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Classificação da informação: Uso Interno ANÁLISE DA MICRORREGIÃO DE ARAGARÇAS-GOIÁS E O IMPACTO DO PROGRAMA NACIONAL DE FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR (PRONAF) NAS PROPRIEDADES RURAIS. SOUSA Caio Bersano Rodrigues, COSTA Rayane de Jesus, DINIZ Rogério Carvalho. Tecnologia em Agronegócio, Instituto Federal Goiano – Campus Iporá-GO caiobersano@gmail.com ; rayanecosta13456@gmail.com ; dinizrogerio05@gmail.com Resumo. Na agricultura familiar, a diversificação torna-se uma condição imprescindível à sobrevivência e à competitividade dos empreendimentos rurais ao garantir renda através da otimização dos recursos produtivos. Nesse sentido, o crédito rural desempenha um papel importante na vida desses pequenos produtores, uma vez que ele permite a criação de estratégias de diversificação de produção, inserção de tecnologias, integração de culturas, agregação de valor aos produtos agrícolas ou pecuários bem como a promoção do desenvolvimento rural sustentável e mitigação do êxodo rural. O município estudado (Aragarças-GO), é composto por diversas propriedades rurais familiares, tendo alguns gargalos como a falta de conhecimento técnico na exploração dos recursos naturais – produzindo e conservando-os – contudo, ele também apresenta grandes oportunidades/potencialidades como; a grande disponibilidade recursos, em especial os hídricos. Deste modo, realizou-se uma análise de dados para compreender o município e sua microrregião e o impacto que o crédito rural (PRONAF) proporcionou a estes produtores. Assim, por meio da interpretação de dados desenvolveu-se este trabalho detalhando os principais pontos da realidade do município. Palavras chaves. Crédito Rural, PRONAF, Agricultura Familiar, Gestão. 4 Classificação da informação: Uso Interno 1. INTRODUÇÃO Faz parte da história humana utilizar-se com eficácia de recursos e ações coordenadas para garantir a própria sobrevivência, especialmente num ambiente natural e competitivo onde sobressaiam os “mais fortes”, ou seja, com a adoção de estratégias empíricas. Assim, a palavra estratégia, hoje comumente utilizada no mundo – e no agronegócio como meio de diversificação e inovação – ganhou maior visibilidade durante o militarismo onde era concebida como ações que possibilitasse a conquista de um alvo, contemplando elementos como, inteligência e habilidades (ARAÚJO et.al., 2012). Segundo Hayes et.al (2008 p. 58-59) a expressão estratégia significa: “A palavra estratégia (derivada da palavra grega para liderança) foi inicialmente aplicada aos assuntos de guerra. Quando aludindo às guerras nos negócios também se refere ao estabelecimento de objetivos, à determinação de uma direção e ao desenvolvimento e implementação de planos, com metas de ascender sobre o adversário (no lugar da “vitória” militar). ” Na evolução dos estudos de estratégia em um contexto de empreendimentos rurais, é estabelecido como grande objetivo a busca de uma base para a vantagem competitiva das pequenas propriedades rurais familiares, o acesso ao crédito rural. Nessa perspectiva, após inúmeras mobilizações de pequenos produtores, surgiu em 1994 o PROVAP (Programa de Valorização da Pequena Produção Rural), criado pelo governo federal, na época ele atuava somente com a linhas de créditos repassadas do BNDS (Banco Nacional do Desenvolvimento). Esse programa foi o percussor do que conhecemos hoje como PRONAF (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar), ele foi iniciado em 1995 também pelo governo federal. Em ambos programas o objetivo era e é apoiar o pequeno produtor rural familiar bem como fomentar e custear as atividades de sua propriedade, promovendo assim uma inserção de mão de obra no campo, implantação de tecnologias, diminuição do êxodo rural, mitigação da insegurança alimentar e sobretudo desenvolvimento rural sustentável. (TCU, 2018). Sobre o PRONAF, é importante ressaltarmos que ele está institucionalizado em nosso país pelo decreto DECRETO Nº 1.946, DE 28 DE JUNHO DE 1996. Que estabelece as normativas para ter acesso a esse crédito. Está discriminado nele também as linhas