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FILOSOFIA SOCIOLOGIA CADERNO DE QUESTÕES PROVAS 2009 a 2019 380 QUESTÕES COM GABARITO CADERNO ENEM ENEM 2009 a 2019 Adquira todos os nossos cadernos! CADERNO ENEM ENEM 2009 a 2019 Sobre o Caderno Enem Desde a mudança no formato da prova, em 2009, já ocorreram 26 edições do ENEM, considerando provas oficiais, anuladas, aplicadas em unidades prisionais e uma edição especial dedicada aos deficientes auditivos no ano de 2017. Este material reúne todas estas provas, organizando suas questões segundo a respecti- va disciplina abordada. No total, temos 12 cadernos: Matemática, Biologia, Física, Quí- mica, História, Geografia, Filosofia/Sociologia, Inglês, Espanhol, Português, Redação e Literatura. Na sequência apresentamos a relação das provas presentes no Caderno Enem. A sigla no início de cada questão faz referência ao ano e à ordem de aplicação da prova. Por exemplo, uma questão com a sigla ENEM 2014.2 foi aplicada nas Unidades Prisionais no ano de 2014, conforme explicamos: ENEM 2009.1 - Prova Anulada 2009 ENEM 2009.2 - Prova Oficial 2009 ENEM 2009.3 - Prova Unidades Prisionais 2009 ENEM 2010.1 - Prova Oficial 2010 ENEM 2010.2 - Prova Unidades Prisionais 2010 ENEM 2011.1 - Prova Oficial 2011 ENEM 2011.2 - Prova Unidades Prisionais 2011 ENEM 2012.1 - Prova Oficial 2012 ENEM 2012.2 - Prova Unidades Prisionais 2012 ENEM 2013.1 - Prova Oficial 2013 ENEM 2013.2 - Prova Unidades Prisionais 2013 ENEM 2014.1 - Prova Oficial 2014 (1ª Aplicação) ENEM 2014.2 - Prova Unidades Prisionais 2014 ENEM 2014.3 - Prova Oficial 2014 (2ª Aplicação) ENEM 2015.1 - Prova Oficial 2015 ENEM 2015.2 - Prova Unidades Prisionais 2015 ENEM 2016.1 - Prova Oficial 2016 (1ª Aplicação) ENEM 2016.2 - Prova Oficial 2016 (2ª Aplicação) ENEM 2016.3 - Prova Unidades Prisionais 2016 ENEM 2017.1 - Prova Oficial 2017 ENEM 2017.2 - Prova Unidades Prisionais 2017 ENEM 2017.3 – Prova Deficientes Auditivos 2017 ENEM 2018.1 - Prova Oficial 2018 ENEM 2018.2 - Prova Unidades Prisionais 2018 ENEM 2019.1 - Prova Oficial 2019 ENEM 2019.2 - Prova Unidades Prisionais 2019 CADERNO ENEM ENEM 2009 a 2019 Observações Importantes Questões Repetidas Os 12 cadernos somam 4795 questões e 25 propostas de Redação. Há pouquíssimas questões repetidas, o que não representa nem um por cento do número total de ques- tões. Tal repetição justifica-se pelo fato de que a própria organização do Enem apro- veitou questões de edições oficiais em provas aplicadas em unidades prisionais ou aos deficientes auditivos. Contudo, reforço que é um número irrelevante de questões. No último levantamento que fizemos, só conseguimos identificar 9 questões semelhantes, 5 nas provas de Espanhol e 4 nas provas de Português. Cadernos de Espanhol e Inglês Em 2009, os conteúdos ligados aos idiomas estrangeiros não fizeram parte das três primeiras edições do Enem (prova anulada, oficial e àquela aplicada nas unidades pri- sionais). De modo, que os cadernos de Espanhol e Inglês contêm apenas 23 provas do Enem, englobando todas as questões aplicadas a partir de 2010, ano em que tais idio- mas foram inseridos nas provas. Caderno de Redação O Caderno de Redação apresenta apenas 25 propostas, pois o tema da prova oficial de 2017 foi o mesmo da prova aplicada aos deficientes auditivos no mesmo ano. O curioso é que os cadernos de provas continham questões diferentes, mas a proposta de reda- ção era a mesma: “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Entre em Contato Dúvidas, reclamações, sugestões, elogios, alteração de gabaritos... É só entrar em con- tato! Estamos à disposição para ajudar e fazer dos cadernos uma ferramenta cada vez mais importante para os nossos estudantes. NOSSOS CONTATOS NOVO CADERNO ENEM CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 1 Questão 01 (2009.1) O artesanato traz as marcas de cada cultura e, desse modo, atesta a ligação do homem com o meio social em que vive. Os artefatos são pro- duzidos manualmente e costumam revelar uma integração entre homem e meio ambiente, iden- tificável no tipo de matéria-prima utilizada. Pela matéria-prima (o barro) utilizada e pelos tipos humanos representados, em qual região do Brasil o artefato acima foi produzido? A) Sul. B) Norte. C) Sudeste. D) Nordeste. E) Centro-Oeste. Questão 02 (2009.1) Quatro olhos, quatro mãos e duas cabeças for- mam a dupla de grafiteiros “Osgemeos”. Eles cresceram pintando muros do bairro Cambuci, em São Paulo, e agora têm suas obras expos- tas na conceituada Deitch Gallery, em Nova York, prova de que o grafite feito no Brasil é apreciado por outras culturas. Muitos lugares abandonados e sem manutenção pelas prefeitu- ras das cidades tornam-se mais agradáveis e humanos com os grafites pintados nos muros. Atualmente, instituições públicas educativas recorrem ao grafite como forma de expressão artística, o que propicia a inclusão social de adolescentes carentes, demonstrando que o grafite é considerado uma categoria de arte aceita e reconhecida pelo campo da cultura e pela sociedade local e internacional. (Disponível em http://www.flickr.com. Acesso em: 10 set.2008 - adaptado) No processo social de reconhecimento de valo- res culturais, considera-se que: A) grafite é o mesmo que pichação e suja a cidade, sendo diferente da obra dos artistas. B) a população das grandes metrópoles depara- se com muitos problemas sociais, como os gra- fites e as pichações. C) atualmente, a arte não pode ser usada para inclusão social, ao contrário do grafite. D) os grafiteiros podem conseguir projeção in- ternacional, demonstrando que a arte do grafite não tem fronteiras culturais. E) lugares abandonados e sem manutenção tornam-se ainda mais desagradáveis com a aplicação do grafite. Questão 03 (2009.1) Uma parcela importante da água utilizada no Brasil destina-se ao consumo humano. Hábitos comuns referentes ao uso da água para o con- sumo humano incluem: tomar banhos demora- dos; deixar as torneiras abertas ao escovar os dentes ou ao lavar a louça; usar a mangueira para regar o jardim; lavar a casa e o carro. (FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Caminho das águas, conhecimento, uso e gestão: caderno do professor 1. Rio de Janeiro, 2006 - adaptado) A repetição desses hábitos diários pode contri- buir para: A) o aumento da disponibilidade de água para a região onde você mora e do custo da água. B) a manutenção da disponibilidade de água para a região onde você mora e do custo da água. C) a diminuição da disponibilidade de água para a região onde você mora e do custo da água. D) o aumento da disponibilidade de água para a região onde você mora e a diminuição do custo da água. E) a diminuição da disponibilidade de água para a região onde você mora e o aumento do custo da água. Questão 04 (2009.1) O índio do Xingu, que ainda acredita em Tupã, assiste pela televisão a uma partida de futebol que acontece em Barcelona ou a um show dos Rolling Stones na praia de Copacabana. Não obstante, não há que se iludir: o índio não vive na mesma realidade em que um morador do Harlem ou de Hong Kong, uma vez que são distintas as relações dessas diferentes pessoas com a realidade do mundo moderno; isso por- que o homem é um ser cultural, que se apoia nos valores da sua comunidade, que, de fato, são os seus. (GULLAR, F. Folha de S. Paulo. São Paulo: 19 out. 2008 - adaptado) Ao comparar essas diferentes sociedades em seu contexto histórico, verifica-se que: CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 2 A) pessoas de diferentes lugares, por fazerem uso de tecnologias de vanguarda, desfrutam da mesma realidade cultural. B) o índio assiste ao futebol e ao show, mas não é capaz de entendê-Ios, porque não pertencem à sua cultura. C) pessoas com culturas, valores e relaçõesdiversas têm, hoje em dia, acesso às mesmas informações. D) os moradores do Harlem e de Hong Kong, devido à riqueza de sua História, têm uma visão mais aprimorada da realidade. E) a crença em Tupã revela um povo atrasado, enquanto os moradores do Harlem e de Hong Kong, mais ricos, vivem de acordo com o pre- sente. Questão 05 (2009.1) A política implica o envolvimento da comunida- de cívica na definição do interesse público. Vale dizer, portanto, que o cenário original da políti- ca, no lugar de uma relação vertical e intrans- ponível entre soberanos e súditos na qual a força e a capacidade de impor o medo exercem papel fundamental, sustenta-se em um experi- mento horizontal. Igualdade política, acesso pleno ao uso da palavra e ausência de medo constituem as suas cláusulas pétreas. (LESSA, R. Sobre a invenção da política. Ciência Hoje. Rio de Janeiro, v.42, n. 251. ago. 2008) A organização da sociedade no espaço é um processo histórico-geográfico, articulado ao desenvolvimento das técnicas, à utilização dos recursos naturais e à produção de objetos in- dustrializados. Política é, portanto, uma organi- zação dinâmica e complexa, possível apenas pela existência de determinados conjuntos de leis e regras, que regulam a vida em sociedade. Nesse contexto, a participação coletiva é: A) necessária para que prevaleça a autonomia social. B) imprescindível para uma sociedade livre de conflitos. C) decisiva para tornar a cidade atraente para os investimentos. D) indispensável para a construção de uma imagem de cidade ideal. E) indissociável dos avanços técnicos que pro- porcionam aumento na oferta de empregos. Questão 06 (2009.1) O Cafundó é um bairro rural situado no municí- pio de Salto de Pirapora, a 150 km de São Pau- lo. Sua população, predominantemente negra, divide-se em duas parentelas: a dos Almeida Caetano e a dos Pires