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PROCESSO E PROCEDIMENTO DA EXECUÇÃO As leis 11.232/05 e 11.382/06 modificaram em grande parte o panorama da execução no nosso ordenamento. Antes do advento dessas leis, a execução era um processo autônomo, tendo um único procedimento, independentemente se os títulos apresentados como crédito eram judiciais ou extrajudiciais. Não existiam diferenças substanciais para ambas as hipóteses, sendo sempre um processo distinto e que, portanto, exigia a citação do devedor. Muito embora, dependendo da hipótese, já tivesse ocorrido uma citação no processo de conhecimento, para a ação de execução, seria necessária a repetição do ato. Após a alteração, não existe mais processo autônomo para os títulos executivos judiciais, mas sim, o cumprimento de sentença. Portanto, quando se trata de títulos executivos judiciais, a execução tornou-se uma fase de um todo (exceto para a sentença penal condenatória, a sentença estrangeira e a sentença arbitral). O processo que antes era denominado dicotômico (apresentando duas fases) tornou-se sincrético: há duas fases - cognitiva e executiva, porém de um processo único. Podiam, antes das citadas leis alteradoras, ser detectados até 3 processos autônomos e distintos, desde a propositura da demanda até a satisfação do credor: Processo de conhecimento Processo de liquidação de sentença Processo de execução Isso significava a propositura de 3 petições iniciais e três citações. Assim, em observância ao acima já exposto, têm-se hoje duas sistemáticas distintas: Fase de cumprimento de sentença – para títulos executivos judiciais. Não é porque deixou de ser uma nova ação que também deixou de ter características executivas. O cumprimento de sentença se assemelha muito mais com a execução dos títulos executivos extrajudiciais do que com o processo de conhecimento. Não há, por conta das alterações, confusão entre processo de execução e processo de conhecimento, haja vista que continuam sendo situações distintas. Ação autônoma de execução – para títulos executivos extrajudiciais. O juiz, ao sentenciar, cria a norma do caso concreto por aplicação da lei geral e abstrata à situação específica e, dessa decisão, emerge um comando que deve ser observado pelo réu. Se este permanecer inadimplente, ou seja, não cumprir voluntariamente aquilo que consta da sentença transitada em julgado, o Judiciário precisará tomar providências concretas para a efetivação do direito e consequente satisfação do credor. Com o inadimplemento, o devedor estará sujeito à sanção executiva do Estado. Com o não pagamento voluntário, o juiz deverá promover um conjunto de medidas para que se alcance a satisfação do credor, ainda que contra a vontade do devedor. TÉCNICAS: São duas: IMEDIATA E TRADICIONAL I - IMEDIATA – de título executivo judicial, pois ocorre sem novo processo. É assim tratada, pois, via de regra, não necessita de processo autônomo, sendo uma seqüência natural do processo de conhecimento. O processo autônomo é para os seguintes títulos executivos judiciais: sentença penal condenatória, sentença arbitral e sentença estrangeira homologada pelo STJ. A execução imediata depende do tipo de obrigação: 1. de fazer 2. de não-fazer 3. de entrega de coisa 4. de pagamento de quantia A execução imediata, quando se referir aos 3 primeiros tipos de obrigação será também denominada de ESPECÍFICA, pois visa SEMPRE a tutela específica, o adimplemento da obrigação como se tivesse sido cumprida pelo devedor A execução específica é a que visa à satisfação da obrigação tal como instituída no título executivo. As técnicas são de coerção (para realização da obrigação específica) e sub-rogação (quando não é possível a obtenção da tutela específica: conversão em dinheiro) - depende da fungibilidade – arts. 461 e 461-A do CPC. A principal forma de coagir é a MULTA. São as previstas nos artigos 461 e 461-A do CPC A execução imediata que visa o pagamento de quantia não pode ser considerada execução específica, haja vista que não há imposição de multa e a técnica é sempre a sub-rogação. Aqui, há o que se chama de CUMPRIMENTO DE SENTENÇA – arts. 475-I e seguintes do CPC. Não há citação, há intimação para cumprimento a obrigação. Se o devedor se negar a cumprir a específica, haverá a conversão em perdas e danos. Porém, se ele quiser cumprir, não poderá converter. II - TRADICIONAL – de título executivo extrajudicial. A execução tradicional é a execução autônoma. Ela é utilizada para todos os títulos executivos extrajudiciais (se formaram sem a intervenção do Judiciário). Também é utilizada para títulos executivos judiciais, conforme acima