ofertadas, tais como: PRONAF Agroindústria, Mulher, Agroecologia Bioeconomia, Mais alimentos, Jovem e Microcrédito. Outro item estabelecido no momento de concessão ao crédito, é seu enquadramento como PPRF (Pequeno Produtor Rural Familiar). Segundo Adriana (2007 p. 153) para liberação do recurso o produtor: “Para pleitear crédito do PRONAF, o produtor deve apresentar declaração de aptidão ao programa, com o preenchimento dos seguintes requisitos: ser proprietário de gleba de terra inferior a 4 módulos fiscais (na região de Vitória da Conquista 140 ha); residir na propriedade ou em aglomerado rural próximo; explorar a atividade agrícola com mão de obra familiar, e, admitir eventualmente a contratação de serviços de terceiros, ter no mínimo 80% da renda bruta proveniente da atividade agropecuária.” 5 Classificação da informação: Uso Interno Nesse sentido, no que tange aos pequenos empreendimentos rurais, o exercício da atividade envolve aspectos culturais, sociais e econômicos relevantes, ao manter o homem no campo e pelo seu papel na produção de 70% dos alimentos consumidos pelos habitantes do Brasil. Esse é um dos impactos positivos que o acesso ao crédito pelo PRONAF pode trazer ao empreendedor rural mantê-lo na atividade – agregando-lhe renda e boas condições de trabalho – e abastecendo o espaço urbano em suas demandas alimentícias, têxteis, de combustíveis entre outras. 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Proporcionar aos produtores rurais familiares de Aragarças-GO bem como do estado de Goiás, conhecimento acerca do acesso ao crédito PRONAF e a importância dele ao desenvolvimento socioeconômico na localidade e Brasil onde ele é concedido. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Identificar por meio de tabelas a produção agropecuária das regiões estudas; - Citar e discorrer sobre a importância do programa para a população urbana; - Analisar os atuais gargalos e oportunidades do PRONAF; CONTEXTUALIZAÇÃO TERRITORIAL De acordo com a Lei 4.504/64 constantes no Estatuto da Terra em seu art. 4º e inciso II, a propriedade familiar refere-se ao imóvel rural empreendido pelo agricultor e sua família diretamente, de forma a assegura-lhes a subsistência e o desenvolvimento econômico a partir do uso da própria força de trabalho interna e potencialmente de terceiros (INCRA, 1998). Em especial aos pequenos empreendimentos rurais, existe a dificuldade em formalizar os sistemas de produção colocando no “papel” as nuances de cada atividade econômica a fim de mensurar sua viabilidade no presente e futuro, ou seja, de adotar ações estratégicas simples. Neste contexto, o município estudado (Aragarças-GO), que atualmente conta com uma grande parcela de pequenos produtores, teve em seus primeiros registros históricos segundo IBGE (2021) em meados de 1872 os primeiros garimpeiros. Após alguns meses começou-se a formar uma vila chamada Barra Goiana, no encontro do Rio Garças com o Rio Araguaia, ao passo que ao lado criou-se a vila Barra Cuiabana (atualmente Barra do Garças - MT). Em 1953 a então Barra Goiana transformou-se em Aragarças, legalmente constituída pela Lei Estadual Nº 788 de 02 de outubro de 1953. 6 Classificação da informação: Uso Interno O estudo realizado baseou-se nos dados de pesquisas realizadas anteriormente, tal qual o último senso realizado conforme imagem abaixo: Figura 01 – População do último censo de Aragarças-GO (2010) – IBGE. A imagem apresentada, justifica o estudo realizado, pois é um município com uma população de quase 20 mil habitantes, mais de 260 estabelecimentos agropecuários, tendo nestes, uma grande parcela de produtores que utilizou ou pretende utilizar o PRONAF para custeio ou outro tipo de financiamentorural, em suma é importante que saibamos como esse recurso impactou positivamente na vida de dezenas de famílias agricultoras, para que se possa disseminar por meio de trabalhos como esse, a importância do acesso a recursos pronafianos. O município de Aragarças-GO, possui grandes empreendimentos rurais com gestão familiar, cuja fonte de renda advém da produção de produtos de origem animal e vegetal, ele possui um imenso potencial