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aula A radiofrequência se trata de um aparelho de corrente elétrica

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A radiofrequência se trata de um aparelho de corrente elétrica. A corrente elétrica se encontra dentro de um campo magnético e, por ter uma alta frequência, perde a sua capacidade excitomotora. Portanto, este aparelho gera aquecimento.
O aquecimento é o fenômeno que esperamos em um aparelho de radiofrequência; quando controlado, é muito efetivo no tratamento de gordura, de celulite (ou não, vamos discutir essa questão no treinamento), de flacidez de pele, de rugas, de estrias, e mais.
Quais são as indicações e contraindicações da radiofrequência? É possível aplicar a técnica em pacientes gestantes, que têm metal no corpo ou que têm DIU? Essas são dúvidas muito recorrentes na prática clínica. 🤔💭
Outra questão é quanto aos aparelhos de radiofrequência. Há diferença entre um aparelho monopolar e um multipolar? Eu vejo muitos colegas de profissão aplicando aparelhos monopolares na face: isso pode ser realizado? Vamos discutir todos esses pontos durante o treinamento.
Eu sou o professor João Tassinary, graduado em Fisioterapia e em Biomedicina com ênfase em Estética, com doutorado em Medicina e Ciências da Saúde (mais precisamente na área de Clínica Médica) e período intercalar na Universidade de Barcelona. 👋📚
Falaremos sobre radiofrequência e os pressupostos para utilizar bem esse recurso dentro da clínica, além de ampliar os seus resultados. Então, seja muito bem-vindo ao curso de Radiofrequência Corporal e Facial! 
Iniciamos o treinamento com uma introdução à radiofrequência, para entender o funcionamento do recurso e estabelecer os seus efeitos fisiológicos – com isso, compreendemos as indicações e contraindicações desse aparelho. 
Nas aulas posteriores, vamos verificar os efeitos da radiofrequência nos tecidos biológicos e no tecido adiposo; no final do curso, teremos aulas práticas. 
Vamos começar falando sobre os tipos de radiofrequência que existem. Há inúmeras marcas no mercado, e na aula de hoje vou demonstrar aparelhos muito utilizados na minha prática clínica, como o Effect e o da marca Tonederm. Para finalizar, teremos uma terceira prática com o aparelho Hertix.
Para entender a radiofrequência, é importante analisar a história do recurso. As ondas eletromagnéticas que produzem calor são utilizadas há muito tempo na área da Saúde. Em 1892, D’Arsonval fez a aplicação de energia eletromagnética para fins medicinais. D’Arsonval realizou um teste nele mesmo e no seu assistente, aplicando uma corrente que não promoveu nenhum tipo de excitação motora devido à característica do aparelho utilizado.
Em 1900, Karl Franz:
Depois, em 1908, Zeynek e Nagelschmidt criaram o termo diatermia, que se trata de “aquecimento através de”; estabelecemos uma analogia com o funcionamento da radiofrequência = promove aquecimento. A partir daí, muitos estudos clínicos são descritos na literatura, como a utilização em uma área da cabeça.
Em 1933, houve a utilização da técnica para o tratamento de acne.
Em 1939, utilizou-se o recurso para o tratamento de coagulação de acne pustulosa.
Mais tarde, em 1954, a máquina de diatermia foi usada para tratar dores ciáticas.
🤔 Mas o que é o aparelho de radiofrequência que utilizamos atualmente? Pode-se definir como ondas do campo eletromagnético (nas unidades de kHz). Essas ondas, por serem senoidais e apresentarem alta frequência, perdem a capacidade de excitação motora (diferentemente da corrente russa, por exemplo). 
📌 A radiofrequência, portanto, por ser uma onda senoidal e de alta frequência, perde a sua capacidade excitomotora. 
Quando o aparelho é utilizado, não queremos, necessariamente, estimular a contração muscular ou realizar um bloqueio analgésico. O ponto-chave é que, quando usamos a radiofrequência, promovemos calor por meio da agitação molecular. Para entender, efetivamente, como essa técnica atua no tecido biológico, deixo um experimento muito interessante. 
Temos uma corrente elétrica que é trabalhada em um campo eletromagnético; por isso, e pela alta frequência, perde a capacidade excitomotora. Trazemos uma bobina de Tesla para explicar como funciona a lógica da radiofrequência. A bobina de Tesla é um gerador de onda eletromagnética. Tesla desenvolveu esse recurso com a finalidade de transportar corrente elétrica sem a necessidade de fios. Sempre que aproximamos uma lâmpada, devido ao calor que agita os elétrons, ela acende. Esse mesmo fenômeno físico ocorre com aparelhos de radiofrequência. 
É importante frisar que não é o aparelho, sozinho, que promove o aquecimento. O fenômeno ocorre quando o campo eletromagnético, ao entrar em contato com os íons (na pele), faz agitação molecular.
Vamos demonstrar em um aparelho de Effect HTM, colocando 2,4 MHz e 100% de intensidade, já que buscamos acender a lâmpada.
