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U N O PA R ECO N O M IA A M B IEN TA L E D ESEN V O LV IM EN TO SU STEN TÁV EL Economia ambiental e desenvolvimento sustentável Leuter Duarte Cardoso Junior Daiane A. Rodrigues Santiago Renato José da Silva Regina Lúcia Sanches Malassise Fabiano Prado Pedroso Economia ambiental e desenvolvimento sustentável Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Cardoso Junior, Leuter Duarte ISBN 978-85-8482-458-8 1. Economia ambiental. 2. Desenvolvimento sustentável. 3. Desenvolvimento econômico. I. Rodrigues, Daiane A. Santiago. II. Silva, Renato José da. III. Malassise, Regina Lúcia Sanches. IV. Pedroso, Fabiano Prado. V. Título. CDD 333.7 Leuter Duarte Cardoso Junior, Daiane A. Rodrigues Santiago, Renato José da Silva, Regina Lúcia Sanches Malassise, Fabiano Prado Pedroso. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A, 2016. 200 p. C268c Economia ambiental e desenvolvimento sustentável / © 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação Mário Ghio Júnior Conselho Acadêmico Dieter S. S. Paiva Camila Cardoso Rotella Emanuel Santana Alberto S. Santana Regina Cláudia da Silva Fiorin Cristiane Lisandra Danna Danielly Nunes Andrade Noé Parecerista Mirna Ivonne Gaya Scandiffio Editoração Emanuel Santana Cristiane Lisandra Danna André Augusto de Andrade Ramos Adilson Braga Fontes Diogo Ribeiro Garcia eGTB Editora 2016 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Unidade 1 | Discussões iniciais sobre meio ambiente Seção 1 - Desenvolvimento sustentável numa perspectiva histórica 1.1 | Capitalismo e meio ambiente 1.2 | Desenvolvimento sustentável numa perspectiva histórica 1.3 | O conceito de desenvolvimento sustentável Seção 2 - Os recursos renováveis e não renováveis 2.1 | A Classificação dos recursos naturais 2.2 | Os recursos renováveis 2.3 | Os recursos não renováveis 2.4 | Sustentabilidade Seção 3 - Imperfeições do mercado para valorar o meio ambiente 3.1 | O surgimento da valoração econômica ambiental 3.2 | Modelando os problemas do meio ambiente 3.3 | Modelando as falhas de mercado 3.4 | Equacionando um mercado de bens públicos 3.5 | A teoria da externalidade e o teorema de Coase 7 11 11 13 17 23 23 25 28 29 33 33 34 37 38 41 Unidade 2 | Economia ecológica Seção 1 - O contexto da economia ecológica 1.1 | Relações entre economia e ecologia: o “novo” fluxo circular 1.2 | Perspectiva histórica do meio ambiente e sustentabilidade e a economia ecológica Seção 2 - A curva ambiental de Kuznets (CAK) e o desenvolvimento sustentável 2.1 | A curva ambiental de Kuznets (CAK) 2.2 | Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável 2.2.1 | O que é sustentabilidade 2.2.2 | O que é desenvolvimento sustentável Seção 3 - Limites ao crescimento e à economia ecológica 3.1 | “Mundo cheio” e “Mundo vazio” 3.2 | Axiomas da economia ecológica Seção 4 - O método da economia ecológica: análise multicriterial e indicadores físicos de sustentabilidade 51 55 55 58 63 63 70 70 71 75 75 78 83 Sumário 4.1 | Análise multicriterial 4.2 | Estatísticas e indicadores de sustentabilidade 83 86 Unidade 3 | Economia do meio ambiente Seção 1 - Contextualização da economia do meio ambiente 1.1 | Economia ambiental versus economia ecológica 1.2 | Economia ambiental versus economia neoclássica Seção 2 - Idealizações e conceitos da economia dos recursos naturais 2.1 | Equilíbrio de mercado e de eecursos naturais 2.2 | Gestão dos recursos naturais Seção 3 - Políticas ambientais contra a poluição 3.1 | O Custo social do carbono 3.1.1 | Efeito estufa 3.2 | Cobranças contra poluição 3.3 | Ferramentas de inventários de poluição e mercado de carbono Seção 4 - A contabilidade ambiental e a macroeconomia ambiental 103 109 109 112 117 117 119 129 129 131 133 135 139 Unidade 4 | Discussões recentes sobre meio ambiente e sustentabilidade Seção 1 - Sustentabilidade fraca 1.1 | Perspectiva da economia neoclássica e a sustentabilidade fraca 1.1.1 | Economia dos recursos naturais 1.2 | Economia do meio ambiente 1.2.1 | Valor monetário das externalidades 1.2.2 | Nível ótimo de poluição 1.2.3 | Nível ótimo social 1.2.4 | Política baseada no mercado: taxas corretivas e subsídios 1.2.5 | Políticas baseadas em mercados: licenças de poluição negociáveis 1.3 | Índices e indicadores de sustentabilidade na concepção da sustentabilidade fraca 1.3.1 | Índices e indicadores de sustentabilidade ambiental na prática Seção 2 - Economia ecológica e a sustentabilidade forte 2.1 | Economia ecológica 2.2 | Indicadores e índices de sustentabilidade na concepção da sustentabilidade forte Seção 3 - Organismos e bandeiras ambientais 3.1 | Bandeiras ambientais 3.1.1 | Bandeira azul 3.1.2 | Bandeira ambiental: biológica 3.1.3 | Bandeira ambiental: carbon free 3.2 | Organismos ambientais 155 159 160 162 165 165 165 167 168 168 169 171 181 182 184 187 187 187 188 188 190 Apresentação Caro aluno, nesta obra você terá a oportunidade de estudar os fundamentos da Economia Ambiental. Compreender a dimensão e a abrangência das discussões ambientais é um requisito fundamental na atualidade. Você já deve ter percebido que a forma de organização produtiva necessita ser repensada para que a preocupação ambiental saia do papel e torne-se uma prática no cotidiano dos países, das organizações e dos indivíduos. Uma das possíveis formas pelas quais a Economia Ambiental pode colaborar com esse processo é propor métodos de valoração econômica e ambiental bem como destacar os aspectos relevantes para o desenvolvimento sustentável da adoção de medidas econômicas de proteção ambiental. Dessa forma, o conteúdo deste livro contribuirá fornecendo os fundamentos econômicos necessários ao debate ambiental e sobre a sustentabilidade. O objetivo geral desta obra é apresentar os fundamentos da Economia Ambiental e os principais métodos de valoração ambiental, destacando também os aspectos relevantes do desenvolvimento sustentável. Especificamente, entender como a evolução do sistema produtivo desembocou na discussão sobre a questão ambiental. Vamos conhecer os pressupostos da Economia Ecológica, contextualizar a Economia do Meio Ambiente e compreender as propostas do desenvolvimento sustentável na versão forte e fraca. Para dar conta desse conteúdo, o livro é composto por 4 unidades, quais sejam: Unidade 1: Discussões inicias sobre meio ambiente. Nesta unidade, você será levado a compreender a relação entre economia e meio ambiente, bem como os fundamentos da Economia Ambiental, os aspectos relevantes do Desenvolvimento Sustentável e o processo de modelagem dos problemas ambientais. Unidade 2: Economia Ecológica. Nesta unidade, você será levado a compreender os pressupostos e avanços teóricos que deram origem às discussões do escopo da Economia Ecológica. Unidade 3: Economia do meio ambiente. Nesta unidade, você conhecerá os fundamentos da economia ambiental. Vamos explorar o contexto no qual se insere a vertente ambiental passando por temas tais como: avaliação do meio ambiente, economia da poluição e política ambiental, economia dos recursos naturais, contabilidade ambiental, até chegar na macroeconomia ambiental. Unidade 4: Discussões recentes sobre meio ambiente e sustentabilidade. Nesta unidade,apresentamos os estudos que permitem compreender os aspectos da sustentabilidade forte e fraca por meio dos conceitos e fundamentos da economia ambiental. Ao final deste estudo você estará mais informado e apto a compreender o contexto histórico, teórico e quantitativo que estrutura os conhecimentos sobre a Economia Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável. Desde já, desejo a desejo a você bons estudos. Unidade 1 DISCUSSÕES INICIAIS SOBRE MEIO AMBIENTE Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade, você será levado a compreender a relação entre Economia e Meio Ambiente, bem como os fundamentos da Economia Ambiental, os aspectos relevantes do Desenvolvimento Sustentável e o processo de modelagem dos problemas ambientais. Portanto, serão nossos objetivos: • Compreender os conceitos da relação entre Economia e Meio Ambiente e seus aspectos relevantes. • Conhecer a perspectiva histórica do desenvolvimento sustentável, acompanhando a evolução desse conceito. • Entender a classificação dos recursos renováveis e não renováveis. • Verificar a importância dos recursos naturais no fluxo da economia. • Abordar as teorias de imperfeições de mercado e a valoração do meio ambiente. Diante de tais objetivos, nossa preocupação é entender como as relações entre o homem e o meio ambiente se transformaram ao longo da história, levando à criação de teorias sobre a questão ambiental. Nesse contexto, ainda é necessário compreender a classificação dos recursos naturais, bem como os modelos econômicos de valoração desses recursos. Para alcançarmos os objetivos, será realizado um retorno aos conceitos de meio ambiente, capitalismo, recursos naturais, modelos econômicos de valoração ambiental, entre outros. Os conteúdos serão apresentados em três seções. Daiane A. Rodrigues Santiago Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 8 Nesta seção será tratado o conceito de desenvolvimento e sua evolução ao longo do tempo. Também serão tratadas as relações entre o sistema capitalista, economia e meio ambiente. Esta seção apresenta a classificação dos recursos naturais e como eles são tratados na visão econômica. Destaca ainda como a utilização dos recursos renováveis e não renováveis é fundamental para a sustentabilidade. A seção 3 destaca a questão da valoração ambiental, bem como a importância de compreender as falhas de mercado para proposta de soluções dos problemas ambientais. Ressalta ainda a Teoria dos Bens Públicos e a Teoria das Externalidades. Seção 1 | Desenvolvimento sustentável numa perspectiva histórica Seção 2 | Os recursos renováveis e não