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Capítulo 17 MODELOS DE DEPÓSITOS MINERAIS Co CEITO DE MODELO DE DEPÓSITO MI:"'ERAL PARA QUE SERVEM AS TÉCNICAS MDM Do SENSORIAMENTO REMOTO À BÚSSOLA E MARTELO Ao longo dos capítulos anteriores, foram feitas várias tentativas de agrupar depósitos minerais a partir dos atributos que lhes são comuns, com ênfase na mineralogia do minério. Para os vários grupos de depósitos (Au mesotermais, Au epitermais de alta e baixa sulfetação, Cu-Ni Caraíba, Cu-Au Carajás e muitos outros), o enunciado de suas propriedades, come- çando pelos bens minerais principais, foi acompanhado da noção de tipo de depósito ou de modelo de depósito mineral. Este capítulo é dedicado a di scutir o conceito de modelo de depósito mineral, a de- fender a sua utilidade em vários campos de aplicação e a expor, da forma mais simples pos- sível, como construí-los e usá-los. Uma tecnologia se impõe quando é simples e bonita. A construção de modelos de depósitos minerais (mineral deposit modeling, MDM) constitui , na verdade, uma prática milenar em geologia econômica e prospecção mineral. Porém o que se pretende e nfa tizar é que, a partir da década de 1980, aperfeiçoamentos tecnológicos significativos ocorreram nessa área em decorrência dos avanços na informática e nos meios de comunicação. Tudo mudou na prática científica, e as mudanças em direção ao progresso são bem-vindas . A construção atual de modelos de depósitos lira partido das enormes possibilidades de integração de dados que as técnicas de computação e a opção pelas abordagens holísticas propiciam. A capacidade dos geólogos de relacionar atributos, fenôme nos e processos al- cançou níveis inimagináveis há apenas 20 anos. A aproximação do global, embora inatingível, tornou-se mais fácil. Uma curva em um diagrama, uma reação química, uma figura ou mapa, por mais coloridos e detalhados que sej am, são apenas formas de comunicação racional e didática de uma idéia, não constituem um modelo de depósito mineral. Este capítu lo é dedicado a demonstrar a importância de que as nossas ocorrências e os depósitos minerais sejam bem descritos, começando com uma boa petrologia de minério. Nos capítulos finais deste livro, será feita uma tentativa de estender os conceitos e técnicas MDM, de forma a permitir a incorporação das variáveis ambientais dos distritos minerais com o objetivo de construir modelos geológicos e ambientais de depósitos minerais. 1. Conceito de modelos de depósitos minerais E laborar um modelo de depósito mineral é organizar de algum modo a informação existente sobre os atributos essenciais dos depósitos minerais que pertencem a um mesmo 307 marce Realce marce Realce marce Realce 308 Minérios e ambiente tipo ou a uma mesma classe. El aboração de modelos de depósitos minerais, classificação de depósitos minerais, definição de tipos de depósitos ou estabelecimento de sistemas de fo rmação de depósitos constituem operações equivalentes. A elaboração de modelos de depósitos minerais é tão antiga quanto o uso dos metais. O geólogo exploracionista, o prospector leigo e, sobretudo, o garimpeiro brasileiro trabalham sempre com algum modelo de depósito mineral, mais ou menos desenvolvido, em mente. Não obstante, um grande avanço na elaboração de modelos de depósitos viria a ocorrer durante a década de 1980 nos serviços geológicos de países como Estados Unidos, Canadá, Finlândia e outros. Essas novas propostas metodológicas foram condicionadas pela disponi- bilidade de bancos de dados geológicos e de depósitos minerais, criados nesses países, mais ou menos na mesma época, em meados da década de 1970 (Albert et al. , 1989) e pelos avanços na informática e nos sistemas de comunicação. Compilações de modelos de depósi- tos minerais podem ser encontradas em Erickson (1 982), Eckstrand (1984 ), Uses-l NGEOMINAS (1984 ), Cox e Singer (1986), Roberts e Sheahan ( 1988), Kirkham et al. ( 1993), entre outros autores. O Serviço Geológico de British Columbia, Canadá, mantém um site na Internet com alguns modelos de depósitos minerais (British Columbia, 2000). No Brasil , apesar das descontinuidades a que estão sujeitos os bancos de dados dos serviços estatais, muitos geó- logos têm se dedicado à elaboração de modelos de depósi tos, os quais foram produzidos e discutidos em trabalhos de Biondi ( 1986), Beurlen (1987), Ladeira (1988), Schobbenhaus e Coelho ( 1988), Carvalho ( 1998) e em várias compilações excelentes, elaboradas por profis- sionais do Serviço Geológico do Brasil , D NPM e empresas de exploração mineral. 2. Classificação de depósitos minerais Inúmeras classificações de depósitos minerais podem ser encontradas em obras que se tornaram clássicas em geologia econômica. Não é o objetivo deste trabalho discutir ou acrescentar mais informação sobre as propostas consagradas de classificação de depósitos dos autores franceses, russos, alemães, americanos e outros. O importante é entender que a técnica de elaboração de modelos de depósitos representa uma atividade orientada para a classificação de tipos de depósitos minerais, nada mais que isso. Cox, Barton e Singer ( 1986), provavelmente inspirados em outros autores, entre eles Routhier (1963), sugerem a adoção de uma classificação de tipos ou modelos de depó- sitos minerais, na qual a ênfase é colocada (I) na litologia das rochas hospedeiras, e (2) no posicioname nto tec tônico do depósito. Isso porque, segundo esses autores, são essas as feições mais aparentes ao geólogo durante o seu trabalho de preparação dos mapas geoló- gicos . Trata-se, portanto, de reforçar as propostas