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NEUROLOGIA PUNÇÃO LOMBAR Não existe maneira mais rápida e eficaz de acessar diretamente o sistema nervoso central do que a punção lombar. A simplicidade de sua execução contrasta com a pluralidade de dados que ela pode fornecer, sem contar a diversidade de modalidades terapêuticas que podem ser executadas através dela. Desnecessário falar sobre sua importância, não? Vamos conhecer um pouco mais sobre esse procedimento que é um tema recorrente nos concursos de residência médica! INDICAÇÕES Apesar de ter sido inventada com fins terapêuticos para descompressão do SNC, a punção lombar ganhou grande espaço no meio médico como instrumento diagnóstico. Suas principais indicações são: MÉTODO DIAGNÓSTICO EM ● Infecções de SNC (meningites, encefalite). ● Processo inflamatórios desmielinizantes (esclerose múltipla, Guillain-Barré, ADEM). ● Invasão neoplásica ou neoplasia do SNC (leucemia linfoide aguda). ● Doenças metabólicas, erros inatos do metabolismo. MÉTODO TERAPÊUTICO EM ● Raquianestesia. ● Administração direta de antibióticos. ● Quimioterapia de SNC. CONTRAINDICAÇÕES A situação mais fortemente associada como uma contraindicação à punção lombar é a hipertensão intracraniana com herniação cerebral incipiente. Nesses casos, a queda abrupta da pressão liquórica pode precipitar uma herniação completa, levando à morte quase que imediata do paciente por compressão mesencefálica e bulbar. Dessa maneira, sempre que houver suspeita de hipertensão intracraniana ou deficit neurológico focal a punção deve ser evitada até a realização de exame de imagem. Isso não quer dizer que o tratamento da possível etiologia também deva ser atrasado, a exemplo da antibioticoterapia empírica nas meningites! Outras contraindicações ao procedimento são a presença de instabilidade cardiorrespiratória (devido à posição exigida pelo exame) e infecções cutâneas no sítio do procedimento. É sabido que as coagulopatias aumentam a incidência de complicações pós-procedimento, como os hematomas espinhais, mas o ponto de corte (nº de plaquetas, TAP, INR, etc.) permanece ainda incerto. Os casos de deformidade de coluna ou cirurgias prévias no sítio de punção são uma contraindicação relativa. Eles devem ser abordados por profissionais experientes no procedimento (anestesistas!) e com auxílio de técnicas de imagem (ex.: fluoroscopia). VIDEO_01_CPMED_EXTENSIVO_APOSTILA_18 MATERIAL Pouco material é exigido para execução desse procedimento, o que torna a punção lombar factível em qualquer unidade que possua uma estrutura mínima de equipamentos e profissional habilitado. São necessários: ● Luvas, gaze, campo e capotes estéreis; ● Solução degermante (iodopovidona); ● Anestésico local (ex.: lidocaína 2%), agulha de 25 Gauge e seringa 10/20 ml; ● Agulha de punção – agulha de 20/22 Gauge com mandril. Os principais tipos de agulha de punção são: cortante (agulha traumática, ou agulha de Quincke) e romba (agulha atraumática, em ponta de lápis, ex.: agulha de Whitacre, agulha de Sprotte), sendo essa última associada a menor vazamento de liquor e cefaleia pós-punção; ● Manômetro de punção lombar (opcional); ● Tubos para coleta do material. FIGURA 1 TÉCNICA O paciente deve sentar a beira do leito ou assumir o decúbito lateral (posição preferencial). A coluna deve ser fletida (peça para que ele abrace os joelhos) e repousar paralela a mesa, de forma que o espaço entre os processos espinhosos seja aumentado. Se o paciente estiver sentado, o alinhamento será perpendicular. No caso de crianças, a tomada de posição será assistida por um auxiliar. O sítio da punção será localizado e marcado antes da realização do procedimento. A agulha será inserida entre nos espaços intervertebrais entre L3 e L4, ou entre L4 e L5. Como eu acho esses espaços? Ao se imaginar uma linha que corta a margem superior das cristas ilíacas, se palparmos a sua intercessão com a coluna vertebral estaremos palpando L4. Basta somente