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O Romantismo (Parte II)_ Edgar Allan Poe e as narrativas de contramão

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O Romantismo (Parte II): Edgar Allan 
Poe e as narrativas de contramão
APRESENTAÇÃO
Imagine um jovem muito mau que encontra, em todos os lugares onde vai, uma pessoa que é 
idêntica a si e que o repreende por seus atos de maldade. Ou imagine um irmão angustiado com 
o suposto enterramento de sua irmã enquanto a jovem ainda estava viva. Ou um inimigo que é 
emparedado vivo em um ato de vingança. Ou, ainda, duas mulheres brutalmente assassinadas e 
um detetive para resolver o mistério que envolve esses crimes. Essas são algumas das sombrias 
e misteriosas narrativas do escritor norte-americano Edgar Allan Poe. Nesta Unidade de 
Aprendizagem, você vai ter a oportunidade de conhecer um pouco melhor a biografia e a obra 
desse grande autor romântico. Vai refletir sobre como seus textos podem apresentar 
características do Romantismo, apesar de algumas particularidades, e também vai se assustar e 
se maravilhar com os contos e os poemas de Poe.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer as características do Romantismo com as obras de Edgar Allan Poe.•
Relacionar as obras de Edgar Allan Poe com os gêneros policial e terror.•
Identificar alguns dos textos mais famosos de Edgar Allan Poe e analisá-los.•
DESAFIO
Imagine que você precisa apresentar, em sala de aula, um trabalho sobre Edgar Allan Poe e, em 
específico, sobre os seus poemas.
Como você faria para tornar o assunto interessante e chamar a atenção de seus colegas? Utilize o 
poema O corvo, de Poe, para construir sua proposta.
 
Francisco
Realce
Francisco
Realce
INFOGRÁFICO
Edgar Allan Poe foi um brilhante contista, poeta e crítico literário. Sua mais conhecida obra foi 
O corvo, seguida por outras obras de grande destaque na literatura norte-americana.
Confira, neste Infográfico, uma linha do tempo com fatos importantes da biografia de Edgar 
Allan Poe. Alguns desses acontecimentos marcaram muito a sua obra.
 
Francisco
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Francisco
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CONTEÚDO DO LIVRO
Nessa leitura, você vai identificar as características do Romantismo na literatura de Poe, mas 
também vai perceber como diferencia-se de outros escritores românticos. Vai analisar como 
muitos de seus textos identificam-se com dois gêneros específicos, o policial e o terror. Também 
vai interpretar alguns trechos de suas obras mais importantes e entrar em contato com suas 
análises teóricas sobre o conto.
Acompanhe a obra Textos fundamentais da literatura universal. Leia o capítulo O Romantismo 
(Parte II): Edgar Allan Poe e as narrativas de contramão, base teórica desta Unidade de 
Aprendizagem.
Boa leitura.
Francisco
Realce
TEXTOS
FUNDAMENTAIS
DA LITERATURA
UNIVERSAL
Luara Pinto Minuzzi
Revisão técnica:
Gabriela Semensato Ferreira 
Licenciatura em Letras
Mestrado em Letras
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
M668t Minuzzi, Luara Pinto.
Textos fundamentais da literatura universal / Luara 
Pinto Minuzzi. – Porto Alegre : SAGAH, 2017.
206 p. : il. ; 22,5 cm. 
ISBN 978-85-9502-172-3
1. Literatura universal. I. Título. 
CDU 82-7
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O romantismo (parte II): 
Edgar Allan Poe e as 
narrativas de contramão
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Relacionar as características do Romantismo com as obras de Edgar 
Allan Poe.
  Relacionar as obras de Edgar Allan Poe com os gêneros policial e terror.
  Identi� car alguns dos textos mais famosos de Edgar Allan Poe e 
analisá-los.
Introdução
Imagine um jovem muito mau que encontra, em todos os lugares em 
que vai, uma pessoa que é idêntica a si e que o repreende pelos seus 
atos de maldade. Ou um irmão angustiado com o suposto enterro da sua 
irmã enquanto a jovem ainda estava viva. Um inimigo que é emparedado 
vivo em um ato de vingança. Duas mulheres brutalmente assassinadas e 
um detetive para resolver o mistério que envolve esses crimes. Essas são 
algumas das sombrias e misteriosas narrativas do escritor norte-americano 
Edgar Allan Poe. 
Neste capítulo, você vai ter a oportunidade de conhecer um pouco 
melhor a biografia e a obra desse grande autor romântico. Vai refletir 
sobre como os seus textos podem apresentar características do Roman-
tismo, apesar de algumas particularidades. Aqui, você vai se assustar e se 
maravilhar com os contos e poemas de Poe. 
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Edgar Allan Poe e o Romantismo sombrio
O Romantismo foi um movimento artístico e cultural que teve início no século 
XVIII. Você deve conhecer algumas das suas características: os sentimentos 
exacerbados, o subjetivismo, o foco no “eu” (mais especifi camente, no interior 
e nas emoções do “eu”), a contemplação da natureza, a valorização da emoção, 
dos sonhos, do imaginário, das fantasias e do inconsciente. Esse movimento tem 
como tendência a oposição ao Iluminismo, que considerava a razão e a ciência 
como as únicas formas de se conhecer o mundo. Os românticos ainda iam 
contra algumas das consequências da Revolução Industrial, como o processo 
de substituição do homem pela máquina e a preocupação com a produtividade, 
com a quantidade de mercadorias fabricadas e vendidas, e com a quantidade 
de dinheiro arrecadada. Os românticos queriam deixar de lado esse mundo de 
efetividade exagerada e se refugiar em outro, com mais afetividade. 
Assim, escritores como Wolfgang von Goethe, Victor Hugo, Stendhal, 
Balzac, José de Alencar e Álvares de Azevedo cantam, nas suas obras, o amor 
e o sentimentos. Muitas vezes, esse amor é impossível e leva ao desespero, 
como é o caso da história de Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe. Em 
outras, aquelas pessoas mais simples e humildes, aquelas que se encontram na 
base da pirâmide social e que sofrem grandemente, são colocadas em destaque, 
como em Os miseráveis, de Victor Hugo. 
