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A Odisseia, de Homero, e a tradição da literatura ocidental

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A Odisseia, de Homero, e a tradição da 
literatura ocidental
APRESENTAÇÃO
Imagine que você está indo para a praia de carro e calcula que deve chegar ao seu destino em 
três horas. No caminho, porém, seu pneu fura, falta gasolina longe de um estabelecimento onde 
você pode encher o tanque, há um acidente e você fica preso em um enorme engarrafamento e, 
ainda, seu companheiro de viagem passa mal e vocês precisam parar para que ele se recupere.
Assim, você acaba levando muito mais tempo para chegar do que imaginava. Contando suas 
peripécias para os amigos depois, você poderia se referir a essa jornada como uma odisseia. Mas 
você sabe o que essa palavra realmente significa? Você sabe de onde ela surgiu? Nesta Unidade 
de Aprendizagem, você vai compreender por que as pessoas, quando utilizam esse termo, 
odisseia, querem sublinhar a dificuldade enfrentada para terminar algo. A expressão vem de um 
famoso livro da Grécia Antiga: a Odisseia, de Homero. Você vai, ainda, descobrir qual a história 
contada nesse poema épico, qual o contexto histórico da sua produção e qual o motivo da sua 
enorme importância até os nossos dias. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar o contexto histórico em que A Odisseia foi produzida e discutir o que é o 
pensamento mitológico grego e como ele aparece nessa obra.
•
Analisar trechos do poema épico.•
Explicar a importância da obra de Homero até os dias atuais.•
DESAFIO
Odisseia é um termo inventado há muitos e muitos séculos e que usamos até hoje em 
determinados contextos. Imagine que você vai apresentar uma aula de Literatura para um grande 
grupo de alunos pela primeira vez, porém eles não conhecem o significado e a origem dessa 
palavra. 
Como você faria essa explicação de uma forma simples?
Leia o trecho a seguir para embasar sua resposta:
INFOGRÁFICO
Neste Infográfico, você vai conferir algumas das principais ações da obra de Homero, Odisseia. 
Assim, você será capaz de visualizar melhor a narrativa dessa famosa epopeia e de compreender 
o motivo do atraso de 10 anos do herói Ulisses para voltar para casa. 
Confira! 
CONTEÚDO DO LIVRO
A Odisseia, de Homero, é um dos livros mais influentes do Ocidente. Na obra Textos 
fundamentais da literatura universal, leia o capítulo A Odisseia, de Homero, e a tradição da 
literatura ocidental, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Você vai entrar no mundo dos 
gregos da Antiguidade para compreender um pouco melhor o contexto em que essa obra foi 
produzida.
Além disso, você vai descobrir qual a história esse famoso poema conta, além de analisar 
literariamente alguns de seus trechos mais importantes e identificar como e por que ele ainda é 
marcante, mesmo tendo passado tantos e tantos séculos de sua produção. 
 
Boa leitura!
TEXTOS 
FUNDAMENTAIS 
DA LITERATURA 
UNIVERSAL
Luara Pinto Minuzzi
A Odisseia de Homero 
e a tradição da 
literatura ocidental
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identi� car o contexto histórico em que a Odisseia, de Homero, foi 
produzida e discutir o que é o pensamento mitológico grego e como 
ele aparece nessa obra. 
  Analisar trechos do poema épico.
  Explicar a importância da obra de Homero até os dias atuais.
Introdução
Imagine que você está indo para a praia de carro e calcula que deve 
chegar ao seu destino em três horas. No caminho, porém, o pneu do seu 
carro fura, falta gasolina e você está longe de um posto de combustível, 
ocorre um acidente e você fica preso em um enorme engarrafamento 
e o seu companheiro de viagem passa mal e vocês precisam parar para 
que ele se recupere. Assim, você acaba levando muito mais tempo para 
chegar do que imaginava. Contando as suas peripécias para os amigos 
depois, você poderia se referir a essa jornada como uma odisseia. Mas você 
sabe o que essa palavra realmente significa? Você sabe onde ela surgiu?
Neste capítulo, você vai compreender por que as pessoas, quando 
utilizam o termo odisseia, querem sublinhar a dificuldade enfrentada para 
terminar algo. A expressão vem de um famoso livro da Grécia Antiga: a 
Odisseia, de Homero. Você vai descobrir qual é a história contada nesse 
poema épico, qual é o contexto histórico da sua produção e qual é o 
motivo da sua enorme importância até hoje.
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A Grécia de Homero
Homero é um poeta grego (Figura 1), e essa é uma das poucas informações 
a respeito desse escritor das quais se tem certeza. Até mesmo o período em 
que viveu é discutido entre os estudiosos: alguns afi rmam que ele seria do 
século IX a.C., outros afi rmam que ele teria nascido apenas um século depois. 