Nos locais em que encostamos a lâmpada no aparelho de radiofrequência, o objeto acende, porque a onda eletromagnética promove a excitação dos elétrons contidos dentro do gás. Esse mesmo fenômeno ocorre nos tecidos biológicos.
Percebendo os efeitos físicos da radiofrequência, é possível que uma gestante utilize o aparelho? A resposta é não. Sabemos como funciona a interação em pacientes grávidas e, por isso, não deve-se tomar o risco. E a terapeuta gestante, pode aplicar? Na minha opinião, também não, porque a onda vai se propagar em todo o ambiente. É sempre possível gerar efeitos a nível intracelular.
Se o paciente tem metal no corpo, a onda eletromagnética pode aquecer o objeto; por isso, é uma contraindicação. Em pessoas com histórico de câncer não é indicado irradiar uma onda eletromagnética, porque não sabemos quais são os efeitos que podem ser gerados. Por isso, é importante atentar a alguns fatores antes de optar pela radiofrequência. Podemos fazer uma analogia com o micro-ondas, que, é claro, não possui as mesmas funcionalidades, mas promove um aquecimento através da agitação molecular. Outra possível analogia é a do pão, que, logo após tirarmos do micro-ondas, endurece devido às moléculas de água que evaporam com o aquecimento. 
Na prática clínica, o aquecimento é maior em tecidos mais ricos em água; então, se o paciente estiver mais hidratado, o aquecimento será mais eficiente. Percebemos como as explicações físicas conseguem dar um norte aos efeitos fisiológicos da radiofrequência.
Agora, trago alguns conceitos sobre a técnica. Existe uma diferença entre radiofrequência ablativa e não ablativa.
🔸 Ablativa: utilizada na medicina, tendo efeito mais invasivo. É capaz de lesionar células cancerígenas;
🔸 Não ablativa: usada na clínica, tem uma aplicação não invasiva.
Outra discussão presente é se a radiofrequência é capacitiva ou resistiva, que são modos diferentes de emitir a onda eletromagnética. São dois modos diferentes de utilizar a técnica; se ambos são capazes de atingir as temperaturas necessárias para promover o efeito esperado, é possível os utilizar.
Outro ponto importante da radiofrequência é a diferença de polos. Temos monopolares, bipolares, tripolares, e muito mais. Farei a seguinte divisão: monopolar e multipolar. Cada polo atinge profundidades diferentes.
🔸 Monopolar: onda eletromagnética sai do eletrodo de trabalho e procura a placa de retorno. É indicado quando buscamos atingir maior profundidade no tratamento, como no caso da gordura corporal. Para tratar afecções faciais, não indico este aparelho;
🔸 Multipolar: a onda eletromagnética sai de um eletrodo e entra no outro; portanto, a sua profundidade de penetração é menor.
Muitos profissionais relatam não ter um aparelho monopolar e, por isso, não sabem se podem tratar gordura corporal. A resposta é sim, é possível tratar essa afecção, porque muitos estudos já demonstram essa eficácia. Neste caso, a onda dependerá da frequência (quanto menor ela for, maior será a profundidade atingida). 
É importante lembrar que falamos sobre os efeitos físicos da radiofrequência e as diferenças entre os aparelhos. Agora, vamos entender os efeitos nos tecidos biológicos e em quais afecções o recurso pode ser utilizado.
Mas antes, vale lembrar que o aquecimento da radiofrequênciaadvém de alguns fenômenos físicos.
A partir disso, temos duas possíveis linhas de raciocínio:
Resumindo: temos um aparelho que, através dos seus conceitos físicos, pode ter resultados interessantes no tecido biológico. 
Convencionalmente, utilizamos a radiofrequência em altas temperaturas para gerar um processo inflamatório controlado – com proliferação de fibroblasto e produção de colágeno – tendo, portanto, muita eficácia no tratamento de rugas ou rítides, flacidez de pele e estrias cutâneas.
Pensando que se trata de um recurso que gera uma lesão controlada e uma cascata inflamatória, promovendo uma fase de cicatrização com proliferação de fibroblasto e produção de colágeno, temos um recurso de excelente evidência científica para tratar estrias cutâneas, flacidez de pele e rugas ou rítides (na face, precisamente).
Sugiro a leitura do estudo Exploring Channeling Optimized Radiofrequency Energy: a Review of Radiofrequency History and Applications in Esthetic Fields que menciona os efeitos da radiofrequência de condução iônica, dano térmico e processo inflamatório. 
Lembrando que, na aula passada, falamos que quem não tem um aparelho monopolar pode atingir os efeitos buscados; neste artigo, os autores trazem uma relação inversamente proporcional de frequência e penetração de onda eletromagnética.
📌 Quanto menor for a frequência, maior será a profundidade atingida.
Atingindo a profundidade correta, temos:
🔸 Condução iônica;
🔸 Dano térmico;
🔸 Inflamação.
Mostrando o efeito histológico nas células do tecido, percebe-se a melhora de diversos quadros.
Seguindo com os artigos científicos, deixo o Radiofrequency facial rejuvenation: Evidence-based effect que demonstra que a ideia da cascata inflamatória é eficaz em tratamentos faciais (no caso, em rugas periorbitais).
