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EME005 – Tecnologia da Fabricação IV UNIFEI 1 Aula 5b – Fresamento de engrenagens cilíndricas de dentes retos 1. Introdução As engrenagens cilíndricas de dentes retos podem ter variações em sua forma, como mostra a Figura 1. Há engrenagens maciças com faces planas ou com cubo (em uma ou nas duas faces). Também há engrenagens onde o corpo é mais estrito que os dentes, para redução de peso. Para ter o peso mais reduzido temos as engrenagens com o corpo furado e com o corpo . Figura 1 – Engrenagens cilíndricas de dentes retos de diversos tipos Mas uma característica compartilhada por todos os modelos são os dentes. Para que o engrenamento ocorra de forma adequada é necessário que o perfil dos dentes seja correto. E, para isso, recorre-se à usinagem. Há equipamentos específicos para essa tarefa, que são as dentadoras. Mas neste texto abordaremos o uso da fresadora convencional. EME005 – Tecnologia da Fabricação IV UNIFEI 2 2. Dimensões das engrenagens de dentes retos As principais dimensões de uma engrenagem são sua largura, a altura do dente e os diâmetros interno, primitivo e externo, como mostra a Figura 2. As há outras informações importantes que influenciam a geometria: o módulo (M) e o ângulo de pressão (). Figura 2 – Principais dimensões de uma engrenagem de dentes retos 3. Os cálculos para engrenagens de dentes retos Para usinar uma engrenagem cilíndrica de dentes retos você deve saber, primeiramente, o número de dentes (Z) e o módulo (M). Com essas informações você poderá calcular a altura do dente (h) e o diâmetro externo (dext). As relações matemáticas são simples e estão listadas a seguir. Altura do dente: M*166.2h = (1) Diâmetro externo: )2Z(*Mext d += (2) Diâmetro primitivo: Z*Mpd = (3) Diâmetro interno: )h*2(extdintd −= (4) Espessura do dente: M*)10 a 6(b = (5) EME005 – Tecnologia da Fabricação IV UNIFEI 3 Com relação à espessura (ou largura) dos dentes uma Norma da ABNT define essa faixa de valores. Para que possamos fazer as mesmas adoções iremos adotar sempre o valor médio em nossos exercícios, ou seja, b = 8×M. A altura do dente pode variar conforme a norma adotada. Nós usaremos o valor apresentado, que está de acordo com a norma DIN/ABNT. As outras são: ASA (USA) h = 2,157 × M (6) ISO h = 2,25 × M (6) 4. O processo de fabricação de engrenagens de dentes retos O processo de fabricação de engrenagens pode partir de dois pontos: de uma peça fundida ou de uma barra (ou chapa) do material da engrenagem. No caso da peça fundida haverá muito menos operações, pois já terá várias geometrias planas. Devido a isso será descrita a fabricação a partir de uma barra cilíndrica. Vamos fazer um exemplo numérico para ficar mais interessante Os dados de partida serão: 51 dentes, módulo 3, ângulo de pressão 20º, espessura de 24 mm e furo de centro de 30 mm. O divisor universal possui constante igual a 40 e as seguintes carreiras de furos: 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 23, 27, 29, 31, 33, 37, 39, 41 43, 47 e 49. Conjunto de engrenagens (uma de cada): 20, 24, 28, 32, 34, 40, 44, 48, 52, 56, 60, 64, 72, 80, 86 e 100. Primeiramente será necessário tornear a peça de acordo com o desenho fornecido (face plana, com cubo, com furos...). Vamos definir que seja uma engrenagem maciça de faces planas. Mas, qual o diâmetro da barra de matéria prima será necessário? Basta calcular o diâmetro externo da engrenagem. dext = M × (Z + 2) = 3 × (51 + 2) = 159 mm Agora sabemos que a barra tem que ter diâmetro igual ou superior à 159 mm. Em termos comerciais as barras são comercializadas em polegadas. Podemos encontrar barras de 6 ¼ (equivalente à 158,75 mm) e 6 ½ (165,10 mm). Neste caso, a opção é pela barra de 6 ½ polegadas. EME005 – Tecnologia da Fabricação IV UNIFEI 4 Tendo selecionada a barra é necessário cortar um disco de espessura um pouco acima da largura dos dentes. Como a engrenagem tem dentes de 24 mm de espessura podemos cortar o disco com espessura entre 24,5 e 25 mm. Feito o corte tem-se o disco inicial. A próxima etapa é no