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Sofia Campos Direito Empresarial 2 – Ano de 2022 Teoria Geral dos Títulos de Crédito Título de crédito é uma cártula (um documento físico), que tem como sua finalidade circular na sociedade. É um instrumento físico para dar vasão a sua transmissibilidade. CARACTERÍSTICA DOS TC´S I. O título de crédito é escrito, e a sua interpretação é restritiva (literal - só vale o que está escrito); Os títulos de crédito são regulados pelo direito empresarial (os títulos são regulados pelo direito civil); A diferença do TC para o Título: Título de Crédito (TC) Título Todos são títulos extrajudiciais; Regidos pelo direito empresarial; Art. 784, III CPC. Nem todos os títulos são executivos extrajudiciais. Ex.: Contrato (é necessário p/que seja válido, assinaturas de duas testemunhas); Regidos pelo direito civil; Art. 784, I CPC. III. O formalismo do TC: Lei Específica Lei Unif. De Genebra CC/2002 – Aplicação Residual Ex. Lei Específica: Lei do cheque, Lei da NP. IV. A executividade do título de crédito: Não é necessário que se reconheça a existência de um direito ou relação jurídica (processo de conhecimento), já se parte para cumprir a obrigação (processo de execução). V. Negociabilidade: É a prerrogativa da transmissão; É possível negociar os TC´s privados e públicos (como o RPV e Precatórios). Não se relaciona diretamente com o princípio da literalidade. OBSERVAÇÃO É necessário que os pagamentos de TC´s públicos estejam em leis orçamentárias. Noção de título de crédito desenvolvida Cesare Vivante (1910:136): “o documento de um crédito só adquire o caráter jurídico de um título de crédito, quando pela sua disciplina — que pode ser fixada pela lei ou pelo contrato — é necessário para transmitir ou exigir o direito literal e autônomo nele mencionado”. VI. Unilateralidade: O TC é unilateral; Em regra geral, dispensa o aceite. Ex.: Cheque. Em exceção a regra geral, há a exigência do aceite. Ex.: a Duplicata. VII. Confiança: É o vínculo que liga as partes (sacado, sacador e beneficiário/tomador). Sacado Quem paga o TC. Sacador Quem emite o TC. Beneficiário/Tomador Quem recebe o TC. O último que estiver com o TC, pode pegar uma parte do dinheiro dos outros que estiveram com o TC anteriormente, mas claro expresso em lei. CLASSIFICAÇÃO DOS TC´S QUANTO À TRANSMISSIBILIDADE A) Nominativo: é o primeiro beneficiário do título de crédito. É o que estava presente na relação jurídica que fez nascer o TC; Sofia Campos Exceto para TC com valor inferior a R$ 100.00 reais ou igual. B) À ordem: é a transmissão via endosso. O endosso, em via de regra, está na parte de trás do documento (quando está assim, geralmente não é nessário se identificar). O Endosso quando está na parte da frente, é necessário se identificar. (Direito Empresarial) C) Ao portador: a transmissão do TC é feita de maneira tradicional. (Direito Civil) Entrega nas “mãos” da pessoa. D) Misto: O TC começa nominativo (estando no ramo do direito empresarial) e temina com o TC ao portador (tendo saído do ramo empresarial e entrado no ramo civil). Princípios do Título de Crédito Relembrando o conceito de Cesare Vivante também previsto no artigo 887 do Código Civil: “O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”. Nesse conceito, é possível tirar três princípios, sendo eles: Cartularidade, Literalidade e Autonomia. a) Princípio da Cartularidade: O TC deve ser físico, por isso é chamado de cártula. Necessária a apresentação física do documento. Sem a apresentação do título não há como obrigar o devedor a cumprir a obrigação inscrita no título. O princípio da cartularidade enseja o exercício do direito cambiário (cartularidade), pois este (direito cambiário) materializa-se, incorpora-se no título (incorporação). Ex.: A duplicata. b) Princípio da Literalidade: Só vale o que está escrito no TC, o que está escrito por extenso no TC. Os TC´s tem os requisitos essenciais e os acessórios. Caso falte preenchimento de um item que não seja consideradi essencial, o TC não será prejudicado. Ex. 1: Data de vencimento (se faltar, considera-se pagamento à vista). Ex. 2: Valor escrito por extenso divergente do valor numérico, considera-se o valor escrito por extenso. Previsão da Lei Uniforme de Genebra: “deve ser escrito na letra ou numa folha ligada a esta — anexo” (LUG, art. 13) e “transmite todos os direitos emergentes da letra” (LUG, art. 14); “o aceite é escrito na própria letra” (LUG, art. 25); o aval é “escrito na própria letra ou numa folha anexa” (LUG, art. 30); o pagamento parcial deve ser mencionado no título (LUG, art. 39); o coobrigado que pagar a letra pode riscar o seu endosso os dos endossantes subsequentes (LUG, art. 50); “o aceite por intervenção será mencionado na letra” (LUG, art. 57). Exceções: título sem local – considera-se que deve ser cumprido no domicílio do devedor ; título sem data – considera-se que o pagamento foi feito à vista. Princípio da Autonomia: Divide-se em abstração ta inoponibililidade. No que diz respeito a abstração do TC, o TC é independente no NJ que o criou, desde que tenha circulado. OBSERVAÇÃO Se escrever atrás do TC que está vinculado ao NJ, este perde a abstração. TC que não circulou e contrato de locação, são exceções a abstração. Já o que diz respeito a inoponibiliade do TC, é que é impossível o devedor (sacado ou sacador) se esquivar da quitação do TC, utilizando a justificativa da invalidade/extinção do NJ que o originou. Por força da ABSTRAÇÃO as obrigações mantêm-se independentes umas das outras e, por decorrência da INOPONIBILIDADE das exceções pessoais, os devedores não podem alegar vícios e defeitos de suas relações jurídicas contra o portador de boa-fé que não participou do negócio jurídico do qual resultou a dívida que lhes é exigida. