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Métodos laboratoriais no diagnóstico, seguimento e complicações de uma doença infecciosa Caso clínico Jovem de 26 anos, sexo masculino, após ter visto outdoor da Campanha “Fique Sabendo”, procurou o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) de Bauru para realização de testagem. Mesmo não apresentando nenhum problema de saúde, há alguns meses o jovem queria realizar a testagem para HIV, pois nos últimos anos vinha se expondo a situações de risco de infecção. Após acolhimento e aconselhamento pré-teste, realizado pelo profissional da equipe do CTA, o jovem foi submetido à testagem para HIV, seguindo o fluxo definido pelo Ministério da Saúde, sendo seus exames sorológicos (Teste de alta sensibilidade) definidos como reagentes. Após aconselhamento pós-teste, o jovem foi encaminhado para o Centro de Referência em Moléstias Infecciosas, onde o médico, após outros exames (Teste de alta especificidade para confirmar que o paciente está realmente doente), introduziu tratamento com antirretrovirais. Seis meses após do início do tratamento, o paciente retornou e realizou uma nova bateria (Teste quantitativo para saber como a infecção está no paciente) de exames para verificar a eficiência do tratamento até o momento. - A contagem de CD4/CD8 é usada para saber se o paciente está reagindo bem ao tratamento padrão do HIV. - O exame de sequenciamento do HIV é utilizado para saber qual tipo de vírus HIV infectou o paciente; ele é solicitado quando o paciente não está reagindo a tratamento básico contra o HIV sendo necessário um tratamento direcionado. Diagnóstico sorológico O diagnóstico sorológico é pautado em testes de triagem com alta sensibilidade e testes de confirmação com alta especificidade. Os testes de triagem requerem sensibilidade elevada para que todos os casos sejam detectados; já os testes de confirmação precisam ser altamente específicos para confirmar os diagnósticos. Os testes laboratoriais são requisitados para a detecção, o diagnóstico ou o monitoramento de doenças ou de predisposição às doenças. Indivíduos assintomáticos passam por uma triagem para a detecção de doença insuspeita, enquanto pacientes sintomáticos são testados para confirmar ou identificar a doença. Os laboratórios de baixa infraestrutura laboratorial, o paciente faz um teste de triagem com máxima sensibilidade. Caso haja a confirmação, o paciente é direcionado para o médico, o qual o encaminha para o laboratório de análises clínicas que fará o teste confirmatório de máxima especificidade. Após o estabelecimento do tratamento, o paciente retorna ao laboratório de análises clínicas para fazer o teste quantitativo para ver se o tratamento padrão está fazendo efeito. No banco de sangue, há testes para detectar a purificação do sangue para triar os sangues sem contaminações. Os testes Confirmatórios utilizam diferentes formatos e princípios. A combinação de 2 ou mais testes, formando um Fluxograma, tem como objetivo aumentar o Valor Preditivo Positivo (probabilidade de que cada positivo avaliado pelo teste seja um doente). Marcadores da infecção por HIV - Na primeira semana de infecção, é recomendado fazer o teste molecular da RT-PCR (transcrição reversa seguida da reação da polimerase em cadeia) que detecta o RNA viral (material genético). - Na segunda semana de infecção, é recomendado o teste sorológico de 4º geração, o qual faz a detecção de antígeno identificando a proteína P24 presente na estrutura viral. - Na terceira semana de infecção, é recomendado o teste sorológico de 3º geração, o qual faz a detecção de anticorpo inespecífico IgM (alta concentração para o teste dar positivo). - Da quarta semana de infecção em diante, é recomendado o teste sorológico de 1º e 2º para detecção de anticorpo específico IgG (alta concentração para o teste dar positivo). Imunoensaios Os imunoensaios são métodos bioanalíticos que medem a presença ou concentração de analitos (amostra do paciente) através do uso de um anticorpo ou antígeno como agente de detecção. As interações específicas que ocorrem durante a resposta imune possibilitaram o desenvolvimento dos Imunoensaios. Os imunoensaios permitem ao avaliador promover um imunodiagnóstico, um diagnóstico laboratorial feito por meio de técnicas imunológicas. As reações imunoquímicas formam a base para os ensaios clínicos sensíveis e específicos conhecidos como imunoensaios. Num imunoensaio típico, um anticorpo é utilizado como reagente para detectar o analito de interesse. A excelente especificidade e elevada afinidade de anticorpos para antígenos específicos, juntamente com a capacidade única dos anticorpos