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FÍSICA II A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institu- ições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquis- taram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibil- idade, segurança e modernidade, visando à satis- fação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 2 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) David Velasco; Rubens Lábios dos Santos. Física II / Valesco, David; Dos Santos, Rubens Lábios. - Multivix, 2020. Catalogação: Biblioteca Central Multivix 2020 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 4 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Oscilador massa mola 14 Gráfico 1 - Movimento harmônico do oscilador massa-mola 15 Figura 2 - Oscilador harmônico simples de torção 17 Figura 3 - Representação simplificada do experimento de Cavendish 18 Figura 4 - Pêndulo simples 19 Figura 5 - Pêndulo de Cavendish 22 Figura 1 - Bloco de massa M oscilando devido a força restauradora da mola 25 Figura 2 - Um relógio de bolso pode oscilar como um pêndulo sentindo a resistência do ar 27 Figura 3 - Representação gráfica do decaimento de amplitude com o passar do tempo 29 Figura 4 - Amortecedor de carro 30 Figura 5 - Uma taça pode ser quebrada pela ressonância 34 Figura 1 - Cama de pregos 44 Figura 2 - Esquema de um vaso comunicante 46 Figura 3 - Plataforma flutuante de petróleo 48 Figura 4 - Tubos feitos de chapas de metal 50 Figura 1 - Trecho de um cano de espessura variável 59 Figura 2 - Tubo de espessura variável 60 Figura 3 - Fluido entrando pela tubulação e fluido saindo da tubulação 62 Figura 1 - Termômetro, determina a temperatura corporal 68 Figura 2 - Relação de proporcionalidade entre a pressão de um gás e a temperatura na escala Kelvin que esse possui 69 Figura 3 - Esquema da lei zero da termodinâmica, implicando o equilíbrio térmico de todos os três objetos entre si 71 Figura 4 - Experimento de Joule sobre a equivalência mecânica do calor 72 Figura 5 - Mecanismos da transferência do calor observados no processo de ferver a água 76 Figura 6 - Expansão de um gás a pressão constante 77 5 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Figura 1 - Gráfico da pressão em função do seu volume para uma determinada quantidade de gás a temperatura constante 86 Figura 2 - Gráfico da pressão em função da temperatura absoluta apresentada por uma quantidade determinada de gás, mantendo seu volume constante 86 Figura 3 - Gráfico do volume em função da temperatura de uma quantidade determinada de gás a pressão constante 87 Figura 4 - Encher um balão é um ótimo exemplo no qual a pressão do gás aumenta em virtude do aumento da quantidade de gás contida, pois, embora haja a expansão do elástico, a pressão interna aumenta 88 Figura 5 - Gás ideal contido em um cubo de aresta L cujo vértice está localizado na origem do sistema cartesiano 90 Figura 6 - A molécula do nitrogênio, N2, é um exemplo de um gás diatômico, o qual poderá apresentar rotações em torno ao eixo de simetria perpendicular a ele 92 Figura 7 - Aquecimento de um gás ideal a volume constante, processo termodinâmico denominado como isocórico 94 Figura 8 - Aquecimento de um gás ideal a pressão constante, processo termodinâmico denominado como isobárico 95 Figura 9 - Expansão adiabática de um gás ideal contido por um recipiente isolando o ambiente externo, impedindo a transferência de calor 98 Figura 10 - Processos termodinâmicos experimentados pelos gases ideais representados no diagrama PV, observando o processo isocórico, isobárico, isotérmico e adibático 101 6 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 2UNIDADE 1UNIDADE SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 9 1 MOVIMENTOS HARMÔNICOS SIMPLES 11 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 11 1.1 ONDAS E MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES 11 1.2 MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES ANGULAR 16 1.3 PÊNDULO SIMPLES 19 1.4 MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES E SEGUNDA LEI DE NEWTON 20 1.5 ENERGIA DO MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES 21 1.6 APLICAÇÕES 22 2 MOVIMENTOS HARMÔNICOS: AMORTECIDO E FORÇADO 25 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 25 2.1 MOVIMENTO HARMÔNICO AMORTECIDO 28 2.2 AMORTECIMENTO CRÍTICO 29 2.3 AMORTECIMENTO SUPERCRÍTICO 31 2.4 MOVIMENTO HARMÔNICO FORÇADO 31 2.5 RESSONÂNCIA 32 2.6 APLICAÇÕES 35 3 ESTÁTICA DOS FLUÍDOS 39 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 39 3.1 O QUE É UM FLUÍDO 40 3.2 MASSA ESPECÍFICA E PRESSÃO DE UM FLUÍDO 42 3.3 FLUÍDOS EM REPOUSO 45 3.4 PRINCÍPIO DE PASCAL 45 3.5 PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES 47 3.6 APLICAÇÕES 49 3UNIDADE 7 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 4 NOÇÕES DE HIDRODINÂMICA 53 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 53 4.1 FLUIDOS IDEAIS EM MOVIMENTO 53 4.2 TIPOS DE ESCOAMENTO 54 4.3 EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE 58 4.4 EQUAÇÃO DE BERNOULLI 60 4.5 DEMONSTRAÇÃO DA EQUAÇÃO DE BERNOULLI 62 4.6 APLICAÇÕES 65 5 LEIS DA TERMODINÂMICA E PROPRIEDADES DOS GASES 67 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 67 5.1 CONCEITOS BÁSICOS DA TERMODINÂMICA 67 5.2 LEI ZERO DA TERMODINÂMCA 70 5.3 TRANSFERÊNCIA DE CALOR 71 5.4 PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA 76 5.5 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA 79 5.6 APLICAÇÕES 81 6 TEORIA CINÉTICA DOS GASES 85 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 85 6.1 GASES IDEAIS 85 6.2 PRESSÃO E TEMPERATURA 89 6.3 ENERGIA CINÉTICA DE TRANSLAÇÃO 92 6.4 CALOR ESPECÍFICO 94 6.5 EXPANSÃO ADIABÁTICA 97 6.6 APLICAÇÕES 100 4UNIDADE 5UNIDADE 6UNIDADE 8 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS ICONOGRAFIA 9 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Partindo do pressuposto de que você já estudou a Física I, agora não terá tantas dificuldades, já que conhece a dinâmica da disciplina, a qual exige ra- ciocínio, interpretação e uma dose de matemática! Na Física II, ainda prosse- guimos nas quatro primeiras unidades com a mecânica, através dos estudos das oscilações e dos fluídos. Para as duas últimas unidades, partimos para a termodinâmica, a qual tem como foco de estudo as relações entre calor e tra- balho, utilizando como ente físico os gases. Esse fato nos leva a estudar pre- viamente o comportamento dos gases, basicamentena Unidade 5. Deve-se notar que a disciplina estuda basicamente três conhecimentos mais amplos: oscilações, fluídos e termodinâmica. Esse fator é muito relevante, pois torna os estudos menos maçantes e muito mais dinâmicos. Esperamos que aproveite muito bem essa nova caminhada! Ânimo e seguimos em frente! > Identificar a diferença entre o movimento harmônico simples e outros tipos de movimentos. > Apontar a relação entre o período T, a frequência f e a frequência angular ω. > Aplicar a Lei de Hooke e entender sua relação com a força F em um dado instante ao deslocamento do oscilador. > Utilizar a Lei de Conservação de Energia para calcular as energias potencial e cinética. > Esboçar gráficos de energia cinética, energia potencial e energia total de um oscilador em função do tempo e da posição. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 10 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II UNIDADE 1 11 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II 1 MOVIMENTOS HARMÔNICOS SIMPLES INTRODUÇÃO DA UNIDADE A primeira impressão, e isso não é incomum, quando se vai estudar os mo- vimentos harmônicos é de que temos grandes novidades por aí. Mas não se preocupe, pois grande parte do que será estudado poderá ser compreendido através de conhecimentos vistos nos conceitos de movimento, leis de Newton e conservação da energia mecânica. As oscilações harmônicas podem ocorrer em uma vasta gama de fenômenos físicos, sendo que, em nossos estudos, va- mos tentar nos delimitar entre pêndulos e osciladores massa/mola, mais sim- ples de serem compreendidos, sem, no entanto, deixarmos de lado as aplica- ções mais relevantes. Para o nosso estudo, é preciso que você se atente aos conceitos para que possa dar con- tinuidade às unidades posteriores sem maio- res dificuldades. Em qualquer dificuldade que possa existir, não siga com dúvidas, retome em algum momento em que o conteúdo passou a não ficar tão claro, uma vez que, nas unidades, os conteúdos seguem uma ordem de depen- dência de pré-requisitos dos tópicos anteriores. 1.1 ONDAS E MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES Uma onda é uma entidade de física capaz de transportar energia. As ondas são classificadas em dois grandes grupos. As ondas mecânicas que se propa- gam somente em meios materiais, como as ondas do mar, ondas em uma corda ou o som. E as ondas eletromagnéticas, que se propagam tanto em alguns meios quanto na ausência deles, como a luz, ondas de rádio, Wi-Fi, micro-ondas etc. Todas as ondas possuem três características muito impor- tantes, são elas: Oscilação harmônica aquela que se repete sempre da mesma forma, formando um ciclo de oscilação. 