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Apostila Eng.Amb. Prof. João Alberto Parte2 - Residuos Solidos

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RESÍDUOS SÓLIDOS 
ADAPTADO DE “EDUCAÇÃO AMBIENTAL – ESPECIALIZAÇÃO E CAPACITAÇÃO PARA GESTÃO AMBIENTAL-PDBG, 2002” 
1. RESÍDUOS SÓLIDOS, SAÚDE PÚBLICA E MEIO AMBIENTE 
 
• ANTECEDENTES HISTÓRICOS 
Desde a antigüidade até o século XIX, era costume da população, na maioria das cidades do mundo, livrar-se dos 
resíduos sólidos (lixo) simplesmente atirando-os às ruas, em áreas baldias, em cursos d'água ou no mar. Estes locais se 
transformavam em criadouros para ratos, baratas e moscas, assim como de outros animais, insetos e aves, além de 
causarem poluição do solo, da água subterrânea, dos rios e do mar. 
Os animais domésticos que se alimentam do lixo, como suínos, eqüinos, caprinos, caninos e felinos costumam 
rasgar as embalagens de lixo, espalhando-o e, dessa forma, prejudicando ainda mais o aspecto e a higiene das áreas 
atingidas. Nos tempos bíblicos, há registros de que, para se livrarem do lixo e de outras coisas indesejáveis, a solução 
adotada era atirar tudo nos rios, pois a corrente tudo levava. Este costume milenar é, ainda, adotado por grande parte da 
população das áreas próximas à Baía de Guanabara, apresentando não só graves conseqüências para a saúde da 
população, como também para a poluição da Baía, como veremos no decorrer desta exposição. 
 
• TRANSMISSÃO DE DOENÇAS 
Em meados do século XIX, o desenvolvimento da medicina e da engenharia sanitárias permitiu o conhecimento 
da forma de transmissão de doenças por animais, aves e insetos que se alimentavam e proliferavam no lixo e, desde 
então, começaram a ser tomadas providências efetivas para que os resíduos sólidos não mais se acumulassem nas ruas, 
áreas baldias ou que fossem atirados nos cursos d'água ou no mar. O lixo passou, em conseqüência, a ser coletado nos 
domicílios, com regularidade. Nas circunvizinhanças da Baía de Guanabara, o lixo só não é coletado regularmente nos 
locais inacessíveis à passagem de veículos, principalmente na maioria das favelas, apresentando-se, assim, consideráveis 
repercussões na poluição da baía. 
Com a divulgação dos princípios de higiene e de saúde públicas nas escolas de primeiro grau e, ainda, através 
dos meios de comunicação, formou-se uma consciência nas populações das cidades de que a retirada freqüente dos 
resíduos sólidos produzidos é necessária, para que sejam preservadas as condições sanitárias das comunidades. 
Esta tarefa tem sido considerada como obrigação dos governos das municipalidades que, não obstante, podem 
permitir a realização total ou parcial da coleta por particulares (terceirização), sob fiscalização e responsabilidade das 
Prefeituras. 
É bom esclarecer que o lixo não é, em geral, responsável por agravos à saúde da população por contato direto 
mas, principalmente, por via indireta, através de insetos, roedores, suínos e aves que se desenvolvem e se alimentam do 
lixo. As moscas transmitem dezenas de infecções, especialmente resultando em diarréias; há evidências de que as 
baratas transmitem, além de outras doenças, a poliomielite; os ratos são portadores de peste bubônica, leptospirose, 
doença de Chagas e outras; os suínos, que se alimentam do lixo, podem transmitir para o homem a toxoplasmose, cujo 
agente infeccioso pode ser encontrado também nos urubus. 
 