mencionado. Na execução tradicional, também se aplica a técnica de execução específica: obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa. Há processo, com petição inicial e com o documento anexo instruindo (requisitos intrínsecos e extrínsecos), bem como há citação. EXECUÇÃO PROVISÓRIA E DEFINITIVA: Será sempre definitiva a execução dos títulos executivos extrajudiciais (salvo hipótese específica do julgamento da apelação dos embargos julgados improcedentes, quando a eles for atribuído o efeito suspensivo, hipótese a ser vista oportunamente) e de todas as sentenças ou acórdãos transitados em julgado. Será provisória a execução de título executivo judicial, baseada em acórdãos ou sentenças não transitados em julgado, ou seja, sempre que houver recurso pendente, recebido apenas no efeito devolutivo, sem o efeito suspensivo (art. 475-I, § 1º). É provisória a execução porque o título executivo ainda não se formou em caráter irreversível, mas os efeitos da sentença não estão suspensos, haja vista o recebimento do recurso apenas no efeito devolutivo. Nos casos de provisoriedade, entretanto, é preciso haver CAUÇÃO – art. 475-O do CPC: se houver prejuízo para o devedor, haverá responsabilidade objetiva, independente da demonstração de culpa. Quem promove a execução provisória deve estar ciente da possibilidade de reversão dos resultados. Caução para os atos: Expropriação de bens – alienação de propriedade; Levantamento de dinheiro. Há exceções para a caução: art. 475-O, §2º, I e II do CPC. I – crédito de natureza alimentar: se for decorrente de direito de família e a execução tiver modificação de julgado, o prejuízo sofrido pela parte será irreversível, uma vez que os alimentos dessa espécie são irrepetíveis. II – esse agravo de instrumento refere-se à decisão denegatória de seguimento de RE e REsp. Nesses casos há pouca possibilidade de que a situação do devedor venha a ser revertida. Regra: são provisórias apenas as execuções fundadas em título executivo judicial; definitivas as fundadas em títulos executivos extrajudiciais (exceção da apelação dos embargos). A execução definitiva é realizada nos autos principais – se for título executivo judicial, nos autos em que o título foi constituído e, se for extrajudicial, nos autos do processo autônomo. Obs. A caução poderá ser fixada de ofício, pelo juiz, quando presentes as circunstâncias ensejadoras da garantia. PRINCÍPIOS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO: Autonomia do processo executivo tradicional - incluído em homenagem à tradição do nosso direito. Patrimonialidade: art. 591 do CPC – não existe coação física, corporal. Exato adimplemento: o objetivo é que o credor obtenha a mesma coisa que obteria com o cumprimento da obrigação pelo devedor. O Juiz pode tomar providências para assegurar o resultado prático equivalente. Haverá perdas e danos em duas hipóteses: se não for possível a obrigação específica; se o credor preferir; Disponibilidade do processo pelo credor: Há regraspara desistir do processo de conhecimento: Antes da resposta: pode o autor desistir livremente Depois da resposta: apenas se o réu consentir. Na execução sempre poderá haver desistência, em qualquer momento, independentemente de consentimento do devedor, desde que não tenha sido embargada – art. 569 do CPC. Nas ações de conhecimento, a sentença de mérito pode ser favorável ao réu, o que impedirá discussões futuras acerca do mesmo assunto. O mesmo não ocorre no processo de execução, pois ao final não existe uma sentença de mérito, podendo ocorrer, desta forma, a desistência, em qualquer fase e independentemente do consentimento do executado. Isso vale para desistência de todo o processo de execução ou de apenas algumas medidas. Utilidade: é preciso que a execução traga alguma vantagem para o credor, não podendo ser utilizada apenas para prejudicar o devedor – art. 659 do CPC. Princípio da menor onerosidade: art. 620 do CPC. É preciso que os vários modos de satisfação sejam equivalentes no que tange o resultado almejado. Para que o devedor possa escolher a forma de satisfação, isso não pode incorrer em prejuízos para o credor. Contraditório: é bem menos amplo que no processo de conhecimento, mas isso não indica que não exista na execução. O devedor é sempre ouvido nos incidentes que possam ocorrer. Sempre que o Juiz precisar decidir algo no processo de execução, ouvirá as partes. REQUISITOS DA EXECUÇÃO ATOS EXECUTIVOS: Diferem na sua essência, os atos cognitivos (de conhecimento) dos executivos. No primeiro tipo de ato, o juiz imporá uma regra de conduta, afastando a incerteza que recai sobre os direitos discutidos; a função