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Transformadores e Máquinas Elétricas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Márcio Belloni Revisão Textual: Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira Motores Elétricos em Corrente Alternada • Introdução às Máquinas Girantes em Corrente Alternada; • Velocidades Síncronas e Assíncronas • Partida de Motores Monofásicos e Bifásicos; • Velocidade do Campo Girante; • Escorregamento; • Triângulo de Potências para Motor Elétrico; • Rendimento de um Motor em Corrente Alternada; • Conexão dos Motores Trifásicos à Rede Elétrica; • Enrolamentos em Motores de Corrente Alternada; • Circuito Equivalente. • Apresentar ao aluno os conhecimentos sobre as máquinas rotativas em corrente alterna- da, monofásica, bifásica e trifásica. OBJETIVO DE APRENDIZADO Motores Elétricos em Corrente Alternada Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Motores Elétricos em Corrente Alternada Introdução às Máquinas Girantes em Corrente Alternada Quando uma bobina é percorrida por uma corrente elétrica, é criado um campo magnético dirigido conforme o eixo da bobina e de valor proporcional à corrente. Assim, quando um enrolamento trifásico é alimentado por correntes trifásicas, cria-se um “cam- po girante”, como se houvesse um único par de polos girantes, de intensidade constante. Este campo girante, criado pelo enrolamento trifásico do estator, induz tensões nas barras do rotor (linhas de fluxo cortam as barras do rotor), as quais geram correntes e, conse- quentemente, um campo no rotor, de polaridade oposta à do campo girante. Velocidades Síncronas e Assíncronas O motor elétrico possui funcionamento sempre semelhante, como vimos no caso dos motores de corrente contínua onde, nas espiras internas, a corrente trocará de lado sempre fazendo com que a força que cria o torque magnético seja com direção e sentido constantes. Desta forma, o rotor se moverá para um lado determinado. Nos motores de corrente contínua (CC), isto é providenciado por meio do anel comutador e pelas escovas. Nos motores de corrente alternada, esta manutenção da direção da rotação do rotor é providenciada pela própria alternância da corrente, não necessitando de nenhum dispositivo, por via de regra, que providencie a mu- dança do sentido da corrente nas espiras do motor. Partido do princípio de que a força magnética sempre atuará em determinada direção, pode-se mensurar a velocidade do campo girante, denominada velocidade síncrona. Desta forma, as máquinas elétricas síncronas são aquelas em que a velo- cidade do rotor é a mesma da velocidade do campo girante, geralmente geradores, onde a velocidade real do rotor nr é a mesma do campo girante ns e, então, temos uma máquina onde o rotor gira juntamente com o campo girante. Esta velocidade síncrona ns pode ser calculada segundo a frequência da corrente, pois a alternância do sentido da força nas espiras é controlada por esta frequência. Desta forma, Campo Girante é uma fmm que se desloca ao longo do entreferro com velocidade síncrona. 120 s fn p ⋅ = Onde: • ns = velocidade síncrona; • f = frequência; • p = número de polos. 8 9 Partida de Motores Monofásicos e Bifásicos Inicialmente, usemos a imaginação para criar mentalmente um motor hipotético desligado. Neste momento, seu rotor encontra-se parado, e prontamente, adiciona- mos nele uma corrente que inicia o giro do rotor. No momento em que o rotor sai do estado de parado ω=0 para o movimento ω>0 a corrente denomina-se corrente de partida Ip, pois será o valor de corrente que é necessária para tirar o rotor do estado de repouso. Importante dizer que esta corrente funciona apenas para iniciar o movimento do rotor e vencer a inércia e o atrito dos mancais. Você deve se lembrar de que mencionamos sobre a força contraeletromotriz