Portanto, apesar de todos esses autores serem românticos, eles escolhem 
temas diferenciados para retratar. Além disso, algumas vezes, os amores são 
impossíveis, enquanto, em outras, são concretizados. Você pode perceber, 
assim, que muitas características são comuns às obras românticas, mas que 
cada escritor e que cada texto tem as suas particularidades. É importante que 
você compreenda que o Romantismo, assim como qualquer outro movimento 
artístico, nunca é homogêneo, e que os escritores não escrevem obras iguais, 
apesar de seguirem algumas tendências semelhantes. 
 Edgar Allan Poe (Figura 1) é um desses escritores românticos. A sua 
obra, contudo, possui tantas peculiaridades que alguns estudiosos falam que 
ele pertenceria a um subgênero do Romantismo: o Romantismo sombrio, 
Romantismo gótico, Romantismo das trevas ou de contramão. Demônios, 
criminosos, lobisomens, vampiros e fantasmas, seres de outros mundos, são 
algumas das figuras bastante comuns nos textos desses românticos sombrios. 
Se não existe um nome específico para o que seriam as obras de Poe, todos 
esses citados anteriormente já dão uma ideia de como são as suas narrativas. 
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Figura 1. Edgar Allan Poe.
Fonte: Edgar Allan Poe (2017). 
Poe foi um escritor norte-americano que nasceu em 1809 e morreu em 
1849. Apesar de a sua vida ter sido relativamente curta, ele produziu muito, e 
sua obra compreende diferentes gêneros, como o conto, a poesia e a novela. 
A mãe do autor morreu quando ele era muito novo e, por isso, Poe viveu comuma família adotiva, os Allan. A situação financeira da família permitiu que 
ele estudasse em colégios de qualidade e tivesse uma boa educação. Porém, 
brigas constantes com o pai adotivo, John Allan, acabaram por afastar Poe. 
Ele trabalhou como colaborador em revistas e jornais e nunca chegou a se 
formar na Universidade, a qual abandonou após contrair dívidas com jogo. 
Casou-se com uma prima, Virginia Clemm, que tinha apenas 13 anos na 
data da cerimônia. Com ela, foi feliz, mas essa felicidade foi interrompida pela 
doença da mulher e pelo seu falecimento, um pouco mais de dez anos após o 
casamento. A sua vida foi marcada por sofrimentos, desde a morte prematura 
da mãe, até a doença e a morte de Virginia, além de Poe ter problemas com 
o álcool, depressão e um péssimo relacionamento com o pai adotivo. Tudo 
isso marcou a sua obra. 
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Muitos textos de Poe contêm elementos góticos. Assim como os demais 
românticos, Poe se preocupa, nas suas obras, em privilegiar a emoção. No en-
tanto, em vez de os sentimentos serem solares, como o amor e a felicidade, eles 
pendem para o lado do sombrio. A morte, a decomposição física, a falibilidade 
humana, a degradação, a loucura e o sofrimento são aspectos recorrentes na 
sua obra. Ele também não estava preocupado em dar lições de moral ou em 
dizer o que era certo e o que era errado — a sua maior preocupação era tocar 
e causar grandes emoções nos seus leitores. 
O tema do amor, recorrente entre os românticos, também aparece muito na 
sua obra. Porém, você deve imaginar, pelo que já foi dito, que o amor em Poe não 
é aquele amor feliz, tranquilo, realizado. O amor é fonte de sofrimento, e um 
poema dele, “Annabel Lee”, mostra bem isso: a amada morre, o que transtorna 
o eu lírico. Annabel Lee e o eu lírico se amavam e eram felizes:
Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar. (POE, 2009).
O eu lírico ama Annabel Lee e é correspondido pela moça. Ele diz que 
os dois vivem “num reino” e que essa história se passou “há muitos e muitos 
anos já”. Essa estrutura não lembra a dos contos de fada? Essas histórias cos-
tumam começar com “Era uma vez, em um reino distante, há muito tempo” 
ou com frases semelhantes a essa. Os contos de fada também são histórias 
que costumam ter finais felizes. Portanto, por conta desses elementos que 
remetem aos contos de fada e, igualmente, pelo conteúdo narrado (a felicidade 
entre os dois), o leitor imagina uma época de alegrias. Porém, esse início de 
felicidade é despedaçado:
E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar (POE, 2009).
Figura 2. Manuscrito do poema “Annabel Lee”.
Fonte: Annabel Lee (2016).
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A expectativa de felicidade é quebrada, pois os anjos, com inveja do amor 
dos dois, mandam um vento gelado que mata Annabel. Os anjos, figuras que, 
em geral, protegem os seres humanos, aqui são os responsáveis pela morte da 
mulher — o que cria uma inversão do esperado e aumenta o clima lúgubre. O 
eu lírico acaba o poema afirmando que pensa na sua amada todos os dias e que 
permanece sempre próximo ao “sepulcro ao pé do mar./Ao pé do murmúrio 
do mar” (POE, 2009). 
Não se sabe que mulher serviu de inspiração para Poe criar Annabel Lee 
— se é que houve uma única a servir de modelo ou se essa personagem não 
seria apenas fruto da imaginação do escritor. Muitos estudiosos apontam, por 
outro lado, que o tema da amada morta é uma constante na obra de Poe e pode 
estar relacionado às mulheres que ele perdeu ao longo de sua vida, como a 
sua mãe biológica, a sua mãe adotiva e a sua esposa.
