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Água nos Solos Professor: Guilherme Mussi Mecânica dos Solos - Universidade Estácio de Sá Água nos Solos 2 Guilherme Mussi Água nos Solos 1. Fluxo Unidimensional • Conceito de carga hidráulica 2. Permeabilidade dos Solos • Lei de Darcy; • Determinação do coeficiente de permeabilidade; • Permeabilidade em solos estratificados 3. Tensões de Percolação 4. Gradiente Crítico 5. Redução do Gradiente de Saída Água nos Solos 3 Guilherme Mussi Permeabilidade dos Solos • Frequentemente, a água ocupa a maior parte ou a totalidade dos vazios do solo; • Quando a água está submetida a uma diferença de potencial hidráulico, desloca-se pelos poros interconectados; A B • Permeabilidade é a medida da capacidade (facilidade) que um solo tem de permitir a passagem de um determinado fluido; • A permeabilidade de um solo (coeficiente de permeabilidade) é simbolizada pela letra k; • Condutividade Hidráulica é um termo análogo a permeabilidade, porém mais utilizado para fluxos em solos não saturados; • Percolação é a ação do fluxo da água através do solo. Água nos Solos 4 Guilherme Mussi Importância do Estudo da Permeabilidade dos Solos A Permeabilidade intervém em vários problemas práticos da engenharia geotécnica: • Estimativa de fluxo e vazões sob ou através de barragens, escavações; • Instalação de poços de bombeamento e rebaixamento do lençol freático; • Dimensionamento de sistemas de drenagem • Análise de recalques por adensamento; • Estabilidade de taludes; • Análise da possibilidade de ocorrência de problemas de instabilidade hidráulica no meio poroso (levantamento de fundo de escavações, areia movediça); • Controle da erosão interna (“piping”); • Transporte de contaminantes pelo subsolo. Água nos Solos 5 Guilherme Mussi Carga Hidráulica • Para o estudo do movimento de água é necessário conhecer seu estado de energia, ou seja, seu potencial. O movimento de água pode ser estudado como a resultante de uma diferença de potencial, tomado sempre em relação a um referencial; • No estudo de fluxos de água, é conveniente expressar as componentes de energia pelas correspondentes cargas em termos de altura de coluna d’água (energia por unidade de peso); • Equação de Bernoulli - Válido para nos fluxos laminares (linhas de fluxo não se interceptam) sob regime estacionário (as características do escoamento não variam com o tempo) para fluxos e fluidos ideais. 𝑪𝒂𝒓𝒈𝒂 𝑯𝒊𝒅𝒓á𝒖𝒍𝒊𝒄𝒂 𝑻𝒐𝒕𝒂𝒍 = 𝑪𝒂𝒓𝒈𝒂 𝑨𝒍𝒕𝒊𝒎é𝒕𝒓𝒊𝒄𝒂 + 𝑪𝒂𝒓𝒈𝒂 𝑷𝒊𝒆𝒛𝒐𝒎é𝒕𝒓𝒊𝒄𝒂 + 𝑪𝒂𝒓𝒈𝒂 𝑪𝒊𝒏é𝒕𝒊𝒄𝒂 𝑯 = 𝒁 + 𝒖 𝜸𝒘 + 𝒗𝟐 𝟐𝒈 𝑯 = 𝒉𝒆 + 𝒉𝒑 + 𝒉𝒗 Água nos Solos 6 Guilherme Mussi Carga Hidráulica – Equação de Bernoulli 𝑯 = 𝒁 + 𝒖 𝜸𝒘 + 𝒗𝟐 𝟐𝒈 • A carga altimétrica é simplesmente a diferença de cota entre o ponto considerado e qualquer cota definida como referência; • A carga piezométrica é a poropressão (u) no ponto considerado dividida pelo peso específico da água (γw); • Em fluxos de água pelos solos, a carga cinética é desprezível, visto que as velocidades são muito baixas. 𝑯 = 𝒁 + 𝒖 𝜸𝒘 0 B Referência ZA A ZB 𝒖𝑨 𝜸𝑨 𝒖𝑩 𝜸𝑩HA HB • A perda de carga (Δh) entre dois pontos A e B pode ser dada por: 𝚫𝒉 = 𝑯𝑨 −𝑯𝑩 = 𝒁𝑨 + 𝒖𝑨 𝜸𝒘 − 𝒁𝑩 + 𝒖𝑩 𝜸𝒘 Δh L Água nos Solos 7 Guilherme Mussi Carga Hidráulica – Equação de Bernoulli B Referência ZA A ZB 𝒖𝑨 𝜸𝑨 𝒖𝑩 𝜸𝑩HA HB 𝚫𝒉 = 𝑯𝑨 −𝑯𝑩 = 𝒁𝑨 + 𝒖𝑨 𝜸𝒘 − 𝒁𝑩 + 𝒖𝑩 𝜸𝒘 Δh L A perda de carga (Δh) pode ser expressa de forma adimensional pelo gradiente hidráulico (i): 𝒊 = 𝚫𝒉 𝑳 onde: L é a distância entre os pontos A e B, ou seja o comprimento no qual a perda de carga (Δh) ocorre. Ou seja, o gradiente hidráulico (i) é a carga que se dissipa na percolação pela distância ao longo da qual a carga se dissipa. Sempre que houver diferença de cargas totais entre dois pontos = HAVERÁ FLUXO Sentido do fluxo: Ponto de Maior Carga Ponto de Menor Carga Água nos Solos 8 Guilherme Mussi Exemplos de Determinação da Carga Total Água nos Solos 9 Guilherme Mussi Exemplos de Determinação da Carga Total Ref Ponto A Altimétrica (he) = 0; Piezométrica (hp) = L + z; Carga total (HA) = L + z. Ponto B Altimétrica (he) = L; Piezométrica (hp) = z; Carga total (HB) = L + z. A B PONTO he (cm) hp (cm) H (cm) A 0 L + z L + z B L z L + z Portanto: Δh = HA – HB = (L + z) - (L + z) Δh = 0 Logo, não ocorre fluxo A’ Água nos Solos 1 0 Guilherme Mussi Exemplos de Determinação da Carga Total Ponto A Altimétrica (he) = 0; Piezométrica (hp) = L + z + h; Carga total (HA) = L + z + h. Ponto B Altimétrica (he) = L; Piezométrica (hp) = z; Carga total (HB) = L + z. PONTO he (cm) hp (cm) H (cm) A 0 L + z + h L + z + h B L z L + z Portanto: Δh = HA – HB = (L + z + h) - (L + z) Δh = h Ocorre fluxo do ponto A para o ponto B. Fluxo Ascendente Ref A B A’ Água nos Solos 1 1 Guilherme Mussi Exemplos de Determinação da Carga Total Ponto A Altimétrica (he) = 0; Piezométrica (hp) = L + z - h; Carga total (HA) = L + z - h. Ponto B Altimétrica (he) = L; Piezométrica (hp) = z; Carga total (HB) = L + z. PONTO he (cm) hp (cm) H (cm) A 0 L + z - h L + z – h B L z L + z Portanto: Δh = HB – HA = (L + z) - (L + z - h) Δh = h Ocorre fluxo do ponto B para o ponto A. Fluxo Descendente Ref A B A’ Água nos Solos 12 Guilherme Mussi Exemplos de Determinação da Carga Total A partir dos exemplos anteriores podem ser tiradas as seguintes conclusões: a) hp, he e H podem ser negativas; b) Só ocorre fluxo quando existe perda ou diferença de carga (Δh) entre dois pontos; c) A perda de carga se dá nos meios porosos (solos); d) O fluxo ocorre do ponto de maior carga total, H, para o ponto de menor carga total. Água nos Solos 13 Guilherme Mussi Exercício 1 No permeâmetro abaixo considere L = 50 cm, z = 24 cm e h = 14 cm. Determine: a) qual sentido do fluxo; b) a carga altimétrica, piezométrica e total em um ponto X no interior do solo, numa altura de 12,5 cm acima da peneira Ponto A Altimétrica (he) = 0 Piezométrica (hp) = 50 + 24 + 14 = 88 cm Carga total (HA) = 88cm Ponto B Altimétrica (he) = 50 cm; Piezométrica (hp) = 24 cm; Carga total (HB) = 74 cm. PONTO he (cm) hp (cm) H (cm) A 0 88 88 B 50 24 74 Portanto: Δh = HA – HB = 88 - 74 Δh = 14 cm Ocorre fluxo do ponto A para o ponto B. Fluxo Ascendente Ref A B A’ Água nos Solos 14 Guilherme Mussi Exercício 1 No permeâmetro abaixo considere L = 50 cm, z = 24 cm e h = 14 cm. Determine: a) qual sentido do fluxo; b) a carga altimétrica, piezométrica e total em um ponto X no interior do solo, numa altura de 12,5 cm acima da peneira PONTO he (cm) hp (cm) H (cm) A 0 88 88 B 50 24 74 X 12,5 ? ? Ref A B A’ X 12,5 𝑖 = 𝛥ℎ 𝐿 = 14 50 = 0,28 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑐𝑒𝑛𝑡í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑜, 𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑠𝑒 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑖𝑝𝑎 0,28 𝑐𝑚 𝑛𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑃𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑜: 12,5 . 0,28 = 3,5 𝑐𝑚 Carga total no ponto A: 𝐻𝐴 = 88 𝑐𝑚 Carga total no ponto X: 𝑯𝑿 = 𝟖𝟖 − 𝟑, 𝟓 = 𝟖𝟒, 𝟓 𝒄𝒎 Carga piezométrica no ponto X: 𝒉𝒑𝑿 = 𝟖𝟒, 𝟓 − 𝟏𝟐, 𝟓 = 𝟕𝟐 𝒄𝒎 Água nos Solos 15 Guilherme Mussi Exercício 2 No permeâmetro abaixo considere L = 50 cm, z = 24 cm e h = 36 cm. Determine: a) qual sentido do fluxo; b) a carga altimétrica, piezométrica e total em um ponto X no interior do solo, numa altura de 12,5 cm acima da peneira Ponto A Altimétrica (he) = 0 Piezométrica (hp) = 50 + 24 - 36 = 38 cm Carga total (HA) = 38 cm Ponto B Altimétrica (he) = 50 cm; Piezométrica (hp) = 24 cm; Carga total (HB) = 74 cm. PONTO he (cm) hp (cm) H (cm) A 0 38 38 B 50 24 74 Portanto: Δh = 74 – 38 Δh = 36 cm Ocorre fluxo do ponto B para o ponto A. Fluxo Descendente Ref A B A’ X 12,5 Água nos Solos 16 Guilherme Mussi Exercício 2 No permeâmetro abaixo considere L = 50 cm, z = 24 cm e h = 36 cm. Determine: a) qual sentido do fluxo; b) a carga altimétrica, piezométrica e total em um pontoX no interior do solo, numa altura de 12,5 cm acima da peneira PONTO he (cm) hp (cm) H (cm) A 0 38 38 B 50 24 74 X 12,5 ? ? Ref A B A’ X 12,5 𝑖 = 𝛥ℎ 𝐿 = 36 50 = 0,72 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑐𝑒𝑛𝑡í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑜, 𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑠𝑒 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑖𝑝𝑎 0,72 𝑐𝑚 𝑛𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑃𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑜: 12,5 . 