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES TRAZIDAS PELA DOUTRINA a) Título de crédito propriamente dito: tem como objeto coisa fungível. Ex.: Dinheiro. b) Títulos de crédito que garantem a condição de sócio. Sofia Campos Ex.: Ações. c) Títulos de crédito que tem como objeto um direito real. Ex.: Posse de mercadorias (duplicata). d) Títulos de crédito que conferem uma prestação: o credor deverá praticar um ato referente a um pagamento de uma parcela. “Tem uma condição” OBSERVAÇÃO Os TC´s podem ser nacionais ou estrangeiros, públicos ou privados, à vista ou a prazo, individuais ou seriados. RELATIVAÇÃO DOS PRINCÍPIOS Recurso Especial 298.499/SP: “a nota promissória vinculada a contrato de locação perde a sua abstração”. No caso, as partes mantinham uma locação, tendo sido apurado que as notas promissórias foram emitidas como uma garantia suplementar para o pagamento dos locativos; assim, nas palavras do Ministro Ruy Rosado de Aguiar, relator do acórdão, “é certo que a nota promissória tem abstração, mas quando fica demonstrado, com prova convincente, que se trata de título vinculado a contrato de locação, a sua autonomia desaparece, para ficar a exigibilidade do crédito nele expresso dependente da existência de dívida oriunda daquela relação locatícia”. Recurso Especial 111.961/RS: “a nota promissória que contenha no verso expressa vinculação ao contrato subjacente perde a característica de abstração, podendo ao endossatário ser oposta a defesa que o devedor teria em razão do contrato”. Recurso Especial 14.012/RJ: “ainda que de boa-fé, o endossatário de notas promissórias, das quais conste expressa vinculação a contrato, fica sujeitoàs exceções de que disponha o emitente com base no ajuste subjacente. Os títulos, em hipóteses tais, perdem a natureza abstrata que lhe é peculiar, sendo oponível ao portador, mesmo nos casos em que tenha havido circulação por endosso”. Agravo Regimental no Recurso Especial 275058/RS: “ausente a circulação do título de crédito, a nota promissória que não é sacada como promessa de pagamento, mas como garantia de contrato de abertura de crédito, a que foi vinculada, tem sua natureza cambial desnaturada, subtraída a sua autonomia”, isso considerando que “iliquidez do contrato de abertura de crédito é transmitida à nota promissória vinculada, contaminando-a, pois o objeto contratual é a disposição de certo numerário, dentro de um limite prefixado, sendo que essa indeterminação do quantum devido, comunica-se com a nota promissória por terem nascido da mesma obrigação jurídica”. Recurso Especial 256.449/SP: “a exigência da apresentação do original do título cambial em processo de execução se explica pela possibilidade de sua circulação. Afastada a probabilidade dessa ocorrência, uma vez que a execução é também do contrato de mútuo, – e a experiência demonstra a raridade da circulação de títulos dessa natureza, a que se alia a facilidade de ser afastado eventual segundo processo de cobrança – não há razão para se presumir a má-fé do credor, pressupondo-se que ele esteja a cobrar título do qual já se desfez. Inexistindo impugnação ou dúvida sobre a existência dos títulos e sua autenticidade, tem-se por suficiente a apresentação de cópia autenticada para a execução do débito.” Requisitos dos Títulos de Crédito Dividem-se em duas categorias: I) Comuns/básicos: São os requisitos retirados do CC/2002, art. 888 e 889. (São os mesmos requisitos de validade nos negócios jurídicos) Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente. § 1º É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento. § 2º Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do emitente. § 3º O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo. Cada título de crédito tem o seu objetivo; Sofia Campos Os requisitos dos TC são: sujeito capaz, sujeito lícito “possível”, objeto determinado ou determinável e forma prescrita ou não em lei. II) Específicos/especiais: Requisitos constantes na LUG e em leis específicas dos títulos de crédito em espécie. I. Sujeito Capaz Aptidão ativa: tem aptidão para ser credor. • Para ter essa aptidão, basta ter personalidade jurídica. Aptidão passiva: tem aptidão para ser devedor. • Para ter essa aptidão, basta ter capacidade civil plena. Cap. De direito + Cap. De exercício/gozo = Cap. Civil plena Segundo a LUG - A pessoa incapaz é havida como validamente obrigada se tiver aposto sua assinatura em território de um país em cuja legislação teria sido considerada capaz. A incapacidade do beneficiário não vicia o ato. Porém, sendo o título o resultado de um negócio com absolutamente incapaz, não concluído em face do defeito de capacidade, e não havendo qualquer prejuízo para aquele, pode a contraparte, que para o cumprimento de sua obrigação emitiu um título de crédito, pretender a declaração da sua invalidade. Quando se tem a representação: Art. 188 CC Capacidade legal: a) Genitores: é necessário que se prove a capacidade de assumir. b) Tutela: menores de 18 anos c) Curatela: maiores de 18 anos. Capacidade convencional: a) Surge através de procuração (pública): regidos pelo tabelião para um negócio jurídico específico. b) Mandato c) Tomada de decisão apoiada Artigo 118 do Código Civil: o representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem. Segundo o artigo 118 CC, o representante, legal ou convencional, lança sua própria assinatura no título. Assim, se age para além de seus poderes ou se age sem deixar claro que representa alguém, pode vir a suportar as consequências jurídicas e