IFem, que ocorre em oposição à corrente que gera o movimento do rotor. Esta corrente criada pela força contraeletromotriz se contrapõe à corrente de partida, ameni- zando seu valor conforme o rotor inicia seu giro. Isto ocorre porque o aumento da velocidade angular do rotor ω é diretamente proporcional à Fem. Fem N A B= ⋅ ⋅ ⋅ω E como esta corrente induzida se opõe à corrente de partida, quando em velo- cidade nominal ωn, a corrente total que alimenta o motor será o valor de corrente resultante denominada corrente nominal In. emn p F I I I= − Deste modo, é sempre arriscado manter o rotor bloqueado por muito tempo, já que isto indica que o motor passará muito tempo sobre os efeitos da corrente de partida, podendo trazer danos ao isolamento e até danos físicos. Verifica-se isto ao se imaginar que a armadura possui uma resistência fixa R, e o aumento de potência percentual é: 2 2 min partida part no al nom P R I P R I ⋅ = ⋅ Por exemplo, um motor com resistência de bobinas de 12 Ω e uma corrente de nominal de 4,5 A gera uma corrente contraeletromotriz de 400 mA. A corrente de partida do referido motor será: 4,5 2,4 6,9pI A= + = Esse mesmo motor teve seu rotor bloqueado. O aumento percentual da potência é: 2 2 min 12 6,9 47,61 2,35111 235,11% 12 4,5 20,25 partida no al P ou P ⋅ = = = ⋅ 9 UNIDADE Motores Elétricos em Corrente Alternada Isto significa dizer que no motor, quando bloqueado, seu rotor irá desenvolver um aumento de potência de 235,11%. Um valor bastante considerável, que resulta na destruição do isolamento e, dependendo do tamanho do motor, até em danos físicos. Quando se possui um motor bifásico ou monofásico, ter-se-á sempre uma defa- sagem de 180 graus. Verifica-se isto facilmente ao perceber que a alternância da corrente alternada ocorre sempre em 180 graus, ou meio ciclo. Figura 1 – Corrente alternada Fonte: Acervo do conteudista Desta forma, o movimento inicial do rotor deve ser auxiliado, pois a força mag- nética encontra-se em 180 graus, opondo-se e anulando-se uma após a outra, não conseguindo criar o campo girante. Desta forma, precisa de outras forças para iniciar o movimento do rotor. A isto se denomina partida em motores monofásicos. Motores monofásicos precisam de um dispositivo que os auxiliem na partida, já que uma só fase não possibilita a formação do campo girante, pois possui de- fasagem de180º. Geralmente este dispositivo é desconectado do motor, após sua aceleração, através de uma chave centrífuga. É o dispositivo auxiliar que determina o tipo de motor, bem como muitas de suas características. Motor com Capacitor de Partida É um motor semelhante ao de fase dividida. A principal diferença reside na inclu- são de um condensador eletrolítico em série com o enrolamento auxiliar de arran- que. O condensador permite um maior ângulo de desfasamento entre as correntes dos enrolamentos principal e auxiliar, proporcionando, assim, elevados binários de 10 11 arranque, como no motor de fase dividida, o circuito auxiliar é desligado quando o motor atinge entre 75% a 80% da velocidade síncrona. Motor com Capacitor Permanente Neste tipo de motor, o enrolamento auxiliar e o condensador ficam permanente- mente ligados, sendo o condensador do tipo eletrostático. O efeito deste condensa- dor é o de criar condições de fluxo muito semelhantes às encontradas nos motores polifásicos, aumentando, com isso, o binário máximo, o rendimento e o fator de potência, além de reduzir sensivelmente o ruído. Motor com Dois Capacitores O motor monofásico com dois capacitores possui um capacitor de partida, des- ligado através de chave centrífuga quando o motor atinge cerca de 80% de sua rotação síncrona, e um capacitor que se encontra permanentemente ligado. Possui como características: alto conjugado de partida, alta eficiência e fator de