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Resumo filosofia do direito

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
ALUNA: Thaís Macêdo de Queiroz / PERÍODO: 3º
 REVISÃO PARA O PRIMEIRO GQ DE FILOSOFIA DO DIREITO 
PLATÃO (429 - 347 a. C)
- Grande discípulo de Sócrates;
- Foi quem escreveu tudo o que conhecemos sobre a filosofia de Sócrates.
Os pré-socráticos faziam teoria de tudo, o que teria sido o erro deles. Depois de Sócrates se pensou em 
primeiro fazer uma teoria sobre a própria teoria, sobre a capacidade cognitiva humana, dizendo quais são os 
limites.
Reação contra o relativismo sofista – cada objeto seria único, singular, por exemplo, duas cadeiras 
diferentes teriam teorias diferentes, com uma teoria para cada cadeira, mesmo que só mudasse a cor, o que 
contradiz a experiência. Dessa forma, para se fazer uma teoria, precisa-se de um método.
Problematização do conhecimento – não pode confundi-los, como faziam os pré-socráticos.
1. Conhecimentos sensíveis – apreendidos através dos sentidos, conhecimentos do individual, particular, 
empírico. É relativo, pois depende de quem faz a experiência, o que pode variar que indivíduo para 
indivíduo.
2. Conhecimentos inteligíveis – apreendidos através do intelecto, conhecimento das Ideias (eidos). Racional, 
por exemplo, conhecimentos matemáticos, buscando as essências, o eidos.
- Caso só tivéssemos o conhecimento sensível, cada conhecimento seria único e singular, dessa forma os 
sofistas deixam de ter razão quanto a isso.
- O que os conhecimentos inteligíveis conhecem são os eidos, no sentido de essência, de arquétipo ideal 
perfeito de qualquer coisa, por exemplo, o arquétipo cadeira só é alcançado pela via inteligível, pois é a 
intelecção, o eidos, do que é cadeira que faz com que entendamos que todas as outras variações de cadeiras 
pertençam ao gênero cadeira.
* Então, grande parte da confusão feita pelos pré-socráticos, dava-se pela confusão desses dois principais 
tipos de conhecimento.
Mito da Caverna (A República, livro III)
É uma história contada por Platão, que tem duas vertentes, política e epistemológica.
É uma forma metafórica de tratar dessas coisas que são complicadas, deixando o texto mais acessível para 
quem não era filósofo.
Nessa história, as pessoas vivem acorrentadas em uma caverna e um dia a corrente de uma delas rompe, 
permitindo que ela possa sair do lugar em que esta, de onde só via sombras, dessa forma ela poderia ver o 
que eram as sombras na realidade.
Quando esta pessoa vai contar para as outras pessoas, elas a matam, pois apesar de que fosse verdade elas 
não viram, então para elas era um desaforo.
*Essa pessoa que morre é Sócrates, por seu compromisso com a verdade e muitas vezes as pessoas não 
querem a verdade, preferem viver na doxa, que aqui é a metáfora política.
O compromisso epistemológico que corresponde à parte sensível são as sombras, e a vida inteligível é o 
sujeito que consegue se soltar e ao ver a luz fica cego por um momento, perdendo o senso de realidade, que é 
dado pela sensibilidade, mas mesmo assim ele se arrisca a ir para fora da caverna, e pela sua razão, pela via 
inteligível conhece a verdade, deixando de lado a aparência, buscando a essência.
A República
- Principal livro de Platão;
- Trata de um projeto de como deveria ser uma sociedade justa e perfeita.
- O nome República é uma adaptação feita pelos Romanos do que anteriormente era Dipoliteia perité tes 
dikes, que significava estudo da polis sob a justiça.
Defendia que uma sociedade justa era uma sociedade estratificada em três classes:
1. Filósofos – razão – direção;
2. Guerreiros – força, coragem, defesa, ordem;
3. Trabalhadores – sensibilidade, nutrição, economia.
Os filósofos seriam os responsáveis pela direção, pelo governo, pela elaboração das leis, representariam 
simbolicamente a razão, a cabeça.
Desse modo, os filósofos não se deixariam enganar pelas aparências, pois teriam a via inteligível do 
conhecimento mais desenvolvida, por isso conseguem, mesmo desconfiando das aparências, enxergar a ideia 
do bem, do eidos, o que faria com que estivessem mais aptos a elaborar boas leis.
Os guerreiros representariam a força, coragem deste Estado e cuidariam da defesa e da ordem que 
mantém a organização interna, como o corpo.
Os trabalhadores seriam responsáveis pela produção de matérias, bens, alimentos, riquezas, comércio, 
construções, funcionando como a base.
Para saber quem entraria em qual classe, Platão propõe o seguinte:
- Acabar com a família, pois a família prejudica o interesse público, colocando o interesse privado antes do 
público, devido às relações amorosas e de bens. Assim, todas as crianças que nascessem deveriam ser criadas 
e educadas pelo Estado sem a interferência dos pais, possibilitando que o indivíduo descobrisse qual é a sua 
aptidão natural sozinha, esta aptidão está ligada com o eidos, a psique de cada indivíduo.
- Filósofos e Guerreiros seriam proibidos de ter qualquer vida privada, somente a vida pública lhes seria 
cabida, ou seja, não poderiam estabelecer qualquer tipo de união estável e não poderiam acumular riquezas 
não existir desvio de funções.
- Trabalhadores poderiam acumular riquezas e ter família, mas não criar os filhos.
Concepção orgânica de Justiça
Não tinha igualdade, nem liberdade – Arete.
Sendo assim, para Platão a Justiça seria o equilíbrio dessa sociedade, o equilíbrio entre as partes. Os 
indivíduos para ele seriam como células de um corpo e quando uma não realiza sua função prejudica o 
corpo, com isso seria necessário elimina-la (eugenia – busca o melhoramento da raça).
A justiça não começa com os indivíduos, é uma concepção orgânica de justiça, porém acaba chegando neles.
Comunismo Aristotélico
Comunismo no sentido de tudo ser comum ao interesse de todos, e aristocracia é o governo dos melhores, 
dos excelentes (em cada função).
Arquétipo das utopias totalitárias segundo Kalr Popper
Este modelo trata do melhoramento da raça como as células que não realizam sua função.
Não haveria mudança de classes, pois a aptidão se enquadra em todas, o que desregularia o corpo.
Norma como mimeses da Ideia do Bem
Os filósofos teriam a capacidade de elaborar normas o mais próximo possível do eidos benéfico, sendo assim 
o mais próximo da justiça.
Tem-se a ideia de uma sociedade o mais justa possível.