de cl assificação mais simples que se adapte m aos depósitos caracteri zados como singenéticos e, ao mesmo tempo, contornem os problemas encontrados na class ificação dos depósitos epigenéticos. Com base nessa idéia, Cox e Singer (1986) coordenaram a elaboração de uma longa lista de modelos de depósitos minerais adotando denominações, tais como: marce Realce marce Realce marce Realce Bemardmo Ribeiro Figueiredo 309 - depósitos Fe-Ti-V do tipo Bushveld: depósitos relacionados a intrusões máfico- ultramáficas em ambientes tectônicos estáveis (modelo descritivo-genético); -depósitos Cu-Au do tipo porfirítico: depósitos relacionados a intrusões fél sicas pórfiro-afaníticas (modelo teor/tonelagem) etc. Modelos como os exemplificados acima resultam da compilação exaustiva das feições características de um grande número de depósitos pertencentes ao mesmo tipo. Dessa forma, esses modelos permitem aos geólogos comparar as suas observações, durante as atividades de pesquisa mineral de seus projetos específicos, com o conhecimento e a experiência acumu- lados de várias gerações de pesquisadores e profissionais de todo o mundo. Evidentemente, os vários modelos de depósitos apresentam-se em diferentes graus de desenvolvimento. Por exemplo, os modelos de depósitos de sulfeto maciço vulcanogê- nicos e os de depósitos p01firíticos de Cu-Mo são bem mais desenvolvidos que os modelos de depósitos sedimentares exalativos de Pb-Zn. Isso porque, quanto maior o número de depósitos conhecidos de um determinado tipo, mais desenvolvido é o modelo de depósito mineral. O modelo do depósito de Cu, U, REE, Au e Ag de Olympic Dam, Austrália , é baseado e m um único caso conhecido, portanto constitui um modelo muito pouco desen- vo lvido (Roberts e Hudson, 1983) . É fác il perceber que a compilação de modelos de depósitos minerais é extremamente útil aos estudos de avaliação de recursos minerais e aos trabalhos de exploração mineral. São também util izados como ferramentas indispensáveis no planejamento do uso e da ocu- pação do solo, no ensino de geologi a econômica, e para identificar problemas fundamen- tai s para a pesquisa científica. 3. Quais são as propostas de modelos mais comuns? Entre as inúmeras propostas de modelos de depósitos minerais, Adams (1985) sugeriu que as mais importantes fossem agrupadas em três classes, a saber: 1) modelos descritivos, empíricos oude ocorrência: abranjem dados estruturais, geoquímicos, de zoneamento mineral, de alteração hidrotermal, dados geofísicos, cristalo- químicos, modelo teor/tonelagem e outros; 2) modelos genéticos, conceituais ou de processos: reú nem dados estruturais, geoquímicos, geofísicos e outros, coincidentes com os utilizados nos modelos descritivos; 3) modelos metodológicos, di agnósticos ou integrados: incluem os modelos de ex- ploração, modelos integrados baseados no método DPC (data-process-criteria), modelos de integração de dados de Sensoriamento remoto e espectrais etc. Serão discutidos a seguir os as pectos de construção e usos do modelo descritivo e genético, os modelos teor/tonelagem, o método DPC de elaboração de modelos integrados marce Realce marce Realce marce Realce marce Realce marce Realce marce Realce marce Realce marce Realce marce Realce marce Realce 310 Miné1ios e ambiente e os modelos de probabilidade de ocorrência, incluindo as versões mais modernas de integração de dados espec trais a partir de sensores portáteis e remotos (Figura 17.1 ). Descrições individuais de depósitos ~ ,:"/ Agrupamento ---------- I ~ r-----~4 y Modelos adicionais ~/ (,--M-o-de-lo_g_e-ne-' ti-co~J / ~ ~------~ ~----~ 1 Modelo de Modelo de I l quantificação probabilidade I L pmre•~ • '/"'"''' ~. [ Modelo Fin~------ -- ---------------- Figura 17.1- Propostas de modelos de depósitos minerais e a sua seqüência de elaboração, segundo Cox e Singer (1986). 4. Modelos descritivos e genéticos O modelo descritivo de depósitos minerais compreende a listagem dos atributos reconhecidos como diagnósticos ou essenciais de um tipo de depósito, mesmo que as re- lações entre esses atributos sejam desconhecidas. Muitas vezes o modelo descritivo de um tipo de depósito ainda é bastante incompleto , e as teorias genéticas, excessivamente especulativas, mas os modelos descritivos pouco desenvolvidos abrem caminho para estudos de campo e de laboratório mais rigorosos, a um custo bem baixo, se comparado ao inves- timento requerido por uma campanha de sondagem, por exemplo. A partir das descrições individuais de um grande número de depósitos de um mesmo tipo , é possível listar os cri térios d iagnósticos que definem esse tipo. Essa listagem de atributos diagnósticos é o que se denomina modelo descritivo. Na literatura, podem ser encontradas diversas propostas de fichas que podem ser usadas como roteiros para are- alização de descrições individuais dos depósitos minerais (ver Quadro 17). Em um modelo genético, os atributos essenciais ao ti po de depósito são inter-rela- cionados por meio de um conceito teórico. Na realidade, sempre é usada alguma hipótese genética, ainda que pouco desenvolvida, para permitir o agrupamento de vários depósitos marce Realce marce Realce marce Realce marce Realce Bernardino Ribeiro Figueiredo em um único tipo e para diminuir o número de critérios ou atributos que definem o tipo de depósito. A compreensão mai s profunda da inter-relação entre os critérios diagnósticos é um desafio à imag inação dos geólogos, e é essa descoberta que irá subsidiar a elaboração do modelo genético do depós ito. Porém, como foi mencionado antes, a e laboração do modelo genético muitas vezes esbarra na insuficiência de informações geológicas, o que, por outro lado, pode ensejar a definição de questões novas e novos projetos para a pesquisa científica. 