O estudo Clinical experience with a TriPollar™ radiofrequency system for facial and body aesthetic treatments mencionou melhora na profundidade das rugas, na flacidez de braço e na celulite (o tratamento, nesse caso, é discutível). Temos a resposta de melhora tecidual, e estudos in vitro e em animais confirmam os efeitos da radiofrequência. Um artigo, também, mostrou que houve aumento da produção de elastina e de colágeno após aplicar o recurso.
Outro ponto importante da radiofrequência é que ela tem a capacidade de estimular a hiperplasia da epiderme, aumentando a espessura tecidual. O calor aumenta a mitose na camada basal da epiderme e o aporte nutritivo local, aumentando o número de células que se replicam na camada basal.
Então, quais são os efeitos da radiofrequência no tratamento tegumentar? 🤔 Quando falamos em derme, temos proliferação de fibroblasto e produção de colágeno e elastina. Na epiderme, trata-se de um dos poucos recursos que gera aumento de espessura do tecido, o que é muito eficiente em flacidez, rugas e rítides e estrias cutâneas.
O artigo Three-dimensional radiofrequency tissue tightening: a proposed mechanism and applications for body contouring relata o uso da radiofrequência na melhora do contorno corporal após estudo em mulheres que realizaram abdominoplastia. Contrai-se as ligações de colágeno, promovendo o efeito mencionado. Mesmo se tratando de um recurso que não é permanente nesse caso, há melhora na flacidez da pele.
Há comprovação científica de que a radiofrequência ativa as proteínas do choque térmico (HSP); a partir daí, o evento de regeneração tecidual inicia. Uma das perguntas mais frequentes é de quanto em quanto tempo deve ser feita a reaplicação do recurso; o estudo Bipolar Fractional Radiofrequency Treatment Induces Neoelastogenesis and Neocollagenesis sugere que, se o propósito é ativar a produção de colágeno, deve-se esperar até 28 dias para realizar novamente a intervenção.
Vimos que a radiofrequência tem a capacidade de gerar um processo inflamatório, aumentando a proliferação de fibroblasto e a produção de colágeno, e sendo um excelente recurso para o tratamento de rugas, flacidez de pele e estrias cutâneas. O que essas afecções têm em comum é o déficit de glicosaminoglicano, de colágeno e de elastina, e a diminuição da espessura da epiderme. Pode haver melhora nesses quadros caso seja feito um uso correto da radiofrequência. 
Visto isso, vamos falar sobre a interação das ondas eletromagnéticas no tecido adiposo para o tratamento de gordura corporal. Sabe-se que essas ondas podem ser seletivas ao adipócito, gerando danos no local e o esvaziando, o que resulta na diminuição do número de adipócitos.
Outro ponto a ser citado a respeito dos efeitos da radiofrequência na gordura corporal é o aumento do metabolismo devido ao aquecimento.
Neste sentido, a radiofrequência passa a ser um recurso capaz de estimular o gasto energético; mas é importante citar que se trata, apenas, de uma hipótese de oxidação.
📌 Então, a cada grau que aumenta a temperatura corporal, há o aumento de 10 a 13% da velocidade do metabolismo celular.
Podemos pensar no efeito da radiofrequência no tecido adiposo a partir de duas variáveis interessantes:
1ª - gerar um dano no adipócito devido ao aumento da temperatura – além disso, citocinas inflamatórias estimulam a lipólise;
2ª - aumentar a velocidade do metabolismo tecidual, que pode acelerar o gasto energético.
O estudo Noninvasive Body Contouring with Radiofrequency, Ultrasound, Cryolipolysis, and Low-Level Laser Therapy aponta a aplicação da radiofrequência bipolar na hipoderme incrementando o metabolismo celular e acelerando a saída do ácido graxo e glicerol de dentro do adipócito. Outros estudos, como o Clinical and histopathological results following TriPollar™ radiofrequency skin treatments, mostram o efeito da radiofrequência na lesão do adipócito em função do calor gerado, utilizando um aparelho tripolar.
Ressalto o que já falamos nas aulas anteriores: não é necessário ter um aparelho monopolar para atingir os efeitos desejados no tratamento de gordura. ⚠
O artigo Hyperthermic Injury to Adipocyte Cells by Selective Heating of Subcutaneous Fat With a Novel Radiofrequency Device: Feasibility Studies demonstra hipertermia e lesão adipocitária com a utilização de radiofrequência. Nele, menciona-se que:
 
Um ponto importante é que não é necessário chegar com o termômetro na pele com essas temperaturas altas; inclusive, os estudos mostram que a epiderme, quando aplicamos a radiofrequência, tem uma temperatura de, mais ou menos, 40°, e o tecido adiposo ou a estrutura adjacente pode estar com 45º. Pode-se haver 3 a 5º a mais nas estruturas mais adjacentes. 
Quer tratar gordura? Utilize altas temperaturas, assim como no tratamento de estrias, flacidez e rugas, para que um processo inflamatório seja gerado, ocasionando na morte do adipócito e na estimulação das citocinas inflamatórias (que também são lipolíticas). É importante lembrar que a cada grau de temperatura que é aumentado, o metabolismo acelera em 10-13%.
