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Metodologia Multi-índice APRESENTAÇÃO A tomada de decisão na escolha do melhor projeto de investimento deve estar alinhada aos objetivos organizacionais. Por esse motivo, quem está fazendo a análise deve ter acesso a uma ampla gama de opções de metodologias dessa área. Das mais clássicas às modernas análises, o que podemos extrair é que existem algumas metodologias que são facilmente aplicáveis e outras demandam um conhecimento mais aprofundado. O fato de envolver recurso, independentemente de ser grande quantia ou um pequeno montante, promove a necessidade de maior cuidado. Todo investimento traz implicitamente a expectativa de ganho, pois ninguém investe para perder. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre o conceito de multi-índice, sua aplicação, bem como suas vantagens e desvantagens. Verá também os riscos associados ao projeto. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever o conceito de multi-índice e sua aplicação.• Identificar os indicadores associados à rentabilidade e ao risco do projeto.• Demonstrar a aplicabilidade da metodologia multi-índice destacando vantagens e desvantagens. • DESAFIO O conturbado mundo da atualidade pressupõe que as empresas estejam inovando constantemente. Em busca de inovações, as empresas usam as mais diversas ferramentas, pois não basta apenas estar condicionada aos atuais produtos, a empresa deve estar conectada àquilo que existe de tendência nas mais diversas áreas, não se restringindo apenas ao seu setor. Frente a essas demandas constantes de inovação, a equipe de projetos apresentou duas propostas que são mostradas a você por meio dos resultados abaixo. Tendo por base que o ROIA é o percentual de retorno e os outros indicadores têm como parâmetro a escala de 0 a 1, qual desses projetos você escolheria? Justifique sua resposta. INFOGRÁFICO Todo investimento traz, implicitamente, riscos. Conhecer os indicadores de riscos aos quais o projeto de investimento está vulnerável é uma das primeiras tarefas de quem pretende fazer uma análise coerente. Neste infográfico, você verá como calcular os principais indicadores da metodologia multi- índice. CONTEÚDO DO LIVRO A metodologia multi-índice para análise de investimentos foi proposta para avaliar riscos em suas diferentes dimensões, preocupando-se em confrontar a expectativa de retorno com a percepção dos potenciais riscos do empreendimento em análise. No capítulo Metodologia multi-índice da obra Análise de investimento e fontes de financiamento você verá o conceito e a aplicação da metodologia multi-índice, os indicadores associados à rentabilidade e ao risco de um projeto e, por fim, a aplicabilidade da metodologia, destacando-se suas vantagens e desvantagens. ANÁLISE DE INVESTIMENTO E FONTES DE FINANCIAMENTO Fabiane Padilha Metodologia multi-índice Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever o conceito de multi-índice e sua aplicação. � Identificar os indicadores associados à rentabilidade e ao risco do projeto. � Demonstrar a aplicabilidade da metodologia multi-índice, destacando vantagens e desvantagens. Introdução Quando se fala em análise de projetos de investimentos, existem duas possibilidades: ser bem-sucedido ou fracassar na escolha do investimento. É permanente a dúvida nessa situação, pois, ao investir, pode-se estar direcionando grandes quantias de recursos, inviabilizando outras ações, além da incerteza de como o investimento escolhido se desenvolverá ao longo do projeto. Diante de tal situação, é essencial que o tomador de decisão tenha precaução quanto aos investimentos escolhidos. Risco e incerteza são elementos presentes no contexto relativo a investimentos e à escolha destes. Quanto mais desconhecidas forem as variáveis envolvidas no projeto, maiores são as probabilidades de perdas. E ninguém se planeja para o insucesso quando faz um investimento, independentemente de seu tamanho ou abrangência. Um bom ponto de partida para a análise de investimentos é o desen- volvimento do fluxo de caixa desse projeto, que vai incluir as estimativas de entradas e saídas pertinentes a ele, apresentadas em uma linha de tempo. Ao estimar os ganhos e desembolsos, haverá uma visualização mais coesa do projeto, detalhando de forma mais clara o que poderá acontecer. Entretanto, sabe-se que sempre haverá riscos envolvidos em uma perspectiva futura. Nesse sentido, torna-se ainda mais importante conhecer metodologias diversas de análises de investimentos, pois é necessário que esse