5. O método DPC Para a maioria dos geó logos, os critérios diagnósticos que definem um tipo de de- pósito mineral são aqueles atributos que se repetem em um grande número de casos descritos. Porém, nesse proced imento meramente estatístico (cálculo de freqüência), ficou faltando levar em conta a natureza dos processos geológicos e metalogenéticos. Assim, permanece a questão: Quais são os critérios dignósticos de um tipo de depó- sito entre todos os atributos observados durante a descrição de um número grande de mi- neral i zações? Um método um pouco sofisticado de identificação dos critérios di agnósticos de um determinado tipo de depós ito foi proposto por Adams ( 1985)- o método DPC (data - process-criteria). A virtude desse método é induzir os geólogos a raciocinar sobre os processos que podem ter sido responsáveis pela presença desta ou daquela feição identificada na descrição dos depósitos. A identificação dos critérios diagnósticos de um determinado tipo de depósito, por meio do método DPC, envolve uma estimativa do grau de necessidade e do grau de suficiên- cia das características inventariadas desses depósitos. Ao lado de uma lista de dados geo- lógicos, que caracterizam um determinado tipo de depósito , deve ainda ser elaborada uma lista de processos que podem ter s ido responsáveis pelas características desses depósitos. 1) uma evidência é necessária quando as características são sempre formadas pelo processo: se as carac terísticas es tão presentes, indica que o processo ocorreu, e se estão ausentes, isso indica que o processo não ocorreu; 2) quando as características são formadas pelo processo em questão, mas podem também ser formadas por outros processos, essas características são necessárias, mas não constituem evidência suficiente de que esse processo particular tenha operado. A estimati va do grau de necessidade e de suficiência pode ser feita , segundo Adams ( 1985), por meio da ap licação das seguintes regras: I) se a caracterís ti ca é formada por ou associada ao processo: a necessidade é alta, se a fe ição ocorre comumente ou consistentemente; intermediária, se aparece em algu ns ca os ; e baixa, se ocorre apenas raramente; marce Realce marce Realce Minérios e ambiente 2) se a carac terísti ca é produz ida somente pe lo processo, não existem processos alternati vos plausíveis e re fl ete aspectos significantes do processo: a suficiência é alta , inrennediária ou ba ixa, se também ocorre, respectivamente, e m quase todos os casos, em alguns casos ou raramente. Para que uma determinada caracterís ti ca (ou atributo ) seja li stada como critério diagnóstico, impõe-se que ela alcance pelo menos um grau alto de necess idade ou de uficiênc ia. Se isso não ocorrer, a característi ca é li stada como critério permissi vo . O método de Adams promove hi póteses múltiplas de trabalho e leva em conta todos os dados relevantes existentes sobre os depós itos, numa tentativa de corrig ir a te ndência natural de o geólogo construir modelos negligenciando os testes de consistênc ia dos mesmos. Como fo i dito antes, então, um modelo descriti vo constitui uma listagem dos critéri - os diagnósticos de um determinado tipo de depósito. Um modelo exploratório deve in- cluir os cri térios de mais a lto grau de necessidade e suficiência poss ível para cada proces- so de fo rmação de depósito, ou seja, ele con tém o mínimo de critérios diagnósticos em função dos quais a exploração mineral será planejada, visando a avaliaçao da favorabilidade de uma área para um determ inado tipo de depósito. 6. O modelo teor/tonelagem O modelo teor/tonelagem é apresentado em forma de gráfico com o objeti vo de fac ilitar a comparação entre os diferentes tipos de depósitos. As fontes dos dados de teores e tonelagens são a lite ratura e os bancos de dados de recursos minerais. Nesses gráficos, os logaritmos dos teores ou das tonelagens de todos os depós itos conhecidos de um determinado tipo, em bases mundiais, são representados nas abc issas, e as proporções acumuladas do número de depós itos são lançadas nas ordenadas. Para maior confiança nesses modelos, recome nda-se que cerca da metade do número dos depósitos seja maior e menor que a mediana do teor e da tonelagem. Na Figural7 .2, estão representadas as tonelagens de 11 8 depósitos de ouro e m veios de quartzo com sulfetos de todo o mundo. Com base nesse gráfico, e assumindo que a distribuição é lognormal, é possível estimar que a probabi lidade de encontrar depós itos desse tipo com mais de 41 miltoneladas é de 50%, com mais de I ,3 Mt é de 10% e assim por diante. Na Fig ura 17 .3 , es tão representados os teores de ouro nos minérios dos mesmos depós itos de ouro do diagrama anterior. Com um raciocínio aná logo, é poss ível es timar que a probabi lidade de encontrar depósitos desse tipo com teores superiores a 14 g/ t Au é de 50%, com teores superiores a 38 g/t Au é de I 0% e assim por diante . Esses modelos, evidentemente, devem ser usados com cautela, especialmente quando o número de casos descritos é pequeno. marce Realce Bernardino Ribeiro Figueiredo (f) ~ (f) ·O a. Q) "'O Q) "'O o IC\l <> .._ o a. o .._ a.. 1.0 l 'o ' ' o •o •o od' 0.9 o (f) 0.8 g (f) 0.7 ·o a. Q) "'O (f) 0.6 o "'O o 0.5 IC\l <> I o a. 0.4 I o .._ a.. ~ 0.3 0.2 0.1 l___j ~ ~ o o o o o o <D o o c:i c:i c:i ~-, T T n=118 o o o - - - - - - - - - --- __[______ l{) N <D C> o Tonelagem (em milhões) .. L o o l{) o N O Figura 17.2 - Relação tonelagens versus freqüência acumulada de 118 depósitos de ouro em veios de quartzo e sulfetos em bases mundiais (fonte: Cox e Singer, 1986). 