principal é revestir de certeza um direito não reconhecido pelo adversário. Nos atos executivos a função principal é garantir a satisfação do credor, quando não há cumprimento espontâneo. Há na execução, diferentemente do processo de conhecimento, alteração da realidade fática, com determinação de providências práticas para o cumprimento da obrigação pelo devedor. O juiz não tem apenas o poder-dever de dizer o direito, mas também de torná-lo efetivo, de realizá-lo em concreto. JURISDIÇÃO NA EXECUÇÃO: Há atividade jurisdicional na execução, pois há a substituição da parte que não cumpre voluntariamente a sua obrigação, pelo Estado, que assim, satisfaz o direito do credor, na busca da pacificação social. O credor não tem como fazer valer o seu direito com sua própria força ou pelo exercício arbitrário das próprias razões. A AÇÃO DE EXECUÇÃO: A execução constitui uma ação. Se o título é executivo judicial, a execução não será uma ação autônoma, mas o prolongamento de um processo já em curso, sendo, portanto, uma fase. Há, portanto, um desdobramento em duas fases: a cognitiva e a executiva. Já na execução fundada em título executivo extrajudicial, bem como nas sentenças penal condenatória, arbitral e estrangeira, haverá propriamente uma nova ação. Na execução não há uma sentença de mérito, mas o autor/credor/exeqüente também formula um pedido: que sejam tomadas as providências necessárias para a satisfação do seu direito. O mérito da execução é a satisfação do credor. Desta forma, assim como na ação de conhecimento, a ação de execução está condicionada ao preenchimento das condições da ação. A resposta de mérito na execução não está na existência de uma sentença, mas na prática de atos materiais concretos tendentes à satisfação do direito. Há uma resposta de mérito e não uma sentença de mérito e o que caracteriza uma ação não é o direito a uma sentença de mérito, mas a uma resposta de mérito. Resposta de mérito é muito mais abrangente que uma sentença de mérito. Resposta de mérito: Na ação de conhecimento é a sentença que julga o pedido Na ação de execução ocorre por meio da prática de atos satisfativos. Ainda assim, o direito processual é abstrato, embora a certeza do direito seja muito maior, no curso da execução pode haver discussão que traga a demonstração da inexistência do direito. CONDIÇÕES DA AÇÃO EXECUTIVA: 1. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: é preciso, ainda na ação de execução, que o pedido seja juridicamente possível, não existindo expropriação de bens da Fazenda Pública, ou execução de obrigação de fazer ilícita - ex. obrigação de matar alguém. 2. LEGITIMIDADE AD CAUSAM: só poderá solicitar o provimento jurisdicional a parte que for legítima – arts. 566 a 568 do CPC 3. INTERESSE DE AGIR: a execução deve também preencher o binômio necessidade/adequação. Não haverá interesse na execução se o devedor satisfizer seus interesses espontaneamente ou se não estiver munido de título executivo. REQUISITOS DA EXECUÇÃO São dois requisitos: Inadimplemento do devedor Existência de título executivo Haverá carência de ação na ausência de qualquer deles, pois juntos integram o interesse de agir – binômio necessidade/utilidade. INADIMPLEMENTO: ART. 580/581 do CPC: define o que é o devedor inadimplente. As regras para a inadimplência são do direito material (arts. 389 e ss do CC). Exemplos: Mora ex re: quando a obrigação possui termo certo para o vencimento. Haverá mora desde o momento que o devedor não cumpriu a obrigação na data estabelecida. Mora ex persona: quando não há termo certo, é preciso que haja a notificação do devedor pelo credor. O adimplemento sempre considerará o cumprimento da obrigação no tempo, lugar e forma estipulada. O juiz sempre tomará as providências para que o resultado obtido com a execução seja o mais próximo da obrigação (tutela específica ou resultado prático equivalente), resultado igual ao do cumprimento espontâneo pelo devedor. Se não for possível: PERDAS E DANOS. LEMBRAR: técnicas para compelir o executado: Coerção - ex. astreintes (multa diária) - para as execuções fundadas obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa Sub-rogação – ex. a penhora - utilizada principalmente nas ações fundadas em pagamento de quantia. MORA INADIMPLEMENTO ABSOLUTO Mora é o atraso, porém ainda há o aproveitamento para o credor. Inadimplemento absoluto: a prestação, por conta do retardamento, torna-se inútil ao credor. Ambos são hipóteses de inadimplemento e, para o CPC, basta, para dar início à execução, a ocorrência de qualquer deles, não sendo necessário o inadimplemento absoluto. TÍTULO EXECUTVO É considerado requisito de