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Tópicos Especiais em Contabilidade 
e Ética da Profissão Contábil
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Tópicos Especiais em 
Contabilidade e Ética da 
Profissão Contábil
Organizado por Universidade Luterana do Brasil
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
Canoas, RS
2018
Valmira Trapp Fernandes
Conselho Editorial EAD
Andréa de Azevedo Eick
Ângela da Rocha Rolla
Astomiro Romais
Claudiane Ramos Furtado
Dóris Gedrat
Honor de Almeida Neto
Maria Cleidia Klein Oliveira
Maria Lizete Schneider
Luiz Carlos Specht Filho
Vinicius Martins Flores
Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. 
Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores 
a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da 
ULBRA.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei 
nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.
ISBN: 978-85-5639-283-1 
Dados técnicos do livro
Diagramação: Marcelo Ferreira
Revisão: Geórgia Píppi
A Lei 11.638/2007, marco regulatório que possibilitou a mudança da Lei das Sociedades por Ações, 6.404/76, com o propósito de elevar 
a contabilidade brasileira aos padrões internacionais, mais especificamente 
aos padrões mantidos pelo International Accounting Standard Board (IASB), 
órgão reconhecido mundialmente como organismo responsável pelas prá-
ticas contábeis internacionais.
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, criado pela resolu-
ção CFC 1.055/05, foi concebido pela união de esforços e comunhão de 
objetivos da Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCa), 
Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de 
Capitais (APIMEC), Bolsa de Valores de São Paulo (BM & Bovespa), Conse-
lho Federal de Contabilidade (CFC), Instituto dos Auditores Independentes 
do Brasil (IBRACON) e Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais 
e Financeiras (FIPECAFI).
O CPC tem como objetivo o estudo, o preparo e a emissão de Pronun-
ciamentos Técnicos, suas interpretações e orientações sobre procedimentos 
de contabilidade societária e divulgação de informações dessa natureza, 
que permitam a emissão de normas pelas entidades reguladoras brasileiras.
Considerando esse contexto da contabilidade brasileira convergida às 
normas internacionais, os temas apresentados neste livro têm por finali-
dade o estudo das normas que foram traduzidas pelo CPC que se fazem 
presentes no dia a dia das organizações. A mudança de paradigma que 
evoluiu de uma contabilidade centrada em regras para outra que utiliza 
em maior escala o julgamento do profissional implica desafios no que se 
refere à Interpretação e à aplicabilidade desse arcabouço aos profissionais 
contábeis.
Apresentação
Apresentação v
Nesse sentido, a abordagem assim se estrutura: Ética da Profissão 
Contábil, no Capítulo 1; Estrutura Conceitual para Elaboração do Relató-
rio Contábil Financeiro, no Capítulo 2; Demonstração do Valor Adicionado 
– NBC TG 09, Capítulo 3; Ajuste à Valor Presente NBC TG 12, Capítulo 
4; Ativos Circulantes: estoque NBC TG 16, Capítulo 5; Custos de Emprés-
timos NBC TG 20, Capítulo 6; Ativo Não Circulante Imobilizado NBC TG 
27, Capítulo 7; Apresentação das Demonstrações Contábeis, Capítulo 8; 
Propriedade para Investimento, Capítulo 9; e Demonstração Contábil Inter-
mediária NBC TG 21 no Capítulo 10.
Sumário
 1 Ética da Profissão Contábil ....................................................1
 2 Estrutura Conceitual para elaboração do relatório contábil-
financeiro ...........................................................................26
 3 Demonstração do valor adicionado .....................................62
 4 Ajuste a Valor Presente .......................................................93
 5 Ativo circulante: estoques .................................................118
 6 Custos de empréstimos .....................................................141
 7 Ativo Não Circulante Imobilizado ......................................165
 8 Apresentação das demonstrações contábeis ......................203
 9 Propriedade para investimentos ........................................259
 10 Demonstração intermediária .............................................292
Valmira Trapp Fernandes1
Capítulo 1
Ética da Profissão 
Contábil1
1 Graduação em Ciências Contábeis pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos 
– UNISINOS (1985), Especialização em Custos e Orçamento Pela Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (1989), Mestrado em Ciências Empresariais 
pela Universidade Fernando Pessoa UFP- Porto, Portugal (2003). Coordenadora 
do Curso de Ciências Contábeis Presencial e EAD e professora na Universidade 
Luterana do Brasil – ULBRA. Experiência na área de Ciências Contábeis, atuando, 
principalmente, nos seguintes temas: custos, informações contábeis, contabilidade 
fiscal e societária.
2 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
Introdução
As discussões que envolvem questões éticas revestem-se de 
relevância ímpar nos mais diversos espaços da sociedade, no-
tadamente no mundo do trabalho e no campo da educação, 
que sempre se constituiu um espaço de reflexão de temas que 
apresentam inquietações individuais e coletivas. A reflexão crí-
tica, relacionada ao comportamento humano é papel central 
da ética, o que implica discussão, problematização e investi-
gação dos valores e princípios do comportamento moral na 
busca da construção de uma convivência coletiva harmônica, 
pautada em valores reconhecidos como reguladores da con-
duta individual em suas relações sociais.
A sociedade atual tem como característica significativa o 
individualismo e a competitividade em detrimento do coletivo 
e da cooperação, tornando ainda mais necessário o estudo 
das concepções, idealizações que a ética expressa através da 
teoria, garantindo o convívio humano equilibrado.
A ética profissional pode ser descrita como o conjunto de 
normas éticas que foram definidas como aquelas que pautam 
e orientam a conduta profissional no exercício da sua profis-
são. Nesse contexto, para além da competência técnica, com-
preender o Código de Ética do Contador é imprescindível para 
o adequado exercício da profissão.
Capítulo 1 Ética da Profissão Contábil 3
1 Ética
As discussões sobre o tema vêm permeando o ambiente aca-
dêmico, notadamente, aspectos que envolvem ética na edu-
cação e ética profissional. A discussão ética implica análise 
do tema e sua aplicação às diversas esferas nas quais se mo-
vimentam os indivíduos, o que inclui o convívio social/pro-
fissional. Considerando o papel conferido à escola como pi-
lar do processo educacional, é nesse espaço que devem ser 
abordados temas que dizem respeito à vida, (neste contexto, 
a ética) em um mundo em que a realidade e os papéis sociais 
se tornam cada vez mais complexos. Demo (2000) afirma que 
o ponto de partida para produção do conhecimento deveria 
ser essa realidade diversificada e em constante transformação. 
Aprender é, na visão do autor, um processo essencialmente 
ligado à vida, que implica a possibilidade de reconstruir o co-
nhecimento e essa reconstrução se dá pela pesquisa, pelo de-
senvolvimento da autonomia e está associada ao conceito de 
formação da cidadania.
A formação da cidadania é construída a partir da reflexão 
crítica sobre o comportamento humano, na decisão autônoma 
e responsável do indivíduo e no convencimento de que seu 
agir ético contribui para tornar as relações humanas harmô-
nicas e mais justas. A escola deve mobilizar o conhecimento 
que possibilite ao aluno ampliar a reflexão sobre seu papel na 
construção dessa realidade e a compreensão da sua reponsa-
bilidade nesse processo.
Para Johann (2009), a escola se caracteriza como o espa-
ço que reflete e reproduza sociedade na qual está inserida. 
4 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
Dessa forma, é através da educação que podem ser desenha-
dos os caminhos para a construção de uma realidade mais 
justa e humana para a sociedade, e essa construção passa 
pela disseminação e fixação de valores e princípios éticos.
Corroborando o pensamento de Johann, Ponce e Saul 
(2012) afirmam:
O indivíduo educado é – neste sentido – mais pleno e 
humano; é culto, bom cidadão, tem a personalidade for-
mada para o bem e é trabalhador; a educação, nessa 
concepção, é a alavanca para o progresso do indivíduo 
e, conse quentemente, da sociedade. Sobre essas bases 
construíram-se o sentimento de fé na educação e a es-
cola.
O ideário da razão, por mais que tenha sido criticamente 
retratado, ainda é um forte elemento constituinte da cren-
ça na educação escolar. Nessa se depo sitam as ideias de 
reprodução e produção social.
Os mesmos autores destacam que a confiança na educa-
ção representa uma das mais relevantes aquisições das socie-
dades dos séculos XX e XXI, as construções e a condução de 
ações que representam os valores culturais e a crença na edu-
cação são respostas concretas aos paradigmas emergentes de 
vida. Nesse contexto, formar pessoas criticas e reflexivas, autô-
nomas, cidadãs, preparadas para atuar com competência no 
mundo do trabalho, e que contribuam para o crescimento e o 
desenvolvimento da sociedade, significa trabalhar a formação 
integral do ser humano. Na visão de Souza, ([2017?] p. 1) a 
escola ao assumir a dualidade de promover a transmissão dos 
Capítulo 1 Ética da Profissão Contábil 5
conhecimentos e a formação ética faz a mediação entre o co-
nhecimento e o educando, utilizando as práticas pedagógicas. 
O autor afirma:
Por sua vez, a escola é a instituição social que, no mundo 
moderno, assume um duplo compromisso: trabalhar a 
sistematização, transmissão e (re)construção dos saberes 
historicamente produzidos, e promover a formação ética 
dos indivíduos, na perspectiva da construção e consoli-
dação da cidadania plena. Em função disso, a dimensão 
ética da relação professor-aluno merece especial aten-
ção, notadamente quando se parte da premissa que o 
professor é um profissional que, ao invés de meramente 
transmitir saberes, é responsável pela mediação entre o 
conhecimento e o educando, o que se dá por meio de 
sua prática pedagógica.