1.0 o o ""8o o 0.9 n=11 8 o~ • I ~~-- ---- - - - - --- - - -------- -- - ----- ----- - ---- ----- ------- % 0.8 0.7 - 0.6 0.5 0.4 - 0.3 0.2 0.1 5.3 14 2.6 4 5.8 7.8 10 13 16 19 23 27 31 36 41 46 52 58 64 Teor Au (g/t) Figura 17.3- Relação teores versus freqüência acumulada de I 18 depósitos de ouro em veios de quartzo e sulfetos em base mundial (fonte: Cox e Singer, 1986). 313 31-+ Minérios e ambiente 7. O modelo de probabilidade de ocorrência A elaboração de modelos geo lógicos determinísticos, que é orientada para a identi - ficação de regiões que dupliquem ao máximo as características metalogenéticas de regiões portadoras de j azidas minerai s, denominadas áreas modelo, representa a essência do racio- cínio dos geólogos exploracionistas. A abordagem quantitativa na avaliação do potencial mineral de regiões, por meio do processamento de um grande número de vari áveis disponíveis e do teste automatizado de diversos modelos de distribuição de depósi tos, atenua as limitações inerentes às compara- ções manuais entre ambientes geológico-tectônicos para fins de exploração mineral. Porém, por mais sofisticadas que sejam as metodologias utilizadas nessas comparações, continuarão existindo todavia duas dificuldades que precisam ser levadas em conta. Segundo Agterberg ( 198 1 ), uma ou mais feições importantes dos metalotectos podem não ter s ido ainda percebidas pelos geólogos, devido ao estágio insuficiente do conhecimento. Por outro lado, uma ou mais jazidas minerais importantes podem não ter s ido a inda descobertas na área-modelo, resultando numa subestimação do seu potencial mineral, tomado como referência. Propostas de modelos quan titativos para avaliação do potencial mineral de regiões encontram-se descritas em uma vasta literatura, produzida especia lmente nos últimos 20 anos (Gáal e Merrian, 1990; Merrian , 1981; Harris, 1984 ). Resumidamente, os modelos de probab ilidade de ocorrência visam à obtenção de mapas com a localização das áreas mais favo ráveis para a descoberta de novas j az idas minerais de um determi nado tipo e bem mineral de interesse. Comumente, a região pesquisada é di vidida em células, cujo número e di mensões devem ser determinados em função da área total e da intensidade de conhec imento geoló- g ico alcançado na região. Na Fig ural7.4 (a), está representada urna área de 17.850 km2 da Lapônia central, norte da Finlândi a, que foi estudada por Gáal (1984). Essa área foi dividida em 732 células com dimensões 5 km2 x 5 km2, aproximada- mente idênticas às folhas topográficas 1:10.000 da Finlândia. Cada célula foi definida por meio da combinação de 58 variáveis: geológicas (litologias e estruturas), geoquírnicas (amos- tras de tilito para 17 elementos), geofísicas (levantamentos aeromagnético e grav imétrico) e de mineralizações (depósitos, indícios e blocos mineralizados). Nesse estudo particular, o método estatístico escolhido foi a análise característica, e o programa utili zado foi o NCHARAN, desenvolvido pelo Serviço Geológico da Noruega. Segundo esse procedimento, as variáveis são transformadas em binários:+ 1, se presente, e -1 , se ausente, para cada célul a. Previamente são processadas as células-modelo ou de referência, que podem ser de- finidas interna ou externamente. As células-modelo definidas internamente são aquelas que contêm depósitos conhecidos do tipo e bem mineral de interesse. Quando essa condição não se cumpre, faz-se então necessário selecionar variáveis a partir de outros ambientes geológico- tectônicos , portadores de jazidas. e definir, na região, as células que du pliquem ao máx imo essas características. marce Realce Benumlino Ribeiro Figueiredo Em seguida, é calcu lado o grau de associação entre o conjunto de célu las da área global e as células-modelo. Esse grau de assoc iação é expresso em índices de favorabi lidade que são agru pados em várias c lasses co rrespondentes aos níve is de probabilidade. Se as células com índices mais altos se agrupam, isso pode indicar a coerência do modelo utilizado. Essas áreas devem e ntão ser revisitadas para reconhecime nto de detalhe, e os controles metalogenéticos devem ser mais bem pesquisados antes de recomendar-se a intensificação dos trabalhos exploratórios. Na F igura l7.4 (b), es tão representadas as áreas metalogené ticas mais prováve is para Cu, V, Au e Ni , as quais representam menos de l 0 % da reg ião pesquisada . A fa ixa mais interessante para Cu, V e Au segue um trend NW, com l 0-20 km de largura e 215 km de ex tensão, e parece es tar controlada por uma estrutura reg ional importante represen- tada pe la falha Kitti la-Salla. Na remobilização do ouro, também deve ter j ogado um papel importante a intrusão do granitóide da Lapônia central , localizado mais ao sul. Por outro lado , as áreas favo ráve is para depósitos de níquel parecem estar assoc iadas a um trend b) Cu---- AU······················ Ni-- - Zn-·- ·- - ·- ·· v ... -- ... I I • - 1 Figura 17.4 - Potencialidade metalogenética para Au , Cu, Zn, Ni e V em uma área da Lapônia central , norte da Finlândia: a) locali zação da <1 rea de 17.850 km~. que foi dividida em 732 células com dimensões aproximadas de 5 km2 x 5 km~; b) agrupamento de células que revelaram alta potencialidade para os vários metais. nas quais devem se concentrar os estudos exploratórios das etapas subseqüentes (fonte: Gáal. 1984). 