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MODELAGEM HIDRÁULICA E AMBIENTAL Aula 3 Prof. Eurico Huziwara eurico.huziwara@estacio.br • Modelo de propagação do fogo em incêndios de vegetação o Modelo baseado em autômatos celulares probabilísticos • Modelo baseado em agentes para a tragédia do bem comum oModelo baseado em agentes Modelagem matemática em meio ambiente e sustentabilidade Modelo de Propagação do Fogo em Incêndios de Vegetação • Cerrado: “Savanas Brasileiras”: – 80% a 90% de formação savânica – Segunda savana tropical mais rica em biodiversidade no mundo • Intensa pressão humana – Área inicial: 200 milhões de hectares – Área atualmente: menos de 20% – Áreas de proteção atuais: menos de 2% • O fogo é elemento estruturante da vegetação – Estudos do histórico evolutivo da vegetação sugerem que as transformações começaram a menos de 10 milhões de anos atrás e diversificou-se em 4 milhões de anos atrás ou menos, coincidindo com a expansão dos biomas savânicos no mundo Introdução ao problema O fogo em Unidades de Conservação no Cerrado Fonte: compilação de dados do IBAMA (Prevfogo) realizada por Helena França. Tabela – CAUSAS DAS QUEIMADAS EM PARQUES NACIONAIS NO CERRADO Parque Nacional Antropogênica no % Natural (raios) % Desconhec ida no % Total no Período de obs. Brasília, DF 14 13 21 19 74 68 109 1991-2003 (1992, 1994) Chapada Diamantina, BA 229 72 1 0 89 28 319 2000-2005 Chapada dos Guimarães, MT 21 70 4 13 05 17 30 2006 Chapada dos Veadeiros, GO 61 59 11 11 32 31 104 1989-2005 (1996, 1997) Emas, GO 15 17 62 71 10 11 87 1991-2004 (1993, 2000) Grande Sertão Veredas, MG 142 99 0 0 2 1 144 2000-2005 Serra da Canastra, MG 76 52 47 32 24 16 147 1987-2005 (1995) Serra do Cipó, MG 130 70 0 0 56 30 186 1991-1992; 2000- 2005 Obs: Na última coluna,os valores entre parênteses indicam os anos em que não constam observações. Introdução ao problema O fogo em Unidades de Conservação no Cerrado Contextualização do problema Modelagem do comportamento do fogo no Cerrado • É uma área ainda incipiente • Principais publicações são voltadas ao contexto ecológico – Projeto Fogo - Efeitos do regime de fogo sobre a estrutura de uma comunidade de Cerrado (Reserva Ecológica do IBGE – Brasília). Contribuição científica • Objetivo Geral – Propor um modelo de propagação do fogo, fundamentado no estado-da-arte da modelagem do comportamento do fogo em incêndios de vegetação, que projete cenários de propagação de incêndios no Cerrado. • Objetivos Específicos – Idealizar o modelo a partir do formalismo de autômatos celulares probabilísticos e da teoria de percolação. – Investigar a capacidade do modelo idealizado em representar a dinâmica de propagação de incêndios de vegetação. – Propor parametrizações que explicitem o comportamento do modelo em função das condições ambientais de incêndios reais e em seguida avaliá-las. – Propor uma metodologia de ajuste visando aplicar o modelo para simular incêndios de vegetação no Cerrado. Objetivo do exemplo Idealização do modelo1 Análise exploratória do modelo Parametrização e avaliação das parametrizações 2 3 Ajuste e aplicação do modelo4 Resumo O fogo se propaga como um processo de contágio ao longo da vegetação momento ou energia conectividade Idealização do modelo Teoria de percolação e incêndios de vegetação limiares condicionam a propagação do fogo fator condicionante p ro b a b ili d a d e d e p ro p a g a ç ã o d o f o g o Idealização do modelo Teoria de percolação e autômatos celulares V F O E vegetação queimando queimado sem vegetação O incêndio de vegetação é modelado como um processo de contágio ao longo das células com vegetação e é