escolher o espaço situado acima ou abaixo dessa vértebra. Mas por que devemos puncionar esses espaços específicos? Porque nessa altura do canal medular não há mais medula espinhal em si, somente os filamentos da cauda equina. Assim, o risco de lesão neurológica por trauma direto é muito menor. Realizados os preparativos, você pode iniciar o procedimento em si. Colocadas as luvas estéreis, inicie a degermação da área com a solução escolhida (clorexidina, iodopovidona), sempre executando movimentos circulares de dentro para fora. Cubra o paciente com os campos estéreis e inicie a anestesia da pele e do subcutâneo com o anestésico local. O próximo passo é inserção da agulha de punção. Ela deve penetrar na pele paralela à maca, a um ângulo de 15o(*). Uma dica para execução da punção é posicionar a agulha como se estivesse mirando diretamente para a cicatriz umbilical do paciente. Se você estiver utilizando uma agulha do tipo cortante, alinhe seu bisel paralelamente ao eixo sagital de forma que ao penetrar no espaço subaracnóideo ela afaste os feixes da cauda equina ao invés de cortá-los. (*)Alguns autores como a última edição do Rippe, tratado de Medicina Intensiva, referem que o ângulo a ser mantido durante o procedimento é de 30o. O grande consenso no caso é que se deve mirar para a cicatriz umbilical! FIGURA 2 FIGURA 3 Se a agulha de punção estiver adequadamente posicionada, ela deverá perfurar as seguintes estruturas nessa ordem: pele, subcutâneo, ligamento supraespinhoso, ligamento interespinhoso, ligamento amarelo (flavo), espaço peridural (extradural), dura-máter e aracnoide, chagando ao espaço subaracnóideo. Quando a agulha passa pelo ligamento amarelo, há uma súbita perda da resistência e um “plop” característico. Após perceber essa sensação, retire o mandril a cada 2 mm para verificar se há drenagem de liquor. Acompanhe a E se o liquor não sair? A saída de liquor é sinal de que a agulha está posicionada adequadamente no espaço subaracnóideo. Se não houver saída do mesmo e uma grande resistência for encontrada (osso!), retire a agulha até o subcutâneo (mas não da pele) e repita o procedimento. Caso haja saída pobre de liquor, a agulha provavelmente está sendo bloqueada por um feixe da cauda equina, o que é solucionado por uma simples rotação de 90º da agulha. Acidentes de punção também podem ocorrer. Eles ficam evidenciados pela saída de sangue misturado ao líquido cefalorraquidiano. É importante diferenciá-los das hemorragias subaracnoides (ver em análise do liquor). O sangue pode obstruir a drenagem pela agulha de punção. Nessa situação, uma nova agulha precisa ser providenciada e um sítio diferente será puncionado. Com o liquor drenando espontaneamente, a primeira medida a ser realizada é a aferição da pressão de abertura do liquor, feita através de um manômetro. Ela só pode ser efetuada se o paciente estiver em decúbito lateral. Durante sua execução, você pode pedir para que relaxe seus braços e sua pernas, de forma que a pressão não fique falseada. Ela é medida através da sua altura em cm de água e pode variar com os batimentos cardíacos e com a respiração. Depois de avaliar a pressão de abertura, é só abrir a válvula do manômetro e coletar o liquor nos tubos de amostra. Deve-se coletar o mínimo suficiente para análise laboratorial. Atenção: o líquido cefalorraquidiano é coletado através de sua drenagem espontânea. Nunca devemos realizar pressão negativa no espaço subaracnoidal por causa do risco de hemorragia. Terminado o procedimento, o mandril deve ser reinserido e a agulha retirada. E a chamada punção cisternal? FIGURA 4 FIGURA 5. Figura 5 - Seguindo a numeração dos quadros: 1 - Pele e subcutâneo; 2 - Ligamento supraespinhoso; 3 - Ligamento interespinhoso; 4 - Ligamento amarelo; 5 - Espaço peridural; 6 - Dura-máter e aracnoide. FIGURA 6 Apesar de a punção liquórica ser efetuada mais comumente em um nível lombar, também podemos obter amostras de liquor através da punção suboccipital