Estrutura da psique humana (República, Fedon)
Entende-se aqui, a psique como a alma.
1. Racional – conhecimento;
2. Irascível – paixões (amor, ódio, inveja, desejo de poder, coragem);
3. Concupiscível – apetites (prazer, dor).
Podendo-se fazer um paralelo com a estrutura da sociedade perfeita, pois fica dividida em três classes e cada 
uma corresponde a uma parte da sociedade e aqui à alma humana, respectivamente em 1, 2 e 3, onde a 3, 
que seria a base do Estado, passa a ser o ‘ventre’ do indivíduo.
Observa-se então que há um paralelo entre a estrutura da psique e a da republica, onde ele dirá que uma 
sociedade equilibrada, que na visão dele ser a aristocracia, tende a produzir indivíduos equilibrados e uma 
desequilibrada tente a produzir desequilibradamente os indivíduos.
O que move o ser humano são os impulsos – paixões e apetites – e para Platão, para a sociedade ser justa, a 
parte racional humana tem que controlar as outras duas, determinando as direções humanas.
Formas de Governo (República, livro VIII)
Segundo ele, qualquer sociedade se enquadra em uma dessas formas, descrevendo como uma sociedade 
pode sair da melhor forma de governo e chegar na pior, dessa forma, na visão de Platão, sair da Aristocracia 
e chegar na Tirania.
Aristocracia – governo dos excelentes, busca do pleno bem.
Timocracia – governo dos melhores, mas que foram corrompidos pela paixão.
Oligarquia – governo de poucos (ou de um grupo), dos que governam pelo interesse próprio, o que faz com 
que o interesse do resto seja excluído e o extremo da exclusão são os mendigos, e segundo ele, ter mendigos 
nas ruas de uma cidade é sinônimo de que a sociedade está doente.Em sua história, por exemplo, diz que 
podiam ser os filhos dos timocratas, mas não é porque não filhos que vão ter as mesmas aptidões. Trazendo 
a visão de Platão para a atualidade, o Brasil seria considerado uma Oligarquia.
Democracia – quando os que foram excluídos da oligarquia tomam o poder, por meio de um golpe de 
estado. É a forma de máxima liberdade, só que para isto fica muito próximo da máxima escravidão (tirania). 
Platão não gosta de Democracia, pois mataram Sócrates em uma democracia direta, sem motivos concretos. 
Para ele é uma forma de governo instável, onde todos podem decidir, não só aqueles que tem aptidão, o que 
pode levar à uma guerra civil, pois é de fácil manipulação pela retórica.
Tirania – sujeito que tira a sociedade de uma guerra civil tem a ele delegado plenos poderes e quando 
querem o tirar o poder, mesmo quando realizou seu objetivo, como ele tem plenos poderes não vai querer 
devolver e se necessário usara os poderes que tem para impedir que isso ocorra. Dando assim a máxima 
forma de escravidão e perseguição aos críticos.
A expulsão do poeta – arte da cidade para evitar revoltas sociais e desordem social, por isso, não é a toa 
que as utopias totalitárias vão controlar a arte.
“As Leis” – último livro de Platão onde ele escreve e depois reformula vários conceitos da República, 
amenizando-os, por exemplo, a aristocracia será mesclada com a democracia, mas ainda prevalece, e afirma 
ainda que a lei está acima de tudo.
ARISTÓTELES (384 – 322 a. C)
Vai criticar, romper, com o dualismo de Platão que sugere a existência de dois planos.
Traz as ideias platônicas para a imanência do mundo:
1. Hilemorfismo – que segundo Aristóteles, é todo ser composto de forma e matéria, tudo aquilo que é 
sensível a matéria, o que se pode toca, experimentar, perceber, e pela intelecção é possível chegar a uma 
forma (Hile = matéria; mofismo = formas);
2. Teleologia – estudo dos fins (teleos = finalidades). Na concepção de Aristóteles, o universo é teleológico, 
ou seja, tudo o que existe tem uma finalidade, e é justamente este fim que determina como as coisas são, 
sendo assim, tem-se a relação entre forma e matéria, pois a forma que a matéria terá determina o que ela 
será.
Por exemplo, para Aristóteles, a finalidade do homem é a felicidade.
3. Ato/ Potência – Aristóteles buscava explicar o movimento e a modificação das coisas com esta ideia, 
como por exemplo, o conhecimento. Então para ele, uma coisa está em ato ou potência, por exemplo, uma 
semente é arvore em potencial, ela tem a finalidade de ser uma arvore, e se ela se torna uma arvore, ela se 
atualiza, e do ponto de vista de um marceneiro ela passa a ser uma mesa em potencial. Dessa forma, pode-se 
dizer que o que é vivo é morto em potencial.
Aqui imanência aquela que está compreendida na própria essência do todo, é aquilo que é acessível, o 
contrário de imanência é a transcendência.
A psique (alma) é a forma dos seres que se movem por si mesmos, o que para ele não tem nada de místico, 
afirmando ainda que a alma se divide em diferentes graus:
Alma vegetativa – dos seres mais simples, responsáveis pelas funções mais simples, aqueles que não 
sentem e não percebem, por exemplo, uma planta. (Daí que se tem a expressão ‘coma vegetativo’);
Alma sensitiva – tem a capacidade de sentir, perceber e interagir com os outros, por exemplo, animais, 
peixes;
Alma racional – alguns seres com capacidade de sentir, pensar, raciocinar (assim que explica o 
conhecimento, pois, segundo ele, só se desenvolve através da política em sociedade), por exemplo, homem, 
no caso de Aristóteles, os gregos, homens, atenienses.
O homem só se desenvolve (racionalmente) se vive em sociedade política, caso contrário vai ter só 
potencialidade, mas se não tiver as condições não desenvolverá sua alma racional, o que é completamente 
diferente do pensamento cristão, que o homem não se contaminaria pelo pecado original, quando isolado da 
sociedade, portanto falaria a língua de Deus.
Conhecimento é a reação entre as formas, onde se considera a matéria separada das formas, e só a alma 
racional pode fazer isso.
Ética a Nicômaco
Importante obra de Aristóteles, onde o livro V é um dos mais importantes.
O homem só existe dentro da Polis, ‘zoon politikon’ é a organização a partir das leis. Afirma que a Polis é 
ontologicamente anterior à própria existência do homem, que só se desenvolve em meio político.
Tudo tem uma essência que é determinada por um fim, de acordo com a teleologia.
A finalidade do homem é a felicidade (eudaimonia), no entanto, para Aristóteles a felicidade não é o estado 
de felicidade, o sentimento, e sim a ação, a atividade através da qual o homem realiza plenamente as suas 
aptidões, a prática de virtudes (que para ele é a excelência, Arete).