12 FISICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 • comprimento de onda: distância entre duas repetições da onda; • frequência: quantidade de oscilações em uma unidade de tempo; • velocidade: define a rapidez de propagação da onda. Onda do mar e wi-fi: uma onda no mar é um exemplo de onda mecânica transportando energia. Quanto maior a onda, maior será a sua amplitude e a quantidade de energia envolvida. As informações enviadas entre dois computadores conectados ao wi-fi viajam através de uma onda eletromagnética capaz de viajar por meios materiais, como o ar, e atravessar barreiras, como paredes das residências e prédios. 13 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II SOM E SEUS MEIOS DE PROPAGAÇÃO Você já deve ter assistido filmes com temas intergalácticos, tipo guerra nas estrelas, por exemplo. Nesses filmes, a ação no espaço ocorre com muitas explosões e estrondos de choques entre naves e disparos de armas laser. Essas situações são fisicamente impossíveis, uma vez que o som não é capaz de se propagar no vácuo, já que está classificado como onda mecânica. O som é uma perturbação de um meio e, portanto, sem o meio para se perturbar não há som. Para qualquer meio material, o som é capaz de se propagar. A velocidade do som no ar está próxima dos 340 m/s. Para meios mais densos, a velocidade do som é muito maior. Para se ter uma ideia, na água, a sua velocidade beira os 1500 m/s e, nos metais, chega a mais de 5000 m/s. É comum em filmes ou desenhos animados as personagens colocarem os ouvidos nos trilhos do trem para verificar se ele está se aproximando. Já para esse fato a física confirma sua veracidade. O que seria um movimento harmônico simples? Movimentos oscilatórios ocorrem em ondas, em que existe um número de repetições por unidade de tempo denominado de frequência. O tempo para cada oscilação é denomi- nado de período que segue a seguinte equivalência: Na equação anterior, é a frequência e o período do movimento oscilatório. Se o período for dado em segundos (unidade do sistema internacional de unidades), a frequência será dada em . No entanto, muitas vezes a frequência pode aparecer em r.p.m (rotações por minutos). 14 FISICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Um movimento harmônico é uma oscilação, mas não é uma onda. No en- tanto, utiliza-se dos conceitos de ondulatória, como a frequência e o período, além da amplitude que também é uma grandeza oriunda da ondulatória. Um dispositivo que oscila harmonicamente é o oscilador massa-mola. Nele, uma massa está fixa a uma mola que o faz oscilar. FIGURA 1 - OSCILADOR MASSA MOLA M M k (a) (b) Fonte: Elaborada pelo autor (2019). a. Oscilador em posição de compressão da mola. b. Oscilador em posição de estiramento da mola. O movimento harmônico simples é descrito pela equação: X(t) – Posição em função do tempo A – Amplitude do movimento ω – Velocidade angular de oscilação t – Tempo θ0 – Posição angular inicial 15 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II As variáveis do problema são mais fáceis de serem observadas a seguir: GRÁFICO 1 - MOVIMENTO HARMÔNICO DO OSCILADOR MASSA-MOLA F F � 2 3� 2 5� 2 � �2� 3� Fonte: Elaborado pelo autor (2019). No eixo vertical, estão apresentadas as forças. Temos dois pontos de força má- xima na compressão e estiramento máximos da mola. Força de restauração de molas uma mola é capaz de fornecer a um sistema oscilante uma força denominada de restauradora. Isso ocorre devido ao fato de que, ao oscilar, a mola vai de uma posição de máxima compressão até uma posição de máximo estiramento. Isso faz com que o movimento se repita por indefinidas vezes, logicamente quando podemos considerar as forças de atrito como desprezíveis. Formando desse modo um movimento harmônico simples. A força restauradora da mola depende da sua constante de elasticidade (também denominada de constante de mola), representada pela letra . Essa constante depende de características do material que a mola é feita, como dureza e densidade do material e de fatores geométricos, como espessura e comprimento da mola. 16 FISICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Molas do carro: as molas de carro oscilam para fornecer conforto quando um veículo passa por deformações na pista. É necessário manter o veículo com manutenção prévia para o seu bom funcionamento. Em um arco e flecha, a deformação do arco fornece uma força restaurada que movimenta a flecha no momento em que ela é liberada. 1.2 MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES ANGULAR A diferença de um movimento harmônico simples para o harmônico simples angular está na força restauradora do movimento. Neste último caso, a força restauradora está associada à torção de um fio, corda ou elástico. 17 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II FIGURA2 - OSCILADOR HARMÔNICO SIMPLES DE TORÇÃO fixação fio sujeito a torção Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Uma força externa aplica uma torção inicial ao sistema que, ao ser liberado, inicia um movimento circular com aceleração angular. Devido à inércia do sistema, a posição inicial de não torção é ultrapassada e o sistema passa a acumular energia potencial novamente e o ciclo recomeça. O movimento tem um período dado pela equação: I : momento de inércia do disco da base do pêndulo de torção. 18 FISICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Pesando a Terra A ideia parece absurda, mas não para Henry Cavendish (físico e químico inglês, 1731−1810). Na época, Newton já havia estabelecido a lei da gravitação universal, mas não se importou em medir precisamente as forças gravitacionais entre corpos de modo experimental. Cavendish usou um pêndulo de torção para realizar seu experimento, tendo sido a ideia original de um amigo seu John Michell, que faleceu antes de realizar a façanha. Este último foi inspirado por Coulomb que usou o método para medir forças entre cargas elétricas. O experimento consiste em um pêndulo de torção no qual está acoplada uma haste e em sua extremidade um corpo com certa massa; Cavendish usou esferas de chumbo com mais de 100 kg. A atração gravitacional entre as esferas faz o fio realizar um deslocamento angular, o qual permite calcular as forças entre as esferas. O experimento de Cavendish é considerado uma das experiências mais belas da física. FIGURA 3 - REPRESENTAÇÃO SIMPLIFICADA DO EXPERIMENTO DE CAVENDISH m M fio em torção esfera de grande massa distância entre as esferas R F F L M m Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 19 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II 1.3 PÊNDULO SIMPLES Um pêndulo simples consiste em uma massa presa a um fio ou haste, fixada a certa altura do solo, podendo oscilar quando nela atua uma força inicial que a tire da inércia. FIGURA 4 - PÊNDULO SIMPLES fio ou haste do pêndulo fixação energia cinética máxima massa oscilante altura h energia potencial gravitacional máxima Fonte: Elaborada pelo autor (2019). O movimento do pêndulo simples é um exemplo de oscilar harmônico sim- ples. Nele, a força restauradora é o próprio peso da massa na extremidade do fio, que, devido à oscilação, ganha componentes de força tangentes ao movi- mento oscilatório. Um exemplo muito simples é um relógio de bolso ou colar fino com pingente posto a oscilar. O pêndulo: um pêndulo simples pode ser qualquer objeto pendurado por um fio, haste ou similar posto a oscilar. 20 FISICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Um relógio de bolso posto a oscilar é um exemplo de pêndulo simples. 1.4 MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES E SEGUNDA LEI DE NEWTON Qualquer movimento pode ser determinado a partir das leis de Newton. No caso do oscilador, não seria diferente. A segunda lei trata dos problemas de movimento sob o olhar das forças que agem no sistema. Para os osciladores harmônicos simples, a única força que atua é aquela de restauração elástica. Assim, a força será determinada pela Lei de Hooke: (i) Aplicando a segunda lei de Newton, temos o seguinte: .F m a= . (ii) A aceleração é dada por: 2.a w x= (iii) Juntando as equações (ii) e (iii), temos: (iv) Substituindo agora (i) em (iv), temos que a frequência angular é dada pela relação: .kw m = 21 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II Newton: foi um grande físico e matemático que revolucionou a ciência. Newton criou um pêndulo com várias esferas que, ao colidirem, geram diversos padrões. É muito usado como adornos em escritórios e salas de esperas. Geralmente conhecido como pêndulo ou berço de Newton. 1.5 ENERGIA DO MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES O movimento harmônico pode ser verificado segundo as leis da força de Newton, ou pela conservação da energia. No caso de um oscilador harmô- nico, temos a energia potencial elástica, devido à capacidade de restauração da oscilação e à energia cinética, já que o sistema tem velocidade envolvidas. Para a energia total no movimento harmônico simples, temos a soma da energia potencial elástica [ ]Epe e da energia cinética [ ]Ec . Vale a relação: Et Epe Ec= + A energia total, substituindo convenientemente as fórmulas para cada tipo de energia, fica da seguinte forma: 21 . . 2 t k x m= Na equação anterior, k é a constante elástica e a deformação máxima elástica. 22 FISICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O sistema apresenta dois pontos especiais: • quando o sistema está na deformação máxima, a velocidade é nula – o sistema só terá energia elástica; • quando a deformação é nula, a velocidade é máxima – o sistema só terá energia cinética. 