para antígenos de ligação cruzada, permitem a identificação e quantificação de substâncias específicas por uma variedade de métodos. Um antígeno é qualquer material capaz de reagir com um anticorpo. No imunoensaio, o antígeno é o analito de interesse clínico a ser medido. Os anticorpos são imunoglobulinas que se ligam especificamente a uma grande variedade de antígenos naturais e sintéticos, como proteínas, hidratos de carbono, ácidos nucleicos, lipídeos e outras moléculas. Analiticamente, a imunoglobulina G (IgG) é o reagente imunoquímico mais prevalente em uso. Antígenos podem ser definidos como qualquer substância que possa representar locais antigênicos (epítopos) para produzir anticorpos correspondentes, desde pequenas moléculas, como haptenos e hormônios, até macromoléculas, como proteínas, glicoproteínas, glicolipídeos e outros produtos naturais. Imunoglobulina (Ig), uma importante proteína plasmática, refere-se a anticorpos no contexto das funções biológicas de uma imunoglobulina específica contra antígenos. Portanto, anticorpos são produzidos em resposta à estimulação antigênica. Os anticorpos são formados por moléculas funcionais e heterogêneas que se unem aos antígenos por meio do local de ligação do antígeno. Há cinco classes (isotipos) de imunoglobulina: IgG, IgM, IgA, IgD e IgE. A IgG subdivide-se ainda em quatro subclasses, enquanto a IgA e a IgM têm dois subgrupos. Reação antígeno-anticorpo Pesquisa de antígeno - Na pesquisa de antígeno, há um anticorpo sintético específico que se ligará ao antígeno da amostra do paciente, após isso será necessário uma lavagem da placa restando apenas a ligação antígeno-anticorpo. - Após a lavagem, para identificar a presença do antígeno na amostra, é preciso de uma anticorpo secundário com o marcador, o qual ao encontrar o antígeno do paciente irá mudar a coloração da reação no equipamento confirmando o teste (reagente), caso não haja a emissão de mudança de coloração o teste deu negativo (não reagente). Para colocar no equipamento é necessário uma nova lavagem e colocar um substrato para possível emissão de coloração. Pesquisa de anticorpo - Na pesquisa de anticorpo, há um antígeno sintético específico que se ligará ao anticorpo da amostra do paciente, após isso será necessário uma lavagem da placa restando apenas a ligação antígeno-anticorpo. - Após a lavagem, para identificar a presença do anticorpo na amostra, é preciso de uma anti-anticorpo secundário com o marcador, o qual ao encontrar o anticorpo do paciente irá mudar a coloração da reação no equipamento confirmando o teste (reagente), caso não haja a emissão de mudança de coloração o teste deu negativo (não reagente). Para colocar no equipamento é necessário uma nova lavagem e colocar um substrato para possível emissão de coloração. A lavagem é necessária para eliminar os demais componentes da amostra do paciente para evitar um falso positivo ou falso negativo. - Os testes de imunodiagnósticos baseiam-se no princípio da especificidade da resposta imune. Para se detectar anticorpos ou linfócitos utilizam-se como reagentes os antígenos ou seus componentes, enquanto que, para se detectar os antígenos, são usados anticorpos. No imunoensaio típico, o anticorpo de “captura” é primeiro adsorvido ou ligado de forma covalente à superfície de uma fase sólida. Em seguida, o antígeno da amostra é deixado a reagir e capturado pelo anticorpode fase sólida. As proteínas são, então, lavadas e um anticorpo marcado (conjugado) é adicionado, que reage com o antígeno ligado através de um segundo e distinto epítopo. Após a lavagem adicional para remover o excesso de anticorpo marcado não ligado, o marcador ligado é medido e a sua concentração ou atividade é diretamente proporcional à concentração de antígeno. Em ensaios, os anticorpos, quer policlonal quer monoclonal, são utilizados para captura de anticorpos marcados. Se forem utilizados anticorpos monoclonais com especificidade para epítopos distintos, a incubação simultânea da amostra e o conjugado com o anticorpo de captura são possíveis, simplificando o protocolo de ensaio. Imunodiagnóstico Testes de imunodiagnóstico são aqueles que se baseiam na especificidade da resposta imune para detectar anticorpos, antígenos ou linfócitos. Os métodos de imunodiagnóstico podem ser divididos em testes sorológicos, quando detectam a presença de anticorpos ou antígenos no soro ou em outros líquidos orgânicos e testes cutâneos (exemplo: teste intradérmico com tuberculina), quando detectam a presença de linfócitos. São vários métodos para a realização dos testes sorológicos: precipitação, floculação, aglutinação, imunofluorescência, teste