Sinto muito, doutor, mas não sinto nada”. (Aldu) “O dinheiro não traz felicidade, mas acalma os nervos”. (Aldu) • Más Plural feminino de “MAU” “Não tinha más qualidades, ou se as tinha, eram de pouca monta”. (Machado de Assis) “Não há coisas, na vida, inteiramente más”. (Mário Quintana) • Mais advérbio de intensidade “As fantasias mais usadas no carnaval são: homem vestido de mulher e mulher vestida de homem”. (Leon Eliachar) Ele nunca está satisfeito. Sempre quer mais do que recebe. Notações sobre o uso do porquê (e variações) • Porque – Conjunção causal ou explicativa: “Vende-se um segredo de cofre a quem conseguir abrir o cofre, porque o dono não consegue”. (Leon Eliachar) “Os macróbios são macróbios porque não acreditam em micróbios”. (Mário Quintana) • Por que – Nas interrogações “ – Diga-se cá, por que foi que você não apareceu mais lá em casa?” (Graciliano Ramos) (Interrogativa direta) “Não sei por que você foi embora”. (Interrogação indi- reta) Como pronome relativo, equivalente a o qual, a qual, os quais, as quais. “Não sei a razão por que me ofenderam”. “Contavam fatos da vida, incidentes perigosos por que tinham passado”. (José Lins do Rego) • Por quê – No final da frase. “Mas por quê? Por quê? Por amor? (Eça de Queiroz) “Sou a que chora sem saber por quê”. (Florbela Espanca) • Porquê É substantivo e, então, varia em número; normalmen- te, o artigo o precede: “Eu sem você não tenho porquê”. (Vinícius de Morais) “Só mesmo Deus é quem sabe o porquê de certas von- tades femininas, se é que consegue saber.” (CDA) Notações sobre o uso de “quê” e “’que” • Quê Como interjeição exclamativa (seguida de ponto de exclamação): “Quê! Você ainda não tomou banho?” No final de frases: Zombaria de todos, mesmo sem saber de quê. “Medo de quê?” (José Lins do Rego) Como substantivo “Um quê misterioso aqui me fala.” (Gonçalves Dias) “A arte de escrever é, por essência, irreverente e tem sempre um quê de proibido...” (Mário Quintana) • Que Em outros casos usa-se a forma sem acento: “Da igreja – exclamou. Que horror.” (Eça de Queiroz) “E que sonho mau eu tive.” (Humberto de Campos) Lí n g u a P o r tu g u es a 10 Notações sobre o uso de “onde”, “aonde” e “donde” • Onde É estático. Usa-se com os verbos chamados de repouso, situação, fixação, como o verbo “ser” e suas modali- dades (estar – permanecer) e outros (ficar, estacionar etc.); corresponde a “lugar em que” (ubi, em latim): “Onde foi inventado o feijão com arroz? (Clarice Lis- pector) “Vende-se uma bússola enguiçada. Infelizmente não sei onde estou, senão não venderia a bússola”. (Leon Eliachar) • Aonde É dinâmico. usa-se com os verbos chamados de mo- vimento, como ir, andar, caminhar etc.; corresponde a lugar em que (quo, em latim): “Tal prática era possível na cidade, aonde ainda não haviam chegado os automóveis.” (Manuel Bandeira) “Se chegares sempre aonde quiseres, ganharás”. (Paulo Mendes Campos) • Donde Equivale a “de onde” e apresenta ideiade afastamento; corresponde a lugar do qual (unde, em latim): “Tomás estava, mas encerrara-se no quarto, donde só saíra...” (Machado de Assis) “Às vezes se atiram a distantes excursões donde regres- sas com uma enorme lava.” (Manoel Bandeira) Notações sobre o uso de “senão” e “se não” • Senão Conjunção adversativa com o sentido de “em caso contrário”, “de outra forma”: “Cala a boca, mulher, senão aparece polícia”. (Rachel de Queiroz) Com o sentido de “mas sim” e com o sentido de “a não ser”: “Ele, a quem eu nada podia dar senão minha sincerida- de, ele passou a ser uma acusação de minha pobreza”. (Clarice Lispector) Quando substantivo com o sentido de “falha”, “defei- to”, “imperfeição”. Admite, então, flexão de número: “Esfregam as mãos, têm júbilos de solteiras histéricas, dão pulinhos, apenas porque encontram senões miúdos nas páginas que não saberiam compor”. (Josué Montello) • Se não Quando conjunção condicional “se”: ‘’Se não fosse Van Gogh, o que seria do amarelo?” (Mário Quintana) Quando advérbio de negação “Não” “Os ex-seminaristas, como os ex-padres, permanecem ligados indissoluvelmente à Igreja. Se não, pela fé – pelo rito”. (Josué Montello) ‘’Se não fosse Van Gogh, o que seria do amarelo?” (Mário Quintana) Notações sobre “afim” e “a fim de” • Afim Adjetivo com o sentido de parente, próximo: “... era meu parente afim, [...] interrogou-nos de cara amarrada e mandou-nos embora.” (CDA) Naquele grupo todos eram afins; por isso brigavam tanto. • A fim Locução prepositiva; dá ideia de finalidade; equivale a “para”: Viajou a fim de se esconder. “Metade da massa ralada vai para a rede da goma, a fim de se lhe tirar o excesso de amido”. (Rachel de Queiroz) Notações sobre o uso de “a par” e “ao par” • A par Tem o significado de conhecer, saber, tomar conheci- mento: Estamos a par da evolução técnica. • Ao par Tem o significado de igual, equilibrado, paralelo: O câmbio está ao par. Emprego do Hífen (Conforme a Nova Ortografia) a) Não será usado hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com r ou s. essas letras serão duplicadas. observe as regras no quadro abaixo. Velha Regra Nova Regra ante-sala anti-reumatismo antessala antirreumatismo auto-recuo contra-senso autorrecuo contrassenso extra-rigoroso infra-solo extrarrigoroso infrassolo ultra-rede ultra-sentimental ultrarrede ultrassentimental