Além disso, cogita-se que a sua cidade de origem tenha sido a Esmira, na atual 
Turquia. Porém, esse é um dado muito controverso, visto que várias cidades 
afi rmam ser o berço do poeta, entre elas Atenas. Há dúvidas, inclusive, em 
relação à autoria de Ilíada e Odisseia: os dois poemas teriam sido escritos 
pela mesmo pessoa? Eles seriam compilações de uma narrativa oral ou criação 
de Homero? Apesar de todo esse clima nebuloso que cerca o poeta e as suas 
obras, podemos contar com uma verdade absoluta: a Ilíada e a Odisseia são 
os textos mais infl uentes da literatura clássica. 
Figura 1. Homero.
Fonte: Homero (2017).
Se não sabemos tanto sobre Homero e a sua biografia, temos muitas infor-
mações sobre a época e o lugar nos quais ele viveu: a Grécia da antiguidade 
clássica. Para entender um pouco melhor essas narrativas, é importante, 
primeiramente, descobrir como os gregos antigos viviam, quais eram os seus 
A Odisseia de Homero e a tradição da literatura ocidental32
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costumes, no que eles acreditavam, quais eram as suas narrativas favoritas e 
como eles se organizavam socialmente.
Primeiramente, a Grécia Antiga era dividida em cidades-Estado, o que 
quer dizer que cada uma dessas cidades era independente, com leis e costumes 
próprios. Em Atenas, uma das cidades que afirmam ser o berço de Homero, 
por exemplo, foi desenvolvida a democracia, tipo de governo em que o poder 
está nas mãos do povo, que escolhe os seus representantes. Além disso, é à 
Grécia Antiga que devemos os nossos Jogos Olímpicos, criados pelos gregos 
como um festival esportivo, mas também religioso. 
Também merece destaque a arte desenvolvida por esse povo em diferentes 
áreas, como a arquitetura, a pintura, a escultura, a literatura, a dramaturgia, 
etc. Apesar das muitas diferenças entre as cidades-Estado, existiam alguns 
pontos bastante importantes em comum: um deles era a língua (o grego), e o 
outro, a religião.
A religião tinha grande destaque na vida dos gregos. Ao contrário das 
religiões monoteístas, como o catolicismo, o judaísmo ou o islamismo, os gregos 
eram politeístas: isso quer dizer que eles não acreditavam em um deus, mas 
em vários, cada um sendo responsável por um aspecto da vida do homem, por 
um elemento da natureza ou do cosmo. A maior parte deles morava no cume 
do Monte Olimpo, na Tessália, ponto central da terra, que, para os gregos, era 
plana. Sobre o Olimpo, Homero explica, na Odisseia:
Disse Minerva, a deusa de olhos pulcros.
E ao Olimpo subiu, à régia e eterna
Sede dos deuses, onde a tempestade
Ruge jamais, e a chuva não atinge 
E nem a neve. Onde o dia brilha
Num céu limpo de nuvens e ameaças.
Felicidades sempiternas gozam
Ali os seus divinos habitantes! (HOMERO, 2011)
Pela descrição, percebe-se que, no Olimpo, não havia lugar para intempéries: 
lá, o clima era sempre perfeito e ideal, e os deuses poderiam gozar de alegria e 
felicidade eternas permanecendo na sua sede. Outros deuses, porém, podiam 
habitar regiões diferentes: Hades, por exemplo, como deus dos mortos, vivia 
nessa região, o mundo inferior, para onde as pessoas iam depoisde finda a 
sua vida; já Poseidon vivia no mar, justamente por dominá-lo. Todos, porém, 
reuniam-se no Olimpo quando Zeus os convocava. 
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A lista dos deuses gregos é extensa, mas alguns se destacam, e você, com 
certeza, já viu adaptações deles por aí: em filmes, desenhos, livros, programas 
infantis. Zeus talvez seja o mais famoso, pois é o líder dos deuses no Olimpo. 
A sua arma são os relâmpagos e ele é casado com Hera, apesar de ter inúmeras 
amantes. Outras figuras relevantes do panteão grego são Afrodite, deusa do 
amor e da beleza, Artemis, deusa da caça, Apolo, deus do sol, e Ares, deus 
da guerra (Figura 2).
Figura 2. Os Doze Deuses Olímpicos, por Ni-
colas-André Monsiau (final do século XVIII).
Fonte: Deuses olímpicos (2017).
Se você entende um pouco do catolicismo, por exemplo, pode estranhar 
os deuses da mitologia grega, pois eles não são seres elevados, puros, sem 
pecados, vivendo em um paraíso imaculado e afastado do mundo dos ho-
mens — muito pelo contrário, essas figuras estão sujeitas aos sentimentos 
mais mesquinhos, como ódio, inveja, vingança, mas também podem sentir 
A Odisseia de Homero e a tradição da literatura ocidental34
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amor, paixão, compaixão, amizade. Eles vivem no Olimpo, mas são capazes 
de, a qualquer momento, deixar o seu lar e ir para o mundo dos homens, 
onde convivem com os mortais. Muitos até mesmo tiveram relacionamentos 
amorosos com mortais, sendo o herói Hércules (ou Héracles) filho de Zeus 
com Alcmena, que não era uma deusa, mas uma mortal.