socioeconômico, pois tem uma disponibilidade grande de recursos naturais – principalmente hídricos – além de estar-se posicionado como centro comercial, próximo de grandes cidades. Vale ressaltar que o município possui ainda território para exploração sustentável, bem como índice de desenvolvimento humano em pleno crescimento. Em suma, com a utilização da abordagem presente em estudos como esse, está se criando uma forte base teórica, ainda que embrionária (frente aos grandes objetos de estudos a serem explorados) de produção acerca do crédito rural e em especial o PRONAF, fortalecendo o desenvolvimento rural familiar no Brasil. DESENVOLVIMENTO Reiterando, de acordo com o que foi citado anteriormente, o conceito de agricultura familiar baliza-se no produtor que possui até o limite de quatro módulos fiscais (20 a 400 7 Classificação da informação: Uso Interno hectares, segundo o município) no município de Aragarças é 45 (ha). Devendo a maior parte da renda da família ser oriunda da propriedade, além da condução pessoal do negócio com mão de obra familiar. Ou seja, a propriedade rural familiar é aquele lugar em que se possa desenvolver atividades de cunho agrícola ou pecuário; que é justamente o caso do município estudado Conforme a Lei Nº 11.326, de 24 de julho de 2006, que em seu caput estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Regendo em seus primeiros artigos, segundo o site do planalto. “Art. 1º Esta Lei estabelece os conceitos, princípios e instrumentos destinados à formulação das políticas públicas direcionadas à Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Art. 2º A formulação, gestão e execução da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais serão articuladas, em todas as fases de sua formulação e implementação, com a política agrícola, na forma da lei, e com as políticas voltadas para a reforma agrária. Art. 3º Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que prática atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo; (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011) IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.” Em diversas empresas rurais familiares, sejam elas pequenas, médias ou grandes, vêm- se percebendo a importância de se fazer uma diversificação de culturas e atividades, haja vista, a alta demanda social por produtos da agricultura e pecuária e pelas intempéries do mercado. Desta forma, a diversificação produtiva pode ser compreendida em seu sentido restrito a multifuncionalidade, ou seja, exercício simultâneo de várias atividades desempenhadas por uma única pessoa. Ela torna-se uma condição indispensável à sobrevivência e à competitividade dos territórios rurais na medida em que garante à biodiversidade, gerando renda através de novas oportunidades de negócio (IDRHA, 2006). No entanto, é indispensável também ter recursos para que se haja maior eficácia na produção, comercialização, comprar de equipamentos e implementos, independentemente de ramo de atividade rural. É improvável o sucesso de algum empreendimento, sobretudo dos pequenos, sem que se faça um planejamento estratégico e sem conhecer o negócio, suas vantagens competitivas, sua capacidade de produção e ter sempre um plano “B” caso o plano inicial não dê certo de imediato. Por isso se faz necessário a existência do crédito rural (com taxas baixas) e esse papel é feito pelo o programa nacional de fortalecimento da agricultura com muita eficiência em algumas localidades, haja vista seu incremento feito pelo governo 8 Classificação da informação: Uso Interno federal nesse ano, com cerca de R$ 17,6 bilhões de reais – aumento de 20% - em relação a anos anteriores. MATERIAIS E MÉTODOS. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica, ela foi desenvolvida com a utilização de fontes de livros, sites e artigos científicos. O presente trabalho foi realizado na cidade de Iporá-GO, sendo a pesquisa feita sobre o município de Aragarças-GO bem como aspectos do estado de Goiás e do Brasil: diagnóstico por meio leitura e interpretação de outros trabalhos, das condições de infraestrutura, manejo, gestão, acesso ao crédito e demais aspectos proveniente do objeto de estudo. E num segundo momento foi-se alimentada tabelas de dados, que viriam a ser utilizadas como balizadores do presente artigo. RESULTADOS E DISCUSSÕES Como falado anteriormente a região estudada, possui um ambiente favorável para o exercício de atividades pecuárias e agrícolas, porque além de existir uma grande disponibilidade de terras e lâminas d'água, também é possível fazer a integração entre elas. O que proporciona uma performance melhor dos produtores do agro, são aqueles que tem recursos, grande parte deles inclusive fazem grandes investimentos financeiros, através do PRONAF; como podemos observar na tabela abaixo. 9 Classificação da informação: Uso Interno 10 Classificação da informação: Uso Interno Fonte: IBGE (2021) Podemos analisar nas tabelas justamente o que a priori foi explanado; que são as potencialidades de alguns municípios da região de Aragarças-GO. Com utilização de recursos do PRONAF. Chama-se atenção o próprio município estudado, com R$ 6.362,00 do valor da produção dos estabelecimentos agropecuários (mil reais) em 2017. Na segunda tabela apresentada logo abaixo podemos observar por sua vez, o número de estabelecimentos agropecuários com produção por unidades, totalizando mais de 34 mil somente pelo PRONAF. 11 Classificação da informação: Uso Interno 12 Classificação da informação: Uso Interno 13 Classificação da informação: Uso Interno Fonte: IBGE (2021) Após análise de dados, observamos que o município de Aragarças-GO tem mais de 30 estabelecimentos de produção agropecuária. Se fortalecendo e tendo perspectiva de crescimento a curto e longo atrás de repasses como o do programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar do Brasil. CONSIDERAÇÕES FINAIS Espera-se a com esse trabalho reforçar a importância de programas do governo para o pequeno produtor rurais, em especial os pequenos, haja vista que a grande maioria é desassistido e tem pouco espaço para crescer, ser competitivo e se inserir no mercado. Todo material traz um viés de sustentabilidade e desenvolvimento socioambiental e econômico da região de Aragarças-GO. Com esse trabalho podemos também impactar positivamente na vida de produtores, no sentido de despertar um olhar ao acesso ao crédito rural, uma vez que grande parte ainda não o adquiriu. E através da concessão dele, gerar produtos de qualidade, para atender a demanda local por produtos mais saudáveis advindos da agricultura e propor uma melhor gestão estratégica nas organizações rurais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAUJO, L. C. G. CARMO, M.S; MATESCO, K. Ações estratégicas: desafios e caminhospara a gestão contemporânea. São Paulo: Altas, 2013. HAYES. SILVA, J. M. MENDES, E.E. TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS, São Paulo, 2008. Disponível em:< http://funag.gov.br/loja/download/931-Teoria_das_Relacoes_Internacionais.pdf > Acesso em 18 de novembro de 2021. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE Cidades – ARAGARÇAS 2021. Disponível em: < https://cidades.ibge.gov.br/brasil/go/aragarcas/panorama>. Acesso em 18 de novembro de 2021. 14 Classificação da informação: Uso Interno IDRHA. Diversificação de atividades no meio rural. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/>. Acesso em 18 de novembro de 2021. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA – 1998. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA DA CASA CÍVIL. Lei Nº 4.504, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4504.htm > Acesso em 18 de novembro de 2021 MOTA. R. A. CONTRIBUIÇÕES DO PRONAF PARA A AGRICULTURA FAMILIAR. SÃO PAULO, VOL. 1. 2007 p. 153. Disponível em: <https://periodicos2.uesb.br/index.php/recuesb/article/view/2248/1901 > :Acesso em 18 de novembro de 2021 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Relatório de Políticas e Programas de Governo, 2018. Disponível em: <https://sites.tcu.gov.br/relatorio-de-politicas/2018/programa-nacional-de- fortalecimento.htm> . Acesso em 18 de novembro de 2021 http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%204.504-1964?OpenDocument
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