semi-sótão supra-renal semissótão suprarrenal supra-sigiloso suprassigiloso Os prefixos hiper-, inter- e super‑ se ligam com hífen a elementos iniciados por r. hiper-risonho, hiper-realidade, hiper-rústico, hiper-regu- lagem, inter-regional, inter-relação, inter-racial, super- -ramificado, super-risco, super-revista. b) Passa a ser usado o hífen, agora, quando o prefixo termina com a mesma vogal que inicia o segundo elemento. Lembremos que, nas regras anteriores ao acordo ortográfico, os prefixos abaixo eram grafados sem hífen diante de vogal. Observe o quadro: Velha Regra Nova Regra antiinflacionário antiictérico antiinflamatório anti-inflacionário anti-ictérico anti-inflamatório arquiinimigo arquiinteligente arqui-inimigo arqui-inteligente microondas microônibus microorganismo micro-ondas micro-ônibus micro-organismo Exceção: Não se usa hífen com o prefixo co-, mesmo que o segundo elemento comece com a vogal o: coordenação, cooperação, coocorrência, coocupante, coonestar, coobrigar, coobrar. Lí n g u a P o r tu g u es a 11 c) Não será mais usado quando o prefixo termina em vogal diferente da que inicia o segundo elemento. Lem- bremos que, nas regras anteriores ao acordo ortográfico, os prefixos abaixo eram sempre grafados com hífen antes de vogal. Observe o quadro: Velha Regra Nova Regra auto-análise auto-afirmação auto-adesivo auto-estrada auto-escola auto-imune autoanálise autoafirmação autoadesivo autoestrada autoescola autoimune extra-estatutário extra-escolar extra-estatal extra-ocular extra-oficial extraordinário* extra-urbano extra-uterino extraestatutário extraescolar extraestatal extraocular extraoficial extraordinário extraurbano extrauterino infra-escapular infra-escrito infra-específico infra-estrutura infra-ordem infraescapular infraescrito infraespecífico infraestrutura infraordem intra-epidérmico intra-estelar intra-orgânico intra-ósseo intraepidérmico intraestelar intraorgânico intraósseo neo-academicismo neo-aristotélico neo-aramaico neo-escolástica neo-escocês neo-estalinismo neo-idealismo neo-imperialismo neoacademicismo neoaristotélico neoaramaico neoescolástico neoescocês neoestalinismo neoidealismo neoimperialismo semi-erudito supra-ocular semierudito supraocular * observe que a palavra extraordinário já era escrita sem hífen antes do novo acordo. d) Não se usa mais o hífen em palavras compostas por justaposição, quando se perde a noção de composição e surge um vocábulo autônomo. Observe o quadro: Velha Regra Nova Regra manda-chuva mandachuva pára-quedas paraquedas pára-lama, pára-brisa paralama, parabrisa pára-choque parachoque Devemos observar que continuam com hífen: ano-luz, arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, tio-avô, mato-grossense, norte-americano, sul-africano, afro-luso- -brasileiro, primeiro-sargento, segunda-feira, guarda-chuva. e) Fica sendo regra geral o hífen antes de h: anti-higiênico, circum-hospitalar, co-herdeiro, contra- -harmônico, extra-humano, pré-histórico, sub-hepático, super-homem. O que não muda no hífen Continua‑se a usar hífen nos seguintes casos: • em palavras compostas que constituem unidade sin- tagmática e semântica e nas que designam espécies: ano-luz, azul-escuro, conta-gotas, guarda-chuva, segunda-feira, tenente-coronel, beija-flor, couve-flor, erva-doce, mal-me-quer, bem-te-vi; • com os prefixos ex‑, sota‑, soto‑, vice‑, vizo‑: ex-mulher, sota-piloto, soto-mestre, vice-campeão, vizo-rei; • com prefixos circum- e pan- se o segundo elemento começa por vogal h e m ou n: circum-adjacência, pan-americano, pan-histórico; • com prefixos tônicos acentuados pré-, pró- e pós- se o segundo elemento tem vida à parte na língua: pré-bizantino, pró-romano, pós-graduação; • com sufixos de base tupi-guarani que representam for- mas adjetivas: -açu, -guaçu, e -mirim, se o primeiro elemento acaba em vogal acentuada ou a pronúncia exige a distinção gráfica entre ambos: amoré-guaçu, manacá-açu, jacaré-açu, paraná-mirim; • com topônimos iniciados por grão- e grã- e forma ver- bal ou elementos com artigo: Grã-Bretanha, Santa Rita do Passa-Quatro, Baía de Todos-os-Santos, Trás-os-Montes etc; • com os advérbios mal e bem quando formam uma unidade sintagmática com significado e o segundo elemento começa por vogal ou h: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado, mal- -estar, mal-humorado. Obs.: os compostos com o advérbio bem se escrevem sem hífen quando tal prefixo é seguido por elemento iniciado por consoante: bem-nascido, bem-criado, bem-visto (ao contrário de “malnascido”, “malcriado” e “malvisto”). • nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem: além-mar, além-fronteiras, aquém-oceano, recém- -casados, sem-número, sem-teto. Hífen em locuções Não se usa hífen nas locuções (substantivas, adjetivas, pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjunti- vas), como em: cão de guarda, fim de semana, café com leite, pão de mel, pão com manteiga, sala de jantar, cor de vinho, à vontade, abaixo de, acerca de, a fim de que. São exceções algumas locuções consagradas pelo uso. É o caso de expressões como: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à queima-roupa. ACENTUAÇÃO GRÁFICA Regras Básicas Importante! A nova ortografia não mudou estas regras básicas de acentuação. Posição da sílaba tônica Terminação Exemplos