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LV
IM
EN
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 SU
STEN
TÁV
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Economia 
ambiental e 
desenvolvimento 
sustentável
Leuter Duarte Cardoso Junior
Daiane A. Rodrigues Santiago
Renato José da Silva
Regina Lúcia Sanches Malassise 
Fabiano Prado Pedroso
Economia ambiental 
e desenvolvimento 
sustentável
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 Cardoso Junior, Leuter Duarte
 
 
 ISBN 978-85-8482-458-8
 1. Economia ambiental. 2. Desenvolvimento sustentável. 
 3. Desenvolvimento econômico. I. Rodrigues, Daiane A. 
 Santiago. II. Silva, Renato José da. III. Malassise, Regina Lúcia 
 Sanches. IV. Pedroso, Fabiano Prado. V. Título.
 CDD 333.7 
Leuter Duarte Cardoso Junior, Daiane A. Rodrigues Santiago, 
Renato José da Silva, Regina Lúcia Sanches Malassise, 
Fabiano Prado Pedroso. – Londrina: Editora e Distribuidora 
Educacional S.A, 2016. 
 200 p.
C268c Economia ambiental e desenvolvimento sustentável / 
© 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer 
modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo 
de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e 
Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente Acadêmico de Graduação
Mário Ghio Júnior
Conselho Acadêmico 
Dieter S. S. Paiva
Camila Cardoso Rotella
Emanuel Santana
Alberto S. Santana
Regina Cláudia da Silva Fiorin
Cristiane Lisandra Danna
Danielly Nunes Andrade Noé
Parecerista
Mirna Ivonne Gaya Scandiffio
Editoração
Emanuel Santana
Cristiane Lisandra Danna
André Augusto de Andrade Ramos
Adilson Braga Fontes
Diogo Ribeiro Garcia
eGTB Editora
2016
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Unidade 1 | Discussões iniciais sobre meio ambiente
Seção 1 - Desenvolvimento sustentável numa perspectiva histórica
1.1 | Capitalismo e meio ambiente
1.2 | Desenvolvimento sustentável numa perspectiva histórica
1.3 | O conceito de desenvolvimento sustentável
Seção 2 - Os recursos renováveis e não renováveis
2.1 | A Classificação dos recursos naturais
2.2 | Os recursos renováveis
2.3 | Os recursos não renováveis
2.4 | Sustentabilidade
Seção 3 - Imperfeições do mercado para valorar o meio ambiente
3.1 | O surgimento da valoração econômica ambiental
3.2 | Modelando os problemas do meio ambiente
3.3 | Modelando as falhas de mercado
3.4 | Equacionando um mercado de bens públicos
3.5 | A teoria da externalidade e o teorema de Coase
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Unidade 2 | Economia ecológica
Seção 1 - O contexto da economia ecológica
1.1 | Relações entre economia e ecologia: o “novo” fluxo circular
1.2 | Perspectiva histórica do meio ambiente e sustentabilidade e a economia 
ecológica
Seção 2 - A curva ambiental de Kuznets (CAK) e o
desenvolvimento sustentável
2.1 | A curva ambiental de Kuznets (CAK)
2.2 | Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável
 2.2.1 | O que é sustentabilidade
 2.2.2 | O que é desenvolvimento sustentável
Seção 3 - Limites ao crescimento e à economia ecológica
3.1 | “Mundo cheio” e “Mundo vazio”
3.2 | Axiomas da economia ecológica
Seção 4 - O método da economia ecológica: análise multicriterial 
e indicadores físicos de sustentabilidade
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Sumário
4.1 | Análise multicriterial
4.2 | Estatísticas e indicadores de sustentabilidade
83
86
Unidade 3 | Economia do meio ambiente
Seção 1 - Contextualização da economia do meio ambiente
1.1 | Economia ambiental versus economia ecológica
1.2 | Economia ambiental versus economia neoclássica
Seção 2 - Idealizações e conceitos da economia dos
recursos naturais
2.1 | Equilíbrio de mercado e de eecursos naturais
2.2 | Gestão dos recursos naturais
Seção 3 - Políticas ambientais contra a poluição
3.1 | O Custo social do carbono
 3.1.1 | Efeito estufa
3.2 | Cobranças contra poluição
3.3 | Ferramentas de inventários de poluição e mercado de carbono
Seção 4 - A contabilidade ambiental e a macroeconomia
ambiental
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109
109
112
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117
119
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129
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Unidade 4 | Discussões recentes sobre meio ambiente e sustentabilidade
Seção 1 - Sustentabilidade fraca
1.1 | Perspectiva da economia neoclássica e a sustentabilidade fraca
 1.1.1 | Economia dos recursos naturais
1.2 | Economia do meio ambiente
 1.2.1 | Valor monetário das externalidades
 1.2.2 | Nível ótimo de poluição
 1.2.3 | Nível ótimo social
 1.2.4 | Política baseada no mercado: taxas corretivas e subsídios
 1.2.5 | Políticas baseadas em mercados: licenças de poluição negociáveis
1.3 | Índices e indicadores de sustentabilidade na concepção da
sustentabilidade fraca
 1.3.1 | Índices e indicadores de sustentabilidade ambiental na prática
Seção 2 - Economia ecológica e a sustentabilidade forte
2.1 | Economia ecológica
2.2 | Indicadores e índices de sustentabilidade na concepção da
sustentabilidade forte
Seção 3 - Organismos e bandeiras ambientais
3.1 | Bandeiras ambientais
 3.1.1 | Bandeira azul
 3.1.2 | Bandeira ambiental: biológica
 3.1.3 | Bandeira ambiental: carbon free
3.2 | Organismos ambientais
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188
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Apresentação
Caro aluno, nesta obra você terá a oportunidade de estudar os fundamentos da 
Economia Ambiental. Compreender a dimensão e a abrangência das discussões 
ambientais é um requisito fundamental na atualidade. Você já deve ter percebido 
que a forma de organização produtiva necessita ser repensada para que a 
preocupação ambiental saia do papel e torne-se uma prática no cotidiano dos 
países, das organizações e dos indivíduos.
Uma das possíveis formas pelas quais a Economia Ambiental pode colaborar 
com esse processo é propor métodos de valoração econômica e ambiental bem 
como destacar os aspectos relevantes para o desenvolvimento sustentável da 
adoção de medidas econômicas de proteção ambiental. Dessa forma, o conteúdo 
deste livro contribuirá fornecendo os fundamentos econômicos necessários ao 
debate ambiental e sobre a sustentabilidade.
O objetivo geral desta obra é apresentar os fundamentos da Economia 
Ambiental e os principais métodos de valoração ambiental, destacando também 
os aspectos relevantes do desenvolvimento sustentável. Especificamente, 
entender como a evolução do sistema produtivo desembocou na discussão sobre 
a questão ambiental. Vamos conhecer os pressupostos da Economia Ecológica, 
contextualizar a Economia do Meio Ambiente e compreender as propostas do 
desenvolvimento sustentável na versão forte e fraca.
Para dar conta desse conteúdo, o livro é composto por 4 unidades, quais sejam:
Unidade 1: Discussões inicias sobre meio ambiente. Nesta unidade, você será 
levado a compreender a relação entre economia e meio ambiente, bem como os 
fundamentos da Economia Ambiental, os aspectos relevantes do Desenvolvimento 
Sustentável e o processo de modelagem dos problemas ambientais.
Unidade 2: Economia Ecológica. Nesta unidade, você será levado a compreender 
os pressupostos e avanços teóricos que deram origem às discussões do escopo da 
Economia Ecológica.
Unidade 3: Economia do meio ambiente. Nesta unidade, você conhecerá os 
fundamentos da economia ambiental. Vamos explorar o contexto no qual se 
insere a vertente ambiental passando por temas tais como: avaliação do meio 
ambiente, economia da poluição e política ambiental, economia dos recursos 
naturais, contabilidade ambiental, até chegar na macroeconomia ambiental.
Unidade 4: Discussões recentes sobre meio ambiente e sustentabilidade. Nesta 
unidade,apresentamos os estudos que permitem compreender os aspectos da 
sustentabilidade forte e fraca por meio dos conceitos e fundamentos da economia 
ambiental.
Ao final deste estudo você estará mais informado e apto a compreender o 
contexto histórico, teórico e quantitativo que estrutura os conhecimentos sobre a 
Economia Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável. Desde já, desejo a desejo 
a você bons estudos.
Unidade 1
DISCUSSÕES INICIAIS SOBRE 
MEIO AMBIENTE
Objetivos de aprendizagem: 
Nesta unidade, você será levado a compreender a relação entre Economia e 
Meio Ambiente, bem como os fundamentos da Economia Ambiental, os aspectos 
relevantes do Desenvolvimento Sustentável e o processo de modelagem dos 
problemas ambientais.
Portanto, serão nossos objetivos: 
• Compreender os conceitos da relação entre Economia e Meio Ambiente e 
seus aspectos relevantes.
• Conhecer a perspectiva histórica do desenvolvimento sustentável, 
acompanhando a evolução desse conceito. 
• Entender a classificação dos recursos renováveis e não renováveis.
• Verificar a importância dos recursos naturais no fluxo da economia. 
• Abordar as teorias de imperfeições de mercado e a valoração do meio 
ambiente. 
Diante de tais objetivos, nossa preocupação é entender como as relações 
entre o homem e o meio ambiente se transformaram ao longo da história, 
levando à criação de teorias sobre a questão ambiental. Nesse contexto, ainda 
é necessário compreender a classificação dos recursos naturais, bem como os 
modelos econômicos de valoração desses recursos.
Para alcançarmos os objetivos, será realizado um retorno aos conceitos 
de meio ambiente, capitalismo, recursos naturais, modelos econômicos de 
valoração ambiental, entre outros. Os conteúdos serão apresentados em três 
seções.
Daiane A. Rodrigues Santiago 
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
8
Nesta seção será tratado o conceito de desenvolvimento e sua evolução ao 
longo do tempo. Também serão tratadas as relações entre o sistema capitalista, 
economia e meio ambiente.