A questão educacional está em contínuo avanço, e vincular 
educação e ação formadora do ser humano direciona a ação 
pedagógica a buscar e desconfiar de questões que foram con-
sideradas conclusivas, o que permite a quem executa esse mo-
vimento galgar um patamar superior em relação àquele que 
havia sido anteriormente alcançado e, para o autor, a suspei-
ção de conclusões tidas como verdadeiras são imprescindíveis 
para o avanço do conhecimento (RODRIGUES, 2001), Para o 
mesmo autor (2001 p.1).
O Ser Humano, por não receber qualquer determinação 
por natureza, pode construir o seu modo de vida tendo 
por base a liberdade da vontade, a autonomia para or-
ganizar os modos de existência e a responsabilidade pela 
6 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
direção de suas ações, essa característica do ser humano 
constitui o fundamento da formação do sujeito ético. 
Este deve ser o objetivo fundamental da Educação, ao 
qual devem ser submetidas toda e qualquer prática edu-
cativa, aí incluídas as escolares. (grifo nosso)
Para estudar ética, necessário se faz discorrer sobre moral, 
pois ambas se entrelaçam no cotidiano do indivíduo, tanto no 
que diz respeito às questões pessoais quanto às profissionais.
“A ética é definida como a teoria, o conhecimento ou a 
ciência do comportamento moral, que busca explicar, compre-
ender, justificar e criticar a moral ou as morais de uma socie-
dade. A ética é filosófica e científica.” (ROCHA, 2008, p.16).
A mesma autora (2008), afirma que não se pode falar de 
ética sem falar de moral, pois estão interligadas na vida do 
ser humano. Moral é o conjunto das normas para o agir es-
pecífico ou concreto, estabelecendo regras que são assumidas 
pelos indivíduos, garantindo a boa convivência. Assim, os prin-
cípios morais de determinada comunidade definidos consen-
sualmente, regulam o comportamento individual e social desta 
comunidade. Já, a ética tem como foco a reflexão sobre os sis-
temas morais elaborados pelos seres humanos e que balizam 
o comportamento deles em sociedade, na tentativa de lançar 
luz sobre os fundamentos das normas que dizem respeito a 
cada sociedade e que norteiam seus integrantes.
Discutir a questão ética, portanto, pressupõe o compromis-
so de refletir sobre os sistemas norteadores do comportamento 
do indivíduo na sociedade e compreender o princípio fundante 
das normas que formatam sistemas sociais e culturais únicos. 
Capítulo 1 Ética da Profissão Contábil 7
Assim, a universidade se coloca como elo imprescindível na 
condução do processo que pretende desenhar caminhos, para 
dar sustentação à justiça e à paz social, caminhos esses tri-
lhados através de debates que impulsionem a construção de 
pactos sociais que contemplem o bem comum.
1.1 A ética profissional
A aplicação da ética ao campo das atividades profissionais 
é indispensável porque na ação humana “o fazer” e “o agir” 
estão conectados. O fazer diz respeito à competência, à efici-
ência que o profissional deve construir para o pleno exercício 
da profissão. O agir diz respeito à conduta do profissional, ao 
conjunto de atitudes que devem ser assumidas no desempenho 
de sua profissão (OLIVEIRA, 2012).
Para Oliveira (2012), a escolha da profissão implica refle-
xão prévia sobre o conjunto de deveres do candidato à pro-
fissão que vai assumir, ao optar por determinada categoria 
profissional. O mesmo autor destaca que a formação profis-
sional e o aprendizado de competências e habilidades deve 
ter reflexão crítica, e referenda que ao fazer o juramento o 
formando assume o compromisso e o comprometimento com 
a categoria na qual está ingressando. Isso caracteriza o aspec-
to moral da chamada Ética Profissional, a adesão voluntária 
a um conjunto de regras estabelecidas como sendo as mais 
adequadas para o seu exercício.
As profissões, especialmente as regulamentadas, apresen-
tam os códigos de ética que definem diretrizes para a atuação 
profissional. A Ética Profissional define uma série de normas, 
8 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
nas quais se incluem deveres e direitos que devem ser seguidos 
pelos profissionais para permitir o convívio harmonioso com a 
categoria profissional e com a sociedade no geral. Deve-se ter 
consciência de que a ética profissional implica compromisso 
social, ou seja, o profissional assume atuar em consonância 
com o Código de Ética da sua profissão que é específico para 
cada profissão, mas existem princípios que são universais e, 
portanto, aplicáveis a qualquer atividade profissional.
Os códigos de ética contemplam direitos e deveres, e re-
presentam o norte a ser seguido pelo profissional que abraça 
determinada profissão. Os direitos preconizam as atribuições 
que se originam da condição da categoria profissional do indi-
víduo e os deveres que emanam também da condição da ca-
tegoria profissional em atendimento ao princípio fundamental 
da regulação profissional, que deve assegurar conhecimento 
técnico e princípios éticos na prestação de serviços.
1.1.1 Ética da Profissão Contábil
A profissão contábil tem-se revestido de complexidade cres-
cente, e vem exigindo dos profissionais da área, cuidados mais 
amplos no atendimento aos aspectos técnicos, fiscais, éticos e 
prerrogativas. São inúmeros os desafios que devem ser ven-
cidos pelos profissionais da área contábil: a necessidade da 
educação continuadapara atender às exigências do mercado 
de trabalho, a crescente complexidade tributária, envolvendo 
não só a obrigação principal do pagamento do tributo, mas 
também todas as obrigações acessórias, tudo aliado à con-
Capítulo 1 Ética da Profissão Contábil 9
duta ética que deve ser o princípio dinamizador do exercício 
profissional.
Para o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), (2003):
Discutir conduta ética no exercício profissional é uma ta-
refa complexa em face da amplitude do tema. Envolve 
uma série de princípios e valores individuais nem sempre 
condizentes com a proposta de um conjunto de regras 
a serem respeitadas por todos indistintamente. No de-
sempenho de suas atividades, todo profissional, além do 
aprendizado técnico constante, precisa assimilar concei-
tos éticos e empenhar- se em vivenciá-los durante toda a 
sua carreira profissional.
O CFC (2003) ressalta ainda que qualquer profissional 
deve conhecer sua profissão e não seria diferente para o pro-
fissional contábil, que além do conhecimento técnico precisa 
compreender as prerrogativas e as regras de conduta moral da 
profissão, e a discussão ética para a profissão contábil requer 
um conjunto de regras de comportamento do profissional con-
tábil no exercício de suas atividades profissionais.
O quadro um apresenta a responsabilidades do profissio-
nal contábil pertinentes à sua profissão.
Quadro 1 Responsabilidade dos contadores relacionadas às suas 
atividades
10 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
Responsabilidade dos contadores ao desenvolverem suas atividades 
profissionais
Competência Manter adequado nível de competência profis-
sional com desenvolvimento contínuo de seus 
conhecimentos e habilidades.
Realizar suas obrigações profissionais em con-
sonância com as leis, regulamentações e pa-
drões técnicos.
Elaborar demonstrações completas e transpa-
rentes e após análises, fazer recomendações, 
se necessário.
Confidencialidade Privar-se de evidenciar informações confiden-
ciais obtidas ao longo de seus trabalhos, ex-
ceto quando autorizadas, ou legalmente obri-
gados a tal.
Informar aos subordinados os cuidados relati-
vos à confidencialidade da informação obtida 
na execução dos trabalhos e monitorar suas 
atividades a fim de assegurar o sigilo da in-
formação.
Privar-se de utilizar informações confidenciais 
para obter vantagens ilicitamente, seja de inte-
resse pessoal ou de terceiros.
Capítulo 1 Ética da Profissão Contábil 11
Integridade Evitar conflitos de interesses e aconselhar as 
partes quanto a qualquer conflito.
Privar-se de ingressar em qualquer atividade 
que prejudique o cumprimento de suas obri-
gações éticas.
Recusar qualquer presente, favor ou hospita-
lidade que influencie ou venha a influenciar 
suas decisões.
Privar-se de corromper os verdadeiros objeti-
vos da organização e da ética.
Reconhecer e comunicar as limitações profis-
sionais.
Comunicar informações favoráveis, bem como 
as desfavoráveis, e suas opiniões como profis-
sionais.
Objetividade Comunicar a informação de forma clara e ob-
jetiva.
Evidenciar aos usuários toda informação rele-
vante que, provavelmente, interferiria na com-
preensão das demonstrações, notas explicati-
vas e recomendações apresentadas.
Fonte: Adaptado de HORNGREN, FOSTER e DATAR (2000) citado por CFC (2003 
p.20).
Para O CFC, esses valores podem ser ampliados, reestrutu-
rados e sistematizados por meio dos códigos de ética profissio-
nal, apresentando os limites que servirão como suporte para o 
profissional analisar suas possibilidades e as limitações impos-
tas pelo código de ética relativo à sua atividade profissional.
O profissional contábil entrega informações relevantes à 
sociedade, no geral, e assim ele deve ter por premissa trans-
mitir confiança na execução de seus trabalhos. Essa confiança 
é conquistada com o domínio técnico específico e atualizado 
12 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
e, com o mesmo grau de importância, por meio da conduta 
ética (CFC, 2003).