imunoenzimáticos e radioimunoensaios. Cada método apresenta características, aplicações e limitações próprias. - Hipersensibilidade: reações intradérmicas e percutâneas. - Presença de anticorpo ou antígeno: ensaios de imunoprecipitação, aglutinação e neutralização. - Interação antígeno-anticorpo: Ensaios de imunofluorescência (Citometria de Fluxo), radioimunoensaio, imunoenzimáticos (ELISA; Western Blot), imunofluorimétricos e quimioluminescência. Teste de ELISA (imunoenzimático) - O imunoensaio enzimático (EIA) utiliza as propriedades catalíticas de enzimas para detectar e quantificar reações imunológicas. Enzimas, como fosfatase alcalina (ALP), peroxidase de rábano (HRP), glucose-6-desidrogenase (G6D) e β-galactosidase, são comumente usadas como marcadores no EIA. - O ELISA é uma técnica EIA heterogênea. Com este tipo de ensaio, um dos componentes de reação está ligado à superfície de uma fase sólida, como um poço de microtitulação. Este acessório pode ser constituído pela adsorção não específica ou ligação química ou imunoquímica e facilita a separação dos reagentes marcado ligado e livre. Tipicamente, no ELISA, uma alíquota de amostra ou calibrador contendo o antígeno a ser medido é adicionado e deixado ligar com um anticorpo de fase sólida. Após a fase sólida ser lavada, um anticorpo marcado com enzima diferente do anticorpo ligado é adicionado e forma um “complexo sanduíche” de fase sólida-Ab:enzima Ab:Ag. O excesso (não ligada) de anticorpo, em seguida, é lavado e o substrato da enzima é adicionado. O marcador de enzima catalisa a conversão do substrato em produto (s), cuja quantidade é proporcional à quantidade de antígeno na amostra. Os anticorpos em uma amostra também são quantificados através da utilização de um procedimento de ELISA em que o antígeno em vez de anticorpo está ligado a uma fase sólida e o segundo reagente é um anticorpo marcado com enzima específica para o anticorpo analito. Por exemplo, numa placa de microtitulação, ensaios de ELISA foram utilizados extensivamente para a detecção de anticorpos para vírus e parasitas em soro ou sangue total. Além disso, os conjugados de enzima acoplada com substratos que produzem produtos visíveis têm sido utilizados para desenvolver ensaios do tipo ELISA, com resultados que são interpretados visualmente. Estes ensaios têm sido muito úteis em triagem, ponto de cuidado e testagem de aplicativos em casa. ELISA- detecção de anticorpos (Ac) e antígenos (Ag) específicos no soro/plasma sanguíneo O plasma é colocado em uma solução diluente de 90 uL para diluir o plasma formando uma solução 1/2, o qual é colocado em 90 uL de solução diluente formando uma solução 1/4. Essa solução 1/4 é colocada em 90uL de solução diluente formando uma solução 1/8, a qual é diluída em uma solução diluente 90uL formando uma solução 1/16. Ocorre essa diluição até chegar uma solução 1/256. Tipo I e II - Os testes ELISAs I e II têm o formato indireto, ou seja, a presença de anticorpos específicos é detectada por um conjugado constituído por um anticorpo anti-IgG humano. - Em média, a janela de soroconversão dos ensaios de primeira geração é de 6 a 8 semanas. Atualmente, esses ensaios deixaram de ser utilizados na rotina diagnóstica dos laboratório - Em comparação com os ensaios de primeira geração, os de segunda geração são mais sensíveis e específicos, por conter uma maior concentração de proteínas (epítopos imunodominantes) relevantes. Em média, a janela de soroconversão dos ensaios de segunda geração é de 28 a 30 dias. - A placa apresenta um antígeno específico, o qual interage com o anticorpo IgG da amostra do paciente na fase de incubação (fase que permite que ocorra a ligação antígeno/anticorpo). Após essa fase, ocorre uma lavagem e a inserção de anti-IgG + enzima, a qual precisa de uma nova fase de incubação para interação do anti-anticorpo com o IgG, e depois dessa interação ocorre uma lavagem para colocar o substrato que precisa de uma nova fase de incubação para gerar uma reação enzimática para mudança de cor. A lavagem permite a retirada de excesso de anticorpo, e na ausência de ligação antígeno/anticorpo, mantém a reação limpa. Tipo III - O teste ELISA III tem o formato “sanduíche” (ou imunométrico). A característica desse ensaio é utilizar antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos tanto na fase sólida quanto sob a forma de conjugado. Esse formato permite a detecção simultânea de anticorpos anti-anticorpo IgM e IgG. - Em média, a janela de soroconversão dos ensaios de terceira geração é de 22 a 25 dias - A placa apresenta os antígenos específicos para IgM e IgG, os quais interagem com os anticorpos IgG e IgM da amostra