Esta seção apresenta a classificação dos recursos naturais e como eles são 
tratados na visão econômica. Destaca ainda como a utilização dos recursos 
renováveis e não renováveis é fundamental para a sustentabilidade.
A seção 3 destaca a questão da valoração ambiental, bem como a 
importância de compreender as falhas de mercado para proposta de soluções 
dos problemas ambientais. Ressalta ainda a Teoria dos Bens Públicos e a Teoria 
das Externalidades.
Seção 1 | Desenvolvimento sustentável numa perspectiva 
histórica
Seção 2 | Os recursos renováveis e não renováveis
Seção 3 | Imperfeições do mercado para valorar o meio 
ambiente
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
9
Introdução à unidade
Todos os dias, seja em qualquer meio de comunicação, nos deparamos com 
questões ligadas ao meio ambiente. Será que conhecemos os limites do nosso meio 
ambiente? Conhecemos os caminhos para alcançarmos um mundo sustentável?
Esta unidade está voltada ao conhecimento e à identificação das relações 
entre sociedade e meio ambiente, bem como ao processo histórico que levou 
ao debate do desenvolvimento sustentável. É importante que você compreenda 
como o desenvolvimento do sistema capitalista e os acontecimentos históricos 
transformaram a forma pela qual o homem se relaciona com o meio ambiente. 
As teorias econômicas influenciaram no processo de desenvolvimento de ideias e 
ferramentas que possibilitaram realizar uma valoração dos recursos naturais. 
Podemos dizer também que a economia dos recursos naturais adquiriu importante 
papel para a classificação destes em recursos renováveis e não renováveis, e que 
essa classificação possibilita um entendimento melhor da capacidade de carga 
do planeta, para que atitudes sustentáveis sejam utilizadas a fim de minimizar os 
impactos no meio ambiente. Mas o que seria a capacidade de carga do planeta? Essa 
capacidade é o limite máximo de tudo o que o planeta pode nos oferecer, como: 
água, ar, alimento etc. Nessa perspectiva, a teoria econômica ainda contribuiu para 
o surgimento da valoração ambiental, ou seja, uma forma de precificar recursos 
naturais e entender como funciona o fluxo real da economia. Esse fluxo real é 
realizado com uma expansão para o meio ambiente, ficando conhecido também 
como o balanço de materiais. 
Esta unidade está dividida em três seções. A seção 1 trata do desenvolvimento 
sustentável numa perspectiva histórica, em que são trabalhados os conceitos de 
meio ambiente e economia, assim como suas relações. Aborda ainda a evolução 
histórica do desenvolvimento sustentável e suas implicações. Na seção 2, você 
compreenderá a classificação dos recursos naturais em renováveis e não renováveis 
e como esses recursos exercem papel fundamental na questão de riqueza na 
economia. Também será discutida a questão da "sustentabilidade ambiental". Por 
fim, na seção 3, serão apresentadas as teorias neoclássica e ecológica, colocando 
a questão dos distúrbios ambientais como consequência das imperfeições do 
mercado, explanando as teorias das externalidades e dos bens públicos, em que, 
nesse contexto, a tecnologia passa a ser uma auxiliar para minimizar os impactos no 
meio ambiente.
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
10
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
11
Seção 1
Desenvolvimento sustentável numa perspectiva 
histórica
Nesta seção, você verá como o debate sobre as relações entre o meio ambiente 
e a economia contribuíram para o desenvolvimento da Economia Ambiental, bem 
como as correntes econômicas que surgiram para a discussão desse tema.
1.1 Capitalismo e meio ambiente
O meio ambiente pode ser definido como um conjunto de elementos como 
animais, vegetais, microrganismos, solo, entre outros, que interagem no sistema 
natural. Desse modo, o meio e ambiente e o sistema econômico entraram em 
conflito com a consideração de que os recursos naturais eram finitos. Uma vez 
que o mundo atual é predominantemente capitalista, as alterações de padrões de 
produção e consumo foram automaticamente influenciando a relação com o meio 
ambiente.
O sistema socioeconômico caracterizado pela propriedade privada, a livre 
concorrência, liberdade de associação e o capitalismo, tem como marca a 
acumulação de capital. Esse modo de produção está ancorado na divisão da 
sociedade em duas classes essenciais: a dos proprietários dos meios de produção 
(terra, matérias-primas, máquinas e instrumentos de trabalho), que pagam pela força 
de trabalho fazendo funcionar suas unidades de produção, e a classe dos proletários, 
que são aqueles que vendem sua força de trabalho, pois não detêm nenhum meio 
de produção, bem como não possuem o capital que lhes permita trabalhar por sua 
própria conta.
Desde a ascensão do capitalismo e a mudança de atitude com relação aos níveis 
de consumo dos recursos naturais, a dificuldade para a adoção de uma posição 
equilibrada é visível, considerando o que se vivia no sistema feudal.
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
12
Em contraposição, a sociedade capitalista moderna trata de abolir algumas 
características da racionalidade econômica, surgindo um descontrole tanto dos 
recursos humanos quanto dos recursos naturais, a exemplo da exploração do 
trabalho que atingiu níveis inimagináveis, gerando também uma reação intelectual 
e organizacional. Já com relação aos recursos naturais, no período mais recente os 
agentes econômicos passaram a possuir restrições sobre a forma com que esses 
estavam sendo utilizados.
Sob muitos aspectos pode-se dizer que as organizações e 
instituições feudais representavam uma espécie de expressão 
organizacional e institucional de motivações não econômicas 
e/ou altruístas da sociedade. Isto porque através destas 
instituições e organizações a sociedade feudal buscava 
submeter as atividades produtivas a minuciosas regulações 
que refletiam o que ela entendia ser justo. Ou seja, era uma 
sociedade que buscava submeter a racionalidadeeconômica 
a um conjunto de restrições de ordem não econômica e/ou 
altruísta (ROMEIRO, 2010, p. 17).
[...] nesse sistema, a concorrência precipita os capitais 
individuais numa luta de vida ou morte pela externalização 
dos custos de produção1 e de provimento das condições de 
produção. Assim, como efeito não pretendido orquestrado 
por uma maligna mão invisível2, verdadeira tragédia dos 
comuns, crescem continuamente os custos das tarefas de 
provimento das condições naturais da produção, tarefas que, 
evidentemente, devem ser operadas pelo Estado e custeadas 
pela tributação de parcelas crescentes do valor excedente 
produzido (CARNEIRO, s. d., p. 29).
O que se percebe é um estágio avançado de complexas relações no sistema 
capitalista, no qual se capitaliza tudo, humanizando a natureza que também é 
mercantilizada. Nesse contexto, não existe o chamado altruísmo, ou seja, aquilo 
1Externalização dos custos de produção: forma de atuação no mercado que procura externar todos 
custos produtivos.
2Mão invisível: faz referência à mão invisível de Adam Smith, cuja explicação diz que uma economia de 
mercado sempre tende a estar em equilíbrio, sem necessitar de intervenções.
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
13
Criou-se então uma relação interativa com a natureza que lhe permitiu conhecer 
e criar técnicas específicas de manejo dos diversos ecossistemas. O ecossistema é o 
sistema composto pelos seres vivos (meio biótico) e o local onde eles vivem (meio 
que se pretende deixar para as gerações futuras, já que o comportamento humano 
é considerado maximizador da utilidade e egoísta. Existe ainda a proposição de 
modelos de gerações entrelaçadas, o que criaria a "cadeia altruísta" tentando manter 
o padrão de vida preservado da degradação ambiental, porém esses modelos 
possuem algumas falhas, uma delas inclusive é considerar que as consequências 
dos problemas ambientais recairão em gerações muito à frente do tempo, com 
gerações diferentes e sentimentos de desprendimento de tal herança.
1.2 Desenvolvimento sustentável numa perspectiva histórica
A relação entre a natureza e o homem, desde o início da civilização, é algo do 
interesse de estudiosos e pesquisadores de diversas áreas. Ao abrir um livro chamado 
"Uma História Verde do Mundo", do autor Clive Ponting (1995), é possível observar 
a discussão sobre a relação entre os seres humanos e o meio ambiente e perceber 
que a história humana não pode ser compreendida em um vazio, mas que a vida na 
terra depende de como os seres humanos interagem com o seu ambiente. 
A sobrevivência, num passado distante, dependia apenas do que os homens 
encontravam para comer, e eles se alimentavam sobretudo de raízes e frutos. O modo 
de vida de povos antigos (como os povos indígenas) não provocava desequilíbrios 
que comprometessem o ecossistema, embora o modificasse. O controle do fogo 
abriu caminho para que a interação entre a espécie humana e a natureza assumisse 
características próprias (ROMEIRO, 2010). 
Nesse contexto, exemplifica Cavalcanti (2001, p. 93):
O estilo de vida dos índios da Amazônia baseia-
se exclusivamente em fontes renováveis de energia 
fundamentalmente, fotossíntese. Combustíveis fósseis 
não são usados de forma alguma, e a lenha se emprega 
sustentavelmente. Não ocorre destruição visível do meio 
ambiente entre os índios e sua forma de conhecimento 
depende da experiência, a qual se transmite oralmente 
por meio da tradição. Um ponto a se sublinhar aqui é a 
importância da ciência indígena como uma referência para 
o homem moderno.
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
14
abiótico, onde estão inseridos todos os componentes não vivos do ecossistema, 
como os minerais, as pedras, o clima, a própria luz solar etc.), assim, esse sistema é 
dinâmico e se modifica graças à interação das diversas espécies nele contida.
Os ecossistemas apresentam várias propriedades ou características, como 
variabilidade, sensibilidade, persistência, confiabilidade e resiliência. A variabilidade e 
a resiliência são as propriedades que apresentam maior relevância em uma análise, 
quando se fala em sistema econômico e bem-estar humano.