econômicas de seu ato. Em resumo: se o sacado é menor absolutamente incapaz, far-se-á a indicação do seu representante legal, mencionando-se na letra o fato (ex.: ao menor X, na pessoa do seu representante Y); se relativamente incapaz, seu aceite terá a assinatura também de seu assistente. Pode-se identificar o sacado através de seu encargo ou parentesco. ANALFABETO • No CC, este assina o negócio jurídico com a digital, ou a assinatura a rogo (pessoa de confiança do analfabeto assina por ele); • No direito empresarial não se aplica essas regras. Será o representante que irá assinar no lugar do analfabeto. • É considerado relativamente incapaz no direito empresarial. • Se for devedor, o representante assina em seu nome no título de crédito. EMPRESA FALIDA • É necessário que se decrete a falência. • Por meio de uma decisão interlocutória (não necessita de trânsito em julgado para decretar falência). • Decretada a falência, o administrador judicial é quem terá a capacidade para responder pelos títulos de crédito. OBSERVAÇÃO: Casos em que não se aplica CC (capacidade cambiária passiva): analfabeto, não se obriga por si mesmo, pelo fato de não saber ler e escrever, mas pela atuação de um representante; falido, pessoa física ou jurídica cuja falência foi decretada e, com isso, perdeu a disponibilidade sobre seus bem (patrimônio). Esta pessoa (falida) não poderá mais se obrigar perante um título de crédito e eleger-se- á um administrador judicial, que arrecadará os bens do credor para pagamento de dívidas. Sofia Campos II. Objeto lícito e possível O objeto tem que ser lícito e possível. O objeto deve guardar correspondência com a lei, na forma e no conteúdo. Os títulos de crédito são típicos. A emissão de um instrumento não típico não seria nula, mas se situaria no plano do Direito Contratual e não do Direito Cambiário, a transferência do crédito se faria por cessão, e não por endosso. Cada tipo de título de crédito corresponde um objeto juridicamente possível: o objeto da nota promissória, como exemplo, é uma obrigação de pagar quantia certa em dinheiro; não é lícito emitir uma nota promissória para afirmar a obrigação de entregar coisa certa, como ouro ou pedras preciosas. O objeto também deve ser lícito, respeitada a legislação genérica, ou seja, aquela que rege o conjunto dos comportamentos em sociedade. Não é válido, por exemplo, um conhecimento de depósito de folhas de maconha ou qualquer outro bem ilícito. O objeto deverá ser possível. Instrumentos que assinalem a constituição de obrigações impossíveis são desvalorizados pelo direito. Exemplos de objeto impossível: o título que expressasse crédito em moeda de sociedades há muito extintas, beneficiário personagem inexistente, como a um saci, ou um cheque emitido contra o Banco da Terra Encantada. “Comprovada a autenticidade da assinatura do emitente e tendo ele falecido antes da data de emissão do título, é materialmente impossível que essa data corresponda à realidade”. Recurso Especial 162.336/SP Artigo 104, II, CC: o objeto do ato jurídico deve ser determinado ou determinável; ou seja, deve existir a certeza e liquidez na obrigação, dando executabilidade ao crédito. • Não será válida a cártula em que estejaanotada a previsão de entregar reais, sem precisar quantos. OBSERVAÇÕES: É possível que um objeto lícito passa a ser ilícito. Ex.: esquema de pirâmide equiparado com market multimídia – uma fraude fiscal. Ocorrendo ilicitude, haverá prejuízo no TC mas, não necessariamente ao negócio jurídico. . Previsão nos artigos: 104, 122, 138, 814 e 815 do CC. III. Emissão lícita Não pode estar submetido a condições ilícitas (leis ou bons costumes) - artigo 122 do Código Civil. Não pode resultar de circunstâncias tipificadas como defeituosas (anuláveis): erro ou ignorância, dolo, coação, estado de perigo, lesão enorme (laesio enormis) ou lesão no contrato e fraude contra credores. Não é exigível a cártula que seja emitida para representar dívidas de jogo ou de aposta que, à luz do artigo 814 do Código Civil, não obrigam a pagamento, mesmo que se trate de empréstimo (mútuo) feito por terceiro, no ato de apostar ou jogar e para o jogo ou aposta, por força do artigo 815. Mesmo na hipótese de jogo ou aposta, não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se a parte é menor ou interdito. Tem-se, portanto, uma proteção jurídica contra o endividamento pelo jogo, Não é lícita a emissão de título de crédito quando seu objetivo for fraudar lei imperativa, aplicando- se à hipótese o artigo 166, VI, do Código Civil. IV. Forma prescrita em lei Nos títulos de crédito, a forma não é um elemento literal, mas fundamental, diferenciando-os dos demais quirógrafos. A forma dos títulos de maior circulação, como cheques, duplicatas e notas promissórias, é conhecida por muitos que, assim, os aceitam com mais facilidade. A forma é, ela própria, fator de confiança para a circulação do crédito, atendendo aos interesses públicos envolvidos. Requisitos exigidos de todos os títulos de crédito: artigo 889 do Código Civil - data da emissão, a indicação precisa dos direitos que conferem e a assinatura do emitente. Sofia Campos Elementos indispensáveis e cuja ausência implicará a desnaturação do título de crédito, retirando-o do regime cambiário, passando a reger-se pelo regime ordinário das obrigações civis; é o que disciplina o artigo 888 do Código Civil, quando prevê que a omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. O ato de emissão (criação e colocação do título em circulação) não é solene, não se revestindo de forma especial. Basta que a pessoa, no exercício de sua capacidade civil, complete o modelo legal: preencha