Proparoxítonas todas lúcido, anátema, arsênico, paralele- pípedo. Lí n g u a P o r tu g u es a 12 Monossílabas tônicas a(s), e(s), o(s) lá, ré,pó, pás, mês, cós. Oxítonas a(s), e(s), o(s), em, ens crachá, Irecê, trenó, ananás, Urupês, retrós, armazém, parabéns. Paroxítonas r, n, l, x, ditongo, ps, i, is, us, um, uns, ão(s), ã(s). fêmur, próton, fá- cil, látex, colégio, pônei, bíceps, júri, lápis, bônus, álbum, fóruns, acórdão, ímã, órfãs. Obs.1: O que é um monossílabo tônico? Resposta: É mo- nossílabo com sentido próprio. Continua com seu sentido mesmo que fora da frase. geralmente, verbos, advérbios, substantivos e adjetivos. Quando não possui sentido, o monossílabo é átono. Compare: Tenho dó do menino. dó: monossílaba tônica; do: monossílaba átona (de + o). Os nomes das notas musicais são monossílabos tônicos: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si. Apesar de serem todos tônicos, acen- tuamos apenas: dó, ré, fá, lá. Dica! o sistema de acentuação da Língua Portuguesa se baseia nas terminações a(s), e(s), o(s), em, ens. Memorize! as paroxítonas terão acento quando a terminação for diferente de a(s), e(s), o(s), em, ens. Obs.2: O sinal til (~) não é acento. É apenas o sinal para indicar vogal com som nasal. Portanto: rã (monossílaba tônica sem acento), sã (feminino de são = saudável), irmã (oxítona sem acento), ímã (paroxítona com acento agudo e final ã). Obs.3: o único caso de palavra com dois acentos no Por- tuguês é verbo no futuro com pronome mesoclítico: Cantará o hino Cantará + o Cantar + o + á Cantá-lo-á. Note a forma verbal oxítona em “cantará” e em “cantá”. Regras Especiais As regras especiais resolvem casos que as regras bási- cas não resolvem. Atenção! Estas regras mudaram com a nova ortografia. Dica importante! Só muda na penúltima sílaba da pa- lavra. Lembrete: a pronúncia não se altera. Regra Nova dos Ditongos Ditongos abertos tônicos ei, oi perdem o acento na penúl- tima sílaba. Veja: i-dei-a, as-te-roi-de, joi-a, fac-toie, pla-tei-a, col-mei-a, es- -qui-zoi-de, E-ri-trei-a. Cuidado! Continuam acentuados éi e ói de oxítonas e mo- nossílabas tônicas de timbre aberto. Veja: Corrói, dói, fiéis, papéis, faróis, anéis, anzóis. Note que é a sílaba final. Não muda, continua acentuada. Lembre-se: só muda na penúltima sílaba da palavra. Também se conserva o acento do ditongo de timbre aberto éu. Veja: céu, véu, chapéu, escarcéu, ilhéu, tabaréu, mau- soléu. Note que é a sílaba final. Não muda. Atenção! Em “dêitico” temos proparoxítona. O acento deve-se à regra das proparoxítonas. Continua acentuado. Regra Nova de Vogais Duplicadas Perde acento a penúltima sílaba das terminações “ee” e “oo”. Verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados: eles creem, eles deem, eles leem, eles veem. eles descreem, eles releem, eles preveem. Lembrete: são verbos do CREDELEVER (crer, dar, ler, ver). Verbos com final –oar, –oer: perdoar: eu perdoo; voar: eu voo, o voo; moer: eu moo; roer: eu coo. Regra Nova do Hiato Perdem o acento o i e o u tônicos na penúltima sílaba, se precedidos de ditongo. Lembre-se: só muda na penúlti- ma sílaba. Veja: Sau-í-pe (velha) Sau-i-pe (nova regra) Bo-cai-ú-va (velha) Bo-cai-u-va (nova regra) Outros na nova regra: bai-u-ca, fei-u-ra. note que o acento dessas palavras desaparece da penúl- tima sílaba após ditongo. Atenção! Em Pi-au-í e tui-ui-ú, o acento está na sílaba final. Não muda nada. Cuidado! Em fri-ís-si-mo, se-ri-ís-si-mo, pe-rí-o-do, conti- nuamos tendo PROPAROXÍTONAS acentuadas. Não é regra do hiato com “i” ou “u”. Regra Nova do Trema Trema está extinto das palavras portuguesas e aportugue- samentos. Lembre que a pronúncia continua a mesma. O acordo é só ortográfico. Porém, é mantido o trema em nomes próprios estrangeiros e seus derivados: Müller, mülleriano, Hübner, hübneriano, Bündchen. Consequência: como o trema foi extinto, então perde o acento o u tônico de formas verbais rizotônicas (com acento na raiz) quando parte dos grupos que e qui, gue e gui: obliques, apazigue, argui, averigue. Regra Nova do Acento Diferencial Acento diferencial fica extinto na penúltima sílaba (pala- vras paroxítonas homógrafas): Para (verbo) x para (prep.); coa, coas (verbo) x coa, coas (com + a); pelo, pelos (subst.), pelo (verbo) x pelo, pelos (per + o); pela, pelas (subst. ou verbo) x pela, pelas (per + a; arcaico); polo, polos [filhote de gavião], polo, polos [extremidade](substantivos) x polo, polos (por + o; arcai- co); pera (subst.) x pera (= para; arcaico). Entretanto, é mantido pôde e pôr. Além desses, também mantidos têm e tem, vêm e vem. Pôde (passado) x pode (presente); pôr (verbo) x por (prep.). Têm (eles), tem (ele), vêm (eles), vem (ele). Curiosidade! Caso da Proparoxítona Eventual ou Aparente Palavras paroxítonas terminadas em ditongo crescente (semivogal + vogal) podem ser pronunciadas como se fosse hiato no final. Veja: Históriaduas pronúncias: his-tó-ria ou his-tó-ri-a Vácuoduas pronúncias: vá-cuo ou vá-cu-o Cárieduas pronúncias: cá-rie ou cá-ri-e Colégioduas pronúncias: co-lé-gio ou co-lé-gi-o E com hiato final, tais palavras são chamadas proparo- xítonas eventuais. Lí n g u a P o r tu g u es a 13 as duas pronúncias são aceitas. a pronúncia como hiato no final atende ao uso regional de Portugal. Note bem: são duas pronúncias, mas apenas