A evolução das relações entre homem e meio ambiente se deu por uma série 
de acontecimentos, a exemplo da invenção da agricultura. A sociedade medieval 
baseou a sua economia num tipo de agricultura de subsistência bastante primitiva, 
considerando a produção agrícola moderna, já que as técnicas agrícolas eram 
rudimentares e a produção era baixa.
Apesar de a agricultura modificar aquilo que chamamos de ecossistema original, 
esta não pode ser vista como um elemento incompatível com o equilíbrio ambiental, 
até porque, como sugeriam os "fisiocratas", a terra é a única fonte de riqueza, e o 
trabalho na terra, o único trabalho produtivo, fornecendo matérias-primas essenciais 
para a indústria e o comércio. O crescimento da agricultura e o melhoramento das 
técnicas trouxeram consigo ainda a expansão da população assim como das cidades.
Com a intervenção da agricultura há cerca de dez mil anos, a 
humanidade deu um passo decisivo na diferenciação de seu 
modo de inserção na natureza em relação àquele das demais 
espécies animais. A agricultura provoca uma modificação 
radical nos ecossistemas. A imensa variedade de espécies 
de um ecossistema florestal, por exemplo, é substituída pelo 
cultivo/criação de umas poucas espécies, selecionadas em 
função de seu valor seja como alimento, seja como fonte 
de outros tipos de matérias-primas que os seres humanos 
considerem importantes (ROMEIRO, 2010, p. 6).
Talvez outra causa do crescimento da população estivesse 
no fato de que as pessoas se alimentavam melhor, graças 
a melhoramentos surpreendentes na agricultura. (Esses 
melhoramentos foram, em parte, um resultado do crescimento 
da população.) Tal como houve uma revolução industrial, houve 
também, uma revolução agrícola (HUBERMAN, 1981, p. 156).
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
15
No século XVIII viu-se um melhoramento nas ferramentas e máquinas, melhores 
arados, enxadas etc. utilizados na agricultura. Essa revolução na agricultura e nas 
máquinas foi acompanhada de uma revolução nos transportes. A preocupação em 
aumentar a produção, já que o crescimento populacional aumentava, era cada vez 
maior, no entanto, pensar em um sistema de produção que pudesse preservar o 
mínimo do meio ambiente ainda era algo de pouca significância, embora técnicas 
como a rotação de culturas fossem utilizadas.
Com a Revolução Industrial, a humanidade passou a ter uma capacidade ainda 
maior de intervir na natureza. Essa nova fase de intervenção inicia um processo de 
grandes danos ambientais. A Revolução Industrial teve seu início, basicamente, na 
Inglaterra, nas primeiras décadas do século XVIII, com seu auge entre 1750 e 1830, 
quando ocorreu uma transição dos moldes puramente agrícolas e artesanais para o 
molde urbano e industrial.
Segundo Milone (2006), a industrialização transformou as relações sociais e 
proporcionou um rápido desenvolvimento de inovações. Consequentemente, 
houve um aumento significativo da intervenção humana no meio ambiente, gerando 
danos que, a princípio, pareciam não afetar a sobrevivência de modo imediato e 
perceptível à época, retardando assim a preocupação sobre práticas e técnicas mais 
sustentáveis.
Para além dos desequilíbrios ambientais desta maior 
capacidade de intervenção, a Revolução Industrial, baseada 
no uso intensivo de grandes reservas de combustíveis 
fósseis, abriu caminho para uma expansão inédita da escala 
de atividades humanas, que pressiona fortemente a base de 
recursos naturais do planeta. Ou seja, mesmo se todas as 
atividades produtivas humanas respeitassem os princípios 
ecológicos básicos, sua expansão não poderia ultrapassar os 
limites termodinâmicos que definem "a capacidade de carga" 
(carrying capacity) do planeta (ROMEIRO, 2010, p. 6).
Dessa forma, a Revolução Industrial alterou a relação homem-ambiente. O estado 
dinâmico docapitalismo e a busca de desenvolvimento econômico dos países em 
um ritmo extremamente acelerado gerou o que se pode considerar um dos maiores 
prejuízos ambientais da história da humanidade: a escassez de vários recursos 
naturais provenientes do solo, das águas e da flora. Nesse contexto, iniciou-se o 
processo de percepção sobre a capacidade de carga do planeta e a preocupação 
com a quantidade e utilização dos recursos naturais.
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
16
Comenta Cavalcanti (2001) que a busca por sustentabilidade pode ser resumida à 
questão de atingir a harmonia entre seres humanos e a natureza, ou de, no mínimo, 
conseguir uma sintonia com o relógio da natureza.
A interação de informações sobre meio ambiente e seres vivos trouxe consigo 
ideias das ciências naturais, envolvendo a biologia, a química e a geologia. Assim, 
esta ciência tem por objetivo aprender como a natureza funciona e a forma como 
interagimos com o meio ambiente, além de encontrar maneiras para lidar com os 
problemas ambientais e viver de forma sustentável.
Texto para reflexão: por que temos problemas ambientais?
De acordo com vários cientistas sociais e ambientais, as principais causas 
da poluição, da degradação ambiental e de outros problemas ambientais 
são o crescimento populacional, o uso insustentável de recursos, a pobreza 
e a não inclusão de custos ambientais de bens e serviços nos preços de 
mercado.
O crescimento exponencial ocorre quando uma quantidade, como a 
da população humana, aumenta em um percentual fixo por unidade de 
tempo, como 2% ao ano, por exemplo. Esse crescimento começa de forma 
lenta, mas eventualmente, faz que a quantidade dobre várias vezes. Depois 
de apenas algumas duplicações, cresce a números enormes, porque cada 
duplicação é o dobro do crescimento total anterior. Eis aqui um exemplo do 
imenso poder do crescimento exponencial. Dobre um pedaço de papel ao 
meio para duplicar sua espessura. Se você pudesse continuar dobrando essa 
espessura 50 vezes, o papel seria grosso o suficiente para chegar ao sol – 
149 milhões de quilômetros de distância! Difícil acreditar, não é?
Em razão do crescimento exponencial da população humana, em 
2010 havia cerca de 6,9 bilhões de pessoas no planeta. Coletivamente, 
elas consomem grandes quantidades de comida, água, matérias-primas 
e energia, produzindo enormes quantidades de poluição e resíduos 
durante esse processo. A cada ano, adicionamos mais de 80 milhões de 
pessoas à população da terra. A menos que a taxa de mortalidade suba 
vertiginosamente, provavelmente haverá 9,5 bilhões de pessoas até 2050. 
Esse acréscimo projetado de 2,6 bilhões de pessoas é equivalente a cerca 
de oito vezes a população atual dos Estado Unidos, e duas vezes a da China, 
que é o país mais populoso do mundo.
Ninguém sabe quantas pessoas e que nível de consumo de recursos a 
Terra pode suportar indefinidamente sem que a habilidade do planeta de 
suportar os seres humanos, nossas economias e outras formas de vida seja 
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
17
seriamente degradada. Mas, ainda assim, a expansão das pegadas ecológicas 
mundial e per capita é preocupante sinal de alerta.
Fonte: adaptado de Miller e Spoolman (2012).
1.3 O conceito de desenvolvimento sustentável 
"Desenvolvimento sustentável é um conceito normativo que surgiu com o nome 
de ecodesenvolvimento, no início da década de 1970" (ROMEIRO, 2010, p. 8). Em um 
contexto controverso sobre crescimento econômico e meio ambiente, ele emerge 
de discussões sobre o reconhecimento do progresso técnico como condição para 
eliminação da pobreza e diferenças sociais, relativizando os limites ambientais. 
Ainda em relação a uma definição considerada "usual" sobre o desenvolvimento 
sustentável, é possível dizer que é aquele que atinge as necessidades do presente 
não comprometendo as necessidades de gerações futuras.
É perceptível que a ideia do desenvolvimento sustentável considera então a 
consciência do dever com relação às próximas gerações, respeitando os limites da 
natureza. Dessa forma, o tema do desenvolvimento sustentável engloba algumas 
dimensões, que são: econômica, social e ambiental. No âmbito social, a preocupação 
com o bem-estar humano e a qualidade de vida são os maiores objetivos. No que 
tange ao campo econômico, os processos de produção e consumo envolvem a 
questão de desenvolvimento econômico, ou seja, na produção a responsabilidade 
das empresas e no consumo, das famílias. Tem-se ainda a área ambiental, em que 
a preocupação central é deteriorar o mínimo possível a natureza e seus recursos.
O assaz citado relatório da Comissão Brundtland (WCED, 1987, p. 
43) define desenvolvimento sustentável em termos precisamente 
da satisfação das presentes necessidades e aspirações do 
homem sem que se reduza a capacidade de as gerações futuras 
satisfazerem as suas (CAVALCANTI, 2001, p. 92).
Fonte: O autor. 
Figura 1.1 | Dimensões do desenvolvimento sustentável
Social
Econômico Ambiental
Desenvolvimento
Sustentável
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
18
A figura 1.1 ilustra a inter-relação entre as dimensões do desenvolvimento 
sustentável, sendo este um plano em que todas as áreas se relacionam e passam a 
ter objetos comuns. 
No debate econômico do meio ambiente é possível observar duas correntes: 
a primeira trata-se da chamada Economia Ambiental, e a segunda é representada 
pela Economia Ecológica. A primeira corrente, considerada como "mainstream" 
neoclássico, entende que os recursos naturais não representam, a longo prazo, 
um limite absoluto para a economia. Nessa visão, inicialmente os recursos naturais 
sequer apareciam nas representações analíticas da realidade econômica, apenas 
representava-se pela função produção na qual estavam o capital e o trabalho, ou 
seja, a economia funcionava sem considerar os recursos naturais. Essa colocação foi 
objeto de crítica de Nicholas Georgescu-Roegen (ROMEIRO, 2010).
Observando a figura 1.2 e seus subconjuntos, a economia funcionava sem 
recursos naturais, ou seja, os bens eram livres, interpretados como uma dádiva. 