o papel que atenda aos requisitos, assinando-o. Também não há qualquer requisito formal para a colocação do título no mercado. Relaciona-se com o princípio da literalidade, é necessário que se tenha um instrumento escrito. V. Data da emissão O título deve trazer sua data de emissão, requisito que é essencial de acordo com o artigo 889 do Código Civil. A data de emissão é essencial para definir o regime aplicável ao título, diante da possibilidade de conflito de normas no tempo, bem como para permitir o cálculo do prazo prescricional. Se a cártula é emitida sem tal informação, o portador deverá preenchê-la antes de apresentar a cártula e exigir o seu pagamento. Escrito por extenso a data de emissão – para evitar conflito de leis no tempo e servir como base p/o vencimento da obrigação. Ex.: vencimento – 60 dias de vista (da data de emissão). • Não havendo data de vencimento, considera- se o pagamento à vista com base na data de emissão. • É um requisito acessório a data de vencimento. IMPORTANTE Na ausência de local da emissão e cumprimento, torna a obrigação quesível, sendo assim cumprida no domicílio do devedor do TC. O local é um requisito acessório do TC. VI. Data de vencimento A data de vencimento do título não é um elemento essencial para a validade do título de crédito, compreendendo-se como sendo a vista a cártula que não contenha indicação de vencimento (artigo 889, § 1o , do Código Civil). Mesmo antes do vencimento, o credor também poderá requerer a insolvência do devedor, preservando assim seu direito ao tratamento isonômico com os demais credores do insolvente, cujas dívidas vencidas, ou não, estejam sendo pagas em seu prejuízo, destacando-se que a decretação da insolvência provoca o vencimento antecipado do crédito. VII. Precisão dos direitos conferidos São os deveres que são assumidos pelo devedor indicado no instrumento e que poderão ser exigidos por aquele que esteja na sua posse legítima. Tem relação com o princípio da literalidade. Emitente está obrigado à declaração clara e precisa da obrigação representada pela cártula, como o tomador, ao receber a cártula, está obrigado a tomar ciência de seu conteúdo, assumindo os ônus do recebimento. O que está na cártula vincula não só as partes, mas também terceiros que venham a participar da cadeia sucessória do título. As vinculações negociais a que se queira submeter a cártula, rompendo a independência do título para atrelá-lo a contrato, devem estar claras no papel, como agora aceita a jurisprudência. Há cláusulas que são consideradas ilícitas e cujo registro, se feito, deverá ser considerado como inexistente. Assim, consideram-se não escritas no título as constantes no artigo 890, CC, são elas: cláusula de juros, a proibitiva de endosso, excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, que dispense a observância de termos e formalidade prescritas e além dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações. • Despesas com a quitação do título: o artigo 325 do Código Civil presume a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação. Se ocorrer aumento das despesas por fato do credor, suportará este a despesa acrescida. • Exceções: o artigo 890, CC é regra geral que admite que normas de lei específica apliquem regramentos particulares. Assim, por exemplo, é expressamente aceita a cláusula de juros nas cédulas de crédito; na mesma toada, há títulos que comportam a chamada cláusula não à Sofia Campos ordem, que lhe impedem a circulação por meio de endosso. VIII. Assinatura O artigo 889 do CC, diz que a assinatura do emissor é requisito essencial do título de crédito. Não se admite que a cártula seja assinada a rogo do emitente, pois isso não preenche a finalidade legal. Dessa forma, se o analfabeto quer emitir um título, deverá recorrer a procurador constituído por instrumento público. Assinatura feira por mandatário - não se vincula à obrigação, desde que (1) aja nos limites dos poderes que lhe foram confiados, (2) sem desrespeitar os interesses do mandante, (3) exibindo o instrumento de procuração e (4) deixando clara sua condição de mero representante, inclusive no título. Não é permitido ao representante emitir a cártula, em nome do representado, em seu próprio benefício, o que caracteriza conflito de interesses, a teor dos artigos 117 e 119 do Código Civil. ASSINATURA FALSA Equipara-se à ausência de assinatura. O STJ em face do Recurso Especial 234.809/RJ, considerou que, havendo falsificação da assinatura, “o devedor pode promover, depois de iniciada a execução e mesmo não lhe tendo opostos embargos, ação para a declaração da falsidade da assinatura que lhe é atribuída no título executivo. IX. Local Duas são as referências físicas possíveis no título de crédito: (1) o local de emissão e (2) o local onde deverá ser feito o pagamento, sendo perfeitamente lícito, mesmo quando não há prazo para o vencimento, estipular-se que o pagamento se fará a vista do título que, no entanto, deverá ser apresentado em lugar indicado na cártula. Aplica-se em tais casos a regra do artigo 134 do Código Civil: “osnegócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo”. No plano da teoria geral dos títulos de crédito, disposta no Código Civil, o local de emissão e o local de pagamento são informações facultativas na cártula. É o que se apura do artigo 889, § 2o , que afirma considerar-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do emitente. • Agravo Regimental no Agravo 1.286.221/MG, entendeu que, ausente o local de emissão da nota promissória, a nota será considerada passada no lugar do pagamento e, simultaneamente, no lugar do domicílio do subscrito (artigo 76 da Lei