qualquer execução, juntamente com o inadimplemento do devedor. → Qual a natureza jurídica do título executivo? São 3 as principais correntes: Carnelutti: é prova documental, contém prova de existência do débito; função eminentemente probatória. Ademais, outros meios de prova seriam insuficientes. O título é o “bilhete de ingresso” na execução. Liebman/Dinamarco: é ato constitutivo da vontade estatal concreta. É requisito suficiente e necessário, independentemente da prova do débito. Doutrina brasileira: Marcus Vinicius Rios Gonçalves, Araken de Assis, Humberto Theodoro Jr.: o título executivo é instituto bifronte, uma incindível unidade do ato e do documento. Taxatividade e tipicidade do título: Título executivo é apenas aquilo que a lei assim o considera. Somente a lei pode criar um título executivo. O rol é taxativo, numerus clausus, não bastando mera convenção entre as partes. Estão previstos no CPC e em leis especiais. A tipicidade refere-se à forma com que são feitos, pois a lei os enumera, mas também fornece os modelos, os padrões que devem ser respeitados. Ex. cheques e notas promissórias - não basta serem considerados títulos executivos, para serem criados, devem observar a forma prescrita em lei. Eficácia do Título: É condiçãoindispensável para a execução. O título não se confunde com a obrigação. É preciso que a obrigação consubstancie-se no título para que surja, para o credor, a possibilidade de execução. Crédito: é o motivo indireto, mediato, remoto. Título: é o motivo direto, imediato. Quando o Juiz defere o início de uma execução, verificará apenas se o título encontra-se formalmente em ordem, não se preocupando com a existência ou não do débito que será matéria para embargos ou impugnação. A eficácia do título prescinde da existência do crédito. A abstração do título face a existência do débito pode ser demonstrada pelo art. 585, § 1° do CPC. Pluralidade de títulos: Pode haver execução fundada em vários títulos, desde que observado o disposto no art. 573 CPC: mesmo devedor, juízo competente para todos e forma idêntica de processo. È possível também um crédito estar representado por vários títulos, mas isso não pode ensejar várias execuções. Apresentação do título: Deve ser apresentado, junto com a inicial, o título executivo ORIGINAL, para evitar a multiplicidade de ações e com isso, ferir a segurança jurídica. Pode, de forma excepcional, ser apresentada cópia do documento. Ex. o título encontra-se instruindo outra ação. É preciso que a apresentação da cópia não ofereça perigo ao executado. Requisitos do título executivo: - art. 586 do CPC O título deverá ser de obrigação líquida, certa e exigível. Se os requisitos não forem preenchidos, a execução será nula, conforme art. 618 do CPC. É verdadeira carência de ação, que ensejará extinção sem satisfação do credor. Ausência de requisitos é matéria de ordem pública e, assim, pode ser reconhecida de ofício. Os requisitos de liquidez, certeza e exigibilidade dizem respeito à obrigação. Eles decorrem do próprio título e sua simples leitura deve poder indicar quais são os contornos da obrigação. Certeza: é a certeza em abstrato, ou seja, o título deve corresponder a uma obrigação, indicando-lhe a existência. Certeza decorre de um título formalmente perfeito, com a indicação da obrigação, sua natureza e as partes envolvidas. É o chamando an debeatur. Liquidez: refere-se ao quantum debeatur, isto é, à quantidade de bens. O título executivo extrajudicial deve ser sempre líquido e o judicial pode ser ilíquido, porém é preciso haver liquidação anterior à execução. Exigibilidade: nada mais é do que o vencimento da obrigação. A obrigação precisa estar vencida para poder ser exigida. TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS: ART.475-N DO CPC I – obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa cumprem-se conforme os arts. 461 e 461-A do CPC. As obrigações para pagamento de quantia conforme o art. 475 do CPC. Não é preciso que a sentença tenha transitado em julgado, pois há execução provisória. II – a sentença penal condenatória precisa ter transitado em julgado (presunção de inocência no processo penal). Pode ocorrer de existirem duas ações em curso: cível e criminal. Se o réu for condenado na esfera penal, haverá carência superveniente da ação cível, pois a culpa estará comprovada e a sentença penal, por si só, já é título executivo. Ocorre que, o Juiz pode prosseguir quando for necessária a apuração do quantum debeatur. Se já há uma sentença de improcedência no cível, pode haver execução de posterior sentença penal condenatória transitada em julgado? Controvertido. Há processo autônomo