Já num segundo momento, os recursos naturais começam a aparecer nas 
representações gráficas da função produção, com preocupação com bens públicos 
e questões sociais, no entanto, o sistema econômico é visto como algo grandioso e 
a indisponibilidade de recursos não colocaria limite a ele. 
Fonte: Romero (2010, p. 8).
Figura 1.2 | Economia com e sem recursos naturais
Com o tempo, os recursos naturais passaram a ser incluídos 
nas representações de função produção, mas mantendo a 
sua forma multiplicativa, o que significa a substituibilidade 
perfeita entre capital, trabalho e recursos naturais e portanto a 
suposição de que os limites impostos pela disponibilidade de 
recursos naturais podem ser indefinidamente superados pelo 
progresso técnico que os substitui por capital (ou trabalho) 
(ROMEIRO, 2010, p. 9).
Econômico
Economia Economia Economia
RN RN
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
19
Na terceira dimensão da figura 1.2, tem-se a visão ecológica, ou seja, a segunda 
corrente do debate econômico sobre o meio ambiente. Nessa interpretação da 
economia ecológica, considera-se que capital e recursos naturais são essencialmente 
complementares. Trata ainda como fundamental o progresso técnico para melhorar 
a eficiência na utilização dos recursos naturais, renováveis e não renováveis.
Para essa corrente, a questão fundamental é analisar a economia considerando 
que existem limites para os recursos. A proposta da corrente neoclássica, em que 
existe um mecanismo de ajuste, supondo a substituição dos recursos escassos não 
é aceita para essa visão ecológica.
Os bens ambientais são negociados num mercado (por exemplo, insumos 
materiais e energéticos); em uma análise convencional, presume-se que a falta 
crescente de um bem eleva seu preço, dessa forma, existe uma indução de inovação 
tecnológica que permite poupá-lo, ou até mesmo substituí-lo por recursosmais 
abundantes.
E os serviços ambientais que não são transacionados no mercado? O instrumento 
de ajuste não leva em consideração alguns princípios fundamentais para garantir a 
sustentabilidade, à medida que esse mecanismo é baseado por cálculo de custo e 
benefício, medido pelos agentes econômicos, visando a alocação de recursos entre 
controle de poluição e pagamentos de taxas por poluir, de modo a impactar menos 
no custo total.
 É possível perceber que podemos transformar produtivamente a natureza de 
forma equilibrada, no entanto, existe um limite sobre os recursos naturais, ou seja, 
uma capacidade de carga que precisa ser respeitada, embora ainda não exista um 
conhecimento preciso sobre essa capacidade. Além disso, o uso sem eficiência 
dos recursos naturais ocorre devido ao que chamamos em economia de "falhas 
de mercado", falhas estas que são oriundas do fato de que grande parte dos bens 
e serviços ambientais não possui apropriação privada (ROMEIRO, 2010). Corrigidas 
essas falhas, o mercado sugere uma solução eficiente: se existe uma crescente 
escassez de um bem ou serviço ambiental, eleva-se o preço e há a indução de 
inovações que são poupadoras desse bem ou serviço, aumentando a eficiência ou 
propondo a substituição por outro recurso abundante.
De forma mais simples, pode-se dizer que a abordagem econômica 
convencional sobre os recursos ambientais se caracteriza por não considerar 
a existência de limites absolutos à expansão do sistema econômico, 
considerando que os limites serão sempre relativos e que o progresso 
tecnológico poderá superá-los indefinidamente (ROMEIRO, 2010, p. 26).
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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Quando nos referimos à corrente ecológica, os limites são absolutos e existem 
riscos de perdas consideradas irreversíveis, tornando-se necessário o conhecimento 
sobre os limites e o respeito à capacidade de resiliência dos recursos, bem como 
uma mudança comportamental da sociedade, buscando uma postura altruísta para 
evitar os impactos ambientais.
1. Romeiro (2010, p. 5) afirma que "Um ecossistema em 
equilíbrio não quer dizer um ecossistema estático. É um 
sistema dinâmico, que se modifica, embora lentamente, 
graças a interações entre as diversas espécies nele contidas, 
em um processo conhecido como coevolução". Diante de tal 
afirmação, analise as seguintes proposições:
I. O modo de vida de povos antigos (como os povos indígenas) 
não provocavam desequilíbrios que comprometessem o 
ecossistema, embora o modificasse.
II. A agricultura, devido à sua importância, não modificou a 
configuração do ecossistema.
III. Resiliência e variabilidade são as propriedades mais relevantes 
quando se faz uma análise de ecossistema.
Assinale a alternativa correta:
a) I e III estão corretas.
b) I e II estão corretas.
c) I está correta.
d) III está correta.
2. Sobre o conceito de desenvolvimento sustentável é possível 
dizer que surgiu de discussões a respeito de crescimento 
econômico e meio ambiente. Nesse debate sobre economia e 
meio ambiente, está correto dizer:
a) A interpretação da corrente neoclássica considera os 
recursos ambientais sem nenhum limite absoluto.
b) A interpretação da corrente ecológica considera que o 
progresso tecnológico pode superar os limites dos recursos 
naturais.
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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c) A interpretação neoclássica considera que os recursos 
naturais não apresentam, a longo prazo, um limite absoluto 
à expansão da economia.
d) A corrente ecológica considera que existe uma 
substituibilidade perfeita entre capital e trabalho.
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
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Seção 2
Os recursos renováveis e não renováveis
Nesta seção, você compreenderá que é necessário diferenciarmos o que são os 
recursos renováveis e os não renováveis, já que o estudo da economia dos recursos 
naturais tem sido abordado de forma crescente, e a forma correta de sua utilização 
pode levar o mundo a um cenário mais sustentável.
2.1 A Classificação dos recursos naturais
Estudar a relação dos recursos naturais com a economia é de extrema importância 
já que atualmente o termo sustentabilidade vem se fazendo cada dia mais presente no 
cotidiano da sociedade. Nesse sentido, a economia dos recursos naturais nos remete 
aos aspectos da extração e exaustão dos recursos naturais ao longo do tempo.
Nos primórdios da formação da teoria econômica, os recursos 
naturais exercem papel central, mas como explicação 
de fonte material de riqueza. Isso é expresso 1) nas teses 
fisiocráticas, que na segunda metade do século XVIII 
afirmavam ser o setor agrário a origem de todo excedente, 2) 
no alerta da escola clássica, no início do século XIX, quanto 
ao possível comprometimento da expansão capitalista como 
decorrência da escassez dos recursos naturais, percebido 
pelo desequilíbrio entre o crescimento populacional e a oferta 
de alimentos, segundo Thomas Malthus, e pela redução da 
produtividade do trabalho agrícola - por escassez de terras 
férteis - e consequente queda do lucro, na famosa "teoria da 
renda da terra" consagrada por David Ricardo; 3) além de teses 
como as de Jevons, da segunda metade do século XIX, que 
ressaltavam grande preocupação com o uso indiscriminado 
do carvão mineral na Inglaterra, que levaria esse recurso tão 
vital ao processo de desenvolvimento do país, à exaustão 
(ENRÍQUEZ, 2010, p. 49).
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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24
Nesse contexto, é possível perceber que esse debate tem estado presente desde as 
primeiras teorias econômicas, bem como, implicitamente, nas colocações e críticas 
ao exponencial crescimento do sistema capitalista. Houve então a consolidação do 
pensamento neoclássico minimizando a importância dos recursos naturais, somado 
ao progresso tecnológico e ao crescimento demográfico (ENRÍQUEZ, 2010).
Como já vimos, essa corrente neoclássica convencional argumentava que 
existia uma abundância de recursos naturais que, economicamente, são gratuitos, 
oferecidos pela natureza. Partindo desse pressuposto, a função produção poderia ser 
representada da seguinte forma:
Nessa analogia, os fatores de produção, ou a função produção (Y), consistem no 
capital produzido pelo ser humano, representado por (K), mais o trabalho, representado 
por (L), mais os recursos naturais, representados por (R), conforme a equação 1. 
Como é a natureza que oferta os recursos da natureza, e não é possível acessar 
tais recursos sem o capital e o trabalho, a função produção retira o fator de produção 
recursos naturais (R), simplificando a função, como demonstra a equação 2.
Com o resgate de alguns trabalhos e debates intensos realizados pelo Clube de 
Roma, a partir de 1970, os recursos naturais foram reintroduzidos na teoria econômica. 
Podemos então definir a economia dos recursos naturais como um campo da teoria 
microeconômica que surge das análises neoclássicas a respeito da utilização das 
terras, dos minerais, dos peixes, dos recursos florestais, da água e de todos recursos 
reprodutíveis e não reprodutíveis (ENRÍQUEZ, 2010).
A utilização eficiente dos recursos, ou sua utilização ótima, conta ainda com 
instrumentos baseados em modelos matemáticos que auxiliam na gestão dos 
recursos naturais. Conforme Miller e Spoolman (2012), um exemplo são alguns estudos 
realizados pelo Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), que chegou à conclusão 
de que o planeta terra não poderia suportar o crescimento populacional devido à 
forte pressão provocada sobre os recursos naturais e energéticos e ao aumento da 
poluição, mesmo levando em conta o avanço tecnológico. 
Além disso, são utilizados alguns critérios para classificação dos recursos naturais, 
sendo um deles a capacidade de recomposição de um recurso no horizonte do 
tempo humano. Dessa forma, um recurso que é extraído mais rapidamente do que é 
reabastecido por processos naturais é um recurso não renovável. Já o recurso que é 
reposto com maior rapidezé classificado como um recurso renovável.
Equação 1. Y= f (K, L, R)
Equação 2. Y= f ( K, L)
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
25
O quadro 1.1 indica a classificação dos recursos naturais. Os recursos renováveis 
são resultado de ciclos naturais da terra, já os recursos não renováveis ou exauríveis 
são aqueles que mantêm uma relação entre o tempo e um processo natural, ou 
seja, milhares de anos para serem concentrados novamente, ou que não possuem 
capacidade de renovação.