risco esteja presente nas estimativas. Este capítulo se propõe a um estudo da metodologia multi-índice para análise de investimentos. Primeiro, será descrito o conceito e a apli- cação da metodologia multi-índice; na sequência, serão identificados os indicadores associados à rentabilidade e ao risco de um projeto, e, por fim, se demonstrará a aplicabilidade da metodologia, destacando-se suas vantagens e desvantagens. Multi-índice: o que é e como é aplicado? Ao se procurarem, na literatura, referências sobre metodologias de análise de investimentos, é fácil deparar com os indicadores mais utilizados, que são valor presente líquido (VPL), taxa interna de retorno (TIR) e prazo de retorno do in- vestimento (payback). Nessa procura, a maior dificuldade é encontrar um método que mostre os riscos inerentes à escolha do investimento e o retorno esperado. Investir pressupõe assumir riscos. “Nenhum investimento está completa- mente blindado contra os riscos, o que muda é o grau em que eles se mani- festam, de modo que os fazem assumir uma característica inerente, inevitável e peculiar a cada empreendimento” (HARZER, 2015, p. 72). Assim, cada projeto, por mais semelhante que pareça, vai apresentar riscos específicos. Incertezas e riscos estão sempre juntos, entretanto, possuem características diferentes, pois o risco pode ser mensurado, já a incerteza é uma variável que deixa em dúvida acontecimentos futuros. Andrade (2011) explica que a incerteza está relacionada a fatores desconhecidos, inexistindo probabilidade de estimativa de ocorrência. Os riscos, por outro lado, são fatores conhecidos, sendo possível mensurar a probabilidade de ocorrência deles. Harzer (2015, p. 43) contribui no sentido de fazer a relação entre incerteza e risco: As incertezas podem diminuir à medida que o projeto amadurece por meio da obtenção de mais informações, mas elas sempre tendem a permanecer com um resíduo, deixando dúvidas quanto ao futuro do empreendimento em análise. Os riscos são mais complicados, pois estes, sim, podem comprometer o negócio e pouco pode ser feito para contê-los. Desse modo, tanto os riscos, quanto as incertezas não só se manifestam de forma distinta, como também produzem consequências nos resultados do empreendimento, podem inclusive, retrair os planos de expansão dos investidores. Segundo Gitman (2010), os principais riscos (que para ele são a chance de perda financeira) existentes em um projeto de investimento são os riscos da empresa, os riscos específicos do acionista e os riscos da empresa e do acionista. Metodologia multi-índice2 Entre os riscos que a empresa pode apresentar está o risco operacional, aquele em que a empresa não consegue arcar com seus custos operacionais, e também o risco financeiro, aquele em que há possibilidade de a empresa vir a se tornar insolvente. Os riscos específicos do acionista são os riscos de taxa de juros (em que há possibilidade que ela afete de forma negativa o valor do investimento), risco de liquidez (em que há a possibilidade de que não ocorra a liquidação do ativo), risco de mercado (em que fatores exógenos direcionam para um cenário negativo inviabilizando o investimento). Os riscos da empresa e do acionista são: � risco de evento (quando há possibilidade de um imprevisto ocorrer exercendo efeito negativosobre a organização); � risco de câmbio (quando há flutuação cambial indesejada); � risco de poder aquisitivo (quando a possibilidade de mudanças nos preços, como inflação e deflação, afeta negativamente o fluxo de caixa da empresa); � risco tributário (quando novos tributos ou mudanças na legislação afetam a organização). Lemes Júnior, Cherobim e Rigo (2010), por sua vez, classificam os riscos em: risco do negócio ou risco econômico (aqueles relacionados às atividades da empresa e que também afetam todas as empresas do mesmo setor), risco financeiro (aquele relacionado às fontes de recursos que viabilizam o negócio da empresa) e risco-país (relacionados às condições de nível nacional — ma- croeconômicas — que possam impactar o empreendimento). Risco-país é um conceito que busca expressar de forma objetiva o risco de crédito a que investidores estão submetidos quando investem nos títulos públicos daquele país. No mercado financeiro, os indicadores diários mais utilizados para essa finalidade são o EMBI+Br e o Credit Default Swap (CDS) do Brasil. Também existem empresas especializadas em analisar o risco de crédito dos países, as chamadas agências de classificação de risco (ou agências de rating), que atribuem suas notas para cada país em função da percepção de risco presente e futuro. 