do paciente na fase de incubação. Após essa fase, ocorre uma lavagem e a inserção de peptídeos sintéticos + enzima, a qual precisa de uma nova fase de incubação para interação do peptídeo sintético com o IgG e IgM, e depois dessa interação ocorre uma lavagem para colocar o substrato que precisa de uma nova fase de incubação para gerar uma reação enzimática para mudança de cor. - Não há diferenciação do IgG e IgM, só mostra se há presença deles. A lavagem permite a retirada de excesso de anticorpo, e na ausência de ligação antígeno/anticorpo, mantém a reação limpa. Tipo IV - O teste ELISA tipo IV o detecta simultaneamente o antígeno p24 e anticorpos específicos IgG/IgM. - O componente de detecção de anticorpo tem o formato de “sanduíche”; portanto, detecta todas as classes de imunoglobulinas contra proteínas recombinantes ou peptídeos sintéticos derivados das glicoproteínas gp41 e gp120/160. - O componente de detecção de antígeno p24 é constituído por um anticorpo monoclonal na fase sólida (para capturar o antígeno p24 presente no soro) e de um conjugado constituído por um antissoro (anticorpo) poliespecífico contra a proteína p24. - Em média, a janela diagnóstica dos ensaios de quarta geração é de aproximadamente 15 dias, dependendo do ensaio utilizado. A lavagem permite a retirada de excesso de anticorpo, e na ausência de ligação antígeno/anticorpo, mantém a reação limpa. Teste rápido (Imunocromatografia) - A imunocromatografia é um tipo de teste rápido que identifica doenças infecciosas, hormônios e outros analitos, por associação específica a anticorpos com partículas coloridas conjugadas. O resultado de um teste de imunocromatografia geralmente considera a presença de antígenos na amostra; antígenos são substâncias externas que, uma vez no organismo, desencadeiam a produção de anticorpos (proteínas que são as principais responsáveis pelas defesas do nosso organismo). - O teste de imunocromatografia é uma reação que vai ocorrer em casas horizontais tendo uma sequência de eventos. - A imunocromatografia é um teste qualitativo, assim mostra a presençaou ausência de uma doença e não a quantidade de antígeno/anticorpo presente no paciente. - Os testes rápidos apresentam grande valor em situações que o diagnóstico é essencial para tomada de decisão imediata do profissional de saúde (parturientes, acidente ocupacional, mutirões). - Atualmente, a imunocromatografia é usada para o imunodiagnóstico de muitas doenças infecciosas: Dengue, malária, amebíase, peste bubônica, brucelose, giardíase, leishmaniose visceral, hepatite B, infecção por vírus como HIV, cinomose, parvovirose, coronavirose, Helicobacter pylori, Streptococcus pneumoniae, entre outras; sendo usado ou para a detecção de antígenos ou de anticorpos. - A imunocromatografia apresenta o resultado em poucos minutos (30 minutos) e tem sua base de análise pautada na mostra de saliva, sangue, soro/plasma do paciente. Além disso, os testes rápidos apresentam uma sensibilidade >99,5% e Especificidade > 99%. Características - Qualitativos; - Teste de triagem; - Rápido; - Econômico; - Fácil interpretação; - Leitura é feita a olho nu; - Apresenta sensibilidade e especificidade similares ao ELISA de terceira geração; Método - Utiliza uma matriz de membrana de nitrocelulose ligada a uma tira de acetato transparente; - Para detectar antígeno, emprega-se um anticorpo de captura, ligado à matriz e um anticorpo marcado com partículas coloridas que é específico para o antígeno pesquisado; - Para detectar anticorpo, utiliza-se um antígeno específico ligado à matriz e um anticorpo anti-imunoglobulina marcado com partículas coloridas; - Para detecção de antígenos podem ser utilizados anticorpos fixados na linha de captura e como conjugado um segundo anticorpo conjugado a partículas coloridas. Um dos métodos imunológicos desses testes emprega partículas coradas, como ouro coloidal (róseo) ou prata coloidal (azul marinho) como revelador da interação antígeno-anticorpo. - A amostra do paciente apresenta anticorpos, os quais serão levados para o ouro coloidal + anticorpo (conjugado) formando uma ligação do conjugado com o anticorpo. A substância é levada para uma amostra de antígenos onde formará um complexo anticorpo-antígeno emitindo uma coloração. Seguindo o fluxo, o conjugado que não se ligou ao anticorpo da amostra e o excesso de complexo anticorpo + conjugado será levado ao anti-anticorpo gerando a reação de controle. Um formato de imunoensaio típico é visto em um dispositivo de fluxo através que possui um anticorpo covalente acoplado à superfície de uma matriz porosa. Quando a amostra do paciente é adicionada à matriz, o analito