Quando esgotados alguns recursos pela ação humana, busca-se encontrar 
substitutos, por exemplo, recursos renováveis como sol, vento, água e calor podem 
diminuir nossa dependência em relação aos combustíveis não renováveis, como 
petróleo e carvão.
Fonte: Adaptado de Eriquez (2010 p. 50).
Quadro 1.1 | Classificação dos recursos naturais
RECURSOS RENOVÁVEIS 
São recursos compatíveis com 
o horizonte de vida do homem. 
Ex.: solos, ar, águas, florestas, 
fauna e flora.
São recursos que necessitam de eras 
geológicas para sua formação. Ex.: 
os minérios em geral e os recursos 
naturais fósseis (petróleo, gás natural, 
carvão mineral).
RECURSOS NÃO RENOVÁVEIS
Como podemos reciclar ou reutilizar alguns recursos não 
renováveis?
2.2 Os recursos renováveis
Como já vimos, os recursos naturais variam de acordo com a rapidez com que a 
natureza pode recompô-los. Dessa forma, os recursos naturais renováveis são aqueles 
que apresentam ciclos de vida compatíveis com o horizonte de vida do homem.
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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26
Esses recursos, mesmo que reprodutíveis, necessitam de cuidados, pois existe 
entre os recursos renováveis e não renováveis uma linha muito tênue que os distingue, 
portanto, conhecer os limites e as formas alternativas para seu uso é de extrema 
importância para preservá-los.
Biomas: Estudos da ONG ambientalista Conservação Internacional Brasil (CI-
Brasil) indicam que o cerrado deverá desaparecer até 2030. Dos 204 milhões de 
hectares originais, 57% foram completamente destruídos e a metade das áreas 
remanescentes está bastante alterada, podendo não mais servir à conservação da 
biodiversidade. A taxa anual de desmatamento no bioma é alarmante, chegando 
a 1,5% ou 3 milhões de ha/ano. As principais pressões sobre o cerrado são a 
expansão da fronteira agrícola, as queimadas e o crescimento não planejado 
das áreas urbanas. A degradação é maior em Mato Grosso do Sul, no Triângulo 
Mineiro e no oeste da Bahia.
Solos: No nordeste brasileiro, o uso dos solos está comprometido pela 
ampliação da taxa de desertificação, que aumenta a cada ano. O estado do 
Ceará representa 9,6% da área do Nordeste [...] e sua economia é baseada 
em modelo inadequado e predatório dos recursos naturais, de modo que 
tal exploração, sem consciência de preservação, põe em torno de 25.484 
km, correspondentes a 17,7% da superfície total do estado, sob um perigoso 
processo de desertificação.
Recursos florestais madeireiros: De acordo com a Organização para 
Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO), o Brasil possui o pior balanço 
florestal do planeta. Entre 2000 e 2005, graças à alta taxa de desmatamento da 
Amazônia, o país atingiu um déficit de 3,1 milhões de hectares de florestas, área 
que representa um estado e meio de Sergipe.
[...] a energia solar é chamada de recurso perpétuo, pois sua oferta 
é contínua, e estima-se que deva durar pelo menos 6 bilhões de 
anos, quando o sol completa seu ciclo de vida. Um recurso que 
leva de vários dias a várias centenas de anos para ser reposto por 
processos naturais é chamado recurso renovável, desde que não 
o utilizemos mais rapidamente do que a natureza pode renová-
lo (MILLER; SPOOLMAN, 2012, p. 11).
Quadro 1.2 | Exemplos de alguns recursos naturais no Brasil: esgotamento dos recursos 
renováveis
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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O que se observa é uma utilização indiscriminada dos recursos naturais renováveis 
que pode levar o país ou o planeta a um desastre ambiental. Esses recursos, sejam água, 
solo, as florestas ou os próprios biomas, são essenciais para a sobrevivência humana, 
no entanto, como mostra o quadro 1.2, o Brasil, por exemplo, vem trabalhando no 
limite máximo desses recursos. 
Segundo o IBGE, o bioma é um conjunto de vida (vegetal e animal) constituído 
pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, 
com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o 
que resulta em uma diversidade biológica própria. Biomas, solos, recursos florestais 
ou água podem ser classificados ainda em recursos renováveis de livre acesso, de 
forma simples, de propriedade de ninguém e disponível para qualquer pessoa, com 
pouco ou nenhum custo (MILLER; SPOOLMAN, 2012). O fato desses recursos serem 
considerados livres ou sem custo faz com que a sociedade viva de modo insustentável, 
desperdiçando e degradando o capital natural.
Água: De acordo com informações divulgadas pelo Centro de Gestão e Estudos 
Estratégicos (CGEE), "o total de água globalmente retirada de rios, aquíferos e 
outras fontes aumentou nove vezes enquanto o uso por pessoa cresceu três 
vezes. Em 1950, as reservas mundiais representavam 16,8 mil metros cúbicos por 
pessoa, atualmente esta reserva reduziu-se para 7,3 mil metros cúbicos por pessoa 
e espera-se que venha a se reduzir para 4,8 mil metros cúbicos por pessoa nos 
próximos 25 anos".
Fonte: Adaptado de Romeiro (2010, p. 51).
Fonte: Miller e Spoolman (2012, p. 13).
Figura 1.3 | Degradação do capital natural
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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28
Observando a figura 1.3, podemos encontrar alguns exemplos da degradação 
dos recursos e serviços naturais renováveis. Solos se deteriorando, secas, incêndios e 
climas severos aliados à redução da água, bem como à crescente poluição.
2.3 Os recursos não renováveis
Os recursos não renováveis podem ainda ser chamados de exauríveis, que significa 
algo que pode ser esgotado ou limitado. O processo natural para a concentração de 
minérios em jazidas e o tempo para essa concentração ocorrer é o que leva considerá-
los não renováveis. Podemos citar alguns recursos que não se renovam, como: 
petróleo, carvão, ferro, manganês, urânio, bauxita (minério de alumínio), estanho, 
calcário, argila, entre outros.
Conforme Enríquez (2010), é importante saber diferenciar os recursos 
economicamente aproveitáveis daqueles que estão dispersos, ou seja, entender os 
conceitos de reserva, recursos e recursos hipotéticos. A reserva mineral requer alguma 
medição física sobre a quantidade da concentração mineral, e também a verificação 
de viabilidade da extração do ponto de vista tecnológico. Já o recurso não possui 
o mesmo grau de detalhamento, apesar de que sua existência seja conhecida. 
Quanto aos recursos hipotéticos, estes são um misto de recursos conhecidos e não 
conhecidos, mas que são possíveis de encontrar na crosta terrestre.
O recurso natural possui uma forma dinâmica, pois faz o movimento de expansão 
ou contração segundo a ação dos homens e algumas condições econômicas, 
políticas ou tecnológicas.
Neste sentido, a questão colocada pela teoria convencional é 
conhecer qual a lógica que o ritmo dos preços de um recurso 
exaurível deve seguir para que possa ser assegurada sua 
utilização "ótima", do ponto de vista econômico. Aqui vale a 
pena fazer um contraponto com a economia ecológica. Para 
esta corrente, a economia trata de três questões centrais, na 
seguinte prioridade: 1) a escala no uso dos recursos naturais, 
2) a equidade na distribuição desses recursos e, por último, 3) 
a eficiência na alocação dos recursos (ENRÍQUEZ, 2010, p. 54).
Como se pode perceber, o modelo clássico para a gestão dos recursos não 
renováveis envolve alguns processos de decisões intertemporais, ou seja, as escolhas 
de hoje terão consequências no amanhã.
Miller e Spoolman (2012) afirmam que a reutilização e a reciclagem de alguns 
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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29
2.4Sustentabilidade
Definir ou construir um modelo de sustentabilidade tornou-se um desafio contínuo 
para a sociedade. Cavalcanti (2001) afirma que atualmente existem dois paradigmas 
principais de sustentabilidade: o desenvolvimento numa visão econômica, classificando 
a natureza como um bem de capital, ou seja, a sustentabilidade como algo ambiental; 
e o outro que tenta romper com a dominação do discurso econômico, ou seja, a 
sustentabilidade como algo ético.
Embora as correntes econômicas possam auxiliar com modelos matemáticos para 
gerir os recursos naturais, viver de forma sustentável ainda significa um grande desafio 
para os homens. Sustentável é algo que pode ser mantido, ou, em outras palavras, 
pode ser compreendido como a capacidade que o ecossistema possui para enfrentar 
os desequilíbrios externos sem comprometer suas funções.
Em termos econômicos, Barcellos e Carvalho (2010) comentam que a preocupação 
com a sustentabilidade surge do debate sobre sustentar o crescimento no longo 
prazo, considerando que a função de produção incorpora capital e também recursos 
naturais. Conforme o economista neoclássico Solow, para existir equidade entre as 
gerações, o consumo per capita precisa ser constante ou até mesmo crescente a 
longo prazo.
 Grandes mudanças ambientais requerem, além de análise de riscos ambientais e 
modelagens para avaliação de danos, mudanças drásticas de comportamento e formas 
de se relacionar com o meio ambiente. Nesse caso, grandes temas relacionados à 
sustentabilidade precisam ser conhecidos, ou podemos ainda chamá-los de princípios 
da sustentabilidade: a energia solar, a biodiversidade e a ciclagem química.
recursos exauríveis podem ser alternativas para prolongar seu fornecimento, como 
no caso do cobre e do alumínio. A reutilização consiste em utilizar um recurso, várias 
vezes, de uma mesma forma; já a reciclagem considera a coleta de resíduos e a sua 
transformação em novos materiais. Reciclar ou reutilizar pode significar modos de 
viver de forma mais sustentável, seguindo os princípios da sustentabilidade.