torno. Primeiramente fazemos o faceamento de um dos lados, deixando a superfície plana, sem as marcas da operação de corte. Em seguida executa-se o faceamento do outro lado, deixando o disco com a espessura de 24 mm. Aproveita-se a fixação e usina-se o furo central de 30 mm. Por fim, fixando-se a peça pelo furo central, faz- se o torneamento do diâmetro externo até atingir o valor calculado: 159 mm. Pronto, o torno já fez sua parte e é hora de ir para a fresadora. Na fresadora precisaremos saber qual ferramenta escolher, qual a profundidade de corte e qual o giro da manivela entre um dente e outro. A ferramenta escolhida depende do número de dentes da engrenagem, conforme a Tabela 1. Tabela 1 – Dentes que podem ser feitos de acordo com o número da fresa Número 1 2 3 4 5 6 7 8 Dentes 12 e 13 14 à 16 17 à 20 21 à 25 26 à 34 35 à 54 55 à 134 135 à A fresa para executar a engrenagem de 51 dentes será a número 6 (20º). Já a altura do dente deve ser calculada. Temos: h = 2,166 × M = 2,166 × 3 = 6,498 mm Deve-se verificar, pelo catálogo do fabricante da ferramenta, qual a profundidade máxima de usinagem permitida. Provavelmente será necessário fazer duas ou três passadas de desbaste e uma de acabamento. Vamos supor que serão dois passes de 3 mm no desbaste e o passe final de 0.5 mm Falta agora calcular o giro da manivela. Temos então que: G = K / n = 40 / 51 = ... Veja que, pela divisão indireta não é possível fazer a divisão. Será necessário recorrer à divisão diferencial. Então vamos adotar n’ = 52. Temos então que: G = k / n` = 40 / 52 = 20 / 26 = 10/13 (fração mínima) = 30 / 39 EME005 – Tecnologia da Fabricação IV UNIFEI 5 Agora devemos calcular o trem de engrenagens para que faça a correção da diferença entre 51 e 52. Temos: I = (K / n`) × (n` - n) = (40 / 52) × (52 – 51) = 40 / 52 Temos essas duas engrenagens e, assim, teremos Za = 40 dentes e Zd = 52 dentes. Não precisamos das manipulações matemáticas para chegar a uma resposta de quatro engrenagens. E não podemos esquecer: “disco e manivela devem girar no mesmo sentido”. Agora, com tudo calculado, é hora das montagens na fresadora. Fixa-se a fresa (módulo 3, número 7, ângulo de pressão 20º) no mandril porta fresa e instala-se o mandril no eixo árvore. Fixa-se também a peça torneada entre o contra-ponto e o divisor universal. No divisor universal ajusta-se a manivela na careira de 39 furos e as pernas do compasso para um intervalo de 30 furos. Solta-se o disco para que ele possa girar. Instala- se as engrenagens do trem diferencial no divisor (Za = 40 dentes e Zd = 52 dentes). Verificamos se manivela e disco giram no mesmo sentido, como calculado. Se estiver invertido devemos instalar uma engrenagem intermediária. Em seguida ajustamos a rotação da fresa para desbaste (veremos como calcular isso futuramente) e posicionamos ela centrada na peça. Agora ajustamos a profundidade do primeiro passe (3 mm). Agora temos duas opções de procedimento: a) Usinamos os 3 mm, aprofundamos mais 3 mm e damos a segunda passada de desbaste. Agora mudamos a rotação da fresa para a velocidade de acabamento e aprofundamos 0.5 mm para terminar o primeiro vão. Em seguida retornamos para a altura de 3 mm para iniciar o desbaste da próxima usinagem e ajustamos a rotação para a velocidade de desbaste novamente. Giramos a manivela em 30 furos na carreira de 39 e batemos o compasso. Repetimos esse processo até o último dente ficar pronto.b) Usinamos os 3 mm e giramos a manivela em 30 furos na carreira de 39 furos. Batemos o compasso e fazemos a segunda usinagem. Repetimos até voltar ao início. Aprofundamos mais 3 mm para executar o segundo passe de desbaste em cada dente. Por fim, ajustamos a rotação da fresa para a velocidade de acabamento e aprofundamos a fresa em mais 0.5 mm. Usinamos todos os dentes novamente. Particularmente, prefiro esta opção. EME005 – Tecnologia da Fabricação IV UNIFEI 6 Veja, abaixo, um pequeno roteiro simplificado para usinar engrenagens cilíndricas de dentes retos, como explicado anteriormente. a) Preparar a matéria-prima. Em um torno usinar um disco do material