de interesse se liga ao anticorpo. A adição de um segundo anticorpo rotulado forma um sanduíche e prende o marcador à posição do primeiro anticorpo. Se o marcador consistir em partículas de ouro ou látex colorido, ele é diretamente visualizado ou quantificado pela espectrofotometria de refletância em um leitor separado. Outra importante característica desse tipo de tecnologia é a incorporação de um monitor de qualidade embutido que indica positivamente se todos os reagentes foram armazenados e o dispositivo é operado corretamente. Em todos os diferentes formatos, fluxo uniforme e previsível das amostras através ou ao longo matriz de fase sólida é um dos determinantes principais da reprodutibilidade da técnica. Sendo assim, a escolha da matriz e de como ela interage com a amostra são de particular importância, e avanços no entendimento da fase sólida e tecnologia química de superfície têm trazido grande contribuição para o desenvolvimento dos imunossensores. Nesse dispositivo, a amostra de sangue é adicionada e primeiramente corre através de uma fibra de lã de vidro, que separa o plasma do resto do sangue. Simultaneamente, dois anticorpos monoclonais anti-humanos cardíacos troponina T (cTnT), um conjugado à biotina e o outro rotulado com partículas de ouro, vinculam-se à troponina T na amostra. O complexo de anticorpos/troponina se conecta à estreptavidina e imobiliza o composto. Este então é visualizado quando uma faixa roxa, próxima às partículas de ouro, se conecta a um dos anticorpos. O anticorpo rotulado com ouro que não reagiu fica mais pra baixo da tira, onde é capturado pela zona que contém um peptídeo sintético, consistindo em epítopo do cTnT humano, e é visualizado como uma faixa colorida separada, porém similar. A presença da segunda faixa serve como um importante indicador de qualidade, pois mostra que a amostra fluiu ao longo da tira de teste e o dispositivo efetuou o mesmo corretamente. Interpretação - Positivo: Duas linhas são visíveis, sendo uma linha na região controle (C) e outra na região teste (T). A intensidade de cor da linha teste (T) poderá variar de acordo com a concentração do analito (Ag / Ac) presente na amostra. Todavia, qualquer intensidade de cor na linha teste indica resultado positivo. - Negativo: Apenas uma linha é visível na região controle (C), não sendo observada linha na região teste. - Inválido: Não é evidenciada a linha controle (C). As razões mais comuns de falha são o volume insuficiente de amostra ou falha no procedimento técnico. Neste caso, reler a técnica e repetir o teste com uma nova tira. Se aparecer o risco do teste e do controle, o teste deu negativo. Já, se aparecer o risco do controle e não aparecer o risco do teste, significa que o teste é negativo. Agora, se aparecer apenas o risco do teste e não aparecer o risco do controle, significa que o teste é inválido (necessita repetição). Teste de aglutinação - A aglutinação é a “aglomeração” de uma suspensão de células contendo antígenos, microrganismos ou partículas na presença de anticorpos específicos, também conhecidos como aglutininas. - O teste de aglutinação é caracterizado pela formação de agregados visíveis como resultado da interação de anticorpos específicos e partículas insolúveis que contém determinantes antigênicos na superfície. - A aglutinação é um técnica que permite identificar e quantificar precipitados resultantes da interação antígeno-anticorpo, absorvidos a micropartículas insolúveis ou células. Aglutinação é a quantificação de um precipitado. - Os ensaios baseados em aglutinação têm sido utilizados durante muitos anos para avaliação qualitativa e quantitativa de anticorpos e antígenos. - A aglomeração de partículas visíveis, como células e partículas de látex, é usada para indicar a reação primária de antígeno/anticorpo. - Os métodos de aglutinação requerem partículas estáveis e uniformes, antígeno puro e anticorpos específicos. - Anticorpos IgM são mais suscetíveis de produzir aglutinação do que anticorpos IgG por causa do tamanho e da valência da molécula IgM. Portanto, quando apenas anticorpos IgG estão envolvidos, o uso de reforço químico ou de um método anti-aglutinação de imunoglobulinas pode ser necessário. - Como todas as reações imunoquímicas em que a agregação é a medida final, a razão antígeno anticorpo é crítica. Os extremos de antígeno ou a concentração de anticorpos inibem a agregação. - Em geral, os métodos de aglutinação são bastante sensíveis, mas não são mais quantitativos que outros métodos imunoquímicos discutidos anteriormente. Imunoensaios não isotópicos, especialmente EIAs, são tão convenientes como reações de aglutinação