uma separação silábica correta (como ditongo final). Interessante, não é mesmo?! DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL Emprego de Elementos de Referenciação, Substituição e Repetição, de Conectores e Outros Elementos de Sequenciação Textual Coesão consiste em articular palavras, conectar frases, bem como fazer referir uma parte do texto a outra. Para isso, empregam-se pronomes, conjunções, sinônimos etc. Processos Coesivos a coesão referencial pode ocorrer em substituição, re- petição e em referência. Pode ser: • Anafórica: o elemento mais significativo é anterior no texto. • Catafórica: o elemento mais significativo é posterior no texto. Vamos analisar a coesão em um texto. Ele chegou cedo. Queria ver tudo: animais, palhaços, tra- pezistas. Pedro encantou-se com a girafa e os leões. Aquela era gigante, mas não assustava como estes. Anafórico (referido ou substituído) elo Catafórico (antecipado) ele Pedro ele Queria Pedro tudo animais, palhaços, trapezistas girafa aquela Leões estes Importante! revisar o emprego de pronomes, sobretudo nas referências dentro de um texto. a coesão sequencial consiste no emprego de conectores para articular palavras, trechos, frases, orações e compor um enunciado harmonioso. Vejamos o emprego de conectores na coesão sequencial. Articulação Sintática de Oposição Coordenação adversativa. Articuladores: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto. A polícia conseguiu prender todos os ladrões, mas as joias ainda não foram recuperadas. A polícia conseguiu prender todos os ladrões, entretanto as joias ainda não foram recuperadas. emprego correto. apenas o mas tem uma posição fixa, no início da oração. Portanto: A polícia conseguiu prender todos os ladrões, as joias mas ainda não foram recuperadas. (errado) a palavra mas pode funcionar sintaticamente como arti- culador sintático de oposição e a palavra entretanto, apenas como reforço. A polícia conseguiu prender todos os ladrões, mas, po- rém, as joias ainda não foram recuperadas. A polícia conseguiu prendeu todos os ladrões, mas as joias, entretanto, ainda não foram recuperadas. Subordinação concessiva. Articuladores: embora, muito embora, ainda que, conquanto, posto que, que são con- junções ou locuções conjuntivas concessivas, e também apesar de, a despeito de, não obstante, que são locuções prepositivas. Embora a polícia tenha conseguido prender todos os ladrões, as joias ainda não foram recuperadas. emprego correto. as conjunções concessivas exigem o modo subjuntivo nas orações que introduzem. As locuções prepositivas reduzem as orações que introduzem à forma infinitiva: Apesar de a polícia ter conseguido prender todos os la- drões, as joias ainda não foram recuperadas. Articulação Sintática de Causa Principais articuladores: conjunções e locuçõesconjunti- vas: porque, pois, como, por isso que, já que, visto que, uma vez que; preposições e locuções prepositivas: por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a, em consequência de, por motivo de, por razões de. não fui até roma porque estava com pressa de regressar ao Brasil. Emprego correto. Utilizando as conjunções e locuções conjuntivas, o verbo se mantém em seu tempo finito. Uti- lizando, entretanto, as locuções prepositivas, o verbo da oração assume a forma do infinito: não fui até roma, em virtude de estar com pressa de regressar ao Brasil. Na articulação sintática de causa, a oração causal pode preceder a oração principal: Porque estava com pressa de regressar ao Brasil, não fui até roma. Em virtude de estar com pressa de regressar ao Brasil, não fui até roma. Articulação Sintática de Conclusão Principais articuladores: logo, portanto, então, assim, por isso, por conseguinte, pois (posposto ao verbo), de modo que, em vista disso. Sidney vendeu sua moto prateada, logo só poderá viajar de carro. emprego correto. Logo e de modo que só se empregam antes do verbo. a conjunção pois só se emprega depois do verbo. as outras podem ser empregadas antes ou depois do verbo. agnaldo comprou um capacete, de modo que usará sua moto com maior segurança. Agnaldo comprou um capacete, usará, por isso, sua moto com maior segurança. Agnaldo comprou um capacete, usará, pois, sua moto com maior segurança. Sequências, entretanto, que inverterem a ordem dos ar- ticuladores ou serão malformadas ou terão outros sentidos: Agnaldo comprou um capacete, usará de modo que, sua moto com maior segurança. agnaldo comprou um capacete, pois usará sua moto com maior segurança. Lí n g u a P o r tu g u es a 14 Articulação Sintática de Condição Articulador: se. É o único que leva o verbo ao futuro do subjuntivo, quando a oração principal está no futuro do presente ou no presente do indicativo com valor de futuro: Se você viajar hoje à noite, poderá descansar mais ama- nhã. Se você viajar hoje à noite, pode descansar mais amanhã. Outros articuladores: caso, contanto que, desde que, a menos que, a não ser que. Esses outros articuladores, na mesma condição, levam o verbo da oração que introduzem ao presente do subjuntivo: Caso você viaje hoje à noite, poderá descansar mais amanhã. emprego correto. A menos que e a não ser que incorpo- ram a marca de negação de uma oração condicional. esses articuladores somente se aplicam em orações condicionais negativas, portanto