0,72 = 9,0 𝑐𝑚 Carga total no ponto A: 𝐻𝐴 = 38 𝑐𝑚 Carga total no ponto X: 𝑯𝑿 = 𝟑𝟖 + 𝟗 = 𝟒𝟕 𝒄𝒎 Carga piezométrica no ponto X: 𝒉𝒑𝑿 = 𝟒𝟕 − 𝟏𝟐, 𝟓 = 𝟑𝟒, 𝟓 𝒄𝒎 Água nos Solos 17 Guilherme Mussi Permeabilidade dos Solos • O fluxo se dá pelos vazios do solo. Portanto, quanto menores os vazios do solo, menores os coeficientes de permeabilidade (k). Areia - Alta permeabilidade; - Água flui com facilidade pelos poros de maior dimensão (fluxo mais rápido) Argila - Baixa permeabilidade; - Água flui com dificuldade pelos poros de menor dimensão (fluxo mais lento) Água nos Solos 18 Guilherme Mussi Lei de Darcy (1850) • Darcy estudou o fluxo de água através dos solos a partir de diversos experimentos, alterando os fatores geométricos; • Variou o comprimento da amostra (L), a pressão de água no topo e no fundo da amostra, e a área (A) e verificou como estes fatores influenciavam a vazão da água. 𝑸 = 𝒌 . Δ𝒉 𝑳 . 𝑨 onde: Q é a vazão; k é o coeficiente de permeabilidade; Δh é perda de carga hidráulica; L é a distância ao longo da qual a carga se dissipa; A é a área do permeâmetro. Água nos Solos 19 Guilherme Mussi Lei de Darcy (1850) – Alterando as Medidas do Permeâmetro Δh Q L Q Δh Q Condição Inicial Aumentando o L Aumentando o Δh Aumentando a A Q Δh Aumenta a dificuldade da água percolar pelo solo. Diminui a vazão Aumenta a vazão Aumenta a quantidade de caminhos para a água percolar pelo solo. Aumenta a vazão 𝑸 = 𝒌 . Δ𝒉 𝑳 . 𝑨 Alteração do tipo de solo • Como já visto, a água flui com maior facilidade pelas areias (alta permeabilidade), e com dificuldade pelas argilas (baixa permeabilidade); • Parâmetro que representa a permeabilidade de um solo (k) Água nos Solos 20 Guilherme Mussi Lei de Darcy (1850) • A Lei de Darcy é válida somente em fluxo laminar (linhas de fluxo não se interceptam); • Existem dois tipos de escoamentos para fluidos reais: laminar e o turbulento. Estes são regidos por diferentes leis da Mecânica dos Fluidos; • No âmbito da Mecânica dos Solos, interessa apenas o escoamento laminar, no qual as partículas do fluido se movem em camadas segundo trajetórias paralelas ou sub-paralelas, ou seja, as trajetórias das partículas d’água não se cortam. Água nos Solos 21 Guilherme Mussi Lei de Darcy (1850) 𝑸 = 𝒌 . Δ𝒉 𝑳 . 𝑨 𝑸 = 𝒌 . 𝒊 . 𝑨 A relação entre a perda de carga (Δh) e a distância ao longo do qual a carga de dissipa (L) é chamada de gradiente hidráulico (i). 𝒊 = Δ𝒉 𝑳 O gradiente hidráulico (i) é adimensional A velocidade é a razão entre a vazão Q e a área A. Esta velocidade é chamada de velocidade aparente (v). É também chamada de velocidade de percolação. 𝒗 = 𝑸 𝑨 = 𝒌 . 𝒊 Água nos Solos 22 Guilherme Mussi Velocidade aparente (v) e velocidade real de fluxo (vf) A velocidade considerada na Lei de Darcy é a vazão dividida pela área total; Porém, a água não passa por toda área, mas somente pelos canais formados pelos vazios; 𝒗 = 𝑸 𝑨 = 𝒌 . 𝒊 Vazão, Q Vazão, Q L A A’ Solo Seção AA’ Área de Vazios (Av) Área de Sólidos (As) Área Total At = Av + As 𝑸 = 𝒗 . 𝑨𝒕 = 𝒗𝒇. 𝑨𝒗 Portanto, a velocidade real de fluxo (vf) pode ser determinada a partir: Água nos Solos 23 Guilherme Mussi Velocidade aparente (v) e velocidade real de fluxo (vf) Seção AA’ Área de Vazios (Av) Área de Sólidos (As) Área Total At = Av + As 𝑸 = 𝒗 . 𝑨𝒕 = 𝒗𝒇. 𝑨𝒗 𝜂 = 𝑉𝑣 𝑉𝑡 𝜂 = 𝐴𝑣 . 𝐿 𝐴𝑡 . 𝐿 𝜂 = 𝐴𝑣 𝐴𝑡 𝑨𝒗 = 𝜼 . 𝑨𝒕 𝒗 . 𝑨𝒕 = 𝒗𝒇. 𝜼 . 