e, portanto, estão substituindo os métodos de aglutinação em muitos laboratórios. Características - Imunoensaio não-marcado. - O soro é seu material de análise para detecção de anticorpos IgM e IgG. - Teste de triagem, - Teste de fácil execução (sem equipamentos). - Baixo custo. - Sensibilidade e especificidade semelhante ao teste ELISA. - Boa especificidade e reprodutibilidade. - Baixa sensibilidade e pouca estabilidade Ag-Ac. - Diagnóstico de vírus, bactérias, protozoários e fungos; doenças auto-imunes; detecção de hormônios e tipagem de grupos sanguíneos. - Reações de aglutinação ocorrem entre um antígeno particulado e seu anticorpo específico (aglutinação direta) ou entre uma partícula inerte e recoberta de antígeno solúvel e seu anticorpo específico (aglutinação indireta).Reação de aglutinação direta - Na aglutinação direta, a célula da amostra apresenta um antígeno expresso na sua membrana celular; assim na reação, o anticorpo específico se ligará aos antígenos celulares formando uma aglutinação. - Se o antígeno celular não for específico para o anticorpo do teste, não ocorrerá a aglutinação. - A aglutinação direta detecta anticorpos específicos mediante o emprego de antígenos conhecidos; ou detecta antígenos específicos por - meio de sua reação com anticorpos conhecidos. Partículas antigênicas insolúveis são utilizadas em sua forma íntegra ou fragmentada (Ex: bactérias, vírus, fungos e protozoários). São realizadas diluições seriadas do anticorpo em relação a uma quantidade constante do antígeno. Após incubação, a aglutinação se completa e o resultado é geralmente expresso com a máxima diluição em que ocorre a aglutinação. Ex: toxoplasmose, tripanossomíase, tipagem de grupos sanguíneos (antígenos específicos), reação de Paul-BunnelDavidson (antígenos heterófilos), teste de Widal para salmoneloses. Reação de aglutinação indireta - Na aglutinação indireta, ocorre a adição de uma partícula sintética, a qual absorverá o antígeno formando uma partícula sensibilidade que entrará em contato com o anticorpo específico promovendo a reação de aglutinação. - Na aglutinação indireta, o antígeno é adsorvido a uma partícula que servirá de fase sólida da reação (Pesquisa de anticorpo). - Adsorção de anticorpos ou antígenos solúveis proteicos ou polissacarídeos na superfície de micropartículas inertes (suportes) que não interferem na interação antígeno-anticorpo. Exemplos de partículas: hemácias (hemaglutinação) ou látex, mas podem ser utilizadas também partículas de bentonita e colóide. A hemaglutinação descreve uma reação de aglutinação em que o antígeno está localizado em um eritrócito. Eritrócitos são bons portadores passivos de antígeno; eles são revestidos facilmente com proteínas estranhas e são facilmente obtidos e armazenados. A pesquisa direta de eritrócitos para o grupo sanguíneo Rh e outros tipos antigênicos é amplamente utilizado em bancos de sangue. Antissoros específicos, como anticorpos anti-A, anti-C e anti-Kell, são usados para detectar antígenos na superfície de eritrócitos. Na hemaglutinação indireta ou passiva, os eritrócitos são usados como transportadores particulados de antígenos estranhos (e em alguns testes de anticorpo); esta técnica tem amplas aplicações. Outros materiais disponíveis sob a forma de partículas, como látex, têm sido utilizados como veículos de antígenos, mas são mais difíceis de revestir, padronizar e armazenar. Numa variação desta técnica relacionada, conhecida como inibição da hemaglutinação, a capacidade de antígenos, haptenos ou outras substâncias para inibir especificamente a hemaglutinação de células sensibilizadas (revestidas) pelo anticorpo é determinada. Western Blot (teste imunoenzimático) - O teste Western blotting (WB) também conhecido como protein blotting ou immunoblotting, é um poderoso e importante método em biologia molecular utilizado para imunodetecção de proteínas após a separação destas por eletroforese em gel e transferência para membrana adsorvente. Esta técnica permite detectar, caracterizar e quantificar múltiplas proteínas, principalmente aquelas que estão em baixas quantidades em determinada amostra. - É uma técnica que permite a detecção de proteínas a partir de uma marcação com anticorpos e enzima. Método - A preparação de amostras é um dos passos cruciais do processo de separação de proteínas. Os resultados do experimento dependem das condições iniciais do material. Por esse motivo, um modelo experimental adequado e uma preparação cuidadosa de amostras são essenciais para se obter resultados significantes e confiáveis, particularmente em estudos comparativos de proteínas, em que normalmente existem diferenças mínimas