 
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• RAZÕES PARA EFETUAR A COLETA DO LIXO DOMICILIAR 
Nas cidades brasileiras, cada habitante produz, em média, 0,5 a 1 kg de resíduos sólidos por dia, o que perfaz, por 
ano, a apreciável quantidade de 182 a 365 kg. Considerando que um domicílio médio abriga 5 pessoas, sua produção 
seria de 910 a 1825 kg por ano, o que, a um peso específico médio de 230 kg/m3, corresponde a 3,96 a 7,93 m3. 
Para melhor visualizar o problema, o lixo produzido por este domicílio médio teria que ser armazenado em, nada 
menos que, 80 a 159 sacos plásticos ou latões de 50 litros de capacidade, caso não fosse feita a coleta do lixo. 
É fácil perceber, a não ser que exista um serviço regular de coleta de lixo, que a maioria das pessoas não terá 
condições de "conviver" com seus desperdícios, e os atirará em qualquer local das proximidades onde, certamente, 
causarão os problemas sanitários já abordados. Está fora de cogitação, igualmente, a possibilidade de cada cidadão 
transportar seus resíduos, por meios próprios, a um destino adequado que, normalmente, se situa a vários quilômetros do 
local de produção. 
Além de se constituir em ameaça à saúde da população e de ocupar espaços valiosos nas propriedades, se não for 
retirado regularmente, o lixo domiciliar representa perigo de incêndios e prejuízos à boa aparência das comunidades. 
Atirado aos cursos d'água, provoca o assoreamento dos leitos e a diminuição da vazão, podendo provocar inundações 
que, em alguns lugares, chegam a ser catastróficas. A disposição em encostas produz cargas suplementares nos taludes, 
podendo causar deslizamentos que, em áreas habitadas (favelas) podem resultar em vítimas e prejuízos financeiros. 
É necessário, portanto, que o lixo domiciliar seja coletado e transportado a um destino final por um organismo, 
não só gerenciado como também controlado pelo governo da municipalidade que, utilizando-se de técnicas 
administrativas e operacionais adequadas, efetue estas tarefas de forma econômica, eficaz, segura, de boa qualidade, 
tudo sob desejáveis condições sanitárias. 
 
· POLUIÇÃO DO MEIO AMBIENTE 
Detergentes comuns, tintas, solventes, óleos automotivos, pilhas , baterias e metais pesados representam um 
percentual de menos de 1% do lixo domiciliar, mas podem significar graves problemas para a poluição do solo, das 
águas e do ar. 
Pequenas quantidades de algumas substâncias inflamáveis podem causar incêndios e explosões, libertar fumaça 
tóxica, contaminar o solo e a água do subsolo, além de poder causar ferimentos aos que manejam tal tipo de resíduos. 
Os prejuízos causados à Baía de Guanabara, por exemplo, pela poluição através do lixo domiciliar não podem ser 
menosprezados: a própria matéria orgânica contida no lixo reduz o teor de oxigênio na água, causando danos à flora e 
fauna locais. Os metais pesados, concentrando-se através da cadeia alimentar, podem causar danos à saúde pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
É o conjunto de ações normativas, de planejamento, financeiras e operacionais que a municipalidade deve 
desenvolver, baseada nos aspectos sanitários e ambientais, de forma a tratar do lixo, desde a sua geração até a destinação 
final, utilizando tecnologias mais compatíveis com a realidade local. 
Para a execução dos serviços de limpeza pública, as prefeituras podem optar por: 
• administração direta; 
• empresa pública; 
• adjudicação dos serviços a empresas privadas, prática atualmente utilizada em muitos municípios brasileiros. 
Em qualquer das formas adotadas, deve-se ter como premissa básica o tratamento de todos os problemas de 
limpeza pública por um único órgão da municipalidade, com um sistema de coleta e transporte adequados e um destino 
final ambientalmente seguro, tanto no presente como no futuro. 
 