𝑨𝒕 𝒗𝒇 = 𝒗 𝜼 Água nos Solos 24 Guilherme Mussi Determinação do Coeficiente de Permeabilidade (k) Valores típicos do coeficiente de permeabilidade (k) • k é uma propriedade que indica a maior ou menor facilidade da água percolar através do solo; • Pode ser dado em m/s ou cm/s. Tipo de Solo Coeficiente de Permeabilidade K (m/s) Argilas < 10-9 Siltes 10-6 a 10-9 Areias Argilosas 10-7 Areias Finas 10-5 Areias Médias 10-4 Areias Grossas 10-3 Um argila pode ser um milhão de vezes menos permeável do que uma areia Fonte: Souza Pinto, 2002 Água nos Solos 25 Guilherme Mussi Fatores que afetam a permeabilidade Os principais fatores que influenciam no coeficiente de permeabilidade são: • Granulometria - O tamanho das partículas que constituem os solos influencia no valor de k; • Índice de vazios - A permeabilidade dos solos esta relacionada com o índice de vazios, logo, com a sua porosidade. Quanto mais poroso for um solo (maior a dimensão dos poros), maior será o índice de vazios, por conseguinte, mais permeável (para argilas moles, isto não se verifica); • Composição mineralógica - A predominância de alguns tipos de minerais na constituição dos solos tem grande influência na permeabilidade. Caulinitas apresentam permeabilidades 100 vezes maior que as montmorilonitas; • Temperatura – A temperatura afeta o peso específico e a viscosidade do líquido. Quanto maior a temperatura, menor a viscosidade d’água, portanto, maior a permeabilidade, isto significa que a água mais facilmente escoará pelos poros do solo. Em laboratório realiza-se a correção do coeficiente de permeabilidade para a temperatura de 20ºC; • Fluído - O tipo de fluido que se encontra nos poros. Nos solos, em geral, o fluido é a água com ou sem gases (ar) dissolvidos; • Grau de saturação – a presença de ar, mesmo em pequena quantidade, dificulta a passagem da água pelos vazios. O coeficiente de permeabilidade de um solo não saturado é menor do que de um solo totalmente saturado. Maiores detalhes: páginas 118,119 e 120 do Souza Pinto Água nos Solos 26 Guilherme Mussi Determinação do Coeficiente de Permeabilidade (k) Permeâmetro de Carga Constante (NBR 13292) • Este ensaio é utilizado para solos de alta permeabilidade (areias); • O fornecimento de água na entrada é ajustado de modo que a diferença de carga entre a entrada e a saída permaneça constante durante o período de ensaio; • Depois que uma vazão constante for estabelecida, a água será coletada em um frasco graduado durante um tempo conhecido; • O coeficiente de permeabilidade é determinado pela quantidade de água que percola a amostra durante o intervalo de tempo, ou seja, a vazão (Q). https://www.youtube.com/watch?v=Ghdy19ejZj4 https://www.youtube.com/watch?v=Ghdy19ejZj4 Água nos Solos 27 Guilherme Mussi Permeâmetro de Carga Constante (NBR 13292) Dedução da Equação da Permeabilidade a) Medir o volume de água coletada no frasco (Δ𝑽) no intervalo de tempo Δ𝒕; b) Calcular a vazão 𝑸 = Δ𝑽/Δ𝒕; c) Pela lei de Darcy 𝑸 = 𝒌. 𝒊. A, onde 𝒌 o coeficiente de permeabilidade e 𝒊 o gradiente hidráulico e A é a área da seção transversal da amostra; d) Como 𝒊 = Δ𝒉/Δ𝒍; e) 𝑸 = (𝒌. Δ𝒉. 𝑨)/Δ𝒍; f) 𝒌 = (𝑸.Δ𝒍) 𝑨.Δ𝒉 = (Δ𝑽.Δ𝒍) (𝑨.Δ𝒉.Δ𝒕) Água nos Solos 28 Guilherme Mussi Exercício 3 𝑘 = (𝑄.Δ𝑙) 𝐴. Δℎ = (Δ𝑉.Δ𝑙) (𝐴. Δℎ.Δ𝑡) Foi realizado um ensaio de carga constante em um corpo de prova arenoso para determinação de seu coeficiente de permeabilidade (k). Os dados do ensaios são os seguintes: • Volume de água coletado no frasco = 1 litro (1000 cm³); • Tempo necessário para coleta = 3 minutos • Área da seção transversal (A) = 42 cm²; • Distância entre os piezômetros no interior do permeâmetro (Δl) = 11,0 cm; • Leitura do piezômetro 1 (h1) = 27,0 cm; • Leitura do piezômetro 2 (h2) = 16,8 cm. 𝑘 = (1000 𝑐𝑚³. 11 𝑐𝑚) (42 𝑐𝑚2. 10,2 𝑐𝑚. 180 𝑠) 𝒌 = 𝟎, 𝟏𝟒 𝒄𝒎/𝒔 𝒌 = 𝟏, 𝟒 . 𝟏𝟎−𝟑𝒎/𝒔 Água nos Solos 29 Guilherme Mussi Mas por que realizar o ensaio de permeâmetro de carga constante apenas em solos arenosos??? Areia Silte Argila Solos de baixapermeabilidade levam muito tempo para percolar o fluxo de água Água nos Solos 30 Guilherme Mussi Exercício 4 𝑘 = (𝑄.Δ𝑙) 𝐴. Δℎ = (Δ𝑉.Δ𝑙) (𝐴. Δℎ.Δ𝑡) Vamos fazer uma experiência: realizar um ensaio de carga constante em um corpo de prova argiloso com k = 5 x 10-7 cm/s (1 x 10-9 m/s). Os dados são os mesmos do exercício anterior, porém, quanto tempo levaremos para realizar o ensaio? • Volume de água coletado no frasco = 1 litro (1000 cm³); • Área da seção transversal (A) = 42 cm²; • Distância entre os piezômetros no interior do permeâmetro (Δl) = 11,0 cm; • Leitura do piezômetro 1 (h1) = 27,0 cm; • Leitura do piezômetro 2 (h2) = 16,8 cm. 5 . 