As virtudes aqui são sempre o meio termo, a moderação (sophorosýse), assim, tanto se exceder quanto se 
abster em algo é um vício, e a virtude é o equilíbrio, dessa forma pode-se dizer que a justiça, para Aristóteles, 
é o equilíbrio.
Além disso, as virtudes são divididas entre:
1. Dianoéticas – as que são mais teóricas, racionais como arte, ciência, sabedoria, intelectos 
e prudência (phróneses).
Prudência que para ele é a capacidade de moderação intelectual de distinguir o certo, errado, justo e injusto, 
é a existência de que nos organizemos em sociedade.
2. Éticas – as que vem do étos (caráter que é conseguido através do hábito, por exemplo, escovar os dentes, 
que se desenvolve com a repetição):
I. Temperança – moderação entre dor e prazer, experiência – arte da moderação;
II. Fortaleza ou coragem – moderação entre coragem e covardia;
III. Generosidade – moderação entre ser avarento e pródigo;
IV. Justiça – moderação do justo.
A norma do ponto de vista da virtude é aquela que regula uma conduta, e para Aristóteles, é justa quando 
leva a prática da moderação, leva a ter caráter, ou seja, ter temperança, fortaleza, generosidade e justiça, e 
as leis tem papel fundamental nisso, pois elas regulam o cidadão. Leis boas dão forma ao caráter do 
indivíduo e as ruins o deformam.
Aristóteles vai dizer que para que alguém atinja a plenitude não pode trabalhar, tem que ser rico, ter 
escravos e amigos interessantes, e só dedicar o tempo todo, ou seja, quem trabalha não atinge a plenitude, 
pois nasceu para ser escravo. Então apenas homens, não mulheres, ricos, atenienses e com amigos 
interessantes com essas mesmas características. (Marx acompanha parte disso)
Justiça política
1. Natural (physikon dikaion) – tendências universais variáveis à todos os seres humanos, porém sofrem 
influencias culturais podendo sofrer modificações, portanto não são imutáveis como as leis da natureza.
Compara o fogo com o braço direito, pois o fogo será o mesmo em qualquer lugar, porque depende da 
combustão, das leis naturais, já o braço direito é mais desenvolvido na maior parte dos seres humanos, ou 
seja, é uma tendência e não uma lei natural, podendo se modificar, por exemplo, um destro se esforçando 
pode se tornar ambidestro.
Dessa forma ele contraria a crítica que os sofistas fizeram aos pré-socráticos, pois os sofistas diziam que 
existissem leis naturais as leis de todos os povos seriam pelo menos parecidas e Aristóteles diz que existem 
sim, porém são mutáveis, então o direito natural pode se modificar, pois não é como as leis da natureza.
2. Convencional (nomikon dikaion) – normas baseadas na pura convenção para dar bases à ordem, por 
exemplo, dirigir no Brasil e na Inglaterra.
Modos de aplicação de justiça
1. Distributiva: “a cada um segundo seu mérito”. O critério para determinar o mérito varia. Numa 
aristocracia é a excelência, numa politéia é a liberdade, numa oligarquia é a riqueza ou berço, dessa forma, 
pode-se concluir que é distribuída do Estado para os indivíduos, considerando o mérito de cada um. 
(Proporção geométrica, por exemplo, a pratica de um crime x fará com que o sujeito receba a pena de 2x 
para desestimulá-lode cometer crimes, o mesmo acontece com as boas ações dos indivíduos, então se fez 
uma boa ação é premiado).
2. Corretiva (comutativas, signalagmáticas): “que cada um dê ou receba o que a parte contrária deve dar ou 
receber”. Relação de coordenação, equilíbrio dos indivíduos:
I. Voluntária – a relação ocorre sem problemas e por livre vontade.
II. Involuntária – é quando há um desequilíbrio, um abuso, o Estado equilibra pela força que tem. 
(Proporção aritmética).
Equidade (epieikeia) para ele significa bom senso como instrumento jurídico. A norma é geral e o caso 
concreto, assim, o bom senso para usar e adequar a norma, ou seja, adaptar a lei ao caso concreto. Então 
para o juiz decidir com equidade, ele teria que imaginar como o legislador teria elaborado a lei naquele caso.
A Polis objetiva e subjetiva da responsabilidade
- Injusto: nexo causal (acontecimento).
- Injustiça: vontade (intenção).
Segundo Aristóteles algo pode ser injusto sem ser injustiça. Para configurar o injusto é necessário 
demonstrar o nexo causal. Para configurar a injustiça é necessário configurar além do nexo causal, uma ação 
voluntária. Ação voluntária é aquela executada de maneira intencional e sob controle do agente, sem ignorar 
a pessoa afetada, o instrumento empregado e o resultado.
Tipos de erro:
- A conduta que causa dano não extrapola a conduta razoável – a ignorância nesse caso reside no agente.
- A conduta que causa dano extrapola a conduta razoável – a ignorância nesse caso reside no agente.
- A conduta que causa dano é consciente, mas não é deliberada – a ignorância nesse caso reside na situação, 
a pessoa sabe o que está fazendo, mas está louco pela paixão.
Formas de Governo (Política, livro III, cap. VIII):
Formas boas: Monarquia, Aristocracia e “Politéia” (constituição)
Formas corrompidas: Tirania, Oligarquia e Democracia.
Monarquia é bom desde que o monarca governe visando o interesse público, o problema é que ele pode se 
corromper e o governo virar uma Tirania, governando e visando os próprios interesses.
Aristocracia é o governo da excelência, dos melhores público, quando visão o interesse público vira 
uma Oligarquia.
Politéia é a forma de governo popular, ou seja, os próprios cidadãos que governariam, quando isso se 
corrompe vira uma Democracia, não visando o interesse público, pois as pessoas podem ser manipuladas e 
vir a acontecer algo que não é certo, como, por exemplo, a morte de Sócrates.
Aristóteles é o primeiro a esboçar a separação dos “poderes” – no sentido de funções (Política, livro VI, 
capítulo XI):
- Assembleia Popular – elaboração das leis (legislativo hoje);
- Magistratura administrativa – escolhem-se os competentes, aptos para administrar (executivo hoje);
- Magistratura jurídica – conselho dos anciãos, mais experientes, visando dirimir conflitos (judiciário 
Hoje).
(Magistratura como sendo cargo político)
Dimensões da ação humana
1. Theoria – atividade contemplativa, que não modifica o mundo a princípio;
2. Poiésis – técnica, atividade, prática, tem efeito no mundo (organização, produção);
3. Praxis – mistura theoria e poiésis, uma coisa está junto com a outra, as duas acontecem juntas, a ação e o 
pensamento, é a essência do zoon politikon.