renováveis Seção 3 | Imperfeições do mercado para valorar o meio ambiente Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 9 Introdução à unidade Todos os dias, seja em qualquer meio de comunicação, nos deparamos com questões ligadas ao meio ambiente. Será que conhecemos os limites do nosso meio ambiente? Conhecemos os caminhos para alcançarmos um mundo sustentável? Esta unidade está voltada ao conhecimento e à identificação das relações entre sociedade e meio ambiente, bem como ao processo histórico que levou ao debate do desenvolvimento sustentável. É importante que você compreenda como o desenvolvimento do sistema capitalista e os acontecimentos históricos transformaram a forma pela qual o homem se relaciona com o meio ambiente. As teorias econômicas influenciaram no processo de desenvolvimento de ideias e ferramentas que possibilitaram realizar uma valoração dos recursos naturais. Podemos dizer também que a economia dos recursos naturais adquiriu importante papel para a classificação destes em recursos renováveis e não renováveis, e que essa classificação possibilita um entendimento melhor da capacidade de carga do planeta, para que atitudes sustentáveis sejam utilizadas a fim de minimizar os impactos no meio ambiente. Mas o que seria a capacidade de carga do planeta? Essa capacidade é o limite máximo de tudo o que o planeta pode nos oferecer, como: água, ar, alimento etc. Nessa perspectiva, a teoria econômica ainda contribuiu para o surgimento da valoração ambiental, ou seja, uma forma de precificar recursos naturais e entender como funciona o fluxo real da economia. Esse fluxo real é realizado com uma expansão para o meio ambiente, ficando conhecido também como o balanço de materiais. Esta unidade está dividida em três seções. A seção 1 trata do desenvolvimento sustentável numa perspectiva histórica, em que são trabalhados os conceitos de meio ambiente e economia, assim como suas relações. Aborda ainda a evolução histórica do desenvolvimento sustentável e suas implicações. Na seção 2, você compreenderá a classificação dos recursos naturais em renováveis e não renováveis e como esses recursos exercem papel fundamental na questão de riqueza na economia. Também será discutida a questão da "sustentabilidade ambiental". Por fim, na seção 3, serão apresentadas as teorias neoclássica e ecológica, colocando a questão dos distúrbios ambientais como consequência das imperfeições do mercado, explanando as teorias das externalidades e dos bens públicos, em que, nesse contexto, a tecnologia passa a ser uma auxiliar para minimizar os impactos no meio ambiente. Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 10 Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 11 Seção 1 Desenvolvimento sustentável numa perspectiva histórica Nesta seção, você verá como o debate sobre as relações entre o meio ambiente e a economia contribuíram para o desenvolvimento da Economia Ambiental, bem como as correntes econômicas que surgiram para a discussão desse tema. 1.1 Capitalismo e meio ambiente O meio ambiente pode ser definido como um conjunto de elementos como animais, vegetais, microrganismos, solo, entre outros, que interagem no sistema natural. Desse modo, o meio e ambiente e o sistema econômico entraram em conflito com a consideração de que os recursos naturais eram finitos. Uma vez que o mundo atual é predominantemente capitalista, as alterações de padrões de produção e consumo foram automaticamente influenciando a relação com o meio ambiente. O sistema socioeconômico caracterizado pela propriedade privada, a livre concorrência, liberdade de associação e o capitalismo, tem como marca a acumulação de capital. Esse modo de produção está ancorado na divisão da sociedade em duas classes essenciais: a dos proprietários dos meios de produção (terra, matérias-primas, máquinas e instrumentos de trabalho), que pagam pela força de trabalho fazendo funcionar suas unidades de produção, e a classe dos proletários, que são aqueles que vendem sua força de trabalho, pois não detêm nenhum meio de produção, bem como não possuem o capital que lhes permita trabalhar por sua própria conta. Desde a ascensão do capitalismo e a mudança de atitude com relação aos níveis de consumo dos recursos naturais, a dificuldade para a adoção de uma posição equilibrada é visível, considerando o que se vivia no sistema feudal. Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 12 Em contraposição, a sociedade capitalista moderna trata de abolir algumas características da racionalidade econômica, surgindo um descontrole tanto dos recursos humanos quanto dos recursos naturais, a exemplo da exploração do trabalho que atingiu níveis inimagináveis, gerando também uma reação intelectual e organizacional. Já com relação aos recursos naturais, no período mais recente os agentes econômicos passaram a possuir restrições sobre a forma com que esses estavam sendo utilizados. Sob muitos aspectos pode-se dizer que as organizações e instituições feudais representavam uma espécie de expressão organizacional e institucional de motivações não econômicas e/ou altruístas da sociedade. Isto porque através destas instituições e organizações a sociedade feudal buscava submeter as atividades produtivas a minuciosas regulações que refletiam o que ela entendia ser justo. Ou seja, era uma sociedade que buscava submeter a racionalidadeeconômica a um conjunto de restrições de ordem não econômica e/ou altruísta (ROMEIRO, 2010, p. 17). [...] nesse sistema, a concorrência precipita os capitais individuais numa luta de vida ou morte pela externalização dos custos de produção1 e de provimento das condições de produção. Assim, como efeito não pretendido orquestrado por uma maligna mão invisível2, verdadeira tragédia dos comuns, crescem continuamente os custos das tarefas de provimento das condições naturais da produção, tarefas que, evidentemente, devem ser operadas pelo Estado e custeadas pela tributação de parcelas crescentes do valor excedente produzido (CARNEIRO, s. d., p. 29). O que se percebe é um estágio avançado de complexas relações no sistema capitalista, no qual se capitaliza tudo, humanizando a natureza que também é mercantilizada. Nesse contexto, não existe o chamado altruísmo, ou seja, aquilo 1Externalização dos custos de produção: forma de atuação no mercado que procura externar todos custos produtivos. 2Mão invisível: faz referência à mão invisível de Adam Smith, cuja explicação diz que uma economia de mercado sempre tende a estar em equilíbrio, sem necessitar de intervenções. Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 13 Criou-se então uma relação interativa com a natureza que lhe permitiu conhecer e criar técnicas específicas de manejo dos diversos ecossistemas. O ecossistema é o sistema composto pelos seres vivos (meio biótico) e o local onde eles vivem (meio que se pretende deixar para as gerações futuras, já que o comportamento humano é considerado maximizador da utilidade e egoísta. Existe ainda a proposição de modelos de gerações entrelaçadas, o que criaria a "cadeia altruísta" tentando manter o padrão de vida preservado da degradação ambiental, porém esses modelos possuem algumas falhas, uma delas inclusive é considerar que as consequências dos problemas ambientais recairão em gerações muito à frente do tempo, com gerações diferentes e sentimentos de desprendimento de tal herança. 1.2 Desenvolvimento sustentável numa perspectiva histórica A relação entre a natureza e o homem, desde o início da civilização, é algo do interesse de estudiosos e pesquisadores de diversas áreas. Ao abrir um livro chamado "Uma História Verde do Mundo", do autor Clive Ponting (1995), é possível observar a discussão sobre a relação entre os seres humanos e o meio ambiente e perceber que a história humana não pode ser compreendida em um vazio, mas que a vida na terra depende de como os seres humanos interagem com o seu ambiente. A sobrevivência, num passado distante, dependia apenas do que os homens encontravam para comer, e eles se alimentavam sobretudo de raízes e frutos. O modo de vida de povos antigos (como os povos indígenas) não provocava desequilíbrios que comprometessem o ecossistema, embora o modificasse. O controle do fogo abriu caminho para que a interação entre a espécie humana e a natureza assumisse características próprias (ROMEIRO, 2010). Nesse contexto, exemplifica Cavalcanti (2001, p. 93): O estilo de vida dos índios da Amazônia baseia- se exclusivamente em fontes renováveis de energia fundamentalmente, fotossíntese. Combustíveis fósseis não são usados de forma alguma, e a lenha se emprega sustentavelmente. Não ocorre destruição visível do meio ambiente entre os índios e sua forma de conhecimento depende da experiência, a qual se transmite oralmente por meio da tradição. Um ponto a se sublinhar aqui é a importância da ciência indígena como uma referência para o homem moderno. Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 14 abiótico, onde estão inseridos todos os componentes não vivos do ecossistema, como os minerais, as pedras, o clima, a própria luz solar etc.), assim, esse sistema é dinâmico e se modifica graças à interação das diversas espécies nele contida. Os ecossistemas apresentam várias propriedades ou características, como variabilidade, sensibilidade, persistência, confiabilidade e resiliência. A variabilidade e a resiliência são as propriedades que apresentam maior relevância em uma análise, quando se fala em sistema econômico e bem-estar humano. A evolução das relações entre homem e meio ambiente se deu por uma série de acontecimentos, a exemplo da invenção da agricultura. A sociedade medieval baseou a sua economia num tipo de agricultura de subsistência bastante primitiva, considerando a produção agrícola moderna, já que as técnicas agrícolas eram rudimentares e a produção era baixa. Apesar de a agricultura modificar aquilo que chamamos de ecossistema original, esta não pode ser vista como um elemento incompatível com o equilíbrio ambiental, até porque, como sugeriam os "fisiocratas", a terra é a única fonte de riqueza, e o trabalho na terra, o único trabalho produtivo, fornecendo matérias-primas essenciais para a indústria e o comércio. O crescimento da agricultura e o melhoramento das técnicas trouxeram consigo ainda a expansão da população assim como das cidades. Com a intervenção da agricultura há cerca de dez mil anos, a humanidade deu um passo decisivo na diferenciação de seu modo de inserção na natureza em relação àquele das demais espécies animais. A agricultura provoca uma modificação radical nos ecossistemas. A imensa variedade de espécies de um ecossistema florestal, por exemplo, é substituída pelo cultivo/criação de umas poucas espécies, selecionadas em função de seu valor seja como alimento, seja como fonte de outros tipos de matérias-primas que os seres humanos considerem importantes (ROMEIRO, 2010, p. 6). Talvez outra causa do crescimento da população estivesse no fato de que as pessoas se alimentavam melhor, graças a melhoramentos surpreendentes na agricultura. (Esses melhoramentos foram, em parte, um resultado do crescimento da população.) Tal como houve uma revolução industrial, houve também, uma revolução agrícola (HUBERMAN, 1981, p. 156). Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 15 No século XVIII viu-se um melhoramento nas ferramentas e máquinas, melhores arados, enxadas etc. utilizados na agricultura. Essa revolução na agricultura e nas máquinas foi acompanhada de uma revolução nos transportes. A preocupação em aumentar a produção, já que o crescimento populacional aumentava, era cada vez maior, no entanto, pensar em um sistema de produção que pudesse preservar o mínimo do meio ambiente ainda era algo de pouca significância, embora técnicas como a rotação de culturas fossem utilizadas. Com a Revolução Industrial, a humanidade passou a ter uma capacidade ainda maior de intervir na natureza. Essa nova fase de intervenção inicia um processo de grandes danos ambientais. A Revolução Industrial teve seu início, basicamente, na Inglaterra, nas primeiras décadas do século XVIII, com seu auge entre 1750 e 1830, quando ocorreu uma transição dos moldes puramente agrícolas e artesanais para o molde urbano e industrial. Segundo Milone (2006), a industrialização transformou as relações sociais e proporcionou um rápido desenvolvimento de inovações. Consequentemente, houve um aumento significativo da intervenção humana no meio ambiente, gerando danos que, a princípio, pareciam não afetar a sobrevivência de modo imediato e perceptível à época, retardando assim a preocupação sobre práticas e técnicas mais sustentáveis. Para além dos desequilíbrios ambientais desta maior capacidade de intervenção, a Revolução Industrial, baseada no uso intensivo de grandes reservas de combustíveis fósseis, abriu caminho para uma expansão inédita da escala de atividades humanas, que pressiona fortemente a base de recursos naturais do planeta. Ou seja, mesmo se todas as atividades produtivas humanas respeitassem os princípios ecológicos básicos, sua expansão não poderia ultrapassar os limites termodinâmicos que definem "a capacidade de carga" (carrying capacity) do planeta (ROMEIRO, 2010, p. 6). Dessa forma, a Revolução Industrial alterou a relação homem-ambiente. O estado dinâmico docapitalismo e a busca de desenvolvimento econômico dos países em um ritmo extremamente acelerado gerou o que se pode considerar um dos maiores prejuízos ambientais da história da humanidade: a escassez de vários recursos naturais provenientes do solo, das águas e da flora. Nesse contexto, iniciou-se o processo de percepção sobre a capacidade de carga do planeta e a preocupação com a quantidade e utilização dos recursos naturais. Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 16 Comenta Cavalcanti (2001) que a busca por sustentabilidade pode ser resumida à questão de atingir a harmonia entre seres humanos e a natureza, ou de, no mínimo, conseguir uma sintonia com o relógio da natureza. A interação de informações sobre meio ambiente e seres vivos trouxe consigo ideias das ciências naturais, envolvendo a biologia, a química e a geologia. Assim, esta ciência tem por objetivo aprender como a natureza funciona e a forma como interagimos com o meio ambiente, além de encontrar maneiras para lidar com os problemas ambientais e viver de forma sustentável. Texto para reflexão: por que temos problemas ambientais? De acordo com vários cientistas sociais e ambientais, as principais causas da poluição, da degradação ambiental e de outros problemas ambientais são o crescimento populacional, o uso insustentável de recursos, a pobreza e a não inclusão de custos ambientais de bens e serviços nos preços de mercado. O crescimento exponencial ocorre quando uma quantidade, como a da população humana, aumenta em um percentual fixo por unidade de tempo, como 2% ao ano, por exemplo. Esse crescimento começa de forma lenta, mas eventualmente, faz que a quantidade dobre várias vezes. Depois de apenas algumas duplicações, cresce a números enormes, porque cada duplicação é o dobro do crescimento total anterior. Eis aqui um exemplo do imenso poder do crescimento exponencial. Dobre um pedaço de papel ao meio para duplicar sua espessura. Se você pudesse continuar dobrando essa espessura 50 vezes, o papel seria grosso o suficiente para chegar ao sol – 149 milhões de quilômetros de distância! Difícil acreditar, não é? Em razão do crescimento exponencial da população humana, em 2010 havia cerca de 6,9 bilhões de pessoas no planeta. Coletivamente, elas consomem grandes quantidades de comida, água, matérias-primas e energia, produzindo enormes quantidades de poluição e resíduos durante esse processo. A cada ano, adicionamos mais de 80 milhões de pessoas à população da terra. A menos que a taxa de mortalidade suba vertiginosamente, provavelmente haverá 9,5 bilhões de pessoas até 2050. Esse acréscimo projetado de 2,6 bilhões de pessoas é equivalente a cerca de oito vezes a população atual dos Estado Unidos, e duas vezes a da China, que é o país mais populoso do mundo. Ninguém sabe quantas pessoas e que nível de consumo de recursos a Terra pode suportar indefinidamente sem que a habilidade do planeta de suportar os seres humanos, nossas economias e outras formas de vida seja Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 17 seriamente degradada. Mas, ainda assim, a expansão das pegadas ecológicas mundial e per capita é preocupante sinal de alerta. Fonte: adaptado de Miller e Spoolman (2012). 1.3 O conceito de desenvolvimento sustentável "Desenvolvimento sustentável é um conceito normativo que surgiu com o nome de ecodesenvolvimento, no início da década de 1970" (ROMEIRO, 2010, p. 8). Em um contexto controverso sobre crescimento econômico e meio ambiente, ele emerge de discussões sobre o reconhecimento do progresso técnico como condição para eliminação da pobreza e diferenças sociais, relativizando os limites ambientais. Ainda em relação a uma definição considerada "usual" sobre o desenvolvimento sustentável, é possível dizer que é aquele que atinge as necessidades do presente não comprometendo as necessidades de gerações futuras. É perceptível que a ideia do desenvolvimento sustentável considera então a consciência do dever com relação às próximas gerações, respeitando os limites da natureza. Dessa forma, o tema do desenvolvimento sustentável engloba algumas dimensões, que são: econômica, social e ambiental. No âmbito social, a preocupação com o bem-estar humano e a qualidade de vida são os maiores objetivos. No que tange ao campo econômico, os processos de produção e consumo envolvem a questão de desenvolvimento econômico, ou seja, na produção a responsabilidade das empresas e no consumo, das famílias. Tem-se ainda a área ambiental, em que a preocupação central é deteriorar o mínimo possível a natureza e seus recursos. O assaz citado relatório da Comissão Brundtland (WCED, 1987, p. 43) define desenvolvimento sustentável em termos precisamente da satisfação das presentes necessidades e aspirações do homem sem que se reduza a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas (CAVALCANTI, 2001, p. 92). Fonte: O autor. Figura 1.1 | Dimensões do desenvolvimento sustentável Social Econômico Ambiental Desenvolvimento Sustentável Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 18 A figura 1.1 ilustra a inter-relação entre as dimensões do desenvolvimento sustentável, sendo este um plano em que todas as áreas se relacionam e passam a ter objetos comuns. No debate econômico do meio ambiente é possível observar duas correntes: a primeira trata-se da chamada Economia Ambiental, e a segunda é representada pela Economia Ecológica. A primeira corrente, considerada como "mainstream" neoclássico, entende que os recursos naturais não representam, a longo prazo, um limite absoluto para a economia. Nessa visão, inicialmente os recursos naturais sequer apareciam nas representações analíticas da realidade econômica, apenas representava-se pela função produção na qual estavam o capital e o trabalho, ou seja, a economia funcionava sem considerar os recursos naturais. Essa colocação foi objeto de crítica de Nicholas Georgescu-Roegen (ROMEIRO, 2010). Observando a figura 1.2 e seus subconjuntos, a economia funcionava sem recursos naturais, ou seja, os bens eram livres, interpretados como uma dádiva. Já num segundo momento, os recursos naturais começam a aparecer nas representações gráficas da função produção, com preocupação com bens públicos e questões sociais, no entanto, o sistema econômico é visto como algo grandioso e a indisponibilidade