Contudo, não é tão importante se a personagem ficcional teve ou não uma 
correspondente no plano do real — importa que você repare que Poe não diz 
que Annabel morre de uma pneumonia, por exemplo. Ela morre com um 
vento gelado que sai de uma nuvem de noite — ou seja, ele está menos preo-
cupado com explicações científicas da causa do óbito do que com a angústia 
e o desespero sentidos por quem sofre a perda do ser amado. A fantasia e a 
imaginação igualmente entram em cena, uma vez que um vento que sai de 
uma nuvem para matar uma mulher em específico definitivamente não seria 
uma explicação racional, lógica e científica apropriada. Mas, para o sonhador, 
ao contrário, esse pode ser o melhor esclarecimento.
Portanto, Poe é um romântico e um sonhador — e, como afirma o poeta 
francês Charles Baudelaire em um ensaio sobre o escritor americano, “para 
ele, a imaginação era a rainha das faculdades” (POE apud BAUDELAIRE, 
2012, p. 16). O poeta segue explicando que, para Poe, a imaginação seria algo 
quase divino que chega a prever fenômenos e acontecimentos; que percebe “[...] 
as relações íntimas e secretas das coisas, as correspondências e as analogias” 
(POE apud BAUDELAIRE, 2012, p. 16). O contrário da imaginação seria a 
ciência, que compartimentaliza tudo e, consequentemente, não percebe o elo 
de ligação entre todas as coisas do mundo — e essa é justamente uma das 
diferenças entre o Iluminismo e o Romantismo: o romântico procura sentir a 
realidade como um todo, ao contrário do iluminista que a fatia para melhor 
a estudar e analisar.
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Neste link, você pode conferir uma leitura dramática do 
poema “Annabel Lee” na sua versão original:
https://goo.gl/wTPVAd 
Nesse mesmo ensaio, Baudelaire discorre sobre “O corvo”, outro poema 
de Poe. Nesse poema, novamente surge a saudade do eu lírico por uma amada 
que já morreu. Baudelaire destaca três aspectos de “O corvo”: 
  o refrão, “nada mais” ou “nunca mais” (nothing more e nevermore, em 
inglês), que cria um clima de melancolia e desespero; 
  a escolha pela representação de um corvo, pássaro cuja simbologia 
remete para o funesto e fatal; 
  o ambiente no qual o personagem se encontra, um local rico e magni-
ficamente mobiliado, pois, conforme explica Poe, a pobreza é trivial 
e não é bela. 
Confira um trecho de “O corvo” para perceber como tudo isso se organiza:
Abro a janela, e de repente,
Vejo tumultuosamente
Um nobre corvo entrar, digno de antigos dias.
Não despendeu em cortesias
Um minuto, um instante. Tinha o aspecto
De um lord ou de uma lady. E pronto e reto,
Movendo no ar as suas negras alas,
Acima voa dos portais,
Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas;
Trepado fica, e nada mais (POE, 2017).
Esse é o primeiro momento em que o protagonista se encontra com o corvo. 
Ele pergunta ao corvo qual é o seu nome e obtém como resposta “nunca mais”. 
A todos os questionamentos feitos, essa é sempre a mesma réplica: “nunca 
mais”. O eu lírico indaga, por exemplo, se a sua amada que já morreu, Lenora, 
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pode escutá-lo — ao que o corvo diz “nuncamais”. O clima de pessimismo 
vai aumentando e é quase desesperador quando chega essa estrofe:
Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno
Onde reside o mal eterno,
Ou simplesmente náufrago escapado
Venhas do temporal que te há lançado
Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo
Tem os seus lares triunfais,
Dize-me: existe acaso um bálsamo no mundo?”
E o corvo disse: “Nunca mais” (POE, 2017).
Não há cura, não há salvação, não há bálsamo possível, não há resolução 
dos problemas. Por isso e por tudo o que já discutimos aqui, Edgar Allan Poe 
é considerado um romântico, mas um romântico sombrio. 
Edgar Allan Poe e os gêneros policial e terror
Poe escreveu textos satíricos e humoristas, textos sombrios, textos policias, 
textos de terror, etc. Agora focaremos nas suas obras de terror e policiais, 
pelas quais ele acabou fi cando mais famoso. 
Primeiramente, você sabe o que são romances ou contos policiais? Essas 
narrativas giram em torno de um crime que precisa ser resolvido. Geralmente, 
a história consiste nas tentativas de desvendar o mistério ao redor desse crime, 
não no crime propriamente dito. E você sabia que o precursor desse gênero, 
tão conhecido hoje e tão popular por tanto tempo, foi justamente Poe? Com o 
seu personagem C. Auguste Dupin, o escritor lançou as bases do que viriam 
a ser as histórias policiais.
O detetive Dupin é personagem de algumas tramas de Poe, como Os As-
sassinatos da Rua Morgue (Figura 2), O Mistério de Marie Rogêt e A Carta 
Roubada. É no primeiro conto citado, Os Assassinatos da Rua Morgue, que 
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ele aparece pela primeira vez. Dupin é um homem extremamente reservado, 
que sai muito pouco de casa — quando sai, o faz somente pela noite. Ele lê e 
estuda muito e tem uma capacidade de observação e de análise muito acima 
da média. Nesse conto, o narrador se estabelece em Paris por um tempo, onde 
conhece Dupin, e os dois decidem morar juntos. Em inúmeras ocasiões, ele 
fica espantado com todas as informações que Dupin podia depreender a partir 
de pequenos detalhes — em um passeio dos dois pela rua, por exemplo, Dupin 
adivinha o que o narrador estava pensando. Sobre essa faculdade, o próprio 
personagem explica: “Vangloriava-se, para mim, com uma pequena risada, 
que a maioria dos homens, no que lhe dizia respeito, portava janelas em seus 
peitos, e costumava fazer acompanhar tais asserções de provas diretas e assaz 
surpreendentes de seu conhecimento [...]” (POE, 2012, p. 306).
Figura 2. Ilustração para o conto “Os assas-
sinatos da Rua Morgue”.
Fonte: Os assassinatos da rua Morgue (2017). 