3 1-1- Minérios c ambiente 7. O modelo de probabilidade de ocorrência A elaboração de modelos geológ icos determinísti cos, que é orientada para a identi - ficação de regiões que dupliquem ao máximo as característi cas metalogenéticas de regiões portadoras de j azidas minerais, denominadas áreas modelo, representa a essência do racio- cínio dos geólogos exploracionistas . A abordagem quanti tativa na avali ação do potencial mineral de regiões, por me io do processamento de um grande número de vari áveis di sponíveis e do teste automatizado de diversos modelos de distribuição de depós itos, atenua as limitações inerentes às compara- ções manuais entre ambientes geo lógico-tectônicos para fins de exploração mineral. Porém, por mais sofisti cadas que sejam as metodologias utilizadas nessas comparações, continuarão existindo todavia duas dificuldades que precisam ser levadas em conta. Segundo Agterberg (198 1 ), uma ou mais fe ições importantes dos metalotectos podem não ter sido ainda percebidas pelos geólogos, devido ao estágio insuficiente do conhecimento. Por outro lado, uma ou mais j azidas minerais importantes podem não ter s ido ainda descobertas na área-modelo, resultando numa subestimação do seu potencial mineral, tomado como referência. Propostas de modelos quantitati vos para avaliação do potencial mineral de regiões encontram-se descri tas em uma vastaliteratura, produzida especialmente nos últimos 20 anos (Gáal e Merrian, 1990; Merrian, 198 1; Harr is, 1984 ). Resumidamente, os mode los de probab ilidade de ocorrência visam à obtenção de mapas com a localização das á reas mais favo ráveis para a descoberta de novas j az idas minerai s de um determinado tipo e bem mineral de interesse. Comumente, a região pesquisada é d ividida em células, cujo número e dimensões devem ser determinados em função da área total e da intensidade de conhecimento geoló- gico alcançado na região. Na Fig ura 17.4 (a), está re presentada uma área de 17.850 km2 da Lapônia central , norte da Finlândia, que foi estudada por Gáal (1984 ). Essa área foi dividida em 732 células com dimensões 5 km2 x 5 km2, aprox imada- mente idênticas às folhas topográfi cas 1: 10.000 da Finlândia. Cada célula foi definida por meio da combinação de 58 variáveis: geológicas (litologias e estruturas), geoquímicas (amos- tras de tilito para 17 elementos), geofísicas (levantamentos aeromagnético e gravimétrico) e de mineralizações (depósitos, indícios e blocos mineralizados). Nesse estudo particular, o método estatístico escolhido fo i a análise característica, e o programa utilizado foi o NcHARAN, desenvolvido pelo Serviço Geológico da Noruega. Segundo esse procedimento, as variáveis são transformadas em binários: + 1, se presente, e - 1, se ausente, para cada célula. Previamente são processadas as células-modelo ou de referência, que podem ser de- finidas interna ou externamente. As células-modelo definidas internamente são aquelas que contêm depós itos conhecidos do tipo e bem mineral de interesse. Quando essa condição não se cumpre, faz-se então necessário selec ionar variáveis a parti r de outros ambientes geológico- tectônicos, portadores de j az idas . e definir, na região, as células que du pliquem ao máx imo essas características. Bernardino Ribeiro Figueiredo 315 E m seguida, é ca lculado o g rau de associação entre o conjunto de células da á rea global e as células- modelo. Esse grau de associação é expresso em índices de favorabi lidade que são agrupados em várias c lasses correspondentes aos níveis de probabilidade. Se as células com índices mais altos se agrupam, isso pode indicar a coerência do modelo utilizado. Essas áreas devem e ntão ser rev is itadas para reconhecimento de detalhe , e os contro les metalogenéticos devem ser mais bem pesquisados antes de recomendar-se a intensificação dos trabalhos exploratórios. Na F igural 7.4 (b) , es tão representadas as áreas metalogenéti cas mais prováveis para Cu, V, Au e Ni, as quais representam menos de 10% da região pesquisada. A faixa mais interessante para C u, V e Au segue um trend NW, com 10-20 km de largura e 2 1 S km de ex tensão, e parece es ta r con tro lada por uma estrutura reg ional importante represen- tada pe la falha Kittil a-Salla. Na remobi lização do ouro, tam bém deve ter j ogado um papel importante a in trusão do grani tó ide da Lapônia central, locali zado mais ao suL Por outro lado , as áreas favoráve is pa ra depósitos de níquel parecem estar associadas a um trend b) Cu - --- Au---············· ······ Ni-- - Zn - -- -- -- ·- ·· v ... -- . ,! Figura 17 .4 - Potencia lidade meta logenética para Au. Cu, Zn, Ni e V em uma área da Lapônia central, norte da Finlândia: a) localização da úrea de 17.850 km2, que foi dividida em 732 células com d imensões aproximadas de 5 km2 x 5 km 2; b) agrupamento de células que reve laram alta potenc ialidade para os vários metais, nas quais devem se concentrar os estudo~ exploratórios das etapas subseqüentes (fonte: Gáal. 1984) . 