entre as amostras experimentais e as do grupo controle - A amostra do paciente é colocada no gel para ativar a eletroforese iniciando a separação das proteínas da amostra do paciente, a qual é marcada em uma localização de um marcador de peso molecular conhecido da amostra controle. Ao reconhecer as proteínas, precisa retirá-las do gel realizando uma nova eletroforese para transferi-las para uma membrana. Na membrana, deve-se colocar um anticorpo específico (anticorpo primário) para proteína (antígeno) que estamos detectando no teste de Western Blot; após inserir a anticorpo primário, precisa colocar o anticorpo secundário que se ligará à enzima para retirar a proteína da membrana gerando uma marcação ilustrando a presença dessa proteína a amostra do paciente. 1-Controle positivo 2-Controle negativo O teste de Western Blot é aplicado para confirmação de testes positivos pela alta especificidade. (Ex: HIV) Tuberculose Definição - A tuberculose é uma doença infectocontagiosa, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também denominado de Bacilo de Koch (BK). O micro-organismo apresenta evolução em ciclos lentos e de maior incidência nas áreas urbanas, a doença é transmitida por meio do ar pelas gotículas contendo o Mycobacterium tuberculosis , as quais são expelidas pelo doente ao tossir, espirrar ou falar em voz alta. - A transmissão tuberculose é caracterizada pela inalação de gotículas de aerossóis contendo a Mycobacterium tuberculosis (transmissão direta) - O indivíduo portador da tuberculose ativa (bacilífero) é o vetor da transmissão da Mycobacterium tuberculosis, assim ao tossir ou espirar promove a saída de gotículas com bacilos da micobactéria, as quais são disseminadas no meio atmosférico para uma possível contaminação de um novo hospedeiro pela aspiração com chegada na Mycobacterium tuberculosis nas estruturas pulmonares Um portador de tuberculose sintomático respiratório, é aquele, que durante a estratégia programática de busca ativa, apresenta tosse por 3 semanas ou mais. Esse paciente deve ser investigado para tuberculose através de exames bacteriológicos. Diagnóstico Para o diagnóstico da tuberculose são utilizados, principalmente, os seguintes exames: - Exame microscópico direto (baciloscopia direta); - Cultura para micobactéria com identificação de espécie; - Teste de sensibilidade antimicrobiana; - Teste rápido para tuberculose (TR-TB). Para efetuar os testes diagnósticos de tuberculose, a amostra utilizada é o escarro, o qual deve ser colhido no atendimento e na manhã do dia seguinte (2 amostras) na UBS (preferencialmente). Orientações para coleta de escarro 1ª e 2ª amostras (Observação: jejum obrigatório somente para a 2ª amostra) 1. Lave a boca fazendo bochechos com bastante água. 2. Abra o frasco fornecido pelo laboratório; 3. Force a tosse, do seguinte modo: a) Inspire profundamente, isto é, puxe o ar pelo nariz e fique com a boca fechada; prenda a respiração por alguns instantes e solte o ar lentamente pela boca. Faça isso mais 2 vezes; b) inspire profundamente mais 1 vez, prenda a respiração por alguns instantes e solte o ar com força e rapidamente pela boca; c) inspire profundamente mais 1 vez, prenda a respiração por alguns instantes e, em seguida, force a tosse para poder liberar o escarro que está dentro do pulmão; 4. Escarre diretamente dentro do frasco. CUIDADO para o escarro não escorrer por fora 5. Repita as orientações 3 e 4 por mais duas vezes, até conseguir uma quantidade maior de amostra; 6. Feche firmemente, proteja da luz solar e entregue o frasco ao laboratório. Microscopia direta - A baciloscopia é um exame microscópico com pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR) em esfregaços da amostra, preparados e corados com metodologia padronizada. - A baciloscopia direta do escarro ou exame direto, é um dos métodos de análise no diagnóstico e também controle de tratamento da tuberculose pulmonar por permitir a descoberta das fontes de infecção, ou seja, os casos bacilíferos. Trata-se de um método simples, rápido e de baixo custo para elucidação diagnóstica da tuberculose, uma vez que permite a confirmaçãoda presença do bacilo. - Em virtude de seu elevado conteúdo lipídico, a parede celular das micobactérias têm a capacidade singular de fixar o corante fucsina, que, assim, não é removido pelo álcool-ácido. - O método Ziehl-Neelsen, uma das mais utilizadas para pesquisa de bacilos, baseia-se na coloração pela fucsina básica que confere aos BAAR uma cor avermelhada após lavagem por álcool-ácido. Nesse método a amostra primeiramente é corada com fucsina, em seguida lavada com o álcool-ácido e, posteriormente, corada com