têm a propriedade de cancelar o advér- bio não. Uma sequência como: Se você não prestar atenção, vai errar. Com a condicional negativa iniciada pelo articulador se, manifesta a negação por intermédio do advérbio não. se utilizarmos a menos que, por exemplo, teremos: A menos que você preste atenção, vai errar. Onde o não fica sendo desnecessário. Articulação Sintática de Fim A maneira mais comum de manifestar finalidade é utili- zando a preposição para, em sequências como Os salários precisam subir para que haja uma recupera- ção do mercado consumidor. Os salários precisam subir para haver uma recuperação do mercado consumidor. Outros articuladores: a fim de, com o propósito de, com a intenção de, com o fito de, com o intuito de, com o ob- jetivo de. Emprego correto. Normalmente estes outros articula- dores se utilizam em situação em que, na oração principal, haja uma construção agentiva. Assim, uma sequência textual como Ricardo promoveu Carlos, com o objetivo de angariar mais votos. é perfeitamente aceitável. Já uma sequência como Os salários precisam subir com o objetivo de haver uma recuperação do mercado consumidor. fica menos aceitável. Ambiguidade do Gerúndio em muitos dos casos anteriores, é possível estabelecer uma articulação sintática sem usar especificamente os ar- ticuladores, bastando para tanto deixar o verbo da oração subordinada no gerúndio. Articulação Sintática de Causa estando com pressa de regressar ao Brasil, não fui até roma. Articulação Sintática de Condição Viajando hoje, você poderá descansar amanhã. Articulação Sintática de Fim Ricardo promoveu Carlos, objetivando angariar mais votos. Verbo Verbo é palavra variável que expressa ação (estudar), posse (ter, possuir), fato (ocorrer), estado (ser, estar) ou fenômeno (chover, ventar), situados no tempo: chove agora, choveu ontem, choverá amanhã. Conjugação é a distribuição dos verbos em sistemas conforme a terminação do infinitivo: -ar → cantar, estudar: primeira conjugação; -er → ver, crer: segunda conjugação; -ir → dirigir, sorrir: terceira conjugação. As vogais “a, e, i” dessas terminações chamam-se vogais temáticas. Somente “pôr” e derivados (compor, repor) ficam sem vogal temática no infinito, mas têm nas conjugações: põe, pusera etc. Radical é a parte invariável do verbo no infinitivo, retirada a vogal temática e a desinência “-r”: cant-, cr-, dirig- Tema é a junção da vogal temática ao radical: canta-, cre-, dirigi- Rizotônica é a forma verbal com vogal tônica no radical: estUda, vIvo, vImos. Arrizotônica é a forma verbal com vogal tônica fora do radical: estudAmos, vivEis, virIam. Flexão verbal pode ser de número (singular e plural), de pessoa (primeira, segunda, terceira) ou de tempo e modo. Flexão de número: no singular, eu aprendo, ele chega; no plural, nós aprendemos, eles chegam. Flexão de pessoa: na primeira pessoa, ou emissor da mensagem, eu canto, nós cantamos; eu venho, nós vimos. Na segunda pessoa, o receptor da mensagem, tu cantas, vós cantais; tu vens, vós viestes. Obs.: Quando “vós” se refere a uma só pessoa, indica singular apesar de tomar a flexão plural: Senhor, Vós que sois todo poderoso, ouvi minha prece. Flexão de tempo situa o momento do fato: presente, pretérito e futuro. São três tempos primitivos: infinitivo impessoal, presente do indicativo e pretérito perfeito simples do indicativo. Derivações: 1) Do infinitivo impessoal, surge o pretérito imperfeito do indicativo, o futuro do presente do indicativo, o futuro do pretérito do indicativo, o infinitivo pessoal, o ge- rúndio e o particípio. 2) Da primeira pessoa do singular (eu) do presente do indicativo, temos o presente do subjuntivo. 3) Da terceira pessoa do plural do pretérito perfeito simples do indicativo, obtemos o pretérito mais que perfeito do in- dicativo, o pretérito imperfeito do subjuntivo e o futuro do subjuntivo. Os tempos podem assumir duas formas: a) Simples: um só verbo: Estudo Francês. Terminamos o livro. Faremos revisão. b) Composto: verbos “ter” ou “haver” com particípio: tenho estudado, tínhamos estudado, haveremos feito. Flexão de Modo Modo indica atitude do falante e condições do fato: Modo Indicativo Traduz geralmente a segurança: Estudei. não agi mal. amanhã chegarão os convites. Lí n g u a P o r tu g u es a 15 Tempos do Modo Indicativo a) Presente: basicamente significa o fato realizado no momento da fala. Ex.: Ele estuda Francês. A prova está fácil. Pode significar também: 1. Permanência: O Sol nasce no Leste. José é pai de Jesus. A Constituição exige isonomia. 2. Hábito: Márcio leciona Português. Vou ao cinema todos os domingos. 3. Passado histórico: Cabral chega ao Brasil em 1500. Militares governam o Brasil por 20 anos. 4. Futuro próximo: Amanhã eu descanso. No próximo ano, o país tem eleições. 5. Pedido: Você me envia os pedidos do memorando amanhã. o presente dos verbos regulares se forma com adição ao radical das terminações: • 1.a conjugação: -o, -as, -a, -amos, -ais, -am. Canto, cantas, canta, cantamos, cantais, cantam. • 2.a conjugação: -o, -es, -e, -emos, -eis, -em. Vivo, vives, vive, vivemos, viveis, vivem. • 3.a conjugação: -o, -es, -e, -imos, -is, -em. Parto, partes, parte, partimos, partis, partem. b) Pretérito imperfeito: Passado em relação ao momento da fala, mas simultâneo em relação a outro fato passado. Pode significar: 1. Hábitos no passado: Quando jogava no santos, Pelé fazia golsespetaculares. 