3 16 Minérios e ambienle estrutural NE-SW, coincidente com a direção dos contatos litológicos nos greenstone belts situados na parte leste da reg ião es tudada. Atualmente, os proced imentos para a aplicação de modelos de probabilidade de ocorrência vêm se tornando mais acess íveis graças ao desenvolvimento dos sistemas georre- ferenciados de informações (SGI ) (Wadge, 1992; Bonham-Carter et al., 1993; Silva, 1999). Entretanto, vale nota r que uma grande atenção deve ser dada aos as pectos mais críti cos da e laboração dos modelos de probabilidade de ocorrência, que são a seleção, definição e ponderação das variáveis utilizadas e a análise de consistência que é requerida tanto para a escolha das cé lulas-modelo como para a inte rpretação dos resultados e apre- sentação dos mapas metalogené ticos probabil ísticos. Esses mapas, segundo Bonham-Carter et ai. ( 1993), agrupam-se em dois tipos: aqueles que usam os depósitos minera is conhecidos na área para es tabelecer a relação entre minerali zação e potencialidade metalogené tica de áreas contíguas (data driven) e aqueles que usam os modelos de depósitos para decidir sobre a importânc ia relativa das feições mapeáve is de previs ionais (knowledge driven). Os s istemas espec ialis tas do tipo Prospector II do Uses constituem sistemas interativos (knowledge driven) que contêm dezenas de modelos de depósitos minerai s em sua base de dados para consulta dos geólogos exploracionistas. Parece aconselhável que os geólogos que se dedicam à exploração mineral e laborem os modelos descri tivo-genéticos e de teor/tonelagem, para o tipo de depósito e bem mineral de interesse, an tes de partir para a tarefa mais complexa de aplicação de modelos probabi- lísticos. Beurlen ( 1987) chama a atenção para a possibilidade de elaborar mapas previsonais e os modelos ele probabilidade ele ocorrência diretamente a partir dos modelos descriti vos, ev itando assim as controvérsias e subjeti vidades a que estão sujeitos os modelos genéticos. Essa idé ia em parte se confirma no exemplo, exposto anteriormente, do mapa pre- visional ela Lapônia central, norte da Finlând ia, produzido por Gáal ( 1984) e em um grande número de trabalhos realizados em todo o mundo, incluindo as mais recentes aplicações de sensoriamento remoto e SGis. O uso de modelos genéticos é fortemente defendido por Barton ( 1993 ), en tre o utros autores, porque contempla as indagações sobre os prováveis processos de formação dos depósitos, permitindo assim diferenciar os atributos diagnósti- cos dos permiss ivos ou inc identais. É evide nte que os modelos exploratórios que se ancoram no raciocínio geológico aprofundado, tirando partido do conhecimento acumulado de várias gerações de geólogos em todo o mundo , oferecem menos riscos de insucesso e prejuízos financeiros para as empresas. Freqüentemente são relatadas descobertas de jazidas minerais que resultaram de campanhas exploratóri as desencadeadas com o objetivo de locali zar depósitos de tipos diferentes dos que foram realmente encontrados. Por me io do conhecimento dos processos formadores de depósitos (variabilidade de fontes de fluidos e metais, mecanismos múltiplos ele deposição do minério e tc.) e da geologia da á rea, os geólogos fo ram capazes, nesses casos, de entender e avaliar a importânc ia das suas descobertas. Chung et ai. ( 1992) estabe leceram uma relação quantitati va entre modelos de depó- sitos minerais stricto sensu, mapeamento geológico e exploração mineral e demonstraram Bernardino Ribeiro Figueiredo 317 que um atributo di agnóstico (necessário) de um determinado tipo de depós ito, reconhec ível nas proximidades do corpo mineral , pode não ser diagnósti co (sufic iente) para áreas com alta potencialidade para depós itos do mesmo tipo. Dessa form a, esses autores fazem a distinção entre os critérios diagnósticos que discriminam áreas mineralizadas de áreas estéreis e aqueles que servem para caracterizar tipos de depósitos. Aparentemente, esse autores não levaram em conta o caráter dinâmico dos mode los de depósitos minerais, os quai s vão se aprimorando e ganhando em robustez a cada novo depósito descoberto do mesmo tipo. Por me io dos modelos de probabilidade de ocorrên- cia, é poss ível li star as variáveis (geológicas, geoquímicas, geofís icas, espectra is e tc.) que contribuemcom maior peso para a seleção das áreas mais favoráveis. Obviamente q ue essas características ou variáve is devem ser incorporadas aos modelos descriti vo-genéticos desses depósitos minerais. O uso do termo "descritivo-genético", que foi freqüente ao longo dos vários capítulos deste li vro , faz referência ao fa to de que os modelos nunca são puros , exc lusivamente "descriti vos" ou "genéticos". A questão importante de ser assinalada é que muitas vezes os geólogos, em nome de uma obje ti vidade "descritiva", não se dão ao trabalho de pesqui sar os prováveis processos que ão responsáveis por este ou aquele atributo o u fe ição o u estilo de mineralização. O grande impacto na comunidade geo lógica causado pelos trabalhos de Adams ( 1985 ), Cox e Singer ( 1986) e vários outros, produzidos no âmbito do Progra- ma de Modelos de Depósitos da Iuas-UNEsco (Cunningham e t a i, 1993), foi o de chamar a atenção para o entendimento dos processos geológicos de formação de depósitos minerai s. Isso , na realidade. nada tem de original , a não ser o fato de que ocorreu em plena e ra da informação, quando a capacidade dos geólogos de tratar grandes quantidades de dados aumentou na mesma proporção que os riscos de acred itar piamente ne les. 8. Aplicações de Sensoriamento remoto na construção de modelos exploratórios Sensoriamento remoto é a área do conhecimento que abranje a aquis ição, processa- mento e interpretação de imagens da superfície terrestre a partir de satélites (Landsat, Spot, imagens de radar) e aviões (sistemas hiperespectrais do tipo A viris e também radar) , que registram a interação da matéria com energia eletromagnética, nos intervalos espectrais do vis ível, infravermelho refletido e termal , e pancromático, com resoluções no terreno de 30 m x 30 m (Landsat 7), 20m x 20 m (Spot e A viri s) até as imagens mais recentes com resolução de S m x S m (Crósta, 1992; Sabins, 1999). As aplicações das técnicas baseadas no processamento