de recursos não colocaria limite a ele. Fonte: Romero (2010, p. 8). Figura 1.2 | Economia com e sem recursos naturais Com o tempo, os recursos naturais passaram a ser incluídos nas representações de função produção, mas mantendo a sua forma multiplicativa, o que significa a substituibilidade perfeita entre capital, trabalho e recursos naturais e portanto a suposição de que os limites impostos pela disponibilidade de recursos naturais podem ser indefinidamente superados pelo progresso técnico que os substitui por capital (ou trabalho) (ROMEIRO, 2010, p. 9). Econômico Economia Economia Economia RN RN Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 19 Na terceira dimensão da figura 1.2, tem-se a visão ecológica, ou seja, a segunda corrente do debate econômico sobre o meio ambiente. Nessa interpretação da economia ecológica, considera-se que capital e recursos naturais são essencialmente complementares. Trata ainda como fundamental o progresso técnico para melhorar a eficiência na utilização dos recursos naturais, renováveis e não renováveis. Para essa corrente, a questão fundamental é analisar a economia considerando que existem limites para os recursos. A proposta da corrente neoclássica, em que existe um mecanismo de ajuste, supondo a substituição dos recursos escassos não é aceita para essa visão ecológica. Os bens ambientais são negociados num mercado (por exemplo, insumos materiais e energéticos); em uma análise convencional, presume-se que a falta crescente de um bem eleva seu preço, dessa forma, existe uma indução de inovação tecnológica que permite poupá-lo, ou até mesmo substituí-lo por recursosmais abundantes. E os serviços ambientais que não são transacionados no mercado? O instrumento de ajuste não leva em consideração alguns princípios fundamentais para garantir a sustentabilidade, à medida que esse mecanismo é baseado por cálculo de custo e benefício, medido pelos agentes econômicos, visando a alocação de recursos entre controle de poluição e pagamentos de taxas por poluir, de modo a impactar menos no custo total. É possível perceber que podemos transformar produtivamente a natureza de forma equilibrada, no entanto, existe um limite sobre os recursos naturais, ou seja, uma capacidade de carga que precisa ser respeitada, embora ainda não exista um conhecimento preciso sobre essa capacidade. Além disso, o uso sem eficiência dos recursos naturais ocorre devido ao que chamamos em economia de "falhas de mercado", falhas estas que são oriundas do fato de que grande parte dos bens e serviços ambientais não possui apropriação privada (ROMEIRO, 2010). Corrigidas essas falhas, o mercado sugere uma solução eficiente: se existe uma crescente escassez de um bem ou serviço ambiental, eleva-se o preço e há a indução de inovações que são poupadoras desse bem ou serviço, aumentando a eficiência ou propondo a substituição por outro recurso abundante. De forma mais simples, pode-se dizer que a abordagem econômica convencional sobre os recursos ambientais se caracteriza por não considerar a existência de limites absolutos à expansão do sistema econômico, considerando que os limites serão sempre relativos e que o progresso tecnológico poderá superá-los indefinidamente (ROMEIRO, 2010, p. 26). Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 20 Quando nos referimos à corrente ecológica, os limites são absolutos e existem riscos de perdas consideradas irreversíveis, tornando-se necessário o conhecimento sobre os limites e o respeito à capacidade de resiliência dos recursos, bem como uma mudança comportamental da sociedade, buscando uma postura altruísta para evitar os impactos ambientais. 1. Romeiro (2010, p. 5) afirma que "Um ecossistema em equilíbrio não quer dizer um ecossistema estático. É um sistema dinâmico, que se modifica, embora lentamente, graças a interações entre as diversas espécies nele contidas, em um processo conhecido como coevolução". Diante de tal afirmação, analise as seguintes proposições: I. O modo de vida de povos antigos (como os povos indígenas) não provocavam desequilíbrios que comprometessem o ecossistema, embora o modificasse. II. A agricultura, devido à sua importância, não modificou a configuração do ecossistema. III. Resiliência e variabilidade são as propriedades mais relevantes quando se faz uma análise de ecossistema. Assinale a alternativa correta: a) I e III estão corretas. b) I e II estão corretas. c) I está correta. d) III está correta. 2. Sobre o conceito de desenvolvimento sustentável é possível dizer que surgiu de discussões a respeito de crescimento econômico e meio ambiente. Nesse debate sobre economia e meio ambiente, está correto dizer: a) A interpretação da corrente neoclássica considera os recursos ambientais sem nenhum limite absoluto. b) A interpretação da corrente ecológica considera que o progresso tecnológico pode superar os limites dos recursos naturais. Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 21 c) A interpretação neoclássica considera que os recursos naturais não apresentam, a longo prazo, um limite absoluto à expansão da economia. d) A corrente ecológica considera que existe uma substituibilidade perfeita entre capital e trabalho. Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 22 Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 23 Seção 2 Os recursos renováveis e não renováveis Nesta seção, você compreenderá que é necessário diferenciarmos o que são os recursos renováveis e os não renováveis, já que o estudo da economia dos recursos naturais tem sido abordado de forma crescente, e a forma correta de sua utilização pode levar o mundo a um cenário mais sustentável. 2.1 A Classificação dos recursos naturais Estudar a relação dos recursos naturais com a economia é de extrema importância já que atualmente o termo sustentabilidade vem se fazendo cada dia mais presente no cotidiano da sociedade. Nesse sentido, a economia dos recursos naturais nos remete aos aspectos da extração e exaustão dos recursos naturais ao longo do tempo. Nos primórdios da formação da teoria econômica, os recursos naturais exercem papel central, mas como explicação de fonte material de riqueza. Isso é expresso 1) nas teses fisiocráticas, que na segunda metade do século XVIII afirmavam ser o setor agrário a origem de todo excedente, 2) no alerta da escola clássica, no início do século XIX, quanto ao possível comprometimento da expansão capitalista como decorrência da escassez dos recursos naturais, percebido pelo desequilíbrio entre o crescimento populacional e a oferta de alimentos, segundo Thomas Malthus, e pela redução da produtividade do trabalho agrícola - por escassez de terras férteis - e consequente queda do lucro, na famosa "teoria da renda da terra" consagrada por David Ricardo; 3) além de teses como as de Jevons, da segunda metade do século XIX, que ressaltavam grande preocupação com o uso indiscriminado do carvão mineral na Inglaterra, que levaria esse recurso tão vital ao processo de desenvolvimento do país, à exaustão (ENRÍQUEZ, 2010, p. 49). Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 24 Nesse contexto, é possível perceber que esse debate tem estado presente desde as primeiras teorias econômicas, bem como, implicitamente, nas colocações e críticas ao exponencial crescimento do sistema capitalista. Houve então a consolidação do pensamento neoclássico minimizando a importância dos recursos naturais, somado ao progresso tecnológico e ao crescimento demográfico (ENRÍQUEZ, 2010). Como já vimos, essa corrente neoclássica convencional argumentava que existia uma abundância de recursos naturais que, economicamente, são gratuitos, oferecidos pela natureza. Partindo desse pressuposto, a função produção poderia ser representada da seguinte forma: Nessa analogia, os fatores de produção, ou a função produção (Y), consistem no capital produzido pelo ser humano, representado por (K), mais o trabalho, representado por (L), mais os recursos naturais, representados por (R), conforme a equação 1. Como é a natureza que oferta os recursos da natureza, e não é possível acessar tais recursos sem o capital e o trabalho, a função produção retira o fator de produção recursos naturais (R), simplificando a função, como demonstra a equação 2. Com o resgate de alguns trabalhos e debates intensos realizados pelo Clube de Roma, a partir de 1970, os recursos naturais foram reintroduzidos na teoria econômica. Podemos então definir a economia dos recursos naturais como um campo da teoria microeconômica que surge das análises neoclássicas a respeito da utilização das terras, dos minerais, dos peixes, dos recursos florestais, da água e de todos recursos reprodutíveis e não reprodutíveis (ENRÍQUEZ, 2010). A utilização eficiente dos recursos, ou sua utilização ótima, conta ainda com instrumentos baseados em modelos matemáticos que auxiliam na gestão dos recursos naturais. Conforme Miller e Spoolman (2012), um exemplo são alguns estudos realizados pelo Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), que chegou à conclusão de que o planeta terra não poderia suportar o crescimento populacional devido à forte pressão provocada sobre os recursos naturais e energéticos e ao aumento da poluição, mesmo levando em conta o avanço tecnológico. Além disso, são utilizados alguns critérios para classificação dos recursos naturais, sendo um deles a capacidade de recomposição de um recurso no horizonte do tempo humano. Dessa forma, um recurso que é extraído mais rapidamente do que é reabastecido por processos naturais é um recurso não renovável. Já o recurso que é reposto com maior rapidezé classificado como um recurso renovável. Equação 1. Y= f (K, L, R) Equação 2. Y= f ( K, L) Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 25 O quadro 1.1 indica a classificação dos recursos naturais. Os recursos renováveis são resultado de ciclos naturais da terra, já os recursos não renováveis ou exauríveis são aqueles que mantêm uma relação entre o tempo e um processo natural, ou seja, milhares de anos para serem concentrados novamente, ou que não possuem capacidade de renovação. Quando esgotados alguns recursos pela ação humana, busca-se encontrar substitutos, por exemplo, recursos renováveis como sol, vento, água e calor podem diminuir nossa dependência em relação aos combustíveis não renováveis, como petróleo e carvão. Fonte: Adaptado de Eriquez (2010 p. 50). Quadro 1.1 | Classificação dos recursos naturais RECURSOS RENOVÁVEIS São recursos compatíveis com o horizonte de vida do homem. Ex.: solos, ar, águas, florestas, fauna e flora. São recursos que necessitam de eras geológicas para sua formação. Ex.: os minérios em geral e os recursos naturais fósseis (petróleo, gás natural, carvão mineral). RECURSOS NÃO RENOVÁVEIS Como podemos reciclar ou reutilizar alguns recursos não renováveis? 