3Metodologia multi-índice Na busca por informações adicionais que possam reduzir os riscos, de- senvolveu-se uma metodologia de análise de investimentos complementar à metodologia clássica, a chamada metodologia multi-índice. Harzer (2015, p. 24) afirma: “O que a metodologia multi-índice procura fazer é gerar um conjunto de informações de modo a clarificar os riscos frente aos retornos das alternativas de investimentos disponíveis, melhorando, assim, o processo decisório”. A intenção de Souza e Clemente (2004), ao desenvolver o conceito da metodologia multi-índice, era contribuir de forma mais objetiva para a aná- lise das variáveis que estão implicitamente relacionadas ao risco e, também, analisar risco e retorno conjuntamente. Dessa forma, ao se analisar risco e retorno de maneira conjunta, pressupõe-se que haja melhor compreensão dos riscos assumidos, de forma a proporcionar uma escala gradual que melhora a qualidade da tomada de decisão. A metodologia multi-índice foi proposta para avaliar riscos em suas dife- rentes dimensões, preocupando-se em confrontar a expectativa de retorno com a percepção dos potenciais riscos do empreendimento em análise. Entre as características da metodologia multi-índice, encontra-se a utilização da análise ambiental para entender de forma mais substancial os riscos envolvidos no projeto. Dessa forma, ao estudar o panorama em que a empresa se encontra, os riscos do investimento são extraídos das ameaças oferecidas por esse contexto e, dessa forma, são muito mais tangíveis (SOUZA; CLEMENTE, 2008). A metodologia clássica avalia o retorno usando VPL (quando ele é maior que zero, aceita-se o projeto); o payback (quando ele for inferior ao período máximo para a empresa recuperar o capital); e a TIR (se ela for maior que a TMA, o projeto é viável). Desse modo, incorpora-se o risco em forma de prêmio adicional sobre a TMA (que é o custo de oportunidade que o investidor obtém ao optar por determinado investimento, abrindo mão de outros de baixo risco) (HARZER, 2015). A metodologia multi-índice não adiciona prêmio pelo risco, visto que a TMA passa a ser o valor que o investidor deixa de ganhar nessa aplicação em troca do investimento no projeto, devendo refletir a melhor alternativa no momento. Nessa metodologia, os três indicadores clássicos são analisados de maneira diferente: VPL positivo sinaliza que a análise deve prosseguir; payback e TIR são assumidos como indicadores de risco. Além de entender os indicadores clássicos em uma outra perspectiva, ainda avalia o risco por meio de cinco dimensões: risco financeiro, risco de não recuperar o capital investido, risco operacional, risco de gestão e risco de negócio. Metodologia multi-índice4 De acordo com Souza e Clemente (2008), na análise das cinco dimensões de risco, os indicadores são parametrizados em uma escala que vai de zero (representando a ausência de risco) a um (representando risco máximo): � Risco financeiro — Caracterizado pela probabilidade de se obter um retorno melhor ao aplicar o capital disponível no mercado financeiro e ganhar mais do que a TMA do projeto. Na metodologia multi-índice (que avalia esse risco de zero a 1), o indicador equivalente ao risco financeiro é o indicador TMA/TIR, no qual, quanto mais próximo de 1, maior o risco financeiro. � Risco de não recuperar o capital investido — Se o VPL for menor que zero, indicando que a soma dos retornos atualizados foi menor que o valor investido, não haverá recuperação do capital investido. Na metodologia multi-índice, esse risco é medido pelo payback/N, medindo a proporção entre o tempo necessário para que os recursos gerados pelo projeto superem o investimento inicial. Nesse caso, quanto mais próximo de um, maior o risco de não recuperar o capital investido. � Risco operacional — Caracteriza-se pela situação em que a empresa não consegue cobrir seus custos operacionais. Na metodologia multi- -índice, esse risco é medido por meio do indicador denominado Grau de Comprometimento da Receita (GCR), em que o risco operacional mostra-se alto quando a empresa apresenta lucro somente com elevado nível de capacidade instalada. Nesse caso, quanto mais próximo de um, maior o risco. Assim, quanto mais próximo do um, maior o risco operacional. � Risco de gestão — Esse risco envolve o nível de conhecimento e competência dos gestores em projetos similares (que criam vantagem competitiva), de modo a avaliar a condução do negócio no que diz respeito a fatos