Uniforme de Genebra). • No plano da teoria geral dos títulos de crédito, disposta no Código Civil, o local de emissão e o local de pagamento são informações facultativas na cártula. É o que se apura do artigo 889, § 2º, que afirma considerar-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do emitente. • Agravo Regimental no Agravo 1.286.221/MG, entendeu que, ausente o local de emissão da nota promissória, a nota será considerada passada no lugar do pagamento e, simultaneamente, no lugar do domicílio do subscrito (artigo 76 da Lei Uniforme de Genebra). X. Moeda estrangeira São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial (artigo 318 do Código Civil). O artigo 41 da LUG (Decreto 57.663/66) prevê a emissão de letras de câmbio que estipulam pagamento em moeda que não tenha curso legal no lugar do pagamento; porém, o artigo 7º do anexo II da convenção, outorga aos países signatários a faculdade de sustar, se o julgar necessário, em circunstâncias excepcionais relacionadas com a taxa de câmbio da moeda nacional, os efeitos da cláusula prevista no artigo 41 relativa ao pagamento efetivo em moeda estrangeira. A mesma regra aplica-se no que respeita à emissão no território nacional de letras em moedas estrangeiras. A legislação especial é o Decreto-lei 857/69, que, em seu artigo 1º, repete a previsão de nulidade de pleno direito dos contratos, títulos e quaisquer documentos, bem como as obrigações que, exequíveis no Brasil, estipulem pagamento em ouro, em moeda estrangeira, ou, por alguma forma, restrinjam ou recusem, em seus efeitos, o curso legal da moeda nacional. É essa a norma que entre nós concretiza a Sofia Campos exceção permitida no próprio tratado internacional (a chamada Lei Uniforme de Genebra). O artigo 2º do Decreto-lei 857/69 excepciona algumas situações, nas quais a emissão de títulos em moeda estrangeira seria lícita, quais sejam: (1) contratos e títulos referentes a importação ou exportação de mercadorias; (2) contratos de financiamento ou de prestação de garantias relativos às operações de exportação de bens e serviços vendidos a crédito para o exterior; (3) contratos de compra e venda de câmbio em geral; (4) empréstimos e quaisquer outras obrigações cujo credor ou devedor seja pessoa residente e domiciliada no exterior, excetuados os contratos de locação de imóveis situados no território nacional; e (5) contratos que tenham por objeto a cessão, transferência, delegação, assunção ou modificação das obrigações referidas no item anterior, ainda que ambas as partes contratantes sejam pessoas residentes ou domiciliadas no país. Dessa forma, encaixando-se numa das hipóteses listadas, poderá haver emissão de título que contenha obrigação de pagar quantia em moeda estrangeira, sendo nulas as cártulas emitidas nas situações que desbordem tais limite. (6) A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, julgando o Agravo Regimental no Agravo de Instrumento 612.405/MG, afirmou que “é legítimo o valor do título expresso em moeda estrangeira, desde que o pagamento efetive-se mediante a conversão em moeda nacional”. XI. Erros e rasuras Os erros, desde que não causem dúvida sobre o conteúdo da ordem e sobre o atendimento aos requisitos legais, não invalida o título. Em nada altera a obrigação, por exemplo, erros na grafia por extenso do valor, desde que não paire dúvida sobre o quantum sacado; são indiferentes, portanto, equívocos como déis, sinco, otosentos, tresentos entre outros. O mesmo se diga em relação ao beneficiário, desde que, uma vez mais, o equívoco não conduza a dúvidas sobre o beneficiário. Se a rasura se concretiza em elemento acidental, que em nada altera a constituição e definição dos aspectos da declaração de crédito, deve-se simplesmente desconhecê-la. Rasuras no texto, mas que apenas apontem para correções ortográficas, sem qualquer possibilidade de adulteração, também devem ser perdoadas; é o caso daquele que escreveu secenta e, depois, esforçou-se para colocar dois “s” no lugar do “c”. Invalidam o título de crédito toda e qualquer rasura que seja lançada em elemento essencial, colocando para o intérprete a possibilidade de efetiva adulteração da declaração constitutiva da obrigação. Não se devem admitir rasuras nos números nem nas letras com que se grafam valores, datas, beneficiários etc., desde que o defeito permita questionar se outro não teria sido o enunciado emitido. Quando não houver norma específica a respeito, devem-se aceitar ressalvas feitas de próprio punho e/ou devidamente assinadas, desde que revelem inequivocamente o reconhecimento do erro e/ou rasura e a intenção, do obrigado, de corrigi-lo. EM RESUMO, OS REQUISITOS DO TÍTULO DE CRÉDITO SÃO: A) Denominação B) Assinatura do emitente C) Identificação do devedor D) Especificação do direito que confere E) Data de vencimento (na ausência é título à vista) F) Data de emissão G) Local de emissão e pagamento. Esses requisitos não precisam estar todos presentes no momento da emissão, mas devem estar completos antes da cobrança ou protesto. Transmissão do Título de Crédito É necessário que se pergunte: • Responsabilidade sobre o pagamento do título? • Reflexos sobre o Direito Empresarial ou civil? Pode ser por.... SUCESSÃO DE DIREITOS Sofia Campos Com a transferência do título são transferidos todos os direitos que lhe são inerentes (art. 893, CC). ➢ Ocorre porque parte dos princípios: Cartularidade e Literalidade. Na transferência do título só se transmite o crédito, no contorno que se afere da cártula e da lei, inclusive no que diz respeito aos deveres do credor, não havendo falar em deveres advindos do negócio fundamental. ➢ Tem haver com princípio