1.6 APLICAÇÕES Para os osciladores harmônicos, existe uma série de aplicações. Na antigui- dade, usou-se muito as propriedades dos osciladores harmônicos para a construção de relógios, já que apresentam um comportamento contínuo de frequência de oscilação por um tempo razoável. Como vimos, muitos expe- rimentos que exigiam grande precisão e sensibilidade usaram osciladores, como o pêndulo de Foucault, que prova e mede as rotações da Terra; o pên- dulo físico, que permite medir a gravidade da Terra; a balança de torção de Coulomb e de Cavendish, que mediram as forças eletrostática entre cargas e a força gravitacional entre massas, respectivamente. Veja a seguir o famoso pêndulo de Cavendish exposto para visitação no mu- seu de Londres. FIGURA 5 - PÊNDULO DE CAVENDISH Fonte: Every Stock (2019). 23 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II Pêndulo de Foucault nos polos Você já deve ter ouvido falar que, nos polos, os dias ou as noites podem durar várias semanas ou até meses. Esse fato se deve à rotação da Terra e à inclinação do eixo de rotação. Os dias e as noites têm duração mais ou menos constante na maior parte do planeta, sendo que o local onde temos maior regularidade fica na região do equador. Um pêndulo de Foucault é capaz de medir a rotação da Terra e, nos polos, o seu movimento fica muito bizarro, já que está praticamente sobre o eixo de rotação da Terra. CONCLUSÃO Nesta unidade, tivemos a oportunidade de estudar as oscilações harmôni- cas simples e os instrumentos nos quais esse movimento ocorre. Buscamos a compreensão das características desse movimento, as grandezas envolvidas e de que forma elas se relacionam para podermos fazer previsões do movi- mento, tais como amplitudes, frequências e períodos de oscilação. Para me- lhor compreensão, utilizamos dois caminhos para as definições e previsões a respeito das oscilações, as leis de Newton e a conservação da energia mecâ- nica. Nas duas maneiras, as equações são capazes de realizar as previsões es- peradas, no entanto, para a conservação da energia, o caminho se apresenta um pouco mais suave. O principal instrumento que realiza um movimento harmônico simples são os pêndulos simples, que, apesar de sua simplicidade aparente, podem fornecer muitos resultados interessantes e as mais diver- sas formas de aplicação, como vimos, grandes feitos físicos foram realizados usando apenas pêndulos. Nesta unidade, também nos preparamos para en- frentar algumas situações mais próximas da realidade na unidade seguinte. Seguimos em frente! UNIDADE 2 > Identificar as equações que descrevem um movimento harmônico amortecido e esboçar seu gráfico. > Calcular a posição em um dado instante de tempo. > Verificar as equações que descrevem um movimento harmônico forçado e esboçar seu gráfico. > Diferenciar frequência angular natural e frequência angularforçada. > Analisar o estado de ressonância quando as frequências natural e forçada são iguais. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 24 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II 25 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II 2 MOVIMENTOS HARMÔNICOS: AMORTECIDO E FORÇADO INTRODUÇÃO DA UNIDADE Vamos seguir em frente em nosso estudo da física! Você já conseguiu passar por alguns conteúdos que agora irão te ajudar a dar continuidade a seus es- tudos. Nesta unidade, avançaremos com o estudo dos movimentos harmôni- cos amortecidos e forçados, verificando muitas aplicações interessantes que irão instigar sua vontade de aprender. O movimento harmônico ocorre em diversas situações. Tanto na natureza, em vários fenômenos, quanto nas apli- cações tecnológicas, em máquinas e dispositivos tecnológicos que melhoram a nossa vida, nos proporcionando mais conforto, segurança e praticidade em nossas atividades do dia a dia. Algumas situações passam até despercebidas, mas, a partir de agora, farão você perceber e até analisar melhor uma gama de situações. Um modo fácil de verificar o movimento harmônico é na situação de um ob- jeto preso a uma mola. FIGURA 1 - BLOCO DE MASSA M OSCILANDO DEVIDO A FORÇA RESTAURADORA DA MOLA M M k (a) (b) Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 26 FISICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A força restauradora da mola faz com que o movimento seja harmônico e, se nenhuma força contrária atuar no sistema, as oscilações continuarão por tem- po indeterminado. Em uma análise mais ampla dos movimentos harmônicos, devemos considerar forças externas que possam atuar no sistema, tanto redu- zindo quanto aumentando o movimento, surgindo assim duas características muito importantes, principalmente por aproximarem o modelo de oscilador harmônico para a realidade: movimento harmônico amortecido e movimento harmônico forçado. Forças externas As forças externas são todas as forças que não fazem parte do sistema inicial, ou seja, são aquelas que estavam de fora nas considerações iniciais de estudo. Essas forças podem estar no mesmo sentido da força resultante interna do sistema como no sentido oposto a ela. Quando estão no mesmo sentido, alimentam o sistema fazendo com que o movimento seja crescente. No caso em que estão no sentido oposto, acabam dissipando a energia cinética do sistema na forma de calor e ruídos, visto que o movimento vai reduzindo sua aceleração e, em alguns casos, podem entrar em repouso absoluto. O movimento harmônico amortecido é aquele em que a oscilação é reduzida pela ocorrência de forças contrárias ao movimento, ditas forças resistivas ou de atrito. Um pêndulo sente a resistência do ar ao oscilar, de modo que não oscila para sempre. 27 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II FIGURA 2 - UM RELÓGIO DE BOLSO PODE OSCILAR COMO UM PÊNDULO SENTINDO A RESISTÊNCIA DO AR Fonte: Pixabay (2019). Um bom exemplo seria uma massa oscilando presa em um elástico, sendo sistema imerso em um líquido com certa viscosidade, conforme figura a seguir: M Nesse caso, existe a força de atrito causada pela presença do líquido, respon- sável pelo amortecimento do movimento, ou seja, pela redução gradativa da oscilação do sistema. No movimento harmônico forçado, ao contrário do amortecido, existe uma força externa atuando no sistema. Desse modo, o sis- tema é continuamente alimentado e a oscilação tende a crescer. 28 FISICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A ideia central é igual para os movimentos Não se preocupe com a quantidade de movimentos oscilatórios que existem. O que ocorre são pequenas variações devido à alteração de alguma das grandezas referentes ao movimento. Durante a trajetória de estudos, vamos nos deparar com muitas situações e aplicações do cotidiano que irão lhe auxiliar a entender cada um dos movimentos de forma mais natural. Viscosidade: resistência que um fluido (líquido ou gás) apresenta para o escoamento, ocasionada pelo movimento relativo entre as partes do fluido, podendo ser considerado como atrito que ocorre em seu interior. 2.1 MOVIMENTO HARMÔNICO AMORTECIDO Um movimento harmônico amortecido ocorre pela presença de forças dissi- pativas, que tendem a reduzir a amplitude das oscilações. Como vimos ante- riormente, as forças de atrito dissipam a energia do sistema, já que transfor- mam energia cinética em calor e ruídos. Um bom exemplo seria uma massa presa a uma mola imersa verticalmente em um líquido. A resistência causada pela força de atrito do fluido, devido à sua viscosidade, reduz gradativamente a amplitude da oscilação. RELAÇÕES DE GRANDEZAS A força é definida como: Aplicando-se a segunda lei de Newton para o sistema, temos: .Fr M a= 29 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II Do cálculo diferencial, chegamos à equação que determina a posição x: Em que A0 é a amplitude inicial do sistema, t é o tempo, a frequência angular, f a frequência, e a fase de início do movimento oscilatório. Devido ao amortecimento, verificamos uma queda na amplitude, assim como na energia total do sistema que é dissipada na forma de calor para o sistema de amortecimento. A figura a seguir representa a queda na amplitude com o passar do tempo. FIGURA 3 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO DECAIMENTO DE AMPLITUDE COM O PASSAR DO TEMPO x (m) t (s) Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Podemos verificar que a amplitude decai de forma exponencial, tendendo à posição de conforto do sistema, representado como o zero gráfico. 2.2 AMORTECIMENTO CRÍTICO Um caso em que o amortecimento ocorre de modo que o corpo não oscila mais de uma vez, mas, no entanto, retorna à posição inicial com rapidez consi- derável. Esse caso é muito útil em diversos processos, como, por exemplo, nos amortecedores de carro. 30 FISICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TECNOLOGIA DOS AMORTECEDORES PRESSURIZADOS Um amortecedor comum usa como fluido um óleo lacrado em um cilindro, amortecendo a oscilação do sistema de molas. FIGURA 4 - AMORTECEDOR DE CARRO Fonte: Creative Commons (2019). O sistema dos amortecedores convencional por vezes se torna falho, já que, dependendo da oscilação, ocorrem “bolhas” no sistema, não amortecendo adequadamente a oscilação da mola. O amortecedor pressurizado faz uso de um sistema hidráulico no qual usa a pressurização com nitrogênio a baixa pressão, que evita os vazios no ciclo de trabalho do pistão do cilindro. O resultado é um sistema mais eficiente e durável. A pressão do nitrogênio faz com que as rodas tenham um maior contato e aderência na pista, proporcionando maior estabilidade e conforto. 