Pedroso. Cerca de oiten- ta pessoas vivem no bairro. Dessas, apenas nove detêm o título de proprietários legais dos 7,75 alqueires de terra que constituem a exten- são do Cafundó, que foram doados a dois es- cravos, ancestrais de seus habitantes atuais, pelo antigo senhor e fazendeiro, pouco antes da Abolição, em 1888. Nessas terras, seus mora- dores plantam milho, feijão e mandioca e criam galinhas e porcos. Tudo em pequena escala. Sua língua materna é o português, uma varia- ção regional que, sob muitos aspectos, poderia ser identificada como dialeto caipira. Usam um léxico de origem banto, quimbundo principal- mente, cujo papel social é, sobretudo, de repre- sentá-los como africanos no Brasil. (Disponível em: <http://www.revista.iphan.gov.br>. Acesso em: 6 abr. 2009 - adaptado) O bairro de Cafundó integra o patrimônio cultu- ral do Brasil porque: A) possui terras herdadas de famílias antigas da região. B) preservou o modo de falar de origem banto e quimbundo. C) tem origem no período anterior à abolição da escravatura. D) pertence a uma comunidade rural do interior do estado de São Paulo. E) possui moradores que são africanos do Brasil e perderam o laço com sua origem. Questão 07 (2009.1) O intercâmbio de ideias, informações e culturas, através dos meios de comunicação, imprimem mudanças profundas no espaço geográfico e na construção da vida social, na medida em que transformam os padrões culturais e os sistemas de consumo e de produção, podendo ser res- ponsáveis pelo desenvolvimento de uma região. (HAESBAERT, R. Globalização e fragmentação do mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: EdUFF, 98) Muitos meios de comunicação, frutos de experi- ências e da evolução científica acumuladas, foram inventados ou aperfeiçoados durante o século XX e provocaram mudanças radicais nos modos de vida, como por exemplo, A) a diferenciação regional da identidade social por meio de hábitos de consumo. B) o maior fortalecimento de informações, hábi- tos e técnicas locais. C) a universalização do acesso a computadores e a Internet em todos os países. D) a melhor distribuição de renda entre os paí- ses do sul favorecendo o acesso a produtos originários da Europa. E) a criação de novas referências culturais para a identidade social por meio da disseminação das redes de fast-food. CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 3 Questão 08 (2009.2) Como se assistisse à demonstração de um es- petáculo mágico, ia revendo aquele ambiente tão característico de família, com seus pesados móveis de vinhático ou de jacarandá, de quali- dade antiga, e que denunciavam um passado ilustre, gerações de Meneses talvez mais singe- los e mais calmos; agora, uma espécie de de- sordem, de relaxamento, abastardava aquelas qualidades primaciais. Mesmo assim era fácil perceber o que haviam sido, esses nobres da roça, com seus cristais que brilhavam mansa- mente na sombra, suas pratas semi- empoeiradas que atestavam o esplendor esva- necido, seus marfins e suas opalinas – ah, res- pirava-se ali conforto, não havia dúvida, mas era apenas uma sobrevivência de coisas idas. Dir- se-ia, ante esse mundo que se ia desagregan- do, que um mal oculto o roía, como um tumor latente em suas entranhas. (CARDOSO, L. Crônica da casa assassinada. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002 - adaptado) O mundo narrado nesse trecho do romance de Lúcio Cardoso, acerca da vida dos Meneses, família da aristocracia rural de Minas Gerais, apresenta não apenas a história da decadência dessa família, mas é, ainda, a representação literária de uma fase de desagregação política, social e econômica do país. O recurso expressi- vo que formula literariamente essa desagrega- ção histórica é o de descrever a casa dos Me- neses como: A) ambiente de pobreza e privação, que carece de conforto mínimo para a sobrevivência da família. B) mundo mágico, capaz de recuperar o encan- tamento perdido durante o período de decadên- cia da aristocracia rural mineira. C) cena familiar, na qual o calor humano dos habitantes da casa ocupa o primeiro plano, compensando a frieza e austeridade dos objetos antigos. D) símbolo de um passado ilustre que, apesar de superado, ainda resiste à sua total dissolu- ção graças ao cuidado e asseio que a família dispensa à conservação da casa. E) espaço arruinado, onde os objetos perderam seu esplendor e sobre os quais a vida repousa como lembrança de um passado que está em vias de desaparecer completamente. Questão 09 (2009.2) Entre 2004 e 2008, pelo menos 8 mil brasileiros foram libertados de fazendas onde trabalhavam como se fossem escravos. O governo criou uma lista em que ficaram expostos os nomes dos fazendeiros flagrados pela fiscalização. No Nor- te, Nordeste e Centro-Oeste, regiões que mais sofrem com a fraqueza do poder público, o blo- queio dos canais de financiamento agrícola para tais fazendeiros tem sido a principal arma de combate a esse problema, mas os governos ainda sofrem com a falta de informações, pro- vocada pelas distâncias e pelo poder intimida- dor dos proprietários. Organizações não gover- namentais e grupos como a Pastoral da Terra têm agido corajosamente, acionando as autori- dades públicas e ministrando aulas sobre direi- tos sociais e trabalhistas. (“Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Es- cravo”. Disponível em: http://www.mte.gov.br. Acesso em: 17 mar. 2009 - adaptado) Nos lugares mencionados no texto, o papel dos grupos de defesa dos direitos humanos tem sido fundamental, porque eles: A) negociam com os fazendeiros o reajuste dos honorários e a redução da carga horária de trabalho. B) defendem os direitos dos consumidores junto aos armazéns e mercados das fazendas e car- voarias. C) substituem as autoridades policiais e jurídi- cas na resolução dos conflitos entre patrões e empregados. D) encaminham denúncias ao Ministério Público e promovem ações de conscientização dos tra- balhadores. E) fortalecem a administração pública ao minis- trarem aulas aos seus servidores. Questão10 (2009.2) A mais profunda objeção que se faz à ideia da criação de uma cidade, como Brasília, é que o seu desenvolvimento não poderá jamais ser natural. É uma objeção muito séria, pois provém de uma concepção de vida fundamental: a de que a atividade social e cultural não pode ser uma construção. Esquecem-se, porém, aqueles que fazem tal crítica, que o Brasil, como prati- camente toda a América, é criação do homem ocidental. (PEDROSA, M. Utopia: obra de arte. Vis – Programa de Pós-graduação em Arte (UnB), Vol. 5, 2006) As ideias apontadas no texto estão em oposi- ção, porque: A) a cultura dos povos é reduzida a exemplos esquemáticos que não encontram respaldo na história do Brasil ou da América. B) as cidades, na primeira afirmação, têm um papel mais fraco na vida social, enquanto a América é mostrada como um exemplo a ser evitado. CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 4 C) a objeção inicial, de que as cidades não po- dem ser inventadas, é negada logo em seguida pelo exemplo utópico da colonização da Améri- ca. D) a concepção fundamental da primeira afir- mação defende a construção de cidades e a segunda mostra, historicamente, que essa es- tratégia acarretou sérios problemas. E) a primeira entende que as cidades devem ser organismos vivos, que nascem de forma espon- tânea, e a segunda mostra que há exemplos históricos que demonstram o contrário. Questão 11 (2009.3) A mostra Largo do Paissandu – Onde o Circo se Encontra reúne tudo o que de mais sagrado ocorreu em quase dois séculos de picadeiro brasileiro. Foi um trabalho que teve início há pouco mais de dez anos, graças à iniciativa da ex-acrobata e atual pesquisadora da arte circense, Verônica Tamaoki, e cujo incentivo tem sido fundamental para preservar a memória do circo, tão impor- tante quanto relegada pelos poderes públicos. Da chegada das primeiras famílias circenses europeias, em 1831, que iniciaram um processo de mestiçagem com os artistas locais e nossa cultura popular, aos figurinos e registros fotográ- ficos de artistas que se consagraram sob as lonas, como o palhaço Piolin, o visitante pode ter uma ideia muito clara da importância que o circo, especialmente o de origem familiar, já teve no país. (O Estado de S. Paulo. Caderno 2, 16/7/ 2008) A mostra Largo do Paissandu – Onde o Circo se Encontra ressalta a importância que o circo já teve no passado e demonstra que: A) a transmissão oral da tradição circense, pas- sada de família a família, apesar de historica- mente importante, impede que essa memória seja devidamente preservada. B) a preservação da memória do circo no Brasil independe da contribuição das famílias que participaram de sua criação no país. C) a cultura popular e a arte circense são mani- festações artísticas que apresentam origens distintas uma da outra. D) o patrimônio histórico do circo é atualmente irrelevante para a preservação da cultura popu- lar brasileira. E) as famílias circenses europeias, juntamente com os artistas e o ambiente de nossa cultura popular, foram responsáveis pelo surgimento do circo no Brasil. Questão 12 (2009.3) Os ex-escravos abandonam as fazendas em que labutavam, ganham as estradas à procura de terrenos baldios em que pudessem acampar, para viverem livres como se estivessem nos quilombos, plantando milho e mandioca para comer. Caíram, então, em tal condição de mise- rabilidade que a população negra se reduziu substancialmente. Menos pela supressão da importação anual de novas massas de escravos para repor o estoque, porque essas já vinham diminuindo há décadas. Muito mais pela terrível miséria a que foram