1.2 Código de Ética do Contador
O Código de Ética do Contador apresenta os deveres, as proi-
bições e as penalidades que recaem sobre o profissional que 
transgrida o código. Acima de tudo, o código de ética do Con-
tador deve ser um princípio norteador na condução do exercí-
cio profissional e também em relação à classe contábil. Enfim, 
os profissionais da área contábil devem conhecer na íntegra 
esse documento e aplicá-lo na totalidade em seu cotidiano, 
seja como profissional autônomo, como contador empregado 
de empresas e instituições privadas ou contador público, o que 
vai garantir à classe uniformidade na abordagem de temas 
cada vez mais complexos que envolvem o dia a dia desse pro-
fissional.
O código aborda os deveres, considerando dois aspectos: 
os deveres do profissional, indicando normas de conduta para 
o exercício profissional, destacando o exercício da profissão 
com zelo, honestidade e capacidade técnica e em observância 
à legislação vigente. O segundo aspecto diz respeito dos de-
veres em relação à classe, relação que deve ser pautada nos 
princípios de consideração, respeito, apreço e solidariedade, 
consoante aos postulados de harmonia com a classe. Nese 
contexto, cabe a cada profissional o zelo pelo engrandecimen-
to e dignidade da profissão contábil, além de também acatar 
as resoluções votadas pela classe e também zelar pelo cumpri-
mento do código de ética.
Capítulo 1 Ética da Profissão Contábil 13
Leitura obrigatória: Resolução CFC nº 803, de 10-10-
1996. Aprova o Código de Ética Profissional do Contador – 
CEPC. In: Vade-mécum do profissional da contabilidade. 
p.37 Disponível em: http://www.crcrs.org.br/arquivos/livros/
livro_legislacao_bolso.pdf?6edb3c.
1.2.1 A harmonização contábil: impactos na carreira e 
ética profissional
A harmonização contábil impõe ao moderno profissional con-
tábil desafios que vão além da qualidade técnica e que en-
volvem também aspectos atitudinais compatíveis com aqueles 
consagrados em nível internacional. Ademais, esse profissional 
tem sido desafiado a dar respostas a questões que envolvem 
conhecimentos multidisciplinares que se fazem presente no dia 
a dia do universo empresarial, notadamente na área do direito 
de empresa, tributário, trabalhista, previdenciários e as novas 
tecnologias de informação e comunicação.
No Brasil, a harmonização contábil teve como marco regu-
latório a promulgação da Lei 11.638 de 28 de dezembro de 
2007, que possibilitou a mudança da Lei das Sociedades por 
Ações, 6.404/76 com o propósito de alçar a contabilidade 
brasileira aos padrões internacionais de contabilidade, mais 
especificamente, aos padrões emitidos pelo International Ac-
counting Standard Board (IASB). Essa harmonização teve como 
propósito o atendimento à necessidade de mais transparência 
e fidedignidade das demonstrações contábeis, considerando 
a economia globalizada decorrente da nova ordem econômi-
ca mundial. A referida lei introduziu significativas mudanças 
nas normas contábeis brasileiras com objetivo primordial de 
14 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
convergência aos pronunciamentos internacionais de conta-
bilidade, notadamente àqueles emitidos pelo IASB (ALMEIDA; 
BRAGA, 2008).
Almeida e Braga (2008, p.6), afirmam:
Esta convergência é irreversível, insere-se no contexto 
das melhores práticas de governança corporativa, contri-
buindo para a maior transparência das informações das 
empresas, aumentando sua exposição aos investidores 
internacionais e a mercado de modo geral.
A convergência às normas internacionais, ao mesmo tem-
po em que alçou o profissional contábil a um novo patamar, 
impôs a ele inúmeros desafios que precisavam ser transpostos 
para adequação à nova realidade,considerando que aplicar 
as práticas contábeis aos padrões internacionais envolve jul-
gamento e não apenas a aplicação das normas, o que impli-
ca mudança de paradigma no cotidiano desse profissional. O 
profissional passa ter um perfil mais estratégico na tomada de 
decisão empresarial.
O Quadro 2 apresenta as características das competências 
necessárias ao profissional contábil para o atendimento às no-
vas demandas de um mercado global, na visão de Needles Jr.
Quadro 2 Principais características das competências dos contadores
Capítulo 1 Ética da Profissão Contábil 15
Fonte: Adaptado de Needles Jr. et al. (2001) citado por Cardoso, Souza e Almeida, 
(2006).
Cordeiro e Duarte (2006), citados por Cardoso, Souza e 
Almeida (2006), afirmam que para atender as necessidades 
impostas pelo mercado o profissional contábil deve aprimorar 
seus conhecimentos técnicos e se tornar o gestor da informa-
ção contábil, apresentando um conjunto de habilidades que 
compreendem, dentre outras: ética, iniciativa, visão de futuro, 
habilidade de negociação, flexibilidade e capacidade de ino-
vação e criação.
A Convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade 
aos padrões internacionais foi objeto de regulamentação atra-
vés das: NBC PG 100 – Aplicação Geral aos Profissionais de 
Contabilidade, NBC PG 200 – Contadores que Prestam Ser-
viços Externos (CONTADORES EXTERNOS) e NBC PG 300 
– CONTADORES EMPREGADOS (CONTADORES INTER-
NOS), todas do dia 24 de janeiro de 2014.
A NBC PG 100 está ancorada nas Seções 100, 110, 140 
e 150 da Parte A do Código de Ética da Federação Internacio-
nal de Contadores (IFAC) International Federation of Accoun-
tants. A Seção 100 trata da Introdução e princípios Éticos, a 
16 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
Seção 110 aborda a Integridade como requisito indispensável 
ao profissional contábil, a Seção 120 apresenta a objetividade 
que deve acompanhar o profissional no exercício da profissão, 
a Seção 130 aponta a competência e zelo profissional como 
obrigação de todos os profissionais, a Seção 140 explana so-
bre o sigilo profissional que permanece mesmo após o término 
das relações entre o profissional de contabilidade e seu cliente 
ou empregador e, ainda, a Seção 150, que esclarece sobre o 
comportamento profissional.
A NBC PG 200 tem como base as seções 200, 210, 220, 
230, 240, 250, 260, 270 e 280 da Parte B do Código de 
Ética da IFAC, e aborda os seguintes temas em suas seções: 
Introdução, Nomeação de profissionais, Conflitos de interesse, 
Segunda opinião, Honorários e outros tipos de remuneração, 
Divulgação comercial de serviços profissionais, Presentes e 
afins, Custódia de ativos de clientes e Objetividade em todos 
os serviços.
A NBC PG 300 está assentada nas Seções, 300, 310, 320, 
330, 340 e 350 da Parte C do Código de Ética da IFAC que 
encaminha, além da Introdução, temas como: Conflitos de in-
teresse, Elaboração e comunicação de informações, Atuação 
com competência suficiente, Interesses financeiros, Remunera-
ção e incentivos associados aos relatórios financeiros e Toma-
da de decisão e induzimentos.
As normas supracitadas trazem a convergência do Código 
de Ética do IFAC à realidade brasileira e junto com a Resolu-
ção 803/96, Código de Ética do Profissional Contador, reve-
Capítulo 1 Ética da Profissão Contábil 17
lam-se como princípio norteador para o exercício da Profissão 
Contábil.
Nesse contexto, o processo de estudo da ética do profissio-
nal tem como pressuposto a compreensão dessas normas que 
balizam a ação cotidiana dos profissionais da área contábil.
Leitura obrigatória:
Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PG 100,(1) de 
24 de janeiro de 2014. In: Vade-mécum do profissional da 
contabilidade. P.129 a 145. Disponível em: http://www.crcrs.
org.br/arquivos/livros/livro_legislacao_bolso.pdf?6edb3c
Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PG 200, (1) de 
24 de janeiro de 2014. In: Vade-mécum do profissional da 
contabilidade. P.146 a 176. Disponível em: http://www.crcrs.
org.br/arquivos/livros/livro_legislacao_bolso.pdf?6edb3c
Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PG 300, (1) de 
24 de janeiro de 2014 In: Vade-mécum do profissional da 
contabilidade. P.177 a 196. Disponível em: http://www.crcrs.
org.br/arquivos/livros/livro_legislacao_bolso.pdf?6edb3c.
Recapitulando
Nesta unidade, aprendemos sobre:
a) Ética
b) Ética Profissional
18 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
c) Ética da Profissão Contábil
d) Código de Ética do Contador
e) A harmonização contábil: impactos na carreira e ética 
profissional
Referências
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti, BRAGA, Hugo Rocha. Mudan-
ças contábeis na lei societária: Lei 1.1638 de 28-12-
2007. São Paulo: Atlas, 2008.
BRASIL. Lei 11.638, de 28 de Dezembro de 2007. Altera e 
revoga dispositivos da Lei 6.404/76, de 15 de dezembro 
de 1976, e da Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e es-
tende às sociedades de grande porte disposições relativas 
à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. 
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/.../_ato2007-
2010/2007/lei/l1.1638.htm. Acesso em: 22 de ago. 
2017.
CARDOSO, Jorge Luiz, SOUZA, Marcos Antônio de, ALMEI-
DA, Lauro Brito. Perfil do contador na atualidade: um es-
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em: 23 de ago. 2017.
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Acesso em: 23 de ago. 2017.
DEMO, Pedro. Pesquisa e construção de conhecimento. 4. 
ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2000.
JOHANN, Jorge Renato. Educação e Ética – em busca de 
uma aproximação. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2009.
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24 de janeiro de 2014. In: Vade-mécum do profissio-
nal da contabilidade. P.129 a 145 Disponível em: http://
www.crcrs.org.br/arquivos/livros/livro_legislacao_bolso.
pdf?6edb3c. Acesso em: 26 de ago. 2017.
Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PG 200, (1) de 
24 de janeiro de 2014. In: Vade-mécum do profissio-
nal da contabilidade. P.146 a 176 Disponível em: http://
www.crcrs.org.br/arquivos/livros/livro_legislacao_bolso.
pdf?6edb3c. Acesso em: 26 de ago. 2017.
Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PG 300, (1) de 24 
de janeiro de 2014. In: Vade-mécum do profissional 
da contabilidade. P. 177 a 196. Disponível em: http://
www.crcrs.org.br/arquivos/livros/livro_legislacao_bolso.
pdf?6edb3c. Acesso em: 26 de ago. 2017.
OLIVEIRA, Antônio Roberto. Ética profissional. Instituto Fe-
deral de Educação, Ciência e Tecnologia: Campus Belém, 
2012. Disponível em: estudio01.proj.ufsm.br/.../tecni-
co_metalurgica/etica_profissional.pdf . Acesso em: 29 de 
mar. 2017.
20 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
PONCE, Branca Jurema; SAUL, Alexandre. A necessidade 
da estética e da ética no currículo escolar do sécu-
lo XXI. 2012. Disponível em: <pepsic.bvsalud.org/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1414...> Acesso em: 03 de 
jun. 2017.
ROCHA, Kátia Janine. Ética e Cidadania no Setor Público 
Cuiabá: Ed. UFMT; Curitiba: UFPR, 2008.98p.: Disponível 
em: <https://pt.scribd.com/document/37812364/Etica-e-
-Cidadania-No-Setor-Pub>. Acesso em: 17 de abril 2017.
RODRIGUES, Neidson. Educação: da formação humana à 
construção do sujeito ético. Disponível em: http://www.
scielo.br/pdf/es/v22n76/a13v2276.pdf. Acesso em: 14 de 
jul. 2017.
SOARES, Nívia V. Coutinho, SANTOS Déborah dos. Princí-
pio ético na formação docente: conhecimentos e prá-xis. 2013. Disponível em: <midia.unit.br/enfope/2013/
GT8/O_PRINCIPIO_ETICO_NA_FORM>Acesso em: 03 
de jun. 2017.
SOUZA. José Vieira de. Ética e educação: que relação é 
esta? Disponível em: servicos.catolicavirtual.br/conteu-
dos/.../cursos.../etica/.../artigo_etica_e_educacao.pdf> [ 
2017?]. Acesso em: 17 de ago. de 2017.
Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul 
(CRCRS) Vade-mécum do profissional da contabilida-
de. Porto Alegre: CRCRS, 2016. Disponível em: http://
www.crcrs.org.br/arquivos/livros/livro_legislacao_bolso.
pdf?6edb3c. Acesso em: 24 de ago. 2017.
Capítulo 1 Ética da Profissão Contábil 21
Atividades
Este é o nosso espaço para exercitar os temas abordados atra-
vés de questões especialmente pesquisadas com esta finalida-
de.
 1 Considerando-se a NBC PG 100 – APLICAÇÃO GERAL 
AOS PROFISSIONAIS DA CONTABILIDADE sobre os prin-
cípios éticos, julgue as atitudes do Profissional da Conta-
bilidade como adequadas ou inadequadas nas situações 
hipotéticas apresentadas e, em seguida, assinale a opção 
CORRETA. (Exame de Suficiência 2017/1)
 I – Um Profissional da Contabilidade com mais de trinta 
anos de experiência foi convidado pelo Sindicato dos Fun-
cionários de uma empresa a emitir parecer a respeito da 
situação econômico-financeira dessa empresa. Após aná-
lise das Demonstrações Contábeis, o profissional consta-
tou que a empresa apresenta fortes indícios de desconti-
nuidade. Mas, por conhecer a empresa e manter laços de 
amizade com seus administradores, atestou, em seu pa-
recer, que a empresa irá manter-se em operação por um 
futuro previsível.
 II – Um Profissional da Contabilidade, ao executar uma 
assessoria para recuperação de uma empresa, obteve in-
formações sobre o processo de fabricação de um produto 
com baixíssima rentabilidade. Um especialista no produto, 
que tem intenção de instalar uma outra indústria, pergun-
tou sobre o segredo do processo de fabricação. O Pro-
fissional da Contabilidade se recusou a compartilhar tal 
22 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
informação, bloqueou qualquer contato do especialista, 
mas compartilhou as informações, sobre o produto e sobre 
o especialista, com outros amigos contadores.
 Considerando-se as situações hipotéticas apresentadas e 
os princípios éticos constantes na NBC PG 100 – APLICA-
ÇÃO GERAL AOS PROFISSIONAIS DA CONTABILIDADE, 
a atitude do Profissional da Contabilidade foi:
a) adequada na situação 2, e inadequada na situação 1.
b) adequada nas situações 1 e 2.
c) inadequada nas situações 1 e 2.
d) inadequada na situação 2 e adequada na situação 1.
 2) Um profissional de contabilidade A foi contratado por uma 
empresa para a execução de um trabalho contábil espe-
cializado. Por tratar-se de um trabalho extenso, repassou, 
com a anuência por escrito do cliente, a maior parte dos 
serviços a um colega de profissão B, de reconhecida com-
petência naquela especialidade.
 No ano seguinte, em virtude de um problema relevante 
ocorrido no trabalho realizado, o cliente cobrou a respon-
sabilidade técnica do profissional A por ele contratado, o 
qual negou sua responsabilidade, alegando que os traba-
lhos foram realizados pelo seu colega B, conforme docu-
mentos elaborados e assinados pelo profissional terceiriza-
do.
Capítulo 1 Ética da Profissão Contábil 23
 De acordo com o Código de Ética Profissional do Con-
tador, a atitude do contador contatado pela empresa foi 
(Exame de Suficiência 2016-1):
a) correta, pois a maior parte do trabalho foi realizada 
por outro profissional.
b) correta, pois há documentos que comprovam que o 
trabalho foi realizado por outro profissional.
c) incorreta, pois ele não poderia repassar os serviços 
para outro profissional.
d) incorreta, pois mesmo repassando o trabalho, a res-
ponsabilidade técnica continua sendo sua.
 3) No desempenho de suas funções, é vedado ao Profissional 
da Contabilidade (Contador TJ SP – Prova 2015 – VU-
NESP):
a) Comunicar ao CRC a mudança de seu domicílio ou 
endereço e da organização contábil de sua responsa-
bilidade, bem como a ocorrência de outros fatos ne-
cessários ao controle e à fiscalização profissional.
b) Se substituído em suas funções, informar ao substituto 
sobre fatos que devam chegar ao seu conhecimento, 
a fim de habilitá-lo para o bom desempenho das fun-
ções a serem exercidas.
c) Anunciar, em qualquer modalidade ou veículo de co-
municação, conteúdo que resulte na diminuição do 
colega, da Organização Contábil ou da classe, em 
detrimento aos demais, sendo sempre admitida a indi-
24 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
cação de títulos, especializações, serviços oferecidos, 
trabalhos realizados e relação de clientes.
d) Renunciar às funções que exerce logo que se positive 
falta de confiança por parte do cliente ou empregador, 
a quem deverá notificar com trinta dias de antecedên-
cia, zelando, contudo, para que seus interesses não 
sejam prejudicados, evitando declarações públicas so-
bre os motivos da renúncia.
e) zelar pela sua competência exclusiva na orientação 
técnica dos serviços a seu cargo.
 4) Um contador, chamado Júnior, tem um amigo há mais de 
30 anos e se sabe que este amigo sempre agiu com ho-
nestidade. Certo dia, para conseguir um financiamento, o 
amigo pediu para o contador emitir um parecer sobre a 
situação financeira de sua empresa. O contador da em-
presa é outro, e Júnior não tem qualquer conhecimento 
sobre os documentos contábeis da empresa. De acordo 
com o Código de Ética do Contador, ele deve:
a) Emitir o parecer, já que sabe que este amigo sempre 
agiu com honestidade.
b) Não emitir o parecer, pois não tem em mãos os docu-
mentos que comprovem a situação.
c) Emitir o parecer, desde que ligue antes para o conta-
dor da empresa e se informe da situação.
Capítulo 1 Ética da Profissão Contábil 25
d) Não emitir o parecer, pois não poderia cobrar do ami-
go, o que é vedado pelo Código de Ética do Conta-
dor.
 5) Segundo o Código de Ética do Contador, a transgressão 
de preceito do Código constitui infração ética, sanciona-
da, segundo a gravidade, com a aplicação de uma das 
seguintes penalidades: advertência reservada, censura re-
servada e censura pública. Na aplicação das sanções éti-
cas, podem ser consideras como atenuantes: (Consulplan 
2017 – Analista Judiciário – Contadoria)
I. Ação desenvolvida sem prerrogativa profissional.
II. Ausência de punição ética anterior.
III. Prestação de relevantes serviços à Contabilidade.
Estão corretas as alternativas:
a) I, II e III.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas
Valmira Trapp Fernandes1
Capítulo 2
Estrutura Conceitual 
para elaboração do 
relatório contábil-
financeiro1
Estrutura Conceitual para elaboração ...
1 Graduação em Ciências Contábeis pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos 
– UNISINOS (1985), Especialização em Custos e Orçamento Pela Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (1989), Mestrado em Ciências Empresariais 
pela Universidade Fernando Pessoa UFP- Porto, Portugal (2003). Coordenadora 
do Curso de Ciências Contábeis Presencial e EAD e professora na Universidade 
Luterana do Brasil – ULBRA. Experiência na área de Ciências Contábeis, atuando, 
principalmente, nos seguintes temas: custos, informações contábeis, contabilidade 
fiscal e societária.