e atos cometidos pelos gestores que podem de alguma forma impactar nos resultados do empreendimento. Entende-se que os departamentos e a percepção relativa a eles contribui para a gestão. Aqui, quanto mais próximo do um, maior o risco de gestão. � Risco do negócio — Diz respeito a variáveis não controláveis pela empresa e que se encontram no ambiente em que ela atua — também chamado de macroambiente, onde se encontram as variáveis da Análise PEST (política, econômica, social e tecnológica). As cinco forças de Porter também auxiliam nesse indicador, assim como a Análise SWOT. Fazendo a Análise SWOT (iniciais para forças, fraquezas, ameaças e oportunidades) da empresa, consegue-se alinhar as forças internas 5Metodologia multi-índice dela para se obter vantagem competitiva e minimizar o impacto das ameaças. Nesse risco, quanto mais próximo do um for o resultado, mais arriscado é o negócio. Assim sendo, a metodologia multi-índice vai dividir risco e retorno em dois conjuntos: indicadores associados à rentabilidade e indicadores associados ao risco. Indicadores associados à rentabilidade e ao risco do projeto A metodologia multi-índice apoia-se na análise de dois grupos de indicadores (relacionados ao retorno e ao risco) com o objetivo de avaliar os projetos de investimentos. A tomada de decisão se dará por meio do confronto entre o retorno adicional do projeto e da percepção do risco oriunda da análise de cinco indicadores: relação TMA/TIR; relação payback/N; grau de comprometimento da receita (GCR); risco de gestão e risco do negócio. Indicadores de retorno do projeto de investimento Entre os indicadores de retorno do projeto, estão: valor presente (VP), valor presente líquido (VPL), valor presente líquido anualizado (VPLa), índice benefício-custo (IBC), retorno do investimento (ROI) e retorno adicional sobre o investimento (ROIA). Valor presente (VP) Valor presente é um indicador que desconta determinado fluxo de caixa futuro para a data atual, ou seja, transporta um valor futuro para o presente. Segundo Gitman (2010, p. 154), “o valor presente é o valor atual em dinheiro de um montante futuro”. Ataxa de desconto é inversamente proporcional ao valor presente, ou seja, quanto maior a taxa de desconto, menor será o valor presente. Como esclarece Puccini (2011, p. 165), “quanto maior for a taxa de juros, tanto menor será o valor presente do fluxo de caixa e, consequentemente, maior o ‘desconto’ exigido na operação”. O cálculo do VP é dado pela seguinte equação: Metodologia multi-índice6 VP = FV (1 – i)n Valor presente líquido (VPL) O valor presente líquido (VPL) ou net present value (NPV) é um cálculo que transporta fluxos de caixas futuros até a data focal zero, considerando todas as entradas e saídas de caixa no decorrer do período. O valor presente líquido utiliza a TMA (taxa mínima de atratividade) como taxa de desconto dos fluxos de caixa projetado. Conforme Gitman (2010), os critérios de aceitação do VPL são bastantes simples, e, para o investimento ser aceito, ele precisa ser maior que zero. Caso não seja maior que zero, o projeto deverá ser rejeitado. Na metodologia multi-índice, o VPL sinaliza que a análise deve continuar, não se definindo, por meio desse indicador, se o projeto deverá ser aceito ou rejeitado. O cálculo do VPL é dado pela seguinte equação: VPL = –Fc0(1 + TMA)0 + Fc1 (1 + TMA)1 + Fc2 (1 + TMA)2 + Fc3 (1 + TMA)3 ... Valor presente líquido anualizado (VPLA) O método de valor presente líquido anualizado visa agrupar investimentos de períodos diferentes em um montante equivalente. “O VPLA converte o valor presente líquido de projetos de duração diferentes em um montante equivalente (em termos de VPL), que pode ser usado para selecionar o melhor projeto” (DAL ZOT; CASTRO, 2015, p. 118). Souza e Clemente (2008) afirmam que é mais fácil pensar em termos de ganho por período de tempo do que em termos de ganho acumulado. Dessa forma, como explica Dal Zot e Castro (2015), para calcular o VPLA, primeiro se calcula o VPL de cada projeto, em seguida se calcula uma prestação poste- cipada usando como principal o VPL de cada um dos projetos. O maior VPLA será o escolhido. Assim, primeiro, usamos a equação do VPL e depois usamos a equação do PV para encontrar a prestação: 7Metodologia multi-índice VPL = –Fc0(1 + TMA)0 + .. Fc1 (1 + TMA)1 PV = PMT (1 + i)n – 1 (1 + i)n ∙ i[ ] Índice custo-benefício (IBC) O índice de custo-benefício visa mensurar o retorno por unidade de capital investido, levando em consideração que os recursos financeiros do projeto