atirados. Não podiam estar em lugar algum, porque, cada vez que acampa- vam, os fazendeiros vizinhos se organizavam e convocavam forças policiais para expulsá-los. (RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: evolução e sen- tido do Brasil. São Paulo: Companhia Letras, 1995) Comparando-se a linguagem do quadro acima, de Pedro Américo, A Libertação dos Escra- vos, com o texto de Darcy Ribeiro, percebe-se que: A) a apresentação do tema, no quadro, evoca elementos típicos da realidade nacional, ao passo que o texto aborda o tema a partir de uma perspectiva europeia. B) a abordagem do tema no quadro é realista, ao passo que a linguagem utilizada no texto apresenta o tema de forma idealizada. C) a abolição é apresentada no quadro em at- mosfera redentora, ao passo que, no texto, a abolição é problematizada historicamente. D) os ex-escravos são apresentados no quadro como homens livres, em condição de igualdade com os brancos, ao passo que o texto evidencia a condição miserável dos escravos libertos. E) a libertação dos escravos é celebrada pelo pintor e lamentada pelo autor do texto. Questão 13 (2009.3) Em 1697, publicou-se, em Lisboa, “A arte da língua de Angola”, a mais antiga gramática de uma língua banto, escrita na Bahia, para uso dos jesuítas, com o objetivo de facilitar a doutri- CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 5 nação de negros angolanos. Os aportes bantos ou “bantuismos”, palavras africanas que se in- corporaram à língua portuguesa no Brasil, estão associados ao regime da escravidão (senzala, mucama, banguê, quilombo). A maioria dessas palavras está completamente integrada ao sis- tema linguístico do português brasileiro, for- mando derivados da língua com base na raiz banto (esmolambado, dengoso, sambista, xin- gamento, mangação, molequeira, caçulinha, quilombola). (CASTRO, Yeda P. de. Das línguas africanas ao português brasileiro. Revista eletrônica do IPHAN. Dossiê Línguas do Brasil, nº 6 - jan/fev. 07) Dado o fato histórico-linguístico de incorporação de “bantuismos” na língua portuguesa, conclui- se que: A) o idioma dos escravos tinha prestígio social, a ponto de merecer um estudo gramatical no século XVII. B) a língua é um fenômeno orgânico e histórico cuja dinâmica impossibilita seu controle. C) os grupos dominantes recusam a cultura de setores menos favorecidos da sociedade. D) os vocábulos portugueses derivados das línguas banto evidenciam a ocorrência de uma ruptura entre essas línguas. E) os jesuítas foram os responsáveis pela difu- são da língua banto no Brasil. Questão 14 (2010.1) Quem construiu a Tebas das sete portas? Nos livros estão nomes de reis. Arrastaram eles blocos de pedra? E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu Tantas vezes? Em que casas da lima dourada moravam os construtores? Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta? A grande Roma está cheia de arcos do triunfo. Quem os ergueu? Sobre que triunfaram os cé- sares? (BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Disponível em: http://recantodasletras.uol.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010) Partindo das reflexões de um trabalhador que Le um livro de historia o leitor censura a memó- ria construída sobre determinados monumentos e acontecimentos históricos. A crítica refere-se ao fato de que: A) os agentes históricos de uma determinada sociedade deveriam ser aqueles que realizaram feitos heroicos ou grandiosos e, por isso, fica- ram na memória? B) a História deveria se preocupar em memori- zar os nomes de reis ou dos governantes que das civilizações e que se desenvolveram ao longo dos tempos. C) os grandes monumentos históricos foram construídos por trabalhadores, mas sua memó- ria está vinculada aos governantes das socie- dades que os construíram. D) os trabalhadores consideram que a História é uma Ciência de difícil compreensão, pois trata de sociedades antigas e distantes no tempo. E) as civilizações citadas no texto embora muito importantes permanecem sem terem sido alvos de pesquisas históricas. Questão 15 (2010.1) As ruínas do povoado de Canudos, no sertão norte da Bahia além de significativas para a identidade cultural dessa região são uteis as investigações sobre a guerrade Canudos e o modo de vida dos antigos revoltosos. Essas ruínas foram reconhecidas como patri- mônio cultural material pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) porque reúnem um conjunto de: A) objetos arqueológicos e paisagísticos. B) acervos museológicos e paisagísticos. C) núcleos urbanos e etnográficos. D) praticas e representações de uma sociedade. E) expressões e técnicas de sociedade extinta. Questão 16 (2010.1) Substitui-se então uma história crítica, profunda, por uma crônica de detalhes onde o patriotismo e a bravura dos nossos soldados encobrem a vilania dos motivos que levaram a Inglaterra a armar brasileiros e argentinos para a destruição da mais gloriosa república que já se viu na Amé- rica Latina, a do Paraguai. (CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do Paraguai. São Paulo: Brasiliense, 1979) O imperialismo inglês, “destruindo o Paraguai, mantém o status quo na América Meridional, impedindo a ascensão do seu único Estado economicamente livre”. Essa teoria conspirató- ria vai contra a realidade dos fatos e não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem alguma repercussão. (DORATIOTO, F. Maldita guerra: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Cia. das Letras, 02) Uma leitura dessas narrativas divergentes de- monstra que ambas estão refletindo sobre: A) a carência de fontes para a pesquisa sobre os reais motivos dessa Guerra. CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 6 B) o caráter positivista das diferentes versões sobre essa guerra. C) o resultado das intervenções britânicas nos cenários de batalha. D) a dificuldade de elaborar explicações convin- centes sobre os motivos dessa Guerra. E) o nível de crueldade das ações do exército brasileiro e argentino durante o conflito. Questão 17 (2010.1) O artigo 402 do Código penal Brasileiro de 1890 dizia: Fazer nas ruas e praças públicas exercí- cios de agilidade e destreza corporal, conheci- dos pela denominação de capoeiragem: andar em correrias, com armas ou instrumentos capa- zes de produzir uma lesão corporal, provocando tumulto ou desordens. Pena: Prisão de dois a seis meses. (SOARES, C. E. L. A Negregada instituição: os capo- eiras no Rio de Janeiro: 1850-1890.Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1994 - adaptado) O artigo do primeiro Código Penal Republicano naturaliza medidas socialmente excludentes. Nesse contexto, tal regulamento expressava: A) a manutenção de parte da legislação do Im- pério com vistas ao controle da criminalidade urbana. B) a defesa do retorno do cativeiro e escravidão pelos primeiros governos do período republica- no. C) o caráter disciplinador de uma sociedade industrializada, desejosa de um equilíbrio entre progresso e civilização. D) a criminalização de práticas culturais e a persistência de valores que vinculavam certos grupos ao passado de escravidão. E) o poder do regime escravista, que mantinha os negros como categoria social inferior, discri- minada e segregada. Questão 18 (2010.1) A política foi, inicialmente, a arte de impedir as pessoas de se ocuparem do que lhes diz respei- to. Posteriormente, passou a ser a arte de com- pelir as pessoas a decidirem sobre aquilo de que nada entendem. (VALÉRY, P. Cadernos. Apud BENEVIDES, M. V. M. A cidadania ativa. São Paulo: Ática, 1996) Nessa definição o autor entende que a história da política está dividida em dois momentos prin- cipais: um primeiro, marcado pelo autoritarismo excludente, e um segundo, caracterizado por uma democracia incompleta. Considerando o texto, qual é o elemento comum a esses dois momentos da historia política? A) A distribuição equilibrada do poder. B) O impedimento da participação popular. C) o controle das decisões por uma minoria. D) a valorização das opiniões mais competen- tes. E) A sistematização dos processos decisórios. Questão 19 (2010.1) O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais cle- mente do que outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo. (MAQUIAVEL, N. O Príncipe. SP: Martin Claret, 09) No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexões sobre a monarquia e a função gover- nante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na: A) inércia do julgamento de crimes polêmicos. B) bondade em relação ao comportamento dos mercenários. C) compaixão quanto à condenação de trans- gressões religiosas. D) neutralidade diante da condenação dos ser- vos. E) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe. Questão 20 (2010.1) A lei não nasce da natureza, junto das fontes frequentadas pelos primeiros pastores; a lei nasce das batalhas reais, das vitórias, dos mas- sacres, das conquistas que têm sua data e seus heróis de horror: a lei nasce das cidades incen- diadas, das terras devastadas; ela nasce com os famosos inocentes que agonizam no dia que está amanhecendo. (FOUCAULT, M. Aula de 14 de janeiro de 76. In: Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 99) O filosofo Michel Foucault sec.(XX) inova ao pensar a politica e a lei em relação ao poder e à organização social. Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis na organização das sociedades modernas é: A) combater ações violentas na guerra entre as nações. B) coagir e servir para refrear a agressividade humana. C) criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os indivíduos de uma mesma nação. CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 7 D) estabelecer princípios éticos que regulamen- tam as ações bélicas ente países inimigos. E) organizar as relações de poder na sociedade entre os Estados. Questão 21 (2010.1) Opinião Podem me prender Podem me bater Podem até deixar-me sem comer Que eu não mudo de opinião. Aqui do morro eu não saio não Aqui do morro eu não saio não. Se não tem água Eu furo um poço Se não tem carne Eu compro um osso e ponho na sopa E deixa andar, deixa andar... Falem de mim Quem quiser falar Aqui eu não pago aluguel Se eu morrer amanhã seu doutor, Estou pertinho do céu (Zé Ketti. Opinião. Disponível em: http:/www.mpbnet.com.br. Acesso em: 28 abr.2010) Essa música fez parte de um importante espe- táculo teatral que estreou no ano de 1964, no Rio de Janeiro. O papel exercido pela Música Popular Brasileira (MPB) nesse contexto, evi- denciado pela letra de música citada, foi o de: A) entretenimento para os grupos intelectuais. B) valorização do progresso econômico do país. C) crítica à passividade dos setores populares. D) denúncia da situação social e política do país. E) mobilização dos setores que apoiavam a Ditadura Militar. Questão 22 (2010.1) A chegada da televisão A caixa de pandora tecnológica penetra nos lares e libera suas cabeças falantes, astros, novelas, noticiários e as fabulosas, irresistíveis garotas propaganda, versões modernizadas do tradicional homem-sanduíche. (SEVCENKO, N. (Org). História da Vida Privada no Brasil 3. República: da Belle Époqueà Era do Rádio. São Paulo: Cia das Letras, 1998) A TV, a partir da década de 1950, entrou nos lares brasileiros provocando mudanças conside- ráveis nos hábitos da população. Certos episó- dios da história brasileira revelaram que a TV, especialmente como espaço de ação da im- prensa, tornou-se também veículo de utilidade pública, a favor da democracia, na medida em que: A) amplificou os discursos nacionalistas autori- tários durante o governo Vargas. B) revelou para o país casos de corrupção na esfera política de vários governos. C) maquiou indicadores sociais negativos du- rante as décadas de 1970 e 1980. D) apoiou, no governo Castelo Branco, as inicia- tivas de fechamento do parlamento. E) corroboroua construção de obras faraônicas durante os governos militares. Questão 23 (2010.1) A poluição e outras ofensas ambientais ainda não tinha messe nome, mas já eram largamente notadas no século XIX, nas grandes cidades inglesas e continentais. E a própria chegada ao campo das estradas de ferro suscitou protestos. A reação antimaquinista, protagonizada pelos diversos luddismos, antecipa a batalha atual dos ambientalistas. Esse era, então, o combate so- cial contra os miasmas urbanos. (SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tem- po, razão e emoção. São Paulo: EDUSP, 02 - adp) O crescente desenvolvimento tecno-produtivo impõe modificações nas paisagens e nos obje- tos culturais vivenciados pelas sociedades. De acordo com o texto, pode-se dizer que tais mo- vimentos sociais emergiram e se expressaram por meio: A) das ideologias conservacionistas, com milha- res de adeptos no meio urbano. B) das políticas governamentais de preservação dos objetos naturais e culturais. C) das teorias sobre a necessidade de harmoni- zação entre técnica e natureza. D) dos boicotes aos produtos das empresas exploradoras e poluentes. E) da contestação à degradação do trabalho, das tradições e da natureza. Questão 24 (2010.1) A ética precisa ser compreendida como um empreendimento coletivo a ser constantemente retomado e rediscutido, porque é produto da relação interpessoal e social. A ética supõe ainda que cada grupo social se organize sentin- do-se responsável por todos e que crie condi- ções para o exercício de um pensar e agir autô- CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 8 nomos. A relação entre ética e política é tam- bém uma questão de educação e luta pela so- berania dos povos. É necessária uma ética re- novada, que se construa a partir da natureza dos valores sociais para organizar também uma nova prática política. (CORDI etal.para filosofar sofar. São Paulo: Scipione, 2007 - adaptado) O Século XX teve de repensar a ética para en- frentar novos problemas oriundos de diferentes crises sociais, conflitos ideológicos e contradi- ções da realidade. Sob esse enfoque e a partir do texto, a ética pode ser compreendida como: A) instrumento de garantia da cidadania, porque através dela os cidadãos passam a pensar e agir de acordo com valores coletivos. B) mecanismo de criação de direitos humanos, porque é da natureza do homem ser ético e virtuoso. C) meio para resolver conflitos sociais no cená- rio da globalização, pois a partir do entendimen- to do que é efetivamente a ética, a política inter- nacional se realiza. D) parâmetro para assegurar o exercício político primando pelos interesses e ação privada dos cidadãos. E) aceitação de valores universais implícitos numa sociedade que busca dimensionar sua vinculação à outras sociedades. Questão 25 (2010.1) Homens da Inglaterra, por que arar para os senhores que vos mantem na miséria? Por que tecer com esforços e cuidado as ricas roupas que vossos tiranos vestem? Por que alimentar, vestir e poupar do berço até o túmulo esses parasitas ingratos que exploram vosso suor — ah, que bebem vosso sangue? (SHELLEY. Os homens da Inglaterra. História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982) A análise do trecho permite identificar que o poeta romântico Shelley (1792-1822) registrou uma contradição nas condições socioeconômi- cas da nascente classe trabalhadora inglesa durante a Revolução Industrial. Tal contradição esta identificada: A) na pobreza dos empregados, que estava dissociada da riqueza dos patrões. B) no salário dos operários, que era proporcio- nal aos seus esforços nas indústrias. C) na burguesia, que tinha seus negócios finan- ciados pelo proletariado. D) no trabalho, que era considerado uma garan- tia de liberdade. E) na riqueza, que não era usufruída por aque- les que a produziam. Questão 26 (2010.1) “Pecado nefando” era expressão correntemente utilizada pelos inquisidores para a sodomia. Nefandus: o que não pode ser dito. A Assem- bleia de clérigos reunida em Salvador, em 1707, considerou a sodomia “tão péssimo e horrendo crime”, tão contrário à lei da natureza, que “era indigno de ser nomeado” e, por isso mesmo, nefando. (NOVAIS, F.; MELLO E SOUZA, L. História da Vida Privada Brasil. São Paulo: Companhia Letras, 1997) O número de homossexuais assassinados no Brasil bateu o recorde histórico em 2009. De acordo com o Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais (LGBT– Lésbicas, Gays, Bis- sexuais e Travestis), nesse ano foram registra- dos 195 mortos por motivação homofóbica no País. (www.alemdanoticia.co.br - Acesso em: 29.04.10) A homofobia é a rejeição e menosprezo à orien- tação sexual do outro e, muitas vezes, se ex- pressa sob a forma de comportamentos violen- tos. Os textos indicam que as condenações públicas, perseguições, e assassinatos de ho- mossexuais no país estão associadas: A) à baixa representatividade política de grupos organizados que defendem os direitos de cida- dania dos homossexuais. B) à falência da democracia no país, que torna impeditiva a divulgação de estatísticas relacio- nadas à violência contra homossexuais. C) à Constituição de 1988, que exclui do tecido social os homossexuais, além de impedi-los de exercer seus direitos políticos. D) a um passado histórico marcado pela demo- nização do corpo e por formas recorrentes de tabus e intolerância. E) a uma política eugênica desenvolvida pelo Estado, justifica a partir dos posicionamentos de correntes filosófico-cientificas. Questão 27 (2010.1) Um banco inglês decidiu cobrar de seus clientes cinco libras toda vez que recorressem aos fun- cionários de suas agências. E o motivo disso é que, na verdade, não querem clientes em suas agências; o que querem é reduzir o número de agências, fazendo com que os clientes usem as maquinas automáticas em todo tipo de transa- ções. Em suma, eles querem se livrar de seus funcionários. (HOBSBAWM, E. O novo século. São Paulo: Companhia das Letras, 2000 - adaptado) O exemplo mencionado permite identificar um aspecto da adoção de novas tecnologias na economia capitalista contemporânea. CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 9 Um argumento utilizado pelas empresas e uma consequência social de tal aspecto estão em: A) qualidade total e estabilidade no trabalho. B) pleno emprego e enfraquecimento dos sindicatos. C) diminuição dos custos e insegurança no emprego. D) responsabilidade social e redução do desemprego. E) maximização dos lucros e aparecimento de empregos. Questão 28 (2010.2) A tirinha mostra que o ser humano, na busca de atender suas necessidades e de se apropriar dos espa- ços, A) adotou a acomodação evolucionária como forma de sobrevivência ao se dar conta de suas deficiên- cias impostas pelo meio ambiente. B) utilizou o conhecimento e a técnica para criar equipamentos que lhe permitiram compensar as suas limitações físicas. C) levou vantagens em relação aos seres de menor estatura, por possuir um físico bastante desenvolvi- do, que lhe permitia muita agilidade. D) dispensou o uso da tecnologia por ter um organismo adaptável aos diferentes tipos de meio ambiente. E) sofreu desvantagens em relação a outras espécies, por utilizar os recursos naturais como forma de se apropriar dos diferentes espaços. Questão 29 (2010.1) Democracia: “regime político no qual a soberania é exercida pelo povo, pertence ao conjunto dos cida- dãos.” (JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicio. Rio