potência elevado. No entanto, seu custo é elevado e só é fabricado para potências superiores a 1 cv. Motor com dois capacitores. Chave Capacitor de arranque Capacitor permanenteFase auxiliar Fase principal Rotor Figura 2 – Motor com dois capacitores Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons Motor de Fase Dividida (split phase) Neste caso, o motor possui uma bobina que auxilia no conjugado quando na partida. Após a velocidade atingir cerca de 80% da velocidade síncrona, uma chave centrífuga acoplada no rotor desliga a fase auxiliar, e o motor por inércia mantém- -se somente com a fase principal. Isto diminui a resistência total, diminuindo tam- bém a corrente para o valor nominal. 11 UNIDADE Motores Elétricos em Corrente Alternada Rotor Enrolamento auxiliar Motor de fase dividida Chave centrífuga En ro la m en to pr in cip al Figura 3 – Motor Split Phase Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons Motor de Polos Sombreados Construtivamente existem diversos tipos, sendo que uma das formas mais co- muns é a de polos salientes. Cada polo vai ter uma parte (em geral 25% a 35% dele) abraçada por uma espira de cobre em curto-circuito. A corrente induzida nesta espira faz com que o fluxo que a atravessa sofra um atraso em relação ao fluxo da parte não abraçada por ela. O resultado disto‚ semelhante a um campo girante que se move na direção da parte não abraçada para a parte abraçada do polo, produz o binário que fará o motor partir e atingir a rotação nominal. Este atraso causará uma defasagem, criando o campo girante. Espira de sombra Figura 4 – Motor de Pólos Sombreados Fonte: Adaptado de WIkimedia Commons 12 13 Velocidade do Campo Girante O campo girante possuirá sempre velocidade ns e dependerá da frequência da corrente e do número de pólos. No caso de máquinas síncronas, o rotor girará em sincronia com esta velocidade. s rn n= Já nas máquinas assíncronas, tipicamente motores elétricos trifásicos, existe uma diferença entre a velocidade do campo girante e a do rotor. s rn n≠ Escorregamento Alguns fatores fazem com que a velocidade real no eixo do motor deixe de ser exatamente a velocidade do campo magnético girante. Por exemplo, a inércia do eixo. Por natureza, o motor elétrico trifásico possui uma diferença entre a velocida- de do campo magnético girante (Ns) e a velocidade real em seu rotor (N), este fato se dá em função de um fenômeno chamado escorregamento e é fornecido pelo fabricante em %. A relação entre a velocidade do campo girante ns e do rotor nr é denominada escorregamento S e possui valores distintos. 100%s r s n nS n − = ⋅ Onde: • S = escorregamento [%]; • ns = velocidade do campo girante [rpm]; • nr = Velocidade real do rotor [rpm]. Triângulo de Potências para Motor Elétrico Quando se trata de máquina elétrica, a potência pode ser encarada de diversas maneiras. Inicialmente, a potência total utilizada na máquina, sendo esta a potência aparente; a potência utilizada na geração do campo girante, e que não desenvolve movimento diretamente, denominada potência reativa; e a potência que é converti- da diretamente em movimento no rotor, denominada potência ativa. 13 UNIDADE Motores Elétricos em Corrente Alternada Neste sentido, podemos traçar uma relação entre as potências e apresentar o de- nominado triângulo das potências, onde se verifica a relação trigonométrica entre elas. Desta relação, pode-se concluir que existe um ângulo θ em relação às potên- cias. Quanto menor o ângulo θ, menor a Potência Reativa, e assim, mais a potência aparente se aproxima da potência ativa. S Q P � Figura 5 – Triângulo de Potências As concessionárias classificam o quanto desta potência é reativa (desperdiçada com a criação do campo magnético e do campo girante) pelo valor de fator de potência (φ) onde: • φ = cos θ • φ = Fator de