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Era desta forma que Dupin desvendava crimes recobertos de mistério: a 
partir da análise lógica de detalhes que passavam despercebidos aos outros. 
Apenas olhando para um indivíduo que ele nunca encontrara antes, sobre o qual 
não tinha nenhum conhecimento e sem fazer quaisquer tipos de perguntas, ele 
era capaz de deduzir inúmeras informações: talvez a roupa usada indicasse a 
profissão, um tique denunciasse algum distúrbio psicológico ou a sujeira no 
solado do sapato demonstrasse por onde o sujeito havia andado — tudo podia 
servir de fonte de conhecimentos para Dupin.
O narrador e Dupin já estão morando juntos há algum tempo quando o 
jornal diário noticia dois brutais assassinatos ocorridos na Rua Morgue: uma 
mulher e a sua filha são mortas com uma força e violência completamente 
desnecessárias e exageradas. Nenhum detalhe desse macabro crime é escondido 
do leitor: a garganta degolada, as escoriações e a forma como os corpos foram 
encontrados ajudam a criar o clima de horror e de suspense e causam um grande 
impacto — um dos objetivos de Poe, como você já viu. Este é, inclusive, um 
dos maiores objetivos de uma narrativa policial: causar medo no leitor. Esse 
medo é consequência, principalmente, do contato com o desconhecido. Nesse 
caso, duas mulheres morreram (de uma forma bárbara), e ninguém é capaz de 
apontar sequer uma pista para descobrir quem foi o culpado. Além do medo, 
a curiosidade também é aguçada. 
Os policiais ficam bastante perdidos e não sabem por onde o criminoso 
poderia ter entrado ou saído, pois não há evidência de arrombamento. Além 
disso, no momento das mortes, assim que os gritos das duas mulheres foram 
ouvidos, vários vizinhos correram e entraram na casa, não encontrando nin-
guém lá. Como o assassino teria fugido e como teria conseguido fazê-lo tão 
rápido? Essas são algumas das questões que não são respondidas. 
Dupin toma para si a tarefa de descobrir o que realmente aconteceu na 
rua Morgue e logo encontra a solução. Ele visita a cena do crime e lê os 
depoimentos. Depois disso, fala ao narrador: “Na verdade, a facilidade com 
que chegarei, ou cheguei, à solução desse mistério está em proporção direta 
com sua aparente insolubilidade aos olhos da polícia” (POE, 2012, p. 318). A 
sua capacidade de observação, muito mais aguçada do que a da maioria das 
pessoas, faz, inclusive, com que o personagem assuma uma atitude de soberba 
em alguns momentos. 
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Quando falamos em Dupin e na sua capacidade de resolver crimes a partir da análise 
dos detalhes envolvidos, você se lembra de algum outro famoso personagem? Talvez 
essa figura criada por Poe faça com que você se recorde do detetive Sherlock Holmes, 
inventado por Arthur Conan Doyle. E foi justamente em Dupin, bem como em outras 
figuras, que Conan Doyle pensou para criar Homes e o seu fiel amigo, o doutor Watson. 
Essas narrativas eram pensadas pelo escritor em cada pormenor — quando 
ele redigia a primeira linha, já sabia exatamente o que aconteceria no fi-
nal. Dessa forma, todos os detalhes eram planejados, assim eles poderiam 
encaminhar para a solução com perfeição. Preste atenção na colocação de 
Poe, que Baudelaire traz no seu estudo sobre esse escritor: “’Acredito poder 
me exaltar’, diz ele com um orgulho divertido que não considero de mau 
gosto, “por nenhum ponto da minha composição ter sido deixado à sorte e 
porque a obra toda caminhou passo a passo rumo à sua meta com a precisão 
e lógica rigorosa de um problema matemático” (POE apud BAUDELAIRE, 
2012, p. 22).
Meta. Precisão. Lógica rigorosa. Problema matemático. Você pode até 
pensar que essa não parece ser uma forma muito romântica de construir 
um texto literário, já que são usadas a razão e a lógica e, por outro lado, a 
fantasia e a inspiração ficam um pouco esquecidas. Além disso, Dupin se 
baseia justamente na lógica e na razão para desvendar os crimes, o que vai 
na contramão da tendência romântica. Contudo, você deve lembrar que, na 
realidade, as coisas não funcionam de uma forma tão simples: a obra de um 
escritor romântico pode apresentar inúmeras características românticas, 
mas também uma ou outra característica realista, simbolista ou o que for. 
Poe também escreveu outro tipo de histórias: as histórias de terror ou narra-
tivas góticas. Nelas, há um aspecto de extrema importância: o estranhamento. 
Para causar o estranhamento no leitor, as suas histórias apresentam fenômenos 
violentos, bizarros e sobrenaturais. Muitos dos seus personagens vivem em 
um estado de desespero ou estão à beira da loucura. “William Wilson”, “O 
poço e o pêndulo” (Figura 3), “O gato preto”, “O barril de amontilhado” e “O 
escaravelho de ouro” são alguns exemplosde contos de terror escritos por Poe. 
Para entender um pouco mais esse tipo de texto, você deve analisar o conto 
“A queda da casa de Usher”, publicado pela primeira vez na revista Burton’s 
Gentleman’s Magazine em 1839. 
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Figura 3. Ilustração de 1819 de “O poço e 
o pêndulo”.
Fonte: The Pit and the Pendulum (2016).
A história desse conto é a seguinte: o narrador recebe uma carta do seu 
amigo, Roderick Usher, pedindo-lhe ajuda, pois estava doente, e convidando-o 
a se hospedar na sua casa. Quando chega à casa, o narrador nota uma racha-
dura desde o telhado da construção. Algo no aspecto do prédio lhe causa um 
grande sentimento de opressão:
Não sei dizer como — mas, ao primeiro relance do edifício, uma sensação 
de insuportável desespero invadiu meu espírito. [...] Havia uma gelidez, 
uma prostração, uma repulsa no coração - uma irremediável consternação 
do pensamento que estímulo algum da imaginação podia instigar ao 
que quer que fosse de sublime (POE, 2012, p. 221).