Dependência da energia solar: o sol aquece o planeta e 
propicia a fotossíntese [...] Sem o sol não haveria plantas, 
animais ou comida. O sol também alimenta indiretamente 
outras formas de energia, tais como o vento, a água corrente 
que podemos usar para produzir eletricidade. Biodiversidade: 
trata-se da espantosa variedade de organismos e dos sistemas 
naturais onde estes existem e interagem [...] a biodiversidade 
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
30
também propicia inúmeras maneiras para que a vida se adapte 
às mudanças das condições ambientais. Ciclagem química: 
também conhecida como ciclagem de nutrientes, essa circulação 
de produtos químicos (principalmente do solo e da água) por 
intermédio dos organismos e de volta ao ambiente é necessária 
para a vida [...] sem essa ciclagem não haveria ar, água, solo, 
comida ou vida (MILLER; SPOOLMAN, 2012, p. 8).
Esses três princípios interligados da sustentabilidade podem auxiliar no 
conhecimento da natureza e sustentar uma grande diversidade de vida na terra por 
milhões de anos.
Alguns subtemas ainda integram o conceito da sustentabilidade, como o capital 
natural que é composto pelos recursos naturais e os serviços naturais. Como já vimos, 
os recursos naturais são aqueles materiais ou energia essenciais na natureza, podendo 
ser renováveis ou não. Já os serviços naturais estão relacionados aos processos que 
ocorrem na natureza, como a renovação do solo ou a purificação do ar ou da água.
A grande questão ainda debatida sobre a sustentabilidade diz respeito à sua 
mensuração. Embora existam algumas maneiras de mensurar a sustentabilidade por 
meio de índices e indicadores, a sustentabilidade é imensurável, mas por que ela é 
imensurável?
Uma mudança em direção à sustentabilidade ambiental deve ser baseada 
em conceitos e resultados científicos que sejam amplamente aceitos por 
especialistas em um determinado campo (MILLER; SPOOLMAN, 2010, p. 11).
Em primeiro lugar porque não existe uma definição 
universalmente aceita sobre a sustentabilidade que possa ser 
aplicada a todas as situações e que não seja excessivamente 
genérica e pouco precisa. Em segundo lugar, as estatísticas 
disponíveis sobre esse tema ainda são insuficientes para dar 
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
31
Podemos dizer então que esse debate sobre a sustentabilidade inseriu na ciência 
uma série de novos aspectos que devem ser acompanhados e desenvolvidos. Os 
indicadores devem ainda ser testados e corrigidos para que possam se adaptar a 
contextos diferentes.
O que se percebe é que a inserção de novas regras econômicas é uma necessidade, 
se o desenvolvimento sustentável for confirmado como um objetivo econômico mais 
consensual. Em lugar do incentivo absoluto ao consumo, o que se deve ter em vista é 
o consumo que pode ser levado adiante sustentavelmente (CAVALCANTI, 2001).
conta desse objeto, mesmo adotando-se definições mais restritas 
do que seja a sustentabilidade (BARCELLOS; CARVALHO, 2010, p. 
99).
1. A Sustentabilidade pode ser entendida como uma condição 
de um processo ou de um sistema que permite a sua 
permanência, em determinado nível, por um determinado 
prazo. Diante de tal afirmação, julgue as alternativas:
I. São considerados princípios da sustentabilidade: a energia 
solar, a biodiversidade e a ciclagem química.
II. O capital natural é composto pela biodiversidade, que 
consiste nas várias formas de organismos e dos sistemas 
naturais.
III. O critério de Solow considera que para haver uma equidade 
entre as gerações, o consumo per capita, no longo prazo, é 
constante.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) V – V – V.
b) V – F – V.
c) F – F – V.
d) V –V – F.
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
32
2. Quanto aos recursos renováveis e não renováveis:
I. A luz solar é considerada um recurso natural renovável.
II. Os recursos exauríveis possuem uma relação com o tempo 
para sua concentração.
III. A reciclagem e a reutilização são saídas alternativas para os 
recursos renováveis.
Assinale a alternativa correta:
a) I e II estão corretas.
b) I, II e III estão corretas.
c) II e III estão corretas.
d) II está correta.
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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33
Seção 3
Imperfeições do mercado para valorar o meio 
ambiente
Nesta seção, você irá compreender como surgiu a questão da valoração ambiental. 
Conheceremos os conceitos de externalidades e alguns modelos econômicos para a 
valoração ambiental. 
3.1 O surgimento da valoração econômica ambiental
Uma vez que a relação homem e meio ambiente foi modificada ao longo de 
décadas e que os problemas ambientais foram surgindo, os processos e os serviços 
relacionados a esse cenário também se transformaram. A valoração econômica 
ambiental tem por objetivo determinar valores (monetários) para os recursos 
ambientais, assim como os bens e serviços na economia também foram valorados.
Os preços dos recursos ambientais podem ou não ser reconhecidos no mercado, 
esses valores se alteram na medida em que seu uso altera o nível de produção e 
consumo (bem-estar) da sociedade. Ainda é importante ressaltar que os valores 
podem ter interpretações com elementos diferenciados pelas correntes econômico-
ecológica e a abordagem neoclássica (convencional).
Romeiro (2010) afirma que, se considerarmos que os ecossistemas são estoques 
de capital natural, seu valor (contabilmente falando) poderia ser determinado pelo 
valor presente dos fluxos de renda (natural) futura que conseguiria proporcionar 
Tendo em vista a importância dos fluxos de serviços gerados 
pelos ecossistemas para o bem-estar humano e para o suporte 
da vida no planeta, é inegável a necessidade de valorá-los 
economicamente de modo a oferecer subsídios para as 
políticas ambientais (ROMEIRO, 2010, p. 15).
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
34
(serviços ecossistêmicos). Embora algumas funções ecossistêmicas(transferência de 
nutrientes, ciclagem de nutrientes, regulação climática e ciclo da água) se traduzam em 
serviços ecossistêmicos, nem sempre apresentam relação com um único elemento, 
ou seja, uma função poderia gerar mais de um serviço ecossistêmico. Por esse motivo, 
uma análise de valoração econômica dos ecossistemas se tornaria inviável, além do 
conhecimento científico ser insuficiente para estimar o tempo de uma degradação da 
função ecossistêmica.
Já para uma visão econômico-ecológica, seria necessário possuir uma abordagem 
integrada no que se refere às ciências sociais e às ciências naturais, assim seria possível 
obter transparência sobre a relevância ecológica daquilo a que se pretende atribuir 
valor, com a utilização de uma modelagem econômico-ecológica. Esta modelagem, 
num formato simples, pode fornecer entendimento sobre um determinado sistema, 
realizando aplicações realistas e avaliando diversas propostas de política.
De forma simples, a modelagem econômico-ecológica procura representar as 
relações entre o ecossistema e a atividade humana, ilustrando como a ação humana 
modifica esse ecossistema e como diferentes configurações contribuem para que o 
ser humano tenha bem-estar. Ainda nesse cenário, existe a tarefa constante de uma 
compreensão mútua entre economistas e ecólogos.
É importante ressaltar que os padrões de consumo têm se modificado, e que o 
funcionamento do mercado e a relação entre atividades mercadológicas e a natureza 
também são razões para a utilização de modelagens econômicas que procuram 
minimizar os impactos dos problemas ambientais, ou seja, a produção e o consumo 
de bens e serviços geram externalidades ao meio ambiente. 
As externalidades podem ser definidas como efeitos sociais, econômicos ou 
ambientais que afetam negativamente ou positivamente a terceiros no processo 
de consumo e produção. A externalidade surge a partir das falhas de mercado, que 
ocorrem quando os mecanismos do mercado atuam livremente, sem a intervenção 
governamental, causando uma não eficiência do bem-estar social.
3.2 Modelando os problemas do meio ambiente 
Em uma análise microeconômica é possível entender o comportamento das 
empresas e dos consumidores, bem como as decisões que definem o mercado. Nessa 
mesma analogia da teoria econômica, podemos analisar os problemas ambientais, 
observando por que eles ocorrem e o que pode ser feito. Nesse sentido, Thomas e 
Callan comentam que:
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
35
Pondere como a poluição ou o esgotamento dos recursos 
se origina – não a partir de um nível científico sofisticado, 
mas de uma perspectiva conceitual. A resposta? Ela surge, 
na verdade, de decisões tomadas tanto por cidadãos comuns 
como por empresas. Consumo e produção utilizaram-se dos 
recursos naturais fornecidos pelo planeta. Além disso, ambas 
as atividades geram subprodutos que podem contaminar o 
meio ambiente. Isso significa que as decisões fundamentais 
que orientam uma atividade econômica estão diretamente 
conectadas com os problemas ambientais (THOMAS; CALLAN 
2010, p. 14).
 A relação entre os agentes econômicos empresas e família é expressada 
na economia pelo modelo do fluxo circular, possibilitando compreendermos o 
funcionamento do mercado, mas ainda não seria a ideal para demonstrar uma ligação 
entre meio ambiente e atividade econômica, embora esta possa ser ilustrada pelo que 
chamamos de modelo de balanço de materiais. Assim, o fluxo real do modelo do fluxo 
circular é apresentado de forma mais ampla, trazendo as conexões entre as decisões 
econômicas e o meio ambiente.
Fonte: Adaptado de Thomas e Callan (2010, p. 17). 
Figura 1.4 | Modelo de fluxo de balanço de materiais
A figura 1.4 demonstra uma conexão entre a natureza, as famílias e as empresas, 
em que o sistema econômico está ligado à natureza por um fluxo de matérias ou 
recursos naturais. Não se pode ignorar o fato de que as famílias oferecem os fatores 
de produção, inclusive os recursos naturais. Um outro conjunto de ligações contrárias 
aparece da economia para o meio ambiente, em que as matérias-primas que entram 
Natureza
Mercado de
produtos
Famílias Empresas
Ofertas de
recursos
Dem
and
o po
r be
ns
e se
rviç
os
Oferta de bense serviços
Re
uso
-re
cic
lag
em
-re
cu
pe
raç
ão
Recuperação-reciclagem-reuso
Demanda por
recursos
Re
síd
uo
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co
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um
o
Re
cu
rso
s n
at
ur
ais
ex
tra
íd
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 d
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at
ur
ez
a Resíduos da produção
Mercado de
fatores de
produção
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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36
no sistema retornam à natureza como resíduos de consumo e produção, que, embora 
sejam invitáveis, podem ser atrasados pela reciclagem ou reuso.