Quando falamos em alta temperatura, não nos referimos ao que é apontado nos artigos que mencionei anteriormente; não pode-se passar de 42º. Caso exceda essa temperatura, uma lesão descontrolada é gerada na epiderme.
A radiofrequência se propõe a tratar outras afecções, como a celulite. Não é, ainda, bem consolidado na literatura os efeitos do recurso nesse quadro, mas muitos autores apontam que o esvaziamento do adipócito e a melhora da flacidez da pele que a radiofrequência promove auxiliam no tratamento da celulite.
Por outro lado, muitos estudos indicam que a radiofrequência não é eficaz para tratar quadros celulíticos, visto que um dos quadros da celulite é inflamatório; aumentando a temperatura, aumenta-se a vasodilatação, o aporte de citocinas inflamatórias e a produção de colágeno. Vamos discutir mais sobre o tratamento da celulite mais a frente.
O importante a ser lembrado é que as altas temperaturas devem ser utilizadas no tratamento de gordura. Quando passamos de 37º, já inicia a cascata inflamatória no tecido; e o máximo é 42º para não gerar lesão descontrolada e, até, queimadura (que é recorrente em más práticas clínicas).
Deixo estatabela para estudo:
O que delimita a inflamação decorrente da radiofrequência é a temperatura – se o objetivo for estimular a produção de citocinas inflamatórias. A frequência determina a profundidade de penetração; portanto, é possível utilizar aparelhos que não são monopolares e obter bons resultados. Se houver fibrose, aderência e cicatrizes hipertróficas, a radiofrequência deve ser utilizada em temperaturas mais baixas. O pressuposto é abaixo de 37º, porque o objetivo é apenas facilitar o realinhamento das fibras de colágeno.
Não está muito claro na literatura as contraindicações da radiofrequência. A partir do entendimento da física do aparelho, é possível compreender os casos em que não se deve aplicar a técnica. Deixo um apanhado das principais contraindicações, mas é o profissional quem deve avaliar e analisar a conduta correta.
A paciente apresenta queixas de diminuição de tegumento em linhas de expressão, principalmente no sulco nasogeniano; então, é nessa região que vamos trabalhar. O objetivo é simples: gerar um processo inflamatório controlado, e entrar no processo de regeneração tecidual (proliferação de fibroblasto e produção de colágeno) que dará sustentação na pele, diminuindo linhas de expressão.
De quanto em quanto tempo realizar a intervenção? Sugiro que espere de 21 a 28 dias, devido às proteínas do choque térmico.
Antes de iniciar a aplicação da radiofrequência, precisamos higienizar a pele do paciente, já que a face é um local que costuma ter maquiagem ou resíduos. A minha colega, professora Luana, vai demonstrar os passos da limpeza de pele.
Olá, meu nome é Luana e sou fisioterapeuta. Vou demonstrar os passos da limpeza da face para aplicação da radiofrequência. 🤗
Geralmente, as pacientes chegam aqui na clínica com maquiagem; então, o primeiro passo é usar um demaquilante, conforme a pele da pessoa. Logo após, utilizamos um gel de limpeza, realizamos uma esfoliação e passamos uma loção tônica.
Após passar o gel e antes de esfoliar a pele, é preciso limpar o rosto apenas com água. O objetivo da esfoliação é retirar os corneócitos depositados na epiderme. Depois do processo, retirar a substância com uma gaze e aplicar a loção tônica.
Com a pele pronta, podemos aplicar a radiofrequência. Neste curso, vamos fazer a prática com três aparelhos: Effect da HTM, Spectra da Tonederm, e finalizamos com o Hertix.
Começamos com o Effect em uma aplicação na face. Acoplamos o eletrodo no aparelho e definimos o cabeçote. O aparelho da HTM vai ser utilizado na região facial por não possuir a opção monopolar – nela, o campo se fecha na placa, tendo que percorrer a cabeça e podendo gerar um aquecimento mais profundo de acordo com a frequência do aparelho.
Bipolar:
A diferença entre ambos está na área de contato e na ergonomia do eletrodo. A profundidade de aparelhos bipolares é um pouco menor.  
Tripolar:
Hexapolar:
Vamos elencar este cabeçote bipolar para aplicar na região da face:
Agora, vamos falar um pouco sobre ciclagem do aparelho. Na paciente de hoje, trabalhamos em facial. Temos duas frequências (lembrem-se que é inversamente proporcional à profundidade) de 1,2 MHz e 2,4 MHz. Na face, como não queremos uma penetração grande, trabalhamos com 2,4 MHz.
Depois, vamos para o tempo. Vou delimitar 5 minutos; mas lembro que não existe consenso quanto a isso. Após isso, estabelecemos a intensidade; quanto mais alta, mais rápido e forte será o aquecimento. Não há como prever a intensidade necessária, porque depende da hidratação do paciente e da temperatura do local.