2.2 Os recursos renováveis Como já vimos, os recursos naturais variam de acordo com a rapidez com que a natureza pode recompô-los. Dessa forma, os recursos naturais renováveis são aqueles que apresentam ciclos de vida compatíveis com o horizonte de vida do homem. Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 26 Esses recursos, mesmo que reprodutíveis, necessitam de cuidados, pois existe entre os recursos renováveis e não renováveis uma linha muito tênue que os distingue, portanto, conhecer os limites e as formas alternativas para seu uso é de extrema importância para preservá-los. Biomas: Estudos da ONG ambientalista Conservação Internacional Brasil (CI- Brasil) indicam que o cerrado deverá desaparecer até 2030. Dos 204 milhões de hectares originais, 57% foram completamente destruídos e a metade das áreas remanescentes está bastante alterada, podendo não mais servir à conservação da biodiversidade. A taxa anual de desmatamento no bioma é alarmante, chegando a 1,5% ou 3 milhões de ha/ano. As principais pressões sobre o cerrado são a expansão da fronteira agrícola, as queimadas e o crescimento não planejado das áreas urbanas. A degradação é maior em Mato Grosso do Sul, no Triângulo Mineiro e no oeste da Bahia. Solos: No nordeste brasileiro, o uso dos solos está comprometido pela ampliação da taxa de desertificação, que aumenta a cada ano. O estado do Ceará representa 9,6% da área do Nordeste [...] e sua economia é baseada em modelo inadequado e predatório dos recursos naturais, de modo que tal exploração, sem consciência de preservação, põe em torno de 25.484 km, correspondentes a 17,7% da superfície total do estado, sob um perigoso processo de desertificação. Recursos florestais madeireiros: De acordo com a Organização para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO), o Brasil possui o pior balanço florestal do planeta. Entre 2000 e 2005, graças à alta taxa de desmatamento da Amazônia, o país atingiu um déficit de 3,1 milhões de hectares de florestas, área que representa um estado e meio de Sergipe. [...] a energia solar é chamada de recurso perpétuo, pois sua oferta é contínua, e estima-se que deva durar pelo menos 6 bilhões de anos, quando o sol completa seu ciclo de vida. Um recurso que leva de vários dias a várias centenas de anos para ser reposto por processos naturais é chamado recurso renovável, desde que não o utilizemos mais rapidamente do que a natureza pode renová- lo (MILLER; SPOOLMAN, 2012, p. 11). Quadro 1.2 | Exemplos de alguns recursos naturais no Brasil: esgotamento dos recursos renováveis Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 27 O que se observa é uma utilização indiscriminada dos recursos naturais renováveis que pode levar o país ou o planeta a um desastre ambiental. Esses recursos, sejam água, solo, as florestas ou os próprios biomas, são essenciais para a sobrevivência humana, no entanto, como mostra o quadro 1.2, o Brasil, por exemplo, vem trabalhando no limite máximo desses recursos. Segundo o IBGE, o bioma é um conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria. Biomas, solos, recursos florestais ou água podem ser classificados ainda em recursos renováveis de livre acesso, de forma simples, de propriedade de ninguém e disponível para qualquer pessoa, com pouco ou nenhum custo (MILLER; SPOOLMAN, 2012). O fato desses recursos serem considerados livres ou sem custo faz com que a sociedade viva de modo insustentável, desperdiçando e degradando o capital natural. Água: De acordo com informações divulgadas pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), "o total de água globalmente retirada de rios, aquíferos e outras fontes aumentou nove vezes enquanto o uso por pessoa cresceu três vezes. Em 1950, as reservas mundiais representavam 16,8 mil metros cúbicos por pessoa, atualmente esta reserva reduziu-se para 7,3 mil metros cúbicos por pessoa e espera-se que venha a se reduzir para 4,8 mil metros cúbicos por pessoa nos próximos 25 anos". Fonte: Adaptado de Romeiro (2010, p. 51). Fonte: Miller e Spoolman (2012, p. 13). Figura 1.3 | Degradação do capital natural Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 28 Observando a figura 1.3, podemos encontrar alguns exemplos da degradação dos recursos e serviços naturais renováveis. Solos se deteriorando, secas, incêndios e climas severos aliados à redução da água, bem como à crescente poluição. 2.3 Os recursos não renováveis Os recursos não renováveis podem ainda ser chamados de exauríveis, que significa algo que pode ser esgotado ou limitado. O processo natural para a concentração de minérios em jazidas e o tempo para essa concentração ocorrer é o que leva considerá- los não renováveis. Podemos citar alguns recursos que não se renovam, como: petróleo, carvão, ferro, manganês, urânio, bauxita (minério de alumínio), estanho, calcário, argila, entre outros. Conforme Enríquez (2010), é importante saber diferenciar os recursos economicamente aproveitáveis daqueles que estão dispersos, ou seja, entender os conceitos de reserva, recursos e recursos hipotéticos. A reserva mineral requer alguma medição física sobre a quantidade da concentração mineral, e também a verificação de viabilidade da extração do ponto de vista tecnológico. Já o recurso não possui o mesmo grau de detalhamento, apesar de que sua existência seja conhecida. Quanto aos recursos hipotéticos, estes são um misto de recursos conhecidos e não conhecidos, mas que são possíveis de encontrar na crosta terrestre. O recurso natural possui uma forma dinâmica, pois faz o movimento de expansão ou contração segundo a ação dos homens e algumas condições econômicas, políticas ou tecnológicas. Neste sentido, a questão colocada pela teoria convencional é conhecer qual a lógica que o ritmo dos preços de um recurso exaurível deve seguir para que possa ser assegurada sua utilização "ótima", do ponto de vista econômico. Aqui vale a pena fazer um contraponto com a economia ecológica. Para esta corrente, a economia trata de três questões centrais, na seguinte prioridade: 1) a escala no uso dos recursos naturais, 2) a equidade na distribuição desses recursos e, por último, 3) a eficiência na alocação dos recursos (ENRÍQUEZ, 2010, p. 54). Como se pode perceber, o modelo clássico para a gestão dos recursos não renováveis envolve alguns processos de decisões intertemporais, ou seja, as escolhas de hoje terão consequências no amanhã. Miller e Spoolman (2012) afirmam que a reutilização e a reciclagem de alguns Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 29 2.4Sustentabilidade Definir ou construir um modelo de sustentabilidade tornou-se um desafio contínuo para a sociedade. Cavalcanti (2001) afirma que atualmente existem dois paradigmas principais de sustentabilidade: o desenvolvimento numa visão econômica, classificando a natureza como um bem de capital, ou seja, a sustentabilidade como algo ambiental; e o outro que tenta romper com a dominação do discurso econômico, ou seja, a sustentabilidade como algo ético. Embora as correntes econômicas possam auxiliar com modelos matemáticos para gerir os recursos naturais, viver de forma sustentável ainda significa um grande desafio para os homens. Sustentável é algo que pode ser mantido, ou, em outras palavras, pode ser compreendido como a capacidade que o ecossistema possui para enfrentar os desequilíbrios externos sem comprometer suas funções. Em termos econômicos, Barcellos e Carvalho (2010) comentam que a preocupação com a sustentabilidade surge do debate sobre sustentar o crescimento no longo prazo, considerando que a função de produção incorpora capital e também recursos naturais. Conforme o economista neoclássico Solow, para existir equidade entre as gerações, o consumo per capita precisa ser constante ou até mesmo crescente a longo prazo. Grandes mudanças ambientais requerem, além de análise de riscos ambientais e modelagens para avaliação de danos, mudanças drásticas de comportamento e formas de se relacionar com o meio ambiente. Nesse caso, grandes temas relacionados à sustentabilidade precisam ser conhecidos, ou podemos ainda chamá-los de princípios da sustentabilidade: a energia solar, a biodiversidade e a ciclagem química. recursos exauríveis podem ser alternativas para prolongar seu fornecimento, como no caso do cobre e do alumínio. A reutilização consiste em utilizar um recurso, várias vezes, de uma mesma forma; já a reciclagem considera a coleta de resíduos e a sua transformação em novos materiais. Reciclar ou reutilizar pode significar modos de viver de forma mais sustentável, seguindo os princípios da sustentabilidade. Dependência da energia solar: o sol aquece o planeta e propicia a fotossíntese [...] Sem o sol não haveria plantas, animais ou comida. O sol também alimenta indiretamente outras formas de energia, tais como o vento, a