de imagens de sensoriamente remoto e integração com o utros dados corre lac ionáveis na const rução de mode los ex- ploratórios já fazem parte da rotina de e mpresas e centros de pesqu isa de ponta, inc luindo algu ns laboratórios bras ile iros. Fundamentalmente, o sensori amento remoto tem auxili ado o mapeame nto geológico e a indentificação de falhas e zonas de c isalhamento e m que se marce Realce marce Realce I , I Minérios e ambiente loca li zam uma variedade de depósitos minerais. Mais recentemente, por meio do uso de imagens obtidas por sensores de alta resolução espectral, tem sido poss íve l reconhecer halos de alteração hidrotermal eventualmente associados a certos tipos de depós itos mine- rai s. Adicionalmente, o tratamento adequado de imagens pode permitir ainda d iscrimina r entre coberturas vegetai s de diferentes unidades geológicas e áreas minerali zadas e es té- reis para um determinado tipo de depósito mineral (Souza Filho et a i. , 1999; Sabi ns, 1999). Um exemplo prático do elevado potencial das técnicas atuais foi a proposta de um modelo exploratório para depósitos auríferos do tipo Morro do Ouro (Paracatu e Luziânia. MG), originada do trabalho de Swalf, Crósta e Souza Filho (1999) . Esses autores utili zaram dados de sensores de bai xa e alta resolução, combinados com medições espect!·ais, rea li- zadas no campo e no laboratório, em materiais (solos, rochas e testemunhos de sondagens) constituídos de diversas associações minerais. Essas medições espectrais foram realizadas com um espectrorradiômetro FieldSpec FR, que cobre o intervalo de 0,35 a 2,5 ~m do espectro e letromagnético. Os dados foram posteriormente tratados pelas diversas metodo- logias da espectrometri a de refletância, ass im como foram testados vários procedimentos estatísticos de processamento das imagens disponíveis. Os resultados revelaram ser possível diferenciar as paragêneses de origem hidrotermal, mais próximas das mineralizações, das paragêneses metamórficas que caracterizam as áreas estéreis, por meio do uso de sensores de a lta resolução espec tral (Aviris), além da detecção de áreas anômalas, es truturas e unidades geológicas por meio dos dados de sensores de baixa e média resolução (Landsat TM e Aster). As aplicações das técnicas de Sensoriamento remoto na construção de modelos ex- ploratórios, bem como a integração das assinaturas espectrai s de áreas com outros dados geológicos, geoquímicos e geofísicos em ambiente SJG, pressupõem o conhecimento dos modelos descritivo-genéticos dos depósitos minerais e , portanto , a realização de estudos de campo e laboratório que aprofundem o conhecimento dos depósitos minerais já desco- bertos. 9. Quais as principais aplicações dos modelos de depósitos minerais? As propostas atuais de elaboração de modelos de depósitos minerais são fortemente condicionadas pelos rápidos progressos na área de informática. Nesse novo padrão tecno- lógico, ao qual a geologia econômica vem se adaptando, o dado geológico só tem valor se organizado de forma a permitir o seu processamento e a sua conversão e m in fo rmação geológica, verificável, comparável e quantificável , se poss ível. A e laboração de modelos de depós itos minerais surge nos países desenvo lvidos, não apenas porque neles o acesso às facilidades computacionais ocorreu primeiro e a manu- tenção de bancos de dados geológi cos foi encarada como uma prioridade, mas ta mbé m - marce Realce marce Realce marce Realce Bernardino Ribeiro Figueiredo porque aí as fontes de suprimento de recursos minerais estão em vias de esgotamento. os problemas ambientais são críticos e as técnicas convencionais de exploração mineral tor- naram-se insatisfatórias. Porém o uso de modelos de depósitos minerais é altamente recomendáve l mesmo nos países em desenvovimento, porque, por meio deles , a experiênc ia internacional acu- mulada passa a ser tomada como referência para a descrição dos novos depósitos minerais. As peculiaridades dos novos distritos minerais podem se tornar mais nítidas , novos mode- los podem ser propostos e, com a inclusão de novas desc rições individuais, os modelos já propostos podem ganhar em robustez. A experiênc ia acu mulada pelos geólogos de exploração e de minas dos países em desenvolvimento é enorme. Porém a iniciativa de propor modelos de depósitos originais ou aperfeiçoamentos dos modelos já publicados está muito aquém daquela experiência. Essa aparente incapacidade para a inovação ocorre naturalmente em outros campos da ciê ncia e da técnica e não apenas na geologia econômica e, provavelmente, poderia ser atenuada se os esforços das empresas se harmonizassem com os de outras entidades, de natureza di s- tinta, como são as univers idades. As aplicações dos modelos de depósitos podem ser resumidas como segue. Em exploração mineral, os modelos mais úteis são os descri ti vo-genéticos, teor/tonelagem e de probabilidade de ocorrência. Os estudos quantitativos sobre a potencialidade mineral de regiões são também importantes para fins de previsão de suprimento e pl anejamento do uso e ocupação do so lo. O modelo de probabilidade de ocorrência e mode los espectrais oferecem para a indústria mineral uma base científica segura e rápida para o descarte de áreas e conseqüente economia de recursos. No ensino de geologia econômica e prospecção, os mode los considerados mais importantes são os descritivo-genéticos e o de quantificação de processos (cinética de reações, transferência de calor e de massa, transporte de fluidos e tc.). Todos os modelos são útei s para orientar a pesquisa científica, com destaque