apesar de ser título executivo judicial. Se o título executivo for uma sentença penal condenatória, apenas quem configurou como réu no processo criminal poderá ser executado, jamais contra terceiros III – a homologação recai apenas sobre os aspectos formais do negócio celebrado entre os particulares. Apenas para poder ser alcançada pela coisa julgada material é que a sentença homologatória é considerada de mérito, afinal ela não se traduz em condenação. Transação: iniciativa das partes Conciliação: oriunda do Juiz. Apenas terá força executiva se impuser uma obrigação às partes. IV – é a única hipótese de título que não advém de um Juiz. Não é necessária qualquer homologação pelo P. Judiciário. É preciso processo autônomo. V – como o próprio nome diz é um acordo celebrado independentemente da existência de um processo pendente. É para dar eficácia executiva ao acordo, requerendo a homologação pelo Juiz. VI – alteração trazida pela EC n° 45: antes a competência era do STF e hoje passou para o STJ. Só terá força executiva se trouxer alguma obrigação. VII – quando o inventário ou arrolamento terminam é feita a partilha dos bens e o juiz a homologa se estiver conforme. Essa homologação é feita por sentença que, após transitar em julgado, tem-se o formal extraído. A certidão é para quinhões que não ultrapassem 5 vezes o salário mínimo vigente. Credores com créditos reconhecidos não poderão se valer do formal, sendo necessário processo de conhecimento. Apenas herdeiros, legatários e inventariante podem se valer do formal como título executivo judicial. Outros títulos: (não previstos no art. 475-N) são tutela antecipada e decisão inicial na monitória quando o réu silenciar, ou seja, não apresentar embargos ou pagar. TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS ART. 585 DO CPC Por não necessitarem da fase cognitiva para sua formação, possuem menor grau de certeza em relação aos títulos executivos judiciais. São títulos extrajudiciais aqueles definidos em lei, segundo a determinação do legislador. São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque – são as cambiais do Direito Comercial e Empresarial. II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor – é o documento que contém declaração de vontade do devedor e firmado por tabelião ou funcionário público. Para ser título executivo, deve conter uma declaração de obrigação de fazer, não fazer, entrega de coisa ou pagamento de quantia; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores – não é homologado pelo juiz, pois se assim fosse o título seria judicial e não extrajudicial; deve haver o referendo, ou seja, a aprovação por parte do MP, Defensoria ou dos advogados das partes; III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese – contratos reais com garantias hipotecárias e pignoratícias; caução – é assessória, podendo ser real ou fidejussória, bem como os de seguro de vida; IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio – decorrem da enfiteuse, proibida pelo Código Civil, em seu art. 2038. O foro é uma renda anual a ser paga ao proprietário do imóvel e o laudêmio é um valor a ser pago, pelo alienante, ao senhorio direto, sempre que houver transferência de domínio útil, por venda ou dação em pagamento – ex. terrenos de marinha (taxa de 2,5% a 5%) V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio – contratos escritos de locação têm força executiva, se for contrato verbal, não será título executivo extrajudicial; a cláusula penal compensatória devida pela ruptura prematura do contrato encontra divergência doutrinária. VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; VIII -todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. PARTES NA EXECUÇÃO Legitimidade ordinária: credor e devedor – arts. 566, I e 568, I, ambos do CPC. É o que se denomina legitimidade ordinária direta. Porém há também a legitimidade ordinária independente: não figuram no título executivo, porém possuem legitimidade atribuída por lei. Para ser legitimado primário/ordinário direto: 2 requisitos: Pertinência subjetiva com a relação jurídica obrigacional; Figurar no título. Há, portanto, 3 tipos de legitimidade: 1. A ordinária direta: daqueles que figuram no título; 2. A ordinária independente: não figuram no título, mas são titulares das obrigações. A lei lhes atribui legitimidade. 