Quadro 1.3 | Caso prático Grupo BMW
Aplicação Prática: Decisões e Projetos Sustentáveis de Reciclagem do Grupo BMW
Além da venerável reputação do Grupo BMW pelos projetos automobilísticos, este também é 
reconhecido por outra distinção. A fabricante de automóveis está firmemente comprometida com 
decisões corporativas sustentáveis e, por isso, com o desenvolvimento e a construção de BMWs de 
maneira ambientalmente responsável.
Por algum tempo, o objetivo da companhia foi construir automóveis com 100% de suas autopeças 
reutilizáveis ou recicláveis. Hoje, os BMWs novos são quase completamente recicláveis. De fato, 
reciclagem foi um importante fator na reintrodução do MINI Cooper.
Graças às análises de desmontagem conduzidas pelo Centro de Reciclagem e Desmanche de 
Lohhof, Alemanha, o Grupo BMW está desenvolvendo o que chama de “soluções para reciclagem 
econômica ambientalmente sensível”. Essas análises determinam o tempo e os recursos necessários 
para desmanchar um veículo ao final de seu ciclo de vida útil. Essa informação é integrada a novos 
projetos de construção de veículos. Essa abordagem é chamada de “Projetado para Desmonte (DFD)” 
– um método de manufatura focado na construção do produto para facilitar a reciclagem no final 
da sua vida útil. Paralelamente a outras corporações, tais como Volkswagen, 3M e General Eletric, 
o grupo BMW está pesquisando maneiras de produzir produtos DFD que sejam economicamente 
competitivos e atendam aos mais altos padrões de engenharia de qualidade da companhia.
A pesquisa da BMW em DFD é parte de um comprometimento de longo prazo com decisões 
ambientalmente responsáveis. A companhia tem reciclado seus conversores catalíticos desde 1987. 
Um ano mais tarde, introduziu, com produção limitada, o Z1 Roadster. O esportivo é totalmente 
reciclável e considerado o primeiro produto DFD, sem precedentes.
Após essa marcante realização, o grupo BMW construiu uma fábrica piloto na Bavária dedicada 
exclusivamente à pesquisa para produção de produtos DFD.
Equipes de trabalhadores naquela unidade sistematicamente desmontam automóveis, começando 
pelos fluidos e óleos, terminando com a remoção e separação de materiais do interior do automóvel. 
O principal objetivo é construir um automóvel que possa ser desmontado a um custo relativamente 
baixo. Muitas horas dedicadas à desmontagem elevam os custos e reduzem a competitividade – um 
resultado que nenhuma montadora de automóveis suporta. Outra meta essencial é garantir que 
as autopeças possam ser prontamente separadas. Isso é particularmente crítico para plásticos, que 
são mais complexos para reciclar, mas cada vez mais utilizados para reduzir o peso dos veículos e 
melhorar a eficiência no consumo de combustíveis.
Usando a gestão de fluxo de matérias, o grupo BMW e vários parceiros desenvolveram técnicas de 
separação de espuma de poliuretano e plásticos pelo grau de pureza. E tomando isso como um 
passo mais à frente, a empresa termina utilizando os plásticos reciclados para a construção de carros 
novos. De fato, a participação média de plásticos reciclados em cada modelo da BMW representa 
hoje o montante de 15%.
E para fechar o ciclo, o grupo BMW e um seleto grupo de parceiros estabeleceram uma rede de 
centros de resgate e reciclagem de automóveis por toda a Alemanha. Essa infraestruturaé voltada 
para tornar ainda mais conveniente para os donos de BMWs o descarte de seus carros no final de 
seus ciclos de vida econômicos. Semelhantes redes têm sido desenvolvidas em outros países da 
Europa. Embora uma diretiva da União Europeia (EU) tenha exigido o estabelecimento dessas redes 
em 2000, o grupo BMW tinha a sua desenvolvida desde 1990, muito antes da diretiva ser publicada. 
Hoje, aproximadamente 2 mil automóveis são desmontados e reciclados por dia nesses Centros de 
Reciclagem e Desmonte.
Fonte: Adaptado de Thomas e Callan (2010, p. 18).
Nesse aspecto, o balanço de materiais pode ser considerado uma ferramenta que 
demonstra como os problemas ambientais estão diretamente ligados às decisões 
Discussões iniciais sobre meio ambiente
U1
37
das empresas e dos consumidores, ou seja, ao funcionamento dos mercados, e, em 
razão da degradação dos recursos ambientais, é necessário desenvolver uma análise 
completa sobre a geração de resíduos poluentes e por que as próprias forças de 
mercado não são suficientes para solucionar os problemas, entrando em cena os 
modelos de falha de mercado para auxiliar na identificação e solução de problemas.
Como identificamos quais substâncias estão causando dano ambiental? 
Uma forma é por meio da origem – quer dizer, se elas são poluentes 
naturais vindos da natureza ou se são poluentes antropogênicos, 
resultantes da ação humana (THOMAS; CALLAN, 2010, p. 19).
3.3 Modelando as falhas de mercado
Cotidianamente, indivíduos comuns e empresas se deparam com um conceito 
que normalmente incomoda a ambos, a poluição. A poluição refere-se à degradação 
dos ecossistemas sobre os quais os poluentes provocam efeitos negativos ao seu 
equilíbrio.
Conforme Thomas e Callan (2010), entender economicamente, por exemplo, por 
que a poluição persiste na ausência de intervenções nos remete a um questionamento: 
Por que o mercado não tem capacidade de reagir à poluição ambiental, ou será que 
ele tem condições de fazê-lo? A resposta seria que a poluição é considerada uma falha 
de mercado capaz de distorcer o modelo clássico de mercado, violando algumas 
premissas de um mercado perfeito.
Nesse caso, o governo precisa realizar intervenções já que os mecanismos de 
incentivo geralmente não proporcionam soluções eficientes. Quando a falha de 
mercado é identificada, esses incentivos podem ser transformados em uma política 
ambiental.
Thomas e Callan (2010, p. 66) assinalam que:
Os economistas moldam problemas ambientais como falhas 
de mercado utilizando tanto a teoria dos bens públicos 
como a teoria das externalidades. Cada uma é diferenciada 
pelo modo com que o mercado é definido. Se o mercado 
for definido como "qualidade ambiental", a fonte da falha de 
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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38
mercado é de qualidade ambiental construir um bem público. Se 
o mercado for definido como o bem cuja produção ou consumo 
gera prejuízo ambiental, a falha de mercado será em função de 
uma externalidade.
Com relação aos bens públicos, estes são classificados considerando as seguintes 
características: são não rivais e seus benefícios são não excludentes. O princípio não 
rival significa que quando um bem é consumido por uma pessoa, outro indivíduo não 
está impossibilitado de consumir o mesmo bem. 
No que tange ao princípio da não exclusividade, este quer dizer que não existe 
a possibilidade de impedir que outros compartilhem os benefícios do consumo de 
um bem. Embora pareçam semelhantes, a não rivalidade e a não exclusividade não 
podem ser consideradas idênticas. "Não rivalidade significa que o racionamento do 
bem não é desejável, enquanto que a não exclusividade significa que o racionamento 
do bem não é viável" (THOMAS; CALLAN, 2010).
 Imagine se tentassem limitar um ar mais limpo para uma única pessoa. Não seria 
estranho pensar que outras pessoas poderiam ser excluídas de consumir um ar mais 
limpo apenas porque alguém pagou por ele. Além disso, se o ar está mais limpo para 
alguém, os outros podem aproveitar-se dos benefícios do ar que está mais saudável. 
Dessa forma, aceita-se a ideia de que a qualidade ambiental é um bem público.
3.4 Equacionando um mercado de bens públicos
Para obter um equilíbrio com eficiência dos bens públicos é necessário definir as 
funções de oferta e demanda. Em um caso hipotético, será realizada uma análise 
sobre a qualidade do ar com um nível aceitável de redução de poluição, ou, para 
simplificar, redução de porcentagem nas emissões de dióxido de enxofre (SO
2
).
Conforme Thomas e Callan (2010), vamos supor que existe uma determinada 
quantidade de produtores hipotéticos, cada um dos quais deseja e pode fornecer 
várias reduções de SO
2
 em diferentes níveis de preços. A agregação dessas decisões 
de produção origina a oferta de mercado, que será representada na tabela 1.1. 
O preço (P) é medido em milhões de dólares, e a quantidade ofertada (Qs) é medida 
como uma porcentagem da redução de SO
2
. Esse caso da oferta, em uma expressão 
algébrica, seria representado como:
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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39
Já para a demanda dos bens públicos, a analogia que normalmente se faz é o 
questionamento: o quanto desse bem você consumiria a dado preço? Não caberia 
nessa análise. O objetivo principal é saber que o preço de demanda do bem público 
varia, mesmo se a quantidade não variar. No caso específico dos bens públicos, o 
consumidor expressará uma "disposição a pagar" (DAP) que está ligada aos benefícios 
que cada um espera como resultado do consumo.
De acordo com Thomas e Callan (2010 p. 69):
Para entender o exemplo em questão, pergunta-se a dois consumidores (apenas 
dois para facilitar a análise) o quanto cada um tem disposição para pagar (anualmente) 
pela redução de SO
2
. Os resultados são apresentados na tabela 1.2. Nesse contexto, a 
coluna com a quantidade demanda (Qd) demonstra uma seleção de níveis possíveis 
de redução que podem ser fornecidos aos consumidores.
Oferta de Mercado: P= 4+ 0,75Qs
Fonte: Thomas e Callan (2010, p. 69).
Tabela 1.1 | Dados hipotéticos de oferta no mercado de qualidade do ar
Quantidade Ofertada Preço de Oferta de Suprimento
no Mercado
Qs
(% de redução de SO
2
)
P= 4+ 0,75 Qs
(US$ milhões)
0 4,00
5 7,75
10 11,50
15 15,25
20 19,00
25 22,75
30 26,50
A demanda de mercado de um bem público é a demanda 
agregada para todos os consumidores do mercado. É 
resultante da somatória vertical de cada demanda individual 
para determinar o preço de mercado (P=∑p) em cada uma das 
possíveis quantidades de mercado (Q).