d Autonomia (abstração e inoponibilidade). Quem detém o título pode destruí-lo. ANALOGIA A COISA IMÓVEL Artigo 83, III, do Código Civil; O título de crédito não deve ser tomado apenas como instrumento que prova e representa uma obrigação, mas igualmente como uma coisa móvel e corpórea; A cártula é a materialização do crédito nela inscrita, crédito que circula fisicamente a partir da transmissão do papel. POSSIBILIDADE DE TRANSFERIR O TÍTULO POR USUFRUTO Usufruto: direito real sobre coisa alheia - Artigo 1.225, IV. É possível a transmissão do TC por uso fruto, pois este irá gerar frutos futuramente. Ex.: juros legais. Se transfere a posse, não a propriedade. Art. 1.395, CC. POSSIBILIDADE DE TRANSFERIR O TÍTULO POR DAÇÃO EM PAGAMENTO A paga não se faz em dinheiro, mas por prestação diversa da que seria devida ao credor, aceitada por esse. Essa aceitação é uma faculdade, e não uma obrigação, do credor (artigo 356 do Código Civil). ➢ É quando muda o objeto do cumprimento da obrigação (“pagamento”). A dação de título de crédito em pagamento completa-se com a entrega da cártula (artigo 358). CESSÃO DE DIREITOS A dação do TC em pagamentocompleta-se com a entrega da cártula (art. 358, CC) ➢ Volta para o ramo do direito civil. ➢ Cessio in solutum: quando entrega o título extingue a obrigação. ➢ Cessio solvendi causa: só extingue a obrigação quando o TC for pago. TÍTULO AO PORTADOR É o título que está sem o nome do beneficiário. ➢ Art. 907, CC diz que é possível que uma lei específica não autorize a transmissão do título sem indicar o beneficiário. ➢ Previsão nos arts. 891, 904 e 905 do CC. ➢ Se transfere com a tradição. TÍTULO À ORDEM (ENDOSSO): Traz a indicação do beneficiário do crédito, mas permite que o pagamento se faça a outrem, à ordem do beneficiário nomeado no documento. Para endossar o título, basta que o credor assine a cártula na parte da frente (anverso) ou na parte de trás (verso). Se o faz no verso (na parte de trás), basta assinar, não precisando colocar qualquer declaração. Se o faz na frente, deve declarar. Se aperfeiçoa com o nome do endossante ao endossatário. Requisito essencial: assinatura do endossante (Se não, não se tem endosso se tem tradição. IMPORTANTE A Lei Uniforme de Genebra permite que o endosso seja lançado em folha ligada ao título (artigos 13 e 77); mas é norma específica e, por força do artigo 903 do Código Civil, aplicável apenas à letra de câmbio e à nota promissória. Para os outros títulos, o endosso deve ser lançado pelo próprio endossante no verso ou no anverso do título (artigo 910). Os elementos são: A) O título não apenas afirma a obrigação certa de um devedor certo, mas também traz a indicação de um beneficiário (um credor) certo; B) Faculta-se ao credor nomeado na cártula ordenar que o pagamento se faça a outrem, seja indicando essa outra pessoa, seja não a indicando. Permitindo que o credor endosse a cártula. OBSERVAÇÃO 1: Quando há múltiplos beneficiários, o endosso poderá ser assinado por qualquer um deles. OBSERVAÇÃO 2: NOMECLATURA Sofia Campos Quando há múltiplos devedores em um processo, se tem litisconsórcio no polo passivo. Quando há múltiplos credores em um processo, se tem litisconsórcio no polo ativo. ➢ É possível cancelar o endosso. Pode cancelar, como: apagando-o, rasurando-o, sobrescrevendo “cancelado” ou “sem valor”. Art. 903, § 3º, CC (Considera-se não escrito o endosso cancelado). Endosso em série: Considera-se legítimo possuidor o portador do título à ordem com série regular e ininterrupta de endossos, ainda que o último seja em branco. Aquele que paga o título está obrigado a verificar a regularidade da série de endossos, mas não a autenticidade das assinaturas. Responsabilidade pelo crédito endossado: Regra geral prevista pelo artigo 914 CC não é aplicável a todos os casos - O endossante não responde pelo cumprimento da prestação constante do título (artigo 914 do Código Civil). Classificação do endosso: Endosso nulo Não produz efeitos (endosso parcial). Legislador não aceita (LUG, art. 12, § 2º - A e Lei do Cheque, art. 18). Endosso Impróprio Não ocorre a transferência da propriedade (endosso mandato e endosso caução). Lei do cheque, art. 25. Endosso com efeito de cessão O título circula pelas regras do Direito Civil (endosso em título não à ordem e endosso póstumo). Endosso próprio Ocorre a transferência da propriedade do título. Divide-se em: a) Endosso em branco - o beneficiário pelo endosso não é identificado. (Transforma o título ao portador. Pode-se transformar em endosso em preto, inserido o nome ou de terceiro no verso.) b) Endosso em preto - indica o beneficiário que receberá o título de crédito. (Assim, este que o recebeu poderá, a seu critério, realizar novas transferências (em branco ou em preto), seguindo sempre as mesmas regras, pois poderá transferi-lo sem indicar o novo beneficiário.) c) Endosso sem garantia - o endossante transmite o título, mas não garante o pagamento. d) Endosso condicional - a cláusula condicional é inválida. (Legislação brasileira não aceita). ESCLARECENDO.... Endosso mandato: o título é entregue a outra pessoa para cobrança (bancária, por exemplo). Endosso caução: o título é entregue a um credor para garantia de dívida (penhor, por exemplo). ➢ Ocorre quando o endossante transmite o título como forma de garantia de uma dívida. Portanto, endossatário manterá a cártula sem assumir a sua titularidade, devolvendo-a ao endossante quando da quitação da dívida contraída. ➢ Caso não haja o pagamento da dívida a tempo e valores combinados, o endossatário poderá Sofia Campos executar a garantia, passando, somente agora, a ter a titularidade plena daquele