água corrente que podemos usar para produzir eletricidade. Biodiversidade: trata-se da espantosa variedade de organismos e dos sistemas naturais onde estes existem e interagem [...] a biodiversidade Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 30 também propicia inúmeras maneiras para que a vida se adapte às mudanças das condições ambientais. Ciclagem química: também conhecida como ciclagem de nutrientes, essa circulação de produtos químicos (principalmente do solo e da água) por intermédio dos organismos e de volta ao ambiente é necessária para a vida [...] sem essa ciclagem não haveria ar, água, solo, comida ou vida (MILLER; SPOOLMAN, 2012, p. 8). Esses três princípios interligados da sustentabilidade podem auxiliar no conhecimento da natureza e sustentar uma grande diversidade de vida na terra por milhões de anos. Alguns subtemas ainda integram o conceito da sustentabilidade, como o capital natural que é composto pelos recursos naturais e os serviços naturais. Como já vimos, os recursos naturais são aqueles materiais ou energia essenciais na natureza, podendo ser renováveis ou não. Já os serviços naturais estão relacionados aos processos que ocorrem na natureza, como a renovação do solo ou a purificação do ar ou da água. A grande questão ainda debatida sobre a sustentabilidade diz respeito à sua mensuração. Embora existam algumas maneiras de mensurar a sustentabilidade por meio de índices e indicadores, a sustentabilidade é imensurável, mas por que ela é imensurável? Uma mudança em direção à sustentabilidade ambiental deve ser baseada em conceitos e resultados científicos que sejam amplamente aceitos por especialistas em um determinado campo (MILLER; SPOOLMAN, 2010, p. 11). Em primeiro lugar porque não existe uma definição universalmente aceita sobre a sustentabilidade que possa ser aplicada a todas as situações e que não seja excessivamente genérica e pouco precisa. Em segundo lugar, as estatísticas disponíveis sobre esse tema ainda são insuficientes para dar Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 31 Podemos dizer então que esse debate sobre a sustentabilidade inseriu na ciência uma série de novos aspectos que devem ser acompanhados e desenvolvidos. Os indicadores devem ainda ser testados e corrigidos para que possam se adaptar a contextos diferentes. O que se percebe é que a inserção de novas regras econômicas é uma necessidade, se o desenvolvimento sustentável for confirmado como um objetivo econômico mais consensual. Em lugar do incentivo absoluto ao consumo, o que se deve ter em vista é o consumo que pode ser levado adiante sustentavelmente (CAVALCANTI, 2001). conta desse objeto, mesmo adotando-se definições mais restritas do que seja a sustentabilidade (BARCELLOS; CARVALHO, 2010, p. 99). 1. A Sustentabilidade pode ser entendida como uma condição de um processo ou de um sistema que permite a sua permanência, em determinado nível, por um determinado prazo. Diante de tal afirmação, julgue as alternativas: I. São considerados princípios da sustentabilidade: a energia solar, a biodiversidade e a ciclagem química. II. O capital natural é composto pela biodiversidade, que consiste nas várias formas de organismos e dos sistemas naturais. III. O critério de Solow considera que para haver uma equidade entre as gerações, o consumo per capita, no longo prazo, é constante. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a) V – V – V. b) V – F – V. c) F – F – V. d) V –V – F. Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 32 2. Quanto aos recursos renováveis e não renováveis: I. A luz solar é considerada um recurso natural renovável. II. Os recursos exauríveis possuem uma relação com o tempo para sua concentração. III. A reciclagem e a reutilização são saídas alternativas para os recursos renováveis. Assinale a alternativa correta: a) I e II estão corretas. b) I, II e III estão corretas. c) II e III estão corretas. d) II está correta. Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 33 Seção 3 Imperfeições do mercado para valorar o meio ambiente Nesta seção, você irá compreender como surgiu a questão da valoração ambiental. Conheceremos os conceitos de externalidades e alguns modelos econômicos para a valoração ambiental. 3.1 O surgimento da valoração econômica ambiental Uma vez que a relação homem e meio ambiente foi modificada ao longo de décadas e que os problemas ambientais foram surgindo, os processos e os serviços relacionados a esse cenário também se transformaram. A valoração econômica ambiental tem por objetivo determinar valores (monetários) para os recursos ambientais, assim como os bens e serviços na economia também foram valorados. Os preços dos recursos ambientais podem ou não ser reconhecidos no mercado, esses valores se alteram na medida em que seu uso altera o nível de produção e consumo (bem-estar) da sociedade. Ainda é importante ressaltar que os valores podem ter interpretações com elementos diferenciados pelas correntes econômico- ecológica e a abordagem neoclássica (convencional). Romeiro (2010) afirma que, se considerarmos que os ecossistemas são estoques de capital natural, seu valor (contabilmente falando) poderia ser determinado pelo valor presente dos fluxos de renda (natural) futura que conseguiria proporcionar Tendo em vista a importância dos fluxos de serviços gerados pelos ecossistemas para o bem-estar humano e para o suporte da vida no planeta, é inegável a necessidade de valorá-los economicamente de modo a oferecer subsídios para as políticas ambientais (ROMEIRO, 2010, p. 15). Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 34 (serviços ecossistêmicos). Embora algumas funções ecossistêmicas(transferência de nutrientes, ciclagem de nutrientes, regulação climática e ciclo da água) se traduzam em serviços ecossistêmicos, nem sempre apresentam relação com um único elemento, ou seja, uma função poderia gerar mais de um serviço ecossistêmico. Por esse motivo, uma análise de valoração econômica dos ecossistemas se tornaria inviável, além do conhecimento científico ser insuficiente para estimar o tempo de uma degradação da função ecossistêmica. Já para uma visão econômico-ecológica, seria necessário possuir uma abordagem integrada no que se refere às ciências sociais e às ciências naturais, assim seria possível obter transparência sobre a relevância ecológica daquilo a que se pretende atribuir valor, com a utilização de uma modelagem econômico-ecológica. Esta modelagem, num formato simples, pode fornecer entendimento sobre um determinado sistema, realizando aplicações realistas e avaliando diversas propostas de política. De forma simples, a modelagem econômico-ecológica procura representar as relações entre o ecossistema e a atividade humana, ilustrando como a ação humana modifica esse ecossistema e como diferentes configurações contribuem para que o ser humano tenha bem-estar. Ainda nesse cenário, existe a tarefa constante de uma compreensão mútua entre economistas e ecólogos. É importante ressaltar que os padrões de consumo têm se modificado, e que o funcionamento do mercado e a relação entre atividades mercadológicas e a natureza também são razões para a utilização de modelagens econômicas que procuram minimizar os impactos dos problemas ambientais, ou seja, a produção e o consumo de bens e serviços geram externalidades ao meio ambiente. As externalidades podem ser definidas como efeitos sociais, econômicos ou ambientais que afetam negativamente ou positivamente a terceiros no processo de consumo e produção. A externalidade surge a partir das falhas de mercado, que ocorrem quando os mecanismos do mercado atuam livremente, sem a intervenção governamental, causando uma não eficiência do bem-estar social. 3.2 Modelando os problemas do meio ambiente Em uma análise microeconômica é possível entender o comportamento das empresas e dos consumidores, bem como as decisões que definem o mercado. Nessa mesma analogia da teoria econômica, podemos analisar os problemas ambientais, observando por que eles ocorrem e o que pode ser feito. Nesse sentido, Thomas e Callan comentam que: Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 35 Pondere como a poluição ou o esgotamento dos recursos se origina – não a partir de um nível científico sofisticado, mas de uma perspectiva conceitual. A resposta? Ela surge, na verdade, de decisões tomadas tanto por cidadãos comuns como por empresas. Consumo e produção utilizaram-se dos recursos naturais fornecidos pelo planeta. Além disso, ambas as atividades geram subprodutos que podem contaminar o meio ambiente. Isso significa que as decisões fundamentais que orientam uma atividade econômica estão diretamente conectadas com os problemas ambientais (THOMAS; CALLAN 2010, p. 14). A relação entre os agentes econômicos empresas e família é expressada na economia pelo modelo do fluxo circular, possibilitando compreendermos o funcionamento do mercado, mas ainda não seria a ideal para demonstrar uma ligação entre meio ambiente e atividade econômica, embora esta possa ser ilustrada pelo que chamamos de modelo de balanço de materiais. Assim, o fluxo real do modelo do fluxo circular é apresentado de forma mais ampla, trazendo as conexões entre as decisões econômicas e o meio ambiente. Fonte: Adaptado de Thomas e Callan (2010, p. 17). Figura 1.4 | Modelo de fluxo de balanço de materiais A figura 1.4 demonstra uma conexão entre a natureza, as famílias e as empresas, em que o sistema econômico está ligado à natureza por um fluxo de matérias ou recursos naturais. Não se pode ignorar o fato de que as famílias oferecem os fatores de produção, inclusive os recursos naturais. Um outro conjunto de ligações contrárias aparece da economia para o meio ambiente, em que as matérias-primas que entram Natureza Mercado de produtos Famílias Empresas Ofertas de recursos