condicionado por uma probabilidade 𝑆 chamada de probabilidade efetiva de propagação do fogo. Idealização do modelo A probabilidade efetiva 𝑺 depende da: – probabilidade 𝐷 (densidade da vegetação): 𝐷 = 0.1 Vegetação esparsa 𝐷 = 0.5 𝐷 = 0.9 vegetação densa Relaciona-se com a componente conectividade e caracteriza a abundância ou disponibilidade de combustível vegetal. Idealização do modelo A probabilidade efetiva 𝑺 depende da: – probabilidade 𝐼 (dinâmica de propagação do fogo): Relaciona-se com a componente momento e caracteriza a dinâmica de propagação do fogo ao longo da vegetação. Vizinhança de Moore V F 𝐼 t t+1 Idealização do modelo A probabilidade efetiva 𝑺 depende da: – probabilidade 𝐵 (chances de extinção do fogo): F O 𝐵 t t+1 Relaciona-se com a componente momento e caracteriza a dinâmica de combustão. Idealização do modelo 𝐷 = 1,00 𝐵 = 0,40 𝐼 = 0,25𝐷 = 0,80 𝐵 = 0,40 𝐼 = 0,25𝐷 = 0,60 𝐵 = 0,40 𝐼 = 0,25 Análise exploratória do modelo Probabilidade efetiva de propagação do fogo 𝐷 = 0,30 𝐷 = 0,40 𝐷 = 0,50 𝐷 = 0,60 𝐷 = 0,80 𝐷 = 1,00 Análise exploratória do modelo Fronteira crítica e padrões de propagação do fogo 𝐷 = 1 Análise exploratória do modelo Fronteira crítica e padrões de propagação do fogo 𝐷 = 1 padrões sólidos extinção Análise exploratória do modelo Velocidade adimensional de propagação do fogo 𝑅0: 𝑅 = 𝑅 Δl 𝑎 Δt Análise exploratória do modelo Especialização do modelo para simular incêndios reais Condições ambientais heterogêneas Parametrização do modelo vegetação Tipo de combustível vegetal Quantidade de combustível vegetal disponível Teor de umidade Feições topográficas Temperatura do ar Umidade relativa Velocidade e direção do vento Parametrização do modelo Parametrização da probabilidade 𝑫 Relaciona-se com a continuidade do combustível vegetal 𝐷 = 0 𝐷 = 10 < 𝐷 < 1 Gramíneas do gênero Spinifex comuns no oeste da Austrália Área com Capim-flechaAceiro Parametrização do modelo Parametrização da probabilidade 𝑰 Relaciona-se com a eficiência dos mecanismos de transferência de calor emitidos pela frente de fogo • Fatores que influenciam: • Tipo de combustível vegetal • Teor de umidade do combustível vegetal • Velocidade e direção do vento • Feições topográficas gradiente de elevação Parametrização do modelo Parametrização da probabilidade 𝑰 𝐼 = 𝐼0 ⋅ 𝜆𝑀 ⋅ 𝜆𝑠 ⋅ 𝜆𝑤 – efeito das características da vegetação: 𝐼0 – efeito da umidade do combustível vegetal: 𝜆𝑚 = exp −𝑏1𝑀 – efeito das feições topográficas: 𝜆𝑠 = exp 𝑎𝜃𝑠 – efeito da velocidade e direção do vento: 𝜆𝑤 = 1 + 𝑓 𝜔 𝑐1𝑈𝑐2 Parametrização do modelo Parametrização da probabilidade I 𝑬𝒊−𝟏,𝒋−𝟏 𝑬𝒊−𝟏,𝒋 𝑬𝒊−𝟏,𝒋+𝟏 𝑬𝒊,𝒋−𝟏 𝑬𝒊,𝒋 𝑬𝒊,𝒋+𝟏 𝑬𝒊+𝟏,𝒋−𝟏 𝑬𝒊+𝟏,𝒋 𝑬𝒊+𝟏,𝒋+𝟏 Δ𝑙 Δ𝑙 𝜃𝑠<0 𝜃𝑠>0 Parametrização do modelo Parametrização da probabilidade 𝑰 𝑓 𝜔 = exp(𝑐3𝑈(cos𝜔 − 1)) 𝑚 𝒇(𝑚) Parametrização do modelo Parametrização da probabilidade B Quantifica a sustentabilidade e a combustibilidade da queima do combustível vegetal • Sustentabilidade: – Depende do teor de umidade do combustível vegetal • Combustibilidade: – Depende das características do combustível vegetal Parametrização do modelo Parametrização da probabilidade B Quantifica a sustentabilidade e a combustibilidade da queima do combustível vegetal 𝐵 = 𝐵0 ⋅ 1 𝜆𝑚 𝑏2 – efeito das características da vegetação: 𝐵0 – efeito da umidade do combustível vegetal: 1 𝜆𝑚 𝑏2 Parametrização do modelo Três classes de acúmulo de combustível FC1 FL1 FC1 FL2 FC1 FL3 𝐼0 0,20 0,25 0,35 𝐵0 0,45 0,40 0,35 Avaliação das parametrizações Três classes de acúmulo de combustível FL1 FL2 FL2 Avaliação das parametrizações Efeitos de variações no acúmulo de combustível vegetal iteração = 20 iteração = 80 iteração = 120 Avaliação