crédito. Endosso com efeito de cessão: o título circula pelas regras do direito civil. Existem duas modalidades: ➢ Endosso em título não à ordem. ➢ Endosso póstumo ou tardio. AVAL É a garantia de pagamento de título de crédito. Forma: assinatura na frente (anteverso) do título de crédito. Pode ser praticado no verso, mas o ato deve ser identificado para não ser confundido com o aval. Exceção: assinatura no verso identificada e duas assinaturas em sequência. É independente do negócio jurídico que originou o TC. Divide-se em: completo/total e parcial. ➢ Total/completo: o avalista garante o adimplemento de todo o TC. ➢ Parcial: o avalista garante parte da obrigação (não segue o CC, mas o D. Empresarial). Classificação do Aval: a) Completo - o avalista garante o adimplemento de todo o TC. b) Parcial - o avalista garante parte da obrigação. c) Aval em branco -Identifica-se apenas o avalista. Exceção: na letra de câmbio, o aval em branco é dado ao sacador do título (LUG, art. 31). d) Aval em preto – Identifica-se o avalista e o avalizado. PLURALIDADE DE AVAIS Seus tipos: a) Aval simultâneo – 2 ou mais pessoas garantindo o pagamento da mesma pessoa. Esses avalistas tem como adimplir partes iguais da obrigação. Ex.: Lucas tem seus avalistas como, João e Pedro (Pedro e João só tem, entre eles – avalistas – cobrar 50% da obrigação). b) Aval Sucessivo – é quando se tem o avalista do avalista. Tem um avalista para garantir o outro avalista. Na relação entre avalista do avalista, pode- se cobrar, um do outro, 100%. OBSERVAÇÃO: É possível que se tenha aval parcial em branco, e ou aval parcial em preto. DIFERENÇA DE AVAL E ENDOSSO AVAL ENDOSSO É apenas uma garantia, não necessitando ser firmado pelo detentor do título (situação que no endosso é obrigatório), É um meio de transferência de direitos dentro de um título, mediante a assinatura de um detentor legitimado no verso ou no anverso Sofia Campos não transferindo a propriedade. do título, garantindo o endossatário salvo cláusula em contrário. DIFERENÇA ENTRE AVAL E FIANÇA Inadimplemento dos Títulos de Crédito Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. Art. 202, III, CC. CARACTERÍSTICAS DO PROTESTO É um ato público extrajudicial; É um ato solene, formal; É no próprio título. OBRIGATORIEDADE DO PROTESTO A lei obriga protestar em pedido de falência e no caso de duplicata sem aceite. (Exceções à regra) O ato de protestar torna o título autônomo. Em regra geral, é um protesto facultativo. TIPOS DE PROTESTO a) Protesto facultativo: Interrupção da prescrição: artigo 202 CC. É o protesto em que o credor não necessita da prática deste ato para exigir em juízo a obrigação constante no título cambial, ou seja, o credor somente executaria o ato de protesto com a simples finalidade de comprovar a impontualidade ou mora do devedor. Posicionamento do STF: Na ação de execução direita: contra o devedor principal e seusrespectivos avalistas. b) Protesto obrigatório: é realizado para que o portador garanta seu direito de regresso contra o sacador e seus coobrigados. A lei Uniforme prevê protesto necessário nos artigos 25, 44, 53, 56, 60, 68 para que o portador conserve direito regressivo contra o sacador/endossante e seus avalistas. Na ação de execução indireta (ação de regresso): contra os demais coobrigados do título. Na ação de execução indireta: caso da duplicata (Lei n. 5.474/1968). Pedido de falência: caso da lei n. 11.101/2015. Duplicata sem aceite: caso da lei n. 5.474/68 LUGAR DO PROTESTO Sofia Campos Em regra, o título deve ser levado a protesto no lugar do pagamento designado no título. Letra de câmbio e nota promissória (Decreto n. 2.044/1908): Duplicata – lei n. 5.474/68 Cheque – lei n. 9.492/97 Protesto por edital – lei n. 9.492/97 PRAZO PARA O PROTESTO Assim que o título de crédito vencer, quem o estiver portando, tem um dia para protestar no cartório de protesto. Feito o protesto, o cartório tem 3 dias para realizar o procedimento do protesto. Intimação: Lei nº 9.492/97 Consequências: Lei nº 9. 492/97 PRAZO PARA O PROTESTO POR FALTA DE ACEITE PRAZO PARA PROTESTO POR FALTA DE PAGAMENTO CREDOR COM A PERDA DE PRAZO PARA PROTESTO FINALIDADE DO PROTESTO OBRIGATÓRIO • Conservação do direito de regresso; • Pedido de falência; • Execução de duplicata sem aceite. FINALIDADE DO PROTESTO FACULTATIVO Interrupção da prescrição. Sofia Campos CANCELAMENTO DO PROTESTO O protesto poderá ser cancelado mediante apresentação do documento protestado (artigo 26 da Lei no 9.492/97); essa apresentação faz pressupor a satisfação do crédito em face do princípio da cartularidade. Se for impossível apresentar o documento (por exemplo, porque se extraviou), pode-se apresentar uma declaração de anuência do credor. SUSTAÇÃO DO PROTESTO A sustação do protesto é uma medida cautelar inominada, preparatória, na qual se caracteriza principalmente pelo periculum in mora e o fumus boni iuris. É cabível “nos casos especialíssimos em que a irregularidade estivesse flagrantemente demonstrada”. No que se refere à caução (caução real ou fidejussória), o juiz pode ou não exigi-la, dependendo de cada situação concreta. A sustação do protesto pode ser concedida inaudita altera pars, de forma a evitar um dano maior à parte prejudicada. Contudo, observa-se que a sustação do protesto deve ser processada antes da efetivação do protesto, e, quanto à ação principal, deve ser ajuizada no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de revogação da liminar. Parizatto, citando as lições de Pedro Vieira Mota, aponta que: “Sem o remédio da sustação do protesto, todos ficariam sob ameaça de protesto, execução e penhora inesperados e fatais, por dívidas que não assumiram, serviços e mercadorias que não receberam, e duplicatas que não assinaram”. Cheque É uma ordem de pagamento Apresentação do cheque é um requisito essencial para eventual execução cambial. Tem relação triangular: Sacado – sacador – beneficiário Sua apresentação se dá de duas formas: 1. Em 30 dias (da data de emissão) se for da mesma praça (Cidade). 