SANTO AGOSTINHO 
Uma das maiores personalidades da história universal, Santo Agostinho foi um grande retórico, um grande 
filósofo e um grande santo da Igreja. Sua obra, ao mesmo tempo vasta e profunda, exerceu e exerce muita 
influência em toda a cultura ocidental.
A sua vida, muito conhecida, torna-o inteligível também para muitos não-cristãos. Retórico, homem do 
mundo, carnal, fez um longo esforço para encontrar a chave da inquietação que o devorava. Primeiro 
maniqueu, depois platônico, finalmente convertido, num célebre momento que ele mesmo contou com um 
gênio inimitável.
Depois da conversão, e sem pretendê-lo, é ordenado sacerdote. Chega ao episcopado da mesma maneira. E 
desde esse momento, no meio de muitas vicissitudes críticas, carrega sobre si grande parte da responsabilidade 
da Igreja; assim, por exemplo, no auge da heresia de Pelágio ouem face do cisma dos donatistas. No momento 
da sua morte, é todo um símbolo. Morre em Hipona quando os vândalos sitiavam a cidade. Com ele, morre a 
cultura antiga e nasce outra nova. Porque Santo Agostinho foi um homem do seu tempo. Versado em todas as 
artes clássicas, foi sempre um retórico de grande habilidade, jogando com as palavras num malabarismo que 
conseguia sempre escapar à superficialidade. Diríamos que o seu pensamento é tão profundo que supera as 
habilidades do retórico.
Inicialmente, escreve filosofia, porém mais tarde dedica as suas forças à pregação, sem descuidar uma enorme 
correspondência. Escreve também muitos tratados teológicos, de exegese bíblica, etc.
Não citaremos aqui as obras teológicas; limitar-nos-emos às de caráter filosófico: Contra Acadêmicos, crítica 
do ceticismo; De beata vita, sobre a felicidade; De ordine, sobre a origem do mal: os Coliloquia, um 
apaixonado diálogo consigo mesmo sobre a imortalidade da alma; De immortalitate animae; De quantitate 
animae, sobre a mesma questão; De magistro, sobre a educação com um enfoque psicológico.
Santo Agostinho não construiu um sistema filosófico completo, ainda que as idéias básicas se mantenham 
constantes e acusem um claro predomínio platônico. Ele mesmo nos conta que começou a ler uma obra de 
Aristóteles e não pôde prosseguir. Talvez o tenha afastado o estilo entrecortado, desencarnado, a falta dessa 
alma que Santo Agostinho buscava em tudo. Santo Agostinho não parece feito para encerrar a realidade em 
categorias. A sua reflexão parte sempre da vida: das coisas que se passam ao seu redor, das ideias dominantes, 
dos ataques contra a fé, da interioridade da sua alma.
A BUSCA DA VERDADE
A filosofia agostiniana é uma constante busca da verdade, que culmina na Verdade, em Cristo. É um 
movimento incessante, uma paixão, e, precisamente, a paixão principal: o amor. “Amor meus, pandos meum”, 
o amor é o peso que dá sentido à minha vida. Verdade e Amor.“Fizeste-nos, Senhor, para Ti e o nosso coração 
estará inquieto enquanto não descansar em Ti”, diz nas Confissões.
Essa “passionalidade” da filosofia agostiniana não é em nenhum momento irracionalismo ou voluntarismo. Se 
incita a ter fé para entender, também anima a entender para crer melhor. Nada nos pode fazer duvidar da 
possibilidade de chegar à verdade. Nada valem os argumentos céticos. Si fallor, sum: se me engano, é uma 
prova de que sou, diz, antecipando-se, num contexto muito diferente, a Descartes. E com mais clareza: “Sabes 
que pensas? Sei. Ergo verum est cogitare te, logo é verdade que pensas”.
A verdade está no interior do homem. “Não queiras sair para fora; é no interior do homem que habita a 
verdade”. E há verdades constantes, inalteráveis, para sempre. Dois mais dois serão sempre quatro. Santo 
Agostinho tenta esclarecer de onde pode vir essa verdade. Não das sensações, diz, porque essas são e não são, 
são mutáveis, efêmeras. Tampouco do espírito humano, que, por profundo que seja, é limitado. Essas verdades 
eternas só podem ter por autor Aquele que é eterno: Deus. São reflexos da verdade eterna, que nos ilumina e 
nos permite ver. Nisso consiste o que depois ficou conhecido como “doutrina da iluminação”; porém, desde já é 
preciso dizer que Santo Agostinho não a apresenta nunca como uma “teoria”, mas como uma comprovação. Já 
no final da sua vida, diz nas Retractationes que o homem tem em si, enquanto é capaz, “a luz da razão eterna, 
na qual vê as verdades imutáveis”.
Como em Platão, conhecer verdadeiramente é estar em contato com o mundo inteligível. Porém, Santo 
Agostinho nunca dirá que vemos as verdades em Deus, mas que participamos da luz da razão eterna. Não se 
deve ignorar, por outro lado, que essa solução para o tema do conhecimento corre o risco de não distinguir de 
forma adequada o conhecimento natural do conhecimento sobrenatural.Mas essa é uma questão que só será 
levantada mais tarde, na Idade Média.
A BUSCA DE DEUS
Em Santo Agostinho, não existem provas formais para demonstrar a existência de Deus. Ainda que toda a sua 
obra seja uma espécie de itinerário em direção a Deus. Tudo fala de Deus; basta abrir os olhos. Ele é intimior 
íntimo meo, mais íntimo ao homem que a própria intimidade humana. As coisas falam-nos todo o tempo de 
Deus. Perguntamos-lhes: “Sois Deus? ” E respondem: “Não, fomos feitas. Continua a buscar”. De forma 
retórica – retórica de grande qualidade –, encontramos aí a prova da existência de Deus pela contingência das 
realidades humanas. A mutabilidade exige o imutável; os graus de perfeição exigem o Ser perfeito. Em Santo 
Agostinho, como em outros filósofos de inspiração platônica, está claramente formulado o que será a quarta 
via de São Tomás de Aquino.