das parametrizações Efeitos de variações no acúmulo de combustível vegetal obstáculos naturais iteração = 40 iteração = 120 iteração = 150 Avaliação das parametrizações Efeitos de variações na umidade de combustível vegetal (𝑏1 = 0,1 e 𝑏2 = 0,05) 𝑀 = 5% iteração = 50 iteração = 200 iteração = 354 Avaliação das parametrizações Efeitos de variações na umidade de combustívelvegetal (𝑏1 = 0,1 e 𝑏2 = 0,05) 𝑀 = 10% iteração = 50 iteração = 200 iteração = 289 Avaliação das parametrizações Efeitos de variações na umidade de combustível vegetal (𝑏1 = 0,1 e 𝑏2 = 0,05) 𝑀 = 15% iteração = 50 iteração = 200 iteração = 213 Avaliação das parametrizações Efeitos de variações nas feições topográficas feição topográfica hipotética Avaliação das parametrizações Efeitos de variações nas feições topográficas (𝑎 = 0,05) iteração = 50 iteração = 120 iteração = 240 Avaliação das parametrizações Efeitos de variações na velocidade do vento (𝑐1 = 0,10, 𝑐2 = 0,90 e 𝑐3 = 0,05) 𝑈 = 0 direção do vento iteração = 50 iteração = 100 iteração = 150 Avaliação das parametrizações Efeitos de variações na velocidade do vento (𝑐1 = 0,10, 𝑐2 = 0,90 e 𝑐3 = 0,05) 𝑈 = 2 direção do vento iteração = 50 iteração = 100 iteração = 150 Avaliação das parametrizações Efeitos de variações na velocidade do vento (𝑐1 = 0,10, 𝑐2 = 0,90 e 𝑐3 = 0,05) 𝑈 = 6 direção do vento iteração = 50 iteração = 100 iteração = 150 Avaliação das parametrizações Efeitos de variações na velocidade do vento 𝑀 = 15% (𝑏1 = 0,1 e 𝑏2 = 0,05) 𝑈 = 0 (𝑐1 = 0,10, 𝑐2 = 0,90 e 𝑐3 = 0,05) iteração = 50 iteração = 200 iteração = 213 Avaliação das parametrizações Efeitos de variações na velocidade do vento 𝑀 = 15% (𝑏1 = 0,1 e 𝑏2 = 0,05) 𝑈 = 15 (𝑐1 = 0,10, 𝑐2 = 0,90 e 𝑐3 = 0,05) direção do vento iteração = 50 iteração = 100 iteração = 262 Avaliação das parametrizações Efeito das parametrizações sobre a dinâmica do modelo 𝐷 = 1,00 Avaliação das parametrizações Região-alvo: Parque Nacional das Emas, estado de Goiás, Brasil - Criado em 1961 - Área total: 132000 hectares - totalizando 348km e dividindo o Parque em 20 blocos Ajuste do modelo Vegetação do Cerrado Fonte: J. Mistry, Fire in the cerrado (savannas) of Brazil: an ecological review, Progress in Physical Geography, Vol. 22, No. 4., pp. 425- 448 estrato herbáceo-subarbustivo estrato arbóreo-arbustivo Ajuste do modelo Ajuste do modelo Vegetação do Parque Nacional das Emas F o to : M á ri o B a rr o s o cerrado fechadoFisionomias abertas (80% do PNE) •Campo limpo •Campo sujo •Campo cerrado campo úmido mata ciliar ou de galeria Ajuste do modelo Fisionomias abertas do Parque Nacional das Emas campo limpo campo sujo campo cerrado Dominância do capim-flecha (Tristachya leiostachya) 1 ano sem queima 2 anos sem queima 3 anos sem queima 4 anos sem queima Ajuste do modelo Procedimento de ajuste objetivo modelo de propagação do fogo dados de saída incêndio real objetivo minimizar a diferença em termos de extensão e tempo de duração incêndio simulado MÉTODO DE BUSCA dados de entrada Ajuste do modelo Ajuste e aplicação do modelo FC1, FL1 FC1, FL2 FC1, FL3 FC2 FC3 FC4 rio aceiro queimando queimada Ajuste e aplicação do modelo Ajuste e aplicação do modelo FC1, FL1 FC1, FL2 FC1, FL3 FC2 FC3 FC4 rio aceiro queimando queimada Ajuste e aplicação do modelo Modelo Baseado em Agentes para a Tragédia do Bem Comum • Ecologista norte-americano que alertou sobre os perigos da superpopulação. em 1968 um artigo intitulado “A do bem comum” (em inglês “The • Expôs tragédia tragedy of the commons”), chamando a atenção para o perigo que ações inocentes de indivíduos podem impor ao meio ambiente. • A tragédia dos comuns é um tipo de armadilha econômica, que social, frequentemente envolve um conflito entre interesses individuais e o bem comum no uso de recursos finitos. Garrett Hardin (1951 - 1986) • Ocorre quando indivíduos atuam independentemente e racionalmente, esgotando um recurso que é compartilhado, mesmo tendo conhecimento de que este recurso possa se esgotar. "The Tragedy of the Commons". Science 162 (3859): 1243–1248. 