o corante azul de metileno. A parede celular dos bacilos, formada principalmente por lipídeos, não permitirá a descoloração por álcool-ácido, sendo assim os bacilos permanecerão corados em rosa. - A sensibilidade média da baciloscopia direta é de aproximadamente 50% a 60%, na dependência da qualidade da amostra, da técnica de coloração e da experiência do profissional. Quanto ao valor preditivo positivo da baciloscopia positiva no escarro espontâneo, um estudo realizado no município do Rio de Janeiro evidenciou um valor de 98,4% para o diagnóstico de tuberculose. Exame Micobacteriológico Cultural - A cultura permite a identificação da bactéria e necessita de menor número de bacilos na amostra examinada para ser considerada positiva. Além de identificar a espécie da micobactéria, permite, também, testar sua sensibilidade aos quimioterápicos, mas requer maior sofisticação laboratorial que a baciloscopia e, pelo menos, 40 dias para o resultado. O micobacteriológico cultural permite a identificação do microrganismo e a realização do teste de sensibilidade, além de aumentar o rendimento diagnóstico em 20-40%; os meios sólidos mais recomendados são o Lowenstein-Jensen e o Ogawa-Kudoh. Esse último é recomendado para a utilização nos laboratórios de menor complexidade porque não requer o uso de centrífuga. - A cultura em meio sólido tem como limitação o tempo do resultado que pode levar de 2 a 8 semanas, por isso, quando possível, deve ser utilizado o meio líquido através de sistemas automatizados não radiométrico; os resultados nesse caso saem no prazo de 10 a 40 dias. Biologia Molecular - Os testes para ampliar os ácidos nucléicos, são avaliações rápidas, com especificidade e sensibilidade alta. Entre os métodos mais empregados, está a Reação em cadeia da Polimerase (PCR), técnica aplicada diretamente na amostra biológica, escarro ou em colônia suspeita. Essas técnicas moleculares surgiram com a intenção de fornecer ao médico um resultado mais rápido e preciso; são testes de detecção rápida, que permitem uma resposta em 24 a 48 horas. Existem diversos kits comercializados, sendo que cada um deles utiliza-se de um método diferente para amplificar regiões específicas do DNA. Teste tuberculínico (prova tuberculínica ou reação de Mantoux) - A prova tuberculínica consiste na inoculação via intradérmica da tuberculina no terço médio da face anterior do antebraço esquerdo, na dose de 0,1 ml. A leitura da prova tuberculínica é realizada de 48 a 72 horas após a aplicação, podendo este prazo ser estendido para 96 horas, caso o paciente falte à consulta. - O teste tuberculínico é iniciado com a inoculação intradérmica do antígeno tuberculínico (PPD-Rt23, um derivado proteico do Mycobacterium tuberculosis). Os pacientes já sensibilizados pela tuberculina geram uma reação inflamatória formando um nódulo na derme, a qual é medida pelo examinador para o diagnóstico na leitura do teste. - A prova ou reação tuberculínica: também conhecida como PPD (Purified Protein Derivative - derivado purificado de fração protéica antigênica do bacilo) é uma reação intradérmica que apenas verifica se o indivíduo teve ou não contato com o bacilo. Leitura O maior diâmetro transverso da área de endurecimento palpável deve ser medido com régua milimetrada, e o resultado registrado em milímetros. - Falso-positivo: vacina BCG, micobactérias não TB - Falso-negativo: imunodeprimidos, gestação. Está extinta a classificação: - 0-4 mm: não reativo (não infectado) - 5-9 mm: reativo fraco (Infectado, ou BCG, TB ativa em HIV+) - ≥ 10 mm: reativo forte (TB ativa, ou BCG recente) - Possui baixa especificidade, pois existe grande chance das populações que foram vacinadas contra o Bacillus Calmette-Guerin (BCG) apresentarem reação na pele. Além de demonstrar também baixa sensibilidade em indivíduos imunologicamente debilitados. A Prova Tuberculínica se tornará positiva aproximadamente 3 a 12 semanas após a infecção tuberculosa. IGRA (INTERFERON GAMMA RELEASE ASSAY) - Mede a reatividade imunológica de uma pessoa ao Mycobacterium tuberculosis. As células brancas do sangue da maioria das pessoas que foram infectadas com M. tuberculosis liberam interferon-gama (IFN-g) quando misturados com antígenos (substâncias que podem produzir uma resposta imune) derivados de M. tuberculosis. - Amostras de sangue fresco são misturadas com antígenos e controles. Características - Requer uma única visita do paciente para realizar o teste. - Os resultados podem estar disponíveis em 24 horas. - Não aumenta as respostas medidas por testes subsequentes. - A vacinação prévia com BCG não causa um resultado falso positivo do teste IGRA. Letícia Terruel