Qual é o melhor nome para Deus? O que se lê no Êxodo: “Aquele que é”. “Non aliquo modo est, sed est, est” 
(Confissões). Santo Agostinho dará com frequência a Deus o nome de Bem, de Amor, porém não desconhece 
que antes de tudo Ele é; e porque é o que é, é Amor, Bem, Infinito. São Tomás de Aquino não precisará 
modificar nada de substancial nesta metafísica agostiniana. Como exemplo das dezenas de textos agostinianos, 
temos este, das Confissões: “Eis que o céu e a terra são; e dizem-nos em altos brados que foram feitos, pois 
modificam-se e variam. Porque, naquilo que é sem ter sido feito, não há coisa alguma agora que antes não 
houvesse: que isso é modificar-se e variar. O céu e a terra clamam também que não se fizeram a si mesmos: 
somos porque fomos feitos; não éramos antes que fôssemos, de modo a termos podido ser por nós mesmos. 
Basta olhar para as coisas para ouvi-las dizer isso. Tu, Senhor, fizeste essas coisas. Porque és belo, elas são 
belas; porque és bom, são boas; porque tu és, elas são. ”
Esta última afirmação (quia est: sunt enim) significava a definitiva superação por parte de Santo Agostinho do 
essencialismo platônico. Deus é causa do ser das coisas, porque é o Ser por essência. Se a fórmula de Santo 
Agostinho não é essa, a ideia é.
O MUNDO, CRIAÇÃO DE DEUS
Outro texto das Confissões situa de forma inequívoca a metafísica da criação: “Que eu ouça e entenda como no 
princípio fizeste o céu e a terra. Moisés escreveu isso; escreveu-o e ausentou-se. Daqui, onde estava contigo, 
passou a estar contigo, e por isso não o podem ver meus olhos. Se estivesse aqui presente, eu o agarraria, lhe 
rogaria e, por Ti, lhe suplicaria que me explicasse essas coisas […]. Porém, como saberia que estava a dizer-me 
a verdade? A própria verdade, que está no interior da minha alma, e que não é grega, nem latina, nem bárbara, 
nem necessita dos órgãos da boca ou da língua, nem do ruído de sílabas, me diria: Moisés diz a verdade, e eu, 
no mesmo instante, com toda a segurança lhe diria: Verdade é o que me dizes”.
Voltemos à questão anterior. Deus é aquele que é; as coisas são criadas. Deus é quem lhes deu o ser. Por quê? 
Por pura bondade. “Porque Deus é bom, somos. ” A razão da criação é a bondade de Deus. Deus não pode ter, 
no seu querer, outro fim que não o seu próprio ser. Só em relação a si mesmo pode querer mais. A criação é 
gratuita. Não há nada preexistente. Santo Agostinho acaba com as dúvidas de Orígenes e com o universo grego, 
eterno.
Deus cria todas as coisas do nada. E todo o criado é composto de matéria. Santo Agostinho, que durante tanto 
tempo não conseguiu conceber uma substância espiritual, não deixa de atribuir uma certa materialidade 
mesmo às criaturas espirituais, aos anjos. A absoluta imaterialidade só cabe a Deus. Em Deus estão as ideias 
exemplares de todas as coisas, que são as formas. Ao criar, essas ideias ficam limitadas pela matéria, mas, ao 
mesmo tempo, nessa matéria já estão os germes de tudo o que será: as rationes seminales.
Santo Agostinho retoma aqui uma doutrina de origem estóica e, ao mesmo tempo, faz uma concessão ao 
“materialismo” que professou durante anos, embora talvez seja melhor empregar o termo de “corporeismo”.
O ENIGMA DO HOMEM
“O homem que se espanta é ele mesmo grande maravilha”. “E dirigi-me a mim mesmo e disse: Tu quem és? E 
respondi-me: Homem. E eis que tenho à mão o corpo e a alma, um exterior e o outro interior. Porém, melhor é 
o interior”. “O homem é um ser intermediário entre os animais e os anjos”. “Nada encontramos no homem 
além de corpo e alma; isso é todo o homem: espírito e carne”. Essas são apenas algumas das numerosas 
referências que poderíamos dar sobre esta questão crucial. São os dois grandes temas agostinianos: “Deus e o 
homem”. “Que te conheça a ti e que me conheça a mim mesmo”. É o famoso princípio dos Soliloquia: “Quero 
conhecer Deus e a alma. Nada mais? Absolutamente nada mais”.
Também nesta questão Santo Agostinho trai a influência do platonismo. O homem é uma alma que usa um 
corpo; ou, uma alma racional, que se serve de um corpo terrestre e mortal; ou, “uma alma racional que tem um 
corpo”. Tudo indica que, para Santo Agostinho, o homem é a alma. E, contudo, há textos que parecem fugir ao 
platonismo: “Porque o homem não é só corpo ou apenas alma, mas o que é constituído de alma e de corpo. 
Esta é a verdade: a alma não é todo o homem, mas é a melhor parte do homem; nem todo o homem é o corpo, 
mas a porção inferior do homem; quando as duas estão juntas, temos o homem” (A Cidade de Deus). A questão 
ainda está sujeita a discussão, mas exagerou-se demais o platonismo de Santo Agostinho neste particular. De 
qualquer forma, Santo Agostinho supera a desvalorização do corporal, tão essencial no platonismo e no 
neoplatonismo. O corpo é matéria, criação de Deus, e por isso, bom. Não é o cárcere nem o túmulo da alma: 
“Não é o corpo o teu cárcere, mas a corrupção do teu corpo. O teu corpo, Deus o fez bom, porque Ele é bom”. 
Também aqui poderíamos multiplicar os textos: “Todo aquele que quer eliminar o corpo da natureza humana 
desvaira”. E de forma inequívoca, numa obra tardia, o Sermão 267: “Perversa e humana filosofia é a dos que 
negam a ressurreição do corpo. Alardeiam serem grandes depreciadores do corpo, porque creem que nele estão 
encarceradas as suas almas, por delitos cometidos em outro lugar. Porém, o nosso Deus fez o corpo e o 
espírito; de ambos é o criador; de ambos o recriador”.
Examinemos uma dificuldade classicamente agostiniana. Deus é o criador da alma, mas como a criou? Com os 
nascimentos surgem constantemente homens, isto é, corpo e alma. Será que as almas estão nas “razões 
seminais”, na matéria, e são transmitidas pelos pais, na geração? Santo Agostinho assim o pensou por certo 
tempo, mas depois recusou que algo espiritual pudesse surgir da matéria. Pensou na criação imediata por Deus 
de cada alma, mas esse início no tempo de algo espiritual não combinava com o que ainda restava de 
platonismo nele. Acabou confessando que não sabia o que dizer. Era mais um elemento desse enigma que é o 
homem.
Fica claro que a alma é imortal, porque conhece as verdades imortais e eternas. Que conheçamos o que seja a 
verdade e que nunca deixará de sê-lo é, para Santo Agostinho, evidente. Como pode morrer ou desaparecer o 
que é a sede do indestrutível?