31 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II 2.3 AMORTECIMENTO SUPERCRÍTICO Para o amortecimento supercrítico, além do corpo não oscilar, como no caso do amortecimento crítico, retorna à sua posição inicial de modo muito lento e, dependendo do sistema de amortecimento, o corpo cessa seu movimento antes de chegar à posição de equilíbrio. Isso ocorre quando a força resistiva se iguala à força restauradora antes do corpo chegar à sua posição de repouso. No caso de uma mola imersa em um líquido de alta viscosidade, como um gel, temos que a resistência é muito intensa e a força restauradora não conse- gue vencer a força de atrito. Portas de vidro usam sistema com amortecimento supercrítico, já que o sistema da porta deve retornar à posição inicial de forma lenta, evitando barulho e colisões fortes com obatente. 2.4 MOVIMENTO HARMÔNICO FORÇADO Nesse caso, o movimento harmônico é reabastecido constantemente por uma força externa que faz a amplitude do movimento aumentar gradativa- mente. Uma criança em um balanço, ao ser empurrada por outra, constitui um sistema de movimento harmônico forçado. A amplitude aumenta com a adição da força externa ao sistema 32 FISICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 2.5 RESSONÂNCIA Quando a força externa é aplicada na mesma frequência da qual o sistema oscila sem a presença da força externa, ou seja, na frequência natural de vi- bração do sistema, as amplitudes tendem a um valor máximo, assim com a velocidade de oscilação. Caso se use uma frequência diferente da frequência natural de vibração, mais baixa ou até mesmo mais alta, o sistema não tende a uma amplitude e nem velocidade máximas. A força resistiva, fa pode ser escrita como: Fa =−bv =−b dx dt Podemos escrever a equação com todas as forças como: 2 2 0 d x dxM b kx dt dt + + = Para resolver a equação diferencial anterior, uma sugestão de solução deve ser do tipo: iωt ( ) i tX t Ae w= A solução da equação anterior nos leva a dois caminhos: ( ) Re ( )x t X t= ou (t) ImX(t)x = 33 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II Podemos realizar a junção das duas opções de solução. A equação: iωt ( ) i tX t Ae w= Pode ser substituída em: 2 2 0 d x dxM b kx dt dy + + = Chegamos, então, à seguinte equação: m(−ω 2 )+ biω+ k = 0 Que pode ser solucionada, nos levando assim à equação: 2. 4.m. 2. i b b k m w ± - + ± = Surgem então três possibilidades, as quais são funções de b2 e 4mk: I – Quando 2 4b mk> temos o oscilador harmônico superamortecido, o qual tem a seguinte solução: II – Quando 2 4b mk= ocorre o caso de oscilador criticamente amortecido, com solução: 2( ) (A´ B .́ ) bt mx t t e - = + III – Enfim, para: 2 4b mk< , nesse caso, ocorre o oscilador sub - amortecido. Com a solução: . ω' é definido como: ω± = i.b± −b2 + 4.m.k 2.m 34 FISICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Não é incomum vermos em programas de TV, ou vídeos na internet, pessoas quebrando taças através da voz. Como seria possível o som emitido pela voz humana ter energia suficiente para quebrar uma taça? A resposta está na ressonância! O som da voz humana só é capaz de quebrar a taça caso a frequência emitida seja idêntica à frequência natural de vibração da taça. O que ocorre é que a energia transmitida pela voz à taça vai sendo acumulada devido ao fenômeno da ressonância. A amplitude de vibração da taça aumenta até um ponto crítico, no qual a flexibilidade do vidro é ultrapassada e a taça simplesmente se despedaça. FIGURA 5 - UMA TAÇA PODE SER QUEBRADA PELA RESSONÂNCIA Fonte: Vector Stock (2019). 35 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II 2.6 APLICAÇÕES Os movimentos harmônicos amortecidos ou forçados são de ampla aplicação nas mais diversas situações. O movimento harmônico amortecido é muito utilizado para sistemas em que existe a necessidade de atenuar ou até mes- mo eliminar a oscilação. O sistema de suspensão de um carro é dotado de sis- temas de molas e amortecedores; as molas permitem o conforto e adaptação das rodas do carro às condições do terreno, já os amortecedores servem para que o carro não entre em oscilação continua, devido às molas, após passar por uma deformidade da pista. A oscilação irregular do carro pode ser nota- da quando os amortecedores do carro estão danificados, nesse caso, nota-se o vazamento do fluido viscoso, geralmente um óleo, utilizado no interior do amortecedor, além do carro oscilar continuamente ao passar por uma irregu- laridade da pista. As oscilações com amortecimento supercrítico são utilizadas em sistemas que não se deseja a oscilação, ou seja, o movimento parte de uma amplitude máxima e retorna à posição inicial. Nesse mesmo sistema, é necessário que o retorno da velocidade à posição de equilíbrio seja mínimo, como as portas de repartições públicas e hospitais. Nesse caso, a porta fecha automaticamente de modo seguro e silencioso, além de evitar danos à porta, aos batentes e à fechadura. No movimento harmônico forçado, por ser alimentado continuamente, for- nece uma oscilação com amplitude variável, que depende da força e da fre- quência na qual ela é aplicada. Os engenheiros devem projetar as estruturas de modo a contornar ou suportar os efeitos da ressonância. 36 FISICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PODER DEVASTADOR DA RESSONÂNCIA Diversos são os fenômenos que envolvem a ressonância. Alguns servem até mesmo como fatos curiosos e de desafios nos programas de entretenimento da TV, como quebrar uma taça usando apenas a voz. Ocorre que alguns fenômenos são realmente impressionantes, principalmente por sua grandeza. Uma brisa um pouco mais intensa, se conseguir fornecer energia a uma determinada frequência, é capaz de fazer ruir até mesmo grandes estruturas que podem oscilar, como uma extensa ponte. Um caso muito interessante que pode ser filmado ocorreu na ponte de Tacoma. Veja o vídeo a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=mfQk6ac4res. Para evitar quedas das pontes como a do vídeo, os engenheiros devem levar em conta os efeitos da ressonância. Para isso, é necessário que a ponte tenha uma frequência natural de vibração que os ventos não podem atingir, evitando catástrofes e prejuízos. https://www.youtube.com/watch?v=mfQk6ac4res 37 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FISICA II CONCLUSÃO Nesta unidade, vimos algumas variações do movimento harmônico. Todas elas com alguma característica que, se acrescentada ou intensificada, des- membra para um novo movimento com aplicações diversas. Caso seja amor- tecido, temos uma redução gradativa da amplitude, devido à existência de uma força resistiva, a qual depende de alguns fatores. Por exemplo, caso o amortecimento seja devido à existência de um fluido, a resistência causada depende da viscosidade do líquido em questão. No caso de amortecimento crítico, o corpo não oscila, pois a força resistiva é mais intensa e consome a energia do sistema, que é transformada em calor. O corpo oscilante retorna à posição de equilíbrio. Para amortecimento supercrítico, além do corpo não oscilar, o retorno ao ponto de equilíbrio ocorre de modo muito lento, já que, nesse caso, a força resistiva é tão intensa que em algum momento vence a força restauradora do sistema. Para o movimento harmônico forçado, uma força externa acrescenta energia ao sistema e sua amplitude sofre variação. Se a força externa for aplicada de acordo com a frequência natural de vibra- ção do corpo, temos um caso de ressonância. Esses são os principais aspectos das formas de ressonância amortecidas ou forçadas. É importante que não se confunda as propriedades de cada um de- les. Já que cada um apresenta as suas próprias características, que são muito importantes para se entender uma vasta gama de fenômenos e aplicações muito interessantes. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > compreenda os conceitos que definem os fluidos; > entenda os conceitos de massa específica, densidade e pressão; > compreenda, saiba relacionar e calcular grandezas através do teorema de Stevin; > determine pressão e forças através do princípio de pascal; > verifique quais são as aplicações e a importância da hidrostática. UNIDADE 3 38 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II 39 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicadano D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II 3 ESTÁTICA DOS FLUÍDOS INTRODUÇÃO DA UNIDADE No estudo da mecânica, os objetos sólidos, envolvidos nos problemas, são de- nominados de corpos. Esses corpos possuem formato definido e, dessa for- ma, nesse quesito, não há com o que se preocupar durante os estudos de um objeto sólido, sujeito a algum fenômeno físico. A partir de agora, estudaremos os fluidos, classe de materiais que engloba tanto os líquidos quanto os gases. Abordaremos as definições e os conceitos, que lhe permitiram a compreen- são de muitos fenômenos e problemas de natureza física. Veremos as equa- ções dadas em algumas definições, como massa específica e pressão. Fique atento aos conceitos iniciais, já que eles serão muitos úteis a partir de agora, e darão o suporte necessário para a compreensão dos teoremas e princípios, por exemplo, o teorema de Arquimedes e o princípio de Pascal, indispensá- veis nos estudos da hidrostática e, futuramente, na termodinâmica, a qual es- tuda particularmente o comportamento dos gases. Por fim, compreendere- mos as aplicações da hidrostática e os motivos dela ser estudada neste curso. Seguimos em frente com nossos estudos! Os calçamentos utilizam blocos sólidos de formatos fixos que se encaixam perfeitamente. Uma das propriedades de um líquido é a capacidade de tomar o formato dos recipientes que os contêm. 