Capítulo 2 Estrutura Conceitual para elaboração ... 27
Introdução
Neste capítulo, abordaremos a estrutura Conceitual e sua re-
levância para a convergência da contabilidade aos padrões 
internacionais. As Normas Internacionais de Contabilidade 
são elaboradas pelo International Accounting Standard Board 
(IASB). O IASB é órgão normatizador independente da Funda-
ção IFRS. Seus membros são responsáveispelo desenvolvimen-
to e publicação de IFRS, e pela aprovação de interpretações 
do IFRS desenvolvidas pelo Comitê de Interpretações IFRS, que 
teve como marco legal a promulgação da Lei 11.638 de 28 
de dezembro de 2007, que possibilitou a mudança da Lei das 
Sociedades por Ações, 6.404/76 que possibilitou à contabili-
dade brasileira a adesão aos padrões internacionais emitidos 
pelo International Accounting Standard Board (IASB).
O CFC através da Resolução 1.374 (2011) recepcionou 
o CPC 00, que teve como propósito alinhar as práticas con-
tábeis brasileiras às preconizadas internacionalmente e, neste 
contexto, apresentou os conceitos basilares para convergência 
das normas contábeis aos padrões internacionais. A Estrutura 
Conceitual intitula as Demonstrações Contábeis de Relatório 
Contábil Financeiro e define que o objetivo da elaboração e 
divulgação do relatório contábil-financeiro de propósito geral 
revela-se o pilar da Estrutura Conceitual. A estrutura estabele-
ce os conceitos que fundamentam a elaboração e a apresen-
tação de demonstrações contábeis destinadas a usuários exter-
nos, definindo sua finalidade e posição em relação às demais 
normas e comunicados. Informa ainda seu alcance que se es-
trutura como objetivo da elaboração e divulgação de relatório 
28 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
contábil financeiro, características qualitativas da informação 
contábil útil, definição, reconhecimento e a mensuração dos 
elementos, base para elaboração das demonstrações e os 
conceitos de capital e manutenção de capital.
As demonstrações contábeis, considerando as distintas fi-
nalidades de cada grupo de usuários, são elaboradas para 
usuários externos, em geral. Os órgãos reguladores, gover-
nos e autoridades tributárias podem especificar exigências que 
venham atender seus interesses particulares, entretanto, essas 
exigências não devem influenciar as demonstrações contábeis 
elaboradas de acordo com a Estrutura Conceitual (RESOLU-
ÇÃO 1.374, CFC, 2011).
Assim, este estudo contempla a estrutura conceitual apre-
sentando os temas que se fazem presentes no cotidiano dos 
profissionais da área contábil a partir da adoção dos padrões 
internacionais contábeis no padrão normativo contábil do Bra-
sil. Vale reafirmar que o texto da Resolução 1.374/11 do CFC 
é a tradução das normas que vêm sendo editadas pelo IASB 
e se encontra em processo de atualização. O projeto da Es-
trutura Conceitual vem sendo conduzido por fases, e quando 
for concluído o IASB terá um único documento completo e 
abrangente.
1 Finalidade e status
A Resolução 1.374, (2011, p.13/14), do CFC Estrutura Con-
ceitual, estabelece os conceitos que fundamentam a elabora-
Capítulo 2 Estrutura Conceitual para elaboração ... 29
ção e a apresentação de demonstrações contábeis destinadas 
a usuários externos. A finalidade da Estrutura Conceitual é:
a) dar suporte ao desenvolvimento de novas normas, in-
terpretações e comunicados técnicos e à revisão dos já 
existentes, quando necessário;
b) dar suporte à promoção da harmonização das regu-
lações, das normas contábeis e dos procedimentos rela-
cionados à apresentação das demonstrações contábeis, 
provendo uma base para a redução do número de tra-
tamentos contábeis alternativos permitidos pelas normas, 
interpretações e comunicados técnicos;
c) dar suporte aos órgãos reguladores nacionais;
d) auxiliar os responsáveis pela elaboração das demons-
trações contábeis na aplicação das normas, interpreta-
ções e comunicados técnicos e no tratamento de assuntos 
que ainda não tenham sido objeto desses documentos;
(e) auxiliar os auditores independentes a formar sua opi-
nião sobre a conformidade das demonstrações contábeis 
com as normas, interpretações e comunicados técnicos;
(f) auxiliar os usuários das demonstrações contábeis na 
interpretação de informações nelas contidas, elaboradas 
em conformidade com as normas, interpretações e co-
municados técnicos; e
(g) proporcionar aos interessados informações sobre o 
enfoque adotado na formulação das normas, das inter-
pretações e dos comunicados técnicos.
30 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
O texto da Estrutura Conceitual alerta que não é uma nor-
ma propriamente dita e, desta forma, não define normas ou 
procedimentos particularizados sobre mensuração ou divulga-
ção, e que não substitui nenhuma norma, interpretação ou co-
municado técnico. Podem acontecer conflitos entre a Estrutura 
Conceitual e uma norma, uma interpretação ou comunicado 
técnico, quando devem prevalecer sobre a Estrutura Concei-
tual as exigências das regulamentações supracitadas. Destaca 
que em futuras normas, interpretações e comunicados técnicos 
que serão desenvolvidos ou revisados tendo como norte a Es-
trutura Conceitual, estes conflitos tendem a diminuir. A estrutu-
ra será revisada periodicamente com base na experiência que 
decorre de sua utilização (resolução 1.374, CFC, 2011).
1.1 Objetivo da elaboração e divulgação do 
relatório contábil-financeiro de propósito 
geral
O relatório contábil-financeiro de propósito geral tem como 
objetivo o fornecimento de informações sobre a entidade que 
reporta essa informação. Entidade que reporta caracteriza-
-se como sendo aquela que tem usuários que se apoiam em 
suas demonstrações contábeis como principal fonte das infor-
mações patrimoniais da entidade. Essas informações devem 
ter utilidade para investidores existentes e em potencial, tam-
bém aos credores por empréstimo e outros credores quando 
a tomada de decisão estiver relacionada ao fornecimento de 
recursos à entidade. Decisões sobre comprar, vender ou ma-
nutenção em instrumentos patrimoniais e em instrumentos de 
dívida, incluindo oferecer ou disponibilizar empréstimos ou 
Capítulo 2 Estrutura Conceitual para elaboração ... 31
ainda outras formas de crédito. A totalidade dos itens do ca-
pítulo 1 (um) centra-se em apresentar o objetivo do relatório 
contábil-financeiro de propósito geral, tema sobre o qual va-
mos trabalhar exaustivamente na sequência.
A Resolução nº 1.374/ 2011 do CFC, em seu item OB2, 
define:
O objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito 
geral(*) é fornecer informações contábil-financeiras acer-
ca da entidade que reporta essa informação (reporting 
entity) que sejam úteis a investidores existentes e, em po-
tencial, a credores por empréstimos e a outros credores, 
quando da tomada de decisão ligada ao fornecimento 
de recursos para a entidade. Essas decisões envolvem 
comprar, vender ou manter participações em instrumen-
tos patrimoniais e em instrumentos de dívida, e a ofere-
cer ou disponibilizar empréstimos ou outras formas de 
crédito.
A referida Resolução em seu item OB3 destaca que as de-
cisões a serem tomadas por investidores potenciais e existen-
tes, relacionados à compra, venda ou manutenção de instru-
mentos patrimoniais e instrumentos de dívida vão depender do 
retorno esperado desses investimentos, dentre eles: dividen-
dos, pagamento de principal e juros e elevação nos preços de 
mercados. Da mesma forma, as decisões dos credores que di-
zem respeito a ofertar ou disponibilizar empréstimos ou outros 
tipos de crédito, dependem fundamentalmente do pagamento 
do principal dos juros que esses credores esperam acontecer. 
As expectativas de investidores, credores por empréstimos e 
32 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
outros credores em relação ao retorno dependem de sua ava-
liação quanto ao montante, tempestividade e incertezas que 
estão associados aos fluxos de caixas de ingresso para a enti-
dade. Assim, os usuários supracitados precisam da informação 
para auxiliá-los na avaliação das perspectivas dos ingressos de 
fluxos de caixa futuros para a entidade.
O item OB4 da Resolução 1.374/11do CFC aborda que 
na avaliação dessas perspectivas no que se refere ao ingresso 
de fluxos de caixa futuros, os usuários analisam as informações 
sobre: recursos da entidade, exigências contra a entidade, a 
eficiência e efetividade da Administração e do Conselho e o 
cumprimento das suas responsabilidades no uso dos recursos 
dessa entidade, incluindo a proteção das adversidades advin-
das de fatos econômicos, tais como alterações de preços e de 
tecnologia, a garantia do cumprimento das leis, a regulação 
e as disposições contratuais vigentes. Todas essas informações 
são úteis para as decisões dos investidores existentes, credores 
por empréstimos e outros que tenham direito a voto e exerçam 
influência nos atos da administração.
Os itens OB5, OB6. OB7, OB8. OB9, 10 e 11 da Re-
solução 1.374/2011 do CFC apresentam informações sobre 
outros objetivos relevantes do relatório contábil-financeiro:
OB5. Muitos investidores, credores por empréstimo e 
outros credores, existentes e em potencial, não podem 
requerer que as entidades que reportam a informação 
prestem a eles diretamente as informações de que neces-
sitam, devendo desse modo confiar nos relatórios con-
tábil-financeiros de propósito geral, para grande parte 
Capítulo 2 Estrutura Conceitual para elaboração ... 33
da informação contábil-financeira que buscam. Conse-
quentemente, eles são os usuários primários para quem 
relatórios contábil-financeiros de propósito geral são di-
recionados.