3. Legitimidade Extraordinária: atribuição dada, pela lei, a alguém para que vá a juízo, em nome próprio, buscar a satisfação do direito alheio. Ex. MP. Legitimados ordinários independentes: O sucessor: A legitimidade aqui é tanto ativa quanto passiva. Art. 567, I do CPC pode ser sucessor do credor por ato inter vivos ou causa mortis. Se for transferida a legitimidade passiva (devedor), deve-se tomar o cuidado para que o valor não ultrapasse os limites da herança. Se for causa mortis serão sucessores ativos (credor) os herdeiros; se for inter vivos, tornar- se-á legítimo o cessionário (cessão de crédito), sendo que o credor não precisa da anuência do devedor para ceder o crédito do pólo ativo da execução (art. 286 do CC). Na hipótese de o devedor ceder sua dívida para outra pessoa (assunção de dívida/débito), será necessário, por óbvio, a concordância do credor (art. 299 do CC), pois toda vez que muda o devedor, muda também a garantia da dívida. Se for pessoa jurídica, é preciso verificar se houve extinção ou destinação do patrimônio para outra pessoa jurídica. Na primeira hipótese, haverá a responsabilidade dos sócios; na segunda, a nova empresa assumirá todo o ativo e todo o passivo da anterior. O sub-rogado: Art. 567, III do CPC: o sub-rogado é aquele que satisfaz a obrigação alheia, assumindo a posição do antigo credor. A sub-rogação pode ser legal ou convencional – arts. 346 e 347 do CC. A sub-rogação presta-se apenas para substituir o pólo ativo da demanda e não para o pólo passivo. O fiador: É uma forma de sub-rogação, quando ele paga a dívida do afiançado assume o lugar do credor, podendo cobrar aquilo que desembolsou, nos mesmos autos em que foi executado – art. 595 do CPC. Para que isso aconteça, é preciso que o fiador tenha pagado a dívida. Fiador no pólo passivo - art. 818 do CC: Há 3 formas de fiança: legal (expressa disposição legal - art. 1400 CC), convencional (vontade das partes) e judicial (estipulada em processo, pelo juiz, ou a requerimento das partes - art. 588, I e 925 do CPC, por exemplo). A fiança judicial é aquela prestada por 3º estranho ao processo para garantir dívida que está sendo discutida sub-judice. Como o fiador aparece no processo, ainda que para apenas prestar fiança, será legitimado ordinário passivo na execução. Poderá ser executado direto, mesmo não sendo parte, apenas terceiro. Na fiança convencional, precisa-se verificar se a execução baseia-se em título executivo judicial ou extrajudicial. Quando a execução for fundada em título executivo extrajudicial, poderá ser promovida contra devedor e fiador, conjuntamente, ainda que haja benefício de ordem (a execução correrá contra ambos, mas a penhora poderá recair primeiro sobre os bens do devedor). Contra o fiador, sozinho, apenas se ocorreu a renúncia expressa ao benefício. Art. 585: caução real ou fidejussória. Se for título executivo judicial, o fiador precisa ter participado do conhecimento, figurando como parte. Poderá haver a execução contra apenas um deles ou contra ambos. Após a demanda de conhecimento, o fiador poderá ser executado sozinho, sem o devedor conjuntamente. Aqui, ainda que o fiador tenha benefício de ordem, a execução poderá ser movida apenas contra ele. Se quiser exercer esse benefício: chamamento ao processo na fase de execução. O ofendido: Pode ser legitimado direto (se for a vítima e tiver sido o autor da ação) ou ordinário independente, quando não figurar no título - ex. sentença em ação civil pública. Responsável Tributário: Art. 568, V do CPC: pessoa ligada ao fato gerador que responde ao pagamento do tributo caso o devedor não pague. Avalista: É aquele que dá a garantia de que pagará o título de crédito caso o devedor principal não o faça. É sub-rogação própria do direito cambial e não existe benefício de ordem para essa hipótese. Advogado: Pela lei 8.906/94, a verba honorária pertence ao advogado. Há, porém, dupla legitimidade: do próprio advogado (ordinária para os honorários) e da parte (extraordinária para os honorários). Empregador: Pode haver propositura de ação contra um, outro ou contra ambos. O empregador responde objetivamente pelos danos causados por seus empregados. Entretanto, é preciso que figure no pólo passivo da demanda de conhecimento para que se forme o título executivo contra ele. Se apenas o empregado figurar, apenas ele poderá ser executado, excluindo-se o empregador, pois este último poderia ter demonstrado no processo (do qual não participou) que o empregado não estava no desempenho das suas funções. Ministério Público: Tem sua legitimidade extraordinária, pois a execução sempre será em defesa de interesse alheio e nunca em interesse próprio. Exemplos: ação civil pública, ação civil ex delicto, ação popular. Fonte: Marcos Vinícius Rio Gonçalves – Novo Curso de Direito Processual Civil. Este material é apenas mais um subsidio de estudo, não devendo ser substituído pelo PLT.
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