solicitado com diâmetro de _____ mm, espessura de ____ mm e furo de centro de _____ mm. b) Preparar a fresadora na configuração horizontal com divisor universal e contra- ponto. Instalar fresa módulo _____, número _____, ângulo de pressão _____. c) Fixar a matéria-prima entre a placa do divisor universal e contra-ponto. d) Selecionar a face do disco divisor que tenha uma carreira de _____ furos. Ajustar a manivela para esta carreira de furos. e) Ajustar o compasso do divisor universal para um intervalo de _____ furos. f) Instalar o trem diferencial, sendo: Za=______, Zb=______, Zc=________ e Zd=_______. g) Verificar se disco e manivela giram ____________________________. h) Centrar a fresa em relação à matéria-prima por meio da manivela responsável pelo movimento horizontal transversal. i) Ajustar a rotação da fresa para ______ rpm e avanço automático para ______ mm/min. j) Ajustar a profundidade de corte do primeiro passe em _____ mm. Este processo consiste em tocar a fresa na matéria-prima e zerar o colar do movimento vertical. Afasta-se então a fresa com o movimento horizontal longitudinal e aplica-se a profundidade desejada, novamente com o movimento vertical. k) Ligar rotação da fresa e em seguida o avanço automático. l) Quando o vão estiver usinado, desligar o avanço automático e retornar manualmente a fresa para a posição inicial. Girar a manivela em ________ e retornar ao item anterior até usinar toda a engrenagem. EME005 – Tecnologia da Fabricação IV UNIFEI 7 m) Aplicar a próxima profundidade de usinagem. Caso seja o passe de desbaste, alterar a velocidade de rotação para ______ rpm e a velocidade de avanço para ________ mm/min. Voltar ao item k até que a engrenagem esteja totalmente usinada. 5. Comentários finais Os cálculos relacionados às engrenagens cilíndricas de dentes retos são simples e o procedimento de fresamento não é complexo, apesar de longo e repetitivo. Porém, é importante conhece-lo, pois é uma atividade que requer atenção para não se perde, principalmente no giro da manivela. Um erro em um dos giros irá inutilizar a peça, além de desperdiçar o tempo (da máquina e do operador) e material (matéria-prima, fluido refrigerante).. Prof. Dr. José Hamilton Chaves Gorgulho Júnior UNIFEI – IEPG 23 de abril de 2020 Regime de Tratamento Especial (RTE) pelo Covid-19 EME005 – Tecnologia da Fabricação IV UNIFEI 8 Aula 5b – Exercícios de engrenagens de dentes retos Calcule os dados necessários para a execução das engrenagens de dentes retos listadas no quadro. Considere que todas têm ângulo de pressão de 20º e K = 40. Carreiras de furos: 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 23, 27, 29, 31, 33, 37, 39, 41, 43, 47 e 49. Nestes exercícios não serão necessários os cálculos de divisão diferencial, já que o foco são os cálculos relacionados às engrenagens. M Z Fresa N° h (mm) dext (mm) dp (mm) G 1 110 2 100 3 90 4 80 5 70 6 60 7 50 8 40 3 28 7 18 Prof. Dr. José Hamilton Chaves Gorgulho Júnior UNIFEI – IEPG 23 de abril de 2020 Regime de Tratamento Especial (RTE) pelo Covid-19 EME005 – Tecnologia da Fabricação IV UNIFEI 9 Aula 5b – Respostas dos exercícios de engrenagens de dentes retos Calcule os dados necessários para a execução das engrenagens de dentes retos listadas no quadro. Considere que todas têm ângulo de pressão de 20º e K = 40. Carreiras de furos: 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 23, 27, 29, 31, 33, 37, 39, 41, 43, 47 e 49. Nestes exercícios não serão necessários os cálculos de divisão diferencial, já que o foco são os cálculos relacionados às engrenagens. M Z Fresa N° h (mm) dext (mm) dp (mm) G 1 110 7 2,166 112 110 12/33 2 100 7 4,332 204 200 8/20 3 90 7 6,498 276 270 12/27 4 80 7 8,664 328 320 10/20 5 70 7 10,830 360 350 28/49 6 60 7 12,996 372 360 26/39 7 50 6 15,162 364 350 16/20 8 40 6 17,328 336 320 1 3 28 5 6,498 90 84 1+21/49 7 18 3 15,162 140 126 2+6/27 Prof. Dr. José Hamilton Chaves Gorgulho Júnior UNIFEI – IEPG 23 de abril de 2020 Regime de Tratamento Especial (RTE) pelo Covid-19
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