Sugiro que, no início, trabalhe com doses mais baixas. É possível alterar a dose no decorrer da aplicação.
Passando dos 37º, dá-se o start e inicia a contagem regressiva.
Na prática, a primeira coisa é delimitar a área de aplicação, e deixamos, aqui, 5x5 cm. Não há consenso na demarcação de área.
A paciente não tem nenhuma das contraindicações que já mencionamos. Elencamos o aparelho bipolar, e verificamos a temperatura da face. 
Outra discussão é definir o que será utilizado como meio. A onda eletromagnética não precisa de nada para se propagar, porque a propagação ocorre no vácuo; siga o que o manual de cada aparelho sugere. No que estamos utilizando, a sugestão é o uso de gel glicerinado. Colocamos um pouco apenas para deslizar o cabeçote.
Espalhando o gel, avaliamos a temperatura da área novamente e iniciamos a aplicação, sempre alternando ao mensurar a temperatura.
Atingindo os 36°, pode-se aumentar a velocidade até atingir a temperatura que buscamos (+ de 37°) e, então, damos o start. O objetivo é gerar uma inflamação, e lembre sempre de analisar a temperatura. Note a hiperemia do local.
É importante mencionar que o processo inflamatório foi gerado na paciente, e que a reaplicação é, preferencialmente, entre 15 e 28 dias. Outro ponto é o cuidado ao associar técnicas já que uma lesão foi gerada; é contraindicado, por exemplo, um peeling que lesiona mais ainda a pele e que pode ocasionar uma afecção cutânea. 
Outra dica é cuidar com as técnicas antagonistas – acabou de aplicar a radiofrequência, não aplique um led ou um laser, que são anti-inflamatórios.
📌 Não se deve realizar condutas que ampliem a inflamação, nem que a minimizem.
A paciente tem queixa de gordura localizada na região infra-abdominal. Elencamos um aparelho monopolar para atingir maior profundidade de penetração. A lógica da radiofrequência no tratamento de gordura é aumentar a temperatura para gerar uma lesão no adipócito e iniciar um processo inflamatório – sabe-se que as citocinas inflamatórias são lipolíticas –, além de acelerar o metabolismo devido ao aumento de temperatura.
📌 Estudos de fisiologia indicam que, a cada grau que é aumentado, há uma aceleração de 10-13% do metabolismo e resultando em maior gasto energético.
A radiofrequência, portanto, é efetiva na melhora da textura do tegumento, na flacidez da pele e no esvaziamento do adipócito para dar resultado em celulite (não utilizo a técnica nessa afecção por causa da falta de evidência científica que a sustente).
Nesta prática vamos utilizar um aparelho Spectra da 2ª geração, da marca Tonederm. Os seus diferenciais consistem em um pedal que controla o acionamento do recurso; temos um cabeçote hexapolar, mas, para aumentar a profundidade, existem dois cabos que saem do eletrodo; e outra possibilidade é o aparelho monopolar, que tem apenas um cabo e a placa acoplada.
Acoplamos a placa e o eletrodo monopolar no aparelho.
Vamos trabalhar com um tempo de 10 minutos e em uma potência de 24 W. Assim que o pedal for apertado, conta-se o timing.
📌 A potência determina a quantidade de energia que será entregue e a rapidez de aquecimento.
Demarcamos uma área de 10x10 cm.
Colocamos a placa em contato com a paciente, na região da lombar.
O manual do aparelho indica a utilização de glicerina para deslizar o cabeçote. A temperatura da região deve ser verificada antes de dar start no aparelho.
Durante o processo, deve-se avaliar a temperatura constantemente. Passando dos 37º, damos start no aparelho; a partir disso, inicia o processo inflamatório. 
Uma pergunta importante é se é obrigatório esperar os 21-28 dias para reaplicar a radiofrequência, e a resposta é não, porque o objetivo, quando aplicada à gordura, é lesionar. Neste caso, aplicamos semanalmente aqui na clínica. 
📌 Se houver outras afecções concomitantes, como flacidez, deve-se aguardar mais tempo para a reaplicação.
Cuidado ao associar a radiofrequência a outros recursos de eletroterapia. Muitos profissionais associam criolipólise à radiofrequência, mas há o risco de gerar uma lesão descontrolada. Também não utilize recursos anti-inflamatórios, porque o objetivo do processo foi inflamar. Recursos que estimulam a oxidação podem ser utilizados de forma associada, como a corrente russa e a plataforma vibratória.
É importante ressaltar que o tratamento para estrias cutâneas é o mesmo que aplicamos para flacidez de pele – há semelhança nos parâmetros e na forma de aplicação, e não é preciso utilizar um aparelho monopolar.📌 Relembrando: a ideia é gerar uma inflamação, estimular a proliferação de fibroblasto, a produção de colágeno, melhorar a constituição da derme e promover a hiperplasia da epiderme.