Dem and o po r be ns e se rviç os Oferta de bense serviços Re uso -re cic lag em -re cu pe raç ão Recuperação-reciclagem-reuso Demanda por recursos Re síd uo s d o co ns um o Re cu rso s n at ur ais ex tra íd os d a n at ur ez a Resíduos da produção Mercado de fatores de produção Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 36 no sistema retornam à natureza como resíduos de consumo e produção, que, embora sejam invitáveis, podem ser atrasados pela reciclagem ou reuso. Quadro 1.3 | Caso prático Grupo BMW Aplicação Prática: Decisões e Projetos Sustentáveis de Reciclagem do Grupo BMW Além da venerável reputação do Grupo BMW pelos projetos automobilísticos, este também é reconhecido por outra distinção. A fabricante de automóveis está firmemente comprometida com decisões corporativas sustentáveis e, por isso, com o desenvolvimento e a construção de BMWs de maneira ambientalmente responsável. Por algum tempo, o objetivo da companhia foi construir automóveis com 100% de suas autopeças reutilizáveis ou recicláveis. Hoje, os BMWs novos são quase completamente recicláveis. De fato, reciclagem foi um importante fator na reintrodução do MINI Cooper. Graças às análises de desmontagem conduzidas pelo Centro de Reciclagem e Desmanche de Lohhof, Alemanha, o Grupo BMW está desenvolvendo o que chama de “soluções para reciclagem econômica ambientalmente sensível”. Essas análises determinam o tempo e os recursos necessários para desmanchar um veículo ao final de seu ciclo de vida útil. Essa informação é integrada a novos projetos de construção de veículos. Essa abordagem é chamada de “Projetado para Desmonte (DFD)” – um método de manufatura focado na construção do produto para facilitar a reciclagem no final da sua vida útil. Paralelamente a outras corporações, tais como Volkswagen, 3M e General Eletric, o grupo BMW está pesquisando maneiras de produzir produtos DFD que sejam economicamente competitivos e atendam aos mais altos padrões de engenharia de qualidade da companhia. A pesquisa da BMW em DFD é parte de um comprometimento de longo prazo com decisões ambientalmente responsáveis. A companhia tem reciclado seus conversores catalíticos desde 1987. Um ano mais tarde, introduziu, com produção limitada, o Z1 Roadster. O esportivo é totalmente reciclável e considerado o primeiro produto DFD, sem precedentes. Após essa marcante realização, o grupo BMW construiu uma fábrica piloto na Bavária dedicada exclusivamente à pesquisa para produção de produtos DFD. Equipes de trabalhadores naquela unidade sistematicamente desmontam automóveis, começando pelos fluidos e óleos, terminando com a remoção e separação de materiais do interior do automóvel. O principal objetivo é construir um automóvel que possa ser desmontado a um custo relativamente baixo. Muitas horas dedicadas à desmontagem elevam os custos e reduzem a competitividade – um resultado que nenhuma montadora de automóveis suporta. Outra meta essencial é garantir que as autopeças possam ser prontamente separadas. Isso é particularmente crítico para plásticos, que são mais complexos para reciclar, mas cada vez mais utilizados para reduzir o peso dos veículos e melhorar a eficiência no consumo de combustíveis. Usando a gestão de fluxo de matérias, o grupo BMW e vários parceiros desenvolveram técnicas de separação de espuma de poliuretano e plásticos pelo grau de pureza. E tomando isso como um passo mais à frente, a empresa termina utilizando os plásticos reciclados para a construção de carros novos. De fato, a participação média de plásticos reciclados em cada modelo da BMW representa hoje o montante de 15%. E para fechar o ciclo, o grupo BMW e um seleto grupo de parceiros estabeleceram uma rede de centros de resgate e reciclagem de automóveis por toda a Alemanha. Essa infraestruturaé voltada para tornar ainda mais conveniente para os donos de BMWs o descarte de seus carros no final de seus ciclos de vida econômicos. Semelhantes redes têm sido desenvolvidas em outros países da Europa. Embora uma diretiva da União Europeia (EU) tenha exigido o estabelecimento dessas redes em 2000, o grupo BMW tinha a sua desenvolvida desde 1990, muito antes da diretiva ser publicada. Hoje, aproximadamente 2 mil automóveis são desmontados e reciclados por dia nesses Centros de Reciclagem e Desmonte. Fonte: Adaptado de Thomas e Callan (2010, p. 18). Nesse aspecto, o balanço de materiais pode ser considerado uma ferramenta que demonstra como os problemas ambientais estão diretamente ligados às decisões Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 37 das empresas e dos consumidores, ou seja, ao funcionamento dos mercados, e, em razão da degradação dos recursos ambientais, é necessário desenvolver uma análise completa sobre a geração de resíduos poluentes e por que as próprias forças de mercado não são suficientes para solucionar os problemas, entrando em cena os modelos de falha de mercado para auxiliar na identificação e solução de problemas. Como identificamos quais substâncias estão causando dano ambiental? Uma forma é por meio da origem – quer dizer, se elas são poluentes naturais vindos da natureza ou se são poluentes antropogênicos, resultantes da ação humana (THOMAS; CALLAN, 2010, p. 19). 3.3 Modelando as falhas de mercado Cotidianamente, indivíduos comuns e empresas se deparam com um conceito que normalmente incomoda a ambos, a poluição. A poluição refere-se à degradação dos ecossistemas sobre os quais os poluentes provocam efeitos negativos ao seu equilíbrio. Conforme Thomas e Callan (2010), entender economicamente, por exemplo, por que a poluição persiste na ausência de intervenções nos remete a um questionamento: Por que o mercado não tem capacidade de reagir à poluição ambiental, ou será que ele tem condições de fazê-lo? A resposta seria que a poluição é considerada uma falha de mercado capaz de distorcer o modelo clássico de mercado, violando algumas premissas de um mercado perfeito. Nesse caso, o governo precisa realizar intervenções já que os mecanismos de incentivo geralmente não proporcionam soluções eficientes. Quando a falha de mercado é identificada, esses incentivos podem ser transformados em uma política ambiental. Thomas e Callan (2010, p. 66) assinalam que: Os economistas moldam problemas ambientais como falhas de mercado utilizando tanto a teoria dos bens públicos como a teoria das externalidades. Cada uma é diferenciada pelo modo com que o mercado é definido. Se o mercado for definido como "qualidade ambiental", a fonte da falha de Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 38 mercado é de qualidade ambiental construir um bem público. Se o mercado for definido como o bem cuja produção ou consumo gera prejuízo ambiental, a falha de mercado será em função de uma externalidade. Com relação aos bens públicos, estes são classificados considerando as seguintes características: são não rivais e seus benefícios são não excludentes. O princípio não rival significa que quando um bem é consumido por uma pessoa, outro indivíduo não está impossibilitado de consumir o mesmo bem. No que tange ao princípio da não exclusividade, este quer dizer que não existe a possibilidade de impedir que outros compartilhem os benefícios do consumo de um bem. Embora pareçam semelhantes, a não rivalidade e a não exclusividade não podem ser consideradas idênticas. "Não rivalidade significa que o racionamento do bem não é desejável, enquanto que a não exclusividade significa que o racionamento do bem não é viável" (THOMAS; CALLAN, 2010). Imagine se tentassem limitar um ar mais limpo para uma única pessoa. Não seria estranho pensar que outras pessoas poderiam ser excluídas de consumir um ar mais limpo apenas porque alguém pagou por ele. Além disso, se o ar está mais limpo para alguém, os outros podem aproveitar-se dos benefícios do ar que está mais saudável. Dessa forma, aceita-se a ideia de que a qualidade ambiental é um bem público. 3.4 Equacionando um mercado de bens públicos Para obter um equilíbrio com eficiência dos bens públicos é necessário definir as funções de oferta e demanda. Em um caso hipotético, será realizada uma análise sobre a qualidade do ar com um nível aceitável de redução de poluição, ou, para simplificar, redução de porcentagem nas emissões de dióxido de enxofre (SO 2 ). Conforme Thomas e Callan (2010), vamos supor que existe uma determinada quantidade de produtores hipotéticos, cada um dos quais deseja e pode fornecer várias reduções de SO 2 em diferentes níveis de preços. A agregação dessas decisões de produção origina a oferta de mercado, que será representada na tabela 1.1. O preço (P) é medido em milhões de dólares, e a quantidade ofertada (Qs) é medida como uma porcentagem da redução de SO 2 . Esse caso da oferta, em uma expressão algébrica, seria representado como: Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 39 Já para a demanda dos bens públicos, a analogia que normalmente se faz é o questionamento: o quanto desse bem você consumiria a dado preço? Não caberia nessa análise. O objetivo principal é saber que o preço de demanda do bem público varia, mesmo se a quantidade não variar. No caso específico dos bens públicos, o consumidor expressará uma "disposição a pagar" (DAP) que está ligada aos benefícios que cada um espera como resultado do consumo. De acordo com Thomas e Callan (2010 p. 69): Para entender o exemplo em questão, pergunta-se a dois consumidores (apenas dois para facilitar a análise) o quanto cada um tem disposição para pagar (anualmente) pela redução de SO 2 . Os resultados são apresentados na tabela 1.2. Nesse contexto, a coluna com a quantidade demanda (Qd) demonstra uma seleção de níveis possíveis de redução que podem ser fornecidos aos consumidores. Oferta de Mercado: P= 4+ 0,75Qs Fonte: Thomas e Callan (2010, p. 69). Tabela 1.1 | Dados hipotéticos de oferta no mercado de qualidade do ar Quantidade Ofertada Preço de Oferta de Suprimento no Mercado Qs (% de redução de SO 2 ) P= 4+ 0,75 Qs (US$ milhões) 0 4,00 5 7,75 10 11,50 15 15,25 20 19,00 25 22,75 30 26,50 A demanda de mercado de um bem público é a demanda agregada para todos os consumidores do mercado. É resultante da somatória vertical de cada demanda individual para determinar o preço de mercado (P=∑p) em cada uma das possíveis quantidades de mercado (Q). Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 40 Fonte: Thomas e Callan (2010, p. 70). Tabela 1.2 | Dados hipotéticos de demanda no mercado de qualidade do ar Quantidade Demandada Consumidor 1 Consumidor 2 Preço de Demanda Qd (% de redução de SO 2 ) DAP P1=10-0,12QD DAP P2=15-0,18QD Combinado dos consumidores 1 e 2 P1+P2 = 25+0,30D US$ US$ US$ 0 10,00 15,00 25,00 5 9,40 14,10 23,50 10 8,80 13,20 22,00 15 8,20 12,30 20,50 20 7,60 11,40 19,00 25 7,00 10,50 17,50 Os preços da demanda ou respostas (DAP) são nomeados como P1 e P2, que se referem ao consumidor 1 e 2, respectivamente. Algebricamente, as respostas podem ser baseadas nas equações a seguir: Pode-se perceber que a resposta DAP de cada consumidor é única para um dado QD. Conforme exemplo de Thomas e Callan (2010), supondo uma redução de 5% em SO 2 , o consumidor 1 estaria disposto a pagar US$ 9,40 por ano, enquanto o consumidor 2 pagaria US$ 14,10 por ano. As respostas variam de consumidor para consumidor, pois cada um possui um nível de renda e preferência. Observa-se então que os consumidores podem ter preferências diferentes em relação à qualidade do ar, inclusive com avaliações diferentes sobre os benefícios que isso pode proporcionar. Nesse contexto, ainda podemos calcular o equilíbrio no mercado de qualidade do ar, resolvendo as equações de oferta e demanda: Demanda para o consumidor 1: P 1 = 10 - 0,12QD Demanda para o consumidor2: P 2 = 15 - 0,18QD Oferta de Mercado = Demanda de Mercado 4+0,75Qs = 25 - 0,3QD, onde Qs = QD 1,05Q = 21, ou QE= 20% = 4 + 0,75 (20) ou 25 - 0,3 (20) = US$ 19 milhões Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 41 Esse equilíbrio ainda pode ser representado graficamente. No gráfico 1.1, imaginando que o mercado de redução de SO 2 é competitivo, o preço de equilíbrio (PE), cujo valor é de US$ 19 milhões e a quantidade de equilíbrio (QE) igual a 20% de redução, representam o que chamamos de solução com eficiência alocativa. Aqui, QE representa o nível ótimo de redução medida da esquerda para a direita e também (em uma análise implícita) o nível ótimo de poluição do ar. Nesse caso, o nível ótimo não é necessariamente zero. Nessa perspectiva, reduzir a poluição a zero envolveria custos de oportunidade proibitivos. Assim, produção e consumo necessitariam de algum sacrifício e, mesmo considerando uma tecnologia avançada, um mundo com poluição zero seria um mundo sem eletricidade, ou sem transportes avançados, ou seja, não faria sentido defender uma eliminação total da poluição. No exemplo hipotético da qualidade do ar, partiu-se da premissa de que os consumidores revelariam sua disposição a pagar por uma redução de SO 2 , sendo possível a identificação da demanda. No entanto, sem a intervenção de terceiros (no caso, o governo) torna-se quase impossível obter tal informação. Caso a demanda não seja identificada, não seria possível identificar um resultado eficiente e é exatamente dessa incapacidade dos mercados livres assegurarem uma disposição de pagar pelos bens públicos que se originam as falhas de mercado. Fonte: Thomas e Callan (2010, p. 73). Gráfico 1.1 | Oferta e demanda de mercado de qualidade do ar 3.5 A Teoria da Externalidade e o Teorema de Coase Como já discutido, externalidade pode ser considerada um efeito positivo ou negativo que o consumo ou a produção gera a terceiros. Thomas e Callan (2010, p. Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 42 75) afirmam que "se o efeito externo gerar custos a um terceiro, será uma externalidade negativa, já se o efeito externo gerar benefícios a um terceiro, será uma externalidade positiva". Na visão de economistas ambientais, as externalidades são os efeitos que prejudicam os recursos naturais, a oferta de água, a atmosfera ou, de forma geral, a qualidade de vida. Thomas e Callan (2010, p. 76) assinalam que: Para a externalidade também existem modelos formais que equacionam os problemas ambientais. Por exemplo, verificando qual a escolha mais adequada das refinarias de petróleo (que são principais poluidoras de água) para minimizar riscos à saúde das pessoas que se utilizam das águas dos rios e dos córregos. Quando a produção de qualquer bem gera uma externalidade negativa, verifica-se uma ineficiência dos mercados na alocação dos recursos. Deste modo, o estudo de modelos pelos economistas busca moldar os problemas ambientais a fim de que uma possível ineficiência dos mercados possa ser reparada. Tanto o modelo de bens públicos como o das externalidades buscam demonstrar por que os mercados falham, e até mesmo a possibilidade de quantificar as falhas. Porém, em ambos os casos o que não é bem definido é o direito de propriedade do bem. Nesse sentido, direito de propriedade pode ser entendido como uma série de reivindicações. Para auxiliar nessa questão, o Teorema de Coase pode ser considerado uma teoria relevante sobre os direitos de propriedade. [...] as externalidades ambientais são aquelas que afetam o ar, água, ou a terra, todos os quais possuem características de bens públicos. O que isso implica é que, embora os bens públicos e as externalidades não constituam mesmo conceito, estão intimamente relacionados. Esse teorema constata que uma atribuição apropriada dos direitos de propriedade a qualquer bem, mesmo que na presença de externalidades, permitirá barganhar entre as partes afetadas de tal modo que poderá ser obtida uma solução eficiente, independente da parte detentora dos direitos. Duas importantes premissas subjacentes dessa teoria são dignas de nota: as transações são gratuitas e os danos são acessíveis e mensuráveis (THOMAS; CALLAN, 2010, p. 83). Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 43 A teoria apresentada por Ronald Coase pode ser bastante eficaz em algumas circunstâncias. Se o agente privado consegue negociar sem custo no que tange à alocação de recursos, ele ainda poderia resolver por si só a questão da externalidade. Quando existe o reconhecimento de direitos, do poluidor ou da vítima da poluição, são proporcionadas ao mercado condições para atingir um resultado eficiente, pois ambas as partes podem chegar a um acordo que as beneficie mutuamente. Embora o modelo proposto por Coase forneça um importante resultado, para uma previsão eficiente é necessário levar em consideração duas premissas: que as transações sejam gratuitas e que os danos sejam mensuráveis, sendo assim, quanto menor o número de indivíduos envolvidos em cada lado do mercado, melhor a teoria se encaixa na prática. Por fim, nessa perspectiva econômica uma possível solução para as externalidades, inclusive as que influenciam o meio ambiente, seria a internalização da externalidade, o que consiste em forçar os participantes do mercado a absorver os custos ou benefícios externos, por meio da atribuição dos direitos de propriedade. Esses direitos são atribuídos inicialmente pela decisão do governo, inclusive com a determinação e fiscalização dos seus limites a fim de garantir o direito da sociedade. Observando os modelos econômicos ambientais, reflita: qual a contribuição desses modelos para um mundo ecologicamente mais sustentável? 1. À medida que a sociedade se transformou com o passar dos séculos, passou a enfrentar problemas de ordem ambiental. O desafio agora é proteger e preservar os recursos naturais conseguindo ainda se desenvolver no sentido econômico. Nesse sentido, a valoração ambiental tem por objetivo: I. Evitar que os agentes privados degradem o ambiente. II. Determinar valores (monetários) para os recursos ambientais. III. Valorar os recursos ambientais fornecendo subsídios para Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 44 políticas ambientais. Assinale a alternativa correta: a) I, II e III estão corretas. b) I e II estão corretas. c) I e III estão corretas. d) II e III estão corretas. 2. A valoração econômica possui duas interpretações com elementos diferenciados pelas correntes econômico- ecológica e a abordagem neoclássica (convencional). Explique em que consiste a valoração na corrente ecológica. Nesta unidade foi realizada uma análise das relações entre os recursos naturais e a sociedade, bem como os principais conceitos da economia do meio ambiente, por isso é importante conhecer alguns elementos centrais, como: • Ecossistemas. • Corrente neoclássica e ecológica. • Desenvolvimento sustentável. • Recursos renováveis e não renováveis. • Falhas de mercado: bens públicos e externalidades. Os principais tópicos concentram-se nos assuntos acima citados, porém, é importante indicarmos os conteúdos trabalhados na unidade. • Desenvolvimento sustentável numa perspectiva histórica. • Capitalismo e meio ambiente. • O conceito de desenvolvimento sustentável. • Recursos naturais. • Recursos renováveis. • Recursos não renováveis. Discussões iniciais sobre meio ambiente U1 45 • O surgimento da valoração econômica ambiental. • Modelando as falhas de mercado. • Equacionando um mercado de bens públicos. • Teoria das externalidades. • Teorema de Coase. Essas informações são importantes, visto que servirão de complemento para as discussões sobre o meio ambiente, os recursos naturais renováveis ou não renováveis e as imperfeições do mercado. Caro estudante, prossiga com a leitura do livro e acrescente mais a seu conhecimento através de leituras
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