ou cisternal, na qual a coleta é feita após puncionarmos a cisterna magna. A técnica original estabelece a participaçãode duas pessoas: um auxiliar fixa a cabeça do paciente, segurando-a pela região occipital com a mão esquerda, e pela região frontal, com a mão direita, evitando qualquer tipo de torção da coluna dorsal. O ponto de referência mais importante é a apófise espinhosa do áxis, que é demarcada com o indicador da mão esquerda. Segurando o pavilhão da agulha com o indicador e o polegar da mão direita, ordena-se que o auxiliar flexione a cabeça do paciente, de modo que o queixo toque o manúbrio do esterno, com o objetivo de distender a membrana atlantoaxial e, assim, perfura-se a pele na linha mediana, ao lado do ponto de referência. Por fim, a agulha (agora mantida com o indicador e o polegar de ambas as mãos) é introduzida cuidadosamente até a cisterna magna, seguindo uma linha imaginária que une a apófise espinhosa do atlas com a glabela. A agulha atravessará neste percurso, o tecido celular subcutâneo, o ligamento nucal, a membrana atlantoccipital e dura-máter. COMPLICAÇÕES Existem diversas possíveis complicações após uma punção lombar. As principais são: ● Herniação cerebral (mais temida); ● Dor local (mais comum); ● Cefaleia pós-punção e vazamento de líquido cefalorraquidiano; ● Sangramento – hematoma espinhal; ● Infecção; ● Cisto epidermoide subaracnóideo – ocorre quando parte da pele é trazida com a agulha para o espaço subaracnóideo – o uso adequado do mandril previne sua ocorrência. Recomendações pós-punção lombar VIDEO_02_CPMED_EXTENSIVO_APOSTILA_18 ● Mais de 90% das pessoas que fazem exame de liquor não apresentam problemas após a punção. Depois do procedimento, estes pacientes podem e devem levar vida normal. ● Entretanto, entre 12 e 36 horas após o exame, até 10% das pessoas podem sentir: dor de cabeça, geralmente em peso, na região da nuca ou na região frontal – essa dor praticamente desaparece na posição deitada; dores nas costas – que também melhoram na posição deitada. Crianças com até 13 anos e pessoas com mais de 60 anos dificilmente apresentam esses tipos de dor. ● O paciente que tiver cefaleia deve seguir essas recomendações: - Permanecer em REPOUSO ABSOLUTO POR 48 HORAS SEGUIDAS, deitado(a), de preferência na posição dorsal; - As refeições devem ser tomadas na posição deitada ou de lado. ANÁLISE DO LIQUOR Quando realizamos a punção lombar com intuito diagnóstico devemos avaliar rotineiramente. PRESSÃO DE ABERTURA Normalmente encontra-se abaixo de 18 cm de água. Valores acima de 18 sugerem meningite bacteriana. ASPECTO DO LIQUOR FIGURA 7 - Punção cisternal. SAIBA MAIS A principal complicação da punção lombar consiste num quadro benigno de cefaleia, constante, de localização occipital e/ou frontal, que pode ocorrer em 10 a 30% dos casos. Inicia-se cerca de 12 a 48 horas após o procedimento e dura vários dias, por vezes semanas. Tipicamente, piora com a posição ereta e alivia com o decúbito. O mecanismo subjacente é a deslocação do cérebro devido à diminuição da pressão provocada pelo gotejamento do LCR para os músculos paravertebrais e outros tecidos locais. A síndrome de cefaleia pós-punção lombar pode incluir dor na nuca e parte superior da coluna dorsal, rigidez do pescoço, náuseas e vômitos, o que pode levantar a questão de meningite pós-punção; mais raramente, visão turva, fotofobia, zumbido, tonturas ou vertigem. Esta sintomatologia alivia com medidas posturais, hidratação vigorosa e analgésicos. O líquido cefalorraquidiano sem alterações possui aspecto cristalino em água de rocha. Pode encontrar-se purulento nas meningites, sanguinolento nos acidentes de punção e na hemorragia subaracnoide* e xantocrômico na HSA. *Nos casos de acidente de punção o liquor tende a clarear durante a realização do procedimento. CITOMETRIA TOTAL E DIFERENCIAL O LCR geralmente não possui hemácias. A presença das mesmas deve sugerir acidente de punção ou HSA. Nos casos de acidentes