Apesar de o narrador não saber apontar qual elemento do prédio causava-
-lhe essa sensação, a verdade é que não conseguia evitar sentir-se mal. Toda 
essa descrição já inicia a criar a atmosfera sombria que tomará conta do 
resto da narrativa. Além disso, você deve prestar atenção em como essa 
descrição é feita: o leitor não tem muitos dados objetivos sobre a casa, 
como o seu tamanho ou a sua cor; em compensação, sabe muito sobre que 
tipos de sentimentos ela causa no seu observador. Esta é uma das marcas do 
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Sublinhado
Romantismo: a realidade objetiva dá lugar ao subjetivismo. Aqui, o horror 
não surge de algo específico e não tem explicação. Esse é um horror muito 
mais do plano onírico, algo que simplesmente surge como das profundezas 
do inconsciente.
O estado de Roderick realmente não é muito bom: a sua ansiedade é doentia, 
ele se preocupa em demasia com a possibilidade de contrair doenças e revela 
ter a sensação de que a casa que os abriga está viva. O medo surge em todos 
os momentos da sua vida: “A uma espécie anômala de terror descobri que era 
escravizado. “Perecerei’ disse-me, ‘estou fadado a perecer nessa deplorável 
loucura. Desse modo, e de nenhum outro, conhecerei minha ruína” (POE, 
2012, p. 226).
A sua irmã gêmea, apesar de nunca aparecer em cena, é assunto das con-
versas de Roderick: segundo ele, Madeline igualmente está doente e tem crises 
em que parece estar realmente morta, apesar de não estar verdadeiramente.
Depois de algum tempo, Roderick conta que a sua irmã morreu — mais 
uma morte de uma bela mulher na obra de Poe. Contudo, quando vão en-
terrar o corpo dela, o narrador nota que as bochechas da mulher estão 
rosadas. Ele nota “[...] um tênue rubor no busto e nas faces, e esse sorriso 
suspeitosamente relutante no lábio que é tão terrível na morte” (POE, 2012, 
p. 234). Porém, justifica o seu aspecto pelo tipo de morte que a jovem teve 
e não pensa mais nisso. 
Depois disso, a condição psicológica de Roderick vai piorando cada vez 
mais, e aquela sensação de terror, inspirada inicialmente pela fachada da 
casa, vai se intensificando. A partir de um determinado momento, o narrador 
também começa a ouvir barulhos estranhos que, inicialmente, apenas o dono 
da casa parecia perceber: ele escuta “[...] o som de algo gritando ou rapando, 
baixo, aparentemente distante” (POE, 2012, p. 238). De onde vem esses sons? O 
que os causa? A causa do rubor de Madeline, quando foi enterrada, realmente 
devia-se à doença que a levara ao óbito? O que acontece com Roderick? E 
o narrador? É envolvido completamente pela loucura da casa de Usher ou 
consegue escapar? Todas essas indagações e curiosidades são despertadas no 
leitor ao longo da leitura desse misterioso e envolvente conto. Para resolvê-las, 
basta ler a narrativa até o final.
Nessa história, portanto, surgem temas recorrentes da obra de Poe: a morte, 
a loucura, o medo, a melancolia. Como um bom romântico, Poe coloca em foco 
o psiquismo e os sentimentos dos seus personagens, os dois irmãos gêmeos 
que desenvolvem uma ligação bastante doentia. A presença de elementos 
fantásticos e inexplicáveis, no que diz respeito à razão e à ciência, ainda o 
identificam a essa escola literária.
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O legado de Edgar Allan Poe 
Edgar Allan Poe, além de um grande escritor, ainda teorizou sobre a literatura e 
os seus escritos. O autor pensou, em especial, sobre um gênero muito cultivado 
por ele: o conto. Pensar teoricamente sobre a literatura foi algo que outros 
românticos também fi zeram — o romântico alemão Karl Wilhelm Friedrich von 
Schlegel, por exemplo, pensou sobre quais eram os aspectos mais importantes 
do Romantismo na sua obra Fragmentos Sobre Poesia e Literatura. 
Em algumas resenhas publicadas nas revistas nas quais colaborava e em 
um texto intitulado “A filosofia da composição”, Poe concebeu uma espécie 
de poética do conto — aspectos sobre os quais ele refletiu incluem:
  como esse tipo de texto deve ser estruturado;
  qual é o seu tamanho ideal; 
  que temas podem ser escolhidos. 
Uma das suas ideias dizia respeito ao tempo ideal de leitura de um conto, 
que deveria ser uma hora. Um conto excessivamente grande ou excessiva-
mente curto, segundo Poe, não teria o impacto que os contos deveriam ter. 
Um leitor pode terminar a leitura de um conto dessa extensão sem pausas, 
o que contribuiria para levar a cabo a intenção do autor e a sensação que ele 
deseja causar no seu leitor. Essa seria, portanto, uma vantagem do conto sobre 
o romance: a leitura totalizadora, a unidade de efeito e de impressão. Essa 
ideia estaria relacionada com uma nova forma de as pessoas se relacionarem 
com a realidade e com um mundo pautado pela pressa e pela rapidez.
Sobre a sua teorização do conto, Baudelaire comenta as vantagens desse 
gênero sobre todos os outros tipos de narrativas. O conto, por poder ser lido de 
uma só vez, “[...] deixa no espírito uma marca muito mais poderosa que uma 
leitura intermitente, muitas vezes interrompida por problemas de negócios e 
preocupações com interesses mundanos” (POE apud BAUDELAIRE, 2012, 
p. 17). Essa totalidade do efeito lhe dá uma vantagem muito especial.