sejam reaplicados com a rentabilidade da TMA. Conforme Harzer (2015, p. 115), “o IBC é medido pela razão entre o valor presente dos fluxos líquidos e benefícios e o valor presente dos fluxos de investimentos”. O cálculo do IBC é dado pela seguinte equação: IBC = Somatório do VP dos benefíciosSomatório do VP dos investimentos Retorno sobre investimento (ROI) O return over investment ou retorno sobre investimento (ROI) é um indicador que visa quantificar o percentual de ganho sobre uma determinada aplicação. Possui um método de cálculo bastante simples, o que o tornou uma ferramenta bastante difundida no mundo da análise de investimentos. Um dos principais pontos fracos do ROI é não considerar o tempo, e sim somente o ganho, exi- gindo que, para uma melhor análise, sejam utilizados outros métodos, como o payback. O cálculo do ROI é dado pela seguinte equação: ROI = (Ganho obtido – investimento inicial) Investimento inicial ROIA Conforme Harzer (2015, p. 116), “O ROIA é uma medida de rentabilidade além da TMA, mensurada em unidade de tempo do projeto”. Em geral, o ROIA é bem semelhante ao EVA (economic value added ou valor econômico agregado), que, segundo Gitman (2010, p. 446), é “uma medida popular que as empresas podem usar para determinar se um investimento — proposto Metodologia multi-índice8 ou existente — contribui positivamente para a riqueza dos proprietários”. O cálculo do ROIA é dado pela seguinte equação: ROIA = ( n√IBC – 1) × 100 Indicadores de risco do projeto de investimento Os indicadores de risco são risco financeiro, risco de não recuperar o capital, risco operacional, risco de gestão e risco do negócio. Risco financeiro (TMA/TIR) O indicador de risco TMA/TIR calcula a proximidade entre a TMA e a TIR (taxa interna de retorno) a fim de quantificar o risco do projeto. Quanto mais próxima a TMA estiver da TIR, maior será o risco de perda financeira no projeto, pois a TIR é a taxa que leva o VPL para zero. Conforme Dal Zot e Castro (2015, p. 115), “aceita-se o projeto quando a taxa de retorno for maior do que a taxa mínima de atratividade (TIR > TMA) e rejeita-se quando ela for menor (TIR < TMA)”. A divisão entre a TMA/TIR para que o projeto seja aceito deve ser sempre abaixo de um. Quanto mais próximo o indicador chegar do número um, haverá mais chance de perda financeira. Conforme Harzer (2015, p. 117), “na escala de risco, quanto mais próximo de um essa relação, a tendência é de que o risco de se perder dinheiro seja maior, caso se invista no projeto”. Risco de não recuperar o capital — Payback/N O payback/N é um indicador de risco que visa quantificar se existe risco de não recuperar o valor investido, sendo N o prazo total do projeto. Conforme Harzer (2015) explica, seu conceito é bastante simples, pois projetos que possuem payback em que os retornos só aconteceram muito próximos ao final do projeto tendem a ser mais arriscados que aqueles que aconteçam próximos ao começo. O cálculo do payback/N é dado pela seguinte equação: Payback/N = Payback do projeto Prazo do projeto 9Metodologia multi-índice Risco operacional — Grau de comprometimento da receita (GCR) O GCR é um indicador que tem por objetivo medir o risco operacional do projeto. Conforme Harzer (2015), seu cálculo é a divisão da receita de equilíbrio pela receita no nível máximo de atividade. A escala de risco é semelhante à do indicador TMA/TIR, em que resultados próximos a um tendem ser mais arriscados. O cálculo do GCR é dado pela seguinte equação: GCR = Receita de equilíbrio Receita do nível máximo de atividade Risco de gestão e risco de negócio O risco de gestão parte da premissa de que os gestores devem possuir conhe- cimentos básicos, experiência e habilidades para melhor cumprir sua função. Harzer (2015) explica que, para quantificar o risco de gestão, deve-se realizar um levantamento sobre todas as competências que a equipe gestora possui, no qual scores maior que zero significam que a equipe possui alguma ou bastante competência e o score 0 significa que não possuem nenhuma competência. Podem ser realizadas análises em todos os departamentos da empresa. O risco de negócio envolve uma série de fatores exógenos, e a organização não pode interferir. Nessa avaliação, utiliza-se a percepção de elementos que constam na análise PEST (na qual as variáveis consideradas são a Política-legal, Econômica, Sociocultural e Tecnológica), junto com a percepção das Cinco Forças de Michael Porter (novos entrantes, produtos substitutos, poder de barganha dos fornecedores, poder de barganha