Há uma obra muito interessante sobre os deuses gregos e sobre a sua relação com os 
homens, que, considera-se, conferiu uma nova dimensão a esses mitos: Metamorfoses, 
de Ovídio. Nela, o poeta narra uma cosmologia, ou seja, uma história de criação do 
mundo. Ele divide, conforme era usual na Grécia Antiga, a trajetória dos homens em 
quatro períodos: a Idade do Ouro, a Idade da Prata, a Idade do Bronze e a Idade do 
Ferro. Pelo que você pode perceber pelos nomes das idades, acreditava-se que o 
homem, à medida que o tempo ia passando, saía de um estado de perfeição e ia, aos 
poucos, degradando-se. A leitura de Metamorfoses é muito útil para compreender 
melhor a mitologia grega, além de conter narrativas muito interessantes, como a do 
herói Hércules ou a de Narciso. 
Além disso, é muito importante atentar para outra característica dos deu-
ses gregos: eles influenciavam os homens, podendo, inclusive, determinar 
e modificar o destino deles. Dessa forma, era fundamental que as pessoas 
realizassem ritos para os deuses, procurando aplacar a sua fúria e clamar pela 
sua benevolência, fazendo pedidos. 
Um exemplo desses ritos necessários era o realizado quando do faleci-
mento de um indivíduo: o fim adequado compreendia o sepultamento. Além 
disso, uma moeda era colocada sobre os olhos fechados do cadáver para 
que, quando a sua alma chegasse às margens do rio Estige, ele tivesse como 
pagar a travessia para o barqueiro Caronte, uma figura esquálida e terrível, 
que levava as almas ao Hades (Figura 3). Aqueles que não recebiam os ritos 
necessário eram obrigados a vagar por cem anos na margem do rio até que 
pudessem atravessá-lo. 
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Figura 3. Pintura da travessia de Caronte, 
por Alexander Litovchenko (século XIX).
Fonte: Caronte (2017). 
Foi, portanto, esse o contexto no qual Homero viveu e criou as suas duas 
obras fundamentais: Ilíada e Odisseia. Todas essas informações vão ajudar 
você a compreender melhor essas narrativas, principalmente a Odisseia, foco 
da próxima seção. 
A obra de Homero: a Odisseia
Antes de começarmos a analisar a Odisseia, é importante trazer algumas 
informações sobre a Ilíada. A Odisseia é, na verdade, a continuação da história 
narrada na Ilíada. Apesar disso, os dois livros também funcionam de forma 
independente: você pode ler a Ilíada sem ler a Odisseia e vice-versa, e essas 
narrativas farão sentido. Mas é claro que, se você ler as duas em sequência, 
talvez alguns pontos fi quem muito mais claros.
A Ilíada, então, é o primeiro poema épico de Homero. Você conhece a 
famosa história de Helena de Troia? Ou a do cavalo de Troia, que deu origem 
a uma curiosa expressão, “presente de grego”? Todos esses são elementos 
dessa narrativa fundamental da literatura ocidental. 
Helena era casada com Menelau, o rei de Esparta. Porém, o príncipe troiano 
Páris se apaixonou pela bela mulher e decidiu raptá-la. Foi por conta desse 
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rapto e da fúria do marido que ocorreu a Guerra de Troia: os gregos fazem um 
cerco a Troia que durou dez anos e custou a vida de muitos heróis. Parecia que 
a guerra iria se prolongar eternamente, até que o grego Ulisses (protagonista 
da Odisseia) inventou um artifício que mudou tudo: os gregos construíram 
um enorme cavalo de madeira e oferecem-no aos troianos como um símbolo 
de paz e de rendição. 
O que os troianos não sabiam é que o cavalo era oco e, dentro dele, espera-
vam, atentos e em posição de combate, inúmeros soldados gregos. Assim que 
o cavalo foi levado para dentro das muralhas de Troia, os soldados saíram de 
dentro do artefato, pegando todos de surpresa e vencendo a guerra. Por isso, 
diz-se de um presente que traz prejuízos para quem o recebe é um presente 
de grego.
Homero e Hesíodo são considerados os pais da épica ocidental, que é um tipo de 
narrativa épica. O conceito de épica engloba algumas características, como sintetiza 
o teórico russo Mikhail Bakhtin (1990): 
  a epopeia trata do passado nacional, daquele passado longínquo do qual todos 
se orgulham e no qual as coisas eram boas e perfeitas; 
  nesse sentido, a epopeia trabalha com lendas nacionais, não somente com o 
passado real, mas também com aqueles imaginados e criados; 
  esse tempo narrado na épica está completamente afastado do tempo presente; 
  a épica trata principalmente das classes altas, das classes dominantes; 
  a épica trata de heróis solares, corajosos, sempre prontos a executar grandes feitos 
que ficarão na memória do povo.