Vamos para a prática! 😉
O paciente apresenta estrias um pouco acima da região lombar, e vamos utilizar o aparelho da Kld (Hertix), que tem bom custo-benefício e gera resultados satisfatórios na prática clínica. O equipamento que temos aqui na clínica oferece três possibilidades:
 Eletrodo bipolar
Eletrodo bipolar com pinos
Eletrodo tripolar
A diferença entre os eletrodos bipolares está na ergonomia, e entre esses e o eletrodo tripolar está na área maior para gerar o aquecimento. Hoje, vamos utilizar o aparelho tripolar na região lombar, já que temos uma região mais ampla.
Começamos ligando atrás do aparelho. Diferentemente dos equipamentos das aulas anteriores, selecionamos as funções do Hertix na manopla. O primeiro passo é selecionar o conector; vamos usar um tripolar.
Selecionamos configurações. Neste aparelho, não há como iniciar a contagem de tempo manualmente; a partir do início da aplicação, o timer já começa a contar. Por isso, a minha sugestão é que você coloque 12 minutos, porque dois minutos costuma ser o tempo utilizado para atingir a temperatura alvo.
Outro ponto é que o Hertix oferece três frequências diferentes, que são inversamente proporcionais à profundidade. Para aplicação corporal, eu sugiro 640 KHz.
Após estabelecer os parâmetros, entramos no display da dose (a energia que estamos colocando – quanto maior, mais rápido será o processo e maior será o aquecimento). Sugiro que inicie com 60 - 70%, o que pode ser modificado durante o processo.
Depois de pronta a ciclagem, pause o timer até o iniciar a aplicação no paciente. ⚠
Deitamos o paciente em decúbito dorsal e delimitamos uma área de 10x10 cm, além de colocarmos um meio que permita o deslizamento do cabeçote. 
É importante lembrar de verificar a temperatura da região antes e durante a aplicação; ao atingir os 37º, pode-se iniciar a contagem regressiva do processo (neste aparelho, a contagem já está ocorrendo desde o início).
Finalizamos os 10 minutos de aplicação com um processo inflamatório – é possível verificar a hiperemia na área em que aplicamos a radiofrequência. Entre 15 a 28 dias ocorre a produção de colágeno.
Uma dúvida frequente é se é possível aplicar a radiofrequência, neste caso, toda a semana. Não é o ideal, porque indica-se esperar até a fase de produção do colágeno. Outro ponto é associar outras condutas ao tratamento: tome cuidado com anti-inflamatórios (como o laser) e com a produção de mais inflamação (com o microagulhamento, por exemplo), já que pode gerar uma lesão descontrolada.
Outra pergunta é a associação com cosmético antes ou depois do tratamento com radiofrequência. A resposta é depois, porque, se você aplicar o princípio ativo antes, o aumento de temperatura que ocorre no processo pode degradar as moléculas, impedindo que haja qualquer efeito no tratamento.
📌 Depois da diminuição da temperatura, aplique o cosmético.
Costumo falar que estamos em um momento no mercado da Estética em que há muitos profissionais e, portanto, grande concorrência. Os diferenciais para poder prosperar dentro da clínica são cobrar de forma justa e entregar resultados. 
Bauman fala que estamos repletos de informações e “famintos” por sabedoria, mas muitos profissionais não estão focando em adquirir conhecimento científico, falhando ao oferecer um tratamento pleno e eficaz. 
📌 Minha dica é fazer uma prática clínica honesta e justa, e entregar resultados.
Um dos recursos capazes de melhorar o quadro de estrias cutâneas, flacidez de pele, gordura localizada e rugas é a radiofrequência. É normal que dúvidas surjam no decorrer da caminhada – Pascal diz que quanto mais ampliamos o conhecimento, maior se torna a área desconhecida. 
Há um espaço aqui na plataforma para você discutir com colegas, mandar dúvidas e muito mais, e muitos desses questionamentos eu acabo respondendo nas lives ou no programa Pergunte ao Expert. Por isso, não deixe de comentar e trocar informações.
Temos um bônus neste treinamento: vamos colocar, aqui na aula, o link do audiobook dos capítulos que escrevi sobre radiofrequência no tratamento corporal. Este é um material complementar para ampliar ainda mais os seus estudos.
Então, finalizado o curso, convido que você acesse o link aqui embaixo e me ouça lendo os capítulos de radiofrequência para tratamentos corporais. Ouça o material complementar, leia os artigos científicos disponibilizados.
Agradeço imensamente a sua participação neste treinamento, em que falamos sobre a física do aparelho, o funcionamento do recurso e, por fim, fizemos demonstrações práticas com três diferentes aparelhos em afecções distintas. Também deixamos o link de dois cursos que vão auxiliar muito no seu conhecimento e na associação na prática clínica.
Um super abraço e até o próximo treinamento. Valeu! 📚🙌
Aula de Nutricosméticos: Clique aqui
Aula de Cosméticos: Clique aqui
Radiofrequência aplicada ao tratamento de estrias cutâneas (Raciocínio clínico aplicado à Estética Corporal)
A radiofrequência pode ser compreendida como um aparelho de radiações do espectro eletromagnético na ordem de quilohertz (kHz). Por ser uma onda senoidal de elevada frequência, perde seus efeitos químicos e biológicos de excitação neuromuscular. Contudo, mantém o efeito de conversão em calor ao ser absorvida pelos tecidos biológicos. Sendo mais específico, esse aparelho convencionalmente pode ser descrito como um emissor de onda eletromagnética que gera calor por conversão, compreendido entre 30 kHz e 300 MHz. É importante frisar que a frequência da onda é inversamente proporcional à sua profundidade. Assim como no aparelho de ultrassom, sempre que se busca o tratamento de estruturas anatômicas internas, é importante utilizar frequências mais baixas.