potência • θ = Ângulo no triângulo das potências Nos motores, este valor aparece na placa de informações do motor, indicando o valor de fator de potência apresentado por aquela máquina elétrica em específico. Desta forma, para saber a potência reativa, deve-se multiplicar por este valor o produto da corrente pela tensão. • P = U . I . cos θ • P = Potência ativa • U = Tensão • I = Corrente • θ = Ângulo no triângulo das potências Este valor é importante para que, por meio de capacitores de correção do fator de potência, possa-se manter o sistema dentro dos padrões da concessionária. Já foi explicado que a potência absorvida pelo motor (potência aparente) não é totalmente utilizada como movimento (potência mecânica). Uma parte desta potên- cia é utilizada pelo motor para a criação do campo magnético, inclusive em forma 14 15 de perdas. Esta potência é denominada potência reativa, pois se perde com valores de reatâncias. Desta forma, tem-se o seguinte. S Q P � Figura 6 – Triângulo de Potências Onde: • S = Potência Aparente; • P = Potência Ativa; • Q = Potência Reativa; • ϕ = Ângulo que define o fator de potência. Desta forma, quanto mais P se aproxima do valor de S, menor será o ângulo ϕ. O valor do cos ϕ é denominado Fator de Potência e define o quanto da potência en- tregue pela concessionária é utilizada pela máquina. Então, utilizam-se capacitores para compensar a potência resistiva, adicionando potência capacitiva ao sistema. A potência ativa, também conhecida como potência real ou útil, corresponde à potência dissipada em um ciclo, ou seja, corresponde à parcela da potência recebi- da que se transforma em trabalho. cosP U I= ⋅ ⋅ ϕ A Potência Reativa é aquela necessária para magnetizar motores e geradores e carregar campos elétricos e magnéticos. A potência reativa não realiza trabalho, entretanto, caso o fator de potência esteja abaixo de 0,92, seu excedente é cobrado a título de multa, conforme resolução 414 da ANEEL. A potência reativa (repre- sentada pela letra Q) corresponde à parcela da potência que não é convertida em trabalho útil. Seu valor é dado por: Q U I sen= ⋅ ⋅ ϕ 15 UNIDADE Motores Elétricos em Corrente Alternada Potência Aparente é o resultado do produto da multiplicação entre a tensão e a corrente. Em circuitos não resistivos em corrente alternada esta potência não é real, pois não considera a defasagem que existe entre a corrente e a tensão. Recebe a notação S e é expressa em Volt Ampere (VA). 2 2 S U I S Q P = ⋅ = + UFER ou FER: Corresponde à energia reativa excedente, diferença entre o fator de potência aferido e o mínimo para não cobrança de 0,92. Esta diferença é cobrada a título de multapor baixo fator de potência. O triângulo de potências reflete a relação entre as potências aparente, ativa e reativa. • A potência ativa (P) é a potência em Watts (W); • A potência reativa (Q) é a potência em VAR; • A potência capacitiva (C) é a potência em VA Capacitivos; • A potência aparente (S) é a potência total do sistema indicada em VA. Triângulo de Potências Potência reativa (Q) Potência capacitiva (C) Potência ativa, efetiva o real (P) Potê ncia apa rent e (S) � Figura 7 O valor da capacitância será definido pela formulação matemática que segue. ( )1 22 P tg tg C f V ⋅ ϕ − ϕ = ⋅π⋅ ⋅ Onde: • C = Capacitância [F]; • P = Potência Ativa (W); • ϕ1= Ângulo de defasagem antes da correção; 16 17 • ϕ2 = Ângulo de defasagem ideal; • f = Frequência do sistema; • U = Tensão do circuito. Desta forma, os motores costumam apresentar em seus dados, os valores de fator de potência, dentre outros necessários para o projeto. No motor abaixo, veri- fica-se o fp de 0,87 denominado por cos ϕ. Placa de Identificação de um motor da WEG: http://bit.ly/2DPNz4l Ex pl or cos [ ] 47084,4( ) [ ] 54120 [ ] 26681,16 P U I W W S U I VA VA Q U I sen VAr VAr = ⋅ ⋅ ϕ = = ⋅ = = ⋅ ⋅ ϕ = Contudo, deve-se considerar a impedância da rede. T L CZ Z Z= + Nas placas de identificação de motores e transformadores encontram-se os va- lores de tensão, corrente e fator de potência, o que permite encontrar o valor da contribuição deste motor na alteração do fator de potência da rede. Para a correção do fator de potência, deve-se diminuir o valor da potência reativa, buscando o maior aproveitamento da potência total. Para tanto, injeta-se potência capacitiva no sistema de forma a compensar a potência indutiva no sistema. Figura 8 – Controlador de fator de potência trifásico ABB; e Banco de Capacitores 17 UNIDADE Motores Elétricos em Corrente Alternada Rendimento de um Motor em Corrente Alternada O rendimento de um motor em corrente alternada se assemelha a um motor em cor- rente contínua, mas com algumas exceções. Deve-se levar em consideração o fator de potência, pois o rendimento está intimamente ligado à potência ativa. Assim, para um motor trifásico, com a potência mecânica apresentada em cavalos (cv), o rendimento será: 736 ( )% 100% 3 cos P cvn V I ⋅ = ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ϕ Conexão dos Motores Trifásicos à Rede Elétrica Os motores trifásicos, sendo conectados à rede trifásica de energia, podem ser configurados em diversas formas, dependendo do número de conexões possíveis. Basicamente, têm-se: Estrela Triângulo 3 L F L F I I VV = = 3 L F L F V V II = = Estrela Triângulo VL VL VF IF VF IL IL IF Estrela Triângulo VL VL VF IF VF IL IL IF Figura 9 Pela norma, a tensão de entrada do trifásico pode variar em 10%. Os valores de alimentação mais comuns são 220, 380, 440, 660 e 760V. Motores trifásicos podem ser constituídos por 1 ou 2 grupos de enrolamentos trifásicos. No primeiro caso, como são 3 enrolamentos, cada qual com um início e um fim, haverá 6 terminais disponíveis (motor de 6 pontas); no outro caso, um dos grupos pode ou não estar conectado internamente, configurando motores de 9 ou 12 pontas. 18 19 Os Motores de 6 Pontas são fabricados para operar com 2 tensões relacionadas por 3, usualmente 220-380 V ou 380-660 V. Na tensão mais baixa serão ligados em triângulo e na mais alta em estrela. Figura 10 – Placa de identifi cação de motor elétrico WEG Fonte: Divulgação/WEG Os Motores de 9 Pontas podem ser ligados em tensões relacionadas por 2, como 220-440 V ou 230-460 V. Na tensão mais baixa, os enrolamentos são ligados em paralelo (em Y ou ∆, dependendo do tipo do motor) e na tensão mais alta são co- nectados em série. Figura 11 – Placa de identifi cação de Motor Elétrico CE Fonte: Divulgação/CE 19 UNIDADE Motores Elétricos em Corrente Alternada Nos Motores de 12 Pontas, havendo 12 terminais disponíveis, é possível a li- gação em 4 tensões diferentes, usualmente 220- 380-440-760 V. A configuração dos enrolamentos é, respectivamente, paralelo, Y paralelo, série e Y série, como mostra a Figura a seguir. Figura 12 – Placa de identificação de motor elétrico WEG Fonte: Divulgação/WEG Assim, segue um resumo das ligações dos motores trifásicos. Figura 13 – Fechamentos em motores trifásicos Fonte: Divulgação 20 21 Assim, dependendo do fechamento ou ligação do motor trifásico, têm-se corren- tes e tensões de entrada distintos. Desta forma, pode-se concluir que a impedância oferecida pelos enrolamentos do motor será diferente em cada configuração, já que devem respeitar a lei de Ohm. . . . . . . . . . . . . A B B C C A AB C A B B C C A BC A A B B C C A AC B AB AC A AB BC AC AB BC B AB BC AC BC AC C AB BC AC Z Z Z Z Z ZZ Z Z Z Z Z Z ZZ Z Z Z Z Z Z ZZ Z Z ZZ Z Z Z Z ZZ Z Z Z Z ZZ Z Z Z + + = + + = + + = = + + = + + = + + A A CB CB Z Z AC Z BC Z B Z A Z C AB Figura 14 – Equivalência estrela-triângulo Enrolamentos em Motores de Corrente Alternada Para se compreender como estão dispostos os enrolamentos dos motores em corrente alternada, deve-se diferenciar os motores monofásicos e bifásicos dos tri- fásicos. Isto ocorre pela própria forma como estão dispostas as ondas senoidais em relação às fases. Analisando a onda senoidal do sistema monofásico (FN), pode-se perceber a posição da onda única em relação ao neutro (0). 