A Odisseia narra os eventos ocorridos após o final da Guerra de Troia. 
De forma mais específica, esse poema conta ao leitor como Ulisses, aquele 
que teve a ideia de construir o cavalo de Troia, volta para casa. Essa jornada 
poderia ser rápida e tranquila, mas ele acaba levando muito mais tempo do que 
o esperado: Ulisses, também conhecido como Odisseu (daí o título, Odisseia), 
enfrenta os mais variados percalços e chega à sua casa apenas 10 anos após 
ter saído de Troia. 
Enquanto isso, a sua mulher, Penélope, espera por ele, tendo que lidar com 
um séquito de pretendentes bastante mal-educados. O seu filho, Telêmaco, 
também sofre: ele era apenas um bebê quando o seu pai partiu para Troia, e 
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a sua ausência acaba por se prolongar por uma década de batalhas e por mais 
uma década da viagem de retorno. 
E você lembra que os gregos acreditavam na capacidade de os deuses in-
fluenciarem a vida dos mortais? Pois é, essa é uma informação muito importante 
para compreendermos a Odisseia. Nessa narrativa, os deuses desempenham 
papéis primordiais: de um lado,Atena, ou Palas Atena, a deusa da civilização 
e da sabedoria, defende Ulisses; do outro, Poseidon, deus do mar, é inimigo 
do herói (Figura 4). 
No trecho a seguir, você vai perceber como Atena ajuda o protagonista, 
clamando a Zeus para que lhe ajude quando o herói cai nas mãos de Calipso 
e fica preso na sua ilha por sete anos:
A Zeus respondeu Atena, a deusa de olhos esverdeados: 
“Pai de todos nós, mais excelso dos soberanos, 
[...] arde-me o espírito pelo fogoso Ulisses, 
esse desgraçado, que longe dos amigos se atormenta 
numa ilha rodeada de ondas no umbigo do mar. 
É uma ilha frondosa, onde tem sua morada a deusa 
filha de Atlas de pernicioso pensamento — esse que do mar 
conhece todas as profundezas e segura ele mesmo canto 
as colunas potentes, que céu e terra separados mantêm. 
Sua filha retém aquele homem desgraçado,
 e sempre com palavras implorantes e suaves 
o encanta, para que Ítaca olvide; mas Ulisses desejoso 
de no horizonte ver subir o fumo da sua terra
tem vontade de morrer — e o teu coração 
não se comove, Olimpo! Não foi Ulisses 
quem junto às naus dos Argivos na vasta Troia 
sacrifícios te ofereceu? Contra ele te encolerizas, ó Zeus?” (HOMERO, 
2011, p. 120- 121)
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Figura 4. Atena e Poseidon enfrentam-se 
(século VI a.C.).
Fonte: Atena (2017).
Nesse fragmento, fala-se de Calipso e de como ela procurava, incessante-
mente, conquistar Ulisses e fazer com que ele esquecesse (“olvidar” é o verbo 
utilizado pela deusa), sem nunca ter sido bem-sucedida. Quem fala é Atena, 
como o narrador indica, e ela se dirige ao “pai de todos nós”, Zeus. Mas, se 
Atena inicia o seu discurso dirigindo-se a Zeus, ela acaba fazendo uma exor-
tação a todos os deuses quando declama: “não se comove, Olimpo!” — e o 
ponto de exclamação no final dá bem o tom de indignação sentida pela deusa 
no momento. Ela usa uma metonímia, uma figura de linguagem que troca, por 
exemplo, morador por morada e, no caso, os deuses do Olimpo por Olimpo. 
Outro elemento que deve ser destacado são os sacrifícios oferecidos por 
Ulisses a Zeus e utilizados como argumento pela deusa para diminuir a ira 
do pai. Assim, fica atestada a importância desses rituais: Ulisses ganha a 
benevolência de Atena justamente por ter realizado sacrifícios. 
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Depois, ela ainda fala:
A Zeus respondeu Atena, a deusa de olhos esverdeados: 
“Pai de todos nós, mais excelso dos soberanos, 
se agrada aos corações dos deuses bem-aventurados 
que o sagaz Ulisses regresse a sua casa, 
enviemos agora Hermes mensageiro, 
Matador de Argos, à ilha de Ogígia para que rapidamente anuncie 
à ninfa de bela cabeleira a nossa vontade: 
que o paciente Ulisses a sua casa regresse”. (HOMERO, 2011, p. 121-122)
Hermes é outro deus grego e fica encarregado por Atena de libertar Ulis-
ses. Portanto, podemos afirmar, a partir da análise desses dois trechos, que 
Ulisses é libertado da prisão de Calipso porque os deuses quiseram que 
assim acontecesse. 