3. ORIGEM, CLASSIFICAÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LIXO 
Segundo a norma ABNT NBR 10004/1987, os resíduos sólidos são definidos como "resíduos no estado sólido e 
semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, 
de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, 
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas 
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam para isso 
soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível". 
De acordo com esta norma, os resíduos sólidos podem ser de três classes, a saber: 
• Classe I - Resíduos Sólidos Perigosos - São aqueles que, em função de suas propriedades físicas,químicas ou infecto-
contagiosas, podem apresentar riscos à saúde pública ou ao meio ambiente; incluem-se, ainda, os inflamáveis, 
corrosivos, reativos, tóxicos ou patogênicos. 
• Classe II - Resíduos Sólidos Não-Inertes - São aqueles que não se enquadram nas classes I e III, podendo ser 
combustíveis, biodegradáveis ou solúveis em água. 
• Classe III - Resíduos Sólidos Inertes - São aqueles que, ensaiados segundo o teste de solubilização da ABNT NBR 
10006/1997, não apresentam qualquer de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de 
potabilidade da água, excetuando-se os padrões de cor, turbidez, sabor e aspecto. 
Existem outras formas de classificação de resíduos sólidos que ajudam a comparar situações. Um determinado 
resíduo pode ser enquadrado em mais de uma forma de classificação. 
A seguir relacionamos algumas classificações usuais: 
a) Lixo - Conjunto heterogêneo de resíduos sólidos que resulte de atividades da comunidade, podendo ser de origem 
doméstica, comercial , hospitalar, industrial, de serviços e outros, inclusive de operações para manutenção da 
limpeza de logradouros públicos; 
b) Lixo Domiciliar - São os resíduos sólidos produzidos nas residências em geral, constituídos de restos de 
alimentação, embalagens (vidros, plásticos, papéis e latas), material de varredura doméstica etc. 
 
 
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c) Lixo Público - São os resíduos sólidos provenientes de serviços de varrição, capina, raspagem etc., de logradouros e 
áreas públicas, constituídos, basicamente, por folhas, galhos, terra, areia, papéis e, eventualmente, de móveis , 
utensílios inservíveis , entulhos e animais mortos. 
d) Lixo de Unidades de Serviços de Saúde - São os resíduos sólidos provenientes de hospitais, postos de saúde, 
clínicas, laboratórios, veterinárias , farmácias, consultórios e congêneres. Estes resíduos são classificados quanto aos 
riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde humana, pela NBR-12808 da ABNT, conforme o seguinte: 
• Classe A - Resíduos Infectantes - São os resíduos de serviços de saúde que, por suas características de maior 
virulência, infectividade e concentração de patógenos, apresentam risco potencial adicional à saúde pública. 
• Classe B - Resíduos Especiais - São os resíduos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes 
de laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia. 
• Classe C - Resíduos Comuns - São os resíduos de serviços de saúde que não apresentam risco adicional à saúde 
pública. 
e) Lixo industrial - São resíduos gerados nas diferentes atividades industriais, de composição variada em função do 
processo fabril. Em alguns casos, podem ser classificados como domiciliares ou comerciais (padarias, confecções 
etc.). 
A produção de lixo está diretamente ligada aos hábitos regionais e às condições socioeconômicas, culturais e 
climáticas, que variam ao longo do tempo. Conhecer as características do lixo da sua cidade é a primeira etapa para 
solução dos problemas de limpeza urbana. 
Apresentamos a seguir as principais características dos resíduos sólidos: 
• Composição gravimétrica - É a relação entre o peso de cada componente e o peso total do lixo. 
• Peso específico - É a relação entre o peso e o volume ocupado por determinada quantidade de lixo. O peso específico 
médio das cidades brasileiras está em torno de 200 kg/m³. Devemos atentar que o peso específico do lixo domiciliar 
(quando seco) é de cerca de 1/5 do peso específico da água, resultando, portanto, na flutuação da maior parte dos 
componentes dos resíduos nas águas. À medida que elementos absorvem água, aumentam seu peso específico e 
afundam. 
• Teor de umidade - Representa a quantidade relativa de água contida na massa do lixo, variando em função da sua 
composição, da região, das estações do ano e da incidência de chuvas. No Brasil, a umidade varia entre 30 e 40 %. 
• Grau de compactação - Indica a redução de volume obtida por compressão da massa de lixo. O conhecimento deste 
parâmetro é de extrema importância para o cálculo de áreas no projeto de aterros de resíduos sólidos. Em média, o 
volume de lixo pode ser reduzido a 1/3 ou ¼ de seu volume original, através da compactação. 
• Produção "per capita" - É a quantidade de lixo que cada habitante gera num dia, expressa em kg/hab.dia. Este índice 
está diretamente ligado aos aspectos socioeconômicos e culturais da população. O Brasil apresenta valores que variam 
de 0,5 a 1,0 kg/hab.dia. 
• Poder calorífico - É a capacidade de desprendimento de calor sob condições controladas. O lixo com grande 
quantidade de matéria orgânica tem baixo poder calorífico; em contrapartida, um lixo proveniente de escritórios tem 
alto poder calorífico, provavelmente não necessitando de combustível auxiliar para ser incinerado. 
 