de Janeiro: Zahar, 2006) Uma suposta “vacina” contra o despotismo, em um contexto democrático, tem por objetivo: A) impedir a contratação de familiares para o serviço público. B) reduzir a ação das instituições constitucionais. C) combater a distribuição equilibrada de poder. D) evitar a escolha de governantes autoritários. E) restringir a atuação do Parlamento. CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009a 2019 10 Questão 30 (2010.1) Na ética contemporânea, o sujeito não é mais um sujeito substancial, soberano e absoluta- mente livre, nem um sujeito empírico puramente natural. Ele é simultaneamente os dois, na me- dida em que é um sujeito histórico-social. As- sim, a ética adquire um dimensionamento políti- co, uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora da relação social coletiva. Desse modo, a ética se entrelaça, ne- cessariamente, com a política, entendida esta como a área de avaliação dos valores que atra- vessam as relações sociais e que interliga os indivíduos entre si. (SEVERINO, A. J. Filosofia. São Paulo: Cortez, 1992) O texto, ao evocar a dimensão histórica do pro- cesso deformação da ética na sociedade con- temporânea, ressalta: A) os conteúdos éticos decorrentes das ideolo- gias político partidárias. B) o valor da ação humana derivada de precei- tos metafísicos. C) a sistematização de valores desassociados da cultura. D) o sentido coletivo e politico das ações huma- nas individuais E) o julgamento da ação ética pelos políticos eleitos democraticamente. Questão 31 (2010.2) A hibridez descreve a cultura de pessoas que mantêm suas conexões com a terra de seus antepassados, relacionando-se com a cultura do local que habitam. Eles não anseiam retornar à sua "pátria" ou recuperar qualquer identidade étnica "pura" ou absoluta; ainda assim, preser- vam traços de outras culturas, tradições e histó- rias e resistem à assimilação. (CACHMORE, E. Dicionário de relações étnicas e raciais. São Paulo: Selo Negro, 2000 - adaptado) Contrapondo o fenômeno da hibridez à ideia de "pureza" cultural, observa-se que ele se mani- festa quando: A) elementos culturais autênticos são descarac- terizados e reintroduzidos com valores mais altos em seus lugares de origem. B) populações demostram menosprezo por seu patrimônio artístico, apropriando-se de produtos culturais estrangeiros. C) civilizações se fecham a ponto de retomarem os seus próprios modelos culturais do passado, antes abandonados. D) criações originais deixam de existir entre os grupos de artistas, que passam a copiar as es- sências das obras uns dos outros. E) intercâmbios entre diferentes povos e cam- pos de produção cultural passam a gerar novos produtos e manifestações. Questão 32 (2010.2) Na antiga Grécia, o teatro tratou de questões como destino, castigo e justiça. Muitos gregos sabiam de cor inúmeros versos das peças dos seus grandes autores. Na Inglaterra dos séculos XVI e XVII, Shakespeare produziu peças nas quais temas como o amor, o poder, o bem e o mal foram tratados. Nessas peças, os grandes personagens falavam em verso e os demais em prosa. No Brasil colonial, os índios aprenderam com os jesuítas a representar peças de caráter religioso. Esses fatos são exemplos de que, em diferentes tempos e situações, o teatro é uma forma: A) de entretenimento popular, que se esgota na sua função de distrair. B) de manipulação do povo pelo poder, que controla o teatro. C) de diversão e de expressão dos valores e problemas da sociedade. D) de entretenimento, que foi superada e hoje é substituída pela televisão. E) de manipulação do povo pelos intelectuais que compõem as peças. Questão 33 (2010.2) A ética exige um governo que amplie a igualda- de entre os cidadãos. Essa é a base da pátria. Sem ela, muitos indivíduos não se sentem "em casa", experimentam-se como estrangeiros em seu próprio lugar de nascimento. (SILVA, R. R. Ética, defesa nacional, cooperação dos povos. São Paulo: Fundação América Latina, 07) Os pressupostos éticos são essenciais para a estruturação política e integração de indivíduos em uma sociedade. De acordo com o texto, a ética corresponde a: A) proibição da interferência de estrangeiros em nossa pátria. B) normas determinadas pelo governo, diferen- tes das leis estrangeiras. C) preceitos normativos impostos pela coação das leis jurídicas. D) transferência dos valores praticados em casa para a esfera social. E) valores e costumes partilhados pela maioria da sociedade. Questão 34 (2010.2) No século XX, o transporte rodoviário e a avia- ção civil aceleraram o intercâmbio de pessoas e mercadorias, fazendo com que as distâncias e a percepção subjetiva das mesmas se reduzissem constantemente. É possível apontar uma ten- dência de universalização em vários campos, CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 11 por exemplo, na globalização da economia, no armamentismo nuclear, na manipulação genéti- ca, entre outros. (HABERMAS, J. A constelação pós-nacional: ensaios políticos. São Paulo: Littera Mundi, 2001 - adaptado) Os impactos e efeitos dessa universalização, conforme descritos no texto, podem ser analisa- dos do ponto de vista moral, o que leva à defesa da criação de normas universais que estejam de acordo com: A) os imperativos técnico-científicos, que deter- minam com exatidão o grau de justiça das nor- mas. B) os sistemas políticos e seus processos con- sensuais e democráticos de formação de nor- mais gerais. C) os sentimentos de respeito e fé no cumpri- mento de valores religiosos relativos à justiça divina. D) os valores culturais praticados pelos diferen- tes povos em suas tradições e costumes locais. E) os pactos assinados pelos grandes líderes políticos, os quais dispõem de condições para tomar decisões. Questão 35 (2010.2) A foto revela um momento da Guerra do Vietnã (1965-1975), conflito militar cuja cobertura jorna- lística utilizou, em grande escala, a fotografia e a televisão. Um dos papéis exercidos pelos meios de comunicação na cobertura dessa guerra, evidenciado pela foto, foi: A) defender a necessidade de intervenções armadas em países comunistas. B) demonstrar as diferenças culturais existentes entre norte-americanos e vietnamitas. C) revelar a superioridade militar dos Estados Unidos da América. D) denunciar os abusos cometidos pela inter- venção militar norte-americana. E) divulgar valores que questionavam as ações do governo vietnamita. Questão 36 (2010.2) A primeira instituição de ensino brasileira que inclui disciplinas voltadas ao público LGBT (lés- bicas, gays, bissexuais e transexuais) abriu inscrições na semana passada. A grade curricu- lar é inspirada em similares dos Estados Unidos da América e Europa. Ela atenderá jovens com aulas de expressão artística, dança e criação de fanzines. É aberta a todo o público estudantil e tem como principal objetivo impedir a evasão escolar de grupos socialmente discriminados. (Época, 11 jan. 2010 - adaptado) O texto trata de uma política pública de ação afirmativa voltada ao público LGBT. Com a cria- ção de uma instituição de ensino para atender esse público, pretende-se: A) permitir o acesso desse segmento ao ensino técnico. B) copiar os modelos educacionais dos EUA e da Europa. C) promover o respeito à diversidade sexual no sistema de ensino. D) contribuir para a invisibilidade do preconceito ao grupo LGBT. E) criar uma estratégia de proteção e isolamen- to desse grupo. Questão 37 (2010.2) O meu lugar, Tem seus mitos e seres de luz, É bem perto de Oswaldo Cruz, Cascadura, Vaz Lobo, Irajá. O meu lugar, É sorriso, é paz e prazer, O seu nome é doce dizer, Madureira, ia, Iaiá. Madureira, ia, Iaiá Em cada esquina um pagode num bar, Em Madureira. Império e Portela também são de lá, Em Madureira. E no Mercadão você pode comprar Por uma pechincha você vai levar, Um dengo, um sonho pra quem quer sonhar, Em Madureira. (CRUZ, Arlindo. Meu lugar) A análise do trecho da canção indica um tipo de interação entre o indivíduo e o espaço. Essa interação explícita na canção expressa um pro- cesso de: A) homogeneização cultural. B) exclusão sociocultural. C) autossegregação espacial. D) expansão urbana. E) pertencimento ao espaço. CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009a 2019 12 Questão 38 (2010.2) Quando Édipo nasceu, seus pais, Laio e Jocas- ta, os reis de Tebas, foram informados de uma profecia na qual o filho mataria o pai e se casa- ria com a mãe. Para evitá-la, ordenaram a um criado que matasse o menino. Porém, penaliza- do com a sorte de Édipo, ele o entregou a um casal de camponeses que morava longe de Tebas para que o criasse. Édipo soube da pro- fecia quando se tornou adulto. Saiu então da casa de seus pais para evitar a tragédia. Eis que, perambulado pelos caminhos da Grécia, encontrou-se com Laio e seu séquito, que, inso- lentemente, ordenou que saísse da estrada. Édipo reagiu e matou todos os integrantes do grupo, sem saber que entre eles estava seu verdadeiro pai. Continuou a viagem até chegar a Tebas, dominada por uma Esfinge. Ele deci- frou o enigma da Esfinge, tornou-se rei de Te- bas e casou-se com a raiva, Jocasta, a mãe que desconhecia. (Disponível em: http://www.cultura.brasil.org. Acesso em: 28 ago. 2010 - adaptado) No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do destino e do determinismo. Ambos são características do mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e providência divina. A expressão filosófica que toma como pressuposta a tese do determinismo é: A) "Não me pergunte quem sou eu e não me diga para permanecer o mesmo." Michel Fou- cault. B) "Quem não tem medo da vida também não