Atualmente, existe uma vasta gama de aparelhos de radiofrequência no mercado. Entretanto, são duas as tecnologias de emissão de ondas eletromagnéticas mais comuns na área da Estética: a capacitiva e a resistiva.
CAPACITIVA: Quando a manopla possui uma camada isolante no eletrodo, como material plástico, por exemplo, tornando o aquecimento menos intenso.
RESISTIVA: Não possui nenhum isolante do eletrodo da sua manopla, aumentando a intensidade do aquecimento.
Os aparelhos também se diferem no que diz respeito aos tipos de manoplas e ao número de polos que as constituem, podendo ser divididas em:
MONOPOLAR: É constituída por apenas um polo e uma placa para fechar o circuito, tendo maior ação em tecidos mais profundos.
BIPOLAR: É uma manopla de dois polos. Nesse caso, o circuito fecha de um lado para o outro. Seu uso é mais frequente em alterações superficiais.
TRIPOLAR: Possui três polos ativos, sendo que a energia transmitida é heterogênea, já que um dos polos a concentra em maior escala.
HEXAPOLAR: Possui seis polos ativos e apresenta homogeneidade na passagem de energia, pois o número de eletrodos ativos é par.
A transmissão de radiofrequência por tecidos biológicos pode produzir uma série de respostas fisiológicas, advindas basicamente do aumento de temperatura. As respostas são três:
VIBRAÇÃO IÔNICA: Os íons estão presentes em todos os tecidos. Ao serem submetidos à radiofrequência, vibram à sua frequência gerando fricção e colisão entre os tecidos adjacentes, além do aumento de temperatura.
ROTAÇÃO DAS MOLÉCULAS DIPOLARES: Nosso corpo é composto majoritariamente por água. Apesar da sua molécula ser eletricamente neutra em sua totalidade, a sua parte final atrai cargas opostas, que convertem-no em um dipolo, produzindo colisão entre os tecidos adjacentes.
CONVERSÃO TÉRMICA: Faz distorção molecular. Acontece nas moléculas e nos átomos eletricamente neutros, cujos movimentos serão nulos, já que não possuem carga elétrica. Isso gerará uma conversão mínima de energia elétrica em calor.
Estudos mostram que o aumento de temperatura causado pela radiofrequência tem a capacidade de gerar uma cascatade eventos inflamatórios no tecido-alvo, dentre os quais podem-se destacar o aumento da vascularização do fluxo sanguíneo e a formação de edema, assim tendo, por consequência, o estímulo de formação de fibroblastos e a produção de colágeno.
De forma mais minuciosa, está comprovado que, quando a radiofrequência for ciclada nos parâmetros corretos em um paciente com estrias cutâneas, teremos as seguintes respostas fisiológicas:
➡ Incremento de interleucina 1-Beta (IL-1β), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e metaloproteinase de matriz 13 (MMP-13);
➡ Aumento nos níveis de metaloproteinase de matriz 1 (MMP-1), proteína de choque térmico 47 e 72 (HSP47 e HSP72) e fator beta de crescimento transformador (TGF-β), os quais se mantêm ativos por até dois dias;
➡ Estímulo de tropoelastina, de fibrilina e procolágeno I e III, que permanecem por até 28 dias após o tratamento.
Radiofrequência aplicada ao tratamento de flacidez tissular (Raciocínio clínico aplicado à Estética Corporal)
Conforme mencionado no capítulo anterior, em que referenciou-se que o aumento controlado, causado pelo aparelho, tem a capacidade de gerar uma cascata de eventos inflamatórios no tecido-alvo, tendo por consequência a regeneração tecidual, que melhora o aspecto visual e tátil de uma pele flácida.
Outros artigos consideram excelente a aplicação da radiofrequência para o tratamento de flacidez tissular, pois, se utilizado na forma correta, pode gerar respostas fisiológicas, como: a maior nutrição do tecido, a diminuição da distensibilidade e o aumento da densidade do colágeno, além do estímulo à sintetize da elastina pela tropoelastina.
O processo supracitado está relacionado ao incremento inicial de interleucina 1-Beta (IL-1β), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e metaloproteinase de matriz 13 (MMP-13), sendo que níveis de metaloproteinase de matriz 1 (MMP-1), proteína de choque térmico 47 e 72 (HSP47 e HSP72) e fator beta de crescimento transformador (TGF-β) se mantêm ativados por até dois dias. Consequentemente, por até 28 dias após o tratamento, teremos o estímulo de tropoelastina, fibrilina e procolágeno I e III.