 
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• Teor de carbono / nitrogênio (C/N) - Indica o grau de decomposição da matéria orgânica contida no lixo. Quanto 
maior é a relação, menos avançado é o estágio de decomposição da matéria orgânica. 
A composição física pode ser obtida através da separação manual dos componentes, determinando a qualidade e a 
proporção dos materiais encontrados em uma amostra representativa. De um modo geral, o lixo das regiões 
metropolitanas apresenta a seguinte composição: papel, papelão, plástico, madeira, matéria orgânica (restos de 
alimentos), couro, borracha, pano, folhas e galhos, metais ferrosos e não-ferrosos, vidro, agregados finos e cerâmica. 
No Município do Rio de Janeiro, a COMLURB, empresa de economia mista, responsável pelos serviços de 
limpeza urbana, efetua acompanhamento da composição gravimétrica e do peso específico do lixo domiciliar, dispondo, 
atualmente, de série histórica que permite avaliar as variações que vêm ocorrendo no lixo gerado pela população. Os 
resultados obtidos podem ser verificados nos quadros abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Recicláveis
45%
Rejeitos
6%
Matéria Orgânic a
49%
Composição do Lixo Domiciliar - RJ - 1998
Composição dos Recicláveis - 1998
Plásticos
37%
Vidros
7%Metais
6%
Papel/Papelão
50%
 
 
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4. TRATAMENTO DE RESÍDUOS 
As alternativas mais usuais e conhecidas de tratamento de resíduos sólidos urbanos são reciclagem, compostagem 
e incineração para cuja adoção, devem ser avaliadas sob o aspecto financeiro, geográfico, social e sanitário, além da 
disposição, além da disposição em aterros sanitários como será visto no próximo item. Para os resíduos industriais, a 
minimização da geração de resíduos compõe-se de práticas adotadas para prevenir a geração de resíduos perigosos e a 
sua disposição final. Esta prevenção é feita, utilizando-se metodologias que reduzem o volume ou a toxicidade dos 
resíduos e, portanto, sua carga poluidora. As medidas recomendadas para a minimização vão, desde atividades a nível 
organizacional, como treinamento de pessoal, até alterações de caráter técnico, como substituição de matéria-prima. O 
programa de minimização de resíduos pode ser feito de três formas: Redução na fonte; Reaproveitamento; Reciclagem 
(3Rs). 
 
• RECICLAGEM 
É o resultado da separação de materiais que se tornarão lixo, ou já estão no lixo, propiciando a sua reintegração 
no processo industrial, tornando-se matéria-prima na confecção de novos bens. 
 São benefícios da separação na origem: 
• a redução da quantidade de lixo para destino em aterros; 
• a redução do custo da coleta domiciliar; 
• a preservação dos recursos naturais; 
• a economia de energia; 
• a geração de novos empregos, através das indústrias recicladoras; 
• a redução da poluição do ar e das águas. 
A separação na origem pode ser feita pelos próprios geradores ou 
através de cooperativas, associações ou entidades envolvidas com o 
meio ambiente. Qualquer que seja a forma, é de fundamental 
importância, para o sucesso do programa, um total engajamento da 
comunidade com o poder público. 
A separação pode, ainda, ser realizada após a coletaconvencional, em unidades construídas para esse fim, onde os processos 
mecânicos e manuais são utilizados na separação dos materiais 
recicláveis. Essas instalações são conhecidas como usinas de 
reciclagem e separam, também, a parcela de resíduos orgânicos para a 
produção de composto para uso na agricultura. 
 A reciclagem, no entanto, não pode ser encarada como principal 
solução para o destino do lixo. É uma atividade econômica que deve ser 
avaliada, já que nem todos os materiais são técnica e economicamente 
recicláveis. A separação de materiais do lixo aumenta a oferta de 
 
 
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recicláveis; não havendo demanda para os produtos, o processo é 
interrompido, aumentam os estoques que, por fim, serão destinados ao 
aterro sem nenhum benefício sanitário. 
Os materiais que podem ser reciclados são os plásticos, vidros, 
papel, metal, entulho e outros materiais. Os quadros abaixo ilustram o 
sistema internacional de codificação de plásticos e os tipos de plásticos 
utilizados na fabricação de alguns artefatos. 
 