2. Em 60 dias (idem) se for de praça diferente. OBSERVAÇÃO: Não havendo fundos, tem o carimbo que informa a insuficiência do título de crédito. Com o carimbo do banco, pode-se fazer o protesto. Querendo, após a apresentação, o beneficiário ainda poderá protestar (cobrando, neste caso, somente o endossante). Cobrando somente o devedor principal, será pelo Direito Civil. Se o título não for apresentado, não tem como executá-lo. PRESCRIÇÃO DA CÁRTULA Seis (06) meses da data da emissão. A cada 06 meses tem a troca da cártula/folha. Se o título estiver prescrito, não se executa o título. Não se executa nem pelo direito civil quanto o direito empresarial. PRESCRIÇÃO CAMBIAL Seis (06) meses a partir do vencimento do título. TIPOS DE CHEQUE Seus tipos: a) cruzado – não é permitido a troca por espécie, é necessário o depósito. b) visado – vai atestar a existência do título c) administrativo – o sacado e o sacador serão a mesma pessoa. Ex.: raspadinha, megasena. d) Irregular – é exequível, mas falta o requisito secundário, o fundo. e) Pós – datado – conhecido também como pré datado, cheque preenchido com data posterior àquela em que efetivamente foi emitido, com o objetivo de que sua apresentação e compensação se dêem em data posterior à data em que foi utilizado como pagamento. REQUISITOS DO CHEQUE A) Denominação “Cheque” inserta no título. B) Promessa pura, simples e incondicionada de pagar determinada quantia. C) Identificação da instituição financeira que deve pagar (sacado) D) Lugar de pagamento E) Data e lugar de pagamento Sofia Campos F) Assinatura do emitente (que está devidamente identificado no título) Duplicata É uma ordem de pagamento É um título causal, tem um fato gerador (relação mercantil – compra e venda mercantil ou prestação de serviço). Quem emite duplicatas deve ter um Livro de Registros de Duplicatas (Lei nº 5.474/68, art. 19) Envolve três sujeitos: Sacado, que é o comprador (devedor); Sacador, que é o vendedor (credor); Beneficiário, podendo ser sacador ou pessoa indicada por ele. É necessário que se tenha uma fatura para que se tenha a duplicata. (Requisito Essencial) O aceite é obrigatório, podendo ser: a) Expresso – assinado. b) Presumido – a parte não assina, mas recebe a mercadoria ou aceita o serviço prestado (gera um recibo, em substituição da duplicata). c) Comunicação – comunica o aceite de forma escrita, fora da duplicata. d) Protesto. POSSIBILIDADE DE RECUSA OU ACEITE Quando houver avaria, perda de quantidade e ou quantidade de produto diferente do adquirido e valores diferentes. PRESCRIÇÃO CAMBIAL 3 anos para o devedor principal e o seu avalista. 1 ano para cobrar o endossante. 1 ano para cobrar endossante de endossante. REQUISITOS DA DUPLICATA A) Denominação “duplicata” inserta no título. B) Data da emissão C) Nº de ordem D) Nº da fatura que foi extraída E) data de vencimento (na ausência é a à vista) F) Valor G) Praça de pagamento H) Cláusula À ordem I) Declaração de reconhecimento da sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador como aceite cambial. J) Assinatura do emitente Nota Promissória É uma promessa de pagamento. É uma relação com dois sujeitos: Sacador e Beneficiário. Não existe o aceite neste título. MODALIDADES DE VENCIMENTO 1- Data certa/fixa 2 – Termo certo da data (a contar da data da emissão) 3 – Termo certo da vista (a contar da data do aceite) PRESCRIÇÃO CAMBIAL 3 anos para o devedor principal e o seu avalista. 1 ano para cobrar o endossante. 1 ano para cobrar endossante de endossante. REQUISITOS DA NOTA PROMISSÓRIA A) Denominação “Nota Promissória” inserta no título. B) Promessa pura, simples e incondicionada de pagar determinada quantia. C) Data de vencimento (na ausência é a à vista) D) Lugar de pagamento (na ausência e no local do saque) E) Nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga (é vedada a emissão de nota promissória ao portador) F) Data e lugar de emissão G) Praça de pagamento H) Assinatura do sacador. Sofia Campos Letra de Câmbio É uma ordem de pagamento. Título à ordem, criado por saque, emitido em favor de alguém, transferível por endosso, que se completa pelo aceite e se garante por aval. O aceite não é obrigatório. • Comprometimento puro, simples e irretratável do sacado de pagar o valor constante do título ao beneficiário. • Aceite obrigatório é uma exceção, quando for a modalidade de vencimento de Termo Certo de Vista. • É uma relação de três sujeitos: Sacado, sacadore Beneficiário. OBSERVAÇÃO: O sacado, neste caso, é o emitente do título. PRESCRIÇÃO CAMBIAL 3 anos para o devedor principal e o seu avalista. 1 ano para cobrar o endossante. 1 ano para cobrar endossante de endossante. MODALIDADES DE VENCIMENTO 1- Data certa/fixa 2 – Termo certo da data (a contar da data da emissão) 3 – Termo certo da vista (a contar da data do aceite) 4 – À vista (12 meses para pagar) REQUISITOS DA LETRA DE CÂMBIO A) Denominação “Letra de Câmbio” inserta no título. B) Mandado puro e simples de pagamento de determinada quantia. C) Nome do sacado D) Data de vencimento (na ausência, título à vista) E) Lugar de pagamento (na ausência é o domicílio do sacado) F) Nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser pago. G) Data e lugar de emissão H) Assinatura do sacador.
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