Citações encontradas nas revistas Journal of Drugs Dermatology e Dermatol Surg explicam de forma muito direta os efeitos benéficos da radiofrequência na pele. Segundo os autores, no momento em que a derme é aquecida de forma uniforme, ocorre a desnaturação parcial das fibras de colágeno, o que leva à contração imediata e ao seu espessamento. Ainda, essa "quebra" das ligações da hélice tripla do colágeno estimula um processo inflamatório, que vai resultar tardiamente em neocolagênese.
Radiofrequência aplicada ao tratamento de gordura corporal (Raciocínio clínico aplicado à Estética Corporal)
Inúmeros estudos apontam bom nível de evidência científica para o uso de radiofrequência, principalmente no tratamento de estrias cutâneas e flacidez tissular. Por outro lado, o dispositivo também traz embasamento científico que sustente a sua aplicação na prática clínica no tratamento de gordura corporal.
Estudo recente publicado na revista Lasers in Surgery and Medicine mostrou, em modelo animal, aplicando o dispositivo por até 30 minutos e controlando sua temperatura na gordura subcutânea a 45-46 °C, enquanto que na pele subjacente permaneceu em 40-41 ºC, que a radiofrequência é capaz de reduzir de forma acentuada os adipócitos da área tratada. Com ultrassom duplex foi possível quantificar a redução da camada de gordura de 7,6 a 2,9 mm. É importante salientar que os autores atribuíram os efeitos supracitados ao fenômeno de apoptose.
Investigações de viabilidade celular mostraram que a radiofrequência tem premissa de ser seletiva no aquecimento da gordura e, consequentemente, tem a capacidade de induzir danos térmicos letais aos tecidos adiposos subcutâneos, enquanto poupa os tecidos subjacentes e adjacentes. As células de adipócitos in vitro são sensíveis ao calor para exposições térmicas de 50 e 45 °C na ordem dos minutos, sendo 1 e 3 minutos respectivamente. In vivo, exposições térmicas de 15 minutos a 43-45 °C resultam em uma resposta adiantada à morte celular adipocitária em pelo menos nove dias.
Radiofrequência aplicada ao tratamento de celulite (Raciocínio clínico aplicado à Estética Corporal)
A utilização da radiofrequência no tratamento da celulite é extremamente controversa, assim como a fisiopatologia da afecção estética já mencionada nesse capítulo. Mesmo que alguns autores venham a sugerir a necessidade de mais estudos, com maior delineamento metodológico para comprovar a eficiência do aparelho nesse tipo de alteração clínica no tratamento de celulite. Cabe ressaltar que os efeitos da celulite estão mais próximos da modificação do aspecto de casca de laranja da pele, advinda do excesso de gordura localizada ou de flacidez tissular, do que da melhora dos sinais histológicos descritos na fisiopatologia da afecção como um todo.
Conforme já apresentado no capítulo de gordura corporal, a radiofrequência é capaz de reduzir de forma acentuada os adipócitos da área tratada, minimizando consideravelmente a camada de gordura. As ondas emitidas pelo aparelho têm a premissa de serem seletivas no aquecimento da gordura e, portanto, têm a capacidade de induzir danos térmicos letais aos tecidos adiposos-subcutâneos, enquanto poupam os tecidos subjacentes.
Em estudo publicado no Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology, Manuskiatti e colaboradores (2009) são incisivos em referir que o mecanismo exato de efeito terapêutico da radiofrequência para tratamento de celulite não foi claramente definido. A principal hipótese é que, após o eletroaquecimento seletivo da derme e do tecido subcutâneo, ocorre um aumento na taxa de metabolismo da gordura, incremento da circulação local e da drenagem linfática do tecido adiposo, com subsequente contração volumétrica do tecido conjuntivo da camada subcutânea, além de efeitos de contração da pele causados por formação de novas fibras de colágeno.
A melhoria clínica na irregularidade da pele e na redução circunferencial observada após o tratamento com radiofrequência pode ocorrer quando o aparelho é clicado em altas temperaturas, de acordo com a seguinte cascata: o aquecimento volumétrico seletivo provoca a contração de tecido dérmico e subcutâneo, resultando em redução imediata da circunferência; as fibras de colágeno encolhem, iniciam processos inflamatórios que, consequentemente, induzem a proliferação de fibroblastos e a remodelação do colágeno.
Alguns estudos sugerem, ainda, que a radiofrequência pode ser utilizada em temperaturas mais baixas, gerando aquecimento controlado, sem promover um processo inflamatório. Sendo assim, é indicada para fibroses iniciais e tardias, inclusive de pós-operatórios de cirurgias plásticas. O objetivo da conduta seria gerar calor profundo que, por consequência, aumentaria a elasticidade dos tecidos fibrosos e o realinhamento das fibras de colágeno, respostas fisiológicas bem-vindas em uma celulite de caráter fibrótico. Ou seja, a radiofrequência tem a capacidade de promover o aumento da elasticidade de tecidos ricos em colágeno, pois aumentos leves de temperatura, a partir de 5ºC da temperatura da pele, ampliam a extensibilidade e reduzem a densidade do colágeno.

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