21 UNIDADE Motores Elétricos em Corrente Alternada Figura 15 – Onda senoidal exemplo, onde têm-se a fase em vermelho e o neutro em amarelo Fonte: Acervo do conteudista Da mesma forma, no sistema bifásico (FF) haverá duas ondas senoidais, defasa- das em 180 graus cada uma. Figura 16 – Onda senoidal exemplo, onde têm-se duas fases. Uma em vermelho e outra em azul. Percebe-se a defasagem de 180 graus entre as ondas Fonte: Acervo do conteudista Neste caso, na força magnética resultante, tanto no sistema monofásico quan- to no bifásico, ocorrerá a anulação entre as forças, pois o sistema irá defasar em 180 graus. Então, será necessária uma terceira força proporcionada por um novo enrolamento ou um torque maior para iniciar o campo magnético girante, propor- cionando o movimento giratório. Após estabelecida cerca de 80% da velocidade nominal, o sistema de partida do motor se desconecta e o motor segue com a defasagem de 180 graus, mas contando com a inércia do rotor quando as forças magnéticas se anularem. F1 F2 Figura 17 – Forças concorrentes em motor bifásico ou monofásico simplificado 22 23 Por outro lado, nos motores trifásicos, a alimentação é efetuada por 3 fases que irão criar um ângulo de 120 graus entre elas. Figura 18 – Sistema trifásico (FFF ou FFFN) onde as correntes defasam em 120 graus Fonte: Acervo do conteudista Assim, nos motores trifásicos, o campo girante se torna perfeito, e o rotor nunca está à mercê de sua própria inércia. F1 F2F3 Figura 19 – Forças concorrentes em motor bifásico ou monofásico simplifi cado Os motores trifásicos, em sua construção, imitam a beleza da natureza, que se vale do ângulo de 120 graus para criar estruturas bastante rígidas e fortes. Figura 20 – Favos de Mel Fonte: Getty Images 23 UNIDADE Motores Elétricos em Corrente Alternada Circuito Equivalente Ia E f Ra jXS Va Figura 21 – Imagem, circuito equivalente da máquina elétrica operando como motor por fase Os motores em corrente alternada possuirão impedância formada pela reatância e pela resistência. Desta forma, pensando na armadura, tem-se o seguinte: [ ] [ ] as a s a a as Z R jX V Fem I Z V = + Ω = ⋅ ⋅ 24 25 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Motor de Indução - Como funcionam Funcionamento do Motor de Indução trifásico. https://youtu.be/tinXAu5N_2c Como um motor de indução funciona? https://youtu.be/AQqyGNOP_3o Leitura Escorregamento de motor. O que é e como calcular? http://bit.ly/2Q2gB7O Guia de especificação de motores da WEGhttp://bit.ly/2Q4inFs 25 UNIDADE Motores Elétricos em Corrente Alternada Referências COTRIM, A. A. M. B. Instalações elétricas. 3. ed. São Paulo: Makron, 1993. CREDER, H. Instalações elétricas. 14. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. EDMINISTER, J. A. Circuitos elétricos. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1985. FITZGERALD, A. E. Máquinas Elétricas - Com introdução àeletrônica de potência. 6. ed. Porto Alegre: Editora Bookman, 2008. JEWETT, J.; SERWAY, R. Física para cientistas e engenheiros - Eletricidade e magnetismo. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. NETO, J. B. Teoria eletromagnética – Parte Clássica. São Paulo: Ed. Livraria da Física, 2013. NASAR, S. A. Máquinas elétricas. São Paulo: Makron, 1984. SIMONE, G. A. Máquinas de corrente contínua: teoria e exercícios. São Paulo: Érica, 2000. SIMONE, G. A. Máquinas de indução trifásicas. São Paulo: Érica, 2000. 26
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