dos clientes e concorrentes), e a percepção tendo em vista os elementos da Análise SWOT (forças, fraquezas, ameaças e oportunidades). Vantagens e desvantagens da metodologia multi-índice A integração entre a análise quantitativa e a perspectiva qualitativa faz com que a metodologia multi-índice tenha como objetivo contribuir de forma mais Metodologia multi-índice10 objetiva para identificar as variáveis que estão implicitamente relacionadas ao risco e também analisar risco e retorno conjuntamente. Como afirmam Sousa et al. (2017, p. 69): A vantagem da utilização da metodologia multi-índice, portanto, reside na padronização das diversas formas de análise em indicadores e a decomposição do risco em cinco dimensões: Risco Financeiro (TMA/TIR), Risco da não recuperação do capital investido (Payback/N), Risco Operacional (Grau de Comprometimento da Receita – GCR), Risco de Gestão e Risco de Negócio. Esta decomposição permite a comparação dos fatoresde risco e da própria rentabilidade do projeto. Além disso, a utilização de um conjunto de indica- dores possibilita uma análise mais completa, resultando em informações mais seguras e precisas do que o uso isolado de cada técnica. Percebe-se que, ao analisar as variáveis de risco e retorno em grupos separados, existe uma maior probabilidade de entender a viabilidade de uma forma mais ampla, pois são variáveis que darão as informações necessárias à continuidade do projeto de investimento. Assim, a metodologia multi-índice mostra-se como uma importante alternativa técnica de análise de investimentos, além das que já existem nessa seara. Como desvantagem, pode-se citar a ampla gama de dados que devem ser buscados para que se tenha em mãos material para a elaboração da análise. A aplicabilidade dessa ferramenta de análise de investimentos requer tempo e disponibilidade para a busca das variáveis que integrarão os indicadores. Esse é um trabalho árduo, mas de extrema importância se a intenção é usar essa ferramenta. Para mais informações sobre a aplicabilidade da metodologia multi-índice, consulte a tese de Doutorado de Jorge Harry Harzer (HARZER, 2015), intitulada Avaliação do risco financeiro em projetos de investimento a partir da relação TMA/TIR: uma contribuição da metodologia multi-índice. 11Metodologia multi-índice ANDRADE, R. P. A construção do conceito de incerteza: uma comparação das con- tribuições de Knight, Keynes, Shackle e Davidson. Nova economia, Belo Horizonte, v. 21, n. 2, p. 171-195, maio/ago. 2011. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0103- 63512011000200001>. Acesso em: 25 jun. 2018. DAL ZOT, W.; CASTRO, M. L. Matemática financeira: fundamentos e aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2015. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. HARZER, J. H. Avaliação do risco financeiro em projetos de investimento a partir da relação TMA/TIR: uma contribuição da metodologia multi-índice. 2015. 242 f. Tese (Doutorado em Administração) – Escola de Negócios, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2015. Disponível em: <http://www.biblioteca.pucpr.br/pergamum/biblioteca/ img.php?arquivo=/00005a/00005a7a.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2018. LEMES JUNIOR, A. B; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. PUCCINI, E. C. Matemática financeira e análise de investimentos. Florianópolis: Departa- mento de Ciências da Administração/UFSC; Brasília: CAPES: UAB, 2011. SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Decisões financeiras e análise de investimentos: fundamentos, técnicas e aplicações. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2004. SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Decisões financeiras e análise de investimentos: fundamentos, técnicas e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. SOUZA, S. L. C. et al. Metodologia multi-índice na análise da viabilidade de criação de tilápias em tanques rede. Caderno Profissional de Administração da UNIMEP, Piracicaba, v. 7, n. 2, p. 62-81, 2017. Disponível em: <http://www.cadtecmpa.com.br/ojs/index.php/ httpwwwcadtecmpacombrojsindexphp/article/view/151/136>. Acesso em: 25 jun. 2018. Leituras recomendadas COSTA, J. E. N. et al. Expectativa de retorno e de risco: um estudo dos custos de be- neficiamento do mel no Estado do Rio Grande do Norte. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 21., 2014, Natal. Anais eletrônicos... São Leopoldo: Associação Brasileira de Custos, 2014. Disponível em: <https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/ view/3754>. Acesso em: 25 jun. 2018. JOHANN, E. R. et al. Metodologia clássica e método multi-índice na avaliação fi- nanceira de projetos de investimento: um estudo de caso na empresa Alfa. Gestão e Desenvolvimento, Novo Hamburgo, v. 11, n. 1, p. 91-112, jan. 2014. Disponível em: <http://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistagestaoedesenvolvimento/article/ view/73>. Acesso em: 25 jun. 2018. Metodologia multi-índice12 Conteúdo: DICA DO PROFESSOR A análise de investimentos possui indicadores clássicos. A metodologia multi-índice é mais uma ferramenta que vem a contribuir para a tomada de decisão, mas permitindo confrontar o grau de risco envolvido com o retorno esperado na operação. Essa metodologia possibilita que se avalie se o retorno é atrativo frente ao risco apresentado. Acompanhe na Dica do Professor como podemos usar essa metodologia. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Assinale a alternativa correta referente ao conceito da metodologia multi-índice: A) Ela traz um conjunto de informações de modo a clarificar os riscos frente aos retornos das alternativas de investimentos disponíveis. B) Ela traz um conjunto de informações de modo a clarificar os riscos inerentes às alternativas de investimentos disponíveis. C) Ela traz um conjunto de informações de modo a clarificar os retornos inerentes às alternativas de investimentos disponíveis. D) Ela traz um único indicador de modo a clarificar os riscos frente aos retornos das alternativas de investimentos disponíveis. E) Ela traz um conjunto de informações que farão com que o tomador de decisão escolha a melhor taxa de retorno interna dos projetos de investimentos disponíveis no mercado internacional. 2) Quais são os riscos que compõem a metodologia multi-índice? A) Risco financeiro, risco da não recuperação do capital investido, risco operacional, risco de gestão e risco de negócio. B) Risco financeiro, risco da não recuperação do capital investido, risco operacional, risco de gestão e risco país. C) Risco econômico, risco da não recuperação do capital investido, risco operacional, risco de gestão e risco de negócio. D) Risco financeiro, risco da não recuperação do capital investido, risco estratégico, risco de gestão e risco de negócio. E) Risco financeiro, risco da não recuperação do capital investido, risco tático, risco de gestão e risco de negócio. 3) Quais são os indicadores de retorno que compõem a metodologia multi-índice? A) VP, VPL, VPLa, IBC, ROI e ROIA. B) VP, VPL, VPLa, IGC, ROI e ROIA. C) VP, VPL, TIR, IBC, ROI e ROIA. D) VP, VPL, VPLa, IBC, ROI e payback. E) VF, VPL, VPLa, IBC, ROI e ROIA. 4) Qual é o risco que inclui a análise PEST, a análise das cinco forças de Porter e a análise SWOT? A) Risco de gestão. B) Risco financeiro. C) Risco de negócio. D) Risco operacional. E) Risco da não recuperação do capital investido. 5) Assinale a alternativa que corresponde a uma vantagem do uso da metodologia multi- índice: A) É restrita a investimentos de longo prazo. B) Só empresas com faturamento alto podem usar. C) Usa indicadores que não consideram o dinheiro no tempo. D) Utiliza um conjunto de indicadores, possibilitando uma análise mais completa. E) É mais simples de elaborar e, consequentemente, de analisar os projetos de investimentos. NA PRÁTICA A metodologia multi-índice tem como parâmetro para os indicadores de risco uma escala de 0 a 1, em que há uma divisão dos parâmetros. Diante dessa forma visual de olharmos resultados quantitativos, vamos ver, na prática, como geralmente esses indicadores são apresentados na literatura. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Expectativa de retorno e de risco: um estudo dos custos de beneficiamento do mel no estado do Rio Grande do Norte O objetivo desta pesquisa é analisar os indicadores de percepção de risco e retorno com base nos custos de beneficiamento do mel no estado do Rio Grande do Norte. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Metodologia clássica e método multi-índice na avaliação financeira de projetos de investimento: um estudo de caso na empresa Alfa O objetivo deste estudo é avaliar, através de verificações, se o uso da metodologia multi-índice suporta mais efetivamente os gestores em suas decisões, efetuando uma análise comparativaentre a metodologia clássica e a multi-índice em um projeto de investimento para o centro de distribuição da organização em estudo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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