A alma será sempre um mistério. Muitas outras realidades sobre as quais pensamos também o são. O tempo. É 
famoso o dito agostiniano: “Se ninguém mo pergunta, sei; mas se quero explicá-lo a quem mo pergunta, não o 
sei”. Depois de uma análise do passado, do presente e do futuro – até hoje não superada –, Santo Agostinho 
concluí: “Não se diz com propriedade «três são os tempos: passado, presente e futuro»; talvez fosse mais 
apropriado dizer: «presente das coisas futuras, presente das coisas passadas, presente das coisas presentes». 
Porque essas três presenças têm algum ser na minha alma, e é somente nela que as vejo. O presente das coisas 
passadas é a memória; o presente das coisas presentes é a contemplação; o presente dascoisas futuras é a 
expectação” (Confissões). O tempo é, assim, distensio animi, “uma espécie de extensão da nossa alma”. É 
preciso ler ao menos esse livro XI das Confissões para captar o tom da filosofia agostiniana: incerta às vezes, 
nada dogmática, em diálogo constante com Deus.
A COMPLEXIDADE DA HISTÓRIA
A Cidade de Deus é mais uma das grandes obras universais que Santo Agostinho legou à humanidade. Mas 
poucos escritos têm sido tão mal lidos, tão mal interpretados. A oposição entre Cidade de Deus e Cidade 
terrena foi vista como oposição entre Igreja e Estado. Nada mais falso. O texto célebre não deixa lugar a 
dúvidas. Dois amores criaram duas cidades: o amor próprio, que leva ao desprezo de Deus, a terrena; o amor 
de Deus, que leva ao desprezo de si mesmo, a celestial. Ou: “Dividi a Humanidade em dois grandes grupos. Um 
é o daqueles que vivem segundo o homem; o outro, o dos que vivem segundo Deus. Damos misticamente a 
esses dois grupos o nome de cidades, que quer dizer sociedades de homens”.
A prova fundamental de que essa divisão não é equivalente à divisão Igreja-Estado é a afirmação taxativa de 
que na Igreja podem existir homens que, na realidade, pertencem à cidade terrena; e, inversamente, entre as 
pessoas que ainda estão fora da Igreja podem-se encontrar predestinados à cidade celestial. Por outro lado, 
essas duas “cidades” acham-se misturadas, imbricadas. A “peneira” será feita só no final de cada história 
pessoal e no final da história de todo o gênero humano. Enquanto transcorre o tempo, com as suas variações, 
“porque não em vão são tempos”, a história é complexa. Não existe uma “lei da história”, não conhecemos o 
futuro. Só Deus conhece o final; o homem move-se às apalpadelas no campo da história. A história forma como 
que um belo poema, no qual intervêm Deus e o homem. O final só será conhecido quando soar a última nota.
Em uma palavra: a concepção de história é, em Santo Agostinho, uma concepção aberta. O seu 
“providencialismo” não é uma afirmação de “teocracia”. Não se pode extrair da filosofia-teologia da história de 
Santo Agostinho argumentos para o césaro-papismo ou para qualquer outra confusão do religioso com o 
político. A importância desta filosofia-teologia da história ressalta mais quando se tem em conta que em toda a 
história da filosofia será preciso esperar Hegel para encontrar outra concepção igualmente global e completa 
(embora em Hegel ela tenha um sentido panteísta).
SÃO TOMÁS DE AQUINO
Uma das maiores personalidades da história universal, Santo Agostinho foi um grande retórico, um grande 
filósofo e um grande santo da Igreja. Sua obra, ao mesmo tempo vasta e profunda, exerceu e exerce muita 
influência em toda a cultura ocidental.
A sua vida, muito conhecida, torna-o inteligível também para muitos não-cristãos. Retórico, homem do 
mundo, carnal, fez um longo esforço para encontrar a chave da inquietação que o devorava. Primeiro 
maniqueu, depois platônico, finalmente convertido, num célebre momento que ele mesmo contou com um 
gênio inimitável.
Depois da conversão, e sem pretendê-lo, é ordenado sacerdote. Chega ao episcopado da mesma maneira. E 
desde esse momento, no meio de muitas vicissitudes críticas, carrega sobre si grande parte da responsabilidade 
da Igreja; assim, por exemplo, no auge da heresia de Pelágio ouem face do cisma dos donatistas. No momento 
da sua morte, é todo um símbolo. Morre em Hipona quando os vândalos sitiavam a cidade. Com ele, morre a 
cultura antiga e nasce outra nova. Porque Santo Agostinho foi um homem do seu tempo. Versado em todas as 
artes clássicas, foi sempre um retórico de grande habilidade, jogando com as palavras num malabarismo que 
conseguia sempre escapar à superficialidade. Diríamos que o seu pensamento é tão profundo que supera as 
habilidades do retórico.
Inicialmente, escreve filosofia, porém mais tarde dedica as suas forças à pregação, sem descuidar uma enorme 
correspondência. Escreve também muitos tratados teológicos, de exegese bíblica, etc.
Não citaremos aqui as obras teológicas; limitar-nos-emos às de caráter filosófico: Contra Acadêmicos, crítica 
do ceticismo; De beata vita, sobre a felicidade; De ordine, sobre a origem do mal: os Coliloquia, um 
apaixonado diálogo consigo mesmo sobre a imortalidade da alma; De immortalitate animae; De quantitate 
animae, sobre a mesma questão; De magistro, sobre a educação com um enfoque psicológico.
Santo Agostinho não construiu um sistema filosófico completo, ainda que as idéias básicas se mantenham 
constantes e acusem um claro predomínio platônico. Ele mesmo nos conta que começou a ler uma obra de 
Aristóteles e não pôde prosseguir. Talvez o tenha afastado o estilo entrecortado, desencarnado, a falta dessa 
alma que Santo Agostinho buscava em tudo. Santo Agostinho não parece feito para encerrar a realidade em 
categorias. A sua reflexão parte sempre da vida: das coisas que se passam ao seu redor, das idéias dominantes, 
dos ataques contra a fé, da interioridade da sua alma.
A BUSCA DA VERDADE
A filosofia agostiniana é uma constante busca da verdade, que culmina na Verdade, em Cristo. É um 
movimento incessante, uma paixão, e, precisamente, a paixão principal: o amor. “Amor meus, pondus meum”, 
o amor é o peso que dá sentido à minha vida. Verdade e Amor. “Fizeste-nos, Senhor, para Ti e o nosso coração 
estará inquieto enquanto não descansar em Ti”, diz nas Confissões.