2. Descrição no passado: Ela parecia satisfeita. A estrada fazia uma curva fechada. 3. Época: Era tempo da seca quando Fabiano emigrou. 4. Simultaneidade: Paulo estudava quando cheguei. Estava conversando quando a criança caiu. 5. Frequência, causa e consequência: Eu sorria quando ela chegava. 6. Ação planejada, mas não feita: Eu ia estudar, mas chegou visita. Pretendíamos chegar cedo, mas houve congestionamento. 7. Fábulas, lendas: Era uma vez um professor que can- tava... 8. Fato preciso, exato: Duas horas depois da prova, o gabarito saía no site da banca. o imperfeito se forma com adição ao radical das termi- nações a seguir (exceto ser, ter, vir e pôr): • 1.a conjugação: -ava, -avas, -ava, -ávamos, -áveis, -avam. Cantava, cantavas, cantava, cantávamos, can- táveis, cantavam. • 2.a e 3.a conjugação: -ia, -ias, -ia, -íamos, -íreis, -iam. Vivia, vivias, vivia, vivíamos, vivíeis, viviam. c) Pretérito perfeito simples: ação passada terminada antes da fala. Forma-se, nos verbos regulares, com adição ao radical das terminações: • 1.a conjugação: -ei, -aste, -ou, -amos, -astes, -aram. Cantei, cantaste, cantou, cantamos, cantastes, cantaram. • 2.a conjugação: -i, -este, -eu, -emos, -estes, -eram. Vivi, viveste, viveu, vivemos, vivestes, viveram. • 3.a conjugação: -i, -iste, -iu, -imos, -istes, -iram. Parti, partiste, partiu, partimos, partistes, partiram. d) Pretérito perfeito composto: Indica repetição ou continuidade do passado até o presente: Tenho feito o me- lhor possível. não temos nos prejudicado. Forma-se com o presente do indicativo de TER (ou HAVER) mais o particípio. e) Pretérito mais que perfeito simples: Fato concluído antes de outro no passado. Usa-se: 1. Em situações formais na escrita: Já explicara o con- teúdo na aula anterior. 2. Para substituir o imperfeito do subjuntivo: Compor- tou-se como se fora (=fosse) senhora das terras. 3. Em frases exclamativas: Quem me dera trabalhar no senado. Forma-se trocando o final – ram (cantaram, viveram, partiram) por: -ra, -ras, -ra, -ramos, -reis, -ram. Cantara, cantaras, cantara, cantáramos, cantáreis, cantaram. Vivera, viveras, vivera, vivêramos, vivêreis, viveram. Partira, partiras, partira, partíramos, partíreis, partiram. f) Pretérito mais que perfeito composto: o mesmo sentido da forma simples. Usado na língua falada e também na escrita, sem causar erro, nem diminuir o nível culto: Já tinha explicado o conteúdo na aula anterior. Forma-se com o imperfeito de ter ou haver mais o particípio: havia explicado, tinha vivido (=vivera), havia partido (partira). g) Futuro do presente simples: Fato posterior em relação à fala: Trabalharei no Senado em dois anos. E também: 1. Fatos prováveis, condicionados: Se os juros caírem, existirá mais consumo. 2. Incerteza, dúvida: Será possível uma coisa dessas? Por que estarei aqui? Forma-se com adição ao infinitivo das seguintes ter- minações: -ei, -ás, -á, -emos, -eis, -ão. Cantarei, cantarás, cantará, cantaremos, cantareis, cantarão. Viverei, viverás, viverá, viveremos, vivereis, viverão. Partirei, partirás, partirá, partiremos, partireis, partirão. (Exceto fazer, dizer e trazer, que mudam o “z” em “r”.) Obs.: Locuções verbais substituem o futuro do presente simples. Veja: • Com ideia de intenção: Hei de falar com ele até domingo. • Com ideia de obrigação: Tenho que falar com ele até domingo. • Com ideia de futuro próximo ou imediato: verbo “ir” mais infinitivo (exceto ir e vir): Que fome! Vou almoçar. Corre, que o carro vai sair. (vou ir, vou vir – erros) h) Futuro do presente composto: Indica: 1. Futuro realizado antes de outro futuro: Já teremos lido o livro quando o professor perguntar. 2. Possibilidade: Já terão chegado? Forma-se com o futuro do presente de ter (ou haver) mais o particípio: teremos lido, haveremos lido. i) Futuro do pretérito simples: 1. Futuro em relação a um passado: Ele me disse que estaria aqui até as 17h. 2. Hipóteses, suposições: Iríamos se ele permitisse. 3. Incerteza sobre o passado: Quem poderia com isso? ele teria 25 anos quando se formou. 4. Surpresa ou indignação: Nunca aceitaríamos tal humilhação! Seria possível uma crise assim? 5. Desejo presente de modo educado: Gostariam de sair conosco? Poderia me ajudar? Forma-se com adição ao infinitivo de: -ia, -ias, -ia, -ía- mos, -íeis, -iam. Cantaria, cantarias, cantaria, cantaríamos, cantaríeis, cantariam. Viveria, viverias, viveria, viveríamos, viveríeis, viveriam. (Exceto fazer, dizer, trazer, que trocam “z” por “r”: faria, diria, traria.) Lí n g u a P o r tu g u es a 16 • Futuro do pretérito composto: suposição no passado: se os juros caíssem, o consumo teria aumentado. • Incerteza no passado: Quando teriam entregado as notas? • Possibilidade no passado: Teria sido melhor ficar. Forma-se com o futuro do pretérito simples de ter (ou haver) mais o particípio: teria aumentado, teriam entregado. Modo Subjuntivo Traduz incerteza, dúvida, possibilidade. Usado sobre- tudo em orações subordinadas: Quero que ele venha logo. Gostaria que ele viesse logo. Será melhor se ele vier a pé. Tempos do Modo Subjuntivo a) Presente: indica presente ou futuro: É pena que o país esteja em crise. (presente) Espero que os empregos voltem. (futuro) Forma-se