tem medo da morte." Arthur Schopenhauer. C) "Ter fé é assinar uma folha em branco e dei- xar que Deus nela escreva o que quiser." Santo Agostinho. D) "Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo." Jean Paul Sartre. E) "O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua imagem e semelhança." Friedrich Nietzs- che. Questão 39 (2011.1) O brasileiro tem noção clara dos comportamen- tos éticos e morais adequados, mas vive sob o espectro da corrupção, revela pesquisa. Se o país fosse resultado dos padrões morais que as pessoas dizem aprovar, pareceria mais com a Escandinávia do que com Bruzundanga (cor- rompida nação fictícia de Lima Barreto). O distanciamento entre “reconhecer” e “cumprir” efetivamente o que é moral constitui uma ambi- guidade inerente ao humano, porque as normas morais são: A) decorrentes da vontade divina e, por esse motivo, utópicas. B) parâmetros idealizados, cujo cumprimento é destituído de obrigação. C) amplas e vão além da capacidade de o indi- víduo conseguir cumpri-las integralmente. D) criadas pelo homem, que concede a si mes- mo a lei à qual deve se submeter. E) cumpridas por aqueles que se dedicam intei- ramente a observar as normas jurídicas. Questão 40 (2011.1) Na década de 1990, os movimentos sociais camponeses e as ONGs tiveram destaque, ao lado de outros sujeitos coletivos. Na sociedade brasileira, a ação dos movimentos sociais vem construindo lentamente um conjunto de práticas democráticas no interior das escolas, das co- munidades, dos grupos organizados e na inter- face da sociedade civil com o Estado. O diálogo, o confronto e o conflito têm sido os motores no processo de construção democrática. (SOUZA, M. A. Movimentos sociais no Brasil. Disponível em: http://www.ces.uc.pt. Acesso em: 30 abr. 2010 - adaptado) Segundo o texto, os movimentos sociais contri- buem para o processo de construção democrá- tica, porque: A) determinam o papel do Estado nas transfor- mações socioeconômicas. B) aumentam o clima de tensão social na socie- dade civil. C) pressionam o Estado para o atendimento das demandas da sociedade. D) privilegiam determinadas parcelas da socie- dade em detrimento das demais. E) propiciam a adoção de valores éticos pelos órgãos do Estado. Questão 41 (2011.1) Embora o Brasil seja signatário das convenções e tratados internacionais contra a tortura e tenha incorporado em seu ordenamento jurídico uma lei tipificando o crime, ele continua a ocorrer em larga escala. Mesmo que a lei que tipifica a tor- tura esteja vigente desde 1997, até o ano 2000 não se conhece nenhum caso de condenação de torturadores julgado em última instância, embora tenham sido registrados nesse período centenas de casos, além de numerosos outros presumíveis mas não registrados. (Disponível em: http://www.dhnet.org.br. Acesso em: 16 jun 2010 - adaptado) O texto destaca a questão da tortura no país, apontando que: A) a justiça brasileira, por meio de tratados e leis, tem conseguido inibir e, inclusive, extinguir a prática da tortura. CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 13 B) a existência da lei não basta como garantia de justiça para as vítimas e testemunhas dos casos de tortura. C) as denúncias anônimas dificultam a ação da justiça, impedindo que torturadores sejam reco- nhecidos e identificados pelo crime cometido. D) a falta de registro da tortura por parte das autoridades policiais, em razão do desconheci- mento da tortura como crime, legitima a impuni- dade. E) a justiça tem esbarrado na precária existên- cia de jurisprudência a respeito da tortura, o que a impede de atuar nesses casos. Questão 42 (2011.1) TEXTO I A ação democrática consiste em todos tomarem parte do processo decisório sobre aquilo que terá consequência na vida de toda coletividade. (GALLO, S. etal. Ética e Cidadania. Caminhos da Filosofia. Campinas: Papirus, 1997 - adaptado) TEXTO II É necessário que haja liberdade de expressão, fiscalização sobre órgãos governamentais e acesso por parte da população às informações trazidas a público pela imprensa. (http://www.observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 24 abr. 2010) Partindo da perspectiva de democracia apresen- tada no Texto I, os meios de comunicação, de acordo com o Texto II, assumem um papel rele- vante na sociedade por: A) orientarem os cidadãos na compra dos bens necessários à sua sobrevivência e bem-estar. B) fornecerem informações que fomentam o debate político na esfera pública. C) apresentarem aos cidadãos a versão oficial dos fatos. D) propiciarem o entretenimento, aspecto rele- vante para conscientização política. E) promoverem a unidade cultural, por meio das transmissões esportivas. Questão 43 (2011.1) O acidente nuclear de Chernobyl revela brutal- mente os limites dos poderes técnico-científicos da humanidade e as ”marchas-à-ré“ que a ”na- tureza“ nos pode reservar. É evidente que uma gestão mais coletiva se impõe para orientar as ciências e as técnicas em direção a finalidades mais humanas. (GUATTARI, F. As três ecologias. São Paulo: Papirus, 1995 - adaptado) O texto trata do aparato técnico-científico e as suas consequências para a humanidade, pro- pondo que esse desenvolvimento: A) defina seus projetos a partir dos interesses coletivos. B) guie-se por interesses econômicos, prescri- tos pela lógica do mercado. C) priorize a evolução da tecnologia, se apropri- ando da natureza. D) promova a separação entre natureza e soci- edade tecnológica. E) tenha gestão própria, com o objetivo de me- lhor apropriação da natureza. Questão 44 (2011.1) Um volume imenso de pesquisas tem sido pro- duzido para tentar avaliar os efeitos dos pro- gramas de televisão. A maioria desses estudos diz respeito às crianças — o que é bastante compreensível pela quantidade de tempo que elas passam em frente ao aparelho e pelas pos- síveis implicações desse comportamento para a socialização. Dois dos tópicos mais pesquisa- dos são o impacto da televisão no âmbito do crime e da violência e a natureza das notícias exibidas na televisão. (GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 05) O texto indica que existe uma significativa pro- dução científica sobre os impactos sociocultu- rais da televisão na vida do ser humano. E as crianças, em particular, são as mais vulneráveis a essas influências, porque: A) codificam informações transmitidas nos pro- gramas infantis por meio da observação. B) adquirem conhecimentos variadosque incen- tivam o processo de interação social. C) interiorizam padrões de comportamento e papéis sociais com menor visão crítica. D) observam formas de convivência social ba- seadas na tolerância e no respeito. E) apreendem modelos de sociedade pautados na observância das leis. Questão 45 (2011.1) Em geral, os nossos tupinambás ficam bem admirados ao ver os franceses e os outros dos países longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil. Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta pergunta: “Por que vindes vós outros, mairs e perós (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?” (LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças Sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 74) CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 14 O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz um diálogo travado, em 1557, com um ancião tupinambá, o qual demonstra uma dife- rença entre a sociedade europeia e a indígena no sentido: A) do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas culturais. B) da preocupação com a preservação dos re- cursos ambientais. C) do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa do pau-brasil. D) da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas. E) da preocupação com o armazenamento de madeira para os períodos de inverno. Questão 46 (2011.1) A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currículo dos estabelecimentos de ensino fun- damental e médio, oficiais e particulares, a obri- gatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e determina que o conteúdo pro- gramático incluirá o estudo da História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribui- ção do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil, além de instituir, no calendário escolar, o dia 20 de novembro como data comemorativa do “Dia da Consciência Negra”. (Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010 - adaptado) A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também para a soci- edade brasileira, porque: A) legitima o ensino das ciências humanas nas escolas. B) divulga conhecimentos para a população afro-brasileira. C) reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e sua cultura. D) garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso à educação. E) impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico-racial do país. Questão 47 (2011.2) As relações sociais, produzidas a partir da ex- pansão do mercado capitalista ― e o sistema de fábrica é seu “estágio superior” ―, tornaram possível o desenvolvimento de uma determina- da tecnologia, isto é, aquela que supõe a priori a expropriação dos saberes daqueles que partici- pam do processo de trabalho. Nesse sentido, foi no sistema de fábrica que uma dada tecnologia pôde se impor, não apenas como instrumento para incrementar a produtividade do trabalho, mas, muito principalmente, como instrumento para controlar, disciplinar e hierarquizar esse processo de trabalho. (DECCA, E. S. O Nascimento das Fábricas. São Paulo: Brasiliense, 1986 - fragmento) Mais do que trocar ferramentas pela utilização de máquinas, o capitalismo, por meio do “siste- ma de fábrica”, expropriou