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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Fonte: Thomas e Callan (2010, p. 70).
Tabela 1.2 | Dados hipotéticos de demanda no mercado de qualidade do ar
Quantidade 
Demandada
Consumidor 1 Consumidor 2 Preço de Demanda
Qd 
(% de redução de SO
2
)
DAP
P1=10-0,12QD
DAP
P2=15-0,18QD
Combinado dos 
consumidores 1 e 2
 P1+P2 = 25+0,30D
US$ US$ US$
0 10,00 15,00 25,00
5 9,40 14,10 23,50
10 8,80 13,20 22,00
15 8,20 12,30 20,50
20 7,60 11,40 19,00
25 7,00 10,50 17,50
Os preços da demanda ou respostas (DAP) são nomeados como P1 e P2, que se 
referem ao consumidor 1 e 2, respectivamente. Algebricamente, as respostas podem 
ser baseadas nas equações a seguir:
Pode-se perceber que a resposta DAP de cada consumidor é única para um dado 
QD. Conforme exemplo de Thomas e Callan (2010), supondo uma redução de 5% 
em SO
2
, o consumidor 1 estaria disposto a pagar US$ 9,40 por ano, enquanto o 
consumidor 2 pagaria US$ 14,10 por ano. As respostas variam de consumidor para 
consumidor, pois cada um possui um nível de renda e preferência. Observa-se então 
que os consumidores podem ter preferências diferentes em relação à qualidade do ar, 
inclusive com avaliações diferentes sobre os benefícios que isso pode proporcionar. 
Nesse contexto, ainda podemos calcular o equilíbrio no mercado de qualidade do 
ar, resolvendo as equações de oferta e demanda:
Demanda para o consumidor 1: P
1 
= 10 - 0,12QD
Demanda para o consumidor2: P
2
 = 15 - 0,18QD
Oferta de Mercado = Demanda de Mercado
4+0,75Qs = 25 - 0,3QD, onde Qs = QD
1,05Q = 21, ou QE= 20%
 = 4 + 0,75 (20) ou 25 - 0,3 (20) = US$ 19 milhões
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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41
Esse equilíbrio ainda pode ser representado graficamente.
No gráfico 1.1, imaginando que o mercado de redução de SO
2
 é competitivo, o 
preço de equilíbrio (PE), cujo valor é de US$ 19 milhões e a quantidade de equilíbrio 
(QE) igual a 20% de redução, representam o que chamamos de solução com eficiência 
alocativa. Aqui, QE representa o nível ótimo de redução medida da esquerda para a 
direita e também (em uma análise implícita) o nível ótimo de poluição do ar. Nesse 
caso, o nível ótimo não é necessariamente zero.
Nessa perspectiva, reduzir a poluição a zero envolveria custos de oportunidade 
proibitivos. Assim, produção e consumo necessitariam de algum sacrifício e, mesmo 
considerando uma tecnologia avançada, um mundo com poluição zero seria um 
mundo sem eletricidade, ou sem transportes avançados, ou seja, não faria sentido 
defender uma eliminação total da poluição.
No exemplo hipotético da qualidade do ar, partiu-se da premissa de que os 
consumidores revelariam sua disposição a pagar por uma redução de SO
2
, sendo 
possível a identificação da demanda. No entanto, sem a intervenção de terceiros (no 
caso, o governo) torna-se quase impossível obter tal informação. Caso a demanda não 
seja identificada, não seria possível identificar um resultado eficiente e é exatamente 
dessa incapacidade dos mercados livres assegurarem uma disposição de pagar pelos 
bens públicos que se originam as falhas de mercado.
Fonte: Thomas e Callan (2010, p. 73).
Gráfico 1.1 | Oferta e demanda de mercado de qualidade do ar
3.5 A Teoria da Externalidade e o Teorema de Coase
Como já discutido, externalidade pode ser considerada um efeito positivo ou 
negativo que o consumo ou a produção gera a terceiros. Thomas e Callan (2010, p. 
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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75) afirmam que "se o efeito externo gerar custos a um terceiro, será uma externalidade 
negativa, já se o efeito externo gerar benefícios a um terceiro, será uma externalidade 
positiva".
Na visão de economistas ambientais, as externalidades são os efeitos que 
prejudicam os recursos naturais, a oferta de água, a atmosfera ou, de forma geral, a 
qualidade de vida. Thomas e Callan (2010, p. 76) assinalam que:
 Para a externalidade também existem modelos formais que equacionam os 
problemas ambientais. Por exemplo, verificando qual a escolha mais adequada das 
refinarias de petróleo (que são principais poluidoras de água) para minimizar riscos à 
saúde das pessoas que se utilizam das águas dos rios e dos córregos. 
Quando a produção de qualquer bem gera uma externalidade negativa, verifica-se 
uma ineficiência dos mercados na alocação dos recursos. Deste modo, o estudo de 
modelos pelos economistas busca moldar os problemas ambientais a fim de que uma 
possível ineficiência dos mercados possa ser reparada.
Tanto o modelo de bens públicos como o das externalidades buscam demonstrar 
por que os mercados falham, e até mesmo a possibilidade de quantificar as falhas. 
Porém, em ambos os casos o que não é bem definido é o direito de propriedade do 
bem. Nesse sentido, direito de propriedade pode ser entendido como uma série de 
reivindicações. Para auxiliar nessa questão, o Teorema de Coase pode ser considerado 
uma teoria relevante sobre os direitos de propriedade.
[...] as externalidades ambientais são aquelas que afetam o 
ar, água, ou a terra, todos os quais possuem características 
de bens públicos. O que isso implica é que, embora os bens 
públicos e as externalidades não constituam mesmo conceito, 
estão intimamente relacionados.
Esse teorema constata que uma atribuição apropriada dos 
direitos de propriedade a qualquer bem, mesmo que na 
presença de externalidades, permitirá barganhar entre as 
partes afetadas de tal modo que poderá ser obtida uma solução 
eficiente, independente da parte detentora dos direitos. Duas 
importantes premissas subjacentes dessa teoria são dignas de 
nota: as transações são gratuitas e os danos são acessíveis e 
mensuráveis (THOMAS; CALLAN, 2010, p. 83).
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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A teoria apresentada por Ronald Coase pode ser bastante eficaz em algumas 
circunstâncias. Se o agente privado consegue negociar sem custo no que tange à 
alocação de recursos, ele ainda poderia resolver por si só a questão da externalidade. 
Quando existe o reconhecimento de direitos, do poluidor ou da vítima da poluição, 
são proporcionadas ao mercado condições para atingir um resultado eficiente, pois 
ambas as partes podem chegar a um acordo que as beneficie mutuamente. 
Embora o modelo proposto por Coase forneça um importante resultado, para 
uma previsão eficiente é necessário levar em consideração duas premissas: que as 
transações sejam gratuitas e que os danos sejam mensuráveis, sendo assim, quanto 
menor o número de indivíduos envolvidos em cada lado do mercado, melhor a teoria 
se encaixa na prática. 
Por fim, nessa perspectiva econômica uma possível solução para as externalidades, 
inclusive as que influenciam o meio ambiente, seria a internalização da externalidade, 
o que consiste em forçar os participantes do mercado a absorver os custos ou 
benefícios externos, por meio da atribuição dos direitos de propriedade. Esses direitos 
são atribuídos inicialmente pela decisão do governo, inclusive com a determinação e 
fiscalização dos seus limites a fim de garantir o direito da sociedade.
Observando os modelos econômicos ambientais, reflita: 
qual a contribuição desses modelos para um mundo 
ecologicamente mais sustentável?
1. À medida que a sociedade se transformou com o passar dos 
séculos, passou a enfrentar problemas de ordem ambiental. 
O desafio agora é proteger e preservar os recursos naturais 
conseguindo ainda se desenvolver no sentido econômico. 
Nesse sentido, a valoração ambiental tem por objetivo:
I. Evitar que os agentes privados degradem o ambiente.
II. Determinar valores (monetários) para os recursos ambientais.
III. Valorar os recursos ambientais fornecendo subsídios para 
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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44
políticas ambientais.
Assinale a alternativa correta:
a) I, II e III estão corretas.
b) I e II estão corretas.
c) I e III estão corretas.
d) II e III estão corretas.
2. A valoração econômica possui duas interpretações com 
elementos diferenciados pelas correntes econômico-
ecológica e a abordagem neoclássica (convencional). 
Explique em que consiste a valoração na corrente ecológica.
Nesta unidade foi realizada uma análise das relações entre 
os recursos naturais e a sociedade, bem como os principais 
conceitos da economia do meio ambiente, por isso é importante 
conhecer alguns elementos centrais, como:
• Ecossistemas.
• Corrente neoclássica e ecológica.
• Desenvolvimento sustentável.
• Recursos renováveis e não renováveis.
• Falhas de mercado: bens públicos e externalidades.
Os principais tópicos concentram-se nos assuntos acima citados, 
porém, é importante indicarmos os conteúdos trabalhados na 
unidade.
• Desenvolvimento sustentável numa perspectiva histórica. 
• Capitalismo e meio ambiente.
• O conceito de desenvolvimento sustentável. 
• Recursos naturais.
• Recursos renováveis. 
• Recursos não renováveis. 
Discussões iniciais sobre meio ambiente
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• O surgimento da valoração econômica ambiental. 
• Modelando as falhas de mercado.
• Equacionando um mercado de bens públicos.
• Teoria das externalidades.
• Teorema de Coase.
Essas informações são importantes, visto que servirão de 
complemento para as discussões sobre o meio ambiente, os 
recursos naturais renováveis ou não renováveis e as imperfeições 
do mercado.
Caro estudante, prossiga com a leitura do livro e acrescente mais 
a seu conhecimento através de leituras

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