OB6. Entretanto, relatórios contábil-financeiros de pro-
pósito geral não atendem e não podem atender a todas 
as informações de que investidores, credores por emprés-
timo e outros credores, existentes e em potencial, necessi-
tam. Esses usuários precisam considerar informação per-
tinente de outras fontes, como, por exemplo, condições 
econômicas gerais e expectativas, eventos políticos e cli-
ma político, e perspectivas e panorama para a indústria 
e para a entidade.
OB7. Relatórios contábil-financeiros de propósito geral 
não são elaborados para se chegar ao valor da entidade 
que reporta a informação; a rigor, fornecem informação 
para auxiliar investidores, credores por empréstimo e ou-
tros credores, existentes e em potencial, a estimarem o 
valor da entidade que reporta a informação.
OB8. Usuários primários individuais têm diferentes, e 
possivelmente conflitantes, desejos e necessidades de in-
formação. Este Conselho Federal de Contabilidade, ao 
levar à frente o processo de produção de suas normas, 
irá procurar proporcionar um conjunto de informações 
que atenda as necessidades do número máximo de usu-
ários primários.
Contudo, a concentração em necessidades comuns de 
informação não impede que a entidade que reporta a in-
34 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
formação preste informações adicionais que sejam mais 
úteis a um subconjunto particular de usuários primários.
OB9. A administração da entidade que reporta a infor-
mação está também interessada em informação contá-
bil-financeira sobre a entidade.
Contudo, a administração não precisa apoiar-se em re-
latórios contábil-financeiros de propósito geral, uma vez 
que é capaz de obter a informação contábil-financeira de 
que precisa internamente.
OB10. Outras partes interessadas, como, por exemplo, 
órgãos reguladores e membros do público que não se-
jam investidores, credores por empréstimo e outros cre-
dores, podem do mesmo modo achar úteis relatórios 
contábil-financeiros de propósito geral. Contudo, esses 
relatórios não são direcionados primariamente a esses 
outros grupos.
OB11. Em larga extensão, os relatórios contábil-finan-
ceiros são baseados em estimativas, julgamentos e mo-
delos e não em descrições ou retratos exatos. A Estrutura 
Conceitual estabelece os conceitos que devem amparar 
tais estimativas, julgamentos e modelos. Os conceitos re-
presentam o objetivo que este CFC e os elaboradores 
dos relatórios contábil-financeiros devem se empenhar 
em alcançar. Assim como a maioria dos objetivos, a vi-
são contida na Estrutura Conceitual do que sejam a ela-
boração e a divulgação do relatório contábil-financeiro 
ideal é improvável de ser atingida em sua totalidade, 
pelo menos no curto prazo, visto que se requer tempo 
Capítulo 2 Estrutura Conceitual para elaboração ... 35
para a compreensão, aceitação e implementação de no-
vas formas de analisar transações e outros eventos. Não 
obstante, o estabelecimento de objetivo a ser alcança-
do com empenho é essencial para que o processo de 
elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro 
venha a evoluir e tenha sua utilidade aprimorada.
Os itens anteriormente apresentados discorrem sobre a 
necessidade de confiança nos relatórios contábil-financeiros 
de proposito geral por parte dos investidores e credores para 
obtenção das informações que buscam são denominados usu-
ários primários. Afirmam que esses relatórios não atendem 
e não podem atender todas as informações que os usuários 
necessitam e que os relatórios não são elaborados para che-
gar ao valor da entidade que reporta a informação, da busca 
pelo CFC de proporcionar um conjunto de informações que 
atenda a um número máximo de usuários. Discorre ainda so-
bre o interesse da administração da entidade nas informações 
contábil-financeira e também dos órgãos reguladores e ou-
tros usuários. Aponta que em elevada extensão os relatórios 
contábil-financeiros são baseados em estimativas, julgamentos 
e modelos e não em descrições ou retratos exatos.
1.1.1 Informação acerca dos recursos econômicos da 
entidade que reporta a informação, reivindicações 
e mudanças nos recursos e reivindicações
O fornecimento de informações sobre a posição patrimonial e 
financeira da entidade significa informações relativas aos re-
cursos econômicos e de reivindicações contra a entidade que 
reporta a informação. Também apresentam informação sobre 
36 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
os efeitos de transações e outros eventos que alteram os recur-
sos econômicos da entidade e reivindicações contra ela e am-
bos tipos de informação são úteis para a tomada de decisões 
em relação ao fornecimento de recursos para entidade.
Essas informações podem auxiliar os usuários na identifi-
cação de vigor financeiro ou fraqueza da entidade. Também 
é possível avaliar a liquidez e solvência, sobre a necessidade 
ou não de financiamentos adicionais e o sucesso na obtenção 
desses financiamentos. Informações relativas às prioridades e 
exigências de pagamento de reivindicações direcionam os usu-
ários na previsão da maneira como os fluxos de caixa futuros 
serão destinados com essas reivindicações contra a entidade 
que reporta a informação e também as mudanças. Diferentes 
tipos de recursos afetam de formas diversas a avaliação dos 
usuários sobre os fluxos de caixa futuros e os usuários da in-
formação necessitam saber a natureza e montante de recursos 
disponíveis para uso da entidade que reporta a informação 
(RESOLUÇÃO 1.374, CFC, 2011).
As mudanças nos recursos econômicos e reivindicações 
da entidade são resultado do desempenho financeiro e outros 
eventos e transações, tais como emissão de títulos da dívida ou 
títulos patrimoniais e, para avaliação adequada, os usuários 
devem entender a natureza dessas mudanças. As informações 
sobre o desempenho financeiro auxiliam os usuários a enten-
der o retorno que a entidade produziu sobre os seus recursos 
econômicos e indicam o esforço da administração na busca 
da realização dos objetivos de eficácia e eficiência do uso dos 
recursos da entidade. As informações sobre a variabilidade e 
componentes do retorno são relevantes para avaliar as incer-
Capítulo 2 Estrutura Conceitual para elaboração ... 37
tezas associadas aos fluxos de caixa futuros, e a informação 
sobreo desempenho passado também qualifica ou não a atu-
ação da administração da entidade.
2 Características qualitativas da 
informação contábil-financeira útil
A Resolução 1.374/11 do CFC define as características qua-
litativas da informação contábil como sendo a relevância e 
representação fidedigna.
Informação contábil financeira relevante é a capacidade 
que essa informação tem de fazer a diferença na tomada de 
decisão, e representar com fidedignidade implica representar 
o que se propõe representar. Para ser fidedigna, a informação 
precisa ser completa, neutra e livre de erro.
38 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
Em seu item QC6, a supracitada Resolução define:
Informação contábil-financeira relevante é aquela capaz 
de fazer diferença nas decisões que possam ser tomadas 
pelos usuários. A informação pode ser capaz de fazer 
diferença em uma decisão mesmo no caso de alguns 
usuários decidirem não a levar em consideração, ou já 
tiver tomado ciência de sua existência por outras fontes.
Ainda de acordo com a Resolução 1.374/11 do CFC, a 
informação contábil-financeira é capaz de fazer diferença se 
tiver valor preditivo, confirmatório ou os dois. O valor preditivo 
da informação se configura, se for possível, ao utilizá-la como 
dados iniciais em métodos empregados pelos usuários para a 
predição de resultados futuros. O valor preditivo se materializa 
quando empregado pelos usuários para realizarem suas pre-
dições.
Já as informações têm valor confirmatório se retroalimen-
tarem avaliações precedentes, confirmando-as ou mesmo al-
terando-as. O valor preditivo e o confirmatório da informação 
contábil-financeira estão inter-relacionados, pois a informação 
que tem valor preditivo muitas vezes também tem valor con-
firmatório. Uma amostra pode ser a informação da receita do 
Capítulo 2 Estrutura Conceitual para elaboração ... 39
ano corrente que pode ser usada para a predição de receitas 
de períodos futuros e também comparada com predição de re-
ceitas realizadas em anos anteriores para o período corrente. 
Essas comparações têm a possibilidade de conduzir os usuá-
rios das informações na correção e melhoria de suas técnicas 
de predição.
A materialidade da informação se configura quando sua 
omissão ou divulgação tiverem a capacidade de influenciar 
decisões tomadas pelos usuários com base na informação 
contábil-financeira a respeito de uma entidade específica. As-
sim, a materialidade refere-se a um aspecto particular da enti-
dade que se baseia na natureza ou magnitude, ou em ambos 
dos itens aos quais a informação se relaciona, considerando 
esse contexto particular da entidade que reporta a informação.
O item QC12 da Resolução 1.374/11 do CFC apresenta 
a definição de representação fidedigna:
Os relatórios contábil-financeiros representam um fenô-
meno econômico em palavras e números. Para ser útil, 
a informação contábil-financeira não tem só que repre-
sentar um fenômeno relevante, mas tem também que re-
presentar com fidedignidade o fenômeno que se propõe 
representar. Para ser representação perfeitamente fide-
digna, a realidade retratada precisa ter três atributos. Ela 
tem que ser completa, neutra e livre de erro. É claro, a 
perfeição é rara, se de fato alcançável. O objetivo é ma-
ximizar referidos atributos na extensão que seja possível.