o trabalhador do seu “saber fazer”, provocando, assim, A) a divisão e a hierarquização do processo laboral, que ocasionaram o distanciamento do trabalhador do seu produto final. B) o movimento dos trabalhadores das áreas urbanas em direção às rurais, devido à escas- sez de postos de trabalho nas fábricas. C) a associação da figura do trabalhador à do assalariado, fato que favorecia a valorização do seu trabalho e a inserção no processo fabril. D) a organização de grupos familiares em gal- pões para elaboração e execução de manufatu- ras que seriam comercializadas. E) a desestruturação de atividades lucrativas praticadas pelos artesãos ingleses desde a Bai- xa Idade Média. Questão 48 (2011.2) Vivemos nessa era interligada em que pessoas de todo o planeta participam de uma única or- dem informacional das comunicações moder- nas. Graças à globalização e ao poder da internet, quem estiver em Caracas ou no Cairo consegui- rá receber as mesmas músicas populares, notí- cias, filmes e programas de televisão. (GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005 - fragmento) O texto faz referência à revolução informacional, que vem produzindo uma série de alterações no cotidiano dos indivíduos. Nessa perspectiva, a vida social das pessoas está sofrendo grandes alterações devidas: A) à maior disponibilidade de tempo para ativi- dades relacionadas ao lazer. B) ao aumento nos níveis de desemprego entre os mais jovens. C) à velocidade com que as informações são disponibilizadas em todo o mundo. D) ao baixo fluxo de informações disponibiliza- das pelos meios convencionais de comunica- ção. E) à diminuição na interação social entre os indivíduos mais informatizados. CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 15 Questão 49 (2011.2) A memória não é um simples lembrar ou recor- dar, mas revela uma das formas fundamentais de nossa existência, que é a relação com o tempo, e, no tempo, com aquilo que está invisí- vel, ausente e distante, isto é, o passado. A memória é o que confere sentido ao passado como diferente do presente (mas fazendo ou podendo fazer parte dele) e do futuro (mas po- dendo permitir esperá-lo e compreendê-lo). (CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1995 - fragmento) Com base no texto, qual é o significado da me- mória? A) É a perda de nossa relação com o presente, preservando o passado. B) É o esforço de apagar o passado e inaugurar o presente. C) É a capacidade mais alargada para lembrar e recordar fatos passados. D) É a prospecção e retenção de lembranças e recordações. E) É o potencial de evocar o passado apontan- do para o futuro. Questão 50 (2011.2) “As tendências da moda, literatura, música, cinema, esportes, política, vida familiar refletem a mentalidade de uma época. E os mercados de ações registram, da mesma forma, essa menta- lidade prevalecente. Os preços das ações são o melhor indicador do grau de otimismo, da dispo- sição, da psicologia das multidões,” afirma Ro- bert Prechter, em Cultura Popular e o Mercado de Ações (1985). (Época. Ed. 549, 24 nov. 2008) O texto mostra como as práticas sociais estão relacionadas com os valores predominantes em uma determinada época, em que os fatores influenciadores são ações: A) psicológicas individuais. B) intuitivas herdadas. C) sociais interativas. D) culturais locais. E) econômicas isoladas. Questão 51 (2011.2) Subjaz na propaganda tanto política quanto comercial a ideia de que as massas podem ser conquistadas, dominadas e conduzidas, e, por isso, toda e qualquer propaganda tem um traço de coerção. Nesse sentido, a filósofa Hanna Arendt diz que “não apenas a propaganda polí- tica, mas toda a moderna publicidade de massa contém um elemento de coerção”. À luz do texto, qual a implicação da publicidade de massa para a democracia contemporânea? A) A transparência política das ações do Esta- do. B) O fortalecimento da sociedade civil. C) O combate às práticas de distorção de infor- mações. D) A dissociação entre os domínios retóricos e a política. E) O declínio do debate político na esfera públi- ca. Questão 52 (2011.2) Em uma das reuniões do GPH (Grupo de Pais de Homossexuais) na rua Major Sertório, no centro de São Paulo, mais de 80 jovens ocupam uma sala. Sentados em cadeiras, sofás ou em almofadas no chão, conversam, esclarecem dúvidas e falam sobre as dificuldades e praze- res típicos desta fase da vida. No final, partici- pam de uma confraternizaçãocom lanche e música. O que os une nesta tarde de domingo não é política ou religião, mas a orientação se- xual: eles são LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) ou querem conhecer pessoas que sejam, por conta de dúvidas quan- to à própria sexualidade. (FUHRMANN, L. Mães e filhos: homossexualidade de jovens e adolescentes. Carta Capital. Nº 589, São Paulo: Confiança, mar. 2010) Tendo em conta as formas de incompreensão e intolerância que ainda marcam certas visões sobre o tema da diversidade sexual, o que em- basa a criação de movimentos sociais como o GPH e de outros grupos LGBT com o mesmo perfil? A) A participação político-partidária dos grupos LGBT. B) A necessidade de superar o medo e a dis- criminação. C) As tentativas de atrair os consumidores gays. D) As normas legais que amparam os homos- sexuais. E) A liberalidade frequente dos pais de homos- sexuais. Questão 53 (2011.2) A Unesco define como Patrimônio Cultural Ima- terial “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas ― junto com os ins- trumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados ― que as comunida- des, os grupos e, em alguns casos, os indiví- duos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.” São exemplos de bens registrados como Patrimônio Imaterial no Brasil: CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 16 o Círio de Nazaré no Pará, o Samba de Roda do Recôncavo Baiano, o Ofício das Baianas de Acarajé, o Jongo no Sudeste, entre outros. (Disponível em: http://www.portal.iphan.gov.br. Acesso em: 29 jul. 2010 - adaptado) É bastante recente no Brasil o registro de de- terminadas manifestações culturais como inte- grantes de seu Patrimônio Cultural Imaterial. O objetivo de se realizar e divulgar este tipo de registro é: A) recuperar as características originais das manifestações culturais dos povos nativos do Brasil. B) promover o respeito à diversidade cultural por meio da valorização das manifestações populares. C) reconhecer o valor da cultura popular para torná-la equivalente à cultura erudita. D) possibilitar a absorção das manifestações culturais populares pela cultura nacional brasi- leira. E) inserir as manifestações populares no mer- cado, proporcionando retorno financeiro a seus produtores. Questão 54 (2011.2) Texto I Texto II Em sentido antropológico, não falamos em Cul- tura, no singular, mas em culturas, no plural, pois a lei, os valores, as crenças, as práticas, as instituições variam de formação social para for- mação social. Além disso, uma mesma socie- dade, por ser temporal e histórica, passa por transformações culturais amplas. (CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1995 - fragmento) A concepção que perpassa a imagem e o texto parte da premissa de que o respeito à diversi- dade cultural significa: A) exaltar os elementos de uma cultura. B) proteger as minorias culturais. C) promover a aceitação do outro. D) estimular as religiões monoteístas. E) incentivar a divisão de classes. Questão 55 (2011.2) A confusão era grande e ficou ainda maior de- pois do discurso do presidente norte-americano Barack Obama em defesa da guerra, ao receber o Prêmio Nobel da Paz de 2009. Como liberal, Obama poderia ter utilizado os argumentos do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), que também defendeu, na sua época, a legitimidade das guerras como meio de difusão da civilização européia. (FIORI, J. L. A moral internacional e o poder. Revista CULT. Nº 145. São Paulo: Bregantini, abr. 2010) O argumento utilizado por Barack Obama ao defender a guerra em nome da paz constitui um tipo de raciocínio: A) indutivo. B) paradoxal. C) dedutivo. D) metafórico. E) analógico. Questão 56 (2011.2) Texto I A bandeira no estádio é um estandarte/A flâmu- la pendurada na parede do quarto/ O distintivo na camisa do uniforme/ Que coisa linda é uma partida de futebol/ Posso morrer pelo meu time/ Se ele perder, que dor, imenso crime/ Posso chorar se ele não ganhar/ Mas se ele ganha, não adianta/ Não há garganta que não pare de berrar/ A chuteira veste o pé descalço/ O tapete da realeza é verde/ Olhando para a bola eu vejo o sol/ Está rolando agora, é uma partida de fu- tebol. (SKANK. Uma partida de futebol. Disponível em: www.letras.terra.com.br. Acesso em: 27 abr. 2010 -fragmento) Texto II O “gostar de futebol” no Brasil existe fora das consciências individuais dos brasileiros. O gosto ou a paixão por um determinado esporte não existe naturalmente em nosso “sangue”, como supõe o senso comum. Ele existe na coletivida- de, em nosso meio social, que nos transmite esse sentimento da mesma forma que a escola nos ensina a ler e a escrever. (HELAL, R. O que é Sociologia do Esporte? São Paulo: Brasiliense, 1990) CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 17 Chamado de ópio do povo por uns, paixão naci- onal por outros, o futebol, além de esporte mais praticado no Brasil, pode ser considerado fato social, culturalmente apreendido, seja por seus praticantes, seja pelos torcedores. Nesse senti- do, as fontes anteriores apresentam ideias se- melhantes, pois o: A) lazer aparece em ambos como a principal função social do futebol. B) esporte é visto como instrumento de