para os descritivo-genéticos, teor/tonelagem e de quantificação de processos. Existem inúmeras propostas de classificação de depósitos minerais à disposição dos geólogos. As mais úteis são aquelas que se baseiam nos atributos mais aparentes aos geó- logos de campo e que se caracterizam como predominantemente descritivas. As classifi- cações genéticas, por incluírem interpretações,permanentemente sujeitas a controvérsia, devem ser ev itadas. Algumas questões básicas sobre a origem e di stribuição dos depósitos minerais podem ser encontradas em Brown (1997). Nos modelos descritivo-genéticos, as propostas re lati vas à origem e evolução do depósito devem constar como comentários . sempre referidos a seus autores, e sujeitos à atualização periódica. A elaboração de modelos de depósitos minerais nos países e m desenvolvimento não deve ser desencorajada pela desconfiança, que muitas vezes procede, sobre a falta de qualidade dos dados geológicos que foram gerados nos projetos do passado. As técnicas de MDM servirão também para testar a qualidade desses dados e estim ar o grau de confiabilidade dos mes mos. O reaproveitamento da informação já reunida numa região marce Realce marce Realce marce Realce marce Realce 320 Minérios e ambiente deve inclusive anteceder e orientar a programação de novos estudos de campo e de laboratório, promovendo dessa forma economia de tempo e de recursos. A inexperiência na elaboração de modelos e na definição de tipologias de depósitos pode muitas vezes conduzir os geólogos por um raciocínio demasiado formalista e pragmá- tico de superestimação dos próprios modelos, prenúncio de grandes insucessos nas etapas seguintes da exploração mineral. Para diminuir os riscos de insucesso, é importante que se tenham presentes as limitações inerentes às várias classes de modelos. Na aplicação dos modelos descritivo-genéticos, muitas vezes não é dada a devida importância para as relações espaciais e temporais entre os vários tipos de depósitos pre- sentes na mesma unidade geológico- tectônica. Por outro lado, na elaboração dos modelos de probabilidade de ocorrência , muitas vezes não são enfatizados os aspectos genéticos e evolutivos dos depósitos minerais. Os impactos provocados a cada dia pelas novas interpretações sobre a evolução tectônica dos continentes, especialmente no pré-cambriano, e pelas novas interpretações sobre a gênese dos depósitos minerai s, especialmente a partir dos estudos isotópicos e de inclusões fluid as, por si sós já justificariam considerar os modelos de depósitos minerais como sistematizações incompletas e passíveis de aperfeiçoamento contínuo. O aprimoramento das técnicas de elaboração de modelos de depósitos minerais tem demandado uma intensificação nas pesquisas metodológicas nas áreas de análise de recursos minerais, geomatemática, bancos de dados, processamento digital de imagens, SGis etc. Entretanto, para que essas técnicas venham a representar uma contribuição efe- tiva para a exploração mineral, torna-se imprescindível contar com os resultados das pes- quisas convencionais, obtidos nas áreas de estudos tectônicos e metalogenéti cos regionais e de gênese e evolução de depósitos minerais. Donde se conclui que o uso de técnicas não convencionais em geologia econômica ao mesmo tempo estimula e se alimenta dos resul- tados de pesquisa obtidos por meio das técnicas convencionais, começando pelo uso da bússola e do martelo. Essa relação é possível e viável por meio da cooperação entre pro- fi ssionais e pesquisadores de várias especialidades . marce Realce Bernardino Ribeiro Figueiredo .:t2 1 Quadro 17 - ROTEIRO DE DESCRIÇÃO DE D E PÓSIT OS Nome do de pósito Lati tude/1 ongi tu de Toponímia/folha topográfica Município/estado/país Be ns minerais informar o be m mineral e tipo provável do depósito c oordenadas do depósito e descri ção da entidade locada nome da localidade e da folha na qual o depósito foi lançado nomes oficiais e atualizados produtos e su bprodutos Descrição do depósi to (texto livre) Unidades geológicas Tipos de rochas Es truturas Mineralogia das hospedeiras Idade das hosp edeiras Ambiê ncia tectônica 1 Mineralogia do minério Minerais de alteração Estruturas e texturas do minério Idade da mineralização Ambiência tectônica 2 Controles da mineralização Assinatura geoquímica Fluidos mineralizantes A ssinatura isotópic a Alteração supergênica Produção passada Reserva estimada D epósitos associados Outros depósitos s imilares Referênc ias formação, seqüê ncia , grupo, supergrupo etc. rochas hospede iras, encaixantes, intrusivas cisalhame nto, falhas, dobras etc ., em relação ao minério descrição por tipo litológico mineralizado idades e mé todos de datação tectôni ca durante a formação das rochas hospede iras mine rai s opacos e transparentes por modo de ocorrênci a assoc iações por zo na de alte ração bandado, f ilonar, substituição , exsolução etc. idades e métodos de datação tectônica durante a form ação do depósito controles li toestrati gráficos, estruturais etc. anomalias positivas e negati vas na á rea do depósito tipos de fluido s e s uas composições químicas co mposições isotópi cas de rochas, minerais e fluidos mineralogia, texturas e estruturas da alteração meteórica indicar as quantidades e o s períodos de produção quantidades por tipos de reserva , teores e ano outros depósitos na mesma área e unidade geológica outros depósitos do mesmo tipo no Brasil e no mundo Comentários (texto livre) publicações, mapas e web s ites 322 Minérios e ambiente Bibliografia recomendada AoAMS, S. 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