1968. doi:10.1126/science.162.3859.1243 A tragédia do bem comum O pasto é um recurso compartilhado entre vários pastores. A tragédia do bem comum O pastor pode usar livremente o pasto para alimentar o seu rebanho. A tragédia do bem comum Embora saibam que o recurso é limitado, o manejo do pasto é ignorado. A tragédia do bem comum Embora saiba que o recurso é limitado, o manejo do pasto é ignorado. A tragédia do bem comum antes depois overgrazing (consumo exagerado de pastagem) A tragédia do bem comum • Objetivo do pastor: maximizar sua produção, ou seja, aumentar o tamanho de seu rebanho. • Cada animal possui uma utilidade com uma componente positiva e outra componente negativa: – Positivo: o pastor recebe todo o lucro sobre cada animal adicional. – Negativo: a pastagem é ligeiramente degradada por cada animal adicional. • A divisão destes custos e benefícios é desigual: o pastor desvantagens são compartilhadas entre todos individualista ganha todas as vantagens, mas as os pastores que usam a pastagem. A tragédia do bem comum 20 40 60 80 100 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 agente pastor recurso comum (pasto) Modelo baseado em agentes • Comportamento do agente pastor: – Ocupa uma célula – Possui um rebanho que consome o recurso da célula – Movimenta-se aleatoriamente ao longo do espaço celular – Possui três tipos de estratégias de uso do recurso: • Predatória: o consomo do recurso se dá indiscriminadamente • Equilibrada: o consumo é diretamente proporcionalmente à abundância de recursos • Mista: Opta pelo equilibrado, mas se desvirtua em alguns momentos, optando pela estratégia predatória • Recurso (espaço celular): – Uma vez consumida pelo pastor, existe uma probabilidade de regeneração do pasto Modelo baseado em agentes • A estratégia predatória induz a uma competição, onde muitos consumirem pouco recurso. uma • A estratégia equilibrada melhor de consumo do favorece distribuição recurso. • A estratégia mista apresenta- se no intermédio entre a predatória e a e equilibrada. 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 0 50 300 250 200 150 100 Estratégia Predatória 10 20 30 40 70 80 90 100 0 50 60 Estratégia Mista 50 100 150 200 250 Estratégia Equilibrada 0 10 20 30 40 50 60 70 80 0 50 100 150 200 250 300 Consumo de pasto pelos agentes Considerações Finais • Modelagem matemática é uma arte. • Simplificar antes de modelar é essencial. • A etapa de concepção do modelo é a mais elegante e exige o domínio de vários formalismos de modelagem de modo que o modelar opte pelo mais adequado. • A etapa de implementação computacional do modelo é a mais poética. • A etapa da validação de um modelo é a mais “hardcore”. • Importância de um modelo: – Caráter diagnóstico: obtenção de cenários. – Caráter prognóstico: obtenção de projeções. Considerações Finais George E. P. Box Matemático inglês Essencialmente, todos os modelos estão errados, mas alguns são úteis. Lembre-se que todos os modelos estão errados; a questão prática é quão errados eles têm que ser para não serem úteis Box & Draper (1987), Empirical model-building and response surfaces, Wiley, p. 424. Considerações Finais AVANCE PARA FINALIZAR A APRESENTAÇÃO.
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