 
 
 
• COMPOSTAGEM 
É definida como um processo biológico, aeróbio e controlado de tratamento e estabilização de resíduos orgânicos 
para a produção de húmus. 
O processo é desenvolvido por uma população diversificada de microorganismos, necessariamente envolvendo 
duas fases distintas: degradação ativa e maturação ou cura. Na primeira fase, a temperatura deve ser controlada em 
valores na faixa de 45 a 65 °C e, na fase de cura, deve permanecer em torno de 45 °C. 
O processo biológico se desenvolve nos pátios de cura, com a matéria orgânica disposta em leiras, com 
acompanhamento das temperaturas e reviramento regular durante um período que varia entre 70 e 90 dias. 
A escolha do processo de compostagem, assim como o de reciclagem, deve ser precedida de pesquisa de mercado 
para avaliar o potencial de comercialização do composto orgânico, de modo a não optar pelo processo, caso não se tenha 
garantia da sua colocação no mercado. 
A Figura 2 ilustra o sistema e compostagem da Usina de Lixo de Vitória (ES). 
 
 
Figura 2. Sistema e compostagem da Usina de Lixo de Vitória (ES). 
 
 
 
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• INCINERAÇÃO 
É a queima de materiais em alta temperatura (superior a 900 °C), em mistura com uma quantidade apropriada de 
ar e durante um tempo pré-determinado. No caso da incineração do lixo, compostos orgânicos são reduzidos a seus 
constituintes minerais, principalmente, dióxido de carbono gasoso, a vapor d'água e a sólidos inorgânicos. 
A incineração permite reduzir o lixo a aproximadamente 3% do seu volume e a 15% do seu peso original, 
eliminando o lixo séptico de maneira sanitária. Possibilita a destruição de documentos, produtos e materiais que 
apresentam valor, encurta as distâncias de transporte pela possibilidade de instalações em áreas menores e urbanas, 
funcionando sem ser afetado pelas condições meteorológicas. 
Das formas usuais de tratamento, é a incineração que apresenta o maior custo de investimento e de operação, que 
deverão ser comparados com as vantagens apresentadas, de modo a subsidiar a escolha correta do sistema. 
Todas as formas de tratamento, anteriormente apresentadas, não substituem o aterro sanitário, pois produzem 
rejeitos que, invariavelmente, terão que ser dispostos no aterro. 
 
 
 
Figura 3. Sistema de Incineração de Resíduos 
Sólidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atualmente, este método está sendo utilizado para o tratamento de resíduos perigosos, devido às questões de 
contaminações no ambiente, causadas pela disposição inadequada de materiais tóxicos não-degradáveis, altamente 
persistentes. São os solventes e óleos não-passíveis de recuperação, defensivos agrícolas halogenados e vários produtos 
farmacêuticos. As unidades de incineração podem ser instalações pequenas, projetadas e dimensionadas para um 
determinado resíduo, sendo operadas pela própria indústria geradora em grandes instalações, para incinerar vários tipos 
de resíduos. Quando são incinerados materiais tóxicos ou perigosos, estas instalações necessitam de equipamentos de 
controle de poluição do ar e dos efluentes, exigindo maiores investimentos. Quando resíduos contendo enxofre, flúor, 
cromo, bromo e iodo são incinerados, geram um efluente gasoso com estes mesmos elementos poluidores. Para eliminá-
los, os gases devem ser lavados. O efluente líquido gerado é conduzido para o tratamento de efluentes. 
 