Outro aspecto importante do poema épico de Homero (e que você deve 
ter notado nos fragmentos anteriores) são as repetições: em ambas as vezes 
nas quais Atena toma a palavra, o narrador a descreve como “Atena, a deusa 
de olhos esverdeados” (HOMERO, 2011). Isso ocorre na maioria das vezes 
nas quais a deusa é citada: o seu nome geralmente vem acompanhado dessa 
descrição, que é chamada de epíteto. 
Contudo, não é apenas Atena que recebe um epíteto, sendo esse um elemento 
extremamente comum de toda a obra. Todas as vezes em que amanhece o dia, 
por exemplo, o narrador fala da “Aurora de róseos dedos”. Ele igualmente se 
refere repetidas vezes à “sensata Penélope” ou ao “ajuizado Telêmaco” (HO-
MERO, 2011). Você pode até pensar que Homero estava sendo muito repetitivo 
e que poderia ter buscado alguns sinônimos para evitar que isso acontecesse, 
mas é necessário compreender que esses não são “erros” ou “falhas” do poeta, 
mas características que o inserem na tradição oral. 
Até pouco tempo antes de Homero escrever a Ilíada e a Odisseia, não 
existia a escrita e provavelmente essas duas narrativas já existiam e passavam 
de boca em boca, mesmo que em fragmentos, antes do poeta grego eternizá-
-las ao transformá-las em versos escritos. E as repetições são fundamentais 
para decorar histórias ou poemas sem o auxílio da escrita. Por isso são tão 
importantes nas narrativas orais ou nas narrativas que se relacionam com a 
oralidade, como as de Homero.
Outro trecho muito famoso da Odisseia é o que narra quando a embarcação 
comandada por Ulisses se aproxima da Ilha de Capri, região onde habitavam 
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muitas sereias. As sereias eram seres mitológicos formados por uma metade 
humana e outra metade peixe, capazes de, com o seu canto, enfeitiçar os 
homens e arrastá-los para as profundezas do oceano. Ulisses não queria ser 
enfeitiçado pelas sereias, mas, ao mesmo tempo, desejava descobrir como era 
esse canto tão famoso, tão falado, mas tão envolto em mistério. Para isso, ele 
cria um estratagema: pede que os tripulantes do navio o amarrem ao mastro, 
enquanto eles próprios tapam os ouvidos. Assim, o herói poderia ouvir o canto 
sem ser capaz de deixar a embarcação por estar muito bem amarrado — e 
é por essa e por outras ações que Ulisses é caracterizado como um herói 
engenhoso (Figura 5). A força física não é um de seus atributos, mas Ulisses 
é considerado um herói por sua inteligência, sagacidade e coragem. 
Figura 5. Ulisses amarrado ao mastro para não sucumbir ao 
canto das sereias.
Fonte: Costa (2012).
Ulisses implora que os seus companheiros o libertem para que ele se junte 
às sereias, mas eles colocaram cera nos ouvidos para não ouvir nada. Os seus 
fiéis companheiros apenas o desamarram quando o perigo passa. 
A narrativa termina com a chegada de Ulisses à casa, graças à sua astúcia 
e às graças de Atena: lá ele encontra os inúmeros pretendentes de Penélope, 
dos quais ele se livra, para que possa desfrutar de tempos tranquilos ao lado 
da esposa e do filho.
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A continuidade de Homero: a influência de suas 
obras na posteridade
Sabemos que uma obra é um clássico quando ela possui longevidade: por mais 
tempo que se passe da data de escrita do texto, ele continua fazendo sentido 
para pessoas em tempos e em espaços diferentes. Tudo pode ter mudado da 
época de Homero para a nossa: hoje temos a internet, temos conhecimento 
de coisas que acontecem ao redor do mundo em questão de segundos, não 
acreditamos mais em deuses e deusas que vivem no Olimpo. As suas obras, 
contudo, continuam a inspirar, a comover e a ensinar os leitores contemporâ-
neos. Por que será que isso acontece?
A resposta para essa pergunta pode estar no que Joseph Campbell, um 
estudioso americano de mitologia, chama de a jornada do herói. Segundo o 
que esse teórico explica em uma das suas obras mais famosas, O herói de mil 
faces, a jornada do herói é um tema extremamente recorrente em histórias dos 
mais variados tipos: desde os mitos antigos, até poemas como o de Homero, 
contos de fada e narrativas contemporâneas em livros e em filmes — Star 
Wars é um dos exemplos favoritos de Campbell para esclarecer esse tema. 
Essa jornada compreende algumas etapas: 
1. O herói, vivendo no nosso mundo comum, é chamado para a aventura.
2. O herói cruza o limiar entre o mundo comum e o mundo fantástico 
das aventuras.
3. Ele enfrenta inúmeras provas que testam sua força, seus conhecimentos, 
seu discernimento e seu bom caráter.