trocando o final “-o” do presente (canto, vivo, parto) por: • 1ª conjugação: -e, -es, -e, -emos, -eis, -em. Cante, cantes, cante, cantemos, canteis, cantem. • 2ª e 3ª conjugação: -a, -as, -a, -amos, -ais, -am. Viva, vivas, viva, vivamos, vivais, vivam. Exceção: dar, ir, ser, estar, querer, saber, haver. Dê, dês, dê, demos, deis, deem; vá, vás, vá, vamos, vais, vão; seja...; queira...; saiba...; haja... b) Pretérito imperfeito: ação simultânea ou futura: Duvi- dei que ele viesse. eu queria que ele fosse logo. gostaríamos que eles trouxessem os livros. Forma-se trocando o final “-ram” do perfeito simples do indicativo (cantaram, viveram, partiram) por: -sse, -sses, -sse, -ssemos, -sseis, -ssem. Cantasse, cantasses, cantasse, cantássemos, cantásseis, cantassem; vivesse...; partisse... • Pretérito perfeito: suposta conclusão antes do tempo da fala: Talvez ele tenha chegado. Duvido que ela tenha saído sozinha. • Suposta conclusão antes de um futuro: É possível que ele já tenha chegado quando vocês voltarem. Forma-se com o presente do subjuntivo de ter (ou haver) mais o particípio: tenha chegado, tenha saído. c) Pretérito mais que perfeito: passado suposto antes de outro passado: Se tivessem lido o aviso, não se atrasariam. Forma-se com o imperfeito do subjuntivo de ter (ou haver) mais o particípio: tivessem lido. d) Futuro simples: suposição no futuro: Posso aprender o que quiser. Poderei aprender o que quiser. Forma-se trocando o final “-ram” do perfeito do indica- tivo (cantaram, viveram, partiram) por: r, res, r, rmos, rdes, rem. Quando/que/se cantar, cantares, cantar, cantarmos, cantardes, cantarem. Quando/que/se viver, viveres, viver, vivermos, viverdes, viverem. e) Futuro composto: futuro suposto antes de outro: Isso será resolvido depois que tivermos recebido a verba. Forma-se com o futuro simples do subjuntivo de ter (ou haver) mais o particípio: tivermos recebido. Modo Imperativo expressa ordem, conselho, convite, súplica, pedido, a de- pender da entonação da voz. Dirige-se aos ouvintes apenas: tu, você, vós, vocês. • Quando o falante se junta ao ouvinte, usa-se a primeira pessoa plural (nós): cantemos, vivamos. • O imperativo pode ser suavizado com: a) Presente do indicativo: Você me ajuda amanhã. b) Futuro do presente: Não matarás, não furtarás. c) Pretérito imperfeito do subjuntivo: Se você falasse baixo! d) Locução com imperativo de ir mais infinitivo: Felipe rasgou a roupa; não vá brigar com ele. e) Expressões de polidez (por favor, por gentileza etc.): Feche a porta, por favor. f) Querer no presente ou imperfeito (interrogação), ou imperativo, mais infinitivo: Quer calar a boca? Queria calar a boca? Queira calar aboca. g) Infinitivo (tom impessoal): Preencher as lacunas com a forma verbal adequada. • O imperativo pode ser reforçado: a) Com repetição: Saia, saia já daqui! b) Advérbio e expressões: Venha aqui! Repito outra vez, fique quieto! Suma-se, seu covarde! • O imperativo pode ser: a) Afirmativo 1. Tu e vós vêm do presente do indicativo, retiran- do-se “-s” final: deixa (tu), deixai (vós). Exceção: “ser” forma sê (tu) e sede (vós). Verbo “dizer” e terminados em “-azer” e “-uzir” podem perder “-es” ou só “-s”: diz/dize (tu), traz/ traze (tu), traduz/traduze (tu). 2. Você, nós e vocês vêm do presente do subjunti- vo: deixe (você), deixemos (nós), deixem (vocês). Verbos sem a pessoa “eu” no presente indicativo terão apenas tu e vós: abole (tu), aboli (vós). b) Negativo Copia exatamente o presente do subjuntivo: não deixes tu, não deixe você, não deixemos nós, não deixeis vós, não deixem vocês. Verbos sem “eu” no presente indicativo não pos- suem imperativo negativo. Formas Nominais Não exprimem tempo nem modo. Valores de substantivo ou adjetivo. São: infinitivo, gerúndio e particípio. a) Infinitivo é a pura ideia da ação. 1. Infinitivo impessoal: não se refere a uma pessoa, nenhum sujeito próprio. Ex.: É agradável viajar. Posso falar com João. Usos: • Como sujeito: Navegar é preciso, viver não é preciso. • Como predicativo: Seu maior sonho é cantar. • Objeto direto: Admiro o cantar dos pássaros. • Objeto indireto: Gosto de viajar. • Adjunto adnominal: Comprei livros de desenhar. • Complemento nominal: Este livro é bom de ler. • Em lugar do gerúndio: Estou a pensar (=Estou pensan- do). • Valor passivo: O dano é fácil de reparar. Frutas boas de comer. • Tom imperativo: O que nos falta é estudar. Lí n g u a P o r tu g u es a 17 Duas formas do infinitivo impessoal: • Simples (valor de presente). Ações de aspecto não concluído: Estudar Português ajuda em todas as provas. Perder o jogo irrita. • Composto (passado). Ações de aspecto concluído: Ter estudado Português ajuda nas provas. Ter perdido o jogo irrita. 2. Infinitivo pessoal: refere-se a um sujeito próprio. Ex.: não estudou para errar. não estudei para errar. não estu- damos para errarmos. não estudaram para errarem. Usos: • Mesmo sujeito: Para nós sermos pássaros, precisamos de imaginação. • Sujeitos diferentes: (Eu) Ouvi os pássaros cantarem. (eu x os pássaros) • Preposicionado: Nós lhes dissemos isso por sermos amigos. Nós lhes dissemos por serem amigos. • Sujeito indeterminado: Naquela hora ouvi chegarem. Duas formas do infinitivo pessoal: • Simples (presente). Aspecto não concluído: Por chegar- mos cedo, estamos em dia. Por chegarmos cedo, obtivemos uma vaga. • Composto (passado). Aspecto concluído: Por termos chegado cedo, estamos em dia. Por termos chegado cedo, obtivemos uma vaga. b) Gerúndio é processo em ação. Papel de adjetivo ou de advérbio: Chegou com os olhos lacrimejando. Vi-o cantando. Usos: 1. Início da frase para: I) ação anterior encerrada (Ju- rando vingança, atacou o ladrão.); II) ação anterior e continuada (Fechando os olhos, começou a imaginar a festa.). 