 
 
 
 
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5. DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
Segundo a norma ABNT NBR 8419/1984, aterro sanitário é "uma técnica de disposição de resíduos sólidos 
urbanos no solo sem causar danos à saúde pública e a sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método esse 
que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor 
volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos 
menores, se for necessário." 
O aterramento sanitário, por ser a forma mais utilizada, será mais detalhado que as demais para melhor 
entendimento das suas particularidades. 
Essa técnica consiste, basicamente, na compactação dos resíduos sobre o solo, dispondo-os periodicamente em 
camadas cobertas com terra, formando células, de modo a se ter uma alternância entre os resíduos e o material de 
cobertura. 
O aterro sanitário exige cuidados e técnicas específicas que visam inclusive, o uso futuro da área, sua operação e 
monitoramento. 
Um aterro sanitário possui necessariamente: 
• instalações de apoio; 
• sistema de drenagens de gases e águas pluviais; 
• sistema de coleta e tratamento de líquidos percolados; 
• impermeabilização lateral e de fundo, de modo a evitar a contaminação do solo e do lençol freático. 
O aterro sanitário é um método atraente e de menor custo para comunidades com poucos recursos financeiros e 
humanos, podendo satisfazer as condições de preservação do meio ambiente. 
Há uma variação desta forma de disposição chamada de aterro controlado, com menores exigências para proteção 
ambiental, cujas recomendações técnicas, descritas na norma ABNT NBR 8849/1985, são mais simplificadas, 
comparativamente, ao aterro sanitário. Não é prevista a implantação de sistema de coleta e tratamento de líquidos 
percolados e de sistema de drenagem de gases. Este método não deve ser considerado como uma solução definitiva para 
o correto equacionamento da disposição final de resíduos sólidos, uma vez que é grande seu potencial de impacto 
ambiental, notadamente no que se refere à poluição das águas superficiais e subterrâneas do solo. 
A Figura 4 ilustra um esquema de um aterro sanitário e a Figura 5 apresenta uma vista panorâmica do Aterro 
Metropolitano de Gramacho, situado no município de Duque de Caxias. Este aterro recebe cerca de 7.200 ton/dia, 
sendo resíduos de alguns municípios da baixada fluminense e de aproximadamente 80% dos resíduos produzidos no 
município do Rio de Janeiro. 
 
 
 
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Figura 4. Esquema de um Aterro Sanitário. 
 
 
Figura 5. Aterro Metropolitano de Gramacho 
 
 Os resíduos sólidos gerados pela indústria, em sua forma original ou após ter sofrido alguns dos tratamentos 
descritos, têm como forma mais comum de disposição final os Aterros Industriais. Entende-se por disposição final de 
resíduos o seu depósito em células previamente protegidas e impermeabilizadas. Existem outras maneiras de dispô-los, 
ainda pouco difundidas, injetando-os em poços profundos ou depositando-os em minas abandonadas. 
Podem ser dispostos, em aterros industriais, resíduos que contenham contaminantes que possam vir a sofrer um 
processo de atenuação no solo. Resíduos inflamáveis, reativos, oleosos, radioativos, orgânico-persistentes ou que 
contenham líquidos não são indicados para disposição em aterros industriais. 
 
 
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6. REMEDIAÇÃO E FECHAMENTO DE LIXÕES: AÇÕES MITIGADORAS 
Os locais utilizados como lixões, que não possam ser transformados em aterrossanitários, não deverão receber 
mais lixo, devendo ser tratados (cobertura do lixo com camada de terra, drenagem superficial etc.) de forma a 
minimizar os impactos sanitários e ambientais. 
Dessa maneira, deverão ser definidas para o término da operação as ações que demandem não só os menores 
custos e prazos, como também os maiores impactos e resultados positivos, de maneira a estabelecer um processo de 
encerramento e remediação, sem inviabilizar a disposição do lixo no município. 
Em uma área que deva ser desativada como lixão, a meta final será transformá-la em local onde os riscos à saúde 
pública e ao meio ambiente sejam minimizados e, se possível, eliminados. 
As ações mitigadoras e o tempo necessário para se atingir a estabilização do lixão são funções dos recursos 
disponíveis e da concepção adotada. A seguir, são descritas algumas ações para transformação do lixão em um aterro: 
• eliminação dos focos de fogo e fumaça, através do recobrimento, com terra, de toda a superfície de lixo disposta; 
• delimitação da área do aterro com a utilização de cercas; 
• conformação da massa de lixo com o uso de equipamento de terraplenagem; 
• limpeza das áreas do entorno do aterro; 
• drenagem das águas superficiais; 
• drenagem e tratamento dos efluentes líquidos e gasosos; 
• arborização de toda a área do entorno do aterro; 
Após as ações de recuperação da área, deve-se dar início ao processo de utilização planejado, certificando-se de 
que esteja estável e não apresente riscos para a saúde pública. 
 