Essa “passionalidade” da filosofia agostiniana não é em nenhum momento irracionalismo ou voluntarismo. Se 
incita a ter fé para entender, também anima a entender para crer melhor. Nada nos pode fazer duvidar da 
possibilidade de chegar à verdade. Nada valem os argumentos céticos. Si fallor, sum: se me engano, é uma 
prova de que sou, diz, antecipando-se, num contexto muito diferente, a Descartes. E com mais clareza: “Sabes 
que pensas? Sei. Ergo verum est cogitare te, logo é verdade que pensas”.
A verdade está no interior do homem. “Não queiras sair para fora; é no interior do homem que habita a 
verdade”. E há verdades constantes, inalteráveis, para sempre. Dois mais dois serão sempre quatro. Santo 
Agostinho tenta esclarecer de onde pode vir essa verdade. Não das sensações, diz, porque essas são e não são, 
são mutáveis, efêmeras. Tampouco do espírito humano, que, por profundo que seja, é limitado. Essas verdades 
eternas só podem ter por autor Aquele que é eterno: Deus. São reflexos da verdade eterna, que nos ilumina e 
nos permite ver. Nisso consiste o que depois ficou conhecido como “doutrina da iluminação”; porém, desde já é 
preciso dizer que Santo Agostinho não a apresenta nunca como uma “teoria”, mas como uma comprovação. Já 
no final da sua vida, diz nas Retractationes que o homem tem em si, enquanto é capaz, “a luz da razão eterna, 
na qual vê as verdades imutáveis”.
Como em Platão, conhecer verdadeiramente é estar em contato com o mundo inteligível. Porém, Santo 
Agostinho nunca dirá que vemos as verdades em Deus, mas que participamos da luz da razão eterna. Não se 
deve ignorar, por outro lado, que essa solução para o tema do conhecimento corre o risco de não distinguir de 
forma adequada o conhecimento natural do conhecimento sobrenatural. Mas essa é uma questão que só será 
levantada mais tarde, na Idade Média.
A BUSCA DE DEUS
Em Santo Agostinho, não existem provas formais para demonstrar a existência de Deus. Ainda que toda a sua 
obra seja uma espécie de itinerário em direção a Deus. Tudo fala de Deus; basta abrir os olhos. Ele é intimior 
íntimo meo, mais íntimo ao homem que a própria intimidade humana. As coisas falam-nos todo o tempo de 
Deus. Perguntamos-lhes: “Sois Deus? ” E respondem: “Não, fomos feitas. Continua a buscar”. De forma 
retórica – retórica de grande qualidade –, encontramos aí a prova da existência de Deus pela contingência das 
realidades humanas. A mutabilidade exige o imutável; os graus de perfeição exigem o Ser perfeito. Em Santo 
Agostinho, como em outros filósofosde inspiração platônica, está claramente formulado o que será a quarta 
via de São Tomás de Aquino.
Qual é o melhor nome para Deus? O que se lê no Êxodo: “Aquele que é”. “Non aliquo modo est, sed est, est” 
(Confissões). Santo Agostinho dará com frequência a Deus o nome de Bem, de Amor, porém não desconhece 
que antes de tudo Ele é; e porque é o que é, é Amor, Bem, Infinito. São Tomás de Aquino não precisará 
modificar nada de substancial nesta metafísica agostiniana. Como exemplo das dezenas de textos agostinianos, 
temos este, das Confissões: “Eis que o céu e a terra são; e dizem-nos em altos brados que foram feitos, pois 
modificam-se e variam. Porque, naquilo que é sem ter sido feito, não há coisa alguma agora que antes não 
houvesse: que isso é modificar-se e variar. O céu e a terra clamam também que não se fizeram a si mesmos: 
somos porque fomos feitos; não éramos antes que fôssemos, de modo a termos podido ser por nós mesmos. 
Basta olhar para as coisas para ouvi-las dizer isso. Tu, Senhor, fizeste essas coisas. Porque és belo, elas são 
belas; porque és bom, são boas; porque tu és, elas são. ”
Esta última afirmação (quia est: sunt enim) significava a definitiva superação por parte de Santo Agostinho do 
essencialismo platônico. Deus é causa do ser das coisas, porque é o Ser por essência. Se a fórmula de Santo 
Agostinho não é essa, a ideia é.
O MUNDO, CRIAÇÃO DE DEUS
Outro texto das Confissões situa de forma inequívoca a metafísica da criação: “Que eu ouça e entenda como no 
princípio fizeste o céu e a terra. Moisés escreveu isso; escreveu-o e ausentou-se. Daqui, onde estava contigo, 
passou a estar contigo, e por isso não o podem ver meus olhos. Se estivesse aqui presente, eu o agarraria, lhe 
rogaria e, por Ti, lhe suplicaria que me explicasse essas coisas […]. Porém, como saberia que estava a dizer-me 
a verdade? A própria verdade, que está no interior da minha alma, e que não é grega, nem latina, nem bárbara, 
nem necessita dos órgãos da boca ou da língua, nem do ruído de sílabas, me diria: Moisés diz a verdade, e eu, 
no mesmo instante, com toda a segurança lhe diria: Verdade é o que me dizes”.
Voltemos à questão anterior. Deus é Aquele que é; as coisas são criadas. Deus é quem lhes deu o ser. Por quê? 
Por pura bondade. “Porque Deus é bom, somos. ” A razão da criação é a bondade de Deus. Deus não pode ter, 
no seu querer, outro fim que não o seu próprio ser. Só em relação a si mesmo pode querer mais. A criação é 
gratuita. Não há nada preexistente. Santo Agostinho acaba com as dúvidas de Orígenes e com o universo grego, 
eterno.
Deus cria todas as coisas do nada. E todo o criado é composto de matéria. Santo Agostinho, que durante tanto 
tempo não conseguiu conceber uma substância espiritual, não deixa de atribuir uma certa materialidade 
mesmo às criaturas espirituais, aos anjos. A absoluta imaterialidade só cabe a Deus. Em Deus estão as idéias 
exemplares de todas as coisas, que são as formas. Ao criar, essas idéias ficam limitadas pela matéria, mas, ao 
mesmo tempo, nessa matéria já estão os germes de tudo o que será: as rationes seminales.
Santo Agostinho retoma aqui uma doutrina de origem estóica e, ao mesmo tempo, faz uma concessão ao 
“materialismo” que professou durante anos, embora talvez seja melhor empregar o termo de “corporeismo”.