10−7𝑐𝑚/𝑠 = (1000 𝑐𝑚³. 11 𝑐𝑚) (42 𝑐𝑚2. 10,2 𝑐𝑚.Δ𝑡) Δ𝒕 = 𝟓𝟏. 𝟑𝟓𝟑. 𝟖𝟕𝟒, 𝟖𝟖 𝒔 Δ𝒕 = 𝟖𝟓𝟓. 𝟖𝟗𝟕, 𝟗𝟏 𝐦𝐢𝐧 Δ𝒕 = 𝟓𝟗𝟒 𝐝𝐢𝐚𝐬 Água nos Solos 31 Guilherme Mussi Comparando os Exercícios Utilizando os mesmos dados para os dois casos: mesmo volume de água coletado, mesmo permeâmetro (área da seção transversal, distância entre os piezômetros e perda de carga), obtivemos: • Na amostra de solo arenoso foi necessário 3 minutos para realização do ensaio; • Na amostra de solo argiloso foram necessários 594 dias, o que torna inviável a realização de ensaio de carga constante em solos de baixa permeabilidade. Para solos de baixa permeabilidade utilizamos do ensaio de permeâmetro de carga variável. Água nos Solos 32 Guilherme Mussi Determinação do Coeficiente de Permeabilidade (k) Permeâmetro de Carga Variável (NBR 14545) • Este ensaio é utilizado para solos de baixa permeabilidade (argilas e siltes); • A baixa permeabilidades dos solos argilosos e siltosos torna o ensaio de carga constante inviável, uma vez que há pouca percolação de água pela amostra; • Trata-se do mesmo permeâmetro, porém, com o topo conectado a uma bureta graduada; • A bureta tem aproximadamente 2 metros de altura e diâmetro da ordem de 1 cm; • Calcula-se o tempo que a água leva para escoar da posição inicial hi, no tempo ti, para a altura final hf, no tempo tf. hi hf L a A Água nos Solos 33 Guilherme Mussi Permeâmetro de Carga Variável (NBR 14545) https://www.youtube.com/watch?v=DNHcV8LR5-4 https://www.youtube.com/watch?v=DNHcV8LR5-4 Água nos Solos 34 Guilherme Mussi Permeâmetro de Carga Variável (NBR 14545) Dedução da Equação da Permeabilidade a) Velocidade de queda do nível d’água na bureta 𝓿 = − 𝒅𝒉/𝒅𝒕; b) Vazão na bureta 𝑸 = 𝒂. 𝓿 , a área da seção transversal do tubo 𝒂 = 𝝅𝒅²/𝟒, sendo 𝒅 o diâmetro do tubo; c) Pela equação da continuidade: 𝑸tubo = 𝑸amostra = 𝒂. 𝓿 = 𝑨. 𝒗, sendo 𝑨 a área da seção transversal da amostra e 𝒗 a velocidade aparente de fluxo na amostra; d) Pela Lei de Darcy: 𝒗 = 𝒌. 𝒊 = 𝒌. (𝒉/𝑳) e) Pela equação de continuidade: −𝒂 (𝒅𝒉/𝒅𝒕) = 𝒌. (𝒉/𝑳). 𝑨 f) g) h) i) 𝒅𝒉 𝒉 = − 𝒌. 𝑨 𝒂 . 𝑳 𝒅𝒕 𝒉𝒊 𝒉𝒇𝒅𝒉 𝒉 = 𝒕𝒊 𝒕𝒇 − 𝒌. 𝑨 𝒂 . 𝑳 𝒅𝒕 𝐥𝐧 𝒉𝒇 − 𝒍𝒏 𝒉𝒊 = − 𝒌 . 𝑨 𝒂 . 𝑳 . (𝒕𝒇 − 𝒕𝒊) 𝐥𝐧 𝒉𝒊 − 𝒍𝒏(𝒉𝒇) = 𝒌 . 𝑨 𝒂 . 𝑳 . (𝒕𝒇 − 𝒕𝒊) Água nos Solos 35 Guilherme Mussi Permeâmetro de Carga Variável (NBR 14545) Dedução da Equação da Permeabilidade i) j) 𝒌 = 𝟐, 𝟑 𝐥𝐨𝐠 𝒉𝒊 𝒉𝒇 . 𝒂. 𝑳 𝑨. (𝒕𝒇 − 𝒕𝒊) 𝐥𝐧 𝒉𝒊 − 𝒍𝒏(𝒉𝒇) = 𝒌 . 𝑨 𝒂 . 𝑳 . (𝒕𝒇 − 𝒕𝒊) 𝐥𝐧 ( 𝒉𝒊 𝒉𝒇 ) = 𝒌 . 𝑨 𝒂 . 𝑳 . (𝒕𝒇 − 𝒕𝒊) 𝒌 = 𝟐, 𝟑 . 𝒂. 𝑳 𝑨. (𝒕𝒇 − 𝒕𝒊) . 𝐥𝐨𝐠 𝒉𝒊 𝒉𝒇 Água nos Solos 36 Guilherme Mussi Exercício 6 Em um ensaio de permeabilidade, com permeâmetro de carga variável, como mostrado na figura abaixo, quando a carga h era de 65 cm, acionou-se o cronômetro. Trinta segundos após, a carga h era de 35 cm. O comprimento da amostra (L) é de 20 cm e a área da seção transversal da amostra (A) = 77 cm². A área da bureta é de 1,2 cm². Qual é o coeficiente de permeabilidade do solo estudado? 𝑘 = 2,3 . 𝑎. 𝐿 𝐴. (𝑡𝑓 − 𝑡𝑖) . log ℎ𝑖 ℎ𝑓 𝑘 = 2,3 . 1,2 . 20 77. (30 − 0) . log 65 35 𝑘 = 2,3 . 0,010 .0,268 𝒌 = 𝟔, 𝟏𝟖 . 𝟏𝟎−𝟑 𝒄𝒎 Água nos Solos 37 Guilherme Mussi Permeabilidade Equivalente em Solos Estratificados • É comum a análise de situações de fluxo em meios estratificados, como depósitos sedimentares; • É conveniente transformar o perfil estratificado em uma massa de solo homogênea equivalente com uma espessura L e coeficiente de permeabilidade keq; Água nos Solos 38 Guilherme Mussi Permeabilidade Equivalente em Solos Estratificados Fluxo Perpendicular às Camadas – Resistores em Série Q = Q1 = Q2 = Qn Δh = Δh1 + Δh2 + Δhn 𝑄𝑉 = 𝑘𝑒𝑞 . 𝑖 . 𝐴 = 𝑘1 . 𝑖 . 𝐴 = 𝑘2 . 𝑖 . 𝐴 = 𝑘𝑛 . 𝑖 . 𝐴 𝑄𝑉 = 𝑘𝑒𝑞 . Δℎ 𝐿 . 𝐴 = 𝑘1. Δℎ1 Δ𝑙1 . 𝐴 = 𝑘2. Δℎ2 Δ𝑙2 . 𝐴 = 𝑘𝑛. Δℎ𝑛 Δ𝑙𝑛 . 𝐴 𝐴𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑐𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎: 𝑄𝑉 = 𝑘𝑛. Δℎ𝑛 Δ𝑙𝑛 . 𝐴 Δℎ1 = 𝑄𝑉 . Δ𝑙1 𝑘1. 𝐴 Δℎ2 = 𝑄𝑉 . Δ𝑙2 𝑘2. 𝐴 Δℎ𝑛 = 𝑄𝑉 . Δ𝑙𝑛 𝑘𝑛. 