divulga- ção de valores sociais. C) futebol aparece como elemento integrante da cultura brasileira. D) futebol é visto como um instante de supres- são da desigualdade social. E) “tapete verde” e a “bola–sol” são metáforas do nacionalismo. Questão 57 (2011.2) “Não à liberdade para os inimigos da liberdade”, dizia Saint-Just. Isso significa dizer: não à tole- rância para os intolerantes. (Héritier, F. O eu, o outro e a tolerância. In: Héritier, F.; CHANGEUX, J. P. (orgs.). Uma ética para quan- tos? São Paulo: Edusc, 1999 - fragmento) A contemporaneidade abriga conflitos éticos e políticos, dos quais o racismo, a discriminação sexual e a intolerância religiosa são exemplos históricos. Com base no texto, qual é a principal contribuição da Ética para a estruturação políti- ca da sociedade contemporânea? A) Instituir princípios éticos que correspondam ao interesse de cada grupo social. B) Revisar as leis e o sistema político como mecanismo de adequação às novas demandas éticas. C) Criar novas leis éticas com a finalidade de punir os sujeitos racistas e intolerantes. D) Propor modelos de conduta fundados na justiça, na liberdade e na diversidade humana. E) Instaurar um programa de reeducação ética fundado na prevenção da violência e na restri- ção da liberdade. Questão 58 (2011.2) Parece-me bastante significativo que a questão muito discutida sobre se o homem deve ser “ajustado” à máquina ou se a máquina deve ser ajustada à natureza do homem nunca tenha sido levantada a respeito dos meros instrumen- tos e ferramentas. E a razão disto é que todas as ferramentas da manufatura permanecem a serviço da mão, ao passo que as máquinas realmente exigem que o trabalhador as sirva, ajuste o ritmo natural do seu corpo ao movimen- to mecânico delas. (ARENDT, H) Com base no texto, as principais consequências da substituição da ferramenta manual pela má- quina são: A) o adestramento do corpo e a perda da auto- nomia do trabalhador. B) a reformulação dos modos de produção e o engajamento político do trabalhador. C) o aperfeiçoamento da produção manufaturei- ra criativa e a rejeição do trabalho repetitivo. D) o abandono da produção manufatureira e o aperfeiçoamento da máquina. E) a flexibilização do controle ideológico e a manutenção da liberdade do trabalhador. Questão 59 (2011.2) Atualmente, a noção de que o bandido não está protegido pela lei tende a ser aceita pelo senso comum. Urge mobilizar todas as forças da soci- edade para reverter essa noção letal para o Estado Democrático de Direito, pois,como dizia o grande Rui Barbosa, “A lei que não protege o meu inimigo, não me serve”. (SAMPAIO, P. A. Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. In.: Os Direitos Huma- nos desafiando o século XXI. Brasília: OAB; Conselho Federal; Comissão Nacional de Direitos Humanos, 2010) No texto, o autor estabelece uma relação entre democracia e direito que remete a um dos mais valiosos princípios da Revolução Francesa: a lei deve ser igual para todos. A inobservância des- se princípio é uma ameaça à democracia, por- que: A) diminui o poder de contestação dos movi- mentos sociais organizados. B) favorece a impunidade e a corrupção por meio dos privilégios de nascimento. C) restringe o direito de voto a apenas uma parcela da sociedade civil. D) resulta em uma situação em que algumas pessoas possuem mais direitos do que outras. E) consagra a ideia de que as diferenças devem se basear na capacidade de cada um. Questão 60 (2011.2) A atuação do Judiciário deve ser avaliada mais por seu aspecto geral, pois sua missão-mor transcende os processos vistos isoladamente. Sua tarefa é produzir uma ordem estável que paire sobre a sociedade. Independentemente da matéria-prima que tenha em mãos, o Judiciário deve produzir uma ordem que permita à socie- dade, com suas diferenças e paradoxos, viver e se desenvolver de modo seguro. Por esse pris- ma, decisões questionáveis quando vistas iso- ladamente se justificam quando olhadas siste- CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 18 micamente, pois foram proferidas tendo em vista a importância que trariam para a constru- ção da ordem. (VILELA, H. O. T. O ativismo judicial e o jogo dos três poderes. Valor Econômico. 14 jun. 2011 - adaptado) Considerando que a sociedade é uma estrutura complexa, com interesses contraditórios, se- gundo o texto, as decisões do Poder Judiciário: A) devem ser infalíveis e imparciais. B) interferem na organização da sociedade. C) constroem a ponte entre os demais poderes. D) eliminam as contradições e as diferenças. E) são inquestionáveis. Questão 61 (2012.1) Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indi- víduo. O homem é o próprio culpado dessa me- noridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a dire- ção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do escla- recimento. A preguiça e a covardia são as cau- sas pelas quais uma tão grande parte dos ho- mens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida. (KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclareci- mento? Petrópolis: Vozes, 1985 - adaptado) Kant destaca no texto o conceito de Esclareci- mento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclareci- mento, no sentido empregado por Kant, repre- senta: A) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade. B) o exercício da racionalidade como pressu- posto menor diante das verdades eternas. C) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma. D) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento. E) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão. Questão 62 (2012.1) Texto I O que vemos no país é uma espécie de esprai- amento e a manifestação da agressividade atra- vés da violência. Isso se desdobra de maneira evidente na criminalidade, que está presente em todos os redutos — seja nas áreas abandona- das pelo poder público, seja na política ou no futebol. O brasileiro não é mais violento do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e do reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários territórios do país se im- põem como um caldo de cultura no qual a agressividade e a violência fincam suas raízes. (Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099, 3 fev. 2010) Texto II Nenhuma sociedade pode sobreviver sem cana- lizar as pulsões e emoções do indivíduo, sem um controle muito específico de seu comporta- mento. Nenhum controle desse tipo é possível sem que as pessoas anteponham limitações umas às outras, e todas as limitações são con- vertidas, na pessoa a quem são impostas, em medo de um ou outro tipo. (ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993) Considerando-se a dinâmica do processo civili- zador, tal como descrito no Texto II, o argumen- to do Texto I acerca da violência e agressivida- de na sociedade brasileira expressa a: A) incompatibilidade entre os modos democráti- cos de convívio social e a presença de aparatos de controle policial. B) manutenção de práticas repressivas herda- das dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos administrativos. C) inabilidade das forças militares em conter a violência decorrente das ondas migratórias nas grandes cidades brasileiras. D) dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar formas de controle social compatíveis com valores democráticos. E) incapacidade das instituições político- legislativas em formular mecanismos de contro- le social específicos à realidade social brasileira. Questão 63 (2012.1) Torna-se claro que quem descobriu a África no Brasil, muito antes dos europeus, foram os pró- prios africanos trazidos como escravos. E esta descoberta não se restringia apenas ao reino linguístico, estendia-se também a outras áreas culturais, inclusive à da religião. Há razões para pensar que os africanos, quando misturados e transportados ao Brasil, não demoraram em perceber a existência entre si de elos culturais mais profundos. (SLENES, R. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil. Revista USP, n. 12, dez./jan./fev. 1991-92 - adaptado) CADERNO FILOSOFIA - SOCIOLOGIA ENEM 2009 a 2019 19 Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de diferentes partes da África, a ex- periência da escravidão no Brasil tornou possí- vel a: A) formação de uma identidade cultural afro- brasileira. B) superação de aspectos culturais africanos por antigas tradições europeias. C) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos. D) manutenção das características culturais específicas de cada etnia. E) resistência à incorporação de elementos culturais indígenas. Questão 64 (2012.1) É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é liberda- de. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberda- de, porque os outros também teriam tal poder. (MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 - adaptado) A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito: A) ao status de cidadania que o indivíduo adqui- re ao tomar as decisões por si mesmo. B) ao condicionamento da liberdade dos cida- dãos à conformidade às leis. C) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre da submissão às leis. D) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde que ciente das conse- quências. E) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais. Questão 65 (2012.1) Na regulação de matérias culturalmente delica- das, como, por exemplo, a linguagem oficial, os currículos da educação pública, o status das Igrejas e das comunidades religiosas, as nor- mas do direito penal (por exemplo, quanto ao aborto), mas também em assuntos menos cha-
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