4. Ele recebe a ajuda de seres mágicos.
5. Ele venceo inimigo, que pode ser um monstro terrível.
6. Ele deve retornar para o mundo comum e passar os aprendizados que 
obteve para os outros (CAMPBELL, 2007).
Como Ulisses: na Ilíada, ele recebe o chamado para a aventura, pois foi 
convocado para a Guerra de Tróia, e atende a esse chamado. Lá, ele passa 
por inúmeras provas e vence os seus inimigos, os troianos. Ele ainda obtém 
ajuda da deusa Atena. Você pode pensar que, depois de tudo isso, o herói já 
cumpriu a etapa mais difícil, mas isso não é verdade, e a Odisseia, a narrativa 
que conta o retorno de Ulisses para casa, prova isso, pois ele deve enfrentar 
novamente os obstáculos da ida. Mas a principal dificuldade é que nem todos 
estão preparados para voltar ao mundo comum e sem graça e deixar o mundo 
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de aventuras, onde se obtém fama e glória. É isso o que os 10 anos levados 
para Ulisses chegar em Ítaca mostram ao leitor.
 A questão é que essa jornada do herói não é uma simples história, mas a 
representação de um processo pelo qual todos nós passamos, que é qualquer 
processo de mudança e de transformação. O crescimento (e o consequente 
amadurecimento) é um estágio bastante importante: a criança precisa deixar 
o seu mundo infantil, seguro e conhecido para se aventurar no mundo adulto, 
cheio de perigos e de provas. Porém, ao longo da vida, passamos por inúmeras 
outras mudanças: a saída do colégio e ingresso na universidade, o casamento, 
a entrada no mundo profissional, a mudança de emprego, o envelhecimento, 
etc. Assim, a história de Ulisses, como tantas outras, ajuda-nos a passar por 
esses momentos: se o herói do livro pode, eu também posso realizar grandes 
feitos e enfrentar o desconhecido. 
Portanto, não é à toa que a Odisseia foi retomada tantas e tantas vezes ao 
longo de todos esses séculos: a sua narrativa fala com o leitor, com os seus 
medos, as suas angústias, as suas alegrias pelas conquistas. Cada um de nós, 
enquanto lê o poema épico de Homero, é Ulisses. 
O escritor italiano Alberto Manguel (2007) vai mais longe e sentencia que os poemas de 
Homero são o início de todas as narrativas do Ocidente: toda a nossa tradição literária 
começa com Ilíada e Odisseia. Na verdade, a própria existência desses textos até hoje 
atesta a sua importância: na antiguidade grega, os livros eram copiados à mão em 
papiros ou pergaminhos. Apenas os documentos mais relevantes mereciam o trabalho 
de serem copiados e recopiados ao longo de séculos e séculos.
Um dos exemplos mais famosos de adaptação do texto de Homero é o 
romance Ulisses (Figura 6), do escritor irlandês James Joyce. O livro, escrito 
entre 1914 e 1921, condensa a jornada de Ulisses em 18 horas. O herói dessa 
narrativa se chama Leopold Bloom e é um agente de publicidade que vive no 
início do século XX. Só por essas informações, você já percebeu que Joyce não 
reproduz o enredo de Odisseia, mas usa a sua narrativa como inspiração para 
criar algo novo. A narrativa é bastante complexa, com uma linguagem densa, 
cheia de neologismos, referências a outras obras, citações, trocadilhos. Cada 
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episódio retoma alguns personagens de Odisseia, como Penélope, Telêmaco, 
as sereias, os ciclopes, Circe, etc. 
Figura 6. Capa de Matisse para Ulisses, de 
James Joyce.
Fonte: Popova (2012).
Depois, Henri Matisse, famoso pintor francês, foi convidado para fazer um 
desenho para a capa do romance de James Joyce — conta-se, porém, que ele 
não leu Ulisses, tendo pensado na Odisseia para compor a sua obra. O romance 
de Joyce também serviu de inspiração para, pelo menos, dois escritores de 
destaque: os ingleses Virginia Woolf e T. S. Eliot. Além disso, todo dia 16 
de junho (dia retratado em Ulisses) é comemorado, em Dublin, o Bloomsday. 
Em pubs, são lidos trechos do romance, além de ocorrerem inúmeros eventos 
culturais relacionados a Joyce. 
Todos esses exemplos foram citados para que você conheça o tamanho do 
alcance da obra de Homero: ela influenciou Joyce, que influenciou Matisse, 
Virginia Woolf e Eliot, etc. Podemos dizer que nenhuma dessas obras existiria 
da forma como elas existem se não fosse pela Odisseia de Homero. Mesmo 
que não tenhamos lido a Odisseia, se lermos Ulisses, entraremos em contato, 
indiretamente, com o poema épico da Grécia Antiga. Pensando assim, você con-
segue imaginar quantas obras devem um pouco da sua inspiração à Odisseia?