7. NORMAS E LEGISLAÇÃO 
A limpeza urbana faz parte de um conjunto de ações do poder público que visam ao bem-estar da população e à 
proteção do meio ambiente. Para tal, o poder municipal deve, através de instrumentos normativos, dar condições para 
realização e fiscalização das ações e dos procedimentos de limpeza urbana. 
Na administração centralizada, a limpeza urbana deverá estar instituída em lei, que cria os serviços e regulamenta 
suas atividades. Estes serviços serão executados por uma secretaria, divisão ou superintendência (administração direta). 
Na administração descentralizada, o serviço será executado por pessoa com personalidade jurídica distinta da do 
município, sob a forma de permissão, concessão ou consórcio intermunicipal. 
Para regulamentação e fiscalização dos serviços, o poder público, através de leis, decretos e regulamentações, 
criará instrumentos legais para regular o uso dos espaços públicos ou de uso coletivo (códigos de posturas, regulamentos 
de limpeza urbana). 
A seguir são relacionadas as Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas que tratam da questão dos 
resíduos sólidos. 
 
 
 
 
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Normas (por ordem numérica) 
NBR 8418 Apresentação de projeto de aterro de resíduos industriais perigosos 
NBR 8819 Apresentação de projetos de aterros controlados de resíduos sólidos urbanos 
NBR 8843 Tratamento de lixo em Aeroportos 
NBR 8849 Apresentação de projetos de aterros controlados de resíduos sólidos urbanos 
NBR 9190 Sacos Plásticos para acondicionamento de lixo 
NBR 9191 Sacos Plásticos para acondicionamento de lixo 
NBR 9196 Sacos Plásticos para acondicionamento de lixo - Determinação da Resistência a pressão ao Ar 
NBR 9197 Sacos Plásticos para acondicionamento de lixo - Determinação da Resistência a queda livre ao impacto 
de uma esfera 
NBR 10004 Resíduos Sólidos 
NBR 10005 Lixiviação de resíduos 
NBR 10006 Solubilizacão de resíduos 
NBR 10007 Amostragem de resíduos 
NBR 10157 Aterro de resíduos perigosos - critérios para projeto, construção e operação 
NBR 10664 Águas - Determinação de resíduos sólidos. Método Gravimétrico 
NBR 11174 Armazenamento de resíduos classe II Não inertes e III inertes 
NBR 11175 Incineração de resíduos sólidos perigosos 
NBR 12235 Armazenamento de resíduos sólidos perigosos 
NBR 12807 Resíduos de Serviços de Saúde 
NBR 12809 Manuseio de Resíduos de Saúde 
NBR 12810 Coleta de resíduos de Saúde 
NBR 12980 Coleta, Varrição e Acondicionamento de resíduos sólidos urbanos 
NBR 12988 Líquidos Livres - Verificação em amostra de resíduos 
NBR 13055 Sacos Plásticos para acondicionamento de lixo - Determinação da Capacidade Volumétrica 
NBR 13056 Filmes plásticos para sacos para acondicionamento de lixo 
NBR 13221 Transporte de resíduos 
NBR 13332 Coletor-compactador de resíduos sólidos e seus principais componentes 
NBR 13333 Caçamba estacionária de 0.8 m3 , 1,2 m3 e 1,6 m3 para coleta de resíduos por coletores - compactadores de 
carregamento traseiro 
NBR 13334 Caçamba estacionária de 0.8 m3 , 1,2 m3 e 1,6 m3 para coleta de resíduos por coletores - compactadores de 
carregamento traseiro- dimensões 
NBR 13591 Compostagem 
NBR 13896 Aterro de resíduos não-perigosos 
NBR 13984 Tratamento no solo (Landfarming)

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