Retratar a realidade econômica de forma completa, em 
consonância com o item QC13 da Resolução 1.374/11 do 
40 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
CFC, inclui toda a informação necessária para que o usuário 
entenda o fenômeno retratado, apresentando todas as descri-
ções e explicações que se fizerem necessárias, o que pode exi-
gir para alguns itens explanações de fatos significativos sobre a 
qualidade e a natureza desses itens, circunstâncias que podem 
atingir a sua natureza e qualidade e a metodologia utilizada 
para determinar os números apresentados. O item QC14 da 
mesma resolução define que retratar de forma neutra a rea-
lidade econômica significa que esse retrato deve ser despro-
vido de viés na escolha ou na apresentação da informação 
contábil-financeira. Esse retrato não pode conter distorções ou 
qualquer forma de manipulação que eleve à probabilidade de 
a informação contábil-financeira ser recepcionada pelos seus 
de forma favorável ou desfavorável. Por fim, o item QC15 des-
taca que representação fidedigna não significa exatidão em 
todos os aspectos. Retratar a realidade econômica livre de er-
ros quer dizer que não existem omissões ou erros no fenômeno 
apresentado e que o método usado para produzir a informa-
ção foi eleito e aplicado sem erros.
2.1 Aplicação das características qualitativas 
fundamentais
As características qualitativas são os atributos que tornam as 
informações contábeis úteis para os usuários. A informação 
necessita simultaneamente ser relevante e representar de for-
ma fidedigna a realidade reportada para ser útil. Represen-
tação fidedigna que apresenta fenômeno irrelevante e repre-
sentação não fidedigna de fenômeno relevante não auxiliam 
os usuários na tomada de boas decisões. A efetividade para 
Capítulo 2 Estrutura Conceitual para elaboração ... 41
a aplicação das características qualitativas fundamentais seria 
de acordo com a Resolução 1.374/11 do CFC: (Considerar 
os efeitos das características e às restrições do custo).
a) Primeiro: identificação do fenômeno econômico que 
seja potencialmente útil aos usuários;
b) Segundo: identificar que tipo de informação sobre o 
fenômeno seria mais relevante, se disponível, e que 
poderia ser representado de forma fidedigna;
c) Terceiro: determinar se a informação está disponível e 
pode ser representada com fidedignidade.
Se confirmado, o processo de satisfazer as características 
qualitativas fundamentais é finalizado, caso contrário, o pro-
cesso deve ser repetido a partir do próximo tipo de informação 
mais relevante.
2.1.2 Características qualitativas de melhoria
As características qualitativas de melhorias da informação, de-
finidas pela Resolução 1.374/11do CFC, são a comparabili-
dade, a verificabilidade, a tempestividade e a compreensibili-
dade, pois se configuram como características que melhoram 
a utilidade da informação relevante e representada de forma 
fidedigna. Essas características também podem auxiliar na de-
terminação de qual entre duas alternativas que sejam consi-
deradas equivalentes, no que se refere à relevância e à re-
presentação fidedigna, deve ser utilizada para descrever com 
precisão um fenômeno.
42 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
A comparabilidade implica o poder de comparação entre 
a informação da entidade, com informação análoga sobre ou-
tras entidades e também com informações semelhantes da en-
tidade que reporta a informação em períodos diferentes. Essa 
característica confere utilidade à informação contábil-finan-
ceira, pois permite aos usuários identificarem e entenderem 
a similaridade dos itens e as diferenças que os caracterizam. 
A utilização da característica qualitativa requer a comparação 
de, no mínimo, dois itens. Comparabilidade não significa uni-
formidade. Para serem comparáveis, elementos iguais necessi-
tam parecer iguais e elementos diferentes necessitam parecer 
diferentes.
A verificabilidade auxilia a assegurar aos usuários que a 
informação representa de forma fidedigna o fenômeno eco-
nômico que se propõe representar. A verificabilidade significa 
que diferentes analistas com profundo conhecimento do tema 
e independentes podem chegar a um consenso, mesmo que 
não concordem completamente quanto ao retrato de uma re-
alidade econômica em particular ser uma representação fide-
digna.
A tempestividade implica ter informação disponível para os 
tomadores de decisão a tempo deexercer influência em suas 
decisões.
Capítulo 2 Estrutura Conceitual para elaboração ... 43
A classificação, a caracterização e apresentação da infor-
mação com clareza e concisão torna essa informação com-
preensível. A complexidade inerente a determinados fenôme-
nos os tornam de difícil compreensão, e excluir informações 
sobre esses fenômenos dos relatórios contábeis pode facilitar 
sua compreensão. Mas a adoção dessa medida teria como 
resultado relatórios incompletos e potencialmente distorcidos. 
Nesse contexto, relatórios contábil-financeiros são elaborados 
para usuários com razoável conhecimento de negócios, de 
atividades econômicas e que revisem a informação de forma 
cuidadosa.
2.1.3 Aplicação das características qualitativas de 
melhoria
O item QC33 da Resolução 1.374/2011 do CFC define que 
as características qualitativas de melhoria devem ser maximi-
zadas na extensão possível. As características qualitativas, no 
entanto, tanto individuais ou em grupo, não têm o poder de 
transformar em útil a informação irrelevante ou que não seja 
representada de forma fidedigna. Já o item QC34 destaca que 
aplicação das características qualitativas de melhoria implica 
um processo iterativo (processo que se repete várias vezes para 
se chegar a um resultado e cada vez gera um resultado parcial 
que será utilizado na próxima vez) que não segue uma ordem 
preestabelecida. Em determinadas situações, um característi-
ca qualitativa de melhoria poderá ser diminuída para se te-
nha a maximização de outra característica, para exemplificar: 
reduzir temporariamente a comparabilidade como resultado 
da aplicação prospectiva de uma norma contábil-financeira 
44 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
pode ser vantajosa para o aprimoramento da relevância ou 
da representação fidedigna no longo prazo, assim divulgações 
apropriadas podem, parcialmente, compensar a não compa-
rabilidade.
2.1.4 Restrição de custo na elaboração e divulgação de 
relatório contábil-financeiro útil
O custo de gerar a informação é uma restrição que sempre 
se faz presente no processo de elaboração e divulgação do 
relatório contábil-financeiro. O processo de elaboração e di-
vulgação do relatório contábil-financeiro impõe custos, sendo 
importante que eles se justifiquem pelos benefícios gerados 
pela divulgação da informação e diferentes custos e benefícios 
a considerar (RESOLUÇÃO 1.374/2011, CFC).
A Resolução 1.374/2011 do CFC em seu item QC34 res-
salta que os fornecedores da informação contábil-financeira 
concentram elevados esforços na coleta, processamento, ve-
rificação e disseminação da informação contábil-financeira, 
entretanto, os usuários em última instância pagam por esses 
custos na forma de retornos reduzidos. Os usuários de infor-
mação contábil-financeira também incorrem em custos para 
que se concretize a análise e a interpretação da informação 
fornecida. Por outro lado, se a informação não for disponibili-
zada, os usuários vão incorrer em custos complementares para 
obtenção da informação através de outras fontes ou mediante 
sua estimativa.
Neste contexto, a elaboração e divulgação de relatório 
contábil-financeiro relevante e que represente de forma fide-
Capítulo 2 Estrutura Conceitual para elaboração ... 45
digna aquilo que se propõe representar ajuda os usuários na 
tomada de decisão com maior grau de confiança, e a conse-
quência se reflete no funcionamento mais eficiente dos merca-
dos de capitais e na redução do custo de capital para a econo-
mia, em termos globais. O credor e o investidor individual são 
também beneficiados quando decidem embasados na melhor 
informação, ainda assim não há possibilidade de os relató-
rios contábil-financeiros de propósito geral fornecerem toda e 
qualquer informação que o usuário considere ser importante 
à sua decisão.
Na aplicação da restrição do custo, deve-se avaliar se os 
benefícios proporcionados pela elaboração e divulgação da 
informação, em particular, serão possivelmente justificados 
pelos custos incorridos para geração e utilização dessa infor-
mação. Quando da aplicação da restrição do custo no desen-
volvimento do padrão proposto de elaboração e divulgação, 
o órgão normatizador deve procurar se informar com os for-
necedores da informação, usuários, auditores independentes, 
acadêmicos e outros agentes sobre a natureza e quantidade 
esperadas de benefícios e custos desse padrão. Em grande 
parte das situações, as avaliações têm como base, a combi-
nação de informação quantitativa e qualitativa (RESOLUÇÃO 
1.374/2011, CFC).
A subjetividade que se faz presente no processo em que 
diferentes indivíduos realizam avaliações, pressupõe variações 
a respeito dos custos e benefícios da elaboração e divulga-
ção de itens específicos de informação contábil-financeira. O 
órgão normatizador, nessas situações, deve ter como base os 
custos e benefícios, considerando a elaboração e a divulga-
46 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
ção de maneira geral, e não apenas relacionados a entidades 
individuais que reportam a informação. Isso não significa que 
as avaliações de custos e benefícios sempre se justificam pe-
las mesmas exigências de divulgação para todas as entidades. 
Podem existir diferenças que decorrem dos diferentes portes 
variados das entidades, das distintas formas de captação de 
capital (público ou privado) e das diferentes demandas de usu-
ários ou ainda de outros fatores. (RESOLUÇÃO 1.374/2011, 
CFC).
2.5 Continuidade e Elementos das 
Demonstrações Contábeis
As demonstrações contábeis, regra geral, são elaboradas par-
tindo da premissa que a entidade está em atividade e irá se 
manter em operação por um futuro previsível. Assim, o pressu-
posto básico é de que a entidade não tem a intenção, tampou-
co a necessidade de passar pelo processo de liquidação ou de 
reduzir a escala de suas operações. Em contrapartida, se hou-
ver essa intenção ou necessidade, as demonstrações contábeis 
poderão ter que ser elaboradas em bases diferentes e, dessa 
forma, o embasamento da elaboração deve ser divulgado.