O ENIGMA DO HOMEM
“O homem que se espanta é ele mesmo grande maravilha”. “E dirigi-me a mim mesmo e disse: Tu quem és? E 
respondi-me: Homem. E eis que tenho à mão o corpo e a alma, um exterior e o outro interior. Porém, melhor é 
o interior”. “O homem é um ser intermediário entre os animais e os anjos”. “Nada encontramos no homem 
além de corpo e alma; isso é todo o homem: espírito e carne”. Essas são apenas algumas das numerosas 
referências que poderíamos dar sobre esta questão crucial. São os dois grandes temas agostinianos: “Deus e o 
homem”. “Que te conheça a ti e que me conheça a mim mesmo”. É o famoso princípio dos Soliloquia: “Quero 
conhecer Deus e a alma. Nada mais? Absolutamente nada mais”.
Também nesta questão Santo Agostinho trai a influência do platonismo. O homem é uma alma que usa um 
corpo; ou, uma alma racional, que se serve de um corpo terrestre e mortal; ou, “uma alma racional que tem um 
corpo”. Tudo indica que, para Santo Agostinho, o homem é a alma. E, contudo, há textos que parecem fugir ao 
platonismo: “Porque o homem não é só corpo ou apenas alma, mas o que é constituído de alma e de corpo. 
Esta é a verdade: a alma não é todo o homem, mas é a melhor parte do homem; nem todo o homem é o corpo, 
mas a porção inferior do homem; quando as duas estão juntas, temos o homem” (A Cidade de Deus). A questão 
ainda está sujeita a discussão, mas exagerou-se demais o platonismo de Santo Agostinho neste particular. De 
qualquer forma, Santo Agostinho supera a desvalorização do corporal, tão essencial no platonismo e no 
neoplatonismo. O corpo é matéria, criação de Deus, e por isso, bom. Não é o cárcere nem o túmulo da alma: 
“Não é o corpo o teu cárcere, mas a corrupção do teu corpo. O teu corpo, Deus o fez bom, porque Ele é bom”. 
Também aqui poderíamos multiplicar os textos: “Todo aquele que quer eliminar o corpo da natureza humana 
desvaira”. E de forma inequívoca, numa obra tardia, o Sermão 267: “Perversa e humana filosofia é a dos que 
negam a ressurreição do corpo. Alardeiam serem grandes depreciadores do corpo, porque creem que nele estão 
encarceradas as suas almas, por delitos cometidos em outro lugar. Porém, o nosso Deus fez o corpo e o 
espírito; de ambos é o criador; de ambos o recriador”.
Examinemos uma dificuldade classicamente agostiniana. Deus é o criador da alma, mas como a criou? Com os 
nascimentos surgem constantemente homens, isto é, corpo e alma. Será que as almas estão nas “razões 
seminais”, na matéria, e são transmitidas pelos pais, na geração? Santo Agostinho assim o pensou por certo 
tempo, mas depois recusou que algo espiritual pudesse surgir da matéria. Pensou na criação imediata por Deus 
de cada alma, mas esse início no tempo de algo espiritual não combinava com o que ainda restava de 
platonismo nele. Acabou confessando que não sabia o que dizer. Era mais um elemento desse enigma que é o 
homem.
Fica claro que a alma é imortal, porque conhece as verdades imortais e eternas. Que conheçamos o que seja a 
verdade e que nunca deixará de sê-lo é, para Santo Agostinho, evidente. Como pode morrer ou desaparecer o 
que é a sede do indestrutível?
A alma será sempre um mistério. Muitas outras realidades sobre as quais pensamos também o são. O tempo. É 
famoso o dito agostiniano: “Se ninguém mo pergunta, sei; mas se quero explicá-lo a quem mo pergunta, não o 
sei”. Depois de uma análise do passado, do presente e do futuro – até hoje não superada –, Santo Agostinho 
concluí: “Não se diz com propriedade «três são os tempos: passado, presente e futuro»; talvez fosse mais 
apropriado dizer: «presente das coisas futuras, presente das coisas passadas, presente das coisas presentes». 
Porque essas três presenças têm algum ser na minha alma, e é somente nela que as vejo. O presente das coisas 
passadas é a memória; o presente das coisas presentes é a contemplação; o presente das coisas futuras é a 
expectação” (Confissões). O tempo é, assim, distensio animi, “uma espécie de extensão da nossa alma”. É 
preciso ler ao menos esse livro XI das Confissões para captar o tom da filosofia agostiniana: incerta às vezes, 
nada dogmática, em diálogo constante com Deus.
A COMPLEXIDADE DA HISTÓRIA
A Cidade de Deus é mais uma das grandes obras universais que Santo Agostinho legou à humanidade. Mas 
poucos escritos têm sido tão mal lidos, tão mal interpretados. A oposição entre Cidade de Deus e Cidade 
terrena foi vista como oposição entre Igreja e Estado. Nada mais falso. O texto célebre não deixa lugar a 
dúvidas. Dois amores criaram duas cidades: o amor próprio, que leva ao desprezo de Deus, a terrena; o amor 
de Deus, que leva ao desprezo desi mesmo, a celestial. Ou: “Dividi a Humanidade em dois grandes grupos. Um 
é o daqueles que vivem segundo o homem; o outro, o dos que vivem segundo Deus. Damos misticamente a 
esses dois grupos o nome de cidades, que quer dizer sociedades de homens”.
A prova fundamental de que essa divisão não é equivalente à divisão Igreja-Estado é a afirmação taxativa de 
que na Igreja podem existir homens que, na realidade, pertencem à cidade terrena; e, inversamente, entre as 
pessoas que ainda estão fora da Igreja podem-se encontrar predestinados à cidade celestial. Por outro lado, 
essas duas “cidades” acham-se misturadas, imbricadas. A “peneira” será feita só no final de cada história 
pessoal e no final da história de todo o gênero humano. Enquanto transcorre o tempo, com as suas variações, 
“porque não em vão são tempos”, a história é complexa. Não existe uma “lei da história”, não conhecemos o 
futuro. Só Deus conhece o final; o homem move-se às apalpadelas no campo da história. A história forma como 
que um belo poema, no qual intervêm Deus e o homem. O final só será conhecido quando soar a última nota.
Em uma palavra: a concepção de história é, em Santo Agostinho, uma concepção aberta. O seu 
“providencialismo” não é uma afirmação de “teocracia”. Não se pode extrair da filosofia-teologia da história de 
Santo Agostinho argumentos para o césaro-papismo ou para qualquer outra confusão do religioso com o 
político. A importância desta filosofia-teologia da história ressalta mais quando se tem em conta que em toda a 
história da filosofia será preciso esperar Hegel para encontrar outra concepção igualmente global e completa 
(embora em Hegel ela tenha um sentido panteísta).

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