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Mas essa não é, de longe, a única adaptação. Há inúmeras versões de 
Odisseia, por exemplo, para o público infantil. Ruth Rocha é uma escritora 
brasileira que se preocupou em transformar a narrativa de Ulisses em uma 
história atrativa para as crianças: Ruth Rocha Conta a Odisséia é o nome da sua 
obra. Margaret Atwood, escritora canadense, por sua vez, escreve uma versão 
da epopeia a partir do ponto de vista feminino: em A odisseia de Penélope, é 
a esposa de Ulisses o centro do enredo. 
Ainda, há inúmeras produções audiovisuais que dão uma versão com 
imagens e sons à jornada do herói. Duas produções que procuram ser bastante 
próximas à narrativa são Ulisses, de 1954, filme dirigido por Mario Camerini, 
e A Odisseia, de 1997, minissérie do diretor Andrei Konchalovsky. E aí, meu 
irmão, cadê você? é uma produção que pensa no retorno e na aventura de 
Ulisses, mas situa a história em um tempo e em um espaço completamente 
diferentes: o filme, de 2000, conta a história de Ulysses, um homem que tenta 
fugir, com alguns amigos, de um campo de trabalhos forçados no Mississipi. 
Estrelado por George Clooney, a produção foi indicada a dois Oscar. 
2001: uma odisseia no espaço pode ter um enredo bastante diferente do 
poema de Homero, mas o diretor, Stanley Kubrick, afirma ter pensado no 
clássico quando escolheu o título: “Nos ocorreu que, para os gregos, as vastas 
extensões do mar devem ter tido o mesmo tipo de mistério e de afastamento 
que o espaço tem para a nossa geração” (2001: A SPACE ODYSSEY, 2017). 
A aventura pode chamar o herói para qualquer tipo de lugar, seja o mar, seja 
o espaço sideral — o mais importante é que esse lugar proporcione uma 
aventura, um mistério, um desafio e um obstáculo. 
Há produções ainda mais recentes: o diretor da série de televisão Prison 
Break, por exemplo, baseou toda a quinta temporada, de 2017, no retorno para 
casa de Ulisses, por exemplo. Provavelmente, ainda existirão muitas mais 
no futuro. Odisseia é quase como um polvo com inúmeros tentáculos que se 
estendem no tempo, em direção ao futuro, e no espaço, em direção a todos 
os cantos do mundo. 
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ATENA. In: Wikipédia. 2017. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Atena>. 
Acesso em: 7 ago. 2017. 
BAKHTIN, M. A teoria do romance. São Paulo: Hucitec/Unesp, 1990.
CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. São Paulo: Pensamento, 2007. 
CARONTE. In: Wikipédia. 2017. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Caronte>. 
Acesso em: 7 ago. 2017.COSTA, V. Firmes no leme, marujos. 2012. Disponível em: <http://lounge.obviousmag.
org/pindorama/2012/10/firmes-no-leme-marujos.html>. Acesso em: 7 ago. 2017. 
DEUSES OLÍMPICOS. In: Wikipédia. 2017. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/
wiki/Deuses_ol%C3%ADmpicos>. Acesso em: 7 ago. 2017. 
2001: A SPACE ODYSSEY. In: Wikipédia. 2017. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/
wiki/2001:_A_Space_Odyssey#cite_ref-6>. Acesso em: 7 ago. 2017. 
HOMERO. Odisseia. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. 
HOMERO. In: Wikipédia. 2017. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Homero>. 
Acesso em: 6 ago. 2017. 
MANGUEL, A. Íliada e Odisseia de Homero: uma biografia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. 
POPOVA, M. Henri Matisse’s Rare 1935 Etchings for James Joyce’s Ulysses. 2012. Disponível 
em: <https://www.brainpickings.org/2012/06/19/matisse-ulysses-1935/>. Acesso 
em: 6 ago. 2017. 
Leituras recomendadas
ARISTÓTELES. A poética. 2001. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pes-
quisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2235>. Acesso em: 13 jul. 2017.
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DICA DO PROFESSOR
Neste vídeo, você vai perceber que compreender a Odisseia não é uma tarefa impossível. Você 
vai ver como um dos trechos mais famosos do poema épico de Homero pode ser interpretado e 
isso facilitará a sua leitura dos demais trechos do texto. 
Assista!
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EXERCÍCIOS
1) Sobre o conceito de epopeia clássica, é correto afirmar: 
A) É um gênero que trata das figuras de destaque do presente: pessoas famosas, estadistas, 
políticos, artistas, etc.
B) As epopeias clássicas trazem como protagonistas pessoas comuns; essas narrativas dão voz 
a toda uma sociedade, por isso são tão populares.
C) Esse gênero retrata histórias de aventuras ocorridas em um passado longínquo, quando 
tudo era melhor.