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A sistematização do conto como gênero foi extremamente importante em uma época 
na qual esse tipo de narrativa ainda era tomado como menos importante ou menos 
sério quando em comparação com o romance ou a poesia — e Poe é considerado 
o primeiro a refletir teoricamente sobre esse gênero. A sua preferência pela escrita 
de contos, ainda muito pouco cultivados, igualmente aponta para a originalidade do 
escritor dentro do contexto em que vivia.
A teoria de Poe foi tomada como parâmetro por vários escritores que vieram 
depois dele. Dois importantes exemplos são o argentino Júlio Cortázar e o 
brasileiro Machado de Assis. Se Machado de Assis faz uma referência ao autor 
norte-americano no prefácio do seu livro Várias histórias, Cortázar publica 
inúmeros artigos e ensaios nos quais procura compreender os ensinamentos 
de Poe, levando-os muito adiante. Ele mesmo afirma que rastros dos textos de 
Poe podem ser encontrados no seus próprios textos. Também sentencia que, 
se não tivesse lido alguns dos contos fantásticosde Poe, ele próprio talvez 
não tivesse enveredado por esse caminho.
Antes deles, outro grande escritor, o francês Charles Baudelaire, já havia 
mostrado grande interesse pela obra de Poe, tendo traduzido inúmeros dos seus 
textos. Além disso, tendo sido Poe o precursor do gênero policial, você pode 
concluir que nenhuma narrativa policial da atualidade, seja ela em formato de 
livro, filme, história em quadrinho, etc., existiria se não fosse pelo personagem 
Dupin e as histórias por ele protagonizadas. 
A lista dos escritores inspirados nas narrativas de Poe é imensa. Alguns 
deles são os americanos Mark Twain e Herman Melville, os franceses Verlaine, 
Rimbaud, Valéry e Mallarmé, o argentino Jorge Luis Borges e o russo Fiódor 
Dostoiévski. 
Mas o impacto das suas obras não é sentido apenas na literatura. Há estudos 
mostrando como o estilo musical Heavy Metal se aproxima das narrativas de 
Poe. Além disso, as adaptações das suas obras para o cinema já são contabi-
lizadas em mais de uma centena. Muitas histórias em quadrinhos e desenhos 
também devem muito à sua obra. Há, inclusive, um museu dedicado à vida 
e à obra do escritor: o Poe Museum. Localizado no estado de Virginia, nos 
Estados Unidos, o museu conta com manuscritos, cartas, primeiras edições 
e objetos pessoais de Poe. 
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Por fim, toda vez que você se deparar com uma história que possui uma 
atmosfera lúgubre, com mortes misteriosas e inexplicáveis, crimes aparente-
mente insolúveis e detetives que o resolvem por meio da observação, acredite: 
você provavelmente está lidando com algum dos muitos frutos da obra de 
Edgar Allan Poe. 
Você pode ter acesso a poemas e contos de Edgar Allan 
Poe no site: 
https://goo.gl/QwKzf 
1. Edgar Allan Poe foi um escritor 
romântico. Apesar disso, as suas 
obras apresentam algumas 
peculiaridades. Sobre a relação 
do escritor com a Romantismo, 
é correto afirmar que:
a) um dos temas dos textos de Poe 
é o amor. Porém, diferentemente 
do que encontramos na 
obra de muitos românticos, 
o amor nas obras de Poe é 
um amor realizado e feliz.
b) o escritor prezava pela inspiração: 
escrevia as suas histórias 
sem saber que final daria a 
elas para que essa liberdade 
estimulasse a sua imaginação.
c) como os românticos, Poe 
colocava os sentimentos 
em destaque em todos 
os seus textos.
d) Poe compartilha de muitas 
características do movimento 
romântico. Muitos estudiosos, 
contudo, consideram a sua obra 
como parte de um subgênero, 
o Romantismo sombrio.
e) Poe retrata, nas suas obras, as 
pessoas mais pobres e miseráveis, 
e o sofrimento delas por não 
terem meios de sobreviver. 
Muitos escritores românticos 
também retrataram esse tema.
2. Poe escreveu alguns contos policiais. 
Sobre essas histórias e sobre o 
gênero policial, é possível dizer que:
a) Poe foi o precursor do gênero 
com as suas histórias, que têm 
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como personagem central Dupin.
b) nas histórias policiais de Poe, os 
personagens desvendam crimes 
misteriosos a partir da intuição.
c) o gênero policial tem como 
foco o próprio ato do crime: 
o momento em que alguém 
é assassinado, por exemplo, 
poderia ser a narrativa de 
uma história policial.
d) o protagonista das histórias 
policiais de Poe, Dupin, é 
um agente da polícia muito 
correto e honesto. A sua 
figura é quase como a de 
um herói que salva todos.
e) essas narrativas não têm 
como intenção causar 
medo nos leitores, apenas 
aguçar a sua curiosidade.
3. Poe escreveu muitas histórias 
consideradas como de terror. 
Sobre tais narrativas e o seu 
gênero, é possível afirmar que:
a) fogem da estética romântica 
por trazerem um clima 
lúgubre e sombrio.
b) todos os acontecimentos 
aparentemente sobrenaturais 
dos seus contos acabam 
sendo explicados e 
esclarecidos de forma racional 
ao final das narrativas.
c) “Os assassinatos da Rua Morgue” 
é um exemplo de conto de 
terror de Poe, pois coloca em 
cena assassinatos macabros 
que não são desvendados.
d) Poe não segue a sua própria 
teoria do conto ao escrever 
esses contos de terror: eles 
costumam ser compridos e não 
obedecer à teoria da unidade 
que Poe acreditava que o 
conto deveria apresentar.
e) o estranhamento é um 
dos efeitos causados 
por essas narrativas.
4. O poema “O corvo”, de Edgar 
Allan Poe, é um dos seus textos 
mais famosos e mais adaptados. 
Leia as duas primeiras estrofes 
do poema e assinale a alternativa 
correta sobre a sua interpretação.
Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu, caindo de sono e 
exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um 
soar devagarinho,
E disse estas palavras tais:
“É alguém que me bate à 
porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais.”