40 FÍSICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A matéria no estado gasoso pode ocupar o máximo de volume possível. 3.1 O QUE É UM FLUÍDO Você já deve ter estudado em ciências ou em química, que toda a matéria é composta por átomos. Esses átomos se arranjam em moléculas que, por sua vez, formam estruturas maiores através das forças intermoleculares. Depen- dendo do modo como as interações entre as moléculas ocorrem, definimos três estados da matéria. As substâncias podem se apresentar em três estados: sólido, líquido ou gasoso, os quais também dependem de fatores como tem- peratura e pressão. Para os sólidos, as interações intermoleculares são fortes, permitindo ao corpo manter-se em um estado definido, por exemplo, um ti- jolo é sólido, já que seu formato não se altera, caso a pressão e temperatura se mantenham constantes. Logicamente, isso sem que ele seja quebrado pro- positalmente. Para os líquidos, as interações intermoleculares não são fortes o suficiente para se manterem em um formato definido. Assim, eles adaptam-se ao for- mato dos recipientes que os contém. Além disso, os líquidos são capazes de fluir, ou seja, quando liberados do recipiente espalham-se e seu formato pas- sa a ser laminar sem formato definido. Nos gases, as forças intermoleculares são extremante fracas, assim, um gás, quando liberado de seu recipiente, es- palha-se e se mistura com ar. Um gás não tem nem formato e nem volumes definidos, uma vez que pode ocupar o máximo de volume possível. Os líquidos e os gases ocupam um conjunto que denominamos de fluidos, uma vez que muitos conceitos podem se ampliar tanto para os líquidos quan- to para os gases (ELGER et al., 2019). 41 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II Líquidos e gases Apesar dos líquidos e gases se enquadrarem em uma mesma categoria denominada fluidos, algumas grandezas não são aplicáveis para os dois estados. Os líquidos, apesar de não terem formato definitivo, não se espalham pelo ambiente quando seus recipientes estão abertos. Além disso, os líquidos são menos compressíveis em relação aos gases, ou seja, sofrem menor variação de volume quando submetidos a alterações de sua pressão. Esses fatos impedem que todas as relações físicas sejam usadas igualmente para os líquidos e gases. Em especial, os gases são tratados de forma independente na introdução às leis da termodinâmica por meio das relações entre as variáveis de estado do gás (ELGER et al., 2019). Os líquidos fazem parte do grupo dos fluidos, uma das definições mais importantes dos líquidos é a capacidade de tronar-se no formato de seus recipientes. Os gases, juntamente com os líquidos, estão no grupo dos fluidos. Uma das características dos gases é a de ocuparem o maior volume possível, serem voláteis e seus recipientes mantidos fechados. Para se transportar gás, as tubulações devem ser resistentes à alta pressão. 42 FÍSICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3.2 MASSA ESPECÍFICA E PRESSÃO DE UM FLUÍDO 3.2.1 MASSA ESPECÍFICA A massa específica é uma grandeza similar à densidade, que define quanto de massa de um fluido está contida por unidade de volume (NUSSENZVEIG, 2018). Por exemplo, a massa específica da água é 1g/cm³, então 1g é massa de água contida em 1 cm³. No sistema internacional de unidades, a massa es- pecífica é dada por kg/m³. No caso da água, a massa específica é de 1000 kg/ m³. Ou seja, para cada m³, temos 1000 kg de água. A relação para o cálculo da massa específica é a seguinte (NUSSENZVEIG, 2018): ρ: massa específica m: massa v: volume Massa específica A massa específica depende de fatores como pressão e temperatura. A pressão é capaz de alterar o volume e a temperatura, podendo causar dilatação e alterando também o volume. Para os líquidos, a massa específica é aproximadamente constante em condições não extremas. Os efeitos da pressão são pequenos para os líquidos, pois eles são pouco compressíveis e, caso a temperatura não sofra variações extremas, o volume poderá também ser considerado como inalterado. 43 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II DIFERENÇA ENTRE DENSIDADE E MASSA ESPECÍFICA Tanto a densidade como a massa específica usam as mesmas fórmulas e, por consequência, as mesmas unidades. O que as difere então? Para a densidade, é considerado todo o volume do corpo, mesmo que este apresente buracos vazios. Já para a massa específica, os volumes não ocupados efetivamente pelo material são descontados. Um bom exemplo seria medir essas duas grandezas para uma esfera de metal oca. A densidade, nesse caso, seria o volume total da esfera dividida pela sua massa. Para a massa específica, teríamos apenas a razão do volume da casca esférica do metal, ou seja, o espaço oco central seria descontado pela massa do metal que a constitui. Podemos concluir que a densidade é menor ou no máximo igual à massa específica. Não precisamos nos preocupar com essa diferença para os fluidos em repouso, uma vez que estes não apresentam espaços vazios em seus interiores, assim a densidade é idêntica a massa específica (HALLIDAY, 2018). 3.2.2 PRESSÃO DE UM FLUÍDO A pressão está relacionada com a área em que uma força atua. A relação fun- damental e geral é dada por: 44 FÍSICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Em que: P: pressão F: força A: área A pressão pode ser medida em várias unidades, sendo que a unidade do S.I (sistema internacional de unidades) é o Pascal (Pa) ou N/m². Essas duas uni- dades são equivalentes. CAMA DE PREGOS Uma cama de pregos consiste em centenas de pregos inseridos em uma base de madeira, a uma pequena distância um do outro. Muito utilizada em espetáculos, na qual uma pessoa impressiona a plateia ao se deitar em uma cama completamente cheia de pregos, mas a pessoa não é perfurada por eles. O que ocorre é que a pressão exercida pelo corpo da pessoa se distribui pelas pontas dos vários pregos e, dessa forma, ela é reduzida ao ponto de não perfurar a pele. FIGURA 1 - CAMA DE PREGOS Fonte: Free Images (2019). 45 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II 3.3 FLUÍDOS EM REPOUSO Os fluidos, como já mencionado anteriormente, têm a capacidade de es- coamento. Sendo assim, podem se espelhar caso não sejam mantidosem um recipiente. Eles se mantêm em repouso caso estejam contidos em um recipiente rígido, sob condições constantes de pressão e de temperatura e não sejam submetidos à ação de forças externas. Nesse caso, existem apenas forças internas atuando, por exemplo, a pressão que parte de líquidos fazem umas sobre as outras. Essas pressões internas são determinadas através do teorema de Stevin, que relaciona as pressões para cada ponto no interior do líquido. Vejamos a fórmula a seguir. Na equação ∆h, é a variação de profundidade, g a aceleração gravitacional e p0 a pressão inicial, isto é, para a superfície do líquido, em que atua apenas a pressão atmosférica local. HALLIDAY, 2018. Nas adegas, a qualidade do vinho também se deve a longos períodos de repouso. 3.4 PRINCÍPIO DE PASCAL O princípio de Pascal pode ser definido da seguinte forma: quando uma va- riação de pressão é aplicada a um líquido, essa variação é transmitida para todos os pontos delimitados pelo volume do líquido e, inclusive, às paredes que ele está contido. A princípio esse conceito parece simplório, mas a aplica- ção que pode ser feita revolucionou a forma como podemos usar pequenas forças para erguer ou prensar objetos. Para entendermos melhor, vamos con- siderar um líquido em um vaso comunicante (TIPLER, 2011). 46 FÍSICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O QUE É UM VASO COMUNICANTE? Vasos comunicantes ocorrem quando dois volumes de um fluido são interligados através de um canal, tubulação ou mangueira. Do teorema de Pascal sabemos que a pressão pode se espalhar por todo o fluido. Assim, a funcionalidade do canal é fazer essa pressão se distribuir de um vaso para outro. FIGURA 2 - ESQUEMA DE UM VASO COMUNICANTE Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Aplicamos uma força ao líquido em um dos lados do vaso comunicante, que, segundo o teorema de Pascal, deverá distribuir-se por todo o líquido. Como a pressão depende da área de aplicação, teremos a seguinte relação: A equação anterior relaciona as forças e as áreas nos dois lados dos vasos co- municantes, dessa forma, alterando-se as áreas da forma desejada, teremos variações de força nos vasos. Uma aplicação muito prática e útil é o uso dessas condições para criar um multiplicador de forças, bastante usado em macacos hidráulicos, máquinas hidráulicas e prensas. 