D) A epopeia clássica trabalha com fatos verdadeiros: aqueles fatos ocorridos no passado de 
um povo e que marcaram a sua história.
E) A epopeia clássica não trabalha apenas com heróis: uma figura muito comum dessas 
histórias é o protagonista que é o anti-herói, aquele pessoa que não corresponde ao ideal de 
coragem e de bravura.
2) Homero viveu na Grécia Antiga. Sobre as crenças religiosas dos gregos antigos, é 
correto dizer que: 
A) Eles acreditavam em apenas um Deus, para o qual faziam sacrifícios.
B) Para os gregos, o deus supremo era aquele que criava o mundo e depois se afastava de sua 
criação, deixando os homens decidindo sozinhos que rumo tomariam.
C) Zeus é o principal deus grego. Ele é tido como perfeito, um ser distante dos sentimentos 
mesquinhos humanos.
D) Os gregos costumavam realizar sacrifícios para os diferentes deuses.
E) O Olimpo era o local onde os deuses moravam e de onde eles não podiam sair, devido à 
sua natureza divina.
3) Homero escreveu duas epopeias determinantes para a tradição literária do Ocidente, 
a Ilíada e a Odisseia. Sobre a segunda narrativa, podemos afirmar que: 
A) As repetições constantes do texto devem-se à sua aproximação com a tradição oral.
B) O herói do poema, Ulisses, é reconhecido por sua enorme força e bravura no combate.
C) A Odisseia conta os perigos enfrentados por Ulisses ao longo de sua viagem de volta para 
Ítaca. Ele imagina como deve estar sua família em casa, mas o destino dessa viagem é um 
mistério até a sua chegada.
D) Homero levou cinco anos para acabar de escrever Odisseia – muito menos do que a Ilíada, 
que lhe tomou 10 anos para finalizar.
E) Os deuses gregos não interferem na jornada de Ulisses, herói e único responsável pelo seu 
destino.
4) 
Analise o trecho a seguir e assinale a alternativa correta. 
"A Zeus respondeu Atena, a deusa de olhos esverdeados: 'Pai de todos nós, mais 
excelso dos soberanos, se agrada aos corações dos deuses bem-aventurados que o 
sagaz Ulisses regresse a sua casa, enviemos agora Hermes mensageiro, Matador de 
Argos, à ilha de Ogígia para que rapidamente anuncie à ninfa de bela cabeleira a 
nossa vontade: que o paciente Ulisses a sua casa regresse'." 
A) Esse trecho indica como, no final das contas, é Ulisses o único responsável pelo seu 
destino. A expressão "sagaz Ulisses" indica isso.
B) Atenas refere-se a Ulisses quando fala do "Matador de Argos".
C) A vontade dos deuses pouca importa, por isso é necessário que um deles desça à terra para 
obrigar Calipso a soltar Ulisses.
D) Atena apenas quer agradar a Zeus, para que ele seja favorável a Ulisses, quando refere-se a 
ele como "'Pai de todos nós, mais excelso dos soberanos".
E) "Se agrada aos corações dos deuses bem-aventurados / que o sagaz Ulisses regresse a sua 
casa" são os dois versos que esclarecem o quanto os deuses interferem na vida dos mortais.
5) Sobre a jornada de regresso para casa de Ulisses, é correto afirmar: 
A) Ulisses está arrasado e envergonhado com a derrota dos gregos para os troianos, por isso 
atrasa sua chegada para casa.
B) Os companheiros de viagem de Ulisses voltam-se contra ele, recusando-se a obedecer às 
suas ordens.
C) A jornada de Ulisses é tão demorada porque ela representa um processo de 
autoconhecimento.
D) Sua esposa acaba casando com um homem importante e rico por acreditar que Ulisses 
havia morrido.
E) Quando Ulisses finalmente chega a Ítaca, ele é aclamado pelo povo, que está contente com 
a volta de seu herói.
NA PRÁTICA
A Odisseia já foi adaptada e serviu de inspiração para inúmero livros, filmes, pinturas, peças de 
teatro, etc. – tantos que é impossível fazer uma lista completa dessas produções artísticas que 
retomam o texto de Homero. É possível, porém, citar algumas bastante interessantes, que você 
confere a seguir:
Depois de ler ou de assistir a essas adaptações, você pode notar quais elementos aproximam-nas 
da Odisseia de Homero: como podemos reconhecer o texto clássico nessas novas narrativas? 
Você pode apontar dois desses elementos que acha que se destacam para uma das adaptações da 
lista. Da mesma forma, você pode destacar dois elementos que as distanciam: o que não existia 
na narrativa de Homero e que foi acrescentada pelos novos autores ou produtores? Reflita sobre 
como esses novos elementos atualizam a história de Ulisses.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Descubra neste texto a relação entre o mito dos heróis de Troia e os personagens da 
Odisseia.
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Você gostaria de desvendar o significado principal da Odisseia? Então leia este texto.
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