Ah! bem me lembro! 
bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre 
o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos 
chamam Lenora.
E que ninguém chamará mais.
a) Poe utiliza o refrão como um 
recurso nesse poema: todas as 
estrofes acabam com “mais”, 
“nada mais” ou “nunca mais”.
b) Quando o eu lírico fala “É 
alguém que me bate à porta 
de mansinho; / Há de ser isso 
e nada mais”, ele expressa a 
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sua vontade de permanecer 
sozinho e não receber visitas.
c) O eu lírico relata os 
acontecimentos como se eles 
estivessem acontecendo no 
exato momento de sua narração.
d) Lenora é a amada do eu lírico e 
ele desespera-se, pois ela não 
corresponde ao seu amor.
e) Nos versos “Repouso (em 
vão!) à dor esmagadora / 
Destas saudades imortais”, 
a expressão “em vão” foi 
colocada entre parênteses 
por não ser tão importante ao 
sentido do que é expressado.
5. “O poço e o pêndulo” é uma 
narrativa de Edgar Allan Poe. 
Nela, o narrador conta ao leitor 
que foi condenado à morte. Leia 
a abertura da narrativa, abaixo, e 
assinale a alternativa correta.
Eu estava esgotado — mortalmente 
esgotado por aquela longa agonia; 
e quando enfim me desataram, 
e foi-me dada a permissão de 
sentar, percebi que os sentidos me 
faltavam. A sentença — a pavorosa 
sentença de morte - foi a última de 
distinta articulação a chegar aos 
meus ouvidos. Depois disso, o som 
das vozes inquisitoriais pareceu 
fundir-se em um único murmúrio 
vago e onírico. Ele transmitiu à alma 
a ideia de rotação — talvez por 
associar-se em minha imaginação 
ao rumor de uma roda de moinho. E 
contudo, por um tempo, eu vi; mas 
com que terrível exagero! Vi os lábios 
dos juízes em seus mantos negros.
a) O momento em que o narrador 
recebe a sua sentença de 
morte é descrito de forma 
direta e bastante objetiva.
b) A subjetividade do narrador 
altera a forma como ele 
percebe a realidade ao seu 
redor. Você pode notar isso, por 
exemplo, quando ele afirma: 
“E, contudo, por um tempo, 
eu vi; mas com que terrível 
exagero! Vi os lábios dos juízes 
em seus mantos negros”.
c) O leitor sabe que o narrador 
e seus inquisidores estão 
perto de um moinho.
d) A sentença de morte 
chegou como uma grande 
surpresa ao narrador, que 
não esperava nada do tipo.
e) O narrador fala em “murmúrio 
vago e onírico”, porque ele 
finalmente consegue descansar 
após a longa agonia a que 
se refere na primeira frase.
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ANNABEL LEE. In: Wikipédia. 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/
Annabel_Lee>.Acesso em: 9 ago. 2017.
OS ASSASSINATOS DA RUA MORGUE. In: Wikipédia. 2017. Disponível em: <https://
pt.wikipedia.org/wiki/Os_Assassinatos_da_Rua_Morgue>. Acesso em: 9 ago. 2017.
EDGAR ALLAN POE. In: Wikipédia. 2017. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/
Edgar_Allan_Poe>. Acesso em: 9 ago. 2017.
POE, E. A. Contos de imaginação e mistério. São Paulo: Tordesilhas, 2012.
POE, E. A. Annabel Lee. 2009. Disponível em: <http://licrisdevaneiosliterarios.blogspot.
com.br/2009/06/annabel-lee-edgar-allan-poe.html>. Acesso em: 10 ago. 2017. 
POE, E. A. O corvo. 2017. Disponível em: <https://pt.wikisource.org/wiki/O_Corvo_
(tradu%C3%A7%C3%A3o_de_Machado_de_Assis)>. Acesso em: 12 ago. 2017.
THE PIT AND THE PENDULUM. In: Wikipédia. 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.
org/wiki/The_Pit_and_the_Pendulum>. Acesso em: 9 ago. 2017.
Leitura recomendada
FREITAS, A. Romance policial: origens e experiências contemporâneas. [2017]. Disponível em: 
<http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:MUnNG5sUim4J:www.
uff.br/revistacontracultura/Adriana%2520Freitas_artigo_romance_policial.
pdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 12 ago. 2017.
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Neste vídeo, você vai conhecer qual é a trama de um dos mais famosos contos de Edgar Allan 
Poe, William Wilson. Vai descobrir que elementos surgem nessa história que podem causar 
medo e pavor no leitor. Assista.
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EXERCÍCIOS
1) Edgar Allan Poe foi um escritor romântico. Apesar disso, suas obras apresentam 
algumas peculiaridades. Sobre a relação do escritor com a Romantismo, é correto 
afirmar que:
A) um dos temas dos textos de Poe é o amor. Ao contrário de muitos românticos, porém, o 
amor nas obras de Poe é um amor realizado e feliz.
B) o escritor prezava pela inspiração: escrevia suas histórias sem saber que final daria a elas, 
para que essa liberdade estimulasse sua imaginação.
C) como os românticos, Poe colocava os sentimentos em destaque em todos os seus textos.
D) Poe compartilha de muitas características do movimento romântico. Muitos estudiosos, 
contudo, consideram sua obra como fazendo parte de um subgênero, o Romantismo 
Sombrio.
E) Poe retrata, em suas obras, as pessoas mais pobres e miseráveis e o sofrimento delas por 
não terem meios de sobreviver. Muitos escritores românticos também retrataram esse 
tema.
Poe escreveu alguns contos policiais. Sobre essas histórias e sobre o gênero policial, 2) 
podemos dizer que:
A) Poe foi o precursor do gênero com suas histórias que tem como personagem central Dupin.
B) nas histórias policiais de Poe, os personagens desvendam crimes misteriosos a partir da 
intuição.