47 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II 3.5 PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES Uma explicação simplificada e não completa para a capacidade de alguns materiais boiarem na água é que a densidade do material é menor do que a da água. Mas como explicar essa propriedade através de forças? Sabemos que o peso atua sempre na vertical para baixo, em contrapartida, deve haver uma força vertical para cima. A essa força chamamos de empuxo. O princípio de Arquimedes estabelece as relações entre a densidade e o volume para chegarmos até essa força. A relação é a seguinte: Na equação: E é o empuxo, Pf é a massa específica do líquido, Vfd o volume do fluido que é deslocado pelo corpo flutuante e g a aceleração da gravidade. Podemos, então, enunciar a força de empuxo da seguinte forma: a força de empuxo é igual ao peso do volume deslocado pelo corpo nele inserido. LENDA DE ARQUIMEDES Arquimedes era um sábio e matemático e vivia na região de Siracusa, uma cidade-estado grega, na qual o rei Hierão reinava. Certa vez o monarca mandou o ourives da cidade lhe confeccionar uma coroa nova. Ao término do material o rei a levou e usava com grande orgulho. Comentários pela cidade, sobre a legitimidade do material que fora confeccionada, deixou o homem inquieto. Mas como acusar o ourives? A coroa parecia perfeitamente feita de ouro puro. Para então esclarecer a dúvida que o atormentava, ele decidiu levar o problema a Arquimedes, que de imediato não achou a solução. Pensou por algum tempo a respeito da possível solução do embate. Um dia, ao entrar na tina para tomar banho, tendo ela enchido completamente de água, Arquimedes percebeu a água saindo enquanto ele entrava. Uma luz veio a sua mente! O problema estava resolvido. 48 FÍSICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Conta a lenda que Arquimedes ficou tão surpreendido que saiu pelas ruas aclamando “eureca, eureca”, que, na tradução do grego, significa descoberta. O que podemos perceber é que, vendo a água sair da banheira, Arquimedes percebeu que podia colocar a coroa na água medir seu volume e, então, comparar com a massa do mesmo volume de ouro puro. Arquimedes compararia a densidade dos materiais nesse caso (NUSSENZVEIG, 2018). PLATAFORMAS FLUTUANTES DE PETRÓLEO Para retirada de petróleo a grandes profundidades, são utilizadas as plataformas flutuantes. No Rio de Janeiro, existem várias delas, retirando petróleo a profundidades acima dos dois quilômetros. FIGURA 3 - PLATAFORMA FLUTUANTE DE PETRÓLEO Fonte: Plataforma Deduca (2019). 49 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II 3.6 APLICAÇÕES Você já deve ter visto, ou talvez até realizado esse procedimento, nivelar dois pontos quaisquer através de uma mangueira transparente contendo água em seu interior. Esse método é muito utilizado na construção civil para se tirar me- didas de nível entre pontos distantes. Isso só é possível graças ao princípio físi- co, entendido nos princípios de Stevin e de Pascal, da distribuição uniforme da pressão pelo líquido. Dentro da estática dos fluidos, temos todos os conceitos físicos para a confecção de sistemas hidráulicos de grande utilidade e que re- volucionaram a nossas vidas. A prensa hidráulica e o elevador hidráulico foram as primeiras aplicações do teorema de Pascal. Atualmente, as máquinas são capazes de realizar trabalhos com forças surpreendentes, devido a essa norma. O princípio do empuxo, de Arquimedes, permitiu a confecção das mais surpre- endentes embarcações, tendo em vista os cálculos precisos a respeito da capa- cidade de flutuação podiam ser feitos antes de finalizar os projetos. Máquinas usadas em escavações se utilizam de grande força graças aos seus sistemas hidráulicos. 50 FÍSICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANTES DAS MODERNAS PRENSAS Antes das modernas prensas, para dar formato a peças de metal, principalmente da fabricação de chapas finas, era utilizada a força manual em martelos e marretas, além do aquecimento que tornava os metais mais maleáveis. Vieram, então, as prensas de rosca, nas quais os metais eram prensados com uma pressão muito maior, além desta poder ser aplicada de forma amais uniforme. Após as descobertas de Pascal, foi possível a construção das prensas hidráulicas, que, hoje, são capazes de atingir pressões na ordem de 2000 toneladas. Com uma pressão dessa magnitude, pode-se confeccionar as mais finas chapas mesmo a frio, conferindo maior qualidade aos materiais, além da economia de energia nas indústrias metalúrgicas. FIGURA 4 - TUBOS FEITOS DE CHAPAS DE METAL Fonte: Plataforma Deduca (2019). 51 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II Maleável: que pode ser moldado; transformar de um formato para outro. CONCLUSÃO Nesta unidade, estudamos a hidrostática e todos os conceitos que a per- meiam. Sabemos agora as definições mais precisas a respeito dos fluidos, a definição de massa específica e pressão. Aplicamos esses conceitos nos prin- cípios e teoremas da hidrostática. O teorema de Stevin nos permite determi- nar a pressão em qualquer ponto de um fluido; isso é muito importante, já imaginou se isso não fosse possível? Como poderia ser projetado um subma- rino ou a extração de petróleo nas zonas do pré-sal? No princípio de Pascal, temos as relaçõesde pressão e a área em vasos comunicantes. Tal princípio permitiu a multiplicação de forças, dando origem a sistemas hidráulicos de grande utilidade. Se você já comparou dois carros, um com direção hidráulica e outro sem esse artifício, sabe do que estamos falando. Completando os nos- sos estudos, temos ainda o princípio de Arquimedes, o qual consegue explicar através de forças o fato de alguns objetos boiarem na água ou de apresenta- rem um peso aparentemente menor quando inseridos no líquido. UNIDADE 4 > saiba relacionar e diferenciar os conceitos de escoamento laminar, escoamento incompressível, escoamento não viscoso e escoamento irrotacional; > seja capaz de analisar a equação de continuidade para relacionar a área da seção reta e velocidade de escoamento em um tubo; > consiga definir e aplicar o conceito de vazão; > compreenda e aplique a equação de Bernoulli e utilizando-a para relacionar os valores da energia específica total em dois pontos de uma linha de fluxo. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 52 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II 53 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II 4 NOÇÕES DE HIDRODINÂMICA INTRODUÇÃO DA UNIDADE Quando se fala pela primeira vez em estudar os fluidos, seja na hidrostática, seja na hidrodinâmica, os alunos se deparam com algumas novidades em relação aos estudos anteriores da Física. Uma delas é que o objeto de estudo não tem formato fixo, pois eles, diferentemente dos sólidos estudados na me- cânica, adaptam-se ao volume que os contém. Mas em que situações temos o estudo da hidrodinâmica aplicado? Fique tranquilo com essas novidades! O problema desse elemento não ter formato fixo é contornado em nossas novas equações e as aplicações da hidrodinâmica são muitas. Todas as situ- ações com fluidos em movimento envolvem a hidrodinâmica. Na sua casa, você tem fluido circulando a todo momento, por exemplo, nas tubulações hidráulicas. No seu corpo, você o sangue, tendo em vista que as veias são um fluido em movimento. Desse modo, para que seu desempenho seja satisfatório, procure estudar bem todos os tópicos, já que eles seguem aproximadamente uma ordem de conceitos e de dificuldades. Vamos seguir em frente. Bons estudos! 4.1 FLUIDOS IDEAIS EM MOVIMENTO O movimento de um fluido pode se tornar extremamente complicado devido ao número de variáveis, que influenciam em seu movimento. Para simplificar o estudo, reduzimos o número de variáveis quando pensamos em um fluido ideal, ou seja, seu movimento é compreendido como o número reduzido de variáveis, mas que ainda consegue fornecer muitos resultados satisfatórios para uma grande gama de problemas. Para que um fluido possa ser conside- rado ideal, em seu movimento deve apresentar características relacionadas ao escoamento, pois ele é que determina o comportamento do fluido (ELGER et al., 2019). 54 FÍSICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 4.2 TIPOS DE ESCOAMENTO A grandeza de escoamento para um fluido tem o mesmo papel da grandeza deslocamento para um sólido. ESCOAMENTO: 1. Algo ou líquido escorrer ou correr aos poucos. 2. Permitir que o líquido passe para outro lado. 3. Deslocamento de um líquido/fluido. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/ escoamento. No entanto, o escoamento pode ser muito complicado e com isso o problema torna-se praticamente insolúvel. Uma maneira de contornar essa situação, é tratar de escoamentos específicos, classificados como laminar ou estacioná- rio. Vejamos a seguir. 4.2.1 ESCOAMENTO LAMINAR OU ESTACIONÁRIO O escoamento laminar ou estacionário são os escoamentos com velocidade constante, tanto em modulo quanto em direção ou sentido. Nesse caso, ob- serva-se um fluido escoando de forma muito suave, por exemplo, uma cor- rente central de água em rio de planície, onde a corrente de água é quase imperceptível (FOX; MCDONALD; PRITCHARD, 2018). https://dicionario.priberam.org/escoamento. https://dicionario.priberam.org/escoamento. 