seus valores costumam variar na proporção de 1 leucócito para cada 700 hemácias. O aumento da contagem de leucócitos acima de 100 células por mm3 é sugestiva de meningite bacteriana aguda (comumente > 500). Nestes casos é a prevalência de células no diferencial é de polimorfonucleares. Nas meningites virais, tuberculosa e fúngica, há aumento da celularidade com predomínio de linfócitos. Contagens de eosinófilos maiores que 10% sugerem etiologia parasitária. BIOQUÍMICA A glicose costuma estar baixa nas meningites bacterianas e tuberculosa. A hipoglicorraquia é considerada para valores abaixo de 40 mg/dl, cerca de 2/3 a glicose plasmática. Como a glicose do liquor varia com os valores plasmáticos, uma relação glicose LCR / glicose soro < 0,4 indica hipoglicorraquia, sendo mais fidedigna que a medida isolada do liquor. A quantificação de proteínas totais no LCR é uma das medidas mais sensíveis no liquor, estando alta em praticamente todas as patologias que afetam o liquor. Recém-natos podem possuir uma hiperproteinorraquia fisiológica. Valores acima de 45 mg/dl em um adulto são fortemente sugestivos de meningite bacteriana. Na síndrome de Guillain-Barré podemos observar um aumento desproporcional das proteínas em relação à celularidade (dissociação proteinocitológica). Já na esclerose múltipla o achado típico é a presença de bandas oligoclonais acompanhado de uma leve monocitose. EXAMES ESPECÍFICOS Dependendo da suspeita diagnóstica, o liquor ainda pode passar avaliação adicional. Os principais exemplos são: Solicitação de aglutinação pelo látex, coloração pelo Gram e cultura, nas suspeitas de meningite bacteriana aguda. Nas suspeitas de infecção de etiologia viral (ex.: encefalite herpética) um PCR pode ser solicitado. Durante a investigação de meningites subagudas são investigados no LCR: BAAR, VDRL e teste do nanquim para pesquisa de criptococo. Culturas específicas também devem ser pesquisadas. MONITORIZAÇÃO DA PIC A Hipertensão Intracraniana (HIC) é uma complicação potencialmente devastadora das lesões neurológicas, podendo ser secundária a diversas condições, tais como trauma, tumores do SNC, hidrocefalia, encefalopatia hepática, dentre outras. Tendo em vista o manejo adequado das elevações de Pressão Intracraniana (PIC), cabe ao médico julgar a necessidade de monitorização desta, além de interpretar os dados fornecidos com o objetivo de se tomar as medidas adequadas para impedir um desfecho neurológico reservado. Pode-se dizer que a PIC é normalmente menor ou igual a 15 mmHg em adultos, sendo que uma hipertensão intracraniana patológica está presente quando a PIC é igual ou > 20 mmHg. E qual o problema que tal elevação acarreta para o paciente? COMPO NENTE VALOR ESPERADO Glicose 40-70 mg/dl Lactato 10-20 mg/dl Proteínas totais 15-50 mg/dl Albumina 6.6-44.2 mg/dl IgG 0.9-5.7 mg/dl Bandas oli‐ goclonais < 2 bandas não pareadas com amostras séricas Amônia 25-80 g/dl Pressão de abertura 5-18 cmH2O Volume drenado ~150 ml Hemácias Nenhuma Leucócitos Total 0-5 mononucleares por mm³ Diferencial Linfócitos 60-70% Monócitos 30-50% Eosinófilos Até 10% Neutrófilos Nenhum Bem, para responder esta pergunta, vamos relembrar um conceito fundamental, o de Pressão de Perfusão Cerebral (PPC)! A PPC consiste na pressão necessária para que o sangue atinja os pontos finais de distribuição e entregue o oxigênio e nutrientes ao tecido neuronal. Calculamos a PPC através da fórmula: PPC = PAM – PIC. Logo, podemos perceber que elevações da PIC acarretam uma redução da PPC! CAUSAS DE HIC As principais seriam: ● Massas intracranianas (tumores, hematomas); ● Edema cerebral (extenso infarto cerebral, TCE); ● Aumento da produção de LCR; ● Redução da absorção de LCR (como nas aderências de granulações aracnóideas secundárias a meningite bacteriana); ● Hidrocefalia obstrutiva; ● Obstrução ao fluxo venoso (trombose de seio venoso); ● Pseudotumor cerebri. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de HIC é baseado em achados clínicos e corroborado por estudos de imagem e pela história do paciente. Dentre as manifestações clínicas decorrentes do aumento da pressão intracraniana podemos citar: cefaleia,vômitos, redução do nível de consciência, papiledema, paralisia do VI par craniano e a chamada tríade de Cushing (hipertensão arterial + bradicardia + depressão respiratória). A TC de crânio ao mostrar massas intracranianas, desvio da linha média ou obliteração das cisternas basilares, pode ajudar no diagnóstico; contudo, foi provado que pacientes cujas imagens iniciais não mostram os achados anteriormente descritos, possuem um risco de 10-15% de desenvolver hipertensão intracraniana durante a hospitalização. INDICAÇÕES DE MONITORIZAÇÃO O objetivo da monitorização da PIC é fornecer ao médico dados para que o mesmo mantenha oxigenação e PPC adequadas. Contudo, temos que ter em mente que estamos lidando com um procedimento invasivo, o qual possui risco de complicações, como infecção do SNC e hemorragia intracraniana. Logo, a indicação deve ser precisa! Apesar de a monitorização da PIC ter sido mais bem estudada em pacientes vítimas de traumatismo craniano fechado, também é rotineiramente utilizada para pacientes com AVE hemorrágico, edema cerebral pós-operatório e em outras condições neurológicas em que pode haver hipertensão intracraniana. A monitorização passa a ser formalmente indicada em pacientes com lesão cerebral focal ou difusa, em fase aguda, sem indicação de cirurgia imediata e que preencham um dos critérios abaixo: ● Escala de coma de Glasgow igual ou < 8, após manobras de ressuscitação; ● Queda de dois pontos no intervalo de três horas nos exames seriados da ECG; ● Necessidade de sedação por outro problema clínico que impossibilita o acompanhamento do nível de consciência. TIPOS DE MONITORIZAÇÃO Existem quatro sítios diferentes que podem ser utilizados para a monitorização da PIC: ● Intraventricular: considerado o “padrão-ouro”! Possui como vantagens a elevada acurácia, a simplicidade de aferição e a característica única de permitir o tratamento de algumas das causas de hipertensão intracraniana através da drenagem de LCR. Sua principal desvantagem consiste no risco de infecção, que pode ocorrer em mais de 20% dos pacientes, estando diretamente relacionado ao tempo em que o cateter é mantido; ● Intraparenquimatoso: é inserido diretamente no parênquima cerebral, através de um pequeno orifício no crânio. Apresenta como vantagens, a simples técnica de instalação e o baixo risco de hemorragias e infecção (< 1%); em contrapartida suas desvantagens incluem a não possibilidade de drenagem do LCR e a potencial perda de acurácia, visto que o transdutor não pode ser recalibrado após a colocação inicial; ● Subaracnoide: raramente utilizado! Apesar do baixo risco de infecção e de hemorragias, continuamente é obstruído por debris, além de fornecer dados imprecisos; ● Epidural: possuem baixa acurácia, e por conta disso, uma utilidade clínica limitada. Costuma ser reservado para pacientes com discrasias sanguíneas, como nos casos de insuficiência hepática que evoluem com edema cerebral. ANÁLISE DAS ONDAS A PIC não consiste em um valor estático! Ela exibe uma variação cíclica baseada em efeitos sobrepostos da contração cardíaca, respiração e complacência intracraniana. Existem três morfologias de ondas principais: ● Onda A: também chamada de onda em platô, é marcada por elevações abruptas da PIC (50-100 mmHg), as quais duram minutos a horas. A sua presença significa a perda da complacência intracraniana e anuncia a iminente perda dos mecanismos autorreguladores; ● Onda B: aumentos de PIC de até 50 mmHg, sendo frequentemente observadas e podem variar com a respiração. Possuem significado clínico questionável; ● Onda C: também chamada de onda de Traube-Hering-Mayer, possui amplitude reduzida e está relacionada ao ciclo cardíaco. Pode ser considerada normal.
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