C) o gênero policial tem como foco o próprio ato do crime: o momento em que alguém é 
assassinado, por exemplo, poderia ser a narrativa de uma história policial.
D) o protagonista das história policiais de Poe, Dupin, é um agente da polícia muito correto e 
honesto. Sua figura é quase como a de um herói que salva todos.
E) essas narrativas não têm como intenção causar medo nos leitores, mas apenas aguçar sua 
curiosidade.
3) Poe escreveu muitas histórias consideradas como sendo de terror. Sobre tais 
narrativas e seu gênero, podemos afirmar que:
A) essas narrativas fogem da estética romântica por trazerem um clima lúgubre e sombrio.
B) todos os acontecimentos aparentemente sobrenaturais de seus contos acabam sendo 
explicados e esclarecidos de forma racional ao final das narrativas.
C) "Os assassinatos da Rua Morgue" é um exemplo de conto de terror de Poe, pois coloca em 
cena assassinatos macabros que não são desvendados.
D) Poe não segue sua própria teoria do conto ao escrever esses contos de terror: eles 
costumam ser compridos e não obedecer à teoria da unidade a qual Poe acreditava que o 
conto deveria apresentar.
E) o estranhamento é um dos efeitos causados por essas narrativas.
4) O poema "O corvo", de Edgar Allan Poe, é um de seus textos mais famosos e que 
mais vezes foi adaptado. Leia as duas primeiras estrofes do poema e assinale a 
alternativa correta sobre a sua interpretação. 
"Em certo dia, à hora, à hora Da meia-noite que apavora, Eu, caindo de sono e 
exausto de fadiga, Ao pé de muita lauda antiga, De uma velha doutrina, agora morta, 
Ia pensando, quando ouvi à porta Do meu quarto um soar devagarinho, E disse estas 
palavras tais: 'É alguém que me bate à porta de mansinho; Há de ser isso e nada 
mais'. Ah! bem me lembro! bem me lembro! Era no glacial dezembro; Cada brasa do 
lar sobre o chão refletia A sua última agonia. Eu, ansioso pelo sol, buscava Sacar 
daqueles livros que estudava Repouso (em vão!) à dor esmagadora Destas saudades 
imortais Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora. E que ninguém chamará 
mais."
A) Poe utiliza o refrão como um recurso nesse poema: todas as estrofes acabam com "mais", 
"nada mais" ou "nunca mais".
B) Quando o eu lírico fala "É alguém que me bate à porta de mansinho; / Há de ser isso e 
nada mais", ele expressa a sua vontade de permanecer sozinho e não receber visitas.
C) O eu lírico relata os acontecimentos como se eles estivessem acontecendo no exato 
momento de sua narração.
D) Lenora é a amada do eu lírico e ele desespera-se, pois ela não corresponde ao seu amor.
E) Nos versos "Repouso (em vão!) à dor esmagadora / Destas saudades imortais", a expressão 
"em vão" foi colocada entre parênteses por não ser tão importante ao sentido do que é 
expressado.
"O poço e o pêndulo" é uma narrativa de Edgar Allan Poe. Nela, o narrador conta ao 
leitor que foi condenado à morte. A abertura da narrativa é a seguinte: "Eu estava 
esgotado – mortalmente esgotado por aquela longa agonia; e quando enfim me 
5) 
desataram, e foi-me dada a permissão de sentar, percebi que os sentidos me faltavam. 
A sentença – a pavorosa sentença de morte – foi a última de distinta articulação a 
chegar aos meus ouvidos. Depois disso, o som das vozes inquisitoriais pareceu fundir-
se em um único murmúrio vago e onírico. Ele transmitiu à alma a ideia de rotação – 
talvez por associar-se em minha imaginação ao rumor de uma roda de moinho. E 
contudo, por um tempo, eu vi; mas com que terrível exagero! Vi os lábios dos juízes 
em seus mantos negros." 
Sobre a interpretação desse excerto do conto, é correto dizer que:
A) o momento em que o narrador recebe sua sentença de morte é descrito de forma direta e 
bastante objetiva.
B) a subjetividade do narrador altera a forma como ele percebe a realidade ao seu redor. 
Notamos isso, por exemplo, quando ele afirma: " E contudo, por um tempo, eu vi; mas 
com que terrível exagero! Vi os lábios dos juízes em seus mantos negros".
C) o leitor sabe que o narrador e seus inquisidores estão perto de um moinho.
D) a sentença de morte chegou como uma grande supresa ao narrador, que não esperava nada 
como isso.
E) o narrador fala em "murmúrio vago e onírico", porque ele finalmente consegue descansar 
após a longa agonia a que se refere na primeira frase.
NA PRÁTICA
A obra de Edgar Allan Poe já foi adaptada inúmeras vezes. Suas narrativas e seus poemas 
transformaram-se em filmes, histórias em quadrinho, desenhos e outros livros. Confira uma lista 
dessas adaptações.
 
Algumas dessas obras seguem a mesma trama das histórias de Poe, mas as adaptam a suportes 
diferentes. Outras usam as narrativas do escritor americano como inspiração para pensar em 
enredos diferentes. De qualquer jeito, você pode perceber o quanto as obras de Poe despertam a 
atenção desde que ele as publicou, no século XIX, até os dias de hoje.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões doprofessor:
O Corvo - Edgar Allan Poe (versão Simpsons)
Assista a esta interessante adaptação da obra de Edgar Allan Poe no desenho Os Simpsons.
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O Corvo - de Edgar Allan Poe
Veja o poema O Corvo, de Edgar Allan Poe, adaptado em uma animação.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
A QUEDA DA CASA DE USHER: (RE)CRIAÇÃO DA ATMOSFERA FANTÁSTICA, 
DO CONTO AO FILME
Várias obras de Poe foram recriadas. Nesta dissertação, você poderá ver a análise de mais uma 
delas, dessa vez A Queda da casa de Usher.
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