55 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II Quando analisamos apenas o escoamento central das águas de um rio calmo, pode ser considerado um escoamento laminar estacionário. Esse escoamento passa a ser turbulento quando o rio sofre uma enchente ou quando uma embarcação passa por ele. Devemos considerar apenas o centro, já que as bordas e o fundo sofrem a ação de forças que mudam a sua velocidade, tornando o movimento turbulento. TURBULÊNCIA A turbulência é o termo utilizado para quando um fluido não tem um comportamento previsível. Desse modo, qualquer grandeza que o define pode ser alterada a todo momento. Assim, torna- se impossível prever com exatidão o que ocorrerá com o fluido em pequenas variações de tempo. Um exemplo de turbulência é a fumaça que sai de um cigarro aceso. Incialmente, a fumaça vai em direção vertical para cima sem fazer movimentos bruscos ou espalhados. Após uma pequena distância da ponta do cigarro, o movimento torna-se turbulento (FOX; MCDONALD; PRITCHARD, 2018). 4.2.2 ESCOAMENTO INCOMPRESSÍVEL Ser incompressível remete ao conceito de volume constante, isto é, para uma certa massa de fluido, o seu volume é sempre o mesmo. Sendo massa e vo- lume constantes, a densidade também será. Lembrando que a densidade é uma das principais características de um fluido, a qual desencadeia uma série de outras características desse elemento (ELGER et al., 2019). 56 FÍSICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A água quando submetida a pressões e a temperaturas constantes, não tão extremas, pode ser considerada um líquido incompressível. O volume permanece constante e, por consequência, a densidade também é mesma. Esse fato é muito importante para a distribuição de água pela cidade, já que, para variações de pressão, o volume não se alter. Dessa forma, é possível distribuir água com eficiência até para pontos com maior altitude. 4.2.3 ESCOAMENTO NÃO VISCOSO De modo mais simplificado, podemos considerar a viscosidade como a re- sistência de um fluido ao escoamento. Um fluido viscoso proporciona atrito entre ele e o recipiente que o contém, ou entre objetos imersos nele, além do atrito entre as próprias partes do fluído. A água saindo de uma tubulação pode ser considerada como escoamento não viscoso, pois a viscosidade da água para esses casos pode ser desprezada. Viscosidade: a resistência que um fluido apresenta ao escoamento, ocasionada pelo movimento relativo entre suas partes; atrito que ocorre no interior de um fluido. Mecanismo utilizado pelas partículas de uma substância ao se aderirem (umas às outras) (DICIONÁRIO, 2019). 57 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II O chocolate derretido é um caso em que a viscosidade interfere consideravelmente no movimento, por isso, podemos observar que ele escoa lentamente. Um bom exemplo é comparar o escoamento entre um suco de frutas e o leite condensado. O leite condensado escoa vagarosamente, já que é mais viscoso do que o suco. É comum, compreendermos que viscosidade é uma força que sempre atrapalha o movimento, mas isso nem sempre é verdade. Uma pessoa nadando, por exemplo, aplica a terceira lei de Newton da ação e reação. Se não fosse pela viscosidade, um barco não conseguiria empurrar a água, e, como consequência, não receberia a força de reação e, assim, não haveria possibilidade alguma de movimento. 4.2.4 ESCOAMENTO IRROTACIONAL Nesse caso, temos que uma parte qualquer do fluido não pode girar, de modo que o raio dessa trajetória coincida com o centro de massa da própria parte do líquido. 58 FÍSICA II MULTIVIXEAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 REDEMOINHOS NA ÁGUA Existem muitas lendas sobre redemoinhos, na antiguidade acreditava-se que eram passagens para outras vidas ou dimensões. Muitos filmes e livros de ficção exploram a mitologia por trás dos redemoinhos na água. No caso dos mares, o fato que faz surgir os redemoinhos é a variação brusca da temperatura do ar e também da água. As variações de temperatura podem ocorrer por uma série de fatores meteorológicos e também pelas correntes de água, que circulam pelos mares e oceanos. Elas podem ocasionar regiões de baixa ou alta pressão, fazendo com que as massas de ar se desloquem em círculos e água naquela região, em condições favoráveis, também passa a girar. Os redemoinhos também podem ocorrer em rios, mas, nesses casos, geralmente, é por causa dos sumidouros, regiões em que a água passa a se infiltra por fendas. Eles são fenômenos bastante impressionantes e perigosos, podendo até mesmo afundar embarcações. Há muitos casos assim registrados pelo mundo, anualmente. 4.3 EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE Sabemos, de nossa prática cotidiana, que, para aumentar a velocidade da água que sai por uma mangueira, devemos reduzir o orifício de saída. Isso é compreensível quando pensamos da seguinte forma: ao abrir a torneira, em certa quantidade, estamos ajustando a vazão de água que sai pela manguei- ra, ou seja, a quantidade de água que está saindo em uma unidade de tempo. 59 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II Vazão Quando reduzimos o orifício de saída de água da mangueira, manualmente ou através do regulador da mangueira, estamos tentando reduzir a vazão, mas como a pressão da água é de um valor considerável, a vazão continua a mesma e, como o orifício de saída é pequeno, a velocidade da água deve ser maior para compensar a redução do orifício e manter a água à mesma vazão. A equação da continuidade é capaz de relacionar as variáveis desse tipo de problema, podendo ser utilizada para problemas de escoamento estacioná- rio. Observe a figura a seguir, de um trecho de um tudo de secção de área variável, juntamente com as variáveis para este problema. FIGURA 1 - TRECHO DE UM CANO DE ESPESSURA VARIÁVEL Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Como já mencionamos anteriormente, a vazão Z é constante. Sendo assim, toda quantidade de líquido por unidade de tempo que entra deve ser igual a que sai do cano: (1) i fZ Z= Como a grandeza vazão pode ser escrita como o produto da área da secção do cano pela velocidade de escoamento: 60 FÍSICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 (2) .Z A v= Substituindo 2 em 1, finalmente, temos: 1. 1 2. 2A v A v= Temos que: A1 e A2: áreas de entrada e de saída do cano, respectivamente; v1 v2: velocidades de entrada e saída do fluído no cano, respectivamente. 4.4 EQUAÇÃO DE BERNOULLI Considere um tubo com diferenças de diâmetros de entrada e de saída, em que, por ele, escoa um fluido. Considerando o fluido como ideal, este é incom- pressível, isto é, a densidade é constante e, assim, o mesmo volume que entra pelo tudo deve sair no mesmo intervalo de tempo. Exemplo Caso em uma extremidade entre 2 litros de um certo fluido na outra, no mesmo instante, saem 2 litros. Uma das equações mais fundamentais e importantes no tratamento de fluidos é a equação de Bernoulli. Podemos obter a equação a partir de algumas considerações. Considere a figura a seguir: FIGURA 2 - TUBO DE ESPESSURA VARIÁVEL 61 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II Consideramos a densidade do fluido em questão como d. Tenha em mente que, na entrada do tubo, temos: h1: altura v1: velocidade p1: pressão O mesmo ocorre na saída: h2: altura v2: velocidade p2: pressão A relação das grandezas, devido a definições estudadas na unidade anterior, fica da seguinte forma: constante 21 . . . (K ) 2 p d v d g h K equação de Benoulli é uma constante+ + = Na equação, g é a aceleração da gravidade local. Dessa forma, podemos ima- ginar que o comportamento de fluidos em outros planetas, na Lua ou na au- sência de gravidade, muda drasticamente. INFLUENCIA DA LUA E AS BOLHAS DE ÍONS Sabemos que a Lua influencia nas marés devido a sua interação gravitacional com a Terra. Na antiguidade, acreditava-se em muitas outras influências para esse fenômeno. Atualmente, poucas são usadas, já que se enquadram como crendices populares, como cortar o cabelo em certas luas. A influência lunar vai além das marés, sendo que sua interação com a Terra faz surgir as chamadas bolhas de íons. As bolhas atrapalham as comunicações entre satélites e a Terra (ZORZETTO, 2014). 62 FÍSICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 4.5 DEMONSTRAÇÃO DA EQUAÇÃO DE BERNOULLI Quando temos um fluido ideal, podemos desprezar forças dissipadas, como o atrito. Dessa forma, a conservação da energia é uma excelente forma de demonstrar a equação de Bernoulli. O caminho mais fácil, como existe mo- vimento do fluido, é usar o teorema da energia cinética. As grandezas apre- sentadas nas figuras a seguir serão relacionadas a partir da conservação da energia. FIGURA 3 - FLUIDO ENTRANDO PELA TUBULAÇÃO E FLUIDO SAINDO DA TUBULAÇÃO W Ec Ep= ∆ + ∆ Em que: W: trabalho Ec∆ : Variação da energia cinética Ep∆ : Variação da energia potencial Temos um trabalho mecânico na entrada mais fina do tudo e trabalho na sa- ída mais grossa. Segue que: 1 1. 1. 1 1.W p A l p V= ∆ = ∆ - trabalho 1 na entrada do tubo. 63 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II 2 2. 2. 2 2.W p A l p V= − ∆ = ∆ - trabalho 2 na saída do tudo. Neste, o trabalho é ne- gativo já que a pressão está contra o movimento. Se consideramos um intervalo de tempo ∆t, podemos levar em conta que vo- lume 1. 