𝐴 𝑄𝑉 = 𝑘𝑒𝑞 . Δℎ 𝐿 . 𝐴 𝑃𝑜𝑟 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑜 𝑙𝑎𝑑𝑜: 𝑘𝑒𝑞 = 𝑄𝑉 . 𝐿 Δℎ . 𝐴 𝐿𝑜𝑔𝑜: 𝑘𝑒𝑞 = 𝑄𝑉 . 𝐿 ( 𝑄𝑉 . Δ𝑙1 𝑘1. 𝐴 + 𝑄𝑉 . Δ𝑙𝑛 𝑘𝑛. 𝐴 )+. 𝐴 𝒌𝒆𝒒 = 𝑳 𝜟𝒍𝟏 𝒌𝟏 + 𝜟𝒍𝟐 𝒌𝟐 + 𝜟𝒍𝒏 𝒌𝒏 Água nos Solos 39 Guilherme Mussi Permeabilidade Equivalente em Solos Estratificados Fluxo Paralelo às Camadas – Resistores em Paralelo Q = Q1 + Q2 + Qn Δh = Δh1 = Δh2 = Δhn 𝑄ℎ = 𝑘𝑒𝑞 . 𝑖 . 𝐴 = 𝑘1 . 𝑖 . 𝐴 + 𝑘2 . 𝑖 . 𝐴 + 𝑘𝑛 . 𝑖 . 𝐴 𝑄ℎ = 𝑘𝑒𝑞 . 𝑖 . (𝐿 . 1) = 𝑘𝑖 . 𝑖 . (Δ𝑙𝑖 . 1) 𝑖 = Δℎ 𝑚 𝑘𝑒𝑞 . 𝑖 . (𝐿 . 1) = 𝑘𝑖 . 𝑖 . (Δ𝑙𝑖 . 1) 𝑘𝑒𝑞 . 𝐿 = 𝑘𝑖 . Δ𝑙𝑖 𝒌𝒆𝒒 = 𝒌𝟏. 𝜟𝒍𝟏 + 𝒌𝟐. 𝜟𝒍𝟐 + 𝒌𝟑. 𝜟𝒍𝟑 𝑳 Água nos Solos 40 Guilherme Mussi Exercício 7 – Modificado Souza Pinto 6.18 As areias A e B foram ensaiadas em um permeâmetro de seção quadrada, de duas maneiras diferentes. Na primeira montagem, dispôs-se uma sobre a outra. Na segunda montagem, as areias foram colocadas uma ao lado da outra. O coeficiente de permeabilidade da areia A é quatro vezes maior do que da areia B (kA = 4 x 10-4 m/s e kB = 10 -4 m/s. Em qual das montagens a vazão será maior? Determinar o coeficiente de permeabilidade equivalente dos dois conjuntos? Dimensões dos esquemas em centímetros. Água nos Solos 41 Guilherme Mussi Exercício 7 – Modificado Souza Pinto 6.18 Δh = 15 cm Permeâmetro de seção quadrada KB = 10 -4 m/s = 10-2 cm/s KA = 4 x 10 -4 m/s = 4 x 10-2 cm/s a) Fluxo perpendicular as camadas – Solos em Série Q = QB = QA Δh = ΔhB + ΔhA 𝑘𝐵 . 𝑖 . 𝐴 = 𝑘𝐴 . 𝑖 . 𝐴 𝑘𝐵 . Δℎ𝐵 Δ𝑙𝐵 . 𝐴 = 𝑘𝐴 . Δℎ𝐴 Δ𝑙𝐴 . 𝐴 10−2 . Δℎ𝐵 10 . (20 . 20) = 4 . 10−2. Δℎ𝐴 10 . (20 . 20) 0,4 . Δℎ𝐵 = 1,6 . Δℎ𝐴 𝜟𝒉𝑩 = 𝟒 𝜟𝒉𝑨 Δh = ΔhB + ΔhA 15 = 4 𝛥ℎ𝐴 + 𝛥ℎ𝐴 = 5 𝛥ℎ𝐴 𝜟𝒉𝑨 = 3 cm 𝜟𝒉𝑩 = 12 cm Água nos Solos 42 Guilherme Mussi Exercício 7 – Modificado Souza Pinto 6.18 a) Fluxo perpendicular as camadas – Solos em Série Q = QB = QA Δh = ΔhB + ΔhA 𝑄𝐵 = 𝑘𝐵 . Δℎ𝐵 Δ𝑙𝐵 . 𝐴 𝜟𝒉𝑨 = 3 cm 𝜟𝒉𝑩 = 12 cm 𝑄𝐵 = 10 −2. 12 10 . 400 𝑸𝑩 = 𝟒, 𝟖 𝒄𝒎 𝟑/𝒔 𝑸 = 𝑸𝑩 = 𝑸𝑨 = 𝟒, 𝟖 𝒄𝒎 𝟑/𝒔 Δh = 15 cm Permeâmetro de seção quadrada KB = 10 -4 m/s = 10-2 cm/s KA = 4 x 10 -4 m/s = 4 x 10-2 cm/s Água nos Solos 43 Guilherme Mussi Exercício 7 – Modificado Souza Pinto 6.18 a) Fluxo paralelo as camadas – Solos em Paralelo 𝑄𝐵 = 𝑘𝐵 . 𝑖 . 𝐴 𝑄𝐵 = 𝑘𝐵 . Δℎ𝐵 Δ𝑙𝐵 . 𝐴 𝑄𝐵 = 10 −2 . 15 20 . (10 . 20) Q = QB + QA Δh = ΔhB = ΔhA 𝑸𝑩 = 1,5 cm³/s Δh = 15 cm Permeâmetro de seção quadrada KB = 10 -4 m/s = 10-2 cm/s KA = 4 x 10 -4 m/s = 4 x 10-2 cm/s 𝑄𝐴 = 𝑘𝐴 . Δℎ𝐴 Δ𝑙𝐴 . 𝐴 𝑄𝐴 = 4 . 10 −2 . 15 20 . (10 . 20) 𝑸𝑨 = 𝟔, 𝟎 𝒄𝒎 𝟑/𝒔 Q = QB + QA Q = 1,5 + 6,0 = 7,5 cm³/s Portanto: a vazão do conjunto em paralelo é maior que a vazão no conjunto em série. 7,5 cm³/s > 4,8 cm³/s 𝑄𝐴 = 𝑘𝐴 . 𝑖 . 𝐴 Água nos Solos 44 Guilherme Mussi Exercício 7 – Modificado Souza Pinto 6.18 b) Permeabilidade equivalente – Solos em Série Δh = 15 cm Permeâmetro de seção quadrada KB = 10 -4 m/s = 10-2 cm/s KA = 4 x 10 -4 m/s = 4 x 10-2 cm/s 𝑘𝑒𝑞 = 𝑘1. 𝛥𝑙1 + 𝑘2. 𝛥𝑙2 𝐿𝑘𝑒𝑞 = 𝐿 𝛥𝑙1 𝑘1 + 𝛥𝑙2 𝑘2 + 𝛥𝑙𝑛 𝑘𝑛 𝑘𝑒𝑞 = 20 10 10−2 + 10 4 . 10−2 𝒌𝒆𝒒 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟔 𝒄𝒎/𝒔 b) Permeabilidade equivalente – Solos em Paralelo 𝑘𝑒𝑞 = 10−2. 10 + 4 . 10−2. 10 20 𝒌𝒆𝒒 = 𝟎, 𝟎𝟐𝟓 𝒄𝒎/𝒔 Portanto: assim como a vazão a permeabilidade em paralelo é maior que em série Água nos Solos 45 Guilherme Mussi Forças de Percolação • A diferença entre as cargas totais na face de entrada e saída é Δh, correspondendo a uma pressão Δh.gw; • Esta carga é dissipada devido ao atrito viscoso (arraste) do fluido com as partículas sólidas durante a percolação, gerando o surgimento de uma força que atua nas partículas tendendo a carregá-las; • A força dissipada é: 𝑭 = Δ𝒉 . 𝜸𝒘 . 𝑨 • Num fluxo uniforme, esta força se dissipa uniformemente em todo o volume de solo, A.L, de forma que a força por unidade de volume é: F 𝒋 = Δ𝒉 . 𝜸𝒘 . 𝑨 𝑨 . 𝑳 = Δ𝒉 𝑳 . 𝜸𝒘 = 𝒊 . 