2. Após um verbo, para ação simultânea: Saí cantando. Morreu jurando inocência. 3. Ação posterior: Os juros subiram, reduzindo o consumo. Duas formas de gerúndio: • Simples (presente): aspecto não concluído. Ex.: Sor- rindo, olha para o pai. Ignorando os perigos, continuou na estrada. => Forma-se trocando o “-r” do infinitivo por “-ndo”. • Composto (passado): aspecto de ação concluída. Ex.: tendo sorrido, olhou para o pai. tendo compreendido os perigos, abandonou a estrada. c) Particípio Com verbo auxiliar: 1. ter ou haver, locução verbal chamada tempo com- posto (não varia em gênero e número): A polícia tem prendido mais traficantes. Já havíamos chegado quando você veio. 2. Ser ou estar, locução verbal (varia em gênero e nú- mero): Muitos ladrões foram presos pela milícia. os corruptos estão presos. Sem verbo auxiliar: Estado resultante de ação encerrada: Derrotados, os sol- dados não ofereceram resistência. Forma-se trocando o “-r” do infinitivo por “-do”: beber=>bebido, aparecer=> aparecido, cantar=>cantado. Atenção! • Vir e derivados têm a mesma forma no gerúndio e no particípio: Tenho vindo aqui todo dia. (particípio) Estou vindo aqui todo dia. (gerúndio) • Se apenas estado, trata-se de adjetivo: A criança as- sustada não dorme. • Pode ser substantivado: A morta era inocente. Muitos mortos são enterrados como indigentes. Voz Verbal Verbos que indicam ação admitem voz ativa, voz passiva, voz reflexiva. A voz verbal consiste em uma atitude do sujeito em relação à ação do verbo. Lembrete! Sujeito é o assunto da oração. Não precisa ser o praticante da ação. 1. Voz ativa: o sujeito só pratica ação. O governo au- mentou os juros. 2. Voz passiva: o sujeito só recebe ação. Os juros foram aumentados pelo governo. Note que o sentido se mantém nas duas frases acima. Há dois tipos de voz passiva: a) Passiva analítica: com verbo ser (passiva de ação) ou estar (passiva de estado): Os juros foram aumentados pelo governo. o ladrão foi preso pelos guardas. o ladrão está preso. Repare: • o agente da voz passiva (pelo governo, pelos guardas) indica o ser que pratica a ação sofrida pelo sujeito. Preposição “por” ou “de”: Ele é querido de todos. • Locuções na voz passiva analítica: temos sido amados. tenho sido amado. estou sendo amado. b) Passiva sintética: a partícula apassivadora “se” com verbo transitivo direto (não pede preposição): Não se revisou o relatório = O relatório não foi revisado. 3. Voz reflexiva: o sujeito pratica e recebe ação. Ocorre pronome oblíquo reflexivo (me, te, se, nos, vos): Eu me lavei. ele se feriu com facas. Nós nos arrependemos tarde. Classificando Verbos • Verbos conforme a função: a) Principal é sempre o último verbo de uma locução (verbos com o mesmo sujeito): Devo estudar. Comecei a sorrir. b) Auxiliares são os verbos anteriores na locução. Servem para matizar aspectos da ação do verbo principal: ser, estar, ter, haver, ir, vir, andar. Devo estudar. Comecei a sorrir. o carro foi lavado. Temos vivido. Ando estu- dando. Vou lavar. 1. Ser: forma a voz passiva de ação. O livro será aberto pelo escolhido. 2. Estar: – Na voz passiva de estado: O livro está aberto. – Com gerúndio, ação duradoura num momento preciso: Estou escrevendo um livro. 3. Ter e Haver: – Nos tempos compostos com particípio: Já tinham (ou haviam) aberto o livro. se tivesse (ou houvesse) ficado, não perderia o trem. – Com preposição “de” e infinitivo, sentido de obrigação (ter) ou de promessa (haver): Tenho de estudar mais. Hei de chegar cedo amanhã. 4. Ir: – Com gerúndio, indicando: - ação duradoura: O professor ia entrando devagar. Lí n g u a P o r tu g u es a 18 - ação em etapas sucessivas: Os alunos iam chegando a pé. – No presente do indicativo mais infinitivo, in- dicando intenção firme ou certeza no futuro próximo: Vou encerrar a reunião. Corra! O avião vai decolar! 5. Vir: – Com gerúndio, indica: – ação gradual: Venho estudando este fenômeno há tempo. – duração rumo à nossa época ou lugar: Os alunos vinham chegando, quando o sinal tocou. – Com infinitivo, sentido de resultado final: Viemos a descobrir o culpado mais tarde. 6. Andar, com gerúndio, sentido de duração, continui- dade: Ando estudando muito. ele anda escrevendo livros. • Verbos conforme a flexão: regular, irregular, defectivo e abundante. a) Regular: o radical e as terminações do padrão de cada conjugação não mudam letra e som. Pode até mudar letra, mas o som permane- ce: agir=>ajo, agi, agirei; ficar=>fico, fiquei, ficarei; tecer=>teço, teci, tecerei. b) Irregular: o radical e ou as terminações mu- dam letra e som. não basta mudar letra. Deve mudar também o som: fazer=>faço, fiz, farei. Obs.: Fazer é capaz de substituir outro verbo na sequência de frases. Veja: Gostaríamos de reverter o quadro do país como fez (=rever- teu) o governo anterior.
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