1V A L∆ = ∆ com massa entra no tubo com energia cinética dada por: Temos que: Ec: energia cinética; ρ : massa específica; ΔV: variação do volume 21v : velocidade que o fluído entra no tubo; No mesmo intervalo de tempo, na saída do tubo, um volume 2. 2V A L∆ = ∆ com massa deixa o tubo com energia cinética dada por: Observe que a única mudança na saída do tubo foi a velocidade na saída de- signada por 2v . Assim, a variação da energia cinética é dada por: Para a energia potencial gravitacional, temos: : energia potencial gravitacional na entrada do tubo; : energia potencial gravitacional na saída do tubo; g : aceleração gravitacional; 1 2y e y : são as alturas na entrada e na saída do tubo, respectivamente. 64 FÍSICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A variação da energia potencial gravitacional é dada por: Assim: W Ec Ep= ∆ + ∆ Reorganizando os termos, colocando as grandezas que se repetem em evi- dencia, temos assim, para a variação da pressão: Finalmente, chegamos à conclusão de que: Também aparece no formato 2 . . .h 2 vp d d g k+ + = Para os fluidos Para os fluidos, a massa específica p pode ser entendida como a densidade d, no caso em que o fluido é homogêneo. A altura pode ser denominada por h ou pela coordenada vertical y. Essa é uma das formas da prova ou dedução da equação de Bernoulli, a partir da conservação da energia. Lembrando que essa equação é válida para um fluido ideal, ou seja, um fluido não viscoso, incompressível e em estado estacionário (FOX; MCDONALD; PRITCHARD, 2018). 65 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II 4.6 APLICAÇÕES Estamos rodeados de situações nas quais os fluidos em movimento estão presentes. Além das tubulaçõesdas nossas casas ou do trabalho, em nosso corpo, nas mangueiras que conduzem o combustível do veículo, entre outras infinidades de situações. Essas aplicações, muitas vezes, acabam passando despercebidas, logicamente. Por isso, quando um engenheiro civil vai pro- jetar as tubulações de um prédio, por exemplo, deve pensar nas pressões e volumes que irão passar por ela. TRANSPORTE DE UM LÍQUIDO PODE SER COMPLEXO Imagine em situações mais complexas, como no transporte de derivados de petróleo em uma refinaria. Nesse caso, além do volume e da pressão dos fluidos, deve-se pensar nas densidades e viscosidades. Essas variáveis relacionam-se na equação da continuidade e na equação de Bernoulli. Em irrigações a dimensionalidade dos tubos também deve ser pensada, já que são vários os ramos de distribuição de água. Imagine em uma cidade em que a água deve ser distribuída em uma infinidade de lares, empresas etc. CONCLUSÃO Muitas são as grandezas e suas relações quando estudamos hidrodinâmica, como pudemos ver e estudar nesta unidade. No senso comum, na maioria das vezes, acreditamos que, para um fluido, o que interessa são apenas grandezas mais simples, como volume e pressão. Após os estudos realizados, aprende- mos que muitas outras grandezas são importantes para que se possa resolver problemas em que fluidos estão envolvidos, como a densidade, pressões nas tubulações e as formas de escoamento. Para a hidrodinâmica, algumas considerações ou simplificações são necessá- rias, já que os fluidos podem ter comportamentos muito complexos. A prin- cipal simplificação é considerar o fluido como ideal, ou seja, ter um compor- tamento que se adequa a duas principais equações estudadas na unidade: a equação da continuidade e a equação de Bernoulli, a principal equação para a hidrodinâmica, que nos permite a partir de agora resolver uma grande gama de problemas. UNIDADE 5 > Aprender a noção de temperatura dos objetos. > Inter-relacionar as diferentes escalas termométricas mediante a conversão. > Entender os diferentes processos de transferência de energia térmica e o conceito de calor. > Assimilar a noção de equilíbrio termodinâmico e a definição da lei zero da termodinâmica. > Assimilar a extensão da lei da conservação da energia mediante a noção da energia térmica, concebendo a definição da primeira lei da termodinâmica. > Interpretar o sentido dos processos termodinâmicos, e como isso se reflete na eficiência das máquinas térmicas, contemplando a definição da segunda lei da termodinâmica. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 66 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II 67 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II 5 LEIS DA TERMODINÂMICA E PROPRIEDADES DOS GASES INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nos dias de inverno, nos vestimos com mais roupas para reduzir a perda de calor do nosso corpo com o meio ambiente. Por esse motivo, para manter-nos quentes e sem usar grossas camadas de roupa, usamos fontes de calor, como é o caso de aquecedores elétricos ou lareiras. Dessa forma, amenizamos nos- so bem-estar ao diminuirmos a sensação de frio para podermos executar as atividades cotidianas sem tremor algum. O que significa o calor? E como está associado à variação da temperatura corporal ou de objetos? Embora essas perguntas pareçam óbvias, ao analisá-las, podemos entender porque quando fornecemos calor a uma panela a pressão os alimentos cozi- nham muito mais rápido. Semelhantemente, é por via dessa reflexão que po- demos compreender o movimento da válvula apitadora da panela de pressão e como está associado com o funcionamento das locomotivas a carvão. É pela termodinâmica, ramo da Física, que são explicados os fenômenos associados à temperatura e à transferência da energia térmica dos objetos. 5.1 CONCEITOS BÁSICOS DA TERMODINÂMICA Diariamente, dizemos que um objeto está quente quando sua temperatura é maior; e está frio quando sua temperatura é menor. Entretanto, como quan- tificar a temperatura dos objetos, e, dessa forma, não entrar em contradição ao dizer que um objeto está quente ou está frio? Definimos a escala Celsius, ou graus Celsius, associada a dois estados da água. O primeiro diz respeito à pressão sobre o nível do mar, 0oC da temperatura na qual a água se solidifica. Já o segundo é o valor 100ºC, no qual a temperatura da água evapora. Dessa forma, chamamos de termômetros os instrumentos capazes de quan- tificar a temperatura dos objetos. Por exemplo, um dos termômetros mais simples consta de um tubo de vidro que contém mercúrio no seu interior, variando seu volume proporcional à temperatura, disposto sobre uma régua calibrada na escala Celsius. 68 FÍSICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 1 - TERMÔMETRO, DETERMINA A TEMPERATURA CORPORAL Fonte: Plataforma Deduca (2019). Por outro lado, a escala de temperatura usada nos países anglofalantes são os graus Fahrenheit, que estabelecem que o ponto de solidificação da água é definido como 32ºF e o ponto de evaporação como 212ºF. Nesse caso, a di- ferença de temperatura entre esses dois estados da água é de 180ºF. Com base nessas duas escalas de temperatura, podemos estabelecer facilmente conversões entre ambas, como na fórmula a seguir. o o o o5 9( C) ( F) 32 (, ( C) 32. 9 5 F)T TT T = − + = Para realizar a conversão entre escalas de temperatura, lembre que 0oC = 32ºF e que 100ºC = 212ºF. 69 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA II Uma terceira escala de temperatura foi definida mediante o estudo dos gases contidos em recipientes a volume constante, no qual há uma proporcionali- dade entre a pressão do gás contido com a temperatura. Dessa maneira, me- dir a pressão do gás através de um manômetro e, calibrá-lo para que o con- junto gás e recipiente atue como termômetro, serviria para medir altíssimas temperaturas e as mais baixas também, sem que haja liquefação. Experimen- talmente, observou-se que as medidas das temperaturas são independentes do gás contido. Além disso, notou-se, ao extrapolar as medidas experimentais, que todos os gases a volume constante poderiam apresentar uma pressão nula a um valor determinado de temperatura, sendo -273,15ºC. Com base nesse valor, definiu- -se a escala Kelvin, ou escala absoluta, independente da substância em ques- tão. Em suma, podemos associar qualquer valor de temperatura em graus Celsius à escala Kelvin, mediante a expressão a seguir. FIGURA 2 - RELAÇÃO DE PROPORCIONALIDADE ENTRE A PRESSÃO DE UM GÁS E A TEMPERATURA NA ESCALA KELVIN QUE ESSE POSSUI o( K) ( C) 273,15.T T= + TEMPERATURA T (K) P R E S S Ã O P Fonte: FPS (2019). 70 FÍSICA II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A diferença entre a escala Celsius e Fahrenheit são os calores de temperatura. Na primeira, o valor é referenciado mediante graus, já a escala Kelvin não usa esse termo. No segundo caso, quando mencionamos a temperatura da evaporação da água na escala Kelvin só diremos 373,15K. 5.2 LEI ZERO DA TERMODINÂMCA Para obter uma medida fidedigna da temperatura de um objeto, é preciso um termômetro capaz de não alterar a temperatura do próprio objeto. Igual- mente, espera-se um determinado tempo até que o termômetro esteja em equilíbrio térmico com o objeto, implicando que esse instrumento não mude de medida. Desejando levar a noção do equilíbrio térmico de uma forma mais clara, po- demos pensar na existência de três objetos A, B e C, que, inicialmente, estão a temperaturas diferentes, TA, TB e TC, respetivamente. Se decidimos por o objeto A e B em contato direto, reparamos que ambos estão em equilíbrio térmico, então podemos dizer que as temperaturas TA = TB. Seguidamente,
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