𝜸𝒘 onde: j é a força de percolação Água nos Solos 46 Guilherme Mussi Forças de Percolação • A força de percolação é uma grandeza similar ao peso específico e atua da mesma forma que a força gravitacional; • Quando o fluxo é descendente, a força gravitacional e a força de percolação se somam, porém, quando o fluxo é ascendente elas se subtraem. • As forças de percolação vão promover tensões no solo; • Nas aulas anteriores calculávamos as tensões para a condição de água parada (γw . zw), porém, agora, existe um processo de percolação que gerarão forças de percolação, e, consequentemente tensões no solo. Água nos Solos 47 Guilherme Mussi Tensões no Solo Submetido a Percolação Tensão Total (σv) Consiste em toda a tensão atuante sobre um determinado ponto. Ponto A Ponto B Poropressão (u) É a pressão de água em um determinado ponto Ponto A Ponto B γsat 𝜎v = 𝛾𝑠𝑎𝑡 . 𝐿 + 𝛾𝑤 . 𝑧 𝜎v = 𝛾𝑤 . 𝑧 A B 𝛾𝑤 . 𝑧 𝛾𝑠𝑎𝑡 . 𝐿 + 𝛾𝑤 . 𝑧 𝑢 = 𝛾𝑤 . (𝐿 + 𝑧 + ℎ) 𝑢 = 𝛾𝑤 . 𝑧 𝜎 𝛾𝑤 . (𝐿 + 𝑧 + ℎ) 𝑢 𝛾𝑤 . 𝑧 Água nos Solos 48 Guilherme Mussi γsat A B Tensão Efetiva (σ’v) 𝜎′v = (𝛾𝑠𝑎𝑡 . 𝐿 + 𝛾𝑤 . 𝑧) – (𝛾𝑤 . (𝐿 + 𝑧 + ℎ)) 𝜎v ′ = 𝜎 − 𝑢 Ponto A Ponto B 𝜎′v = 0 𝛾𝑤 . 𝑧 𝜎 𝛾𝑤 . (𝐿 + 𝑧 + ℎ) 𝑢 𝛾𝑤 . 𝑧 𝛾𝑠𝑎𝑡 . 𝐿 + 𝛾𝑤 . 𝑧 Tensões no Solo Submetido a Percolação Água nos Solos 49 Guilherme Mussi Exercício 8 (Modificado Souza Pinto 6.8) Num sistema como apresentado na figura abaixo, considere: L= 50 cm; z = 24 cm; e h = 14 cm. A área do permeâmetro é de 530 cm². O peso específico da areia é 18 kN/m³. Determine: a) a força de percolação; b) A tensão total, neutra (poropressão), e efetiva sobre a peneira. Trazendo do exercício 1 Δh = 14 cm Fluxo Ascendente 𝑗 = 𝑖 . 𝛾𝑤 𝑗 = Δℎ 𝐿 . 𝛾𝑤 = 0,14 0,50 . 10 𝒋 = 𝟐, 𝟖 𝒌𝑵/𝒎³ Tensão Total (σv) 𝜎v = 𝛾𝑠𝑎𝑡 . 𝐿 + 𝛾𝑤 . 𝑧 𝜎v = 18 . 0,50 + 10 . 0,24 𝝈v = 𝟏𝟏, 𝟒𝟎 𝒌𝑵/𝒎² Poropressão (u) 𝑢 = 𝛾𝑤 . (𝐿 + 𝑧 + ℎ) 𝑢 = 10 . (0,5 + 0,24 + 0,14) 𝒖 = 𝟖, 𝟖 𝐤𝐍/𝐦² Tensão efetiva (σ’v) 𝜎′v = 𝜎 − 𝑢 𝜎′v = 11,4 − 8,8 𝝈′v = 𝟐, 𝟔 𝒌𝑵/𝒎² a) b) Água nos Solos 50 Guilherme Mussi Exercício 9 (Modificado Souza Pinto 6.10) Num sistema como apresentado na figura abaixo, considere: L= 50 cm; z = 24 cm; e h = 36 cm. A área do permeâmetro é de 530 cm². O peso específico da areia é 18 kN/m³. Determine: a) a força de percolação; b) A tensão total, neutra (poropressão), e efetiva no ponto X, numa altura de 12,5 cm acima da peneira. Trazendo do exercício 2 Δh = 36 cm Fluxo Ascendente PONTO he (cm) hp (cm) H (cm) A 0 38 38 B 50 24 74 X 12,5 34,5 47 X 12,5 𝑗 = 𝑖 . 𝛾𝑤 𝑗 = Δℎ 𝐿 . 𝛾𝑤 = 0,36 0,50 . 10 𝒋 = 𝟕, 𝟐 𝒌𝑵/𝒎³ Tensão Total (σv) ponto X 𝜎v = 𝛾𝑠𝑎𝑡 . (𝐿 − 0,125) + 𝛾𝑤 . 𝑧 𝜎v = 18 . 0,375 + 10 . 0,24 𝝈v = 𝟗, 𝟏𝟓 𝒌𝑵/𝒎² Poropressão (u) ponto X ℎ𝑝𝑋 = 𝑢 𝛾𝑤 𝒖 = 𝟑, 𝟒𝟓 𝐤𝐍/𝐦² a) b) 0,345 = 𝑢 10 Água nos Solos 51 Guilherme Mussi Exercício 9 (Modificado Souza Pinto 6.10) Num sistema como apresentado na figura abaixo, considere: L= 50 cm; z = 24 cm; e h = 36 cm. A área do permeâmetro é de 530 cm². O peso específico da areia é 18 kN/m³. Determine: a) a força de percolação; b) A tensão total, neutra (poropressão), e efetiva no ponto X, numa altura de 12,5 cm acima da peneira. X 12,5 Tensão Efetiva (σ’v) ponto Xb) 𝜎v ′ = 𝜎 − 𝑢 𝜎v ′ = 9,15 − 3,45 𝝈v ′ = 𝟓, 𝟕 𝒌𝑵/𝒎² Água nos Solos 52 Guilherme Mussi Gradiente Crítico (fenômeno da areia movediça) • A carga hidráulica aumenta até o valor que a tensão efetiva torna-se nula (σ' = 0), ou seja, as forças transmitidas de grão para grão são nulas; • Ocorre em casos de fluxo ascendente; • A ação do peso dos grãos (gravidade) contrapõe-se à ação de arraste por atrito da água que percola para cima (força de percolação); • Como a resistência das areias é proporcional da tensão efetiva, quando esta se anula, a areia perde completamente sua resistência e fica num estado de areia movediça, comportando-se como fluido; Água nos Solos 53 Guilherme Mussi Gradiente Crítico (fenômeno da areia movediça) • Quando a perda de resistência se inicia num ponto, ocorre erosão neste local, o que provoca ainda maior concentração de fluxo para a região (aumentando o gradiente), surgindo mais erosão, formando um furo que progride regressivamente para o interior do solo; • Ocorre no sentido contrário ao fluxo; • Piping, entubamento, ou erosão regressiva é a principal causa de ruptura de barragens; Água nos Solos 54 Guilherme Mussi Gradiente Crítico (fenômeno da areia movediça) • Esta ruptura ocorre no pé da barragem, ponto mais crítico; • Menor caminho de percolação, maior gradiente hidráulico, maior força de percolação. 