2.5.1 Elementos das demonstrações contábeis
A Resolução 1.374/2011 do CFC afirma em seu item 4.2:
As demonstrações contábeis retratam os efeitos patrimo-
niais e financeiros das transações e outros eventos por 
meio do grupamento dos mesmos em classes amplas, 
de acordo com as suas características econômicas. Es-
Capítulo 2 Estrutura Conceitual para elaboração ... 47
sas classes amplas são denominadas de elementos das 
demonstrações contábeis. Os elementos diretamente 
relacionados à mensuração da posição patrimonial e 
financeira no balanço patrimonial são os ativos, os pas-
sivos e o patrimônio líquido. Os elementos diretamente 
relacionados com a mensuração do desempenho na de-
monstração do resultado são as receitas e as despesas. 
A demonstração das mutações na posição financeira 
usualmente reflete os elementos da demonstração do 
resultado e as alterações nos elementos do balanço pa-
trimonial. Assim, esta Estrutura Conceitual não identifica 
qualquer elemento que seja exclusivo dessa demonstra-
ção.
Apresentar esses elementos no balanço patrimonial e na 
demonstração do resultado requer que seja realizado um pro-
cesso de subclassificação. Assim, ativos e passivos podem ser 
classificados em razão de sua natureza ou função nos negó-
cios da entidade, com a finalidade de demonstrar da forma 
mais útil aos usuários, objetivando a tomada de decisões eco-
nômicas.
O item 4.4 da Resolução 1.374/2011 do CFC define os 
elementos da posição patrimonial e financeira:
Os elementos diretamente relacionados com a mensu-
ração da posição patrimonial e financeira são os ativos, 
os passivos e o patrimônio líquido. Estes são definidos 
como segue:
48 Tópicos Especiaisem Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
a) ativo é um recurso controlado pela entidade como re-
sultado de eventos passados e do qual se espera que 
fluam futuros benefícios econômicos para a entidade;
b) passivo é uma obrigação presente da entidade, de-
rivada de eventos passados, cuja liquidação se espera 
que resulte na saída de recursos da entidade capazes de 
gerar benefícios econômicos;
c) patrimônio líquido é o interesse residual nos ativos da 
entidade depois de deduzidos todos os seus passivos.
O item 4.5 da Resolução 1.374/2011 do CFC destaca 
que definições de ativo e passivo identificam suas caracte-
rísticas essenciais, mas não têm por finalidade especificar os 
critérios para serem reconhecidos no balanço patrimonial. As 
definições abrangem itens que não são reconhecidos como 
ativos ou como passivos no balanço patrimonial em razão de 
não satisfazerem os critérios de reconhecimento definidos pela 
norma. A expectativa de que futuros benefícios fluam para a 
entidade ou saiam da entidade deve ser suficientemente certa 
para que seja observado o critério de probabilidade, antes que 
um ativo ou passivo seja reconhecido.
Para avaliar se um item se enquadra na definição de ativo, 
passivo ou patrimônio líquido deve-se levar em consideração 
sua essência implícita e a realidade econômica e não somen-
te sua forma legal de acordo com o item 4.6 da Resolução 
1.374/2011, CFC.
Capítulo 2 Estrutura Conceitual para elaboração ... 49
A mesma Resolução apresenta as principais características 
relacionadas aos ativos, passivos, patrimônio líquido e perfor-
mance:
a) Ativos
O benefício econômico futuro incorporado a um ativo 
representa o seu potencial em contribuir de forma direta 
ou indireta para o fluxo de caixa ou equivalente de caixa 
da entidade. Este potencial pode ser produtivo, quando 
o recurso for parte das atividades operacionais da or-
ganização ou ter a forma de conversibilidade em caixa 
ou equivalente de caixa ou, ainda, ter a capacidade de 
reduzir as saídas de caixa, o que pode ser concretizado 
através de um processo industrial alternativo, resultando 
em redução dos custos de produção. Regra geral, a en-
tidade utiliza os seus ativos na produção de bens ou na 
prestação de serviços capazes de atender as necessida-
des dos consumidores. O pressuposto de que esses bens 
ou serviços satisfaçam as necessidades dos consumido-
res, que se predispõem a pagar por eles, contribuindo 
dessa forma para o fluxo de caixa da entidade.
b) Passivos
Uma característica essencial para a existência de um pas-
sivo é que a entidade tenha uma obrigação presente, que se 
caracteriza como um dever ou responsabilidade de agir ou 
desempenhar determinada tarefa de certa maneira. As obriga-
ções podem ser exigíveis legalmente como resultado de con-
trato ou de exigências estatutárias, como é o caso de contas 
a pagar e serviços recebidos, mas também podem surgir em 
50 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
decorrência de práticas usuais de negócios, usos e costumes, 
manutenção de boas relações comerciais ou ação equitativa. 
Exemplificando: se uma organização decide, em razão de po-
líticas mercadológicas, retificar defeitos em seus produtos que 
tenham surgido após o período de garantia, os gastos com a 
reparação dessas falhas constituem passivos.
c) Patrimônio Líquido
O patrimônio líquido, mesmo que tenha definição como 
algo residual, poderá ter subclassificações no balanço patri-
monial, tais como: nas sociedades por ações, recursos aporta-
dos pelos sócios, reservas que resultam de retenções de lucros 
e reservas representando ajustes para manutenção do capital. 
Essas classificações podem ter relevância quando da tomada 
de decisão dos usuários das demonstrações contábeis, quan-
do apontarem restrições legais ou de outra natureza sobre a 
capacidade que a entidade tem de distribuir ou aplicar de for-
ma diversa seus recursos patrimoniais. Também podem refletir 
que determinadas partes com direito de propriedade sobre a 
entidade possuem diferentes direitos relacionados ao recebi-
mento de dividendos ou ao reembolso de capital.
d) Performance
O resultado é usado, frequentemente, como medida de 
performance ou como base para outras medidas, dentre as 
quais o retorno do investimento ou resultado por ação. Os 
elementos diretamente relacionados com a mensuração do 
resultado são as receitas e despesas. O reconhecimento e a 
mensuração das receitas e despesas e, como consequência, 
do resultado, dependem em parte dos conceitos de capital e 
Capítulo 2 Estrutura Conceitual para elaboração ... 51
de manutenção de capital adotados pela entidade na elabo-
ração de suas demonstrações contábeis.
O item 4.25 da Resolução 1.374/2011 do CFC define os 
elementos de receitas e despesas:
a) receitas são aumentos nos benefícios econômicos 
durante o período contábil, sob a forma da entrada de 
recursos ou do aumento de ativos ou diminuição de pas-
sivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido, 
e que não estejam relacionados com a contribuição dos 
detentores dos instrumentos patrimoniais;
b) despesas são decréscimos nos benefícios econômicos 
durante o período contábil, sob a forma da saída de re-
cursos ou da redução de ativos ou assunção de passi-
vos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido, 
e que não estejam relacionados com distribuições aos 
detentores dos instrumentos patrimoniais.
A mesma Resolução destaca que as definições de receitas 
e despesas identificam as características essenciais desses ele-
mentos, mas não tentam especificar critérios a serem satisfeitos 
para seu reconhecimento na demonstração do resultado.
2.6 Conceitos de capital e de manutenção de 
capital
A conceituação de capital financeiro ou monetário é adota-
da pela maioria das entidades na elaboração das suas de-
monstrações contábeis. Considerando o conceito de capital 
financeiro, como o dinheiro investido ou seu poder de compra 
52 Tópicos Especiais em Contabilidade e Ética da Profissão Contábil
investido, o capital é sinônimo de ativos líquidos ou patrimô-
nio líquido da entidade. Segundo conceito de capital físico, tal 
como capacidade operacional, o capital é apontado como a 
capacidade produtiva da entidade e pode ter como parâmetro 
as unidades de produção diária.
Selecionar o conceito de capital adequado para a entida-
de deve ter como base as necessidades dos usuários das de-
monstrações contábeis. Neste contexto, se os usuários tiverem 
interesse na manutenção do capital investido ou no poder de 
compra do capital investido, o conceito de capital financeiro 
deve ser adotado. Se, no entanto, os interesses dos usuários 
estiverem centrados na capacidade operacional da entidade, 
o conceito a ser adotado é o de capital físico. O conceito 
escolhido indica o objetivo a ser alcançado na determinação 
do lucro, mesmo que existam dificuldades de mensuração ao 
operacionalizar o conceito.
2.6.1 Conceitos de manutenção de capital e 
determinação do lucro
A Resolução 1.374/2011 do CFC, em seu item 4.59 afirma 
que os conceitos de capital originam os seguintes conceitos de 
manutenção de capital:
a) Manutenção do capital financeiro. De acordo com 
esse conceito, o lucro é considerado auferido somente 
se o montante financeiro (ou dinheiro) dos ativos líqui-
dos no fim do período exceder o seu montante financeiro 
(ou dinheiro) no começo do período, depois de excluídas 
quaisquer distribuições aos proprietários e seus aportes 
Capítulo 2 Estrutura Conceitual para elaboração ... 53
de capital durante o período. A manutenção do capital 
financeiro pode ser medida em qualquer unidade mone-
tária nominal ou em unidades de poder aquisitivo cons-
tante.
b) Manutenção do capital físico. De acordo com esse 
conceito, o lucro é considerado

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