𝒊 = 𝚫𝒉 𝑳 𝒋 = 𝒊 . 𝜸𝒘 Analisando tridimensionalmente Peso Força de percolação Área σ u Quando σ v = u, ou seja , σ’ v= 0, ocorre o fenômeno da areia movediça. Água nos Solos 55 Guilherme Mussi Gradiente Crítico (fenômeno da areia movediça) σ u 𝜎v = 𝑢 𝜎′ = 𝜎 − 𝑢 = 0 𝜎v = 𝑢 𝛾𝑠𝑎𝑡 . 𝐿 + 𝛾𝑤 . 𝑧 = 𝛾𝑤 . (𝐿 + 𝑧 + ℎ) γsat 𝑢 = 𝛾𝑤 . ℎ𝑝 𝛾𝑠𝑎𝑡 . 𝐿 + 𝛾𝑤 . 𝑧 = 𝛾𝑤 . 𝐿 + 𝛾𝑤 . 𝑧 + 𝛾𝑤 . ℎ 𝛾𝑠𝑎𝑡 . 𝐿 = 𝛾𝑤 . 𝐿 + 𝛾𝑤 . ℎ 𝛾𝑠𝑎𝑡 . 𝐿 − 𝛾𝑤 . 𝐿 = 𝛾𝑤 . ℎ 𝐿 . (𝛾𝑠𝑎𝑡 − 𝛾𝑤) = 𝛾𝑤 . ℎ ℎ 𝐿 = 𝛾𝑠𝑢𝑏 𝛾𝑤 𝐿 . (𝛾𝑠𝑢𝑏) = 𝛾𝑤 . ℎ 𝒊𝒄𝒓𝒊𝒕 = 𝜸𝒔𝒖𝒃 𝜸𝒘 Vai ocorrer areia movediça quando: i ≥ icrit E quando o fluxo for ascendente Gradiente Crítico (icrit) - Condição crítica, situação onde vai ocorrer o fenômeno da areia movediça. Água nos Solos 56 Guilherme Mussi Solos em série QA = QB Δh = ΔhA + ΔhB QA = QB 𝑘𝐴 . 𝑖 . 𝐴 = 𝑘𝐵 . 𝑖 . 𝐴 4. 10−4 . Δℎ𝐴 20 . 100 = 2 10−3 . Δℎ𝐵 10 . 400 𝜟𝒉𝑨 = 𝟒𝜟𝒉𝑩 20 = 4 ΔhB + ΔhB ΔhB = 4 cm ΔhA = 16 cm 𝑖 = 𝛥ℎ 𝐿 𝑖𝐴 = 𝛥ℎ𝐴 𝐿 = 16 20 = 𝟎, 𝟖 𝑖𝐵 = 𝛥ℎ𝐵 𝐿 = 4 10 = 𝟎, 𝟒 Adotar γsat = 18kN/m³ 𝑖𝑐𝑟𝑖𝑡 = 𝛾𝑠𝑢𝑏 𝛾𝑤 = 18 − 10 10 = 𝟎, 𝟖 𝐴𝑟𝑒𝑖𝑎 𝐴 𝑖𝐴 = 𝑖𝑐𝑟𝑖𝑡 𝑃𝑜𝑟é𝑚, 𝑛ã𝑜 𝑜𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒 𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 𝑚𝑜𝑣𝑒𝑑𝑖ç𝑎, 𝑝𝑜𝑖𝑠 𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑛ã𝑜 é 𝑎𝑠𝑐𝑒𝑛𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒 𝐴𝑟𝑒𝑖𝑎 𝐵 𝑖𝐵 < 𝑖𝑐𝑟𝑖𝑡 Nã𝑜 𝑜𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒 𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 𝑚𝑜𝑣𝑒𝑑𝑖ç𝑎, 𝑝𝑜𝑖𝑠 𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑑𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 é 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 𝑞𝑢𝑒 𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑑𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 Água nos Solos 57 Guilherme Mussi Redução do Gradiente de Saída L=20 cm 30cm Dado a areia no permeâmetro com γsat = 19 kN/m³ 𝑖𝑐𝑟𝑖𝑡 = 𝛾𝑠𝑢𝑏 𝛾𝑤 = 19 − 10 10 = 𝟎, 𝟗 𝑖 = 𝛥ℎ 𝐿 = 30 20 = 𝟏, 𝟓 ≥ 𝟎, 𝟗 𝑂𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒 𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 𝑚𝑜𝑣𝑒𝑑𝑖ç𝑎, 𝑝𝑜𝑠𝑠𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑖𝑝𝑖𝑛𝑔 O que fazer para reduzir o gradiente de saída? • Colocar uma camada mais permeável acima (areia grossa ou pedregulho); • Esta solução é muito utilizada em barragens; • A camada mais permeável vai oferecer menor resistência a percolação, ou seja, a perda de carga hidráulica (Δh), neste solo, será menor, consequentemente, o gradiente hidráulico será menor. 𝑖 = 𝛥ℎ 𝐿 Água nos Solos 58 Guilherme Mussi Redução do Gradiente de Saída L=20 cm 30cm Vamos estudar isto em um permeâmetrocom duas areias. A areia superior tem permeabilidade 4 vezes maior que a areia A. Dado a areia no permeâmetro com γsat = 19 kN/m³ 𝑖𝑐𝑟𝑖𝑡 = 𝛾𝑠𝑢𝑏 𝛾𝑤 = 19 − 10 10 = 𝟎, 𝟗 Solos em série QA = QB Δh = ΔhA + ΔhB 30 = ΔhA + ΔhB QA = QB 𝑘𝐴 . 𝑖 . 𝐴 = 𝑘𝐵 . 𝑖 . 𝐴 𝑘 . Δℎ𝐴 20 . 𝐴 = 4𝑘 . Δℎ𝐵 10 . 𝐴 k 4k L=10 cm Δℎ𝐴 = 8 . Δℎ𝐵 ΔhB = 3,33 cm ΔhA = 26,67 cm 𝑖 = 𝛥ℎ 𝐿 𝑖𝐴 = 𝛥ℎ𝐴 𝐿 = 26,67 20 = 𝟏, 𝟑𝟑 𝑖𝐵 = 𝛥ℎ𝐵 𝐿 = 3,33 10 = 𝟎, 𝟑𝟑 𝐴𝑟𝑒𝑖𝑎 𝐴 𝑖𝐴 > 𝑖𝑐𝑟𝑖𝑡 𝑃𝑜𝑟é𝑚, 𝑛ã𝑜 𝑜𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒 𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 𝑚𝑜𝑣𝑒𝑑𝑖ç𝑎, 𝑝𝑜𝑖𝑠 𝑎 𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 𝐵 𝑓𝑢𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎 como 𝐮𝐦 𝐟𝐢𝐥𝐭𝐫𝐨 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐚 𝐚𝐫𝐞𝐢𝐚 𝐀. 𝐼𝑚𝑝𝑒𝑑𝑒𝑞𝑢𝑒 𝑎𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑗𝑎𝑚 𝑐𝑎𝑟𝑟𝑒𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑜𝑙𝑎çã𝑜 𝐴𝑟𝑒𝑖𝑎 𝐵 𝑖𝐵 < 𝑖𝑐𝑟𝑖𝑡 𝑁ã𝑜 𝑜𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒 𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 𝑚𝑜𝑣𝑒𝑑𝑖ç𝑎, 𝑝𝑜𝑖𝑠 𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑑𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 é 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 𝑞𝑢𝑒 𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑑𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜
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